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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO

ARTIGO FINAL DE CONCLUSÃO DE CURSO

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU DE ENFERMAGEM, CARDIOLOGIA E


HEMODINÂMICA

ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS-

OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA

AUTOR: JULIANA FELIPE DE SOUSA


ORIENTADOR: JOKASTA LIMA MOURA

NOTA FINAL:

_________________________________________
Docente responsável pela correção
PERNAMBUCO, 2020

2
JULIANA FELIPE DE SOUSA

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS-

OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA

Artigo de conclusão do curso de pós-graduação


lato sensu de Enfermagem, Cardiologia e
Hemodinâmica, certificado pela FACESF-
Faculdade de Ciências Humanas e Exatas do
Sertão do São Francisco, e coordenado pela
Profa. Raphaela Presbytero Reis Van-Lume.

FACESF
Pernambuco, 2020

3
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................5
1.1. Objetivo......................................................................................................7
2. CONSIDERAÇÕES METODOLOGICAS...............................................................8
3. RESULTADOS ESTATISTICOS............................................................................10
4. DISCUSSÃO.............................................................................................................12
4.1. Unidade de terapia intensiva...................................................................12
4.2. Cardiopatias e Cirurgia Cardíaca............................................................13
4.3. Assistência de enfermagem no pós-operatório e cirurgia Cardíaca.......14
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................22
REFERÊNCIAS UTILIZADAS....................................................................................24

4
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA

CARDÍACA.

NURSING ASSISTANCE IN THE POST-OPERATORY OF HEART


SURGERY.

Juliana Felipe de Sousa1


Jokasta Lima Moura2
RESUMO

Objetivo: Descrever e Identificar as necessidades do paciente no pós-operatório de cirurgia cardíaca;


fragilidades e potencialidades das enfermeiras no planejamento do cuidado de enfermagem ao paciente.
Método: Trata-se de revisão integrativa da literatura, artigos alojados na biblioteca Virtual em Saúde
(BVS) e no banco de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e
SciELO (Scientific Electronic Library Online), no período de agosto de 2009 a setembro de 2019.
Resultado: Diante disso, verificou-se assistência prestada aos pacientes em pós-operatório de cirurgia
cardíaca, enfatizando pontos importantes a serem observados otimizando a qualificação e organização,
desde o preparo da unidade e recebimento do paciente em um momento crítico, bem como todos os
cuidados dispensados até sua alta. Nesse espaço, a sistematização do cuidado pode ser desenvolvida a
partir do cuidado empático e holístico ao cuidador, garantindo informações continuadas em todo período
transoperatório, além disso, se faz imprescindível a interiorização da atenção ao cuidador como parte
integrante do processo assistencial pela equipe multiprofissional. Descritores: Enfermagem; Assistência;
Pós operatório; Cirurgia cardíaca

ABSTRACT

Objective: Describe and identify the patient's needs in the postoperative period of cardiac surgery;
weaknesses and strengths of nurses in planning nursing care for patients. Method: This is an integrative
literature review, articles housed in the Virtual Health Library (VHL) and in the LILACS (Latin American and
Caribbean Literature in Health Sciences) database and SciELO (Scientific Electronic Library Online), in the
period from August 2009 to September 2019. Result: In view of this, assistance was provided to patients in
the postoperative period of cardiac surgery, emphasizing important points to be observed, optimizing the
qualification and organization, since the preparation of the unit and receiving the patient. at a critical
moment, as well as all the care provided until discharge. In this space, the systematization of care can be
developed from empathic and holistic care to the caregiver, ensuring continued information throughout the
transoperative period, in addition, it is essential to internalize care to the caregiver as an integral part of the
assistance process by the multiprofessional team. Descriptors: Nursing; Assistance; Postoperative;
Cardiac surgery

1
Enfermeira, Pós graduanda em cardiologia e hemodinâmica; Endereço para correspondência: Travessa
das Flores, 149, Caruaru, Pernambuco, CEP 55018-040. julianasousa.20@hotmail.com
2
Enfermeira, especialista em UTI e em didática pedagógica para educação em enfermagem pela UFPE,
orientadora CEFAPP.

5
1. INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no

Brasil. Apresentam-se como fator adicional à elevada representatividade

epidemiológica nos índices de morbidade e mortalidade, o aumento da

esperança de vida ao nascer no país e as mudanças nos hábitos de vida das

pessoas, decorrentes, principalmente, dos processos de industrialização e

urbanização, que aumentaram a sua exposição aos fatores de risco para o seu

desenvolvimento. Apresentam caráter de cronicidade, podendo ser tratadas

clínica ou cirurgicamente1.

A cirurgia cardíaca pode ser entendida como um processo de

restabelecimento e preservação das capacidades vitais, a qual objetiva o

regresso do bem-estar físico, mental e social do paciente. Confere-se destaque

a três tipos de cirurgia cardíaca: as corretoras, as reconstrutoras e as

substitutivas, sendo a cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM) o tipo

mais comum entre as reconstrutoras2.

Dessa forma, o pós-operatório de cirurgia cardíaca exige da equipe de

saúde observação contínua, tomada de decisão rápida e cuidado de alta

complexidade. Os profissionais da equipe de enfermagem são os que

compõem esta equipe em maior número e em tempo integral e prestam

assistência direta ao paciente visando minimizar possíveis complicações, tais

como alterações nos níveis pressóricos, arritmias e isquemias, além de manter

o equilíbrio dos sistemas orgânicos, o alívio da dor e do desconforto 1.

Em prol da qualidade da assistência de enfermagem prestada, o

enfermeiro deve organizar e planejar o cuidado a partir da aplicação das etapas

metodológicas do processo de enfermagem, de modo a intervir de acordo com

6
as necessidades do paciente de forma individualizada, promover sua rápida

recuperação e desospitalização precoce1.

A prática assistencial pautada no método científico viabiliza a

identificação e o atendimento das necessidades do paciente da melhor forma

possível, por meio do histórico, dos diagnósticos de enfermagem, do

planejamento, da implementação e da avaliação correta. As necessidades

poderão variar ou ter prioridades distintas de acordo com o período do pós-

operatório, ou seja, se imediato, mediato ou tardio. Para atendê-las

adequadamente, o enfermeiro precisa desenvolver habilidades e competência

cognitivas, técnicas, organizacionais e de relação interpessoal construtiva,

considerando que ora poderão ter caráter objetivo e ora subjetivo 1. É destaque

a possibilidade de ocorrência da dor no PO, que por seu caráter subjetivo, deve

ser valorizada e avaliada cuidadosamente pelo enfermeiro, ressaltando a

importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que se

operacionaliza por meio da aplicação do processo de enfermagem,

considerando as variáveis múltiplas que podem repercutir negativamente na

evolução do paciente3.

No hospital, as unidades pós-operatórias de cirurgia cardíaca

evidenciam um cenário de inovação e atendimento especializado de

enfermagem a pacientes críticos. Para o efetivo cuidado às pessoas nesta área

fazem-se necessárias práticas assistenciais específicas, seguras e contínuas.

Sabe-se que os enfermeiros, ao atuar em unidades de cirurgia cardíaca,

desenvolvem múltiplas tarefas com alto grau de exigências e

responsabilidades, as quais, dependendo da forma como está organizado o

seu trabalho, dos seus conhecimentos, habilidades e atitudes, podem interferir

de forma positiva ou negativa na assistência prestada ao paciente 4. O

conhecimento das competências do enfermeiro em um setor de alta

7
1.1. Objetivo

complexidade, como a de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, irá

direcionar o processo de trabalho deste profissional, fornecendo subsídios para

a organização do trabalho e para o planejamento da assistência de

enfermagem, além de orientar a capacitação da equipe 4.

No campo de atuação do enfermeiro, as doenças cardíacas

correspondem a importante demanda de cuidados, justificando um olhar

sistematizado para esse grupo de agravos, na perspectiva da integralidade da

atenção. Nesse âmbito, o paciente submetido à cirurgia cardíaca exige

cuidados de enfermagem fundamentados nas necessidades técnico-científicas,

cirúrgicas, emocionais e psicossociais, as quais devem ser observadas e

respeitadas, viabilizando a qualidade do processo pós-operatório 5.

Avaliar a competência dos cuidados de enfermagem ao paciente no pós-

operatório de cirurgia cardíaca.

8
2. CONSIDERAÇÕES METODOLOGICAS

O presente trabalho de conclusão de curso se refere a uma revisão

integrativa de literatura sobre o tema Assistência de enfermagem no pós-

operatório de cirurgia cardíaca, realizada a partir de buscas em bases de dados

eletrônicas, como; Scielo, PubMed PubMed (Literatura Biomédica norte-

americana, criado pela US Nacional Library of Medicine), BVS (Biblioteca

Virtual em Saúde) e LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em

Ciências da Saúde), Com os descritivos: cirurgia cardíaca, cuidados de

enfermagem, Pós-operatório em cirurgia cardíaca, Competência dos cuidados

em cirurgia cardíaca, publicados em português.

Foram excluídas teses e dissertações, capítulos de livros e livros, de

modo a utilizar apenas artigos publicados em periódicos especializados e

revistas da área que abrangessem a temática abordada.

Embora tenha-se dado prioridade, na coleta do material, a textos

publicados nos últimos 10 anos (entre 2010 e 2020) algumas outras referências

de anos anteriores foram utilizadas em caráter de exceção e pontualidade.

Dentre os estudos analisados, foram excluídos aqueles que se

enquadrassem nos seguintes critérios: 1) que eram trabalhos de revisão; 2)

que não abordavam a temática relativa à assistência de enfermagem no pós-

operatório de cirurgia cardíaca.

Desta forma, a análise dos estudos possibilitou a extração de

informações importantes para a construção desta pesquisa: objetivos, tipo de

estudo, público alvo; tamanho da amostra, instrumento de coleta empregado,

período de realização, ambiente de condução do estudo, localidade, ano de

publicação e autores.

9
Tais informações foram organizadas em tabelas e analisadas tendo

como base os resultados mais relevantes e frequentes, com o intuito de

produzir uma melhor compreensão sobre a assistência de enfermagem no pós-

operatório de cirurgia cardíaca.

Por fim, o presente trabalho se justifica pela considerável demanda e

necessidade do profissional da enfermagem e serve como instrumento para

conscientização e ampliação de conhecimentos para estes profissionais e, bem

como, qualquer público que tenha interesse.

10
3. RESULTADOS ESTATISTICOS

Após a pré-seleção do material, por meio de leituras de resumos e título,

foram elencados 1253 artigos com temas relacionados a assistência de

enfermagem no pós-operatório, após a leitura aprofundada 5 artigos foram

selecionados por contemplaram os critérios de inclusão. Conforme explicitado

na Figura 1.

Figura 1: Teste de relevância

11
Os cinco artigos incluídos na revisão integrativa de literatura estavam

alinhados com os objetivos do estudo, visto tratar que o enfermeiro deve fazer

a avaliação da situação do paciente no pós-operatório da cirurgia visando

identificar possíveis alterações do quadro e acompanhar a evolução do

paciente, conforme explicitado na Tabela 1.

Figura 2: Artigos incluídos na revisão integrativa de literatura

Autor Ano Revista Método Amostra Ideia Principal


Conclui que a adoção do processo
Duarte, Estudo de enfermagem contribui para uma
Stipp, Escola Anna descrito, 21 assistência de melhor qualidade e
2012
Mesquita, Nery abordagem enfermeiros uma melhor informação sobre o
Silva1 qualitativa cuidado envolvendo pacientes
famíliares e equipes.
Pesquisa Conclui que a assistência de
Milani, Revista exploratória qualidade, por meio da escuta e
5
Lanferdini, 2018 Cuidado é e descritiva, valorização dos sentimentos é
cuidadoras
Alves2 fundamental abordagem imprescindível no processo de
qualitativa humanização do cuidado.
Miranda, Conclui que a assistência prestada
Revista da
Silva, Pesquisa é imprescindível para o
Escola de 38
Caetano, 2011 exploratória reestabelecimento do estado de
enfermagem pacientes
Sousa, e descritiva saúde do paciente no pós-
da USP
Almeida6 operatório.
Aponta para a necessidade de
formação dos profissionais da
Santos, Revista da Estudo
enfermagem para atuação em
Camelo, Escola de exploratório, 18
2016 unidades cardíacas e a
Santos, enfermagem abordagem enfermeiros
necessidade da implantação de
Leal, Silva4 da USP qualitativa
programas que desenvolvam as
competências destes profissionais.

Conclui que o reconhecimento da


alteração da pressão sanguíneo, o
Silva, Mata,
monitoramento do equilíbrio de
Silva, Revista Estudo
80 líquidos e dos padrões respiratórios
Daniel, 2017 Bahiana de descritivo
prontuários para bradipneia, taquipneia e
Andrade, Enfermagem retrospectivo
hiperventilação foram os cuidados
Santos7
de enfermagem mais ofertados em
pós-operatório de cirurgia cardíaca

Assim, as análises desses textos foram seguidas de acordo com a forma

de abordagem das pesquisas relacionadas a assistência de enfermagem no

pós-operatório de cirurgia cardíaca.

12
4.1. Unidade de terapia intensiva

4. DISCUSSÃO

Os serviços de terapia intensiva são áreas destinadas a atender clientes

em estado grave e de risco que necessitam de assistência médica e de

enfermagem ininterrupta, além de equipamentos especializados e recursos

humanos8.

As unidades de terapia intensiva devem operar com base em um

parâmetro qualitativo que garanta a cada paciente: o direito à sobrevivência,

bem como a garantia, dentro dos recursos tecnológicos existentes, da

manutenção da estabilidade dos parâmetros de vida; o direito à ajuda

humanitária; exposição mínima ao risco decorrente dos métodos propedêuticos

e do próprio tratamento em relação aos benefícios obtidos; monitoramento

constante da evolução do tratamento e seus efeitos colaterais 9.

Desta forma, as Unidades de Terapia Intensiva são áreas dedicadas a

tratamentos de alta complexidade para pessoas em estado crítico de saúde.

Por isso, essas unidades contam com infraestrutura e equipamentos próprios,

recursos materiais e recursos humanos especializados, possibilitando

atendimento constante. O objetivo é desenvolver o trabalho com segurança, a

fim de preservar a vida e recuperar10.

O desenvolvimento das Unidades de Terapia Intensiva começou com o

atendimento aos clientes no pós-operatório imediato. Inicialmente, o

procedimento era realizado em ambientes especiais pela equipe médica. Com

o tempo, a equipe de enfermagem assume a responsabilidade de observar e

tratar os clientes11.

13
4.2. Cardiopatias e Cirurgia Cardíaca

Atualmente, a UTI faz parte do contexto hospitalar. De acordo com a

portaria nº 466 do Ministério da Saúde “é obrigatória a existência de UTI em

todo hospital secundário ou terciário com capacidade igual ou superior a 100

leitos”12. Em termos de localização, deve permitir acesso restrito, sem trânsito

para outros departamentos, e estar próximo de serviços de apoio, saída de

emergência, centro cirúrgico e sala de recuperação pós-anestésica.

Para Gasperi, “inúmeras pesquisas têm demonstrado que, se, por um

lado, a expectativa de vida do brasileiro cresceu nos últimos dez anos, o índice

de doenças cardiovasculares aumentou” 8. Se mostrando como um dos

principais problemas de saúde, acompanhado de limitações na atividade física

e problemas relacionados à qualidade de vida.

A cirurgia cardíaca, como forma de tratamento de um dos principais

problemas de saúde, é um marco na medicina, pois pode prolongar a vida dos

pacientes e reduzir a incidência de doenças coronarianas. Nos últimos anos, o

progresso desta cirurgia tem sido notável, o que resultou na melhora de seus

resultados e no aumento do número de pacientes submetidos a ela 11.

Nas últimas duas décadas, houve uma mudança significativa no perfil

dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, decorrente do aprimoramento

dos métodos diagnósticos e terapêuticos. Por exemplo, a cirurgia de

revascularização do miocárdio é indicada tardiamente ou em pacientes com

lesões mais graves, resultando em situações de maior risco como reoperações,

comorbidades e pacientes idosos13.

14
4.3. Assistência de enfermagem no pós-operatório e cirurgia Cardíaca

Devido ao aumento dos custos dos serviços de saúde e ao maior

número de opções de tratamento das cardiopatias, a identificação dos fatores

de risco para complicações pós-operatórias pode influenciar na decisão do

tratamento mais adequado14.

Atualmente, a maioria dos pacientes levados a cirurgia são idosos, alto

percentual de mulheres, presença de cardiopatias instáveis (angina instável,

doença trivascular, disfunção do ventrículo esquerdo, revascularização prévia)

e outras comorbidades (hipertensão arterial sistêmica, doença vascular

periférica, e diabetes mellitus), apontando para uma população de maior

gravidade14.

A revascularização do miocárdio é a melhor maneira de tratar a angina

em comparação com o tratamento convencional (medicamentos). No caso de

revascularização do miocárdio, as seções estreitas das artérias coronárias

podem ser contornadas e substituídas por um enxerto retirado de uma veia ou

artéria. A escolha do enxerto a ser utilizado depende da disponibilidade,

facilidade de implantação e permeabilidade de longo prazo, sendo as mais

comuns a artéria torácica interna, a artéria radial e a veia safena 15.

A esternotomia mediana é a incisão comumente usada para esta

cirurgia, e a circulação extracorpórea (CEC) é usada na maioria dos casos. Na

circulação extracorpórea, o coração e os pulmões não estão envolvidos na

circulação, o que é possibilitado pelo campo cirúrgico com o coração parado e

uma pequena quantidade de sangue. O sangue venoso é drenado para o

oxigenador por meio das cânulas inseridas nas veias cava superior e inferior, e

a bomba direciona o sangue através da cânula aórtica 16.

15
A organização do cuidado a ser prestado ao paciente é necessária para

atingir níveis de qualidade na assistência. Marquis e Huston 17, afirmam que o

líder da unidade determina a melhor maneira de planejar as atividades para

que as metas organizacionais sejam alcançadas efetiva e eficientemente, o que

envolve o uso sensato dos recursos e a coordenação das atividades com

outros departamentos.

Os estudos revelaram que os enfermeiros se preocupam com as

orientações fornecidas aos pacientes e seus familiares durante o pós-

operatório1,2. No entanto, as diretrizes devem ser desenvolvidas com a

participação dos pacientes e seus familiares de uma forma que seja de fácil

compreensão. Nesse sentido, o cuidado de enfermagem deve ser norteado por

uma metodologia científica que atenda plenamente às necessidades do

paciente. Ainda, estudos afirmam que a equipe de enfermagem deve

desenvolver novas abordagens para o cuidado com a aplicação dos

diagnósticos de enfermagem e o trabalho em equipe para ter um cuidado

contínuo1,4.

Dentre as novas abordagens na assistência de enfermagem, uma

relação de confiança entre enfermeiro e paciente deve ser prontamente

estabelecida, pois é necessário preparar o paciente e seus familiares com

informações sobre a necessidade de realização de cirurgia cardíaca para que

possam compreendê-la e se adaptar às possíveis mudanças, principalmente no

pós-operatório2,4. Este é um momento tenso, que causa estresse emocional,

insegurança e medo, por isso a equipe de enfermagem deve estar preparada

para orientar o paciente e sua família para reduzir sua ansiedade e confortá-lo.

A confiança na relação enfermeiro-paciente deve se dar por meio de

uma comunicação bidirecional, pois constrói uma base importante para que o

16
cuidado seja realizado de forma eficiente e eficaz, além de proporcionar o

entendimento do paciente como um todo2.

Devido à complexidade das cirurgias cardíacas, o pós-operatório é

monitorado por equipe multiprofissional por meio de monitoramento contínuo e

tomada de decisões e cuidados críticos. Porém, é a equipe de enfermagem

que acompanha o paciente em tempo integral, prestando cuidados específicos

que visam reduzir complicações e manter o equilíbrio do sistema orgânico, por

meio de uma assistência planejada 2. Por outro lado, um estudo constatou que

os enfermeiros ainda desenvolvem um cuidado mais técnico à beira do leito,

sem maior interação com o paciente e sua família 4.

O período de pós-operatório de cirurgia cardíaca é repleto de

particularidades, exigindo da equipe de enfermagem observação contínua a fim

de assistir à recuperação dos pacientes em pós-anestésico e em pós-estresse

cirúrgico. Toda a equipe multiprofissional envolvida deve ter os mesmos

objetivos, como a manutenção do equilíbrio dos sistemas orgânicos, alívio da

dor e desconforto, prevenção de complicações pós-operatórias, plano

adequado de alta e orientações3.

As infecções da ferida operatória também são comuns, independente do

uso de antibióticos profiláticos e técnica asséptica. Tais infecções estão

normalmente associadas a fatores de risco, como a intubação prolongada,

enxertias, pneumonias, diabetes, cirurgia de emergência, sangramento pós-

operatório e reexploração cirúrgica3.

Essencialmente, o modelo técnico de atenção à saúde ainda está muito

presente no cotidiano dos profissionais de saúde. Na enfermagem, esse tipo de

cuidado se repete no pós-operatório, por meio de intervenções que visam

prevenir complicações com a incisão cirúrgica e orientações unidirecionais

preparando o paciente para o retorno ao domicílio e às atividades diárias.

17
Desta forma, é imprescindível que a equipe de enfermagem faça uso do

conhecimento científico e dos registros da equipe multiprofissional para

elaborar um plano de alta2, 17.

Esse plano deve ser desenvolvido a partir do momento da admissão do

paciente, de forma a proporcionar maior segurança e reduzir o risco de

complicações6. O tipo específico de cirurgia cardíaca também deve ser

considerado porque o tempo de internação varia de acordo com o

procedimento cirúrgico e a condição do paciente.

Para Silva e Santos18, a enfermeira, a partir do domínio técnico e

científico, exerce funções de cuidado, controle e observação, considerando a

complexidade da cirurgia que é realizada e a vitalidade imprescindível do

sistema orgânico envolvido. Para a realização de todas as medidas de cuidado,

emprega-se o Processo de Enfermagem, que consiste nos fundamentos que

embasam a prática de enfermagem.

Em seu estudo, Wanda de Aguiar Horta 19 discutia o processo de

sistematização da assistência, utilizando a nomenclatura “observação

sistematizada”. Para a autora, tal técnica seria o processo para identificar os

aspectos físicos dos problemas de enfermagem apresentados pelos pacientes.

Assim, a observação era articulada como princípio básico da enfermagem,

esperando que os enfermeiros se esforçassem para observar direta ou

indiretamente as condições ambientais dos pacientes, para então planejar

cuidados eficazes. Horta19 também acreditava que a capacidade de observar é

variável de uma pessoa para outra, em que algumas à demonstram desde a

infância e outras podem desenvolvê-la através de um treino gradual.

A mais importante lição prática que pode ser dada aos enfermeiros é

ensiná-los a observar como observar que sintomas indicam melhoras – que

significam o inverso – quais são de importância – quais não o são quais são as

18
evidências da falta de cuidados e de que espécie de falta. Tudo isto é o que

deve fazer parte, e uma parte essencial, do treinamento de cada enfermeiro 3.

Os parâmetros hemodinâmicos devem ser compreendidos por

monitorização contínua do eletrocardiograma, mensuração da pressão arterial

pelo cateter arterial, oximetria de pulso e medida de temperatura corporal, além

de medidas da pressão arterial pulmonar e do débito cardíaco. A drenagem

pleural e mediastinal, através de drenos conectados à sistema fechado com

sucção, também devem ser continuamente observadas, registrando-se a

quantidade e tipo de drenagem de cada dreno. Fazem parte dos cuidados de

enfermagem a serem empregados no pós-operatório de cirurgia cardíaca, a

avaliação, no momento da chegada quanto à cor da pele e mucosas,

expansividade torácica bilateral, avaliação do nível de consciência e/ ou

sedação, ausculta pulmonar e cardíaca, além da avaliação de todos os

parâmetros vitais7.

Nesse sentido, ajudar o paciente no pós-operatório de cirurgia cardíaca

visa uma assistência integral, não apenas pelo arsenal tecnológico para uma

assistência altamente integral2,4,6, mas também deve proporcionar um ambiente

físico adequado e controle da dimensão física, além de atentar para as

necessidades psicoemocionais do paciente, a fim de contribuir para sua

recuperação.

Nesta perspectiva, a alta hospitalar deve ser realizada com auxílio de

psicólogo atuando junto à família e ao paciente, na tentativa de auxiliá-lo a

compreender as mudanças e se adaptar a um estilo de vida diferente,

desenvolvendo novas habilidades. No entanto, para garantir o atendimento

domiciliar e evitar a reinternação, a alta deve ser planejada e incluir o

envolvimento e a compreensão do paciente e de sua família.

19
O plano de alta exige dedicação de uma equipe multiprofissional, com

interação acontecendo entre todos os profissionais engajados no processo

saúde-doença e visando minimizar a fragmentação do cuidado. Assim,

soluções podem ser fornecidas com base na realidade do paciente, visto que o

momento da alta é o mais esperado pelo paciente e seus familiares.

Esse momento também é marcado pelo medo, insegurança, dúvida,

estresse e dependência do cuidado dos profissionais de saúde. Porém, os

problemas citados devem ser resolvidos durante o período de internação pela

equipe de enfermagem por meio de cuidados contínuos e com ações

planejadas, implementadas e avaliadas. Visto que a alta causa sensação de

incompletude quanto ao cuidado, é responsabilidade do enfermeiro tranquilizar

o paciente durante esse processo de recuperação 2. É imprescindível que esse

profissional mostre ao paciente como cuidar de si, valorizando suas crenças,

sentimentos, ações, comportamentos e motivando-o a se sentir capaz de

desenvolver o autocuidado com segurança4,7.

Para tanto, a equipe de enfermagem tem um papel fundamental na

realização de atividades educativas para os pacientes e seus familiares,

promovendo o conhecimento e o bem-estar, e capacitando-os a cuidar de si. A

consciência do autocuidado é necessária ao paciente, pois melhora a prática

de atividades em seu próprio benefício e qualidade de vida. O autocuidado

deve ser realizado de forma eficaz e o enfermeiro deve estimulá-lo por meio do

conhecimento científico fundamentado na Teoria Geral do Autocuidado de

Orem. Essa teoria enfatiza o valor de envolver os pacientes no autocuidado,

encorajando-os a participar ativamente de sua recuperação 4,7.

Com base nessa teoria, são realizadas atividades educativas que

promovam o autocuidado no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Essas

atividades devem contemplar aspectos como controle de peso, restrição de sal

20
e líquidos, medicamentos, exercícios, nutrição e sintomas de agravamento da

doença1,2,6,7.

Além disso, devem ser prestados conselhos sobre os cuidados especiais

exigidos pela doença e necessários ao manejo da incisão cirúrgica e as

condições específicas de cada paciente6. Isso pode fazer com que atendam

e/ou superem em muito as dificuldades decorrentes de suas limitações físicas,

bem como reduzir os riscos à saúde6.

Nesse sentido, entende-se que a equipe de enfermagem deve

considerar como o paciente submetido à cirurgia cardíaca e sua família se

preparam para o procedimento, ou seja, deve-se levar em consideração: as

causas da ansiedade; a percepção do que é mais importante orientar o

paciente; e quanto aconselhar quando o paciente voltar para casa. Para tanto,

as orientações de enfermagem devem estar bem estabelecidas no plano de

alta do paciente, de forma clara e de fácil compreensão 20.

A cada alta, percebe-se que o frágil “obrigado” do paciente vem

acompanhado de expressões de dúvida quanto aos cuidados que deve seguir

após a alta hospitalar. Consequentemente, destaca-se a importância da equipe

de enfermagem no cuidado e no aconselhamento ao paciente sobre ações que

contribuirão para uma melhor adaptação ao cotidiano e que minimizarão suas

dúvidas e expectativas2.

Porém, a falta de conhecimento dos pacientes sobre a doença e o

tratamento só será sanada por meio das orientações e ações educativas

prestadas pelos enfermeiros e da avaliação do paciente cirúrgico no

entendimento do processo de recuperação desde o momento da cirurgia e a

implantação do pós -descarregar o autocuidado. Para tanto, deve-se enfatizar o

tempo disponível e a expertise necessária para que o enfermeiro planeje a alta

21
individualizada, a disponibilidade de material educativo e o acompanhamento

necessário para garantir a efetividade da alta hospitalar 2.

22
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O período de pós-operatório de cirurgia cardíaca é um momento singular

para o paciente e a sua família. Um momento repleto de medos, incertezas e

inseguranças. Um momento onde se busca ‘vida nova após a reconstrução do

coração’ – órgão dos sentidos e sentimentos.

Neste período, enxergar o paciente e compreender as suas

necessidades não é uma tarefa simples. A tecnologia avançada e um

maquinário que permite avaliar perfusões, batimentos, débitos, ventilações e

todo o funcionamento do organismo podem afastar o enfermeiro da sua

premissa básica: o cuidado ao ser humano.

Quanto à organização do cuidado, são notáveis as iniciativas dos

enfermeiros em busca de uma assistência que contemple o paciente de

maneira singular. Através dos depoimentos, foi possível perceber uma

aproximação com as fases do Processo de Enfermagem de Wanda Horta,

mesmo que inconscientemente, o que denota uma grande possibilidade de

adoção desta metodologia na assistência de enfermagem ao pós-operatório de

cirurgia cardíaca. A adoção clara de uma fundamentação teórica que norteie

todas as atividades realizadas excluirá a sensação de empirismo sentida pelos

enfermeiros, além de possibilitar um planejamento coerente da assistência e

das atividades realizadas.

O relacionamento entre os integrantes da equipe de enfermagem foi um

ponto positivo encontrado no discurso dos enfermeiros, porém, deve-se

reavaliar a presença de um enfermeiro apenas e exclusivamente para o pós-

operatório imediato de cirurgia cardíaca. Fato que permitirá uma divisão

igualitária de tarefas, além de possibilitar que todos os demais enfermeiros

23
adquiram experiência profissional com este tipo de paciente, que requer

cuidados específicos

24
REFERÊNCIAS UTILIZADAS

1. Duarte SCM, Stipp MAC, Mesquita MGR, Silva MM. O cuidado de

enfermagem no pós-operatório de cirurgia cardíaca: um estudo de caso. Esc.

Anna Nery (impr.) 2012 out-dez;16(4): 657-665.

2. Milani P, Lanferdini IZ, Alves VB. Percepção dos cuidadores frente à

humanização da assistência no pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca.

Rev. Fund Care Online 2018 jul-set; 10(3):810-816.

3. Machado SC. Metodologia da assistência de enfermagem no pós-operatório

de cirurgia cardíaca: um estudo de caso. [Dissertação]. Rio de Janeiro (RJ):

Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2008.

4. Santos APA, Camelo SHH, Santos FC, Leal LA, Silva BR. O enfermeiro no

pós-operatório de cirurgia cardíaca: competências profissionais e estratégias

da organização. Rev. Esc. Enferm. USP 2016; 50(3):472-478.

5. Silva LF, Miranda AFA, Silva FVF, Rabelo ACS, Almeida PC, Ponte KMA.

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