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Efeitos dos probióticos nas funções intestinais

Os trinta artigos selecionados sobre o uso de probióticos nas funções intestinados


foram classificados em três grupos: o primeiro se refere ao efeito dos probióticos na
Constipação Idiopática Crônica (CIC); o segundo se refere ao efeito dos probióticos na
Síndrome do Intestino Irritável (SII); o terceiro se refere ao efeito dos probióticos na Doença
Inflamatória Intestinal (DII).

1. Constipação Idiopática Crônica (CIC)

A CIC é definida como a baixa frequência de evacuações (menos de três vezes na


semana), fezes duras e secas, resultando em evacuações incompletas, dolorosas ou forçadas
(Jayasimhan et al., 2013) e, em alguns algumas situações ocorre distensão abdominal
(Sharma; Rao, 2017). As causas desta patologia são multifacetadas e estão intimamente
relacionadas com o baixo consumo de fibras, reduzida ingestão de água, uso excessivo de
medicamentos e laxantes, estilo de vida sedentário e problemas fisiológicos (Jayasimhan et
al., 2013). Portanto, é possível classifica-la como primária, quando em decorrência de uma
desregulação dos componentes neuromusculares, ou secundária, quando se refere a diversos
fatores, como distúrbios metabólicos, doenças neurológicas e medicamentos (Sharma; Rao,
2017).
O diagnóstico de distúrbios funcionais do trato gastrointestinal utiliza o critério
Roman IV, que leva em consideração a possibilidade da presença de SII com CIC (Chang et
al., 2018), pois nem todas as pessoas com CIC estão livres de dor abdominal e, bem como
inchaço (Yoon et al., 2018). As principais ferramentas de avaliação do CIC incluem a escala
de Bristol, que avalia a forma e a consistência das fezes de um paciente, que é um importante
indicador clínico (Lewis; Heaton, 1997); e a escala de Agachan, que visa avaliar a gravidade
da constipação (Agacham et al., 1996).
Os dez ensaios clínicos selecionados sobre CIC apresentam as seguintes características
gerais:
O artigo de Sant’Anna et al., (2015) analisou probióticos a base de Yacon na
modulação da Constipação Intestinal. O tipo de estudo utilizado foi um ensaio clínico com 48
voluntário que foram divididos em 2 grupos – um grupo tratamento com 24 voluntário e um
grupo controle com os 24 voluntários restantes – os voluntários eram brasileiros, de ambos os
sexos, com idades que variam de 20 a 75 anos. As características avaliadas de CIC foram a
frequência das evacuações, o aspecto das fezes, os sintomas abdominais (dor, distensão,
flatulências), a quantificação da microbiota, pH, lactato e AGCC, Escala de Bristol e Escore
de Agachan. O probiótico a base de Yacon foi utilizado em um prazo de 30 dias. O grupo
teste utilizou 52g de do probiótico com 448 ml de suco de laranja, contendo 10g de
FOS/Inulina/dia, durante 30 dias. O grupo controle, por sua vez, utilizou 25g de maltodextrina
com 475g de suco de laranja por dia. O estudo mostrou o aumento do número de evacuações
após o consumo de probiótico a base de Yacon, bem como a melhoria na consistência das
fezes e uma redução no nível da constipação. Aconteceu, também, o efeito bifidogênico do
produto, com redução de Clostridium e enterobactérias, bem como o pH fecal.
O artigo de Magro et al., (2014) procurou analisar o efeito do iogurte contendo
polidextrose, lactobacillus acidophilus NCFM e bifidobacterium lactis HN019 nas funções
intestinais. Foi realizado um ensaio randomizado, duplo-cego e controlado, com um total de
47 voluntários brasileiros, de ambos os sexos, entre 18 e 45 anos, dentre os quais 26 compõem
o grupo tratamento e 21 o grupo controle. As características observadas foram o tempo de
trânsito colônico com marcador radiopaco, o peristaltismo intestinal e o Escore de Agachan.
Para o grupo tratamento foi utilizado 180 ml de iogurte sem sabor, contendo polidextrose,
lactobacilus acodophilus NCFM e Bifidobacterium lactis HN019, por um período de 2
semanas. Para o grupo controle foi dado apenas placebo, ou seja, apenas iogurte. Todos os
voluntários foram orientados a não consumir suplementos com fibras, laxantes e outros
produtos fermentados. O estudo mostrou que, no grupo tratamento, ocorreu significativa
redução de tempo no trânsito colônico após as duas semanas em que ocorreu o consumo dos
probióticos.
Jayasimhan et al., (2013) em seu artigo, buscou analisar a eficácia da preparação de
células microbianas na melhora da constipação crônica. Foi realizado um ensaio randomizado
duplo cego e controlado por placebo, com uma participação de 108 voluntários, da Malásia,
de ambos os sexos. O grupo tratamento foi composto por 50 voluntários com idade entre 18 e
80 anos com sintomas de Constipação Idiopática Crônica e o grupo controle composto por 58
voluntários com idade entre 20 e 78 anos. As características observadas foram as frequências
das evacuações, a consistência das fezes e sintomas da constipação (esforço, fezes grumosas
ou duras, sensações de evacuação incompleta, sensação de bloqueio anorretal e realização de
manobras manuais para ajudar na defecação). Foi realizado a preparação de células
microbianas contendo FOS, Bifidobacterium e Lactobacillus, com 3x1010 UFC, no período de
1 semana. Ao grupo placebo foi dado uma preparação com a mesma aparência da amostra
teste. Todos os participantes foram orientados para mudanças na dieta evitando suplementos,
fibras e laxantes. Os resultados apontam que a preparação de células microbianas é efetiva na
melhoria da frequência e consistência das fezes no grupo tratamento. Além disso, houve
redução nos sintomas e no esforço e sensações de evacuação incompleta para a maioria dos
indivíduos com CIC. O estudo não apontou efeitos adversos.
O artigo de Ansell et al. (2015) busca analisar como os suplementos derivados de
kiwis aumentam a frequência de fezes em adultos saudáveis. Foi realizado um ensaio, na
Nova Zelândia, randomizado duplo cego controlado por placebo, com a participação de 29
voluntários, dos quais 20 participantes saudáveis, de ambos os sexos, entre 18 e 60 anos e 9
participantes com CIC, de ambos os sexos, entre 38 e 54 anos. As características observadas
foram a frequência de evacuações, o formato das fezes, o conforto gastrointestinal e a escala
de Bistrol. Foi realizado a utilização de suplementos derivados de Kiwis, por exemplo o
ACTAZIN GOLD (600mg/dia), o ACTAZIN-L (2400 mg/dia), o ACTAZIN-H (2400
mg/dia), durante um período de 28 dias. Os resultados apontam que o ACTAZIN produziu um
aumento clinicamente significativo nos movimentos intestinais no grupo saudável, mas não
houve mudanças no grupo com CIC e nem alteração no formato das fezes. Não foram
observados efeitos adversos sérios.
Micka et al. (2016) analisou o efeito da inulina da chicória na função intestinal em
indivíduos saudáveis com sintomas de CIC. Foi realizado um ensaio randomizado duplo cego,
controlado por placebo, realizado na Alemanha com a participação de 44 voluntários de
ambos os sexos entre 20 e 75 anos que apresentavam CIC entre duas a três semanas sem
evacuações. As características observadas foram a frequência de evacuações, a consistência
das fezes, distensão abdominal, a produção de gases e a Escala de Bristol. Foi utilizado 12 g
de Inulina da Chicória por dia e, para o grupo placebo, maltodextrina, no período de 8
semanas. Não houve orientação para mudança nos hábitos alimentares em nenhuma fase do
estudo. Os resultados apontam para o aumento na frequência das evacuações, acompanhado
por um amolecimento das fezes, melhorando a função intestinal e a qualidade de vida.
O estudo de Yoon et al. (2018) analisou o efeito dos probióticos na melhoria de
pacientes com CIC. Foi realizado um ensaio randomizado, duplo cego, controlado por
placebo, com 171 voluntários da Coréia do Sul, entre 18 e 75 anos, dos quais 88 compunham
o grupo teste e 83 o grupo placebo. As características observadas foram a consistência das
fezes, a Escala de Bristol, a escala de melhora Global (GIS), e Escala de avaliação de
sintomas gastrointestinais (GSRS) e os Movimentos intestinais espontâneos completos
(CSBM). Foi utilizado 26g de chocolate contendo probióticos diariamente (3,0x10 8 UFC/g
Streptococcus thermophilus MG510 e 1,0x108 UFC/g Lactobacillus plantarum LRCC5193),
enquanto que o grupo controle utilizou placebo (apenas chocolate), o ensaio teve duração de 8
semanas (4 semanas de tratamento e 4 semanas de acompanhamento). Os resultados apontam
que a ingestão de probióticos por 4 semanas melhorou a consistência das fezes e este efeito
foi sustentado por 8 semanas em pacientes com CIC. O tratamento alterou a composição da
microbiota com aumento da proporção de L. plantarum. Nenhuma diferença significativa foi
encontrada no CSBM. A qualidade de vida foi significativa melhor no grupo teste do que no
grupo placebo em 4 semanas (p=0,044) e 8 semanas (p=0,049). Não foram relatados efeitos
adversos.
O estudo de Ojetti et al. (2014) analisou o efeito da suplementação de Lactobacillus
reuteri em adultos com constipação crônica funcional. Foi realizado na Itália um ensaio
randomizado, duplo cego controlado por placebo, com 40 voluntários de ambos os sexos,
destes, 20 são do grupo teste e 20 são do grupo controle. As características observadas foram
o peristaltismo intestinal durante a semana, a consistência das fezes e a Escala de Bristol. Foi
utilizada para o grupo teste uma suplementação de 108 UFC de Lactobacillus reuteri (DSM
17938) e para o grupo controle, placebo, pelo período de 4 semanas. Ocorreu orientação para
não mudar os hábitos alimentares e não utilizar laxantes orais. Os resultados apontam que a
suplementação com L. reuteri (DSM 17938) significativamente aumentou os movimentos
intestinais e a frequência das evacuações no grupo teste (p=0,0001). Não houve diferenças
significativas na consistência das fezes quando comparada ao grupo placebo. Não foram
relatados efeitos adversos.
O estudo de Dimidi et al. (2019) analisou os efeitos do probiótico bifidobacterium
lactis NCC2818 no tempo de trânsito intestinal, seus sintomas, e bem como na microbiologia
intestinal na CIC. Foi realizado, na Inglaterra, um ensaio clínico randomizado, duplo cego,
controlado por placebo, com 75 voluntários, de ambos os sexos, entre 18 e 65 anos, dos quais
37 integram ao grupo teste e 38 ao grupo placebo. As características observadas foram o
tempo de trânsito colônico com marcador radiopaco, a composição da microbiota e qualidade
de vida. Para o grupo teste foi utilizado sachês de 24g contendo bifidobacterium lactis
NCC2818 1,5x1010 UFC ao dia, com uma contagem mínima no final da vida útil de 8x10 9
UFC ao dia. Para o grupo placebo foi utilizado sachês de 24g contendo maltodextrina. Ambas
as formulações foram misturadas em 200mL ao dia, durante 4 semanas. Os resultados
apontam que não houve diferença significativa entre o probiótico e placebo no tempo de
trânsito intestinal, na frequência e consistência das fezes, ao longo de toda intervenção, em
indivíduos com CIC leve. Além disso a B. lactis não causou mudanças na microbiota das
fezes nem na produção de AGCC, pH e conteúdo de água das fezes.
O estudo de Glibowski et al. (2020) analisou a estabilidade química de frutanos em
bebidas à base de maçã e sua influência na CIC. Foi realizado, na Polônia, estudo
randomizado controlado por placebo, com 20 voluntários com CIC, de ambos os sexos, entre
20 e 29 anos, dos quais 10 fazem parte do grupo teste e 10 do grupo placebo. As
características observadas foram o número de evacuações por dia, a facilidade para defecar,
flatulência e inchaço. Para o grupo teste foi utilizado 300 mL de suco de maçã por dia
adicionado de 12g de inulina. Para o grupo placebo foi utilizado 300 mL de suco de maçã por
dia sem a inulina. Os resultados apontam que o consumo de suco enriquecido com inulina
altamente polimerizada aumentou a frequência dos movimentos intestinais e facilitou a
defecação em voluntários com CIC.
O estudo de Ibarra et al. (2018) analisou a suplementação de bifidobacterium lactis
HN019 no trânsito colônico e nos sintomas gastrointestinais em adultos com CIC. Foi
realizado na França, ensaio randomizado, duplo cego, controlado por placebo e com variação
de dose, com 224 voluntários de ambos os sexos entre 18 e 70 anos, dos quais 148 fazem
parte do grupo teste e 76 do grupo placebo. As características observadas foram o trânsito
colônico com marcador radiopaco, a consistência das fezes e os sintomas gastrointestinais.
Para o grupo teste foram dadas duas doses: uma dose alta em cápsulas contendo 1x10 10 UFC
por dia, de bifidobacterium animalis lactis HN019, e uma dose baixa de 1x10 10 UFC por dia
de HN019, por um período de 28 dias. Para o grupo placebo foi utilizado uma cápsula
contendo maltodextrina. Os indivíduos não foram orientados para mudanças de hábitos
alimentares e estilo de vida durante o estudo. Os resultados apontam que na houve diferenças
nos desfechos primários e secundários após a intervenção, de acordo com a análise primária.
Na análise post hoc dos participantes que relataram menos de 3 evacuações por semana
durante o período de intervenção, observou-se melhoria significativa na frequência das
evacuações, após o período de intervenção, quando comparados com o grupo placebo. Não
foram relatados efeitos adversos.

2. Síndrome do Intestino Irritável (SII)

SII é um distúrbio intestinal caracterizado por dor abdominal recorrente, distensão


abdominal e alterações na forma e frequência das fezes, sem alterações estruturais,
bioquímicas ou inflamatórias significativas (Ford et al., 2014). A qualidade de vida das
pessoas com essa síndrome também pode ser afetada pelo desenvolvimento de doenças
mentais comórbidas, como ansiedade e depressão (Mendonça et al., 2020).
Em todo o mundo, uma em cada cinco pessoas, entre 10 e 20% da população adulta e
adolescente, tem sintomas compatíveis com a SII. No Brasil, cerca de 10 a 15% da população
entre 30 e 50 anos é afetada por essa síndrome, que afeta principalmente mulheres (De Nadai
et al., 2017).
A fisiopatologia desta doença é desconhecida, mas recomenda-se que possa ter origem
multifatorial, influenciada por fatores hereditários, ambientais e psicossociais. Vários estudos
sugerem que a disbiose é um elemento importante na patogênese desta síndrome (Yoon et al.,
2014). É, portanto, evidente que a modulação da microflora neste estado tem efeitos
benéficos, como a redução de bactérias patogênicas e a persistência de IBS (Crouzet et al.,
2013).
Os dez ensaios clínicos selecionados sobre SII apresentam as seguintes características
gerais:
O estudo de Kruis et al. (2012) analisou os efeitos terapêuticos do probiótico
Escherichia coli Nissle em subgrupos de pacientes com Síndrome do Intestino Irritável. Foi
realizado, na Alemanha, um ensaio randomizado duplo cego, controlado por placebo, com
120 voluntários de ambos os sexos, entre 18 e 65 anos, dos quais 60 são do grupo tratamento
e 60 do grupo controle. As características observadas foram a frequência e consistência das
fezes , a urgência e intensidade da dor, flatulência, distensão abdominal e náuseas e, bem
como, a qualidade de vida relacionada a saúde. Foi utilizado para o grupo teste uma capsula
de MUTAFLOR (2,5-25x109 UFC Escherichia coli nissle 1917), por um período de 4 dias e
ao longo do ensaio duas outras cápsulas de MUTAFLOR. Para o grupo placebo foi utilizado
uma forma idêntica e com a mesma ordem de uso. Ambas formulações foram administradas
durante 12 semanas. Os resultados apontam que sintomas relacionados a dor, como
intensidade, duração e frequência, além de náuseas e quantidade excessiva de gases,
melhoraram durante o tratamento com EcN (Escherichia coli Nissle 1917). A qualidade de
vida relacionada à saúde (QVRS) melhorou em ambos os grupos de tratamento. A pontuação
inicial do grupo EcN foi 111,6 ± 22,2 e melhorou em 22,8 ± 28,7 pontos (20,4%). Os
respectivos números do grupo placebo 113,8 ± 22,3 (pontuação basal) e 20,0 ± 29,3 (melhora)
(17,6%).
O estudo de Chambrun et al. (2015) analisou os efeitos de Saccharomyces cerevisiae
na SII. Foi realizado, na França, um ensaio clínico controlado randomizado, duplo cego, com
200 voluntários de ambos os sexos, entre 18 e 75 anos, divididos em dois grupos: o grupo
teste com 100 voluntários, e o grupo controle com 100 voluntários. As características
observadas foram a dor abdominal, desconforto, inchaço, flatulência, a dificuldade em
defecar, bem como a frequência e consistência das fezes. Foi utilizado para o grupo teste, uma
cápsula de Sacharomyces cerevisiae CNCM I-3856 (500 mg, 8x109 UFC/g) diariamente, por
8 semanas; para o grupo controle foi utilizado o placebo com 500 mg de fosfato de Cálcio,
com mesma forma e tempo de administração. Os resultados apontam que o probiótico S.
cerevisiae CNCM I-3856 (500 mg/dia), foi bem tolerado e diminuiu as pontuações de dor e
desconforto abdominal sem alterar a frequência e consistência das fezes.
O estudo de Han et al. (2017) analisou a eficácia de probióticos de revestimentos
duplo para SII. Foi realizado na Coreia, um ensaio clínico randomizado, duplo cego,
controlado por placebo, com 50 voluntário, de ambos os sexos, entre 19 e 65 anos, divididos
em dois grupos paralelos (grupo teste e grupo controle) com 25 indivíduos cada. As
características observadas foram o índice de gravidade de distúrbio funcional do intestino
(FBDSI), o alívio adequado da dor e do desconforto, a frequência, consistência e facilidade de
passagem das fezes, a dor, desconforto e distensão abdominal, a flatulência e o muco nas
fezes, a escala de Bristol e o Inventário de depressão. Foi utilizado, para o grupo teste, uma
cápsula de Duolac Care (contendo 5 bilhões de cepas Lactobacillus acidophilus, L.
plantarum, L. rhanosus, Bifidobacterium breve, b. lactis, b. longum, e Streptococcus
thermophilus), duas vezes ao dia (2 horas após as refeições), por um período de 4 semanas;
para o grupo teste foi utilizado o placebo contendo probióticos do mesmo gênero bacteriano,
embalado nas mesmas cápsulas, mas não revestido, e administrado da mesma forma do
probiótico. Os resultados apontam um efeito satisfatório na morfologia das fezes e sintomas
de SII, incluindo a redução do inchaço, da urgência e do muco nas fezes.
O estudo de Oh et al. (2019) analisou a eficácia e segurança de novos probióticos de
lactobacilos para SII não constipado. Foi realizado, na Coréia, um ensaio randomizado, duplo
cego, controlado por placebo, com 50 voluntários de ambos os sexos, entre 19 e 60 anos,
divididos em dois grupos: um grupo tratamento com 26 voluntários e um grupo teste com 24
voluntários. As características observadas foram dor e distensão abdominal, frequência
alterada e consistência das fezes, bem como, a escala visual analógica (VAS) e a Escala de
Bristol. Para o grupo controle, foi utilizado uma cápsula de Foodis Lactobacillus contendo
109 UFC (proporção de cepas e Foodis Lactobacillus foi 5:4:1 para L. salivarius, L.
plantarum e L. paracasei), uma vez ao dia, por 4 semanas. Para o grupo placebo as cápsulas
continham apenas o excipiente (azeite de oliva e óleo de pinho). Os resultados apontam que a
mistura de lactobacilos foi eficaz no alívio global dos sintomas de SII, bem como no alívio da
dor abdominal sem eventos adversos. Além disso, as pontuações medianas da Escala Visual
Analógica das fezes (VAS) foram melhores no grupo tratamento do que no grupo placebo
durante o período de estudo de 4 semanas.
O estudo de Lyra et al. (2016) analisou como a melhora gravidade dos sintomas da SII
é proporcional ao uso dos probióticos. Foi realizado na Finlândia um ensaio clínico
randomizado, triplo cego, controlado por placebo, com 391 voluntários (investigadores e
estatísticos), de ambos os sexos, com idade entre 18 e 65 anos, dos quais 131 compunham o
grupo placebo, 129 o grupo teste para dose baixa e 131 o grupo teste para dose alta. As
características observadas foram o peristaltismo intestinal, a consistência das fezes e a Escala
de Bristol e o SII-SSS, (que é uma pontuação composta de dor abdominal, número de dias
com dor abdominal). Foi utilizado uma cápsula diária de Lactobacillus acidophilus NCFM
(ATCC 700396) contendo 109 ou 1010 UFC, com celulose microcristalina como excipiente ou
celulose microcristalina como placebo, por um período de 12 semanas. Os resultados apontam
que o SII-SSS melhorou ao longo de 12 semanas de tratamento em todos os grupos
tratamento. Em uma análise dos voluntários com dor abdominal moderada e intensa no início
(VAS > 35/100), viu-se que o tratamento reduziu significativamente a sensação de dor
abdominal. Os escores de dor caíram: 20,8 ± 22,8; 29,4 ± 17,9 e 31, 2 ±21,9 no placebo, dose
baixa ativa e grupos de dose alta ativo respectivamente (valor P para placebo vs doses ativas
combinadas = 0,0460). Os escores de QV que correspondem a sintomas de gravidade
moderada no início do estudo, tevecomo resultado gravidade leve dos sintomas no fim do
tratamento, em todos os grupos.
O estudo de Stevenson et al. (2019) analisou o efeito probiótico e a relação dietéticas
no perfil da microbiota fecal na SII. Foi realizado, na África do Sul, um ensaio clínico
randomizado, duplo cego, com 52 voluntários (51 mulheres e apenas um homem), entre 18 e
75 anos), dos quais 19 pacientes apresentavam D-SII, predominância de diarreia; 16 pacientes
com C-SII, predominância de constipação); 17 pacientes do grupo placebo. As características
observadas foram o escore de severidade de Francis (FSS) e o questionário validado para
avaliar a gravidade dos sintomas gastrointestinais. Foi utilizado para o grupo teste 2 cápsulas
diariamente de 5x109 UFC de Lactobacillus plantarum 299v, durante 12 semanas; para o
grupo placebo as cápsulas utilizadas foram preenchidas com pó de celulose microcristalina
(teor médio de 256 mg por cápsula), com mesma forma e período de administração. Os
resultados observados apontam que o perfil de Lactobacillus plantarum na linha de base
foram significativamente diferentes entre C-SII e D-SII (-0,956 ± 1, 239 vs. -1.700 ± 1, 239;
p=0,024). Não houve mudança significativa nas contagens bacterianas após a conclusão do
ensaio e após o período de eliminação entre os grupos. em ambos os grupos, houve
correlações diretas significativas entre fibra e L. plantarum e correlações inversas entre fibra e
Bacteroides spp. Não houve diferença no escore de gravidade (FSS) entre os grupos de
tratamento e placebo durante o estudo. O probiótico não teve efeito nos sintomas e na
microbiota. Certos nutrientes se correlacionam fortemente com certos perfis bacterianos,
sugerindo que os nutrientes podem influenciar significativamente a composição da microbiota
gastrointestinal.
O estudo de Niv et al. (2016) analisou o efeito de PHGG no tratamento de pacientes
com SII. Foi realizado em Israel um ensaio clínico randomizado, duplo cego, controlado por
placebo, com 108 pacientes de ambos os sexos, entre 18 e 77 anos, dos quais 49 compunham
o grupo tratamento e 59 o grupo placebo. As características observadas foram a consistência e
movimento intestinal, a gravidade clínica dos sintomas de IBS analisadas a partir do escores
de Francis (FSS) e a pontuação da qualidade de vida. Foi utilizado para o grupo tratamento
um sachê de PHGG em uma dosagem de 3g diários para os primeiros sete dias e, de 6g diários
nas 11 semanas seguintes; para o grupo placebo foi utilizado maltodextrina na mesma
dosagem e tempo de administração. Os resultados apontam que a administração de PHGG por
12 semanas levou uma melhora significativa da pontuação de inchaço (-4,1 ± 13,4 vs. -1,2 ±
11,9, p =0,03), bem como na pontuação de gases (-4,3 ± 10,4 vs. -1,12 ± 10,5, p. 0,035). O
efeito durou pelo menos 4 semanas após a última administração de PHGG. O PHGG não teve
efeito sobre a qualidade de vida. Não houve efeitos colaterais significativos associados à
ingestão de PHGG.
O estudo de Pinto-Sanchez et al. (2017) analisou os efeitos do probiótico
bifidobacterium longum na redução dos escores de depressão e na alteração da atividade
cerebral em pacientes com SII. Foi realizado no Canadá um estudo randomizado duplo-cego,
controlado por placebo, com 44 voluntários, de ambos os sexos, entre 26 e 58 anos, dos quais
22 fazem parte do grupo tratamento e 22 do grupo placebo. As características observadas
foram os escores de ansiedade e depressão (HAD), o inventário de ansiedade traço-estado
(IDATE), as pontuações de qualidade de vida, o alívio global adequado e sintomas de SII e a
avaliação nos padrões de ativação cerebral. Foi utilizado para o grupo teste um sachê de
bifidobacterium langum NCC3001 (BL, 1,0E + 10 UFC) na proporção de 1g com
maltodextrina diluído em 100 e 200 mL de leite zero lactose ou leite vegetal, uma vez por dia,
durante 6 semanas; para o grupo placebo, foi utilizado um sachê de 1g maltodextrina durante
6 semanas. Os resultados apontam que a B. longum NC3001 teve efeito benéfico em
comorbidades leves a moderadas em relação a depressão e melhorou temporariamente os
sintomas gerais de SII e qualidade de vida. No entanto, não houve melhora em sintomas
intestinais individuais.
O estudo de Hod et al. (2018) analisou o efeito de um probiótico multiespécie na
composição da microbiota em pacientes com SII com diarreia. Foi realizado em Israel um
ensaio clínico randomizado duplo cego, controlado por placebo, com 107 pacientes mulheres,
entre 18 e 70 anos, das quais 54 fazem parte do grupo tratamento e 53 do grupo placebo. Foi
utilizado para o grupo tratamento uma cápsula BIO-25 (L. rhaamnosu, L casei, L. paracasei,
L. plantarum, L. acidophilus, B. bifidum, B. longum, B. breve, B. infantis, S. thermophilus, L.
bulgaricus e L. lactis), 2 vezes ao dia no período de 8 semanas; para o grupo placebo, foi
utilizado uma cápsula idêntica contendo apenas o material inerte composta de celulose. Os
resultados apontam que o BIO-25, comparado ao placebo, não resultou em mudanças na
diversidade microbiana, exceto para maiores proporções relativas de Lactobacillus no grupo
Bio-25 (p = 0,02). Os respondedores sintomáticos ao BIO-25 mostraram uma redução na
proporção da Bilophila (p = 0,003) pós-tratamento. Pacientes com alterações benéficas de
marcadores inflamatórios tinham maiores proporções basais de Faecalibacterium (p = 0,03),
Leuconostoc (p = 0,03), Odoribacter (p = 0,05) em comparação com os não respondedores
correspondentes. Os pacientes com um microbioma mais ameno no início do estudo teve
melhor resposta ao tratamento.
O estudo de Thijssen et al. (2016) analisou a eficácia do Lactobacillus casei Shirota
para pacientes com SII. Foi realizado na Holanda um ensaio randomizado duplo-cego,
controlado por placebo, com 80 pacientes de ambos os sexos, com idade entre 18 e 65 anos,
divididos em dois grupos: grupo tratamento com 39 pacientes e grupo placebo com 4
pacientes. As características observadas foram o diário de sintomas e a qualidade devida. Foi
utilizado 65 mL de probiótico Lactobacillus casei Shirota (LsC) (6,5 x 109 UFC) ou o
placebo, 2 vezes ao dia durante 8 semanas. Os resultados apontam que não foi observada
melhora significativa nos sintomas de constipação e diarreia entre o grupo tratamento e
placebo (média ± DP: 34 ± 7%; 13 ± 8%, p = 0,06), durante e após o período de intervenção.
O estudo de Yoon et al. (2014) analisou o efeito dos probióticos miltiespécies na SII.
Foi realizado, na Coréia do Sul, um ensaio randomizado duplo cego, controlado por placebo,
com 49 pacientes de ambos os sexos, entre 19 e 75 anos, dos quais 25 são do grupo de
tratamento e 24 são do grupo placebo. As características observadas foram a intensidade da
dor, o desconforto e distensão abdominal, a frequência e consistência das fezes e a escala de
Bristol. Foi utilizado para o grupo tratamento uma cápsula de 500 mg de LacClean Gold-S
multiespécies (mistura de Bifidobacterium longum, B. bifidum, B. lactis, Lactobacillus
acidophilus, L. rhamnosus, e Streptococcus thermophilus), duas vezes ao dia, por um período
de 4 semanas; para o grupo placebo foi utilizado uma cápsula de 500 mg, contendo
maltodextrina administrada na mesma quantidade e tempo do grupo tratamento.

3. Doença Inflamatória Intestinal (DII)

DII é o nome geral de uma inflamação crônica complexa que pode afetar todo o trato
digestivo, incluindo a doença de Crohn (CD) e a colite ulcerativa (UCR) (Orel; Trop, 2014).
Essas doenças têm etiologia multifatorial com contribuições ambientais, genéticas e
imunológicas (Marion-Letellier et al., 2016). A resposta imune prejudicada a microrganismos
intestinais em indivíduos geneticamente predispostos pode desempenhar um importante fator
na gênese dessas patologias (Orel; Trop, 2014).
Os dez ensaios clínicos selecionados sobre DII apresentam as seguintes características
gerais:
O estudo de Shadnoush et al. (2015) analisou o efeito dos probióticos na microbiota
intestinal em pacientes com DII. Foi realizado no Irã, um ensaio clínico duplo-cego,
controlado por placebo, com 260 participantes de ambos os sexos, dos quais 86 faziam parte
do grupo tratamento, 90 faziam parte do grupo placebo e 84 pacientes saudáveis no grupo
controle. Foi utilizado para o grupo tratamento, 250g diários de iogurte probiótico por 8
semanas, contendo Lactobacillus acidophilus La-5 e Bifidobacterium animalis BB-12 (106
UFC/g de iogurte); para o grupo placebo, foi utilizado 250g diários de iogurte sem probióticos
durante 8 semanas; para o grupo controle foi utilizado 250g diário de iogurte probiótico
durante 8 semanas. Todos os participantes foram orientados a manter seu estilo de vida
prévio. Os resultados apontam que houve melhora da função intestinal com aumento do
número de Lactobacillus e Bifidobacterium, e diminuição na concentração de Bacteroides no
intestino e cólon no grupo DII em tratamento com o iogurte probiótico. Não foram relatados
efeitos adversos durante o período de tratamento com os probióticos.
O estudo de Bjarnason et al. (2019) analisou o efeito de um probiótico de múltiplas
cepas em pacientes com colite ulcerativa assintomática e doença de Crohn. Foi realizado no
Reino Unido, um ensaio clínico unicêntrico randomizado duplo-cego, controlado por placebo,
com 143 pacientes de ambos os sexos, entre 18 e 70 anos divididos em 4 grupos: Grupo RCU
– tratamento 40 pacientes e placebo 41 pacientes; Grupo DC – tratamento 33 pacientes e
placebo 29 pacientes. Foi utilizado para os grupos tratamento 1 mL/kg todas as manhãs em
jejum durante 4 semanas de probiótico Symprove Ltd, é um suplemento alimentar que contém
4 cepas de bactéria de ocorrência natural: Lactobacillus rhamnosus NCIMB 30174,
Lactobacillus plantarum NCIMB 30173, Lactobacillus acidophilus NCIMB 30175 e
Enterococcus faecium NCIMB 30176 em uma suspensão à base de água, de extrato de
cevada, com cada 50mL/dose contendo cerca de 10 9 bactérias vivas; para os grupos placebos
foi utilizado um líquido idêntico na aparência e sabor contendo água. Administrado da mesma
forma e pelo mesmo período. Os resultados apontam que não foram observadas mudanças
significativas na qualidade de vida dos pacientes, quando comparada ao placebo. Nenhuma
mudança significativa foi observada nos exames bioquímicos. Houve diminuição da
inflamação intestinal apenas em pacientes com RCU, observada após análises post-hoc das
mudanças sequenciais na calprotectina fecal. Não foram relatados efeitos adversos.
O estudo de Yilmaz et al. (2019) analisou o efeito da administração de kefir na
microbiota fecal e nos sintomas de DII. Foi realizado na Turquia, um ensaio clínico
randomizado, aberto, prospectivo, unicêntrico, com 45 pacientes de ambos os sexos, entre 19
e 68 anos, dos quais 25 no grupo tratamento e 20 no grupo controle. Foi utilizado 400 mL,
duas vezes ao dia Kefir (contendo 2,0 x 10 10 UFC/mL de Lactobacillus viáveis), durante 4
semanas. O grupo controle não consumiu placebo porque não foi viável preparar m produto
controle com sabor e textura semelhante aos do Kefir. Os resultados apontam que houve
redução significativa nos níveis de PCR nos pacientes com DC (p = 0,015). A quantidade de
Lactobacillus nas fezes de todos os pacientes ao final do tratamento variou entre 10 4 e 109,
sendo considerada significativa. Foi observado, ainda, redução nos escores de dor abdominal
e inchaço no grupo tratamento, quando comparado ao controle. De um modo geral, houve
modulação da microbiota intestinal com o consumo de Kefir e melhora da qualidade de vida
dos pacientes em curto prazo. Não foram relatados efeitos adversos durante o período de
tratamento com os probióticos
Bourreille et al. (2013) analisou que a Saccharomyces boulardii não impede a recidiva
de DII. Foi realizado na França um estudo prospectivo, randomizado duplo-cego e controlado
por placebo, com 165 pacientes de ambos os sexos, dos quais 84 fazem parte do grupo
tratamento e 81 do grupo placebo. Foi utilizado 1g/dia de Sccharomyces boulardii (levedura
probiótica não patogênica), durante 52 semanas. Os resultados apontam que, embora bem
tolerada, não mostrou nenhum efeito benéfico como uma terapia preventiva em pacientes com
DII moderadamente grave.
Tamaki et al. (2016) analisou a eficácia do tratamento probiótico em bifidobacterium
longum para indução de remissão na DII. Foi realizado no Japão, um ensaio clínico
milticêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, com 56 pacientes, de ambos
os sexos, dos quais 28 compunham o grupo tratamento e 28 o grupo placebo. Foi utilizado,
para o grupo controle o probiótico (2-3x1011 Bifidobacterium longum BB536 viável
liofilizado), 3 vezes ao dia, durante 8 semanas; para o grupo placebo, foi utilizado dextrina da
mesma forma e tempo de administração. Os resultados apontam que houve redução nos
escores de atividade da doença no grupo tratamento, mas as diferenças não foram
significativas quando comparadas ao grupo placebo. Além disso, ocorreu melhora nos
sintomas clínicos e achados endoscópicos em pacientes japoneses com RCU leve a moderada.
Não foram relatados efeitos adversos graves ao longo do tratamento.
O estudo de Matsuoka et al. (2018) analisou o efeito do leite fermentado por
bifidobacterium breve na manutenção da remissão da DII. Foi realizado no Japão um estudo
multicêntrico, randomizado, controlado por placebo, duplo-cego de grupos paralelos, com 192
participantes de ambos os sexos, entre 20 e 70 anos, dos quais 97 faziam parte do grupo
tratamento e 95 do grupo controle. Foi utilizado, para o grupo tratamento 100mL por dia de
Yakult, contendo Bifidobacterium breve (10 bilhões de bactérias) e Lactobacillus acidophilus
(1 bilhão de bactérias) por 48 semanas; para o grupo placebo foi utilizada uma bebida
energética idêntica ao do tratamento, na mesma dosagem e tempo. Os resultados apontam que
o tratamento com o probiótico não apresentou efeito sobre o tempo de recidiva em pacientes
com colite ulcerativa, bem como nas pontuações da escala Sutherland DAI, incluindo
frequência das fezes, sangramento retal e avaliação médica da atividade da doença em
comparação ao placebo.
O estudo de Wildt et al. (2011) analisou o efeito dos probióticos na manutenção e
remissão da DII. Foi realizado na Dinamarca um estudo randomizado, duplo-cego, controlado
por placebo, com 32 pacientes, de ambos os sexos entre 23 e 68 anos, dos quais 20 são do
grupo tratamento e 12 do grupo placebo. Para o grupo tratamento foi utilizado 2 cápsulas, 3
vezes ao dia, durante 52 semanas de Probio-Tec AB-25, uma mistura de L. acidophilus cepa
LA-5 e B. animalis lactis estirpe BB-12; para o grupo placebo não foi especificado o que foi
utilizado, mas apenas mencionado que era idêntico em aparência, tamanho e sabor. Os
resultados apontam que as doses e cepas bacterianas usadas, mostraram menos recaídas e
períodos de remissão mais longos no grupo tratamento, mas as diferenças não foram
estatisticamente significativas. Porém, o estudo ficou limitado estatisticamente devido ao
tamanho pequeno do grupo placebo e uma taxa de recaída maior do que o esperado. Portanto,
os resultados deste estudo não podem excluir o Probio-Tec AB-25 como sendo melhor que o
placebo para manter a remissão na RCU. Além disso, a eficácia dos probióticos pode variar de
acordo com a extensão da colite.
O estudo de Yasueda et al. (2016) analisou o efeito de Clostridium utyricum na
prevenção de bolsite e alteração do perfil da microbiota em pacientes com DII. Foi realizado
no Japão um estudo randomizado e controlado por placebo, com 17 pacientes de ambos os
sexos, dos quais 9 no grupo tratamento e 7 no grupo placebo. Foi utilizado para o grupo
tratamento 3 comprimidos diários, por 24 meses, de MIYA-BM (Miyarisan Pharmaceutical)
com 20g de Clostridium butyricum; para o grupo placebo foi utilizado lactose, mesma forma e
tempo de administração. Os resultados apontam que a terapia probiótica com CBM alcançou
resultados favoráveis com efeitos colaterais mínimos e pode ser uma terapia complementar
útil para a prevenção de bolsite em pacientes com RCU que foram submetidos a IPAA.
O estudo de Preter et al. (2013) analisou o perfil metabólico do impacto da inulina
enriquecida com oligofrutose em pacientes com DII. Foi realizado na Bélgica ensaio duplo-
cego randomizado controlado por placebo, com 56 pacientes de ambos os sexos, entre 30 e 51
anos, dos quais 31 compunham o grupo tratamento e 25 o grupo placebo. Foi utilizado no
grupo tratamento 10g de probiótico OF-IN (ORAFTI Synergy-1, mistura de inulina e
oligofrutose), duas vezes ao dia, por 4 semanas; para o grupo placebo foi utilizado
maltodextrina na mesma dose e tempo. Os resultados apontam que houve um aumento
significativo no número de B. longum no grupo tratamento, com diminuição de R. gnavus.
Além disso, uma correlação positiva entre melhora na atividade da doença e aumento no
número de B. longum foi encontrada e pacientes que receberam OF-IN. No grupo placebo,
nenhuma mudança significativa na microbiota ou na atividade clínica foi encontrada após a
intervenção de 4 semanas. A modulação na composição da microbiota intestinal repercutiu,
também, no aumento das concentrações de butirato, que exibe propriedades
imunomoduladoras e antiinflamatórias. Elevação na produção de acetaldeído também foi
observada no grupo tratamento. Houve efeito adverso em 10 pacientes do grupo tratamento e
3 do grupo placebo, mas não foi especificado.

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