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Atualização em Curativos e Coberturas

Sumário

História ........................................................................................................................ 4

Florence Nightingale, A Precursora Da Enfermagem Moderna .............................. 4

Evolução Da Tecnologia De Curativos ..................................................................... 6

Uso De Novas Tecnologias Para O Tratamento De Feridas .................................... 7

O Papel Da Enfermagem No Cuidado Ao Paciente Com Feridas ........................... 8

Feridas ........................................................................................................................ 9

Curativos................................................................................................................... 15

Critérios Gerais Para Realização De Curativos ...................................................... 15

Tipos De Curativos ................................................................................................... 16

Tipos De Cicatrização .............................................................................................. 17

Fatores Que Interferem Na Cicatrização ................................................................. 18

Abordagem Das Feridas .......................................................................................... 20

Aspectos A Serem Considerados Na Realização De Um Curativo ....................... 21

Requisitos Para Um Curativo .................................................................................. 22

Finalidades Do Curativo .......................................................................................... 23

Objetivos Do Curativo .............................................................................................. 24

Técnicas Básicas ..................................................................................................... 25

Técnicas E Procedimentos Em Curativos E Feridas ............................................. 25

Técnicas De Limpeza E Desbridamento De Feridas .............................................. 25

Objetivos Da Limpeza .............................................................................................. 26

Métodos De Limpeza ................................................................................................ 27

Conceitos Relacionados À Limpeza ....................................................................... 28


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Substancias Utilizadas Na Limpeza Das Feridas ................................................... 28

Desbridamento ......................................................................................................... 36

Técnicas De Desbridamento.................................................................................... 38

Avaliação Da Ferida A Ser Limpa E Desbridada .................................................... 43

Coberturas E Novas Tecnologias Para O Cuidado De Ferida ............................... 45

Escolha De Coberturas ............................................................................................ 46

Tipos De Coberturas ................................................................................................ 48

Finalidades Das Coberturas .................................................................................... 49

Especificações Das Coberturas .............................................................................. 50

Coberturas Disponíveis No Mercado ...................................................................... 72

Enfermagem Na Abordagem De Curativos E Coberturas ..................................... 78

Como O Enfermeiro Deve Avaliar Uma Ferida? ..................................................... 80

Cuidados No Tratamento Das Feridas .................................................................... 81

Quais São Os Aspectos A Serem Considerados Na Realização Docurativo?.....81

Referências ............................................................................................................... 83

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HISTÓRIA

Ao longo da História, a humanidade desenvolveu diferentes concepções


filosóficas, míticas, religiosas e científicas em relação ao corpo humano, cada uma
com sua própria explicação, de acordo com o momento histórico e com a realidade
sociocultural de cenários diversos. Em um breve caminhar, buscar-se-á ressaltar o
corpo ferido no contexto histórico e seu significado. Para isso, será adotada como
referencial a teoria geral do imaginário, de Durand (1999) a qual permite a explicação
dos mitos e a compreensão dos sentidos e dos significados encontrados na linguagem
e no pensamento do homem através dos períodos históricos, tornando-se o mito como
um revelador dos sentidos.
Nota-se que a arte de curar sempre esteve vinculada à religiosidade, ao
misticismo e à utopia, mas seja qual for o ângulo de visão, científico ou religioso, a
natureza humana e sua criação são fatos transcendentais, repletos de mistérios,
descobertas e, principalmente, de questionamentos. Ciência e religião tentam explicar
o mundo de formas diversas e ora se opõem, ora se completam em suas teorias.
Seja qual for o cenário, pode-se observar que as feriadas sempre ocuparam
lugar de destaque nas civilizações e, certamente, os curativos quer eram feitos
primitivamente com toda a sorte de substâncias, algumas delas inacreditáveis, como
o esterco de animais e teias de aranhas. Nesse sentido. As plantas medicinais, a argila
e a água representaram uma verdadeira evolução no tratamento de feridas naqueles
tempos remotos, persistindo até os dias de hoje.

Florence Nightingale, A Precursora da


Enfermagem Moderna

Chegando ao mundo contemporâneo,


vamo-nos diante dos séculos XIX e XX com
pouca evolução no tratamento de feridas, até
que um novo ícone despontou no campo de
feridas e dos curativos: nascida em Florença, na Fonte:https://www.researchgate.net/figure/Flo
rence-Nightingale-as-the-Lady-with-the-
Itália, Florence Nightingale (1820-1910) Lamp-During-the-Crimean-War-she-walked-
through_fig1_326654339. 2017
enfermeira e ambientalista, precursora da
enfermagem moderna, revolucionou não somente a saúde como também a

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reorganização dos hospitais, causando impacto nas áreas administrativas e


assistencial. Seu destaque maior foi como pioneira no tratamento dos feridos na
Guerra da Criméia (1854-1856) em Scutari, na Turquia, evento este que criou grande
demanda de curativos.
Após ter constatado que a falta de higiene e as doenças infectocontagiosas
eram responsáveis pelo alto índice de óbitos entre os soldados feridos, Florence
lançou mão dos princípios de gestão ambiental, arejando os ambientes, removendo
os leitos de locais contaminados para locais limpos, higienizando os doentes,
utilizando boa dieta, roupas limpas e removendo os focos de infecções. Com isso,
conseguiu reduzir a taxa de mortalidade do hospital de campanha de 42,7% para
2,2%.
Como Florence cuidava das feridas? Ela utilizava principalmente, os princípios
de higiene e limpeza rigorosa dos ambientes, evitando assim a proliferação de
microrganismo infecciosos; promovia a higiene mental para os portadores de feridas
e amputados, todos tinham o direito de escrever cartas para seus parentes e isso
trazia mais tranquilidade, melhorando seu sistema imunológico.
No cuidado direto, a enfermeira promovia higiene corporal dos pacientes e a
limpeza das feridas, enfaixando-as em seguida. Repouso, higiene mental, corporal e
dos ambientes, técnicas de posicionamento, alimentação correta e controle das
infecções foram critérios que ela utilizou, critérios indispensáveis até os dos dias de
hoje, por sua coerência e efetividade, e que devem ser colocadas em prática,
independentemente de qualquer tipo de medicamento ou de cobertura que se possa
utilizar para cuidar de feridas.

Fonte: https://brewminate.com/florence-nightingale-and-the-crimean-war/. 2018

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Evolução da Tecnologia de Curativos

No decorrer do século XX, evoluíram cada vez mais os procedimentos e as


técnicas assépticas. Mas foi a partir da década de 1980 que vários fatos
incrementaram os processos de assepsia e controle das infecções nas instituições de
saúde, tais como a obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individual
(EPI), a criação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) o treinamento
de profissionais, a utilização de isolamento de contato com líquidos corporais e
potencialmente infectados, como sangue, urina, fezes, escarro, saliva, drenagem de
feridas, etc. a epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) influenciou
o direcionamento dessas ações.
Foi também nessa década qie teve início uma verdadeira revolução na
produção e ampla utilização de coberturas e curativos industrializados. Exemplo disso
são os curativos com hidrocoloide com agentes em formato gelatinoso, geralmente
carboximetilcelulose sódica (NaCMC), pectina e gelatina que surgiram como
coberturas amplamente utilizadas em feridas. Os hidrocoloides atuam por interação
com os exsudatos, formando um composto úmido gelatinoso entre o curativo e o leito
da ferida. Esses curativos promovem o desbridamento autolítico, otimizando assim, a
formação do tecido de granulação e também auxiliam na diminuição da dor, embora
os mecanismos que lhes conferem esse atributo ainda não estejam bem elucidados.
Talvez a maior revolução no tratamento de feridas tenha ocorrido com a
descoberta de que é a umidade, e não o ressecamento do leito da ferida, o fator que
favorece a cicatrização.
Por que curativos úmidos? Diferentemente do que foi preconizado em outras
épocas, atualmente se reconhece que a manutenção do leito da ferida em meio ao
meio úmido tem diversas vantagens no processo de cicatrização, quando comparado
ao meio seco, como por exemplo:
➢ Hidratação dos tecidos;
➢ Aceleração dos processos de angiogênese, epitelização e granulação;
➢ Formação de barreiras protetora contra microrganismos;
➢ Promoção da remoção de tecido necrótico e fibrina;
➢ Diminuição da dor;
➢ Menor risco de trauma no curativo.
Dentre os recursos colocados à disposição dos profissionais de saúde e dos
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especialistas pela tecnologia moderna para a prevenção e o tratamento de feridas,


destacam-se os hidropolímeros, as coberturas de hidrogel e o alginato de cálcio, cada
um com suas qualidades, especificidades e indicações precisas.
Esses tipos de curativos caracterizam-se por:
➢ Manter a temperatura constante e o meio úmido no leito da ferida;
➢ Funcionam pela manutenção da umidade;
➢ Absorvem e retém o excesso de exsudato em sua estrutura porosa, que se
expande, moldando-se ao leito da ferida.
É importante ressaltar que todos os estudos atuais comprovam que o meio
ambiente e o estado geral do paciente têm relação direta com a cicatrização e que
seu nível de imunidade, nutrição, presença de comorbidades, idade e outros fatores
são decisivos para que haja sucesso no tratamento, independentemente da cobertura
utilizada.

Uso de Novas Tecnologias para o Tratamento de Feridas

A prática de cuidados de lesões


cutâneas, ao longo do tempo, que
passou por profundas
transformações, desafiando o
conhecimento de todos aqueles que
se dedicam à arte de cuidar. Nessa
retrospectiva, pode-se observar que é inegável que os avanços tecnológicos na área
de Saúde revolucionaram o setor, trazendo maiores perspectivas tanto para a saúde
como para as tecnologias disponíveis para o cuidado. Porém, não se pode perder de
vista a subjetividade do cuidado e a relação humanizada entre profissionais de saúde
e pacientes, fatores estes tão importantes nos dias de hoje quanto antigamente.
Aparelhos e técnicas inovadoras salvam muitas vidas, mas é certo também que
esses métodos de tratamento nem sempre são acessíveis e adequados a todas as
pessoas; prova disso é que no Brasil, a rede de atenção primária à saúde ainda utiliza
rotineiramente substâncias inadequadas, inespecíficas e até proscritas para o
tratamento de feridas.
Quanto ao uso de novas tecnologias para o tratamento de feridas, o desafio

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para os profissionais de saúde hoje está em saber usá-las adequadamente, sem


aceita-las passivamente e sim refletindo e criticando as questões que permeiam sua
utilização e os impactos por elas gerados.
As tecnologias de cuidado não se restringem apenas aos recursos materiais,
mas também estão relacionadas aos recursos humanos, saberes e práticas colocados
a serviço do cuidado. Assim, desde o toque até a utilização de um equipamento, todos
fazem parte dessas tecnologias, sendo considerados indispensáveis, principalmente,
a interação, a comunicação e o acolhimento. Isso significa que, além dos
equipamentos, devem ser incluídos os conhecimentos e as ações humanizadas
necessárias para operá-los, em todos os lugares, em qualquer época e a qualquer
momento.

O PAPEL DA ENFERMAGEM NO CUIDADO AO PACIENTE COM FERIDAS

A atuação do enfermeiro deverá


enfatizar como ele e a equipe de
enfermagem cuidam das pessoas com
diversos tipos de feridas em diferentes
situações, seja na urgência ou emergência,
no cotidiano da prática clínica em situações
agudas ou crônicas.
A enfermagem deve oferecer ao
mesmo tempo, a assistência individualizada, diferenciada e holística que caracteriza
tão bem o seu ponto de vista profissional, permanecendo 24 horas ao lado do
paciente, numa contínua reavaliação de suas ações.
A assistência de enfermagem será sistematizada através de planejamento,
implementação e avaliação dos cuidados, com base no diagnóstico de enfermagem
feito mediante levantamento e identificação de todas as necessidades básicas
afetadas do paciente e do seu grau de dependência em relação à enfermagem.
O enfermeiro é responsável pela manutenção do equilíbrio e pelo bem-estar do
paciente, promovendo todos os cuidados diários para o atendimento de suas
necessidades básicas, como conforto, segurança, higiene, alimentação, oxigenação,
prevenção de infecções, implementação da terapêutica, entre outros,

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independentemente do seu diagnóstico clínico. Por isso, a importância da


identificação do grau de dependência do paciente através do diagnóstico de
enfermagem.
No caso de pacientes com feridas, por ser um procedimento de alta
complexidade, o enfermeiro está respaldado legalmente para tratá-las, pela Lei
Federal do Exercício Profissional nº 7.498 de 1986, e pelas resoluções do Conselho
Federal de Enfermagem (COFEN). De acordo com essa legislação, o enfermeiro tem
autonomia para prescrever produtos que são utilizados na prevenção de úlceras, na
higienização e proteção da pele, bem como alguns tipos de coberturas, conforme
padronização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Conforme preconiza a Resolução COFEN nº 271 de 2002, cabe ao enfermeiro
prescrever medicamentos e solicitar exames de rotina e complementares, se
estiverem vinculados aos programas de saúde pública e/ou a protocolos aprovados
em instituições de saúde. Caso possua formação específica, o enfermeiro poderá
também tratar seus pacientes com feridas por meio de acupuntura e terapias não
convencionais.

FERIDAS

Ferida é o resultado de uma variedade ilimitada de ofensas traumáticas a


qualquer parte do corpo; feridas são rupturas estruturais e fisiológicos dos tegumentos
que estimulam que as respostas reparadoras.
Conforme a intensidade do trauma, a ferida pode ser considerada superficial
(quando atinge somente estruturas da superfície) ou profunda (quando vasos
sanguíneos mais calibrosos, músculos, nervos, fáscias, tendões, ligamentos ou ossos
são atingidos).
Ao longo dos tempos, o tratamento de feridas agudas e crônicas obteve uma
melhora considerável, o que deve ser atribuído ao melhor entendimento do processo
de cicatrização, assim como da anatomia e fisiologia da pele.
A cicatrização das feridas, ocasionadas por lesão de agentes mecânicos,
térmicos, químicos e bacterianos, decorre do esforço dos tecidos para restaurar as
estruturas normais e sua função.
O processo de cicatrização é restabelecido quando a continuidade da superfície
e a força da pele são suficientes para a atividade normal. O conhecimento dos eventos

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fisiológicos da cicatrização de feridas é de grande importância para a dermatologia. A


regeneração da pele é a restauração perfeita da arquitetura do tecido preexistente.
O entendimento das etapas da cicatrização de feridas é muito importante para
o seu tratamento. A reparação de feridas passa pelas seguintes fases básicas:
• Inflamatória;
• Proliferativa (que inclui reepitelização, síntese da matriz e neovascularização);
• Maturação.

Caracterização dos tipos de tecidos encontrados nas feridas


De modo geral, os tecidos encontrados numa ferida podem ser vitalizados,
quando vascularizados, de cor viva, clara, brilhante e sensível a dor, coloração escura
e odor. Muitas feridas são consideradas mistas por conter mais de um tio de tecido,
recobrindo a lesão ao mesmo tempo, nesse caso, deve-se considerar o tipo de tecido
predominante no leito da lesão.
Alguns dos tecidos mais frequentemente encontrados em uma ferida são
descritos a seguir, para o seu reconhecimento e melhor compreensão.

Tecido de Granulação
É um dos tecidos mais importantes do processo de cicatrização, tem coloração
rósea ou avermelhada, aparência brilhante e úmida, é rico em colágeno, o que resulta
da proliferação das células endoteliais. É formado basicamente por fibroblastos e
vasos sanguíneos novos, que surgem como resultado do processo de angiogênese.
Esses vasos conferem o aspecto granuloso avermelhado ao tecido de
granulação, ele se localiza na superfície da lesão, é indolor, porem sangra ao mínimo
toque. Por isso durante a realização da limpeza da feria e do curativo, esse tecido não
pode ser friccionado, removido ou tocado, mais deve ser protegido e mantido em meio
úmido para proliferar, preenchendo a cavidade até, finalmente, torna-se uma cicatriz
de tecido fibroso.

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Tecido de Epitalização
Aparece na ferida como um novo tecido róseo ou brilhante (pele), que se
desenvolve a partir das bordas, ou como “ilhas” na superfície da lesão. Quando o
tecido conjuntivo acaba de preencher o ferimento, resta apenas uma pequena porção
da superfície ainda descoberta.
É o processo de reepitalização que tecerá o acabamento ou arremate final.
Após esse processo e rapidamente as células epiteliais crescem, garantindo a
continuidade do revestimento.
A princípio, a camada epitelial de revestimento é extremamente fina e deixa
transparecer o tecido conjuntivo, que é avermelhado e mais denso. Com o passar do
tempo, o epitélio torna-se mais espesso, sedimentando o processo.

Tecidos Necróticos
A necrose é o resultado da morte celular e tecidual, com consequente perda da

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função orgânica e do metabolismo celular de forma irreversível, tendo como


característica um tecido de coloração preta, marrom ou acastanhada, que adere ao
leito ou às bordas da ferida e pode se tornar mais endurecido ou amolecido,
dependendo de sua natureza. Além disso, os tecidos necróticos podem esconder
grande quantidade de exsudato purulento sob seu manto, evidenciando uma ferida
infectada.
A classificação da necrose é baseada na forma que o tecido adquire com a
morte celular. A importância dessa classificação é a possibilidade de identificar a
causa da infecção, o que facilita o tratamento.
Os principais tipos de necrose incidentes nas feridas são os seguintes:
❖ Esfacelo, necrose de liquefação - tipo de necrose que acomete a lesão,
composta de bactérias, leucócitos, fragmentos celulares, exsudatos, fibrina,
elastina e colágeno. Sua aparência é a de um tecido fibrinoso ou minucioso, de
consistência amolecida, semifluida ou liquefeita, com coloração amarelada,
marrom, acinzentada ou acastanhada, que tanto pode estar firmemente aderido
à ferida como também frouxamente aderido a ela. Geralmente, é associada à
infecção bacteriana e se forma a partir do processo de invasão leucocitária e
enzimática, ambas ocorrem como reação imunológica do organismo. Com a
liberação em cascata de grande quantidade de enzimas lisossômicas, dá-se a
digestão do tecido necrótico, ocasionando a destruição completa da arquitetura
tecidual. Isso resulta na formação de uma massa residual, amorfa, por isso o
termo liquefação.

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❖ Escara ou necrose coagulativa – embora o termo escara tenha sido usado


durante muito tempo como sinônimo de úlcera por pressão, ele se refere a um
tipo determinado de tecido necrótico, a necrose coagulativa ou de coagulação
– que é o padrão mais comum de necrose – tendo como causa principal a
isquemia local. O termo coagulação refere-se ao aspecto físico semelhante à
albumina coagulada que o tecido assume após a morte celular, devido à
desnaturação de proteínas citoplasmática e a perda de água. Com
desidratação, a célula necrótica passa do estado líquido para o sólido, dando
origem a um tecido morto que se apresenta opaco, turvo, seco e com coloração
que vai do amarelo-pálido ao acinzentado.

❖ Maceração ou Tecido
Macerado – tecido esbranquiçado que surge nos bordos da lesão, das pregas
cutâneas e das fístulas quando há excesso de umidade da ferida por aumento
de exsudação. A permanência de curativos por longo tempo, sem substituição,
contribui para a umidade excessiva. Portanto, ao ser observado que a
cobertura está extremamente saturada, deve-se aumentar a frequência da
limpeza e a troca do curativo para evitar que a pele fique macerada. Cuidados
de higiene especiais devem ser observados nos pacientes acamados ou
imobilizados, principalmente naqueles que apresentam incontinência urinária
e/ou fecal.

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❖ Necrose Caseosa – é um tipo de necrose que está relacionado às infecções


tuberculosas, tendo como características o aspecto similar ao de um queijo,
tornando-se friável, amolecido e como coloração que varia do esbranquiçado
ao acinzentado.

❖ Necrose Gangrenosa – a necrose gangrenosa, ou simplesmente gangrena, é


provocada por isquemia ou pela ação de microrganismos; devido às suas
características, pode levar a amputação do membro por ela acometido. Nesse
tipo de necrose, os tecidos sofrem modificações por agentes externos, como,
por exemplo, ar ou bactérias. Ela pode ser úmida ou seca, dependendo da
quantidade de água nela existente. A forma seca ocorre quando há perdas de
líquidos por evaporação, insuficiência de nutrientes ou quando os tecidos
sofrem a ação de substâncias químicas, tornando-se endurecidos e escuros,
tendendo à mumificação. Por outro lado, a forma úmida associa-se,

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normalmente, à proliferação de microrganismos presentes na lesão. A


gangrena exala odor pútrido e frequentemente apresenta formação de bolhas
gasosas. Esse tipo também pode ser definido como a evolução de uma necrose
de coagulação, e não como um tipo isolado de necrose.

CURATIVOS

Processo que envolve desde o procedimento de LIMPEZA até a seleção da


COBERTURA específica para determinada lesão.
OBJETIVANDO AUXILIAR no tratamento da ferida ou prevenir a colonização
dos locais de inserção de dispositivos invasivos, sejam diagnósticos ou terapêuticos.
O curativo deve ser realizado de forma asséptica, com o manuseio correto das
pinças e a manutenção da técnica asséptica.
O paciente com feridas deve receber tratamento diferenciado, considerando-se
que, geralmente, se encontra fragilizado. A AUTO-ESTIMA afetada, a dura e
prolongada recuperação, a perspectiva das complicações e sequelas são fantasmas
que acompanham seu tratamento.
A técnica aplicada durante o curativo deve atender aos princípios que otimizem
o processo de cicatrização.

CRITÉRIOS GERAIS PARA REALIZAÇÃO DE CURATIVOS

A pele é o maior órgão de absorção em extensão do corpo humano e apresenta


três camadas: epiderme, derme e hipoderme ou tecido subcutâneo.
Nosso organismo é formado por mecanismos superficiais e profundos, que
servem como base para a resposta imune e dificultam a penetração, a implementação
e a multiplicação de microrganismos. Eles são barreiras mecânicas responsáveis pela
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integridade da pele e das mucosas, constituídas pelas próprias microbiotas destas.


A ferida representa uma ruptura na continuidade da pele de qualquer segmento
corporal, externo ou interno, originada por agentes físicos, químicos, mecânicos e
também biológicos, podendo acarretar danos celulares e tissulares.
Quaisquer que sejam as origens, causas e consequências de uma ferida, o foco
prioritário de atenção deve ser o seu portador e todos os seus aspectos,
biopsicossociais e espirituais, sempre lembrando que essa ferida necessita da
intervenção terapêutica de uma equipe multidisciplinar para prevenir agravos, reduzir
os danos e favorecer a revitalização tecidual, ações que permitirão o seu retorno à
sociedade o mais rápido possível.

Tipos de Curativos

Os primeiros curativos que foram


desenvolvidos tinham como única
finalidade proteger as lesões. Esses
curativos são chamados de passivos, e são
usados até hoje. No entanto, as coberturas
para feridas evoluíram e surgiram os
curativos ativos.
Os modernos curativos hidro ativos e bioativos criam um ambiente ótimo para
a cura da lesão e também liberam substâncias que potencializam o processo de
cicatrização. Dessa forma, eles aceleram a regeneração e restabelecem a função
tecidual mais rapidamente.

Os curativos podem ser classificados:

Passivos - são aqueles que simplesmente ocluem e protegem a ferida, não


valorizando sua atuação nem as demandas da lesão. A gaze é um exemplo.
Interativos - participam do controle ambiental da ferida, favorecendo a
restauração do tecido. Polímeros, filmes, espumas, hidrogéis, hidrocoloides, entre
outros, são exemplos disso.
Bioativos - estimulam diretamente substâncias ou reações de cascata da
cicatrização, como os fatores de crescimento e o uso de fitoterápicos (barbatimão).

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Abertos - as feridas são limpas e recebem medicação, porém sem cobrir o local
da lesão, mantêm a ferida exposta.
Oclusivo - não permite trocas entre a ferida e o ambiente, ou seja, impede a
entrada de ar e absorve completamente os fluidos, evitando a formação de crostas;
Semioclusivo - permite que a ferida “respire” e capta o exsudato, mantendo os
líquidos eliminados fora do contato com a ferida;
Oclusivos secos - são os fechados com gaze ou compressa, com a intenção
de proteger a ferida.
Oclusivos úmidos - a ferida é fechada com gaze ou compressa umedecida
com soro fisiológico, cremes, pomadas ou soluções prescritas.
Oclusivos compressivos - depois de feitos os cuidados no leito da lesão, é
mantida a compressão por meio de bandagens ou cintas elásticas sobre a ferida.
Usados em casos de hemorragia, evisceração e outras.

Tipos de Cicatrização

Existem três formas pelas quais uma ferida pode cicatrizar, que dependem da
quantidade de tecido lesado ou danificado e da presença ou não de infecção: primeira
intenção, segunda intenção e terceira intenção (fechamento primário retardado).
➢ Primeira intenção: é o tipo de cicatrização que ocorre quando as bordas são
apostas ou aproximadas, havendo perda mínima de tecido, ausência de
infecção e mínimo edema. A formação de tecido de granulação não é visível.
Exemplo: ferimento suturado cirurgicamente (Figura 2).
➢ Segunda intenção: neste tipo de cicatrização ocorre perda excessiva de tecido
com a presença ou não de infecção. A aproximação primária das bordas não é
possível. As feridas são deixadas abertas e se fecharão por meio de contração
e epitelização.
➢ Terceira intenção: designa a aproximação das margens da ferida (pele e
subcutâneo) após o tratamento aberto inicial. Isto ocorre principalmente quando
há presença de infecção na ferida, que deve ser tratada primeiramente, para
então ser suturada posteriormente.

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PRIMEIRA INTENÇÃO

SEGUNDA INTENÇÃO

PRIMEIRA INTENÇÃO

Fatores que interferem na cicatrização

Vários fatores locais e gerais podem interferir em maior ou menor grau no


processo de cicatrização, entretanto em muitos deles o cirurgião pode interferir para
otimizar o resultado final.

Fatores locais
Os fatores locais são relacionados às condições da ferida e como ela é tratada
cirurgicamente (técnica cirúrgica).
➢ Vascularização das bordas da ferida: A boa irrigação das bordas da ferida é
essencial para a cicatrização, pois permite aporte adequado de nutrientes e
oxigênio. Entretanto, a boa vascularização depende das condições gerais e
comorbidades do paciente, bem como do tratamento dado a esta ferida.
➢ Grau de contaminação da ferida: uma incisão cirúrgica realizada com boa
técnica e em condições de assepsia tem melhor condição de cicatrização do
que um ferimento traumático ocorrido fora do ambiente hospitalar. O cuidado
mais elementar e eficiente é a limpeza mecânica, remoção de corpos
estranhos, detritos e tecidos desvitalizados.
➢ Tratamento das feridas: assepsia e antissepsia, técnica cirúrgica correta
(diérese, hemostasia e síntese), escolha de fio cirúrgico (que cause mínima
reação tecidual), cuidados pós-operatórios adequados (curativos e retirada dos

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pontos), são alguns dos aspectos importantes a serem observados em relação


ao tratamento das feridas.

Fatores gerais
Os fatores gerais estão relacionados às condições clínicas do paciente, e estas
podem alterar a capacidade do paciente de cicatrizar com eficiência.
➢ Infecção: é provavelmente a causa mais comum de atraso na cicatrização. Se
a contagem bacteriana na ferida exceder 105 microrganismos/g de tecido ou
se qualquer estreptococo B-hemolítico estiver presente, a ferida não cicatriza
por qualquer meio, como suturas primárias, enxertos ou retalhos.
➢ Idade: quanto mais idoso o paciente menos flexível são os tecidos. Há uma
diminuição progressiva de colágeno.
➢ Hiperatividade do paciente: a hiperatividade dificulta a aproximação das bordas
da ferida. O repouso favorece a cicatrização.
➢ Oxigenação e perfusão dos tecidos: doenças que alteram o fluxo sanguíneo
normal podem afetar a distribuição dos nutrientes das células, assim como a
dos componentes do sistema imune do corpo. Essas condições afetam a
capacidade do organismo de transportar células de defesa e antibióticos, o que
dificulta o processo de cicatrização. O fumo reduz a hemoglobina funcional e
leva à disfunção pulmonar, o que reduz o aporte de oxigênio para as células e
dificulta a cura da ferida.
➢ Nutrição: uma deficiência nutricional pode dificultar a cicatrização, pois deprime
o sistema imune e diminui a qualidade e a síntese de tecido de reparação. As
carências de proteínas e de vitamina C são as mais importantes, pois afetam
diretamente a síntese de colágeno. A vitamina A contrabalança os efeitos dos
corticóides que inibem a contração da ferida e a proliferação de fibroblastos. A
vitamina B aumenta o número de fibroblastos. A vitamina D facilita a absorção
de cálcio e a E é um co-fator na síntese do colágeno, melhora a resistência da
cicatriz e destrói radicais livres. O zinco é um co-fator de mais de 200
metaloenzimas envolvidas no crescimento celular e na síntese protéica, sendo,
portanto, indispensável para a reparação dos tecidos.
➢ Diabetes: a diabetes melito prejudica a cicatrização de ferida em todos os
estágios do processo. O paciente diabético com neuropatia associada e

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aterosclerose é propenso à isquemia tecidual, ao traumatismo repetitivo e à


infecção.
➢ Medicamentos: Os corticosteroides, os quimioterápicos e os radioterápicos
podem reduzir a cicatrização de feridas, pois interferem na resposta
imunológica normal à lesão. Eles interferem na síntese proteica ou divisão
celular agindo diretamente na produção de colágeno. Além do mais, aumentam
a atividade da colagenase, tornando a cicatriz mais frágil.
➢ Estado imunológico: nas doenças imunossupressoras, a fase inflamatória está
comprometida pela redução de leucócitos, com consequente retardo da
fagocitose e da lise de restos celulares. Pela ausência de monócitos a formação
de fibroblastos é deficitária.
Além destes fatores acima mencionados, longos períodos de internação hospitalar
e tempo cirúrgico elevado são também aspectos complicadores importantes para o
processo de cicatrização.

Abordagem das Feridas

Quando surge uma ferida, qualquer que seja a sua etiologia, a integridade da
pele é alterada, existindo uma solução de continuidade. Imediatamente após a ruptura
da pele, o processo de cicatrização é iniciado, dividindo-se em três fases:

1ª. FASE INFLAMATÓRIA:


Essa fase começa no momento da lesão. As plaquetas, hemácias e fibrinas,
trazidos pela corrente sanguínea, facilitam as trocas. O coágulo protege a lesão da
contaminação. A lesão tecidual ocasiona a liberação de histamina, serotonina e
bradicinina, que causam vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo, o que
ocasiona sinais flogísticos, como calor e rubor.
O edema é ocasionado pela maior permeabilidade capilar, que aumenta o
extravasamento de líquido do meio intra para extracelular. A resposta inflamatória é
facilitada por mediadores bioquímicos, que aumentam a permeabilidade vascular, da
mesma forma que os de ação curta, como a histamina, a serotonina e os mais
duradouros, como a bradicinina e a prostaglandina.
Na fase inflamatória, os primeiros componentes do sistema imune a chegarem
na ferida são os monócitos e os neutrófilos, que são os responsáveis pela fagocitose
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de corpos estranhos. Posteriormente ocorre a ação dos macrófagos, que ativam


fibroblastos e células endoteliais

2ª. FASE PROLIFERATIA OU FIBROBLÁSTICA:


Nessa fase, ocorre a formação dp tecido de granulação, composto por novos vasos
sanguíneos, a partir de brotos endoteliais, fibroblastos, macrófagos, um arcabouço de
colágeno que está ainda em formação, ácido hialurônico e fibronectina.
Esse processo se inicia 72 horas após a lesão e prolonga-se por até 2 a 3 semanas.
O colágeno ´´e produzido por fibroblastos, ficando responsável pela consistência e
força da cicatriz e formando a matriz celular.
O colágeno é o material responsável pela sustentação e pela força tensil da cicatriz,
produzido e degradado continuamente pelos fibroblastos. Posteriormente, ocorre a
epitalização por meio da migração de queratinócitos para as bordas da ferida.

3ª. FASE DE REMODELAÇÃO OU MATURAÇÃO:


Nessa fase, ocorre o aumento da resistência; no início da terceira semana do
processo de cicatrização, há um equilíbrio entre a produção e a degradação de fbras
de colágenos. Caso ocorra desequilíbrio nessa fase, forma-se cicatrizes queloidianas
ou hipertróficas. Após um ano, a força tensil é estabilizada, mas nessa fase
permanece por todo o período de existência da ferida.

ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA REALIZAÇÃO DE UM


CURATIVO

Entre os critérios para definir a cobertura ideal a ser utilizada estão:


➢ Proporcionar umidade adequada ao leito da ferida;
➢ Proteger a ferida contra as agressões do meio externo;
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➢ Remover o excesso de exsudação para evitar a maceração;


➢ Promover temperatura adequada no leito da ferida;
➢ Ser de fácil utilização, aplicação e manejo.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética


(Sobenfe) os princípios básicos para a realização de um curativo são:
✓ Limpar com álcool a 70% o local onde será colocado o material;
✓ Higienizar as mãos antes e depois o procedimento;
✓ Comunicar ao paciente o que será feito;
✓ Utilizar luvas estéreis para retirar a cobertura secundária;
✓ Limpar a ferida com soro fisiológico a 0,9%;
✓ Utilizar seringa de 20 ml e agulha 40x12 para a limpeza da lesão;
✓ Não secar o leito da lesão;
✓ Utilizar coberturas que mantenham o ambiente favorável à cicatrização (úmido);
✓ Ocluir com adesivos hipoalergênicos;
✓ Observar as reações do paciente;
✓ Registrar o procedimento;
✓ Desbridar, se necessário;
✓ Preencher túneis e cavidades;
✓ Utilizar cobertura para a realização do curativo de acordo com o tecido;
✓ Proteger as bordas da lesão;
✓ Não utilizar substâncias tóxicas.

Requisitos para um curativo

Os princípios mais importantes a serem observados nas coberturas são:


➢ Permitir as trocas gasosas;
➢ Fornecer isolamento térmico;
➢ Ser impermeável aos microrganismos;
➢ Estar livre de substâncias estranhas e toxinas contaminantes;
➢ Ter boa capacidade de absorção.
Principais requisitos:

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✓ Boa tolerância térmica, pois a mudança da temperatura ppode prejudicar o


processo de cicatrização no leito da ferida, ocasionando a vasoconstricção ou
vasodilatação;
✓ Proporcionar conforto ao paciente. O curativo deve estar bem aderido à pele
para não causar irritação, prurido e desconforto térmico. Ressalta-se também
que a finalização da técnica do curativo deve ser bem feita, demonstrando
cuidado, limpeza e conhecimento técnico-científico;
✓ Promover a cicatrização. Para isso, é importante que a cobertura utilizada
promova a angiogênese – processo de desenvolvimento dos vasos sanguíneos
do tecido de granulação e da reepitelização da ferida. É necessário que tanto
o organismo como a área afetada criem condições favoráveis para a resolução
da ferida;
✓ Boa absorção para garantir a drenagem das secreções, a fim de que o leito da
ferida não seja um meio de cultura, favorecendo o crescimento de
microrganismo.
✓ Proteger contra infecções (impermeabilidade às bactérias);
✓ Falta de adesão à ferida. É importante que o leito da ferida esteja úmido para
promover a formação do tecido de granulação e também para que não
provoque traumas durante a retirada do curativo;
✓ Permeabilidade ao raio-X.
✓ Uso justificado tanto do ponto de vista ecológico quanto do ponto de vista
econômico.

Finalidades do curativo

✓ Remover corpos estranhos e quaisquer objetos e partículas que liberem toxinas


que possam contaminar a ferida.
✓ Reaproximar bordas separadas, a fim de que a cicatrização ocorra por primeira
intenção, com resposta inflamatória rápida e com o mínimo de perda tecidual e
resulte em cicatrizes discretas;
✓ Proteger a ferida contra contaminações e infecções, ou seja, ser impermeável
aos microrganismos;

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✓ Promover hemostasia, com o objetivo de estancar o sangramento e dar início


ao reparo tecidual.
✓ Preencher espaços mortos e evitar a formação de sero-hematomas, com o
objetivo de contribuir para a formação de novos vasos (angiogênese);
✓ Favorecer a aplicação de medicamento tópico;
✓ Fazer desbridamento mecânico e remover tecidos necróticos, pois o meio
necrótico é considerado de cultura para proliferação de microrganismos;
✓ Reduzir o edema, visto que este interfere na proliferação celular e na síntese
proteica, pois, além de diminuir o fluxo sanguíneo e o metabolismo local,
favorece a necrose celular e o crescimento bacteriano.
✓ Facilitar a drenagem de exsudatos, para que haja a formação de novos vasos
e do tecido de epitelização;
✓ Manter a umidade da superfície da ferida, pois o meio úmido promove a
formação do tecido de epitelização e a diminuição da dor no local da ferida, que
é causada pelas terminações nervosas oxidadas, resultado da sua exposição
ao ar;
✓ Fornecer isolamento térmico para que a temperatura baixa não prejudique a
funcionalidade mitótica das células;
✓ Promover e proteger a cicatrização da ferida, a fim de prevenir infecções;
✓ Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida, para que o tecido de
granulação não seja retirado inadvertidamente;
✓ Dar conforto psicológico, pois os fatores que causam sofrimento desse tipo
podem ser considerados estressores, tais como a ansiedade, motivação,
educação, autoimagem, medo, etc.;
✓ Diminuir a intensidade da dor.

Objetivos do curativo

➢ Tratar e prevenir infecções;


➢ Absorver exsudatos;
➢ Tratar e cicatrizar as feridas;
➢ Eliminar os fatores desfavoráveis que retardam a cicatrização;
➢ Diminuir a incidência de infecções crizadas;

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➢ Estancar a hemorragia.

Técnicas básicas

É importante ressaltar que o tipo de cobertura deve ser adequado à lesão e que
a sua eleição deve ser feita após a avaliação criteriosa desta e do estado geral do
paciente.
Um curativo pode ser realizado sob duas diferentes técnicas básicas, estéril e
limpa.

TÉCNICA ESTÉRIL: é utilizada quando o curativo é realizado em ambiente hospitalar


ou em outra instituição de Saúde, utilizando-se material esterilizado como, pinças ou
luvas para manejo do material e solução fisiológica a 0,9% para higienização e
hidratação, além de cobertura estéril.
TÉCNICA LIMPA: é utilizada quando o curativo é realizado em ambiente domiciliar
pelo responsável/familiar ou até mesmo pelo próprio indivíduo. O ambiente e o
material devem estar limpos, podem ser utilizadas para esse fim: água corrente, água
destilada ou solução fisiológica a 0,9%. A cobertura deverá ser estéril, a luva de
procedimento ao ser usada nesse tipo de procedimento tem como finalidade proteger
quem o realiza.

TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS EM CURATIVOS E FERIDAS

Técnicas de Limpeza e Desbridamento de Feridas

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Limpar e desbridar uma ferida são procedimentos primordiais para a garantia


do sucesso de cada uma das etapas fisiológicas da cicatrização. Ademais, a ação das
coberturas, por mais eficazes que sejam, ficará prejudicada caso seja aplicada numa
ferida cuja limpeza esteja precária, seu leito repleto de exsudação e com presença de
tecidos desvitalizados. Um curativo bem feito, portanto, começa com a limpeza correta
e o desbridamento de tecidos inviáveis, quando necessário. Esses procedimentos
antecedem a utilização de qualquer cobertura.
A limpeza é tão importante que muitas feridas cicatrizam sem apresentar
intercorrências quando submetidas apenas a esse processo, através de irrigação da
lesão com soro fisiológico (SF) morno a 0,9%, com seringa de 20 ml e agulha 25x8
ou 40x12 e manutenção do meio úmido, com cobertura primária não medicamentosa,
como gaze, compressa ou filme. Esse procedimento intensifica o processo de autólise
(desbridamento natural de uma ferida)
A limpeza e a irrigação são procedimentos realizados com o objetivo de
remover os detritos e exsudatos do leito da ferida. O desbridamento deve ser realizado
quando existe a necessidade de remover tecidos desvitalizados presentes na lesão,
que são inviáveis ao bom andamento do processo de cicatrização. A limpeza, tanto
do leito quanto das bordas da lesão e da pela ao redor da ferida, possibilitará a
avaliação adequada, a identificação de microrganismos causadores de infecção, a
melhor absorção dos medicamentos tópicos utilizados, melhores fixação e adequação
da cobertura escolhida.
Um dos fatores igualmente importante para o processo cicatricial é a higiene
geral do paciente, pois padrões deficientes de higiene corporal costumam repercutir
diretamente na higiene da lesão. Esses padrões podem estar ligados aos fatores
socioeconômicos e/ou ocupacional do paciente, afetando a cicatrização, pois
aumentam o risco de contaminação da ferida.
Portanto, nos domicílios ou nos hospitais, é imprescindível o banho completo
do paciente antes da realização do curativo, assim como a limpeza das úlceras
crônicas localizadas em áreas próximas a efluentes ou expostas a sujidades. Elas
devem ser lavadas com água tratada e sabão neutro, antes do procedimento de
limpeza direta da lesão.

Objetivos da Limpeza

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O curativo é um procedimento terapêutico que consiste em limpeza e aplicação


de uma cobertura estéril na ferida ou lesão. A limpeza, como parte integrante do
curativo, visa eliminar os fatores desfavoráveis presentes na ferida e promover a sua
rápida cicatrização.
Por meio de técnicas e procedimentos de limpeza, é feita a remoção de corpos
estranhos e a drenagem de secreções, exsudatos inflamatórios e demais elementos,
que contribuem para a proliferação de microrganismos, retadando a cicatrização; logo,
o procedimento de limpeza da ferida também é fundamental para prevenir a
contaminação exógena e a infecção da área lesada.
A limpeza completa permite detectar precocemente os sinais flogísticos e de
outras alterações significativas da pele e da lesão. Além disso, uma limpeza adequada
da ferida também contribuirá para:
✓ Reduzir o odor;
✓ Manter a umidade;
✓ Diminuir infecções cruzadas;
✓ Remover microrganismos e partículas;
✓ Reduzir dor e o edema;
✓ Dar conforto ao paciente;
✓ Manter a higienização dos sítios de inserção de dispositivos;
✓ Proteger a pele circundante dos efeitos da maceração;
✓ Preparar a ferida para receber uma cobertura adequada.

MÉTODOS DE LIMPEZA

É importante compreender o significado dos diferentes métodos de limpeza


relacionados ao tratamento e aos cuidados com feridas. Muitos desses conceitos
referem-se a materiais, substâncias e superfícies que podem entrar em contato com
a pele e as mucosas dos pacientes durante a realização da limpeza e do curativo.
A limpeza física consiste na irrigação, uso de compressas úmidas, curativos
apropriados e banhos e duchas para limpar a ferida. Vários produtos costumam ser
utilizados como agentes de limpeza não somente da ferida, mas também do material
e das superfícies que entram em contato com o paciente e com a lesão.

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Conceitos Relacionados à Limpeza

Antissepsia
Medida que visa diminuir o crescimento através da sua supressão ou inativação,
mediante aplicação de um agente antisséptico nas camadas superficiais ou profundas
de tecidos e mucosas.

Assepsia
Conjunto de técnicas utilizadas para evitar instalação de microrganismos em locais
onde eles ainda não existiam. São precauções da contaminação de superfícies,
utensílios e tecidos, que supostamente, estão isentos de microrganismo.

Degermação
Visa reduzir a microbiota da pele, por meio do uso de agentes degermantes.

Descontaminação
Remoção de um contaminante químico, físico ou biológico, que esteja alojado em uma
área ou superfície.

Desinfecção
Eliminação ou destruição de microrganismos na forma vegetativa (exceto os esporos),
presentes nos artigos e objetos inanimados, independentemente de serem
patogênicos ou não.
A desinfecção pode ser de baixo, médio ou alto nível e pode ser feita mediante o uso
de agentes físicos ou químicos, como por exemplo, as preparações alcoólicas.

Esterilização
Visa destruir todo e qualquer microrganismo, inclusive a forma esporulada, mediante
a aplicação de agentes físicos, como a autoclave, ou químicos como o glutaraldeído.

Substancias Utilizadas na Limpeza das Feridas

A cicatrização de uma ferida pode ser dificultada pelo uso de substâncias


impróprias para a limpeza. Existem soluções irritantes e citotóxicas, que se usada
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indevidamente, podem ser lesivas aos fibroblastos, retardando o processo de


cicatrização.
O uso de antissépticos, como produtos de limpeza, requer avaliação das
vantagens e desvantagens, validade, aplicabilidade e toxicidade. Algumas das
soluções utilizadas para a limpeza de feridas são:
✓ Soro fisiolófico 0,9% (NaCL 0,9%);
✓ Clorexidina;
✓ Álcool a 70%;
✓ Solução Ringer Lactato;
✓ Polivinilpirrolidona a 10%, iodo a 1% (PVP-I);
✓ Solução de Papaína, entre outros.
Entre todos esses produtos, o SF a 0,9% é o ideal para a limpeza e tratamento de
feridas com cicatrização por segunda intenção ou terceira intenção, porque as limpa
e umedece, favorecendo a formação de tecido de granulação e amolecendo os tecidos
desvitalizados.

Substâncias e produtos utilizados para limpeza, desinfecção e antissepsia


Classificam-se essas substâncias

Utilizados para destruir


microrganismos ou inibir sua
reprodução ou metabolismo, quando
aplicadas por via tópica em
Antissépticos superfícies cutâneas ou mucosas e
em feridas infectadas. São
hipoalergênicas, de baixa
causticidade e perdem sua efetividade
sob influência de luz, temperatura, pH
e tempo de exposição
Substância utilizada para destruir
Antimicrobianos microrganismos ou inibir sua
reprodução em superfícies
inanimadas.

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Preparação química que promove


Detergentes limpeza, purificação ou clareamento
de superfícies inanimadas.
Preparação química que por meio de
ação física, produz a limpeza e,
Degermantes simultaneamente, por meio
antimicrobiano, reduz o numero de
microrganismos da pele.
São substâncias capazes de reduzir o
número de microrganismos
Desinfetantes patogênicos viáveis, presentes em
uma superfície ou instrumento, em um
determinado tempo de exposição,
sem, no entanto, eliminar as formas
esporuladas.
Compostos sódicos, com ação
tensoativa, que facilitam a remoção de
Sabões sujidades e microrganismos
transitórios da pele. Porém, pelo fato
de n possuírem poder antisséptico,
seu uso para lavagem das mãos não
é reconhecido.

Alguns desses produtos são descritos a seguir:

Álcool etílico a 70%, líquido ou gel

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O álcool a 70% é um antisséptico e


germicida que age por desnaturação de
proteínas. Ele tem ação imediata,
permanecendo por até três horas após sua
aplicação na superfície utilizada. Esse
produto é eficaz contra Gram-negativos e
positivos, porém tem atividade reduzida na
presença de matéria orgânica.
O álcool é muito utilizado para
antissepsia da pele íntegra (higienização,
venopunção), curativo do coto umbilical e
feridas cirúrgicas sem complicações, porém é contraindicado em feridas abertas e
mucosas. O álcool em gel costuma ser a melhor opção para fricção antisséptica das
mãos, devendo ser utilizado quando elas estiverem secas, pois a ação germicida só
se efetiva com a evaporação, o que não é possível acontecer quando é aplicado nas
mãos ainda úmidas.
O álcool a 70% também é utilizado para limpeza de artigos semicríticos e
superfícies fixas.

Iodóforos

Os iodóforos são complexos formados entre o


iodo e um agente solubilizante ou carregador, que
aumenta sua solubilidade e sustenta a liberação
gradual de iodo. O agente solubilizante mais presente
na prática clínica é a polivinilpirrolidona (PVP) também
conhecida como iodopovidona, que ligada ao iodo,
forma o PVP-I a 10% com 1% de iodo ativo.
Esse produto é utilizado sob várias formas, tais
como:
✓ Degermante, muito utilizada para degermação pré-operatória;

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✓ Tópica, usada em antissepsia de mucosas e curativos, em feridas superficiais


e pequenas queimaduras;
✓ Tintura (solução alcoólica), usada como luva química, para antissepsia de
campo operatório após o uso do PVP-I degermante e para demarcar a área
cirúrgica.
O iodo atua diretamente na estrutura das proteínas dos microrganismos,
eliminando-os e prevenindo o desenvolvimento de resistência bacteriana. Quando
ligado ao PVP é liberado gradativamente nos tecidos. É virucida, tuberculicida,
fungicida, amebicida, nematocida e insenticida e tem alguma ação esporicid; é
bactericida para Gram-positivos e negativos.
Apesar de ser comprovado que o iodo é um animicrobiano altamente eficaz,
ele possui um número de características indesejáveis que tem limitado seu uso; é
doloroso em feridas abertas, irrita os tecidos e também pode causar reações
alérgicas. As reações adversas que podem ocorrer são de hipersensibilidade,
resultando em erupções cutâneas, as quais podem variar desde uma reação
eczematosa branda até a dermatite esfoliativa. Além disso, provoca manchas de
coloração amarela acastanhada na pele, com cheiro desagradável e, geralmente,
não é estável em soluções.
A citotoxidade do PVP-I tem sido avaliada em uma série de estudos in vivo
e clínicos. Tais estudos geraram dados conflitantes quanto a citotoxidade dos
iodósforos; no entanto, existe unanimidade quando à citotoxidade do iodo ser
dependente da sua concentração. Portanto, para seu uso exclusivamente externo
seja recomendado, é desejável que as coberturas proporcionem uma liberação
sustentada de iodo livre em concentrações microbicidas, sem os efeitos da
citotoxidade, reduzindo a carga microbiana e o risco de infecção da ferida, sem
atrasar seu reparo.
Coberturas a base de iodo são indicadas para tratamento de feridas
crônicas, pequenas queimaduras e escoriações, principalmente quando a infecção
já está presente na lesão ou quando ainda é uma suspeita;

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Essas coberturas não devem ser usadas em pacientes com


sensibilidade conhecida ou suspeita a iodo, queimaduras extensas,
insuficiência renal ou história pregressa de qualquer distúrbio da
tireoide. Além disso, elas também não são indicadas para mulheres
gestantes ou em fase de amamentação e para bebês recém-nascidos
e lactentes, com idade inferior a seis meses, pois o iodo pode ser
absorvido através da pele.

A atividade do iodo pode ser afetada pela presença de matéria orgânica,


como proteína e exsudatos da ferida; por isso, é recomendado que as coberturas
com PVP-I sejam trocadas com frequência quando usadas para tratar feridas
exsudativas altamente infectadas.

Clorexidina Alcoólica
Bactericida do grupo das
biguanidas, ela age mais eficazmente
sobre microrganismos Gram-positivos,
porém a neutralização da sua ação pode
ser observada na presença de soro,
sangue, sabão e detergentes.
A clorexidina alcoolica age contra
vírus da síndrome da imunodeficiência
adquirida (Aids) o citomegalovírus e a
influenza, sendo que sua atuação se inicia
com quinze segundos de exposição, com
efeito residual por cinco a seis horas. Ela atua como antisséptico da pele e das
mucosas, por meio de solução aquosa a 4%, sendo utilizada em casos de alergias ao
PVP-I, em surtos e epidemias de Staphylococcus aureus, para antissepsia das mãos
e para banho de recém-nascidos.
A solução em álcool a 70% de 0,5% de clorexidina é utilizada em centro
cirúrgico para antissepsia complementar e também demarcação de campo cirúrgico,
e para antissepsia de mãos e antebraços no pré-operatório, sob forma de solução
aquosa a 4% acrescida de detergente líquido.

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Hipoclorito de Na a 1%
Desinfetante hospitalar para superfícies fixas que
possui ação bactericida, atua como elemento
ooxidativo em cadeias proteicas de
microrganismos.

Glutaraldeído
Esterilizante com ações bactericida,
fungicida, virucida e esporicida. Altera o ácido
desoxirribonucleico (DNA, deoxyribonucleic
acid) o ácido ribonucleico (RNS, ribonucleic
acid) e a síntese de proteínas dos
microrganismos. Sua atividade esporicida se
dá através da reação com sua superfície do
esporo, provocando o endurecimento das
suas camadas externas.
É indicado para a esterilização de artigos sensíveis ao calor, que não podem
ser submetidos à esterilização em autoclave.

Materiais tradicionalmente usadas para limpeza de feridas


Novos produtos para feridas, como gaze vaselinada, espumas, algodão não
filamentado, fitas adesivas hipoalergênicas e porosas, filmes e outros produtos que
não causam dor nem traumatizam a pele quando retirados, têm substituído, como
êxito, a gaze, o algodão e o esparadrapo tradicionais, que costumam deixar resíduos
e aderir à lesão, dificultando a troca de curativos.
Eles causam reação inflamatória, aumentam o risco de infecção e não devem
ser friccionados no leito da ferida, nem colocados diretamente sobre o tecido de
ATENÇÃO: Quando o curativo anterior for de difícil remoção e possuir
filamentos de gaze ou outras coberturas aderidos ao leito da ferida, deve-se
encharcar toda a superfície com SF 0,9%, deixando penetrar a umidade por
alguns segundos até que todo material fique solto e possa ser removido sem
traumáticas os tecidos.

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granulação.

FILMES
TRANSPARENTES

FITAS ADESIVAS
HIPOALERGÊNICAS E
POROSAS

GAZE VASELINADA

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CURATIVO DE ESPUMA

DESBRIDAMENTO

Através do processo de autólise, o próprio organismo promove, de forma


natural, a desintegração das células desvitalizadas pelas ações leucocitária e
enzimática. Contudo, nas feridas crônicas, esse processo interno de autólise quase
sempre é insuficiente, devido à proliferação de tecidos inviáveis, necessitando de
desbridamento.
Sabendo-se que um dos obstáculos para o processo adequado de cicatrização
é a presença de tecidos desvitalizados e/ou necrosado na ferida – e que eles
representam uma barreira mecânica ao avanço da cicatrização, uma vez que
cronificam a lesão e aumentam o risco de infecção – pode-se depreender que o
desbridamento é uma etapa, apoiada por evidências científicas, indispensável para a
cura da lesão.
O desbridamento, além de acelerar as fases de proliferação e remodelação
tissular, elimina o substrato que permite o crescimento dos microrganismos, melhora
o restabelecimento estrutural e funcional da pele e, ainda, permite uma melhor
avaliação da lesão.
Entende-se como desbridamento o conjunto de mecanismos fisiológicos ou
externos dirigidos à remoção de tecidos necróticos, exsudatos, coleções serosas ou
purulentas e/ou corpos estranhos associados e todos os tecidos e materiais não
viáveis presentes no leito da ferida.

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Os tecidos necróticos geralmente são de cor preta ou castanho-escuro. Quando


em forma de placa bem definida, de cor acastanhada, espessa, sólida, seca, de
textura coriácea, denomina-se escara. Os esfacelos são de material fibrinoso, amarelo
esverdeado ou grisalho embranquecido, de difícil preensão pela consistência
amolecida. Observam-se os graus intermediários entre os esfacelos e a placa
necrótica que, frequentemente, coexistem numa mesma ferida.
Antes de optar pelo desbridamento, o paciente deve ser avaliado de modo

global. Como as feridas crônicas, em sua maioria são dolorosas e o desbridamento


pode contribuir para aumentar a dor, é necessário considerar-se um esquema
terapêutico para que esse sintoma seja controlado.
A vascularização da área da lesão deve ser avaliada por:
➢ meio da temperatura;
➢ Coloração;
➢ Frequência dos pulsos adjacentes.
Nas úlceras por pressão localizadas nos calcanhares, que apresentam necrose
seca (escara) sem edema, eritema, flutuação ou drenagem, não é recomendado o
desbridamento imediato; a lesão deverá ser observada para se avaliar essa
necessidade.

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Técnicas de Desbridamento

Além da situação do paciente, vários outros critérios precisam ser considerados


antes de se optar por uma técnica de desbridamento, tais como:
➢ Seletividade requerida;
➢ Características quantidade, profundidade e localização do tecido a ser
desbridado;
➢ Presença e características do exsudato;
➢ Dor;
➢ Infecção ou colonização crítica;
➢ Entre outros.
Como as técnicas são compatíveis entre si, geralmente a sua associação é
recomendada para que o processo seja rápido e eficaz.
O desbridamento é denominado seletivo quando a remoção de tecido
desvitalizados sem que o tecido vivo seja afetado, e não seletivo quando é feita a
remoção de tecidos desvitalizados juntamente com o tecido vivo subjacente, tal como
no desbridamento cirúrgico.
As técnicas de desbridamento mais utilizadas são descritas a seguir.

Desbridamento Autolítico
É o desbridamento promovido pelo próprio organismo de forma natural, através
de um processo biológico de reparação e cicatrização denominado autólise, que atua
desintegrando as células degeneradas, por meio das ações leucocitária e enzimática.
Para acelerar a autólise é fundamental que o leito da ferida seja mantido úmido,
o que pode ser obtido com a irrigação com SF a 0,9% e de coberturas primárias que
promovem um meio úmido adequado, estimulam a migração leucocitária e a ação das
proteases e colagenases sobre a necrose. É considerado o método mais lento,
embora deva ser estimulado em todos os tipos de feridas.

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Coberturas que retêm a umidade, como filmes transparentes, hidrocoloides


extrafinos e gazes embebidas em ácidos graxos essenciais (AGE) hidrogel e alginato
de cálcio, ajudam a promover o desbridamento autolítico.

Desbridamento Cirúrgico
Consiste na remoção completa do tecido necrótico e desvitalizado por meio de
procedimento cirúrgico. Recomenda-se que sejam desbridadas cirurgicamente as
feridas que apresentam necrose de coagulação ou liquefação.
O desbridamento cirúrgico por ser não seletivo comumente é indicado para
grandes lesões com ressecções amplas. Como ele implica a remoção do tecido
necrótico e parte do tecido saudável, pode provocar hemorragia. Geralmente se
realiza em uma única sessão por um cirurgião, no centro cirúrgico, com anestesia ou
sedação. É a técnica mais rápida e efetiva e, por isso, a mais utilizada quando o
paciente necessita de intervenção urgente.
O custo dessa técnica é alto e exige conhecimentos, aptidões, destreza e
consentimento do paciente. Atualmente existem dispositivos específicos para o
desbridamento no bloco cirúrgico, como a hidrocirurgia com jato de água á vácuo.
Alguns hospitais incluem em seus protocolos a técnica de square, que
aparentemente diminui o risco de comprometimento de tecidos sãos durante o
desbridamento cirúrgico. A referida técnica consiste em esquadrinhar o tecido
necrótico com uma lâmina de bisturi, traçando pequenos quadrados de 2mm a 0,5 cm.
Esses pequenos fragmentos serão, posteriormente, removidos cuidadosamente e
individualmente.

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Essa técnica também é utilizada para permitir a absorção na ferida de


coberturas com desbridantes enzimáticos.

Desbridamento Instrumental
No desbridamento instrumental, o tecido desvitalizado vai sendo
gradativamente removido de forma seletiva, em diferentes sessões, até o nível de
tecido viável. É rotineiramente feito pelo enfermeiro a beira do leito ou na sala de
curativos, com material esterilizado, técnica asséptica e medidas de biossegurança.
O equipamento essencial inclui material cortante, como bisturi, tesouras, pinças e
coberturas hemostáticas.
É uma técnica rápida e seletiva, que permite a combinação com outros
métodos, como o enzimático e o autolítico. É indicada para a retirada de tecido
necrótico, desvitalizado ou de zonas de hiperqueratose, secas ou com exsudação
abundante, com suspeita de alta carga bacteriana ou sinais clínicos de infecção.
Recomenda-se uma formação específica que proporcione competências
(conhecimentos, habilidade e atitudes) para os profissionais que realizam essa
técnica, visto que o desbridamento instrumental é um procedimento invasivo.

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Desbridamento Enzimático
Trata-se de um método seletivo, que atua em tempo menor ao método autolítico
e maior que ao instrumental, sendo possível a sua combinação com outros métodos.
Consiste na aplicação tópica de substancias enzimáticas e proteolíticas, que atuam
como desbridantes enzimáticos, diretamente sobre o tecido necrótico, facilitando sua
remoção. A escolha da enzima depende do tipo de tecido que se quer desbridar, e
deve ser aplicada somente nas áreas de necrose.
As enzimas exógenas (colagenases, fibrolisinas) funcionam sinergicamente
com as enzimas endógenas, degradando a fibrina, o colágeno e a elastina. É
recomendável proteger a pele perilesional, devido ao risco de maceração. Atualmente,
a colagenase bacteriana procedente do Clostridium histolyticums é a mais utilizada
como desbridante enzimático em países da Europa.

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Desbridamento Mecânico
O desbridamento mecânico é traumático e não seletivo. Consiste na aplicação
de força mecânica, como fricção com gaze, esponjas e jatos de água, diretamente
sobre o tecido necrótico, a fim de facilitar sua remoção. Tais forças atuam sobre os
tecidos da ferida por meio da abrasão mecânica. Esse processo pode prejudicar o
tecido de granulação ou de epitelização, além de causar dor. É uma técnica em
desuso, devido à existência de alternativas menos traumáticas que trazem menos
riscos ao leito da ferida.

Técnica Larval
Terapia aplicada há alguns anos em países europeus como uma alternativa
não cirúrgica, na qual são utilizadas larvas estéreis da mosca Lucilia sericata (mosca
verde) criada em laboratório. Essas larvas produzem enzimas potentes que
liquefazem o tecido desvitalizado para ingeri-lo e depois eliminá-lo, respeitando o
tecido não danificado.
Alguns autores sustentam que essas enzimas têm a capacidade de combater
infecções clínicas. A escara necrótica é difícil de ser penetrada pelas larvas e precisa
ser amolecida previamente.
É uma técnica utilizada para o desbridamento de lesões de diferentes
etiologias, como úlceras por pressão, úlceras vasculares e lesões produzidas por
fungos e outras de difícil acesso para procedimentos cirúrgicos ou instrumentais, com

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grande quantidade de tecido necrótico e exsudato profuso. Não existe relto de efeitos
secundários nem alérgicos. A referida terapia apresenta como vantagem a redução
significativa da carga bacteriana das lesões, incluindo o MRSA.

AVALIAÇÃO DA FERIDA A SER LIMPA E DESBRIDADA

Antes de iniciar a limpeza e/ou desbridamento é preciso inteirar-se do tipo, das


dimensões e da evolução da ferida. Para isso, é necessário não somente a leitura
atenta do prontuário do paciente, de forma a conhecer o parecer dos demais
profissionais sobre o assunto, as também providenciar um contato direto e prévio com
ele, visando captar suas percepções sobre a ferida e o que ela representa em sua
vida.
Esse olhar humanizado da enfermagem é o que fará a diferença, tudo mais é
decorrente dessa interação, inclusive o êxito do tratamento. Um exame físico completo
e criterioso da ferida será o elemento básico para o enfermeiro cientificar-se dos tipos
de tecidos encontrados na lesão; essas ações irão complementar o planejamento da
assistência integral ao paciente, que deve ser observado em todas as suas etapas.
Nessa trajetória, vários instrumentos poderão ser utilizados, tais como a escala
de avaliação de risco de Braden ou outra similar, que se refere tanto ao portador da
ferida como também ao estadiamento desta em graus, para que as características dos
tecidos e a profundidade da lesão possam ser avaliadas, conforme proposta pelo
National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP).
Será apresentado, a seguir, o Sistema RYB de avaliação por cores, que se
mostrou bastante útil na prática clínica e que tem ajudado os profissionais a se

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situarem no sentido de optarem ou não pelo desbridamento da ferida.


O Sistema RYB de avaliação por cores é uma forma de avaliar as feridas por
meio do conceito das três cores que se referem ao(s) tecido(s) vitalizado(s) ou não,
encontrados no leito da ferida, que são:
➢ Vermelho – RED
➢ Amarela – YELLOW Sistema RYB
➢ Preta – BLACK

Deve ser usado para avaliar feridas abertas, de acordo com as características
da lesão quanto à sua cicatrização e possíveis fatores que estejam interferindo no
processo cicatricial.
Os princípios do Sistema RYB são:
➢ Proteger a VERMELHA, limpar a AMARELA e desbridar a PRETA;
➢ Tratar inicialmente a PRETA, depois a AMARELA e, por fim a VERMELHA;
➢ Quando a lesão apresentar mais de uma cor, deverá ser avaliada pela
predominante.

COR SIGNIFICADO O QUE FAZER


Red – vermelha Cor viva, limpa e brilhante
Vermelho vivo e limpo caracteriza o tecido de
granulação saudável.
Vermelho escuro com Processo infeccioso em Proteger e limpar sem
aparência friável andamento traumatizar, cobrir e
Vermelho opaco, Redução ou retardo daa isolar.
tendendo ao cinza granulação e da
cicatrização
Yellow – amarela Aspecto desvitalizado, Limpeza eficiente com
Amarelo forte exsudato solução fisiológica morna
purulento,grande 0,9% e desbridamento
quantidade de material
fibrótico e componentes Obs: por vezes há uma
de degradação celular. mistura ds cores amarela

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Amarelo avermelhado Tecido de granulação e e vermelha, indicando


material fibrótico e de granulação, mas
degradação celular. persistindo a presença de
Amarelo acinzentado Material fibrótico e de ecidos fibrótico.
degradação celular.
Black - Preta Tecido necrótico (preto,
cinza ou marron) com
exsudato purulento,
material fibrótico e de
degradação celular, que
favorecem a proliferação Desbridamento
de microrganismos. instrumental ou cirúrgico.
Tecido negro seco Grangrena seca, com
aparência ofuscada,
tecido necrótico.
Tecido cinzento Tecido escuro, com
aparência úmida.

COBERTURAS E NOVAS TECNOLOGIAS PARA O CUIDADO DE FERIDAS

Embora o processo de reparação tecidual seja sistêmico, para que seja efetivo
é necessário favorecer as condições locais da lesão com tratamento tópico adequado.
Nesse sentindo, nas últimas décadas, houve uma verdadeira revolução tecnológica
baseada em pesquisas cientificas, que avaliam biomateriais e produtos diversos para
o tratamento de feridas. Industrias investem na elaboração de coberturas, que têm por
objetivo acelerar o processo de cicatrização e minimizar o desconforto dos pacientes,
facilitando a assistência e diminuindo os custos hospitalares e o tempo de internação.
Para serem efetivas, as coberturas precisam ser compatíveis com a fisiologia
de reparação tecidual, além de atender às finalidades do curativo, que são as
seguintes;
✓ Promover o isolamento térmico;
✓ Proteger a ferida de traumas mecânicos e invasão bacteriana;
✓ Remover tecidos necróticos;

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✓ Remover corpos estranhos;


✓ Eliminar processos infecciosos;
✓ Obliterar espaços mortos;
✓ Absorver exsudatos;
✓ Manter a umidade no leito da ferida.
Os benefícios do meio úmido são percebidos por meio da rápida recuperação
tecidual, que ao ser favorecida pela hidratação da lesão, permite a presença dos
fatores de crescimento e a migração celular, responsáveis pela formação do tecido de
granulação, pela angiogênese e pelo desbridamento autolítico. Os curativos úmidos
aceleram a cicatrização em até 50%, pois retêm água e enzimas que favorecem a
formação de fibrina e protegem as terminações nervosas, diminuindo a dor.
As novas tecnologias ´precisam ser esteireis ou sem partículas contaminadas.
Além disso, devem auxiliar na remoção dessas partículas, quando existentes na lesão,
sem causar traumas, estar disponíveis, ter flexibilidades, facilidade de manuseio e boa
relação custo-benefício. Diversos materiais podem ser utilizados para essa finalidade,
desde que mantenham os tecidos viáveis e possibilitem a liberação dos fatores de
crescimento, estimulando a proliferação de neotecido e a regeneração da lesão.
Para alcançar esses objetivos, os curativos evoluíram para uma nova geração
de produtos bioativos, cada vez mais sofisticados e apropriados para interagir
ativamente nas fases de cicatrização, estimulando-as. A maioria é direcionada para
executar funções similares às substâncias endógenas, que por vários motivos, não as
executam adequadamente.
Entendemos como cobertura, para fins didáticos, todo material, substância ou
produto que se aplica sobre uma ferida, formando uma barreira física, com capacidade
de proteção e regeneração celular. Dessa forma, o tratamento eficaz de qualquer
lesão subentende, dentre outros cuidados, a escolha do tipo de cobertura mais
apropriada para cada tipo específico de ferida nas diferentes situações clínicas e
cirúrgicas.

Escolha de Coberturas

Vários tipos de coberturas podem ser utilizados para promover ambientes


adequados e facilitar o processo de cicatrização. Diante de tanta diversidade, cabe à
equipe multiprofissional optar por aquelas que melhor atendem às expectativas,
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escolhendo-as mediante critérios pré-definidos.


Inicialmente, os produtos apresentados no mercado com finalidade de agir
como cobertura foram feitos de materiais plásticos, como o polietileno e o polivinile, e,
posteriormente, evoluíram para as atuais coberturas, como o hidrocoloide, o hidrogel,
as esponjas e os alginatos. As coberturas mais recentes incrementam a cicatrização
e diminuem a dor, exemplo disso são as películas produzidas com filme transparente
de poliuretano, que permitem a observação diária da lesão e a detecção precoce de
complicações, proporcionando, junto com os hidrocoloides, uma cicatrização melhor
tanto estética como funcional.
Os riscos e as desvantagens oclusivas incluem a dificuldade de aderência às
áreas cruentas e irregulares e a absorção de exsudato nem sempre eficiente. Tais
situações são indesejáveis, pois induzem a trocas frequentes de curativo,
ocasionando a destruição do tecido epitelial neoformado. Novos produtos
caracterizados na literatura como “inteligentes” continuam sendo testados para
minimizar esses problemas.
De modo geral, a cobertura adequada deve oferecer mais proteção e menos
risco de desenvolvimento de infecções, promovendo boa cicatrização no meio úmido.
A facilidade de aplicação e remoção e os princípios gerais dos cuidados com as
feridas, como limpeza, desbridamento, processo de cicatrização, deve ser mantida,
obedecendo-se aos requisitos, critérios, objetivos e às respectivas finalidades.
É ideal que a seleção de um produto para a cobertura preveja a existência de
estudos pré-clinicos e clínicos que comprovem sua indicação e eficácia. Deve haver
clareza quanto à composição, ao registro e à aprovação nos órgãos de fiscalização,
bem como a avaliação dos custos em relação aos benefícios esperados.
Para direcionar o processo de escolha, é fundamental uma acurada avaliação
da lesão, identificando cuidadosamente o estágio do processo cicatricial, a fim de tê-
lo como base para a decisão da cobertura a ser utilizada. A avaliação da ferida deve
ser sistemática e periodicamente realizada, com critérios bem estabelecidos em
protocolos de avaliação.
Muitos produtos utilizados na prática clínica ainda prescindem desses critérios,
ficando a escolha e a cargo da equipe multiprofissional e interdisciplinar.
Normalmente, os produtos são escolhidos com base na experiência do profissional,
mas, independentemente disso, deve-se fazer um levantamento de informações

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técnico-cientificas, que são fundamentais para a seleção de produtos, de acordo com


a demanda do serviço e as características da clientela.
É importante considerar que um único produto não é suficiente para resolver
todos os tipos de feridas e ser compatível a cada uma das fases de cicatrização, por
isso, normalmente, utiliza-se a combinação de um ou mais tipo de coberturas, como
por exemplo, o uso de espuma de prata, na fase de exsudação, e do hidrocoloide,
quando a ferida se apresentar sem exsudação e infecção, para manter o meio úmido
e favorecer a epitelização, a granulação e acelerar a cicatrização.
Os formatos e as dimensões de uma cobertura devem ser adequados a lesão.
Para isso, grande parte das coberturas pode ser recortada no momento do uso para
se moldar ao leito da lesão. Curativos prontos para uso também estão disponíveis em
tamanhos e formas variadas. Recomenda-se que a cobertura seja específica às
características da lesão e do paciente, em dimensões e formatos, de acordo com a
fase cicatricial em que se encontra a lesão, a quantidade de exsudato drenado, ao tipo
de pele e que seja hipoalergênica.
A eficácia dos produtos depende da sua adapitalidade, moldando-se
perfeitamente aos contornos do corpo do paciente, não permitindo vazamento de
exsudatos e, ao mesmo tempo, protegendo contra a agressão de efluentes
provenientes do próprio paciente ou do meio externo. Os produtos devem ser
eficientes para manter o leito da ferida com a umidade ideal e as áreas periféricas
secas e protegidas, também facilitar a remoção, proporcionar conforto e segurança e
prescindir de trocas frequentes.

TIPOS DE COBERTURAS

O tipo de cobertura a ser escolhido depende:


✓ das especificidades do curativo;
✓ localização;
✓ dimensões;
✓ fase de cicatrização;
✓ características dos tecidos;
✓ natureza a lesão.
Em certos casos pode ser necessária a cobertura compressiva, em outros, uma
que possua propriedades absorventes, alguns têm prioridade para aquelas que
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neutralizam o odor. Elas também podem variar quanto ao tamanho, mas todas
deverão ter a prioridade de proteger não somente a lesão, mas também a pele
perilesional e os bordos da ferida.
Entende-se como:
➢ Cobertura Primária – aquela que se aplica diretamente sobre a lesão,
preenchendo-a ou cobrindo-a;
➢ Cobertura Secundária – a que é colocada sobre a cobertura primária com o
objetivo de proteção ou fixação.
Algumas coberturas destinam-se a atuar como curativo secundário, outras
requerem a utilização de outro tipo de cobertura secundária, ainda existem aquelas
que foram aperfeiçoadas para realizar as duas funções.
Os produtos utilizados nas coberturas normalmente são classificados como
agentes tópicos e curativos. Os agentes tópicos são utilizados como cobertura
primária, isto é, são aplicados diretamente sobre o leito da ferida ou destinados à
limpeza e à proteção da área perilesional.
Curativo, também denominado cobertura, é o material que cobre a ferida e,
algumas vezes, o agente tópico, com o objetivo de favorecer o processo de
cicatrização e protege-la contra agressões externas, mantendo-a úmida, promovendo
a cicatrização e preservando sua integridade.
O tamanho das coberturas deve estar de acordo com as dimensões da lesão,
que podem ser:
Pequena – quando se trata de feridas com até 16 cm2, como pequenas
incisões, fístulas anais, flebotomias, traqueostomias e curativos em cateteres
venosos, dialisadores e intermitentes.
Média – quando variam entre 16,5 e 36 cm2, como incisões cirúrgicas,
drenagens, úlceras por pressão, úlceras venosas e arteriais, abcessos e outros.
Grande – quando variam entre 36,5 e 80 cm2, como queimaduras de áreas
extensas, incisões de grandes cirurgias (torácica, cardíaca, abdominal),
deiscências cirúrgicas, úlceras infectadas e outras.
Extragrande – quando a ferida é de grandes proporções, com mais de 80 cm2,
para as quais se exige justificativa médica.

Finalidades das Coberturas

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Além das qualidades gerais esperadas, as coberturas devem atender a


finalidades especificas, de acordo com as necessidades do paciente, tais como:
Produtos para prevenção, proteção e hidratação da pele – substâncias
umectantes, hidratantes, balsâmicas, lubrificantes, revitalizantes, emolientes
que foram idealizadas para nutrir e restaurar a pele, protegendo-a contra os
efeitos nocivos de efluentes, compressões, temperaturas extremas,
ressecamento e umidade excessivos. São fabricadas sob a forma de géis,
óleos, cremes e loções de ácidos graxos essenciais (AGE), óleo mineral,
extratos de plantas medicinais, como Aloe vera (babosa/alantoína), eucalipto,
calêdula, camomila, entre outros. Algumas possuem elastina e colágeno em
sua composição.
Coberturas absorventes – são aquelas cujo produto é apropriado para proceder
à absorção de exsudatos provenientes das lesões. Elas costumam ser
moldáveis ou preencher cavidades, como a espuma com prata, os
hidropolímeros, o carvão ativado e os alginatos.
Coberturas Desbridantes – são produtos utilizados para premover a limpeza da
lesão e reduzir a contaminação imposta por tecidos não viáveis. Estimulam o
desbridamento autolítico e induzem ou facilitam os desbridamentos químico,
mecânico e enzimático; apresentam-se sob a forma de géis, cremes e pomadas
à base de colagenases, fibrinolisinas, papaínas e gel hidrofílico (hidrogel).
Produtos para Fixação – são as coberturas utilizadas para proteger a ferida ou
fixar coberturas primárias. Há os tradicionais, como faixas, ataduras, gazes,
compressas, bandagens, fitas e cadarços. Na linha atual, destacam-se os
filmes semipermeáveis transparentes, cuja impermeabilidade às bactérias
permite que atuem como uma barreira mecânica, além de permitir a visibilidade
da lesão.
Pele artificial – são biomembranas e biopéliculas de matéria-prima biológica,
criadas e pesquisadas para formarem coberturas naturais a serem empregadas
no tratamento de queimaduras e em pacientes que precisem de implante de
pele.

ESPECIFICAÇÕES DAS COBERTURAS

A seguir serão apresentados alguns recursos disponíveis no mercado brasileiro


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como coberturas para feridas. De acordo com seus principais componentes. Algumas
coberturas ainda se encontram em fase de experimentação, como: biomembranas;
fibras de variados tipos; novas tecnologias para controlar o crescimento e o
desenvolvimento da matriz celular, para a reparação e a substituição do tecido
humano; e também a maioria dos fitoterápicos. Outras já são bem conhecidas e
aplicadas cotidianamente na prática clínica. Entretanto, todas, sem exceção, carecem
de mais estudos clínicos randomizados e controlados, mais comprovações em
modelos experimentais e analises comparativas, para que, cada vez mais, os
profissionais de saúde, as instituições e os paciente possam utilizá-las com
confiabilidade e segurança.

Acetato de celulose permeável ao vapor

Curativo industrializado
semipermeável e semitransparente,
composto de acetato de celulose.
Indicação: Indicado para áreas
doadoras de enxerto e para
queimaduras.
Sua permeabilidade é seletiva,
atuando na manutenção de
microrganismos e favorecendo o
processo de cicatrização.
É de baixo custo, permite a adaptação à área lesada (recortável e moldável) e é de
fácil aplicação e remoção, pois com a cicatrização ele se desprende espontaneamente
da lesão.
Contraindicação: é contraindicado o uso do acetato de celulose em áreas extensas
e feridas muito exsudativas. Quando instalado em articulações, pode romper-se com
o movimento.

Ácidos Graxos Essenciais (AGE)

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São compostos como os ácidos linoleico e


alfa-linolênico, usados para tratamento e
prevenção de feridas. Eles favorecem a
cicatrização, o desbridamento e o alívio da dor.
Agem na hidratação preventiva, por isso são
indicados para aplicação na pele íntegra, evitando
o aparecimento de feridas e lesões, pois possuem
propriedades emolientes que protegem a pele.
São disponíveis em diferentes formulações, isolados ou combinados a outros
ácidos e vitaminas, sua apresentação é na forma oleosa e são comumente utilizados
em associação a outros produtos e tratamentos.
Na literatura, são comuns os relatos do uso de produtos à base de AGE na
prática clínica para o tratamento de queimaduras e feridas abertas, limpas ou
infectadas. Devido a absorção do óleo pelo leito da ferida, sugere-se que ele seja
reaplicado a cada doze horas.
Não existem contraindicações ao uso do produto, a menos que haja histórico
de hipersensibilidade a algum dos componentes da formulação. O tecido que entra
em contato com o produto não pode ser exposto à luz solar.

Ácido Hialurônico

O ácido hialurônico é um biopolímero


natural, formado com base numa unidade
dupla de dois açucares: àcido D-glucorônico e
N-acetil-glucosamina, pertencentes à classe
dos glicosaminoglicanos não sulfatados. É o componente principal da matriz
extracelular da derme, preenchendo os espaços entre as células e contribuindo para
manter a pele elástica e hidratada, devido à sua capacidade de criar volume, lubrificar
tecidos e promover a proliferação celular. Por essas características e por
desempenhar papel fundamental na regeneração tecidual e na angiogênese, nos
processos de cicatrização, inúmeras pesquisas têm sido feitas com o ácido hialurônico
para avaliar seus efeitos como uma alternativa no reparo de feridas complexas,
agudas e crônicas, de difícil cicatrização.

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Os produtos de degradação do ácido hialurônico parecem ter propriedades que


afetam ativamente a cicatrização de feridas e a cinética celular. Há também evidências
de que a aplicação desse ácido leva a uma remodelação da matriz extracelular
melhorada, com decomposição de colágeno mais ordenada, e a menor degradação.
É um composto altamente higroscópico (retém umidade) atrai grandes
quantidades de água para o espaço extracelular, com vários efeitos no processo de
cicatrização da ferida. Devido ao seu elevado peso molecular, os fatores de
crescimento vão se tornando cada vez mais concentrados na ferida, otimizando o
potencial de cicatrização.
O ácido hialurônico tem um papel multifacetado na reparação tecidular, desde
os processos inflamatórios precoces até a formação de tecido de granulação e
epitelização. Por si só não é indicado para uso em feridas infectadas.
É comercializado em várias formas, com géis ou apósitos sólidos, isoladamente
ou em conjunto com outras substâncias.

Ácido Ricinoleico

É o ácido graxo ômega 9


encontrado naturalmente no óleo das
sementes de mamona. Tem se mostrado
eficaz como desbridante químico e
cicatrizante no tratamento feridas de
diversas etiologias, abertas ou fechadas,
agindo contra bactérias Gram-positivas e
negativas, sem desenvolver resistência bacteriana. Além da propriedade bactericida,
é analgésico, citolítico e anti-inflamatório, mantém a umidade do leito da ferida acelera
a angiogênese e o processo de granulação. É quimiotáxico para neutrófilos,
promovendo mitose e proliferação celular.
O efeito desbridante é alcançado quando a solução oleosa a 100% é aplicada
diretamente no leito da lesão, e o efeito bactericida com a irrigação da ferida, com
solução padrão de 1 parte de óleo de mamona para 4 partes de soro fisiológico a
0,9%. Após a irrigação, aplicam-se gaze com embebidas na solução, diretamente
sobre a lesão, ocluindo-a e protegendo-a, em seguida, com gaze seca (cobertura

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secundária).
Embora as sementes de mamona, de onde o óleo é extraído, sejam tóxicas, ele
não apresenta toxicidade, sendo também indicado como vermífugo e laxativo.

Albumina

A albumina presene na clara do ovo possui propriedades cicatrizantes e pode


ser utilizada em curativos. Mantém a ferida úmid e forma tecido de granulação. É
indicado para queimaduras de 1º e 2º graus, dermatoses periostomal e úlceras. Deve
ser aplicada diretamente na lesão, com troca a cada 12 ou 24 horas.

Alginato de Cálcio
São coberturas biodegradáveis de
polissacarídeos complexos, altamente
absorventes, extraídos de algas marrons
encontradas nos mares da Noruega, Escócia e
Irlanda. Essa cobertura é estéril e pode estar na
forma de placa ou de cordão, devendo ser
associada a uma cobertura secundária.
Geralmente, é utilizada gaze estéril associada à Alginato de cálcio - placa
atadura, adesivo microporoso, esparadrapo
antialérgico ou alguma cobertura impermeável para ocluir e fixar a cobertura
secundária.
A opção de usar o alginato de cálcio em forma de placa ou a de usar o cordão
dependerá da profundidade da ferida, em feridas
planas é indicado o uso de placa, e em profundas
ou cavitárias o uso do cordão. Na falta deste, a
placa poderá ser utilizada desde que preencha a
cavidade da ferida, mas, para isso, indica-se sua
aplicação em forma de “canudo”. Alginato de cálcio - cordão
O alginato de cálcio auxilia o
desbridamento autolítico, além de reduzir o tempo de cicatrização e ser fácil de aplicar
e remover. A finalidade principal dessa cobertura é a absorção, portanto, ao entrarem

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em contato com o exsudato, as fibras serão imediatamente umidificadas. Esse produto


pode permanecer na ferida por até cinco dias sem ser trocado ou até atingir sua
saturação. O período é definido de acordo com o volume de exsudato presente na
ferida.
Os alginatos não são aderentes ao leito da ferida, podem causar danos ao
tecido epitelial ao serem removidos de feridas com pouco exsudato.
Essa cobertura pode ser indicada para feridas com
muito exsudato ou moderado, infectadas ou não (sendo
recomendado para feridas infectadas o alginato de cálcio
com prata), superficiais ou profundas, sangramento no tecido
necrótico, deiscências cirúrgicas, úlceras venosas, por
pressão ou neutróficas.
Em feridas com pouco exsudato e/ou com
escara, o alginato de cálcio é contra indicado.
Alginato de cálcio em placa

Aloe Vera (babosa)

A prática e as pesquisas têm demonstrado


as propriedades antissépticas, anti-inflamatória,
imunoestimulante, anticarcinogênica e
bactericida da babosa. Além de seu poder de
penetração em tecidos e de dilatação de
capilares, a babosa tem propriedades
cicatrizantes, pois mantêm úmido o leito da
ferida, facilita a neoangiogênese e a formação do
tecido de granulação.
A babosa é formada por compostos fenólicos, ácido gálico, mucilagens, taninos
e carboidratos, além dos seguintes componentes:
• Diversos princípios amargos
• Capilarina
• Pequena quantidade de óleo essencial
• Barbalodina
• Aloína

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• Alquilodina
• Aloetina
• Aloeferona (cicatrizante)
• Ácido pécrico
• Resinas
• Mucilagens
• Vitaminas E e C
Seu gel mucilagonoso fresco, extraído das
folhas (polpa e seiva), é indicado para queimaduras
de 1º e 2º graus, abrasões, irritações da pele,
pequenos ferimentos e ulcerações. Pode ser
aplicado diretamente sobre a lesão, com cobertura
secundária de gaze e fixada com atadura.
Nas primeiras horas pós-queimadura, deve-
se substituir o curativo sempre que a mucilagem se
apresentar opaca ou leitosa, perder a translucidez,
o viço e a transparência, e mostrar-se ressecada e não filamentosa. Essa troca
contínua do curativo imediatamente após a queimadura mantém a umidade e a baixa
temperatura local, produzindo alívio imediato da dor e induzindo à regressão dos
sinais e sintomas. É seiva da babosa que protege a pele e cicatriza as queimaduras.
O paciente deve permanecer em repouso durante as aplicações. O uso da babosa é
estreitamente externo. Para produto comercializado em forma de gaze impregnada,
recomenda-se a substituição do curativo a cada 24 horas.
Encontram-se catalogadas mais de 300 espécies de babosa, mas apenas 4
espécies são seguras para uso em seres humanos, dentre as quais destacam-se a
Aloe arborencens Mill e a Aloe barbadensis, sendo esta última reconhecida como a
espécie de maior concentração de nutrientes no gel da folha.

Biomembrana Natural

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A biomembrana é constituída de
material bioativo e indutor de angiogênese, o
que aumenta a permeabilidade vascular. É um
tratamento tópico que acelera o processo
cicatricial e tem ação específica na
neoangiogênese.
Ela também é indicada para casos de
úlceras e feridas crônicas (diabéticas, venosas e arteriais, úlcera por pressão e
isquêmicas) e para casos de feridas cirúrgicas ou traumáticas.
A referida membrana mantém a umidade local sem aderir à superfície da lesão,
sendo contraindicada oara os casos de hipersensibilidade ao látex ou aos demais
componentes do curativo e em lesões com suspeita ou comprovada malignidade.

Biopolímero do látex da seringueira

Trata-se de uma biomembrana originada do látex extraído da seringueira,


sendo uma nova tecnologia que se mostra promissora na cicatrização de feridas.
Funciona induzindo a angiogênese, resultando na rápida granulação e
epitelização de lesões crônicas. De acordo com pesquisas, o curativo é de baixo custo
em relação aos similares importados e tem a capacidade de cicatrizar úlceras crônicas
dos membros inferiores, principalmente em pacientes diabéticos.

Bota de Unna

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É composta de bandagem impregnada com pasta de óxido de


zinco a 10%, glicerina, petrolato e agentes antissépticos e
estimulantes da cicatrização.
É indicada para uso em úlceras venosas dos membros
inferiores e em linfedemas, mais é contraindicada para
ulceras arteriais e arteriovenosas e está disponível para uso
imediato ou por manipulação. É flexível, adaptando-se ao
contorno das pernas, e pode permanecer instalada por até 7
dias, dependendo da apresentação de sinais de infecção, que
devem ser monitorados (áreas eritematosas e pruriginosas).
Necessita de cobertura secundária com bandagem elástica
compressiva. Existem, no mercardo, diversos tipos de
bandagens para compressão contínua dos membros inferiores, sendo mais comuns
as meias e as faixas elásticas.

Carvão Ativado
Existem atualmente, no mercado brasileiro, duas
diferentes opções de coberturas que contêm carvão
ativado: o carvão ativado com prata e o carvão
ativado composto de cinco camadas, na seguinte
ordem:
✓ Filme sintético
✓ Camada absorvente
✓ Carvão ativado
✓ Filme sintético
✓ Alginato de cálcio
✓ Sódio
O carvão ativado é uma cobertura absorvente pelo fato de possuir uma camada
de alginato de cálcio e hidrofibra, ele não necessita da utilização de uma cobertura
secund´´aria, ao contrário da cobertura de carvão ativado com prata.
Trata-se de uma cobertura estéril, por isso é necessário usar luvas e materiais
estéries para sua manipulação. Essa cobertura não pode ser recortada, porue esse
ato pode fragmentar as camadas que a compõem. Ela pode permanecer no leito da

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ferida por até 5 dias, dependendo da quantidade de exsudato.


O carvão ativado é contraindicado para feridas com pouco exsudato e para
aquelas recobertas por escaras. Sua principal indicação é para as feridas com forte
odor, feridas com muita ou moderada quantidade de exsudato, superficiais ou
profundas, infectadas ou não, com ou sem tecido necrótico, de diversas etiologias,
como úlceras venosas, diabéticas, por pressão, fúngicas ou neoplásicas.

Carvão ativado com prata

O carvão ativado com prata é uma cobertura


estéril, composta de tecido de carvão ativado
impregnado com prata, envolto externamente por uma
película de náilon, selada em todas as bordas. A
camada que não é de tecido, proporciona o fluxo de
exsudato para o tecido de carvão ativado, que retém as bactérias, as quais são
inativadas pela ação da prata. O carvão ativado elimina odores desagradáveis, porque
tem a capacidade de filtrá-los, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Essa
cobertura não tem capacidade de absorção significativa, necessitando de uma
cobertura secundária absorvente quando for utilizada em feridas exsudativas.
Essa cobertura é estéril, necessitando de materiais e luvas estéril para sua
manipulação. Ela não pode ser recortada, porque provoca a liberação da prata para o
leito da ferida, ocasionando queimadura nos tecidos. Necessita de cobertura
secundária, que pode ser feita com gaze aberta estéril ou com gze estéril, a qual pode
ser trocada uma ou duas vezes por dia; e para a oclusão da cobertura secundária,
pode-se utilizar atadura, esparadrapo hipoalérgico ou alguma cobertura impermeável.
A periodicidade de troca é de 5 dias ou até a sua saturação, dependendo da
quantidade de exsudato.
É indicada para feridas infectadas, profundas, com tecido necrótico, odor
acentuado, drenagem de exsudato moderado e abundante, úlceras fúngicas, venosas,
por pressão ou neoplásicas e em deiscências cirúrgicas. É contraindicada para feridas
pouco exsudativas, sangrantes, com perda tecidual superficial ou quando recobertas
por escaras.

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Colágeno Biológico

É composto de partículas de colágeno de


origem bovina, associadas ao alginato de cálcio, na
proporção de 90% de colágeno para 10% de
alginato. Essa cobertura promove a epitelização e a
granulação e controla o exsudato, formando um gel
que mantém o meio úmido, remoce o excesso de
exsudato, diminui a inflamação local e o edema e
acelera o processo cicatricial.
Sua contraindicação é para feridas em
pacientes que apresentem hipersensibilidade a derivados bovinos e para feridas com
pouco exsudato. A periodicidade de troca é a uma vez por dia em feridas infectadas,
e a cada 48 horas em feridas limpas; em feridas com muito exsudato, a troca do
curativo deverá ser feita sempre que houver saturação.

Compressa Absorvente não aderente

Cobertura composta de duas ca madas,


sendo a primeira um filme de poliéster perfurado,
brilhante e fino, e a segunda composta de fibras
de algodão e acrílico com ata capacidade de
absorção. A primeira camada é aplicada sobre o
leito da ferida, pois diminui a aderência e permite
a drenagem de exsudato. A outra camada absorve
esse exsudato, reduzindo o extravasamento oara
a pele pintegra.
É comercializada em diversos tamanhos, podendo ser recortada. Pode ser
utilizada como cobertura única, primária ou secundária, de acordo com as
características da ferida. Suas indicações são para feridas superficiais, agudas ou
crônicas, com ou sem infecção, com volume discreto a moderado de exsudato, com
ou sem tecido necrótico. Sua contraindicação é para feridas com pouco exsudato,
devido ao risco de aderir ao leito da ferida, causando danos ao tecido.

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Enzimas Proteolíticas (colagenases e fibrinolisinas)

As colagenases e as fibrinolisinas são compostos enzimáticos proteolíticos,


isolados ou combinados, veiculados por meio de cremes, géis e pomadas.
Atuam na degradação do colágeno natural, provocando o desbridamento
químico seletivo dos tecidos desvitalizados e necróticos das lesões,
independentemente de sua origem e localização. Indicadas para lesões crônicas,
feridas abertas infectadas, necrosadas e úlceras de qualquer etiologia.
Não são recomendadas para feridas cuja cicatrização se deu por primeira
intenção ou para uso em pacientes que tenham hipersensibilidade aos seus
componentes. São utilizadas como cobertura primária, aplicadas após a limpeza, por
meio de uma fina camada diretamente no leito da lesão, seguida de cobertura
secundária protetora e fixação
Esse curativo deve ser trocado a cada 24 horas e/ou sempre que a cobertura
secundária estiver saturada. É comum a associação de enzimas proteolíticas com
antibióticos, porém existem controvérsias quanto a esse emprego, porque os
antibióticos tópicos induzem à resistência, e a sua efetividade no controle de infecções
em feridas é duvidosa.

Espuma de Poliuretano

Cobertura estéril de poliuretano que


apresenta camadas ou lâminas superpostas,
macias, sob forma de placa não aderente ao
leito da ferida, com capacidade de absorção.
A espuma pode ser adesiva ou não,
dependendo do fabricante. Nos casos de
espuma adesiva, a cobertura não necessita
de cobertura secundária, porém não é recortável. No entanto, a espuma não adesiva
pode ser recortada e necessita de uma cobertura secundária para sua fixação.
A periodicidade de troca dessa cobertura depende da quantidade de exsudato,
podendo permanecer por até cinco dias. Sua indicação é para feridas de diversas
etiologias, com perda tecidual parcial, profunda ou total. A cobertura em forma de

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enchimento pe utilizada nas feridas profundas e cavitários. É contraindicada para


feridas com muito tecido necrótico ou ausência de exsudato.

Espuma com Prata

Curativo estéril, apresentado em placas de


material celulósico formadas por filme
semipermeável de poliuretano, com componente
interno de carboximetilcelulose sódica e adição de
um componente ativo de prata inorgânica (2,6 mg/g
de prata), disperso na estrutura de espuma e
coberto com adesivo flexível trançado, composto de resina de hidrocarboneto e
estireno.
Esse tipo de cobertura promove o meio úmido, possui atividade antibacteriana,
absorve o exsudato, diminui o odor da lesão e reduz o risco de infecção. É um curativo
embalado individualmente, disponível em tamanhos variados. Sua indicação principal
é para as feridas estagnadas, em todas as suas fases de cicatrização, com alta ou
moderada quantidade de exsudato, como nas abrasões, queimaduras superficiais de
1º e 2º graus, úlceras em pés de diabéticos, feridas pós-operatórias, áreas doadoras
de transplante de pele, úlceras por pressão e úlceras em pernas.
Também pode ser utilizada sob bandagens para compressões em feridas
infectadas. Deve ser trocado quando estiver saturado de exsudato ou sempre que
necessário, num período inferior a 7 dias. O tempo de tratamento é reduzido quando
as dimensões do curativo e o período de permanência são maiores.

Fatores de Crescimento Celular

Fatores de crescimentos são elementos presentes no processo de renovação


celular e em tecidos cicatriciais, cujo mecanismo de ação ainda está sendo
identificado. São substâncias com atividade biológica comprovada na membrana
celular, onde ativa a tirosina quinase estimulando a proliferação e a divisão celular.
Seus efeitos são promissores no tratamento tópico de feridas.
O fator de crescimento mais estudado e aplicado é o derivado de plaquetas,

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composto de dois poliptídeos idênticos, um ingrediente ativo, conservantes e


estabilizantes veiculados a uma base de carboximetilcelulose. Outros fatores de
crescimento, como o epidérmico, o insulínico, o fibroblasto e o transformador, vêm
sendo estudados, evidenciando-se sua aplicabilidade em diferentes campos da
prática clínica e estética.
Atuam acelerando a granulação tecidual por meio da ativação dos fibroblastos
e dos macrófagos. São indicados para úlceras cuja cicatrização seja difícil e para
feridas com dano parcial, porém com suficiente aporte sanguíneo.
O curativo dever ser trocado diariamente, no mesmo horário, mantendo-se o
meio úmido. Necessitam de cobertura secundária e sua eficácia em úlceras diabéticas
ainda não foi estabelecida. Seu custo é alto, o que dificulta a utilização em larga
escala.

Filme Transparente Semipermeável (membrana)

Cobertura estéril semipermeável, de


filme transparente de poliuretano, sob forma
de película adesiva, elástica e distensível,
com espessura de 2 mm, moldável aos
contornos corporais. É permeável ao vapor
de água e a gases (O2, CO2) mas forma
barreira aos microrganismos e líquidos.
Adere somente à pele íntegra, permitindo a troca sem agredir o leito da ferida ou os
tecidos lesados.
É indicado para tratamento de feridas superficiais pouco exsudativas, como as
úlceras por pressão no estágio I, feridas limpas, queimaduras de 1º grau, feridas com
perda tecidual superficial, fixação de cateteres, a fim de proteger a pele, prevenindo
as úlceras por pressão; para proteção de feridas cirúrgicas sem complicações e em
áreas doadoras de enxerto. É contraindicado para feridas exsudativas e/ou feridas
com infecções.
Atua na redução da dor, mantem o meio úmido e promove a cicatrização. Pode
ser usada como cobertura primária ou secundária. Pelo fato de ser transparente e
permitir a visualização da lesão ou do local de inserção de cateter, facilita o

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acompanhamento do procedimento e da cicatrização.

Hidrocoloides

O hidrocoloide é comercializado no Brasil em quatro apresentações: placa,


grânulo, pasta e fibra. As coberturas de hidrocoloide são estéreis.
1. Placa – Cobertura composta de carboximetilcelulose sódica, gelatina e pectina
em sua camada interna e espuma de poliuretano na camada externa. As
partículas de celulose se expandem ao absorverem o excesso de exsudato,
conservando o meio úmido em torno de 37 graus (ideal para o crescimento
celular) o que desencadeia a ação das enzimas na remoção do tecido
necrótico. Ao manter as terminações nervosas úmidas, essa cobertura alivia a
dor e diminui o risco de traumas mecânicos no momento da sua remoção.
O hidrocoloide é altamente aderente à pele, não aderindo diretamente ao leito
da ferida. Essa cobertura deve ser aplicada diretamente à ferida, devendo
sempre assegurar uma marguem de 2 a 3 cm para uma perfeita adesão à pele
perilesional íntegra. Essa cobertura pode ser recortada, não sendo necessário
o uso de tesoura estéril, pelo fato de as bordas da cobertura não entrarem em
contato direto com o leito da ferida. As placas possuem tamanho e forma
variados e específicos, de acordo com a região do corpo em que serão
aplicadas.
A periocidade de troca da placa de hidrocoloide varia de acordo com o volume
de exsudato que a ferida apresenta e requer a sua troca de três a cinco dias
e/ou sempre que houver extravasamento do gel ou descolamento das margens
da cobertura.
O hidrocoloide em placa é indicado para feridas
superficiais, com quantidade de exsudato
mínima a moderada, independentemente de ter
ou não tecido necrótico; e para feridas de
diferentes etiologias. Sua contraindicação é
para feridas infectadas e/ou altamente
exsudativas.

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2. Grânulos e pasta – Esses tipos de cobertura são compostos de partículas de


carboximetilcelulose. São muito utilizadas em feridas profundas, como
preenchimento, agindo na absorção do excesso de exsudato. O curativo com
esse tipo de hidrocoloide necessita de uma cobertura secundária, geralmente
gaze. O curativo deve ser trocado sempre que houver saturação de exsudato.
Sua indicação é para feridas profundas e cavitárias. No caso da ausência do
hidrocoloide em placa para ser aplicado como cobertura secundária, essa
cobertura é contraindicada.
3. Fibra – Também conhecida como hidrofibra, consiste em fibras de
carboximetilcelulose, que são aplicadas diretamente no leito da ferida,
necessitando de uma cobertura secundária. São comercializadas nas formas
de placa e fita, agindo na absorção do excesso de exsudato. Sua capacidade
de absorção é maior que a dos alginatos realizando a retenção dos exsudatos
nas suas fibras e transformando-se rapidamente em gel com aumento da
espessura. Mantem o leito da ferida úmido, evitando a maceração da pele e
auxiliando no desbridamento autolítico.
Essa cobertura necessita de cobertura secundária, podendo-se utilizar a gaze
estéril aberta. Devem ser utilizados materiais e luvas estéreis para a
manipulação do hidrocoloide em fibra. A frequência da troca da cobertura pode
variar de acordo com o volume do exsudato, podendo permanecer aplicada por
até 5 dias. O hidrocoloide em fibra é indicado para feridas com quantidade de
exsudato moderada a excessiva, infectadas ou não, profundas ou superficiais,
com tecido necrótico ou não, e para feridas de diferentes etiologias. É
contraindicada para feridas com pouca quantidade de exsudato.

Hidrogel

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É um composto transparente e incolor


formado por água (77,7%) carboximeticelulose
(2,3%) e propilenoglicol (20%). Essa cobertura ao
entrar em contato com o exsudato, aumenta o
volume, porem não se dissolve. É uma cobertura
não aderente, necessitando, portanto, de
cobertura secundária. É indicada para feridas com
perdas tecidual superficial ou profunda parcial,
feridas com tecido necrótico, áreas doadoras de pele, queimaduras de 1º e 2º graus,
radiodermites e dermoabrasões. Suas contraindicações são para feridas cirúrgicas
fechadas, feridas com muito exsudato (pelo fato de não de não ter capacidade de
absorção) ou feridas colonizadas por fungos. Também não é recomendada sua
aplicação sobre a pele íntegra.

Hidropolímero

Coberturas apresentadas sob


forma de almofadas, placas e fitas, com
três camadas sobrepostas, sendo uma
central, de hidropolímero, que vai se
expandindo conforme absorve o
exsudato, e duas ouras, formadas por
não tecido, não aderentes, o que evita
agressão aos tecidos no momento da
remoção.
Não requerem cobertura
secundária e podem ser trocadas a cada 48 horas. Diminuem o odor da ferida,
promovem a granulação tecidual, mantêm o meio úmido, favorecendo a cicatrização
e removem o excesso de exsudato, auxiliando no desbridamento autolítico.
• As fitas são indicadas para feridas exsudativas, limpas, em fase de granulação;
• As almofadas, para feridas com cavidades;
• As placas para as superficiais.
Algumas podem ser recortadas, outras possuem tamanhos padronizados,

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podem ser transparentes ou não. Não são indicadas para feridas pouco exsudativas
ou secas.

Membrana de Material Biológico de Porco

Essa cobertura, feita com substâncias de intestino delgado do porco, consiste


em uma biomembrana composta de proteínas, colágeno e elastina, indicada para
queimaduras. Esses componentes aderem à pele, promovem o crescimento
homogêneo de células novas e eximem o paciente de cicatrizes, sendo que, após a
recuperação da lesão, o material deve ser retirado. A cobertura tem sido testada na
aceleração da cicatrização. Não substitui a pele.

Membrana Permeável ao Vapor


Membrana composta de poliuretano estéril, transparente, não aderente,
adaptável ao corpo e com permeabilidade seletiva. Em algumas, existem orifícios que
facilitam a drenagem de exsudatos da ferida. Ela promove um meio úmido e possui
permeabilidade seletiva.
É indicada para feridas superficiais, queimaduras e áreas doadoras de enxerto.
É de fácil aplicação e apresenta boa visibilidade, permitindo o acompanhamento do
processo cicatricial, porem possui potencial alergênico. Sua troca deve ocorrer de 5 a
7 dias após a aplicação e sempre que o curativo se encontrar saturado por exsudatos.

Papaína

Substância enzimática com amplo espectro de


especificidade, proveniente do látex do mamão
(Carica papaya linn) composta de enzimas
proteolíticas, estéreis amidas, peptídeos e
peroxidases (papaína, quimiopapaína A e B e papaya-
peptidase).
Atua como desbridantes químico de tecidos
necrosados e de liquefação, através da digestão
enzimática de restos teciduais, fibrina e material genético das células mortas. Remove

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exsudatos inflamatórios, estimula precocemente a cicatrização, sem afetar o tecido


íntegro perilesional. Por sua eficácia e baixo custo, é bastante utilizada como
desbridante em lesões crônicas e agudas, como úlceras por pressão, úlceras venosas,
queimaduras, úlceras em pés de pacientes diabéticos, feridas pós-operatórias,
traumáticas ou infectadas, e em deiscências de sutura. Sua ação bacteriostática,
bactericida e anti-inflamatória proporciona alinhamento das fibras de colágeno,
promovendo o crescimento tecidual. Não possui ação seletiva e atua como
coadjuvante de antibioticoterapia sistêmica de feridas infectadas.
Apresenta-se manipulada em forma de pó, pasta, gel ou soluções, em
concentrações de 1 a 10%:
• A concentração de 1 a 4% pode ser empregada em tecidos fibrinosos ou de
granulação
• Concentração de 10%, em tecidos necrosados.
Pode ser utilizada durante todas as fases de cicatrização das feridas, variando
a sua concentração, de acordo com a necessidade, maior ou menor, de
desbridamento químico. Também pode ser utilizada para limeza de feridas, associada
ao SF 0,9%, na concentração de 4 a 6%. Efeitos adversos podem ocorrer em
pacientes com sensibilidade à substância ou a outro componente da formulação.
Relatos de ardência têm sido observado. O exsudato liquefeito, resultante da digestão
enzimática, pode irritar a pele. A irrigação frequente da área perilesional costuma
aliviar esses efeitos.
Estudos da atividade antibacteriana in vitro de géis com diferentes
concentrações de papaína demonstrou que apenas o gel de papaína a 10% foi capaz
de inibir o crescimento de Staphylococcus aureus e Psedomonas aeruginosa.

Quitosana

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Trata-se de um curativo com


propriedades antimicrobianas e
cicatrizantes, cuja película é produzida à
base de membranas de quitosana – um
polímero natural, obtido pela
desacetilização da quitina, polissacarídeo
presente nos resíduos de exoesqueleto de
crustáceos. Pesquisadores relatam seu
uso isolado ou combinado a outros
componentes, como o alginato, contendo
fosfato hidrogenado de zircônio, sódio e prata, incorporado a um agente
antimicrobiano.
A membrana com o agente microbiano apresentou bons resultados em
tratamentos de queimaduras e outros tipos de lesões de pele. Quando umedecidas
com fluidos similares aos corpóreos, as membranas tornaram-se anatômicas e com
adequada capacidade de absorção de exsudatos. Mostraram não induzir à
hipersensibilidade e à irritação e possuir ação antimicrobiana contra Staphylococcus
aureus e Pseudomonas aeruginosa.
Indicadas para uso tópico em ferimentos, queimaduras, vesículas procedentes
de agressões por fungos e bactérias e no controle de hemorragias. Favorece a
cicatrização e é absorvível, podendo ser usada internamente.

Sulfadiazina de Prata a 1%

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O íon de prata em veículo cremoso causa


precipitação de proteínas e age diretamente na
membrana citoplasmática da célula bacteriana,
exercendo ação bactericida imediata e ação
bacteriostática residual, promovida pela
liberação gradativa de pequenas quantidades
de prata iônica.
É indicada para queimaduras em geral,
para prevenir a colonização e também para
lesões crônicas, de natureza vascular. Pode ser
associada ao ácido hialurônico e a outros
componentes. Contraindicado na presença de
hipersensibilidade a sulfas. A troca deve-se dá
no máximo a cada 12 horas ou quando a cobertura secundária estiver saturada.

Terapia Larval

É um tipo de bioterapia que vem sendo estudada, utilizando larvas vivas,


descontaminadas em laboratório, da mosca Lucilia sericata, que possui hábito
saprófago, isto é, alimenta-se de tecido necrosado. As larvas são aplicadas sobre
lesões de humanos ou animais, visando o desbridamento biológico seletivo do tecido
necrótico da lesão. As larvas se alimentam somente de tecido morto, estimulando a
formação de tecido de granulação e promovendo a cicatrização da ferida. No brasil,
utilizam-se larvas da família Calliphoridae e Muscidae, que apresentam
comportamento biológico similar ao da Lucilia sericata.
Assim as sanguessugas e outros métodos de cura, o tratamento de feridas com
a larva Lucilia sericata é feito desde a antiguidade, e seu uso partiu da observação de
feridas que ficavam expostas ao tempo e apresentavam cura rápida, após a deposição
de ovos de moscas varejeiras sobre as lesões.
As larvas são cultivadas em ambientes assépticos em laboratório, trabalham
seletivamente, assimilando somente tecidos mortos, sem tocar nas partes saudáveis,
por isso não provocam dor. Em feridas com tecido necrótico extenso, as larvas são
aplicadas diretamente no leito e cobertas com gaze de náilon, que permite a entrada

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de ar.
O curativo é trocado de 24 a 72 horas ou em caso de saturação de exsudato.
Durante a troca de curativo, deve-se retirar a cobertura, lavar a lesão com SF 0,9% e
retirar as larvas remanescentes com pinça. Após o desbridamento, pode-se concluir
o tratamento utilizando outras coberturas cicatrizantes sobre a ferida.
A bioterapia com larvas de moscas pode ser utilizada em diferentes lesões,
como úlceras vasculogênicas, neuropáticas, sistêmicas, por pressão, lesões
traumáticas, pós-cirúrgicas e queimaduras, contaminadas ou não, sua aplicação é
contraindicada onde haja uma cavidade corporal perto da ferida ou no caso de
ferimentos agudos.

Fechamento de Ferida Assistido a Vácuo

O curativo a vácuo é
baseado no princípio de que, ao se
remover os líquidos intersticiais de
uma ferida, obtêm-se melhora do
fluxo sanguíneo local e redução do
edema, com consequente
diminuição do crescimento
bacteriano. Desta forma,
através de um aparelho de vácuo portátil, aplica-se uma pressão negativa controlada,
local e uniforme, diretamente no leito da ferida. Esses fluidos são ricos em fibrina,
bactérias e necrose.
O emprego do vácuo cria uma pressão negativa subatmosférica, que induz a
um “novo trauma”, determinando o estímulo para a transformação de uma ferida de
fase crônica em uma fase aguda, com migração de células de defesa e estímulo à
neoangiogênese. Consegue-se um ambiente limpo ao redor da lesão demandando a
necessidade de menos trocas e, dessa forma, reduzindo o risco de contaminação da
ferida. Ao promover a formação do tecido de granulação e a cicatrização, o tratamento
prepara a ferida para seu fechamento definitivo. Tem se mostrado uma alternativa
viável para a preparação do sítio a ser reconstruído, seja fechamento por segunda
intenção, fechamento primário, enxertia cutânea ou emprego de retalho.

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Os dispositivos a vácuo portáteis são compostos por:


• Uma esponja
• Película adesiva
• Reservatório para secreções
• Bomba de pressão negativa e tubos conectores
• Permitem a programação da pressão desejada (média de 75 – 125 mmHg).
A periodicidade de troca é de 2 a 5 dias, ou quando houver a saturação da
esponja pelo excesso de exsudato. Existem relatos, na literatura, desse tratamento
feito por meio do próprio sistema de vácuo disponível no hospital, com resultados
semelhantes.
Esse tratamento é indicado para feridas com um no mínimo de tecido saudável,
feridas crônicas, ´´ulceras diabéticas e por pressão, feridas agudas, traumáticas,
deiscências cirúrgicas. Ele promove um ambiente de cicatrização úmido e a
sobrevivência de enxertos e retalhos. Existem relatos de uso do vácuo em lesões de
difícil localização, exsudativas e curativos pós-operatórios. É contraindicado para
tecidos necrosados, osteomielite ou malignidade na ferida, fístulas em órgãos,
cavidades corporais ou tecido necrótico com escara.
O curativo a vácuo só deve ser instalado após a realização de amplo
desbridamento do tecido necrótico. a esponja não pode ser colocada sobre vasos
sanguíneos expostos ou em órgãos. Em paciente em uso de anticoagulantes, algumas
precauções devem ser observadas antes do seu uso. Sua eficácia tem sido avaliada
quanto à resolutividade e aos custos.

COBERTURAS DISPONÍVEIS NO MERCADO

Cobertura Mecanismo De Ação Indicações Observações


Ácidos Graxos Favorece a nutrição celular e Utilizado na Relato de uso em
Essenciais hidrata a pele de forma pele íntegra, feridas abertas,
intensiva, formando uma visando à limpas ou iinfectadas,
película protetora; protege a prevenção de e no tratamento de
pele de abrasões e lesões. queimaduras.
escoriações.

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Ácido Possui propriedades Feridas de O óleo de rícino não


Rinoleico bactericida e citolítica, qualquer possui toxicidade,
analgésica e anti- etiologia, porém as sementes
inflamatória. É usada como abertas e das quais é extraído
desbridante químico e fechadas são altamente
cicatrizante. Mantém a tóxicas. Além das
umidade do leito da ferida, propriedades
acelerando a angiogênese e cicatrizantes, esse
o processo de granulação. óleo é muito usado
Não desenvolvr resistência como purgativo e
bacteriana. É quimiotáxico vermífugo.
para neutrófilos; promove
mitose e proliferação celular.
Alginato de Ocorre uma troca iônica Lesões Contraindicado para
Cálcio e Sódio entre o sódio e o cálcio do cavitárias, pessoas
sangue e do exsudato da úlceras por hipersensíveis ao
lesão e os mesmo íons pressão, produto e para lesões
presentes nos curativos, úlceras não exsudativas.
induzindo à hemostasia e ao vasculogênicas
desbridamento autolítico; e diabéticas,
absorve o exsudato e áreas doadoras
mantém o meio úmido com da pele, lesões
formação de um gel. com
sangramento de
pouca
intensidade.
Aloe Vera Propriedades antisséptica, Indicação para Nas primeiras horas
anti-inflamatória, queimaduras de pós-queimadura,
imunoestimulante, 1º e 2º graus, deve-se substituir o
anticarcinogênica e abrasões, curativo da planta in
bactericida. Poder de irritações da natura sempre que a
penetração em tecidos e de pele, pequenos mucilagem aresentar-
dilatação de capilares. se opaca ou leitosa,

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Cicatrizante, mantém ferimentos e perder sua


umidade, facilita a ulcerações. translucidez, viço e
neoangiogênese e a transparência, e
formação do tecido de mostrar-se ressecada
granulação. e não filamentosa. Ao
uso do produto
comercializado em
forma de gaze
impregnada,
recomenda-se a
substituição do
curativo a cada 24
horas
Bota de Uma Auxilia na cicatrização de Tratamento Fazer repouso com
úlceras em perna por meio da ambulatorial e os membros
compressão, facilita o retorno domiciliar de inferiores elevados
venoso e evita o edema e a úlceras venosas na véspera da
estagnação de fluídos. em perna e aplicação.
edema linfático.
Carvão Ativado Diminui o odor e absorve o Feridas com É contraindicado para
exsudato, proporcionando moderado a feridas com pouco
conforto para o paciente. muito exsudato, exsudato e para
com forte odor, aquelas recobertas
superficiais ou por escaras. Deve ser
profundas, trocado sempre que
infectadas ou estiver saturado, e
não, com ou sua permanência
sem tecido máxima é de 7 dias.
necrótico, de Necessita de uma
diversas cobertura secundária.
etiologias, como
úlceras
venosas,

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diabéticas, por
pressão,
fúngicas ou
neoplásicas.
Filme Protege a pele, prevenindo Feridas É contraindicado para
transparente as úlceras por pressão, superficiais feridas exsudativas
semipermeável feridas cirúrgicas sem pouco e/ou feridas com
complicações e áreas exsudativas infecção.
doadoras de enxerto. Atua na
redução da dor, mantém o
meio úmido e promove a
cicatrização.
Espuma com Promove o meio úmido, Feridas Troca em até 7 dias
Prata possui atividade de estagnadas em ou quando saturado.
antibacteriana, absorve todas as fases
exsudato, diminui o odor e de cicatrização,
reduz o risco de infecção. com moderada
a alta
exsudação,
abrasões,
queimaduras,
úlceras
diabéticas,
feridas pós-
operatórias,
áreas doadoras
de pele, úlceras
por pressão de
perna
Hidrocoloide As partículas de celulose se Placa: feridas Placa: contraindicado
expandem ao absorverem o superficiais, para feridas
excesso de exsudato, com pouco infectadas e/ou
conservando o meio úmido exsudato, com

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em torno de 37 graus, o que ou sem tecido altamente


desencadeia a ação das necrótico e exsudativas.
enzimas na remoção do feridas de Grânulo/pasta:
tecido necrótico. Ao manter diferentes necessita de uma
as terminações nervosas etiologias. cobertura secundária.
úmidas, resulta na Grânulo/pasta: Fibra: contraindicada
diminuição ou no alívio da dor feridas para feridas com
profundas e pouco exsudato e
cavitárias. necessita de uma
Fibra: feridas cobertura secundária.
com moderada Troca: 3 a 5 dias ou
alta exsudação, quando houver
infectadas ou extravasamento do
não, profundas gel ou descolamento
ou superficiais, das margens da
com tecido cobertura.
necrótico ou
não e feridas de
diferentes
etiologias.
Hidrogel Ao entrar em contato com o É indicada para É uma cobertura não
exsudato, aumenta seu feridas com aderente,
volume, porém não se perda tecidual necessitando de uma
dissolve. superficial ou cobertura secundária.
profunda Contraindicada para
parcial, feridas feridas cirurgicas
com tecido fechadas, feridas
necrótico, áreas com muito exsudatos
doadoras de (pelo fato fato de não
pele, ter capacidade de
queimaduras de absorção) ou feridas
1º e 2º graus, colonizadas por
rediodermatites fungos e pele íntegra.

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e
dermoabrasões.
Hidropolímero Diminui o odor da ferida, Fitas: feridas Não requer cobertura
promove a granulação exsudativas, secundária e pode
tecidual, mantém o meio limpas, em fase ser trocado a cada 48
úmido. de granulação. horas. Por ser
O hidropolímero se expande Almofadas: aderente, evita
conforme absorve o feridas com agressão aos ecidos
exsudato cavidades. no momento da
Placas: feridas remoção. Não são
superficiais. indicados para
feridas pouco
exsudativas ou
secas.
Malha não A malha permite que o Feridas Pode ser usado como
aderente exsudato passe livremente exsudativas, cobertura secundária.
para a cobertura secundária, queimaduras de O tecido em malha
prevenindo a maceração da 1º e 2º graus, acetato de celulose
superfície da ferida. Protege abrasões, permite o recorte do
e previne a aderência da enxertos, curativo no tamanho
cobertura ao leito ferida, úlceras em da ferida.
minimiza a dor e o trauma na perna, úlceras
remoção por pressão,
extração de
unhas,
eczemas,
incisões
cirúrgicas,
lacerações,
procedimentos
de reconstrução
e linhas de
sutura.

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Papaína Possui ação bacteriostática, Feridas abertas, As concentrações


bactericida e anti- exsudativas, das soluções para
inflamatória; proporciona o infectadas ou uso podem variar de
alinhamento das fibras de não e feridas 2 a 10%, em uma ou
colágeno, promovendo o em pés de duas aplicações
crescimento tecidual. Atua pacientes diárias. Não possui
como desbridante químico diabéticos. ação seletiva.
em tecidos necróticos,
desvitalizados e infectados

Ao longo do tempo, acompanhando a evolução técnico-científica, novos e


diversos produtos vem sendo testados e introduzidos no mercado, partindo
principalmente de sugestões e observações dos profissionais envolvidos na prática.
Alguns certamente serão satisfatórios, outros não serão adequados, ou serão
inacessíveis aos clientes e/ou aos profissionais, devido aos altos custos e dificuldades
de obtenção nos órgãos públicos e instituições.
O importante é que as propriedades do material sejam identificadas e seus
resultados comprovados por pesquisas clínicas e aprovados pelos órgãos
competentes, ainda que produzam os resultados esperados e possam ser adequados
às necessidades dos pacientes, específicos às lesões e compatíveis com o processo
de incorporação de tecnologias apropriadas aos serviços de saúde.
A busca por produtos que reduzam o tempo de tratamento e apresentem
melhores resultados na cicatrização das lesões será contínua, e o mercado estará
sempre respondendo com novas tecnologias. Entretanto, seja qual for a cobertura
escolhida, nenhuma prescindirá da limpeza criteriosa da ferida e do preparo do seu
leito para receber o produto.

ENFERMAGEM NA ABORDAGEM DE CURATIVOS E COBERTURAS

A prática no cuidado ao paciente portador de ferida crônica é uma especialidade


dentro da enfermagem, reconhecida pela Sociedade Brasileira de Enfermagem em
Dermatologia (SOBEND) e Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST).

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A resolução do COFEN nº 0501/2015 regulamenta a competência da equipe de


enfermagem no cuidado as feridas. De acordo com essa resolução cabe ao enfermeiro
capacitado a avaliação e prescrição de coberturas para tratamento das feridas crônicas.
A equipe de enfermagem desempenha um papel importante no tratamento de
feridas sendo que 80% dos casos são acompanhados a nível primário ou ambulatorial
onde a realização dos curativos é feita pela equipe de enfermagem em um processo
dinâmico e gradativo, sendo necessário domínio no conhecimento teórico para um
acompanhamento e tratamento eficaz, pois a escolha de um tratamento equivocado
pode prolongar ainda mais o tratamento da ferida.
O cuidado de enfermagem com as lesões de pele necessita atenção especial
por parte dos profissionais da saúde, destacando-se o papel do enfermeiro, que busca
novos conhecimentos para fundamentar sua prática. Algumas lesões podem tornar-
se crônicas, cuja incidência aumenta gradativamente em todo o mundo, gerando um
impacto negativo sobre a qualidade de vida dos pacientes, pois causam dor em
diferentes níveis, afetam a mobilidade e possuem caráter repetitivo. Fazendo
necessária a sistematização do cuidado com esses pacientes, constituindo, a
avaliação da ferida, fator determinante para a terapêutica adequada.
Os enfermeiros exercem importante papel no tratamento das lesões cutâneas
e devem estar sempre em busca de novos conhecimentos, desafiando seu
conhecimento técnico científico. Porém, muitas vezes encontram dificuldades para
identificar a fase correta da cicatrização e confundem as características normais e
anormais associadas a esse processo.
Como o profissional de enfermagem está diretamente relacionado ao
tratamento de feridas, seja em serviços de atenção primária, secundária ou terciária,
é importante manter a observação contínua com relação aos fatores locais, sistêmicos
e externos que condicionam o surgimento da ferida ou interfiram no processo de
cicatrização. Para tanto, é necessária uma visão clínica que relacione alguns pontos
importantes que influenciam neste processo, como o controle da patologia de base
(hipertensão, diabetes mellitus), aspectos nutricionais, infecciosos, medicamentosos
e, sobretudo, o rigor e a qualidade do cuidado educativo. É importante ressaltar a
associação dos curativos que serão aplicados de acordo com os aspectos e evolução
da ferida.

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Como o enfermeiro deve avaliar uma ferida?

O enfermeiro ao realizar a avaliação da ferida, deve avaliar todo seu aspecto a


fim de decidir qual o melhor tratamento a ser seguido. Alguns elementos devem ser
avaliados e registrados para garantir um tratamento adequado, cada um dos itens a
seguir devidamente registrados facilitam posteriormente a avaliação do profissional:
➢ Área de abrangência e extensão da lesão: define a área onde está localizada
a lesão através de medidas de largura e comprimento, devendo ser anotados
periodicamente para realização de comparação e evolução da ferida.
➢ Aspecto da área adjacente: a área que se estende ao redor da
ferida (perilesional) deve ser observada especificando se ela se encontra:
integra, lacerada, macerada, com presença de eczema, celulite, edema, corpos
estranhos ou sujidades.
➢ Aspecto da lesão: tipo de tecido predominante (granulação\esfacelo\necrose).
➢ Características do Exsudato: importante durante a avaliação, observar a
presença de exsudato, a quantidade e a qualidade tem ligação direta a suas
condições, devendo portanto ser evidenciado o tipo de exsudato, coloração o
volume , se muito ou pouco, se fluido ou espesso, purulento, hemático, seroso
ou serossanguio , além da presença ou não de odor.
➢ Dor: Na pele encontramos uma variada rede de terminações nervosas
sensitivas, nos permitindo a realizar estímulos mecânicos, térmicos e dolorosos
provenientes de meio externo. Deve-se ser levado em consideração todos os
aspectos relacionados a dor, a existência ou não , tipo de dor apresentada (
pontada, queimação, ardência ou latejante) , tempo e intensidade, se cessa
com uso de analgésicos e se vem acompanhada de sinais flogísticos.
➢ Infecção: a pele representa uma barreira consideravelmente eficaz contra
agentes patogênicos, quando ocorre uma lesão essa barreira é rompida
facilitando a penetração de agentes patogênicos. Os mais comuns
são Staphylococcus e Streptococcus, sabe-se que alguns microrganismos
estão se tornando cada vez mais resistentes como Staphylococcus
aureus e Streptococcus aureus, podendo causar graves prejuízos a ferida e ao
paciente, retardando o processo de cicatrização. A identificação precoce de
infecção nas feridas é fundamental para determinar o tratamento com
coberturas apropriadas e remover os tecidos desvitalizados. Deve-se identificar
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sinais clínicos de infecção como a presença de exsudato purulento com odor. É


imprescindível avaliar e registrar a presença dos sinais de inflamação: rubor,
calor, edema e febre.
➢ Evolução: A maioria dos serviços especializados em tratamento de feridas
possuem protocolos bem delineados com formulários apropriados com
informações do estado geral de saúde do paciente proporcionando evolução a
resposta do tratamento proposto e possibilitando o detalhamento do aspecto
da ferida. Todos os itens acima descritos devem constar no registro diário da
evolução da lesão.
Em modo geral a característica do tecido encontrado na ferida nos mostra a
recuperação ou a piora da ferida com potencial de impedir novo crescimento celular
dificultando o processo de cicatrização. Alguns tecidos podem ser vitalizados quando
vascularizados apresentam-se de cor viva, clara, brilhante e sensível a dor. Muitas
feridas podem apresentar tecidos mistos, devendo ser levado em consideração o
tecido predominante no leito da lesão.

Cuidados no tratamento das feridas

Dentre as formas de tratamento das feridas, um aliado ao cuidado são as


utilizações de coberturas específicas, para cada apresentação do leito da lesão. O
profissional deve avaliar o aspecto da ferida para escolha da cobertura adequada com
objetivo de criar um ambiente adequado para facilitar o processo de cicatrização. Em
alguns casos deve ser considerado a possibilidade de utilizar mais do que uma
cobertura na ferida.

Quais são os aspectos a serem considerados na realização do curativo?

Alguns princípios básicos devem ser seguidos para realização de curativos:


✓ Lavagem das mãos antes e depois do procedimento;
✓ Comunicar ao paciente o procedimento que será realizado e explicar o
tratamento em curso;
✓ A limpeza da ferida deve ser feita com soro fisiológico 0,9%;
✓ Avaliar se a técnica deve ser estéril ou limpa;
✓ Não secar o leito da ferida;

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✓ Utilizar coberturas que favorecem a cicatrização, mantendo meio úmido;


✓ Preencher cavidades;
✓ Proteger as bordas da ferida;
✓ Ocluir com material hipoalergênico;
✓ Desbridar quando necessário;
✓ Utilizar cobertura conforme a apresentação do tecido;
✓ Registrar em prontuário o procedimento realizado e a evolução da ferida.

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