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2. Tipos de montagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1 Alternada por segmento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2 Direcionada por grupamento muscular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3 Localizada por articulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.4 Mista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3. Métodos de treinamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1 Circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Múltiplas séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3 Piramidal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
TREINAMENTO DE FORÇA: MONTAGEM
E MÉTODOS DE TREINAMENTO
O treinamento resistido já vem sendo praticado há milhares de anos pelo homem. Conta a lenda
que Milon de Crotona (Figura 1) costumava levar um bezerro nas costas enquanto praticava longas
corridas pela Grécia. À medida que o bezerro ia crescendo, sua força também crescia. Na verdade,
o grego estava trabalhando com o que hoje conhecemos como princípio da sobrecarga.
Hadim/StrongLifts (2018).
Descrição: O treinamento resistido na Grécia Antiga.
Palavras-chave: Sobrecarga; Milon de Crotona; Grécia.
Já na Segunda Guerra Mundial, o treinamento com pesos foi utilizado para reabilitação de
soldados feridos e fez bastante sucesso. Naquela época, ele também era utilizado para aumentar
o rendimento esportivo de atletas competitivos.
Nos anos 1970 e 1980, por sua vez, os termos “treinamento de força” e “treinamento com pesos”
deram lugar ao termo “musculação”, muito praticado por fisiculturistas interessados no aumento
de massa muscular (hipertrofia). De lá para cá, a ciência evoluiu e, com isso, a musculação passou
a ter sua aplicação de forma mais abrangente. A Figura 2 mostra como, atualmente, a musculação
é empregada.
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Figura 2 - Aplicação da musculação atualmente
Musculação
javi_indy/freepik.com (2019).
sergeycauselove/freepik.com (2019).
pressfoto/freepik.com (2019).
Iyashenko/freepik.com (2019).
Descrição: Diferentes empregos da musculação na atualidade, como na saúde, competição, reabilitação e estética.
Palavras-chave: Musculação; Aplicação; Saúde; Competição.
Os primeiros órgãos que lançaram guidelines a respeito do assunto foram o Faculdade Americana
de Medicina Esportiva (ACSM) e o Centro de Controle de Doenças (CDC), em 1995. No entanto, foi
apenas em 2011 que uma recomendação mais robusta sobre a musculação foi publicada. O Quadro 1
mostra como foi essa evolução.
Recomendação de exercícios
Órgão e ano de lançamento
resistidos (musculação)
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Recomendação de exercícios
Órgão e ano de lançamento
resistidos (musculação)
Diante disso, hoje temos o embasamento necessário quando se fala em ciência do exercício
resistido e/ou musculação, sendo possível reconhecer quais são as principais variáveis a se
considerar para um controle seguro na prescrição do treinamento com pesos.
Desse modo, a primeira coisa que deve ser considerada na prescrição do treinamento com pesos
é o nível de condicionamento do indivíduo. Segundo o ACSM (2011), podemos dividir o praticante
da musculação em três níveis:
a) iniciante: normalmente, o iniciante é aquele que possui até seis meses de experiência com
o treinamento resistido. Sugere-se que o treinamento seja realizado de duas a três vezes
na semana, com treino único. Recomenda-se, ainda, que se trabalhe de uma a três séries
com 8-12 repetições e cargas em torno de 70% a 85% de uma repetição máxima (1RM). O
treino deve ser único e incluir exercícios para os principais grupamentos musculares;
b) intermediário: nesse nível, o indivíduo tem seis meses a um ano de experiência com o
treinamento. Aqui, ainda recomenda-se trabalhar de 8-12 repetições com cargas entre 70% a
85% de 1RM. Apesar de haver algumas divergências nesse nível, sugere-se inserir de quatro
a nove séries por grupamento muscular por sessão de treino. A divisão de treino deve ser
baseada em A/B com treinos realizados de três a quatro vezes na semana;
c) avançado: o avançado possui, no mínimo, um ano de experiência com a musculação (de
forma ininterrupta). Aqui, o ideal para potencializar a hipertrofia é realizar treinos até a falha
(quando possível) com 9-16 séries por grupamento muscular por sessão de treino. A divisão
deve ser baseada em A/B/C com treinos realizados de cinco a seis vezes na semana.
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Para ficar mais claro como dividir o treinamento, basta pensar que, conforme vamos ganhando
experiência e regularidade, o volume de treino vai subindo (em termos de séries, repetições e
exercícios). Dessa forma, torna-se interessante dividirmos o treinamento em partes (chamamos
isso de parcelamento de treino). Existem diversos tipos de divisão para o treinamento, porém,
antes de nos debruçarmos sobre isso, iremos verificar o que não pode faltar em uma planilha de
treinamento na musculação.
a) grupamento muscular solicitado: qual o músculo alvo que queremos trabalhar é uma das
primeiras coisas que devemos pensar quando nos referimos à elaboração da planilha de
treino na musculação. Ainda existe a lenda de que existem grandes e pequenos grupamentos
musculares. Porém, nos vídeos das aulas, veremos que esse conceito é ultrapassado. Na
verdade, devemos pensar em principais grupamentos musculares e não em músculos
grandes e pequenos, haja vista que o músculo não tem tamanho, e sim, cumpre função.
Os principais grupamentos musculares são: peitoral, dorsais, coxa (músculos posteriores
e anteriores), tríceps, bíceps, deltoides, músculos da perna e região do core;
b) séries x repetições: é por meio das séries e das repetições que conseguimos calcular o volume
de treino. Imaginemos que determinado exercício contenha três séries de 12 repetições.
Sendo assim, basta apenas multiplicar 3 x 12 e teremos 36 movimentos executados. Com
isso, conseguimos calcular (e até mesmo equalizar) o volume de treino em uma sessão,
semana e até mesmo mês de treino;
c) carga: diz respeito ao peso levantado. Normalmente se dá em quilos ou libras. Na prática,
pode ser expresso por meio da percepção subjetiva de esforço ou pelo percentual de 1RM.
O Quadro 2 diz respeito à escala de percepção subjetiva de esforço OMNI-RES:
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Quadro 2 - Quadro de percepção subjetiva de esforço OMNI-RES
10
9
8 Extremamente
7 difícil
6 Difícil
5
4 Relativamente
3 difícil
2 Relativamente
1 fácil
0 Fácil
Extremamente
fácil
2 Easy Fácil
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d) pausa: diz respeito ao intervalo de recuperação entre os estímulos. Em geral, acredita-se
que tempos de pausa entre um a dois minutos sejam suficientes para uma boa recuperação.
Porém, como não existe consenso na literatura sobre tal questão, considere essa informação
com muita cautela.
Agora que já vimos as principais variáveis a serem incluídas em uma planilha de treino, chegou
a hora de falar sobre divisão de treino. Para facilitar o entendimento, a divisão será separada de
acordo com o nível de condicionamento.
Conforme já mencionado, não existe divisão de treino para o iniciante. Nesse caso, recomenda-
se trabalhar com treino único de duas a três vezes na semana. No Quadro 4, vemos duas opções
de treino (treino seg./qua./sex. ou treino ter./qui.).
Treino Treino
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Exercício Serie x reps. x carga
O intermediário pode ter a divisão baseada em A/B, com treinos quatro vezes na semana (o
ideal). Porém, é possível também que o treino seja feito três vezes na semana em esquema de rodízio
(semana 1 e 3 - A/B/A; semana 2 e 4 - B/A/B). Para facilitar o entendimento, vejamos, no Quadro 6,
uma sugestão contendo os grupos musculares, e nos Quadros 7 e 8, os exercícios.
Bíceps Bíceps
Ombro Ombro
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Seg. Ter. Qua. Qui. Sex.
Remada baixa
Press inclinado Press inclinado
aberta
Gêmeos Gêmeos
Mesa flexora
sentado sentado
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Quadro 8 - Sugestão de treino A/B com 3 x 8-12 reps., 7-8 OMNI
Rosca
Pulley corda Rosca martelo Pulley corda
martelo
Elevação Elevação
Leg press Leg press
lateral lateral
Gêmeos Gêmeos
Mesa flexora Mesa flexora
sentado sentado
Os avançados, por terem muito volume pela frente, devem treinar seis vezes na semana (idealmente).
Dessa forma, os quadros 9 a 12 demonstram um exemplo de divisão de treinamento para avançados
em A/B/C. Na prática, a divisão ficaria, mais ou menos, assim: segunda e quinta-feira – treino A;
terça e sexta-feira – treino B; quarta-feira e sábado – treino C. Nesse caso, poderíamos também
dividir a parte de coxa em posterior e anterior para agradar às mulheres. Aqui, não iremos entrar no
mérito se essa é uma divisão correta ou não. Lembre-se: muitas vezes fazer o que deve ser feito pode
ajudar o aluno/cliente a manter a aderência com maior facilidade e felicidade. Independentemente
do que escolher, treinos até a falha são recomendados nesse nível de treinamento, haja vista que
o volume é o principal responsável pela hipertrofia muscular. O Quadro 10 engloba dois exemplos
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de divisão: homens (primeira divisão) e mulheres (segunda divisão). Já nos quadros 10 e 11 há uma
divisão por gênero (Quadro 10 – treino para homens; Quadro 11 - treino para mulheres). O quadro
12, por fim, apresenta uma segunda possibilidade para as sugestões do quadro 11.
Perna Perna
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Quadro 11 - Sugestão de treinos para avançados; três a quatro séries até a falha
Testa Testa
Rosca Rosca
com Adutora com Adutora
direta w direta w
barra barra
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Quadro 12 - Sugestão de treinos para avançados; três a quatro séries até a falha (exemplo 2)
Mesa Mesa
Leg press Glúteo máquina Leg press Glúteo máquina
flexora flexora
Cadeira Cadeira
Stiff Glúteo chute Stiff Glúteo chute
extensora extensora
Gêmeos em pé Gêmeos em pé
Por fim, quando o assunto for divisão de treino, recomenda-se usar o bom senso, sempre.
2. TIPOS DE MONTAGEM
As montagens de treinamento envolvem a forma na qual o treino será estruturado, sendo que
cada montagem tem suas regras próprias. Isso não quer dizer, no entanto, que adaptações não
possam ser feitas. Lembre-se de que o treinamento deve ser feito de forma responsável em cima
dos objetivos de cada cliente (UCHIDA et al., 2013).
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2.1 Alternada por segmento
A montagem alternada por segmento é utilizada, por exemplo, em trabalhos circuitados para
iniciantes. Isso ocorre pelo fato de a sequência de exercícios ser feita utilizando diferentes grupamentos
musculares, alternando-os.
Essa alternância, por sua vez, permite maior intervalo entre os músculos trabalhados, assim
como das articulações. Como exemplo, podemos trabalhar membros superiores, região central do
corpo, membros inferiores e repetir a sequência. O exemplo abaixo ilustra a situação:
• peito;
• coxa;
• abdômen;
• dorsais;
• coxa;
• abdômen.
Neste tipo de montagem, a intenção é a de levar o músculo até a fadiga por meio do aumento
na carga mecânica. Por esse motivo, recomenda-se dirigir os exercícios que trabalhem a mesma
musculatura de forma sequencial e, após iniciar o trabalho para outro grupamento muscular, não
retornar mais àquele anteriormente estimulado. O exemplo do Quadro 13 ilustra essa situação.
Repare que a divisão do treino em A/B se faz necessária para poder utilizar a montagem direcionada
por grupamento muscular de forma lógica.
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Quadro 13 - Divisão do treino em A/B
TREINO A TREINO B
Peito Dorsais
Peito Dorsais
Tríceps Bíceps
Tríceps Bíceps
Ombro Coxa
Esta montagem pode ser organizada de duas formas: agonista/antagonista e completa. Vejamos
cada uma delas.
Peito
Costas
Coxa (anterior)
Coxa (posterior)
Tríceps
Bíceps
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b) Completa: estimula todos os movimentos realizados por determinada articulação.
Encontramos, no Quadro 15, um exemplo disso, baseado na articulação do ombro.
Abdução de ombro
Extensão de ombro
Flexão de ombro
2.4 Mista
3. MÉTODOS DE TREINAMENTO
Como dito, existem centenas de métodos de treinamento. Aqui, veremos três métodos, com
exemplos de como montar treinos em cima deles. Os exemplos englobam um praticante iniciante
com divisão de treino único. Uma coisa importante para lembrarmos é que, para não deixar o treino
monótono, a rotina de exercícios deve ser alterada mensalmente.
Somente após três a seis meses, o treino deve ser dividido em A/B para que o aluno/cliente não
seja surpreendido por aumentos abruptos no volume. Lembre-se: o iniciante é sensível às rotinas de
treinamento e sente muita dor de início tardio. Como ninguém gosta de sentir dor, fica aqui a dica.
Outro ponto a se considerar quando formos trabalhar com os métodos de treino é a quantidade
de exercícios. De forma geral, treinos para iniciantes devem ter um exercício para cada um dos
principais grupamentos musculares, enquanto que em treinos para intermediários (divisão A/B),
recomenda-se trabalhar com dois exercícios para peito e dorsais, por exemplo, e dois exercícios
para ombro, tríceps e bíceps. Para a coxa, dois exercícios para a parte anterior e dois para a parte
posterior também é uma boa pedida.
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Quando falamos em avançados, recomenda-se inserirmos de três a quatro exercícios para
peito e dorsais (ou, às vezes, até mais, dependendo do método que será utilizado) e dois a três para
ombro, tríceps e bíceps. Para a coxa, pode-se utilizar três exercícios com ênfase na região anterior
e o mesmo número para a região posterior. Essas informações são complementares às vistas na
parte de divisão de treino.
Tendo isso claro, a seguir, você verá progressões de treino em três métodos: o circuito, o método
de múltiplas séries e o piramidal.
3.1 Circuito
Este método é aplicado em vários momentos da vida do praticante. Baseia-se em vários exercícios
sem intervalos ou com intervalos de poucos segundos. O praticante também pode realizar mais
de uma passagem por circuito. Tradicionalmente, as cargas são leves (40 a 60% de 1RM), mas
recomenda-se trabalhar segundo as recomendações do ACSM (2011) e utilizar cargas entre 70 a
85% de 1RM. As repetições podem ficar entre oito a 12.
O número de exercícios (estações) fica entre seis a 15. Apenas use o bom senso para evitar
circuitos muito longos (normalmente, oito a dez exercícios são suficientes). O número de passagens
(quantas vezes o aluno/cliente passará por cada exercício) deve ficar entre um a três. A pausa
entre os exercícios/estações pode variar de 20 a 40 segundos e de três a cinco minutos entre as
passagens. Um modelo pode ser visto no Quadro 16 (S.I. refere-se a um treino sem intervalos).
Série/
Grupo muscular Exercícios Pausa Carga
repetições
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Série/
Grupo muscular Exercícios Pausa Carga
repetições
O circuito ainda pode ser misto, quando o treino aeróbio é inserido entre os exercícios. Existem
diversas formas de fazermos isso, mas normalmente colocar três minutos de esteira/bike ou transport
a cada três exercícios é uma boa pedida. No Quadro 17, pode-se ver um modelo de como fazer isso.
Séries/
Grupo muscular Exercício Pausa Carga
repetições
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Séries/
Grupo muscular Exercício Pausa Carga
repetições
Neste método, recomenda-se, para o agrupamento muscular, mais de uma série. Quanto ao
número de séries específicas, as variações devem ser de acordo com o objetivo. Os exemplos
demonstrados anteriormente já abordaram esse método.
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3.3 Piramidal
O método piramidal é interessante para quem quer aumentar a força muscular (piramidal
crescente). Isso pode ser uma boa ideia quando falamos em alunos e clientes com pouca experiência
no treinamento com pesos. No Quadro 18, é possível verificarmos um exemplo de método piramidal.
Grupo Séries/
Exercício Pausa Carga
muscular repetições
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HADIM, M. How to Bench Press with Proper Form: The Definitive Guide. StrongLifts, [s. l.], 11 nov.
2018. Disponível em: https://stronglifts.com/bench-press/. Acesso em: 23 ago. 2019.
ROBERTSON, R. J. et al. Concurrent validation of the OMNI perceived exertion scale for resistance
exercise. Med. Sci. Sports Exerc., v. 35, n. 2, p. 333-341, 2003.
UCHIDA, M. C. et al. Manual de musculação. 7. ed. São Paulo: Phorte Editora, 2013.
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