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CUIDADOS ESPIRITUAIS AO PACIENTE quando cuidado e fé andam juntos

Book · January 2023

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3 authors:

Gina Andrade Abdala Maria Dyrce Dias Meira

102 PUBLICATIONS   230 CITATIONS   


Centro Universitário Adventista de São Paulo
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Allan Novaes
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CUIDADOS
ESPIRITUAIS
AO PACIENTE
quando cuidado e fé
andam juntos

Gina Andrade Abdala


Maria Dyrce Dias Meira
Allan Macedo de Novaes
(orgs.)
CUIDADOS
ESPIRITUAIS
AO PACIENTE
quando cuidado e fé
andam juntos

Gina Andrade Abdala


Maria Dyrce Dias Meira
Allan Macedo de Novaes
(orgs.)
Presidente Divisão Sul-Americana: Stanley Arco
Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos

EAD
Presidente Mantenedora (IAE): Maurício Lima
Reitor: Martin Kuhn
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor Campus São Paulo: Afonso Ligório Cardoso
Vice-reitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor Campus Engenheiro Coelho: Carlos Alberto Ferri
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor Campus Hortolândia: Henrique Karru Romaneli
Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas
Pró-reitor de Graduação: Edilei Rodrigues Lames
Pró-reitor de Pesquisa e Desenvolvimento Institucional: Allan Macedo de Novaes
Pró-reitor de Educação a Distância: Fabiano Leichsenring Silva
Pró-reitor de Desenvolvimento Espiritual: Wendel Lima
Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Knoener

Editora Universitária Adventista

Editor-chefe: Rodrigo Follis


Coordenadora de projetos: Rhayane Storch
Comercial e vendas: Francileide Carvalho
Vendas corporativas: Julio Cesar Ribeiro
CUIDADOS
ESPIRITUAIS
AO PACIENTE
quando cuidado e fé
andam juntos

Gina Andrade Abdala


Maria Dyrce Dias Meira
Allan Macedo de Novaes
(orgs.)

1ª edição, 2022 – Engenheiro Coelho, SP

Editora Universitária Adventista


Cuidados espirituais ao paciente: quando
cuidado e fé andam juntos.
Editora Universitária Adventista

Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp 1ª edição – 2022


Engenheiro Coelho, SP CEP 13448-900 200 exemplares
Tels.: (19) 3858-5171 / 3858-5172

www.unaspress.com.br

Coordenação editorial: Davi Boechat


Revisão: Andrícia Rodrigues, Leticia Simões
Projeto gráfico e diagramação: Felipe Rocha

Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)


(Ficha catalográfica elaborada por Hermenérico Siqueira de Morais Netto – CRB 7370)

Abdala, Gina Andrade

Cuidados espirituais ao paciente: quando cuidado e fé andam juntos / Gina Andrade Abdala,
Maria Dyrce Dias Meira, Allan Macedo de Novaes. Engenheiro Coelho: Unaspress, 2022.

128 p.

Inclui questionário NCLEX, questionário sobre a saúde espiritual, segundo o estilo de vida super
saudável de Larimore & Mullins, avaliação do estilo de vida de adultos e escala de disposição
para perdoar (EDP).

ISBN (impresso) 978-65-5405-006-7


(digital) 978-65-5405-008-1

1. Enfermagem. 2. Promoção de saúde – aspectos religiosos I Título.

CDD 610.73

OP 00256
Editora associada:

Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida


a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo
em breves citações, com indicação da fonte.
Pareceristas ad hoc para a presente obra

Eliezer Fernandes Gums


Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).

Helena Brandão Viana


Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).

Jurema Ribeiro Luiz Gonçalves


Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).

Dr. Isaac Malheiros Meira Junior


Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).

Thiago da Silva Gusmão Cardoso


Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).
SUMÁRIO

PREFÁCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

PARTE 1: HISTÓRIA DA FILOSOFIA DO CUIDADO


CAPÍTULO 1
Solidariedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

CAPÍTULO 2
História e filosofia do Ocidente como
fundamento para a assistência espiritual ao cliente . . . . . . . . . . . . . . . . 17

CAPÍTULO 3
Florence Nightingale . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

CAPÍTULO 4
Necessidades espirituais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

CAPÍTULO 5
Enfermagem na comunidade de fé (ECF) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

CAPÍTULO 6
Necessidades espirituais segundo a North
American Nursing Diagnosis Association (NANDA) . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

CAPÍTULO 7
Questionários sobre religiosidade, história
espiritual do paciente e dimensão espiritual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

CAPÍTULO 8
Cuidados paliativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
PARTE 2: RELIGIOSIDADE E PROMOÇÃO DA SAÚDE
CAPÍTULO 9
Promoção da saúde em um cenário religioso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

CAPÍTULO 10
Perdão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

CAPÍTULO 11
Resiliência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

CAPÍTULO 12
Luto: sobre a morte e o morrer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

CAPÍTULO 13
O poder da oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

CAPÍTULO 14
Preceterapia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

ANEXOS

Anexo A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

Anexo B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

Anexo C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

Anexo D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

Índice remissivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

Sobre os autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125


PREFÁCIO

Este livro foi escrito por participantes do grupo de pesquisa Religio-


sidade e Espiritualidade na Integralidade da Saúde (REIS), vinculado ao
Mestrado Profissional em Promoção da Saúde do Centro Universitário Ad-
ventista de São Paulo (Unasp), credenciado pelo Conselho Nacional de De-
senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 2013. Este importante
grupo de pesquisa, desde sua origem, tem desenvolvido pesquisas sobre a
temática Espiritualidade e suas implicações na saúde. Também tem publi-
cado e organizado eventos para que as discussões baseadas na ciência sejam
divulgadas entre o meio acadêmico e ao público leigo.
Em especial, a temática deste material, que aborda a questão da
assistência espiritual ao paciente, traz o resgate histórico da filosofia do
cuidado, a religiosidade e a promoção da saúde. A primeira parte, dentre
várias questões, mostra que a assistência espiritual ao paciente tem o seu
fundamento na história e filosofia do cuidado, baseado na visão holística
do ser humano, em que não se pode separar o físico, o mental, o social e o
espiritual. Já a segunda parte traz a importante constatação de que a pro-
moção da saúde pode ser estimulada e desenvolvida num cenário religioso.
Atitudes como perdão, resiliência e oração, assim como o enfrentamento
da morte e luto, são questões importantes no contexto da assistência es-
piritual do paciente. Desta forma, propicia aos leitores deste material um
panorama de como identificar as necessidades espirituais do paciente e,
ao mesmo tempo, instrumentalizá-los com ferramentas apropriadas para
uma abordagem holística no cuidado multiprofissional.
Os capítulos foram organizados de maneira a valorizar a dimensão
espiritual do ser humano, principalmente quando ele se encontra em uma
condição de vulnerabilidade ocasionada pelo adoecimento e pela necessida-
de de se entregar aos cuidados de profissionais de saúde desconhecidos.
A obra tem como premissa básica a integralidade do cuidado e o reco-
nhecimento de que a dimensão espiritual não pode ser ignorada ou deixada
em segundo plano. Preconiza que cabe ao profissional de saúde se apropriar
desses recursos para potencializar o processo terapêutico, seja para promo-
ver a recuperação ou prestar cuidados paliativos. Por isto, o livro é de suma
importância para todos que lidam com o cuidado ao próximo, especialmen-
te os profissionais da saúde.

Fábio Marcon Alfieri


Coordenador do Mestrado Profissional
em Promoção da Saúde – UNASP SP
INTRODUÇÃO

Esta obra visa fornecer uma visão geral de como atender pacientes em
sua filosofia de vida e em suas crenças religiosas. Na primeira seção, tratare-
mos dos seguintes temas: história e filosofia do cuidado espiritual ao paciente,
solidariedade, o exemplo de Florence Nightingale, a identificação das necessi-
dades espirituais, a elaboração de um plano de assistência espiritual baseado
nos diagnósticos de enfermagem e os cuidados paliativos.
Uma breve explanação do programa do curso de extensão de Enfer-
magem na Comunidade de Fé, com seus quatro módulos — espiritualidade,
comunidade, saúde holística e profissionalismo — faz parte do conteúdo. Es-
pera-se, com isso, que o leitor reconheça a importância do envolvimento reli-
gioso na tomada de decisões e os consequentes benefícios para a saúde física e
mental de seus pacientes.
Na segunda seção, abordaremos os seguintes temas: a promoção da saú-
de no cenário religioso; o perdão e como Jesus tratava as pessoas; a resiliência;
o luto, a morte e o morrer; o poder da oração; e a preceterapia. Espera-se que
os leitores conheçam a influência benéfica de uma comunidade de fé, além de
ajudá-los a ter uma atitude mais positiva e forte, diante das dificuldades da
vida e a fortalecer outros sob seus cuidados.

Os organizadores
PARTE 1

HISTÓRIA E
FILOSOFIA
DO CUIDADO
CAPÍTULO 1

SOLIDARIEDADE
VIVIAN INÁCIO ZORZIM
GINA ANDRADE ABDAL A

Solidariedade é o “valor orientador do esforço de proteção social da


sociedade para garantir que a situação de pessoas em condições de maior
vulnerabilidade possa ser melhorada pela redistribuição da riqueza dos
mais privilegiados” (BVS, 2020, online).
Agora, quem são essas pessoas com maior vulnerabilidade? Segundo
Mascalzoni et al. (2017), são aquelas que enfrentam problemas financei-
ros, sociais e emocionais. Podem também ser os oprimidos e excluídos. A
solidariedade, portanto, está relacionada às boas ações praticadas com o
objetivo comum de ajudar as pessoas que passam por intensas dificuldades.
Interessante é que a raiz do constructo solidariedade foi fortemente
influenciada pelo cristianismo. A ideia cristã de fraternidade é frequente-
mente reconhecida como a mais importante precursora desse conceito e
prega que as pessoas deveriam se sentir conectadas umas às outras e se aju-
darem. Ela enfatiza a comunhão entre iguais, afirmando que todo ser hu-
mano tem o mesmo valor aos olhos de Deus (PRAINSACK; BUYX, 2011).
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

Além disso, a solidariedade está ligada à bioética relacional, que


defende a equidade e justiça na saúde pública global, com práticas mais
participativas e inclusivas na medicina. Existe hoje uma onda de trabalho
voluntário não só na ética biomédica, mas em todas as áreas adjacentes
(BUYX; PRAINSACK, 2018).

VOCÊ SABIA?

O Brasil caiu 47 posições no ranking geral do fator “solidariedade”,


tornando-se o último colocado entre os países da América do Sul. De
um total de 146 países pesquisados, o Brasil ocupa a 122ª posição. Em
2017, ocupava a 75ª posição. Quando separado por categorias, o país fica
em 105º no auxílio a desconhecidos, em 109º no voluntariado e em 112º
na doação financeira (CAF, 2018). Apesar disso, crescem as evidências
científicas sobre a importância da solidariedade no contexto da saúde
das pessoas, seja ela física, mental ou espiritual (MASCALZONI et al.,
2017; ROSA; SILVA, 2020; BRAIER; PÉREZ; BERMÚDEZ, 2020).

16
CAPÍTULO 2

HISTÓRIA E FILOSOFIA DO
OCIDENTE COMO FUNDAMENTO
PARA A ASSISTÊNCIA
ESPIRITUAL AO CLIENTE
SAMUEL ANDRADE ABDAL A

A civilização ocidental, com berço na Europa, foi construída com base


na visão de mundo judaico-cristã. Essa tradição, que começa com os cinco
livros de Moisés, se distingue radicalmente de todas as outras cosmovisões
desde a antiguidade, e foi ela que permitiu o surgimento das instituições e
práticas que temos hoje, incluindo a assistência ao cliente — tanto a física e
mental quanto a espiritual (SHELLY; MILLER, 1989).
Desde o relato da criação em Gênesis, judeus e cristãos acreditam que o
universo é regido por um ser soberano que é benevolente, criando e promoven-
do tudo aquilo que é bom. A Bíblia também tem, desde o início, uma postura
antimitológica (SARNA, 1999). Outras tradições antigas davam valor espiritual
e místico aos elementos da natureza, mas o judaísmo rompe com essas tradições
ao considerar os elementos da natureza como meras criaturas.
Por exemplo, o Sol, que era visto como uma divindade, é retratado
no relato da criação como uma mera fonte de luz que serve aos propósitos
do verdadeiro Deus e Criador. Outra característica que vemos desde o rela-
to da criação é uma epistemologia otimista para o ser humano. Deus pede
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

ao homem que dê nome aos animais e que os


caracterize; isso representa a capacidade con-
cedida ao ser humano de captar a essência das
coisas e dos seres.
A cosmovisão judaico-cristã transfor-
mou o mundo de uma maneira que as outras
tradições nunca fizeram. A ciência e sua me-
todologia, a enfermagem e as ciências médicas,
como a anatomia, por exemplo, floresceram
na Europa cristã — e isso não é coincidência,
segundo o sociólogo Rodney Stark.
Em seu livro For the glory of God, ele argu-
menta que a base lógica da Bíblia, em contraste
às outras cosmovisões, apresenta um mundo
ordenado, que segue leis naturais imutáveis, e
que é regido por princípios acessíveis aos seres A cosmovisão
humanos, pois estes foram criados à imagem e
judaico-cristã
semelhança de Deus (STARK, 2003).
transformou o
Foi esse embasamento que permitiu o
surgimento do método científico e das práti- mundo de uma
cas que deram origem à ciência do cuidar. O maneira que as
estudo empírico da fisiologia humana, basea- outras tradições
do na dissecação de cadáveres humanos, foi nunca fizeram.
desenvolvido na era escolástica — dos gran-
des teólogos e filósofos da Europa medieval
cristã — e não pelos chineses, pelos árabes ou
pelos antigos gregos e romanos. Assim como
o mito de que a sociedade europeia medieval
acreditava em uma terra plana, também te-
mos hoje, infelizmente, o mito de que o estudo
da anatomia humana, através da dissecação
de cadáveres, sempre foi proibida pela igreja
durante a idade média.
Na verdade, foi proibida no mundo gre-
co-romano e no islã. A dissecação de cadáveres
humanos para autópsias e para estudo anatô-
mico era realizada na Itália pelo menos desde o
século 13. Há, por exemplo, o registro de uma

18
História e filosofia do Ocidente como fundamento para a assistência espiritual ao cliente

dissecação pública no ano de 1315 realizada por Mondino de Luzzi perante alu-
nos e docentes da Universidade de Bologna (STARK, 2003). Aliás, as universi-
dades, assim como os hospitais, também são fruto da cosmovisão judaico-cristã.
Outra diferença dessa cosmovisão para com as demais, consiste na visão
holística do ser humano. Essa visão contrasta com a do dualismo de Platão, que
foi bastante influente por mais de dois mil anos, sendo até assimilado por boa
parte das denominações cristãs que temos hoje. O dualismo é evidente nos diá-
logos Críton, Fédon, e especialmente na Apologia de Sócrates, onde vemos o
filósofo como alguém que anseia pela libertação da alma através da morte. A
alma, por se tratar do centro da razão e da personalidade, era vista como mais
essencial que o corpo, que era considerado como um mero recipiente, ou até
mesmo como um empecilho para que a alma desenvolvesse seu potencial.
A visão holística, por outro lado, defende que a essência do ser vivo não
se encontra em um elemento imaterial como a alma, mas depende do corpo
para existir (BROWN; STRAWN, 2012). Isso é evidente no relato da criação,
cuja fórmula para o ser vivente equivale à soma do corpo material ao sopro
divino, e que o ser vivente não existe se estes forem separados (Gn 2:7).
A palavra hebraica para ser vivente é nephesh, que tem sido traduzida como
“alma,” o que não é adequado. Nephesh é literalmente a região da garganta, onde
experimentamos as funções vitais que, combinadas, constituem o ser vivo. Em
Gênesis também vemos que a dimensão material é declarada na criação como
sendo boa, pois Deus viu que tudo o que havia criado era bom.
No final do livro de Apocalipse, lemos que o ambiente físico, o pró-
prio planeta terra, será restaurado, e que a ressurreição dos mortos também
demonstra a necessidade de um corpo físico para dar continuidade à vida.
A compreensão holística de que as dimensões física, mental e espiritual são
inseparáveis é extremamente importante para o conceito do cuidar.
Outra característica, ainda da cosmovisão judaico-cristã, é que, embora
haja a responsabilidade coletiva, há também a importância e o valor de um
único indivíduo. Isto se observa logo em Gênesis. Nos capítulos 1 a 11 obser-
vamos temas globais como a criação da humanidade e a origem do mal, mas,
de maneira súbita, este livro, de dimensões cósmicas, muda de foco para a
história de um indivíduo — Abraão — e sua família, numa transição abrupta
que os teólogos chamam de “o escândalo da particularidade” (RENO, 2010).”
O livro de Levítico, por sua vez, traz regulamentos sacerdotais de saú-
de pública inovadores para a época. Ele revela o valor da vida, a seriedade da
impureza e a necessidade de proteger os mais vulneráveis (tema bastante co-
mum no Pentateuco e nos Profetas). Em Levítico 13 e 14 vemos que a doença,

19
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

assim como o pecado, infecta e corrompe até mesmo o mundo inanimado e


que precisa ser contida para que não se espalhe (TIDBALL, 2005).
No tempo de Moisés, os sacerdotes não tinham o poder de oferecer a
cura para a lepra, por exemplo — podiam apenas diagnosticá-la e prevenir
sua proliferação. O ministério de Jesus, que surge não apenas oferecendo a
cura física como também a mental e a espiritual, se torna, assim, bastante
significativo e é realmente um divisor de águas na história. Jesus revelou, de
maneira dramática, o interesse de Deus em restaurar o indivíduo por com-
pleto, tendo o poder para tal. Os seus ensinos esclarecem os fundamentos
que temos desde Moisés, e são indispensáveis aos profissionais de saúde.
Atualmente existem vários paradigmas e ideologias que, se fossem
levados à sério, ameaçariam a prática do cuidar. A descrição naturalística
de mundo promovida por Darwin, que retrata a vida como uma luta onde
apenas os mais aptos sobrevivem, não permite nem explica, de maneira sa-
tisfatória, os exemplos de altruísmo (NOWAK et al., 2017) e solidariedade
que vemos no cotidiano. Outra ideologia nociva, a do pluralismo ético pós-
-humanista, que rejeita o excepcionalismo humano sobre os demais seres,
argumenta que a vida humana tem tanto valor quanto a dos animais.
Assim, é importante reconhecer as raízes e as bases sólidas que dão supor-
te não apenas à prática da assistência holística como também a todos os aspectos
da sociedade atual. Os princípios e paradigmas que abraçamos irão diretamente
influenciar nossas instituições e práticas (SHELLY; MILLER, 1999).

20
CAPÍTULO 3

FLORENCE NIGHTINGALE
MARIA CL ARA DE SALES RONDON

Florence Nightingale nasceu em Florença, Itália, em 1820. Sua educa-


ção, assim como a de sua irmã, foi realizada por professores particulares, que
incluíram na grade curricular de aprendizagem as escritas em latim, grego,
alemão, francês e italiano, além de temas de história, filosofia, matemática e
conhecimento bíblico (OGUISSO, 2007).
Florence era profundamente religiosa e tinha muito interesse em aju-
dar os pobres, doentes e desvalidos, procurando de alguma forma amenizar
o sofrimento deles. No desejo de realizar-se como enfermeira, frequentou
irmandades religiosas que trabalhavam com assistência aos doentes. Em Pa-
ris, conheceu e aprendeu o trabalho das Irmãs de Caridade de São Vicente de
Paula, onde acompanhou o trabalho assistencial e administrativo com suas
regras e forma de cuidar dos doentes, fazendo anotações, gráficos e listas de
atividades desenvolvidas (CÂMARA FILHO, 2020).
Entretanto, havia uma barreira social que a impedia de seguir seu
desejo. Os hospitais ingleses não eram considerados locais convenientes
para moças de família, e as mulheres que cuidavam de doentes haviam
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

sido, em sua maioria, recrutadas em prisões.


Eram rudes, analfabetas, de moral duvidosa
e incapazes de transmitir qualquer tipo de
ensinamento (OGUISSO, 2007).
No entanto, Florence não desistiu do seu
desejo e, após formar-se por uma instituição
protestante de Kaiserweth, na Alemanha, onde
aprendeu os primeiros passos da disciplina na
enfermagem, com regras e horários rígidos,
transferiu-se para Londres, cidade em que pas-
sou a trabalhar como superintendente de um
hospital de caridade (CÂMARA FILHO, 2020).
Em 1854, quando Inglaterra e França
eram aliados da Turquia na guerra da Criméia Florence era
contra a Rússia, os hospitais militares ingleses profundamente
viviam um verdadeiro caos. O exército britâ- religiosa e tinha
nico estava prestes a ser derrotado, em grande muito interesse
parte devido às doenças, à desorganização, ao em ajudar os
frio e à fome. Muitos soldados foram contami- pobres, doentes
nados pela cólera, e as primeiras batalhas fo- e desvalidos,
ram feitas por homens exauridos por diversas procurando, de
doenças (CÂMARA FILHO, 2020). alguma forma,
Florence, ao tomar conhecimento da si- amenizar o
tuação, viu surgir a oportunidade que sempre
sofrimento deles.
esperou para servir à humanidade e ao seu
país. Decidiu então escrever para o ministro
da Guerra, que prontamente aceitou os seus
serviços. Em questão de semanas, ela recrutou
cerca de 38 mulheres, entre religiosas e leigas,
anglicanas e católicas.
Partiram em 21 de outubro de 1854,
tendo como destino a cidade de Scutari, atual
Istambul. Nessa base militar, havia um hos-
pital improvisado com muitos militares feri-
dos que chegavam da Criméia. As condições
sanitárias desse hospital eram as piores pos-
síveis: excesso de feridos, muitos deitados no

22
Florence Nightingale

chão, poucos sanitários, falta de suprimentos, alimentos, higiene e escassez


de roupas e materiais (OGUISSO, 2007).
Florence começou a organização do local pela lavanderia e pela cozi-
nha. Usava seus próprios recursos para ajudar os doentes e sempre escrevia
pedindo ajuda. Em dois meses, conseguiu colocar ordem no hospital e re-
duziu a mortalidade de 40% para 2%, graças não só à organização e limpeza
que propôs, como também pela sua capacidade de coletar e trabalhar com
dados estatísticos (OGUISSO, 2007).
Os soldados fizeram dela o seu anjo da guarda e a imortalizaram com
o apelido de a “Dama da lâmpada”, porque, de lanterna na mão, Florence
percorria as enfermarias, atendendo aos doentes durante a noite. A lâmpada
se tornou símbolo da enfermagem no mundo em homenagem à Florence,
que voltou famosa da guerra, e, pelo seu trabalho na Criméia, recebeu um
prêmio do governo inglês (CÂMARA FILHO, 2020; OGUISSO, 2007).

ESCOLA NIGHTINGALE DE ENFERMAGEM


Depois que retornou da guerra, Florence se tornou uma figura popular.
Nacionalmente conhecida, seu nome se tornou sinônimo de doçura, eficiên-
cia e heroísmo. O trabalho que realizara teve um impacto tão grande que
Florence conseguiu quebrar o preconceito que existia em torno da participa-
ção da mulher no exército e transformou também a visão da sociedade em
relação à enfermagem e à ocupação da mulher (OGUISSO, 2007).
Foi criado então, por Sidney Hebert, o fundo Nightingale para honrar
Florence de forma permanente. Este tinha como objetivo a arrecadação de
dinheiro para treinamento de enfermeiras. Florence afirmava que não que-
ria criar uma nova ordem ou congregação feminina, mas estabelecer uma
carreira secular para as mulheres, como eram as carreiras de medicina e
direito para os homens.
Esse fundo arrecadou cerca de R$ 200 mil e Florence fundou, quatro
anos após voltar da guerra, a sua escola de enfermagem no hospital Saint
Thomas. Os objetivos da escola eram preparar enfermeiras para que pudes-
sem atuar como multiplicadoras de conhecimentos e formar enfermeiras
distritais para cuidar dos doentes pobres (OGUISSO, 2007).
A filosofia de vida de Florence permeava todo o currículo de sua esco-
la. Ela acreditava que a saúde deveria estar presente tanto na alma como no
corpo. Seu currículo não tinha um conjunto de metas a serem atingidas, mas
procurava estimular o desenvolvimento individual das alunas.

23
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

Ela acreditava que cada pessoa tinha talentos e habilidades que precisavam
ser desabrochadas. O treinamento era uma forma de fazer com que a aluna usas-
se seus recursos intelectuais inatos. Florence enfatizava que fazer enfermagem
era ajudar a pessoa a viver; para ela, a escola deveria ensinar à enfermeira sua
função de ajudar o paciente a viver. Desse modo, a enfermagem era uma arte que
requeria treinamento organizado, prático e científico (OGUISSO, 2007).
A escola de enfermagem começou a funcionar no dia 9 de julho de
1860, com um grupo de 15 alunas. Florence fez questão que fosse um grupo
pequeno com alunas selecionadas. Essa data é considerada por muitos o nas-
cimento da enfermagem moderna (OGUISSO, 2007).
Florence escreveu ainda dois livros: Administração hospitalar do exér-
cito e Comentários sobre questões relativas à saúde. Inspirado no exemplo de
vida e generosidade de Florence, o suíço Jean Henry Dunant criou a Cruz
Vermelha Internacional, em 1864, focada no trabalho voluntário de apoio a
feridos de guerra, que depois se generalizou a outros necessitados. Mesmo
tendo vivido na época vitoriana, Florence foi uma mulher à frente do seu
tempo (CÂMARA FILHO, 2020).

ENFERMAGEM E CUIDADO
Enfermagem é cuidar do viver, cuidar para promover saúde, buscando
um mundo melhor, um viver melhor. É cuidar daqueles que perderam a saú-
de, que podem ter perdido a alegria e que estão sofrendo também na alma
(SOUZA et al., 2005). Enfermagem é cuidar não só do corpo, mas atender as
questões sociais, psicológicas e espirituais. O Dia Internacional da Enferma-
gem é celebrado no dia do aniversário de Florence: 12 de maio.
Segundo a própria Florence Nightingale, enfermeiro(a) é
(NIGHTINGALE, 1989):

1. Aquela(e) que deve estar ao lado do paciente 24h, iluminando a


sua vida como enfermeira(o) sóbria(o) e honesta(o).

2. Aquela(e) que possui a vocação para o serviço acima de tudo,


uma pessoa religiosa e devotada.

3. Aquela(e) que dedica especial atenção à obtenção e organização


de dados estatísticos, por meio da utilização de gráficos, para
apresentar dados de forma clara.

24
Florence Nightingale

A TEORIA AMBIENTALISTA
DE FLORENCE NIGHTINGALE
Florence desenvolveu, na metade do sécu-
lo 19, uma teoria que tinha como foco principal
o meio ambiente, relacionando este com a capa-
cidade de prevenir, suprimir ou contribuir para
o aumento da doença e da morte. Para ela, for-
necer um ambiente adequado era o diferencial
na recuperação dos doentes e é este princípio
que fundamenta a Teoria Ambientalista (ME-
DEIROS; ENDERS; LIRA, 2015). Desse modo, o
tratamento dos doentes teve resultados inovado-
res, e Florence ficou conhecida por tal transfor-
mação (HADDAD; SANTOS, 2011).
Em cartas e documentos, Nightingale Enfermagem é
abordava os fatores que levava em considera-
cuidar do viver,
ção na manutenção de um ambiente favorável,
cuidar para
no sentido de facilitar o processo de cura e de
manter a saúde, tais como: ventilação, água promover saúde,
pura, higiene, luz solar, natureza e a alimen- buscando um
tação (NIGHTINGALE, 1989). mundo melhor,
Desse modo, segundo Florence (1989), é um viver melhor.
importante ressaltar que:

1. Um ambiente saudável é essencial


para a cura.

2. As janelas devem ser abertas, con-


tribuindo para a entrada da luz, de
modo que todas as pessoas do am-
biente tenham acesso e recebam
também a corrente de ar fresco.

3. A roupa e o cobertor são essenciais


para manter o paciente aquecido e,
ainda assim, permitir que o am-
biente esteja arejado.

25
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

4. O ruído é prejudicial e perturba a necessidade de repouso do doente.

5. Alimentação nutritiva, leitos e roupas de cama apropriadas e hi-


giene pessoal do indivíduo são essenciais.

6. A limpeza previne a morbidade.

7. Com o ambiente limpo, o número de casos de infecção diminui.

O pensamento de Florence, mesmo após um século de sua morte, tem in-


fluência excepcional na atuação profissional da enfermagem moderna, levando
a uma reflexão sobre o agir profissional, em especial no que tange a atual proble-
mática: saúde e meio ambiente. Ela contribuiu, em sua época, para a melhoria
e o desenvolvimento da saúde, mantendo-se, até os dias atuais, como fonte de
inspiração e alvo de pesquisa para estudiosos em todo o mundo (CAMPONO-
GARA, 2012; BEZERRA et al., 2018; PALUMBO, CHAGAS, 2020). Florence
Nightingale faleceu em Londres, Inglaterra, no dia 13 de agosto de 1910.

26
CAPÍTULO 4

NECESSIDADES ESPIRITUAIS
LISLEY ANNE RODRIGUES

Antes de conceituar as necessidades espirituais, vamos analisar a dife-


rença entre religiosidade e espiritualidade. Estes são termos tratados como
sinônimos por muitas pessoas, mas suas definições são complexas e diversas.
A religiosidade é definida como prática religiosa relacionada a uma insti-
tuição organizada, e suas crenças envolvem doutrinas, comportamentos em
grupo e são inseridas em uma dimensão cultural e social.
Já a espiritualidade é uma relação de afinidade entre uma pessoa e um
ser ou uma força superior que ela acredita. A religiosidade está mais relacio-
nada com as práticas, e a espiritualidade tem um sentido mais amplo, como a
busca por compreender o sentido da vida, o seu fim ou questões relacionadas
ao sagrado. Ela vai além, com uma concepção de que há mais na vida do que
aquilo que pode ser visto ou plenamente entendido, podendo ou não levar ao
desenvolvimento de práticas religiosas (THIENGO et al., 2019).
A espiritualidade também inclui um sentimento pessoal, de interesse
por si e pelos outros, que nos faz suportar sentimento de culpa, raiva e an-
siedades da vida. A religião, então, expressa a espiritualidade (THIENGO
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

et al., 2019). Koenig, King e Carson (2012) conceituam religiosidade como


um conjunto de práticas, maneiras de viver e rituais compartilhados por um
conjunto de pessoas em comum, que os leva a pensar em um ser superior que
pode ser Deus ou outro nome, de acordo com a cultura. Esta é recomendada
para pesquisa porque é mensurável. Já a espiritualidade envolve uma busca
pessoal íntima, além de uma devoção e rendição a Deus ou ser superior.
Segundo Cunha (2019), vários estudos consideram religiosidade e espi-
ritualidade como parte pertencente à condição humana e admitem ter uma
grande influência na saúde, o que concorda com a definição de saúde dada
pela OMS, que considera a visão multidimensional do ser. A espiritualida-
de tem relação e efeitos positivos no processo saúde-doença quando se tem
a vivência religiosa e espiritual que, por sua vez, influencia na diminuição
da mortalidade, como desfechos das doenças cardiovasculares, infecciosas e
neoplásicas (THIENGO et al., 2019).
A espiritualidade tem grande potencial de influência na saúde mental.
Nela encontramos recursos para enfrentar os momentos de estresse, pois ge-
ramos mais pensamentos e emoções positivas e há aumento do sentimento
de gratidão, o que tende a diminuir as chances de depressão e de ansiedade
generalizada (CUNHA, 2019).
Quando a pessoa exercita a espiritualidade e a religiosidade, ela tem
mais motivos e força para vencer as adversidades da vida, e, com isso, tem
melhor resposta aos problemas de saúde. Presume-se que pessoas religiosas
estão menos suscetíveis ao uso de drogas, a conflitos, suicídio e práticas cri-
minosas (CUNHA, 2019).
Mas o que é necessidade espiritual? É a falta de qualquer fator ou fa-
tores necessários para estabelecer e/ou manter um dinâmico e pessoal rela-
cionamento com Deus (SHELLY, FISH, 1988). Basicamente, as necessidades
espirituais são três:

1. Necessidade de sentido e finalidade/sentido da vida.

2. Necessidade de amor e relacionamento.

3. Necessidade do perdão.

Tais necessidades têm variação quando o paciente está saudável ou


quando está doente, o que melhora o estado do paciente e/ou pode trazer
angústias (NASCIMENTO, 2016).

28
Necessidades espirituais

NECESSIDADE 1: O SENTIDO DA VIDA


A força que move o ser humano a viver é o que ele entende sobre o sentido
da vida, ou seja, ter “propósito na vida”. White (2013) afirma que os pais devem
ensinar os filhos a se autocuidarem e desenvolverem hábitos de operosidade,
sendo habilitados para as boas práticas da vida e tendo propósito de vida.
Viktor Emil Frankl criou a logoterapia, que significa ter sentido na
vida. Ele afirma que não se trata de um sentido único, mas de vários senti-
dos obtidos através de cada situação da vida. Eles podem ser modificados a
cada momento e sempre existirão. Cada momento da vida tem um sentido
diferente e requer que o reconheçamos, seja em situações boas ou de dificul-
dades da vida, independentemente de gênero, idade, escolaridade, profissão
e adesão religiosa (SANTOS, 2019).
O sentido da vida é o que mantém o ser humano, é o que lhe faz
crescer e se desenvolver, é a sua força para superar obstáculos. A pessoa
que não encontra o sentido da vida não encontra razão de viver, adquire
sentimentos de inutilidade do ser, o que, consequentemente, redundará
em vazio existencial (SANTOS, 2019).
De acordo com Santos (2019), Viktor Frankl formulou, em três catego-
rias, o que ele concluiu sobre como as pessoas alcançam o sentido da vida:

1. A primeira categoria é a daqueles que encontram sentido na vida


ao devolver ao mundo sua arte, talento e criatividade; eles levam
a vida com bom humor.

2. A segunda é sobre aqueles que, amando o outro ou algo, tendo


alguma paixão, ou amando até mesmo o seu deus, aumentam
suas forças para seguir em frente.

3. A terceira categoria está relacionada aos valores daqueles que


conseguem ter pensamentos e atitudes positivas em meio a
situações de sofrimento imutáveis, até mesmo frente à morte
e à culpa, em meio ao qual, ainda assim, encontram motivos
para continuar.

Para Frankl, o sentido da vida pode ser alcançado por meio da autotrans-
cedência do ser humano, que o torna capaz de encontrar a resposta no mundo
em si, quando esse se entrega a uma causa ou a alguém (SANTOS, 2019). “Uma

29
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

vez que a procura de sentidos de um indivíduo tiver sucesso, ela não somente o
faz feliz, mas lhe dá a capacidade de enfrentar o sofrimento” (FRANKL, 2017).

NECESSIDADE 2: AMOR E RELACIONAMENTO


Segundo Frankl (2017), o amor é a única maneira de captar outro ser
humano no mais íntimo de sua personalidade, pois, através do amor, po-
demos compreender o outro ser. É através da compreensão do outro que
conseguimos captar o que há de melhor neles. O amor é pertencente a um
movimento no qual é direcionado ao objetivo de sempre elevar o outro, re-
conhecendo suas potencialidades, pois não é algo estagnado.
Esse movimento tem suas raízes na sua própria essência, que se di-
reciona para reconhecer e alcançar o mais alto e nobre valor daquele a
quem se ama. Além disso, também busca captar o que há de melhor no
outro, a sua maior capacidade; deve-se reconhecer os nososs próprios
valores também (SANTOS, 2012).
O ser humano não é uma ilha, ele nasce totalmente dependente do
relacionamento com o outro. Quando somos recém-nascidos, nossos pais
ou responsáveis assumem a responsabilidade de cuidar de nós. Do contrário,
morreríamos. Nesse relacionamento, há troca afetiva e interação fundamen-
tal para o desenvolvimento do bebê.
Isso mostra que o ser humano precisa do outro para viver. Como
exemplo disso, temos os eremitas, pessoas que decidem viver sozinhas, isola-
damente das outras pessoas. A vida deles ainda terá sentido, pois eles sabem
que existem pessoas que podem oferecer uma oração ou oferecer sacrifícios
a seu favor (SANTOS, 2012).
O amor envolve a capacidade de ligação com o outro, mesmo que este
não pertença à família. Ele traz consigo uma responsabilidade pelo outro, e essa
responsabilidade é o próprio amor em ação. Todo ser humano é chamado a ter
amor pelo outro; essa ligação não é sempre um determinante biológico, mas vem
de dentro das pessoas — algo que se encontra no núcleo da sua espiritualidade,
ou seja, algo a ser exercido livremente.
Amar é um ato de liberdade. É uma ligação consciente com os outros, mas
também inclui entender que o bem para as pessoas que estão ao seu redor depen-
de deles também; ou seja, é da responsabilidade deles, por meio das suas ações e
modos de viver. No amor, o ser humano exerce a liberdade e a responsabilidade,
obtém a felicidade e encontra o sentido da vida (SANTOS, 2012).

30
Necessidades espirituais

NECESSIDADE 3 : PERDÃO
A postura do perdão em prol da paz foi uma virtude de Frankl no cam-
po de concentração. Ele afirmou que a decisão de assumir uma postura de
paz ou de guerra está em nossas mãos. Segundo ele, isso é verdade mesmo se
passamos por situações muito desafiadoras; isso contribui para diminuir as
contendas e ódios entre as pessoas (AQUINO; CRUZ; GOMES, 2019).
Naquele que possui uma experiência espiritual verdadeira, é possível
encontrar o perdão — o que acontece não necessariamente no âmbito reli-
gioso, ainda que a espiritualidade auxilie para que o perdão surja em inten-
sidade mais profunda. O perdão sincero é a chance de um novo recomeço.
Mesmo reconhecendo que o que aconteceu não pode ser mudado, quem per-
doa entende que há uma nova chance para mudar a si ou a algo, satisfazendo
assim a necessidade de paz de espírito e leveza da alma (CARRARA, 2016).
O perdão é um ato que pode vir de alguém ou de si mesmo. Ele é liber-
tador, te livra das mágoas e frustrações que aconteceram no passado. Assim,
você pode viver em paz e com a consciência mais livre em relação a algo
desagradável que já enfrentou emocionalmente. O perdão melhora a saúde
psíquica, mas, para esse resultado, é preciso tempo. Tempo e liberdade, para
que a decisão seja tomada a partir de sua própria espiritualidade, para dar
um redirecionamento na sua vida (CARRARA, 2016).

DICAS PARA A PRÁTICA


1. Durante a anamnese, abra espaço para ouvir essa dimensão do
paciente, dependendo da percepção de necessidade, auxiliando
na escuta e ouvindo outras demandas do paciente.

2. Realize avaliação diagnóstica e interpretação dos sintomas re-


lacionados à espiritualidade e religiosidade na abordagem e na
implementação de serviços, utilizando ferramentas estruturadas
para auxílio.

3. O uso de passagens bíblicas pode ser aplicado para lidar com as


questões espirituais, de maneira a confrontar crenças e comporta-
mentos sem feri-los, permitindo ampliar o conhecimento sobre si.

31
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

4. A oração/prece/reza aumenta o vínculo, traz acolhimento, e con-


tribui para o trabalho terapêutico.

5. Dependendo da situação, pode acionar um líder religioso do


paciente para auxiliar em questões mais profundas sobre sua
espiritualidade.

32
CAPÍTULO 5

ENFERMAGEM NA
COMUNIDADE DE FÉ (ECF)
GINA ANDRADE ABDAL A
MARIA DYRCE DIAS MEIRA
MARLISE PIMENTEL LIMA

Enfermagem na Comunidade de Fé (ECF) é um programa que visa


promover a saúde holística (sem conotações místicas) em congregações e/
ou comunidades de fé, incorporando uma diversidade de tradições de fé, na
tentativa de preencher possíveis lacunas na saúde pública (WESTBERG; Mc-
NAMARA, 1990). Foi criado em 1983, por Granger Westberg, e tem parceria
com o Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), no Brasil, e o
Westberg Institute, nos Estados Unidos (ABDALA et al., 2016).
Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS, 2020), saúde holísti-
ca é a “perspectiva de que os seres humanos funcionam como unidades
completas e integradas e não como um agregado de partes separadas.”
O ECF visa abranger o bem-estar físico, mental, social e espiritual. É
um programa oferecido no Unasp a cada dois anos e funciona como um
curso de extensão vinculado ao Mestrado Profissional em Promoção da
Saúde e do curso de Enfermagem do Unasp.
O programa ECF se configura como uma ponte que tem o papel de instru-
mentalizar enfermeiros para dar um melhor enfrentamento às dificuldades de
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

saúde encontradas nas comunidades. Não é restrito apenas às pessoas que não
possuem convênio de saúde, mas a todos que têm necessidade de satisfazer essa
dimensão tão esquecida na vida do ser humano: a espiritual.
O curso de extensão ECF possui quatro módulos que se caracterizam
da seguinte forma:

1. Espiritualidade: incentivar a religiosidade/espiritualidade na


formação de bons hábitos de saúde para a prevenção e cura das
doenças.

2. Comunidade: ser capaz de oferecer atendimento integral de pro-


moção da saúde aos membros da sua igreja e comunidade.

3. Saúde holística: enxergar o ser humano como ser integral, com


necessidades físicas, mentais, sociais e espirituais.

4. Profissionalismo: conhecer os diagnósticos religioso-espirituais


da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) e a
parte legal da atuação do enfermeiro da comunidade de fé.

SAIBA MAIS

Consulte o artigo “Implantação do Programa de


Enfermagem na Comunidade de Fé no Brasil” no
link a seguir: https://periodicos.unifor.br/RBPS/
article/view/5510

34
CAPÍTULO 6

NECESSIDADES ESPIRITUAIS
SEGUNDO A NORTH AMERICAN
NURSING DIAGNOSIS
ASSOCIATION (NANDA)
NÉLIA DE OLIVEIRA DAMASCENO DA SILVA

Preconiza-se que a religiosidade e a espiritualidade são dimensões do ser


que devem ser contempladas em todas as ações de enfermagem, possibilitando
uma construção do conhecimento baseado em ciência. Tomar conhecimento
sobre a importância da religiosidade/espiritualidade e saber diagnosticar essas
necessidades pode ajudar o profissional enfermeiro a criar um vínculo de con-
fiança maior com o paciente, visando estabelecer estratégias para o cuidado.
Em um estudo longitudinal que acompanhou 177 pessoas com HIV
por 10 anos, os autores relataram que, diante de situações potencialmente
traumatizantes e de difícil adaptação, como aproximar-se da morte, sofrer
com o estigma da doença, pobreza e limitações, a maioria dos pacientes uti-
lizou o enfrentamento espiritual. Deste grupo, 50% experienciou conforto,
empoderamento, crescimento, transformação e gratidão, e um terço encon-
trou significado para a doença em sua vida e passou por um processo de
ressignificação (KREMER; IRONSON, 2017).
Em outro estudo, com idosos portadores de HIV, os pesquisadores con-
cluíram que a religiosidade e a espiritualidade se configuram como fontes de
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

fortalecimento psicológico e de esperança frente à doença (BRANDÃO et


al., 2020). Considerando a necessidade de o profissional de saúde oferecer
uma assistência integral e individualizada, na qual a religiosidade e espiri-
tualidade devem estar inseridas, a Taxonomia da NANDA-I oferece no do-
mínio 10 referente aos princípios de vida: seis diagnósticos de enfermagem,
distribuídos em três classes, sendo elas 1) Valores, 2) Crenças e 3) Coerência
entre valores/crenças/atos (NANDA, 2018). Confira a seguir os códigos de
diagnóstico de cada classe e seus respectivos detalhes.

CLASSE 1: VALORES
Até o momento, essa classe não apresenta diagnósticos referenciados.

CLASSE 2: CRENÇAS
00068: DISPOSIÇÃO PARA
BEM-ESTAR ESPIRITUAL MELHORADO

Definição
Padrão de experimentar e integrar significado e objetivo à vida por
meio de uma conexão consigo mesmo, com os outros, com a arte, a música,
a literatura, a natureza e/ou com um poder maior que si mesmo, que pode
ser melhorado.

Características definidoras

1. Conexões consigo mesmo.

2. Expressa desejo de aumentar a aceitação.

3. Expressa desejo de aumentar a alegria.

4. Expressa desejo de aumentar a coragem.

5. Expressa desejo de aumentar a entrega.

6. Expressa desejo de aumentar a esperança.

36
Necessidades espirituais segundo a North American Nursing Diagnosis Association (Nanda)

7. Expressa desejo de aumentar a prática da meditação.

8. Expressa desejo de aumentar a satisfação com a filosofia de vida.

9. Expressa desejo de aumentar a serenidade.

10. Expressa desejo de aumentar o amor.

11. Expressa desejo de aumentar o enfrentamento.

12. Expressa desejo de aumentar o perdão a si mesmo.

13. Expressa desejo de aumentar o propósito na vida.

14. Expressa desejo de aumentar o sentido da vida.

CLASSE 3: COERÊNCIA ENTRE VALORES/


CRENÇAS/ATOS
00169: RELIGIOSIDADE PREJUDICADA

Definição
Capacidade prejudicada de confiar em crenças e/ou participar de ri-
tuais de alguma fé religiosa.

Características definidoras

1. Angústia por separação de uma comunidade religiosa.

2. Desejo de reconectar-se com costumes anteriores.

3. Desejo de reconectar-se com padrão anterior de crença.

4. Dificuldade em aderir a crenças religiosas prescritas.

5. Dificuldade em aderir a rituais religiosos prescritos.

37
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

6. Questionamento de costumes religiosos.

7. Questionamento de padrões de crenças religiosas.

00170: RISCO DE RELIGIOSIDADE PREJUDICADA

Definição
Suscetibilidade à capacidade prejudicada de confiar em crenças e/ou de
participar de rituais de alguma fé religiosa, o que pode comprometer a saúde.

Fatores de risco

1. Ansiedade.

2. Apoio social insuficiente.

3. Barreira ambiental à prática da religião.

4. Barreira cultural à prática da religião.

5. Cuidado ineficaz.

6. Depressão.

7. Dor.

8. Estratégias de enfrentamento ineficazes.

9. Insegurança.

10. Interação sociocultural insuficiente.

11. Medo da morte.

12. Sofrimento espiritual.

13. Transporte insuficiente.

38
Necessidades espirituais segundo a North American Nursing Diagnosis Association (Nanda)

00171: DISPOSIÇÃO PARA RELIGIOSIDADE MELHORADA

Definição
Padrão de confiança em crenças e/ou participação em rituais de algu-
ma fé religiosa que pode ser melhorada.

Características definidoras

1. Expressa desejo de aumentar a conexão com um líder religioso.

2. Expressa desejo de aumentar a participação em experiências


religiosas.

3. Expressa desejo de aumentar a participação em práticas religiosas.

4. Expressa desejo de aumentar as opções religiosas.

5. Expressa desejo de aumentar o perdão.

6. Expressa desejo de aumentar o uso de material religioso.

7. Expressa desejo de reforçar costumes religiosos usados no passado.

8. Expressa desejo de reforçar padrões de crenças usados no passado.

00066: SOFRIMENTO ESPIRITUAL

Definição
Estado de sofrimento relacionado à capacidade prejudicada de expe-
rimentar significado na vida por meio de conexões consigo mesmo, com os
outros, com o mundo ou com um poder maior.

Características definidoras

1. Ansiedade.

2. Choro.

39
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

3. Fadiga.

4. Insônia.

5. Medo.

6. Questionamento da identidade.

7. Questionamento do sentido da vida.

8. Questionamento do sentido do sofrimento.

00067: RISCO DE SOFRIMENTO ESPIRITUAL

Definição
Suscetibilidade à capacidade prejudicada de experimentar e integrar
significado e objetivo à vida por meio de conexões consigo mesmo, com a
literatura, a natureza e/ou com um poder maior que si mesmo, que pode
comprometer a saúde.

Fatores de risco

1. Abuso de substâncias.

2. Alienação social.

3. Ansiedade.

4. Aumento da dependência de outro.

5. Autoalienação.

6. Baixa autoestima.

7. Barreira para experimentar o amor.

8. Conflito cultural.

40
Necessidades espirituais segundo a North American Nursing Diagnosis Association (Nanda)

9. Depressão.

10. Dor.

11. Estressores.

12. Incapacidade de perdoar.

13. Mudança ambiental.

14. Mudança em ritual religioso.

15. Mudança na prática espiritual.

16. Percepção de ter negócios inacabados.

17. Privação sociocultural.

18. Relações ineficazes.

19. Separação do sistema de apoio.

20. Solidão.

NA PRÁTICA
“Paciente G. S., 20 anos, internou para realizar cirurgia de Colecistec-
tomia, e, ao entrar no quarto para conduzi-la ao Centro Cirúrgico, percebi
que ela estava muito nervosa e ansiosa. Perguntei se podia orar com ela que
prontamente aceitou…logo após a oração, a paciente tranquilizou e verba-
lizou que tudo daria certo. No final da tarde, a mesma já estava no quarto e
ao visitá-la, cantamos e oramos novamente. Ela relatou que tinha vontade de
não sair mais do hospital”

Dola Adriano Lisboa Balbi


Técnico de enfermagem do transporte seguro do Hospital Adventista Silvestre.

41
CAPÍTULO 7

QUESTIONÁRIOS SOBRE
RELIGIOSIDADE, HISTÓRIA
ESPIRITUAL DO PACIENTE E
DIMENSÃO ESPIRITUAL
GINA ANDRADE ABDAL A

A seguir, serão apresentados alguns questionários que poderão ajudar


a identificar a religiosidade/espiritualidade e a história espiritual do paciente.
O questionário Índice de Religiosidade Duke-Durel possui cinco itens que
captam três das dimensões de religiosidade que mais se relacionam com
desfechos em saúde: Religiosidade Organizacional (RO), Religiosidade Não
Organizacional (RNO) e Religiosidade Intrínseca (RI).
Os primeiros dois itens abordam RO e RNO. Foram extraídos de gran-
des estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos e se mostraram
relacionados a indicadores de saúde física, mental e suporte social. Os outros,
se referem à RI e são três itens da escala de RI que melhor se relacionam
com a pontuação total nesta escala, com suporte social e desfechos em saúde
(KOENIG et al., 1998). Na análise dos resultados da escala Duke-Durel, as
pontuações nas três dimensões (RO, RNO e RI) devem ser analisadas sepa-
radamente, e os escores dessas três dimensões não devem ser somados em
um escore total (KOENIG, 2011).
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

ÍNDICE DE RELIGIOSIDADE DUKE-DUREL


(Validado por Taunay et al., 2012)

1. Com que frequência você vai a uma igreja, templo ou outro en-
contro religioso?

a. Mais do que uma vez por semana


b. Uma vez por semana
c. Duas a três vezes por mês
d. Algumas vezes por ano
e. Uma vez por ano ou menos
f. Nunca

2. Com que frequência você dedica seu tempo a atividades religio-


sas individuais como preces, rezas, meditações, leitura da Bíblia
ou de outros textos religiosos?

a. Mais que uma vez ao dia


b. Diariamente
c. Duas ou mais vezes por semana
d. Poucas vezes por mês
e. Raramente ou nunca

3. Em minha vida, eu sinto a presença de Deus (ou do Espírito Santo):

a. Totalmente verdade para mim


b. Em geral,, é verdade
c. Não estou certo
d. Em geral, não é verdade
e. Não é verdade

4. As minhas crenças religiosas estão realmente por trás de toda a


minha maneira de viver:

a. Totalmente verdade para mim


b. Em geral, é verdade
c. Não estou certo

44
Questionários sobre religiosidade, história espiritual do paciente e dimensão espiritual

d. Em geral, não é verdade


e. Não é verdade

5. Eu me esforço muito para viver a minha religião em todos os


aspectos da vida:

a. Totalmente verdade para mim


b. Em geral, é verdade
c. Não estou certo
d. Em geral, não é verdade
e. Não é verdade

MODELOS PARA COLETAR A HISTÓRIA


ESPIRITUAL DO CLIENTE: HOPE E FICA
Para avaliar a história espiritual do paciente, o médico, enfermeiro ou
qualquer profissional da saúde poderá utilizar pelo menos dois tipos de ins-
trumentos que fazem essa investigação. Veja a seguir.

QUESTIONÁRIO FICA

F – Fé/crença

a. Você se considera religioso ou espiritualizado?


b. Você tem crenças espirituais ou religiosas que te ajudam a
lidar com problemas?
c. Se não: o que dá significado na vida?

I – Importância ou influência

a. Que importância você dá para a fé ou crenças religiosas em


sua vida?
b. A fé ou crenças já influenciaram você a lidar com estresse
ou problemas de saúde?
c. Você tem alguma crença específica que pode afetar deci-
sões médicas ou o seu tratamento?

45
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

C – Comunidade

a. Você faz parte de alguma comunidade religiosa ou espiritual?


b. Ela te dá suporte, como?
c. Existe algum grupo de pessoas que você “realmente” ama
ou que seja importante para você?
d. Comunidades como igrejas, templos, centros, grupos de
apoio são fontes de suporte importante?

A – Ação no tratamento

a. Como você gostaria que o seu médico ou profissional da


área de saúde considerasse a questão religiosidade/espiri-
tualidade no seu tratamento?
b. Indique, remata a algum líder espiritual/religioso.

QUESTIONÁRIO HOPE

H – Fontes de esperança (hope), significância, conforto, força, paz,


amor e relacionamento social.

a. Quais são as suas fontes de esperança, força, conforto e paz?


b. Ao que você se apega em tempos difíceis?
c. O que o sustenta e o faz seguir adiante?

O – Religião organizada

a. Você faz parte de uma comunidade religiosa ou espiritual?


Ela o ajuda? Como?
b. Em que aspectos a religião o ajuda e em quais não o ajuda
muito?

P – Espiritualidade pessoal e prática

a. Você tem alguma crença espiritual que é independente da


sua religião organizada?
b. Quais aspectos de sua espiritualidade ou prática espiritual
você acha que são mais úteis à sua personalidade?

46
Questionários sobre religiosidade, história espiritual do paciente e dimensão espiritual

E – Efeitos no tratamento médico e assuntos terminais


a. Ficar doente afetou sua habilidade de fazer coisas que o aju-
dam espiritualmente?
b. Como médico, há algo que eu possa fazer para ajudar você
a acessar os recursos que geralmente o apoiam?
c. Há alguma prática ou restrição que eu deveria saber sobre
seu tratamento médico?

EXERCÍCIOS
A seguir, você terá algumas atividades que o ajudarão a enxergar várias
tradições de fé e suas implicações. A primeira delas é responder ao questio-
nário sobre a prática da espiritualidade no cotidiano do trabalho (Anexo A)
e depois verificar o gabarito (Anexo A-1).
Existe uma outra maneira de analisar sua saúde espiritual, que é por
meio do Círculo espiritual do estilo de vida super saudável, de Larimore e
Mullins (2003). É um estilo de vida que analisa a dimensão física, mental, so-
cial e espiritual. Neste e-book, analisaremos somente a dimensão espiritual.
Responda as questões conforme as instruções. Veja o Anexo B.

SAIBA MAIS

Outro questionário que avalia a “confiança em Deus”,


juntamente com a adesão aos outros sete remédios
naturais, é o Questionário oito remédios naturais
(Q8RN), validado no Brasil por Abdala et al. (2018)
e contém uma dimensão chamada “confiança em
Deus”. É possível acessar esse questionário no site
http://www.q8rn.com, onde está disponível em
quatro línguas: inglês, francês, português e espanhol,
nas versões adulto e adolescente. Veja o Anexo C.

47
CAPÍTULO 8

CUIDADOS PALIATIVOS
SIMONE CONCEIÇÃO DO AMOR DIVINO

O termo cuidados paliativos está relacionado com a condição em que o


tratamento é realizado para aliviar sintomas sem curar a doença (BVS, 2020).
Consiste em uma modalidade terapêutica que visa levar qualidade de vida aos
pacientes e familiares que enfrentam uma doença terminal. Na equipe multi-
disciplinar, os enfermeiros exercem um papel ímpar, cujo cuidado abrange uma
visão humanística que considera não somente a dimensão física, mas também as
preocupações psicológicas, sociais e espirituais do paciente.
A palavra “paliativa” deriva do vocábulo latino pallium, que significa
“manta” ou “coberta”. Quando a doença não pode ser curada, os sintomas são
“tapados” ou “cobertos” com tratamentos específicos, amplos e profundos,
indo além da sintomatologia (CARVALHO, 2019).
De acordo com Arantes (2019), o processo de morrer pode ser muito
doloroso para a maioria das pessoas, principalmente por conta da falta de
conhecimento e habilidades dos profissionais de saúde em conduzir esse mo-
mento. Porém, quando temos à disposição uma equipe de saúde habilidosa
para conduzir os cuidados no tempo que resta ao doente, mesmo que seja
pouco, é possível auxiliá-lo a sair do palco da vida com dignidade.
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

Diante do exposto, Arantes (2019) diz que o pouco conhecimento a


respeito do cuidado paliativo leva as pessoas a pensarem que essa prática tem
como função sedar o paciente e esperar a morte chegar. Muitos acreditam
que é apoiar a eutanásia ou acelerar a morte, mas isso é um engano.
Conforme Arantes (2019), o cuidado paliativo é um processo de assistência
para quem está na fase final da vida. Essa terminalidade, contudo, pode se prolon-
gar por anos. Ela não diz respeito ao tempo e sim, à condição clínica que advém de
uma doença grave, incurável, sem possibilidade de controle, e diante da qual, im-
potente, a equipe de saúde não cruza os braços. Isso pode ser vivenciado em horas,
dias, semanas, meses ou anos. Se a doença avança devagarzinho, pode levar anos;
se vai depressa, a pessoa parte em uma semana ou em poucos dias.
Diferente de outras terapêuticas, o cuidado paliativo tem como prota-
gonista a pessoa e não a doença, pois, os profissionais habilitados nessa área
trabalham para diminuir o sofrimento e a dor, ofertando conforto, dignida-
de e qualidade de vida aos pacientes em terminalidade.
O profissional de saúde tem um importante papel ao auxiliar o pa-
ciente a se conhecer, durante o curso de uma doença com risco de morte, e
a buscar um sentido para sua vida. Além disso, recomenda-se que a equipe
ampare e ofereça segurança de cuidado não só para a pessoa doente, mas
também aos seus cuidadores, dando sentido a esse momento de suas vidas,
mesmo quando a cura não é mais possível (ARRIEIRA et al., 2018).
Falar sobre morte não é um assunto confortável para a maioria das
pessoas, pois observa-se que, desde o ambiente acadêmico, pouco se fala so-
bre o tema. A morte é uma realidade que a maioria dos profissionais de saúde
irá enfrentar. Portanto, se faz necessário que se trate com mais naturalidade
a terminalidade da vida, e isso desde a academia, preparando, assim, os es-
tudantes para o dia a dia da profissão.
Segundo Arrieira et al. (2018), as pesquisas frequentemente demons-
tram que as crenças espirituais influenciam no enfrentamento de doenças
pelo ser humano. E mais: elas consideram ser cada vez mais necessário com-
preender as demandas de cuidados espirituais das pessoas.
A espiritualidade representa uma dimensão importante na assistên-
cia de pacientes em cuidados paliativos. É nela que os pacientes encon-
tram forças, esperança, fé e maior conforto, o que resulta em melhoras
para o enfermo e ajuda a enfrentar os momentos difíceis pelos quais estão
passando (NEGRO-DELLACQUA, 2019).
O apoio e consolo alcançado por meio da espiritualidade podem ser
obtidos informalmente quando em contato com a sua família e amigos, ou,

50
Cuidados paliativos

de maneira mais formal, realizando práticas religiosas (THIENGO et al.,


2019). Estudos mostraram que a espiritualidade é uma dimensão relevante
para pacientes em cuidados paliativos que não apresentam mais chances de
recuperar a saúde por meio dos tratamentos convencionais.
O exercício da espiritualidade pode trazer uma possibilidade de me-
lhora na qualidade de vida e alívio do sofrimento (NEGRO-DELLACQUA,
2019). Os pacientes em cuidados paliativos são os que mais realizam buscas
de auxílio pelo poder divino e, muitos deles, demostram sentir a presença
de Deus de diferentes maneiras. A espiritualidade aumenta a fé e a sensação
de tranquilidade e esperança de cura. Essa sensação pode ser percebida tam-
bém na fisionomia transmitida pelos profissionais, nas ações técnicas e no
amor demonstrado durante o cuidado. Os profissionais de saúde afirmam
que a espiritualidade dá significado para a assistência prestada quando os
tratamentos já não são mais eficazes (NEGRO-DELLACQUA, 2019).
No reconhecimento da importância da espiritualidade e religiosida-
de para o paciente, os profissionais de saúde podem usar suas crenças e ex-
periências dessa dimensão para aceitar e compreender as suas dificuldades
com o enfrentamento das doenças ou com o luto. É um tema que deve fazer
parte da formação dos profissionais de saúde para que eles se sintam mais
preparados para prestar essa assistência (CUNHA, 2019).
Assim, podemos perceber que a espiritualidade faz parte da vida do
ser humano, sem qualquer distinção, pois ela exerce influência no sujeito e
no mundo, a partir de sua cultura, ou pelas suas crenças pessoais que, con-
sequentemente, refletem e se dissipam na vida social. O reconhecimento do
profissional sobre as implicações da sua religião e espiritualidade permite
uma maior interação e aprendizado mútuo entre profissional e paciente.
Devemos sempre recordar que é necessário ter esse olhar a partir da
condicionalidade cultural e individual do paciente, no que se aplica a prestar
a assistência espiritual sem qualquer discriminação, praticando o respeito e
permitindo a expressão do paciente (CUNHA, 2019).
A escuta qualificada nos cuidados paliativos é de vital importância,
pois a partir daí o profissional pode encontrar o caminho para a fonte espiri-
tual individual do paciente, na qual ele pode refletir sobre o sentido da vida
e as formas de superar os desafios e aliviar o sofrimento. Faz parte também
do processo de enfrentamento da morte, a culpa, a paz, a busca de saúde
espiritual, o conforto e o sentido pelo qual lutar.
Reitera-se, assim, a importância de a equipe de saúde elaborar uma
anamnese espiritual daqueles com condições crônicas e documentá-la,

51
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

como se faz quando se refere aos aspectos biopsicossociais. Com os dados


coletados, por meio do histórico, o profissional pode buscar suporte para as
crenças do indivíduo em cuidados paliativos, proporcionando um ambiente
que possibilite rituais religiosos que sejam importantes para a pessoa, de-
monstrando uma postura acolhedora com a comunidade de fé do paciente.
Essas são vias pelas quais os profissionais podem integrar a espiritualidade
no cuidado em saúde. O cuidado paliativo trata da conexão existente entre espi-
ritualidade e o sentido da vida, conceitos que transcendem a formação cartesia-
na e biomédica vigente no meio acadêmico (MANCHOLA et al., 2016).
Figura 1 — O Atlas Global de Cuidados Paliativos e Cuidados no fim da Vida

PRINCÍPIOS QUE REGEM OS CUIDADOS PALIATIVOS

• Proporcionar alívio da dor e outros sintomas angustiantes.


• Afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal.
• Não vir com a intenção de apressar ou adiar a morte.
• Integrar os aspectos psicológicos e espirituais da assistência
ao paciente.
• Oferecer um sistema de apoio para ajudar o paciente a viver o mais
• ativamente possível até a morte.
• Oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com
a doença do paciente e com seu próprio luto.
• Usar uma abordagem de equipe para atender às necessidades
dos pacientes e seus familiares, incluindo aconselhamento de
luto, se indicado.
• Melhorar a qualidade de vida, também pode influenciar positi-
vamente o curso da doença.
• É aplicável no início do curso da doença, em conjunto com outras
terapias que se destinam a prolongar a vida, como a quimioterapia
ou radioterapia, e inclui as investigações necessárias para melhor
entender e gerenciar complicações clínicas angustiantes.

Fonte: World Health Organization (2020, p. 13)

52
RESUMO

Aprendemos, nesta Parte Um, que a solidariedade é um valor importante


para melhorar a situação de pessoas vulneráveis, que podem ser aquelas que en-
frentam problemas financeiros, sociais e emocionais e/ou aqueles que são opri-
midos e excluídos. A assistência espiritual ao cliente tem o seu fundamento na
história e filosofia do cuidado, baseado na visão holística do ser humano, em que
não se pode separar o físico, o mental, o social e o espiritual.
Florence Nightingale, a “dama da lâmpada”, foi uma grande influen-
ciadora do “fazer o bem”, do “cuidar integral” com técnica, organização de
dados e gráficos. Traçou um perfil do enfermeiro como aquele que deve estar
24 horas ao lado do paciente, sendo sóbrio, honesto, devoto e religioso. As
necessidades espirituais são identificadas pela falta de sentido da vida, de
amor e relacionamento e de perdão, não esquecendo dos cuidados paliati-
vos, imprescindíveis na terminalidade da vida que irão funcionar como uma
manta para aliviar a dor de uma doença incurável.
Mencionamos também sobre o programa Enfermagem na comunidade
de fé, que pode auxiliar os enfermeiros a amenizarem os problemas na saúde
pública por meio dos módulos: espiritualidade, saúde holística, comunidade e
profissionalismo, respaldados pelos diagnósticos de enfermagem da NANDA.
PARTE 2

RELIGIOSIDADE E
PROMOÇÃO DA SAÚDE
CAPÍTULO 9

PROMOÇÃO DA SAÚDE
EM UM CENÁRIO RELIGIOSO
MAURO ANTÔNIO MONTEIRO BRANDÃO

Quando a Organização Mundial de Saúde (WORLD HEALTH OR-


GANIZATION, 1948), definiu saúde como sendo “não apenas a ausência de
doença, mas uma condição de perfeito bem-estar físico, mental e social”, tal
conceito, mesmo que avançado para a época, estava incompleto (SCLIAR,
2007, p. 37). Posteriormente, a OMS agregou a dimensão da espiritualidade
como fator importante para avaliar a qualidade de vida do ser humano, re-
conhecendo, assim, que é necessário haver equilíbrio entre essas dimensões
para haver saúde (TAVARES, 2017).
Desde os anos 1970, sabe-se da ligação entre espiritualidade e o bem-
-estar do indivíduo. Mas, para uma compreensão melhor dos termos, é
importante diferenciar religiosidade de espiritualidade. Como já foi visto
anteriormente, a primeira está relacionada com a adoção de crenças e prá-
ticas relativas a uma igreja ou instituição religiosa, enquanto a segunda é a
conexão que um indivíduo possui com uma força superior na qual acredita
(FERREIRA et al., 2011; KOENIG, 2012).
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

Na literatura brasileira, segundo mencionado por Herrera (2004), foi a


partir de 1980 que se intensificaram os estudos sobre o papel das religiões na
saúde, tendo destaque as áreas de antropologia e de sociologia. As igrejas têm
se tornado, cada vez mais, um ambiente no qual se oferece programas para
promover a saúde. Elas podem ter o potencial de alcançar muitas pessoas,
especialmente aquelas que estão desprovidas de atividades que estimulem
boas práticas saudáveis (BARUTH et al., 2015).
No Brasil, especialmente naqueles espaços empobrecidos das periferias
urbanas, percebem-se ações de empoderamento que visam um caráter so-
cial, educativo, profissionalizante, de inclusão no mercado de trabalho, entre
outras. Várias dessas iniciativas têm o apoio financeiro do Estado. Algumas
se concentram na problemática do combate à violência e outras voltadas à
promoção de saúde e a outros direitos (RIBEIRO, MINAYO, 2014).
Na visão de muitos líderes religiosos, as ações de promoção da saú-
de se tornam estratégicas no papel de desestimular o indivíduo a se en-
volver em atos ilícitos, além de incentivar condutas regidas por preceitos
religiosos (RIBEIRO, MINAYO, 2014). Nesse sentido, a igreja assume um
importante papel como rede de apoio social, com a finalidade de contri-
buir para o bem-estar das pessoas, principalmente aquelas em situação
de vulnerabilidade extrema, permitindo-lhes, então, desenvolver sua ci-
dadania (ARAÚJO et al., 2006).
Para que esses grupos religiosos atendam, de forma adequada, às ne-
cessidades de saúde dessas pessoas, é preciso estabelecer variadas intercone-
xões socioculturais entre os usuários dos serviços de saúde, profissionais de
saúde e a comunidade. Nesse contexto, o binômio saúde/doença passaria a
ser determinado mais pela experiência subjetiva dos indivíduos como mem-
bros participantes dessa comunidade do que pelos aspectos clínicos e físicos
evidenciados (MEIRELLES, ERDMANN, 2008).
Portanto, ao se capacitar e fortalecer tais grupos, na realidade está se
praticando promoção da saúde, pois isso leva ao envolvimento de ações dire-
cionadas à melhoria da qualidade de vida, permitindo que esses indivíduos
participem diretamente no controle das intervenções propostas (ARAÚJO et
al., 2006; TRAVERSO-YEPEZ, 2007). Outro aspecto que não se pode esque-
cer, relacionado à promoção da saúde, é o fortalecimento da capacidade in-
dividual e coletiva para lidar com a abundância dos condicionantes da saúde
(BUCHELE; COELHO; LINDNER, 2009).
Por fim, e não menos importante, é fomentar um discurso acadêmico
que dê suporte, valorize e proteja as práticas religiosas tradicionais, não como

58
Promoção da saúde em um cenário religioso

um fim em si mesmas, mas como estruturas culturais vitais ao delineamento


da promoção da saúde, tendo como ponto de avaliação e equilíbrio as estru-
turas políticas. Ressalta-se que o interesse geral deveria estar sobre modelos
que proporcionassem a colaboração entre instituições religiosas e aquelas
destinadas à pesquisa em saúde, delimitadas e estruturadas por noções de
saúde, doença, considerando as representações individuais (TIMM, 2015).

59
CAPÍTULO 10

PERDÃO
MÔNICA DE FÁTIMA FREIRES DA SILVA
GRASIELE DE SOUZ A HINSCHINK DA SILVA

O perdão não é uma prática corriqueira e de fácil exercício, pois mo-


biliza rancores morais como culpa, vergonha, tristeza, raiva, mágoa, ressen-
timento e ofensa não resolvidos, podendo causar desequilíbrio emocional.
Isso, por sua vez, pode levar à depressão. As pessoas perdem o sono, a alegria
e a vontade de viver devido ao apego às hostilidades, sendo que o perdão
poderia ser a solução e a cura (ALENCAR; ABREU, 2019). Terapêuticas psi-
cológicas relacionadas ao perdão e ao autoperdão genuínos revelam bene-
fícios físicos, psicológicos, sociais, qualidade de vida e satisfação pela vida
(ALENCAR, ABREU, 2019).
O aspecto relacional entre a culpa e o acolhimento do perdão pela víti-
ma, que pode consentir ou não, inclui a complexidade de que perdão pedido
nem sempre é perdão concedido — devendo ser este entendido por grandeza,
como sendo um dom. O perdão é uma resposta sobre o agir mal de alguém.
Nesse sentido, ser perdoado não significa isenção ou esquecimento do mau
ato cometido, pois nem sempre é possível esquecer.
Há necessidade de enfrentar o problema e vivenciar o luto sobre a
ação cometida (peso da dívida moral). O sentimento de culpa ou indignação
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

devido ao mau ato cometido e/ou sofrido pode ser superado pelo perdão. Ao
se destituir a dívida moral e compreender o perdão como um “dom divino”,
ocorre a transposição das consequências advindas do ato mau, superando
com grandeza o sofrimento provocado (SOUZA; SILVA; SOUZA, 2016).
A transposição da maldade pode produzir, nos envolvidos, a respon-
sabilidade pela origem da ofensa, quebrando, assim, o ciclo vicioso de hos-
tilidades, como vingança e ódio. Nesse sentido, a tese se volta para a lógica
do perdão, evidenciado na base religiosa cristã que age mutuamente com a
esfera da justiça e em conformidade com a lógica teológica da criação. Essa
teologia envolve o amor, despertando no ser humano a capacidade para fazer
o bem. A ação para a bondade está baseada no primeiro capítulo do livro de
Gênesis de que tudo o que Deus fez foi muito bom (SALLES, 2019).
Sob a ótica bíblica, no verso de Mateus 6:14 (BÍBLIA MISSIONÁRIA,
2018), após a oração dominical, Jesus acrescenta: “Se perdoardes aos homens
as suas ofensas, também vosso Pai Celeste vos perdoará; se, porém, não per-
doardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as
vossas ofensas”. White (2020a, p. 114) recomenda: “cumpre-nos, porém, ter
espírito de compaixão para com os que pecaram contra nós, quer confessem
quer não suas faltas. [...] Não devemos acariciar nossos ressentimentos, sim-
patizando com nós mesmos pelos males que nos são causados”.
Evidências apontadas em um estudo científico mostram fatores que
facilitam ou dificultam o processo do perdão. Foram analisadas experiên-
cias interpessoais de mágoas acerca das vítimas, ofensores, relacionamento
e ofensa. Destaca-se a empatia e a resiliência como atributos facilitadores do
perdão pela vítima.
Em muitos casos, o perdão ocorre, primordialmente, pela iniciativa
da pessoa ofendida, que é motivada pela ressignificação a partir da autor-
reflexão e aceitação da imperfeição humana. Por outro lado, duas dificul-
dades, relacionadas às vítimas, sobressaíram no estudo: não compreender
as razões do ofensor e não perceber/obter acesso ao diálogo. Ainda assim,
esforços cognitivos podem levá-las a desenvolver um discernimento em rela-
ção à ação do ofensor e, assim, deixar se levar por sentimentos de compaixão,
perdoando o agressor cognitiva e afetivamente (PINHO; FALCONE, 2018).

ORAÇÃO DO PERDÃO
O perdão foi definido por Enright, Freedman e Rique (1998, p. 46-
47) como “uma ação voluntária, na qual o sujeito considera abrir mão do

62
Perdão

direito ao ressentimento e à retaliação em função de uma injustiça sofrida


ao mesmo tempo em que busca nutrir a compaixão e o amor incondicional
em direção ao autor da mágoa”.
Existem muitos motivos pelos quais devemos perdoar as pessoas, espe-
cialmente nossos pais. Muitas das agressões que recebemos estão gravadas em
nosso inconsciente. Pense nas agressões que talvez tenham ocorrido em sua vida
e descubra a beleza do perdão, ore pedindo que, pela graça de Deus, você possa
perdoar seus pais ou qualquer outra pessoa e receba a cura para sua alma.
Repita durante muitos dias em oração. Diga antes de cada possível mo-
tivo: "Meu pai, eu te perdoo por…" e diga o motivo; "minha mãe, eu te perdoo
por…" e diga o motivo.

EXEMPLO

Ore assim: Meu pai, pela graça de Deus, eu te perdoo por querer uma
criança do outro sexo; minha mãe, pela graça de Deus, eu te perdoo por dar
preferência e mais atenção a meus irmãos.
Siga fazendo assim, perdoando por todos os outros motivos, sejam
eles quais forem. No caso de outras pessoas, seja específico, mencionando o
nome e a ofensa em questão. Essa sugestão de oração foi extraída e adaptada
do livro A cura pelo amor (SANAGIOTTO, 2002).
Sob a perspectiva do ofensor, um estudo, cujo objetivo foi detectar a
motivação para receber o perdão, encontrou três fatores com níveis diferen-
tes para buscá-los. São eles: dureza no coração e/ou inabilidade para procu-
rar o perdão, que confere um nível menor de motivação; busca pela verda-
de e sensibilidade às circunstâncias, no qual o ofensor inicia uma avaliação
das condições para decidir se busca o perdão ou não; e, por último, a busca
pelo perdão de forma incondicional sem importar as condições. Neste caso,
a motivação é extremamente forte. O genuíno ato do ofensor reconhecer o
erro e buscar o perdão foi reconhecido, no estudo, como uma atitude moral
(ALENCAR e ABREU, 2019).

ESTUDO DE CASO
Em um determinado momento da vida de um casal, eles acolheram
um jovem usuário de drogas, providenciando uma vaga em um pensio-
nato para que ele pudesse iniciar uma jornada diferenciada em sua vida,
ter uma família, estudo de boa qualidade, convivência com o círculo de

63
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

amizade do casal e tudo o que precisava para uma vida assertiva. Tudo
parecia bem até que um dia, esse jovem, decidiu roubar coisas dos colegas
de internato e fugiu no mundo.
A família desolada perguntava-se: por quê? A esposa, sem perceber a
associação dos males físicos com o rancor, mágoa, raiva, iniciou um pro-
cesso de doença e, por aproximadamente três meses, elevou-se ainda mais a
ansiedade, tornando-se generalizada. Após três meses, o jovem decidiu re-
tornar à casa dessa família.
A esposa percebeu os males que sentia no estômago e em seu corpo
e tomou uma decisão: colocou os joelhos no chão e orou a Deus, ini-
ciando um processo de confissão, arrependimento e perdão. Deus lhe
concedeu perdão e visão do que fazer. No próximo retorno deste jovem,
a esposa conversou com ele e o perdoou. Ao mesmo tempo, perdoou a si
mesma do mal que estava fazendo, independente do mal que ele a tinha
feito. É assim que Deus age.
Um estudo sobre o perdão, aponta que quanto maior a disposição para
perdoar a si mesmo, perdoar os outros e sentir o perdão de Deus, maior é o
benefício na busca do significado pela vida de adolescentes crentes pratican-
tes (GLAZ, 2019). Além disso, adolescentes que aplicam em sua vida a dispo-
nibilidade para perdoar, tem maior propensão à saúde, bem-estar e melhor
qualidade de vida, afastando-se de drogas ilícitas, álcool, tabagismo e riscos
que afetam sua saúde física e mental (CONCEIÇÃO et al., 2020).
Quanto ao estudo sobre o autoperdão (perdoar-se a si mesmo), dei-
xa-se claro sua diferenciação com os mecanismos de defesa, como negação,
minimização ou justificativa da ofensa, nos quais o ofensor não reconhece a
injustiça que cometeu, a responsabilidade sobre os danos e nem experimen-
tou as emoções negativas provenientes da mesma.
Ele não considera que este reconhecimento é necessário para a etapa
de elaboração do significado da ofensa e resgate da autoaceitação, respeito,
compaixão e bondade, independente do erro que cometeu. Alguns estudos
relacionaram o processo de autoperdão ao comportamento de ideação e sui-
cida, quando ele não é efetivo.
Outros estudos associaram a atitude de se autoperdoar à redução
das emoções negativas, como culpa, vergonha e autocondenação. Outros,
associaram o autoperdão com a saúde física. Nesta, o processo é utilizado
para os tratamentos de câncer de mama, alcoolismo e distúrbio alimen-
tar (ALENCAR, ABREU, 2019).

64
Perdão

NA PRÁTICA
No Anexo D, você encontrará a Escala de Disposição para Perdoar
(BARBOSA, 2015). As perguntas demonstram o seu jeito de pensar, sentir e
agir no dia a dia. Descubra se você está disposto a perdoar. Após completar
o questionário, faça o seguinte exercício mental (TELLES, s/d):

1. Sentado, feche os olhos e imagine a pessoa que você precisa per-


doar bem na sua frente.

2. Visualize essa pessoa toda enrolada em arame farpado.

3. Perceba o quanto ela está ferida e imóvel.

4. Aproxime-se dela e, com uma tesoura de ouro, vá cortando o


arame farpado que aprisiona a pessoa.

5. Corte pedaço por pedaço até a livrar completamente da armadilha.

6. Cure as feridas da pele dela e leve-a para um rio de águas claras


e cristalinas.

7. Lave-a nessas águas correntes.

8. Ofereça uma roupa nova e observe a pessoa, agora completamen-


te livre e curada. Sabendo que essa pessoa é você, abrace-a.

9. Respire e abra os olhos.

65
CAPÍTULO 11

RESILIÊNCIA
REGINA CELIA GARCIA AMOEDO SABBAG
GLEYDIANE SOUSA SOARES

Todos os indivíduos irão, em algum momento, vivenciar situações estres-


santes, que podem ser agudas ou crônicas, levando ao desenvolvimento de pa-
tologias psiquiátricas como o transtorno de estresse pós-traumático, depressão,
transtorno de ansiedade ou outras psicopatologias. A maioria, porém, se adapta
com sucesso e, em alguns casos, saem fortalecidos. Por que isso ocorre?
Estudos psicopatológicos apontam para a capacidade que o homem
tem de se adaptar às condições sociais. Em boas condições de saúde mental,
encontram forças em fatores externos para um desenvolvimento saudável,
contrariando as expectativas delineadas pelo ambiente hostil. Com essa ca-
pacidade de adaptação, esse assunto começou a ser alvo de interesse científi-
co, buscando entender como o ser humano se adapta em situações diversas
da vida. Por isso, se torna importante destacar historicamente os modelos
teóricos da psicologia em relação à resiliência para explicar fenômenos de
saúde e sobrevivência humana (OLIVEIRA; NAKANO, 2018).
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

O termo resiliência vem da física. É sinônimo de elasticidade e expres-


sa a capacidade do corpo de voltar a sua forma original quando as forças que
causaram a sua deformação deixaram de existir (ORIOL–BOSCH, 2012). Na
física, esse conceito é claro, mas na psicologia existem controvérsias. Para
alguns autores, é um traço de personalidade, atributo pessoal; para outros, é
o reflexo da interação com o ambiente. Sisto et al. (2019), em revisão de lite-
ratura, separaram as definições encontradas em cinco categorias:

1. Capacidade de se recuperar das adversidades, sendo a tendência


em manter o próprio equilíbrio apesar do estresse.

2. Funcionamento que caracteriza o indivíduo através de compor-


tamentos que permitem que este permaneça saudável apesar da
adversidade.

3. Processo dinâmico através da interação entre fatores de risco


e proteção.

4. Capacidade de recuperação; descreve a capacidade de crescer


frente aos estressores, superando experiências negativas.

5. Adaptação positiva às condições da vida através de pensamentos


e respostas emocionais que dão origem a comportamentos que
permitem adaptação.

Para os autores que defendem a resiliência como traço, a própria per-


sonalidade é um fator de proteção, enquanto que, para os que a defendem
como um processo, resiliência será o resultado do sucesso da interação entre
o indivíduo e o contexto, sendo que os fatores de proteção atuam de forma
dinâmica e concomitante (SISTO et al., 2019).
Apesar de não haver um consenso com relação à definição, os auto-
res concordam com a premissa de que ela parte da exposição a um risco
significativo e uma evolução positiva para ocorrer a resiliência (SISTO et
al., 2019). Ao conhecermos sobre resiliência, precisamos ter claro que ela é
um processo de construção psicológica altamente valorizado, graças à sua
relação com a capacidade de ajustamento ao meio e superação adequada de
circunstâncias adversas.

68
Resiliência

A resiliência pode ser promovida por meio de intervenção advindas


de políticas sociais e econômicas, envolvimento com a comunidade, e a ní-
vel micro, através da cultura. As ações devem ser pensadas visando o for-
talecimento da comunidade e os relacionamentos saudáveis, com redes de
apoio guiados pelo afeto e, a nível individual, identificando os pontos fortes,
e interesses para intervir nas habilidades cognitivas (HORNOR, 2017). Cabe
destacar que existem estudos que abordam tratamentos farmacológicos
também, que incluem receptores cerebrais para tratar o transtorno pós-trau-
mático, aumentando a resiliência (HORN, 2016).
Diante de todo o processo de conhecimento sobre resiliência e a for-
ma que ela conduz o homem em seu processo de adaptação, é importante
esclarecer o método de avaliação para identificar os níveis de resiliência
e como sei se estou desenvolvendo resiliência diante dos conflitos exter-
nos. A seguir, você terá acesso à versão reduzida de uma escala criada
por Connor e Davidson (2003), a CD-RISC. Enquanto a original contém
25 itens, a versão reduzida contém 10 itens (CD-RISC-10), foi criada por
Campbell-Sills e Stein (2007) e validada no Brasil por Lopes e Martins
(2011). Essa escala tem ampla utilização em pesquisas internacionais e
apresenta boas características de medida. 

69
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

Figura 1 — CD-RISC-10

Por favor, leia as instruções.


Você encontrará quatro números,
variando de "0" (Nunca é verdade) a
"4" (Sempre é verdade). Assinale com
uma cruz (+) o número que melhor
indica seus sentimentos sobre a

Sempre é verdade
afirmação correspondente.

Nunca é verdade
Identificação (facultativo):

_______________________________

_______________________________

Idade: ______ Sexo: ______

1 2 3 4 5

1 Adaptar a mudanças

2 Lidar com qualquer situação

Ver o lado engraçado dos


3
problemas

4 Lidar com estresse

5 Dar a volta por cima

6 Atingir objetivos

Concentração e pensamento
7
claro

Não ser desencorajado pelo


8
fracasso

9 Ser pessoa forte

Lidar com sentimentos


10
desagradáveis

70
CAPÍTULO 12

LUTO: SOBRE A
MORTE E O MORRER
ALL AN MACEDO DE NOVAES

Não é difícil reconhecer que a morte é um dos assuntos mais inquietantes


da existência humana. Detestamos conversar sobre falecimentos, não sabemos
lidar bem com a perda e o luto, e tratamos o local onde se presta respeito à me-
mória dos que já se foram como objeto de lendas e superstições macabras.
Cada vez mais as fronteiras entre a vida e a morte são conhecidas, dife-
rentemente do passado, quando se colocava um espelho sobre a boca de uma
pessoa para ver se ela respirava ou se procurava ouvir as batidas do coração
para saber se ela vivia. Do ponto de vista médico, o morrer divide-se em eta-
pas, a saber: a morte fisiológica acontece no momento em que os principais
órgãos vitais paralisam suas funções, ao passo que o sistema nervoso central
ainda registra alguma atividade elétrica; a morte clínica é definida quando o
sistema nervoso central deixa de funcionar; já a morte absoluta indica o ces-
sar de todas as funções vitais do corpo humano (BRUSTOLIN e PASA, 2013).
Essa revisão do conceito de morte em fases tornou-se necessária devi-
do a diversos fatores, entre os quais se destaca a capacidade da medicina de
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

prolongar indefinidamente uma vida por meios artificiais. A despeito desses


avanços, a morte permanece sendo um enigma, dada a incapacidade do ser
humano de revertê-la ou anulá-la.
Fica claro, portanto, o porquê de o óbito sempre ter sido e continuar
sendo um dos maiores tabus da humanidade: sofremos de horror à ideia de
finitude (horror finitus, no latim). A atitude de diversos povos da Antiguida-
de, em que a morte era próxima e familiar, contrasta com o cenário atual, no
qual o falecimento causa tanto medo ao ponto de se não ousar pronunciar
o seu nome (ARIÈS, 2014). Existe, portanto, a tendência natural de se negar
o perecimento e de se desviar de questões referentes à finitude. E, quando
pronunciada, a morte desperta desconforto e medo.
A interdição em torno do diálogo sobre o morrer muitas vezes é uma
reação de preservação da sanidade mental, uma vez que nossa consciência
percebe a realidade incontestável da morte de duas formas: ao vivenciá-la
através do passamento de outros, e pela percepção de que a vida é uma pro-
gressiva e gradual submissão ao perecimento (MONDIN, 2003).
Desde o lançamento do livro The meaning of death, editado pelo psi-
cólogo Herman Feifel (1915-2003) no contexto pós-segunda guerra mundial,
cientistas concordam que é preciso discutir mais abertamente sobre a morte
e o luto. Os pesquisadores que se debruçam sobre a tanatologia, isto é, o
campo de estudos que analisa a morte e seus efeitos sobre o indivíduo e a
sociedade, entendem há décadas que é preciso superar o tabu do óbito e suas
implicações para a vida humana (BALK, 2009).
A palavra vem do grego Thánatos, nome do deus da mitologia grega
que personificava a morte, irmão gêmeo de Hipnos, deus do sono. Um dos
mais renomados tanatologistas no século 20 foi o historiador francês Philli-
pe Ariès (1914-1984). Em suas obras clássicas — O homem diante da morte
e História da morte no Ocidente —, Ariès elaborou uma categorização sobre
a morte na cultura ocidental, que ele chamou de “mentalidades”. Elas repre-
sentavam a evolução do significado social do luto e do falecimento.
Da Idade Média aos dias atuais, as quatro categorias de Ariès foram:
“morte domada”, “morte de si mesmo”, “morte longa e próxima”, “mor-
te do outro” e “morte invertida”, também chamada de “morte invisível”
(ARIÈS, 2014; 2017). Em resumo, Ariès relata que a atitude de diversos
povos até a Idade Média, em que a morte era próxima e familiar, contras-
ta com o cenário atual, que ele chama de período de “morte invisível”, no
qual o falecimento causa tanto medo e vergonha ao ponto de se não ousar
pronunciar o seu nome. Vive-se uma época na qual a morte é higienizada,

72
Luto: sobre a morte e o morrer

relegada a clínicas e hospitais, fruto dos processos de secularização, ur-


banização e individualismo no Ocidente.
Observando essa realidade, Ariès e outros pesquisadores confirmam
esse paradigma e sintetizam a forma como esse comportamento evoluiu so-
cialmente em duas constatações: (1) a morte, antes uma experiência compar-
tilhada e comunitária, passou a ser um fenômeno discreto e privado; e (2) a
morte, antes aceita e até mesmo esperada pela sociedade, tornou-se invisível
e “proibida” na cultura contemporânea. Essa mudança de perspectiva fez
com que a morte, um assunto sempre temeroso e sensível, atualmente se
tornasse ainda menos cotidiano, natural e presente.
Como Ariès, a médica Kathryn Mannix, no livro Precisamos falar so-
bre a morte, também identificou a mudança que os avanços da medicina
provocaram na forma com que tratamos a morte.
Nós enxergamos todas as nossas experiências – seja o nascimento, a
morte, o amor, a perda ou a transformação – através dos filtros daquilo que
já conhecemos. O problema é que, embora o nascimento, o amor e até mes-
mo o luto sejam amplamente discutidos, a morte em si tem se tornado um
tabu cada vez mais absoluto. Sem saber o que nos espera, reproduzimos o que
vimos em experiências indiretas: televisão, filmes, romances, redes sociais e
noticiários. Essas versões sensacionalistas e ao mesmo tempo banalizadas
do processo do morrer e da própria morte substituíram o que, no passado,
era uma experiência comum: observar as pessoas ao seu redor morrerem;
presenciar a morte com frequência suficiente para reconhecer seus padrões;
acostumar-se com a decadência física e até desenvolver certa familiaridade
com os rituais de fim da vida (MANNIX, 2019, p. 1):

A partir da segunda metade do século 20, por conta de melhores cuidados com
a saúde, alimentação mais balanceada, programas de imunização e outras
descobertas, fazendo com que a expectativa de vida aumentasse, tudo isso
gerou uma esperança de cura — ou simplesmente um adiamento da morte.
Isso porque mesmo com tantos aprimoramentos da medicina moderna, a
morte continua sendo um inimigo imbatível. Em vez de acompanharmos
nossos queridos no leito de morte em ambientes domésticos, eles são levados
a clínica e hospitais, onde morrem com aparelhos e, muitas vezes, sozinhos.

Perdemos a familiaridade que tínhamos com esse processo; perdemos


o vocabulário e os códigos de conduta que nos serviram tão bem em tem-
pos passados, quando a morte era reconhecida como inevitável. Em vez de

73
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

morrer em um quarto familiar que evoca boas lembranças, cercado por pes-
soas que amamos, nos despedimos da vida em ambulâncias, salas de emer-
gências e unidades de terapia intensiva, separados de nossos entes queridos
pelos equipamentos de preservação da vida (MANNIX, 2019, p. 1).

O pouco espaço para conviver com a morte e o luto que existe na socie-
dade contemporânea têm gerado consequências. Especialistas têm usado
o termo death anxiety (ansiedade de morte) para descrever um conjunto
complexo de sensações e percepções que o “pensar sobre a morte” pode
causar. Ansiedade de morte é um fenômeno multidimensional e pode
envolver diversos sentimentos, entre eles, o medo de morrer prematu-
ramente, o medo de sofrer no processo de morrer e o medo da morte de
pessoas queridas (NEIMEYER, 1994).

Além da ansiedade de morte, outro processo psicológico grandemen-


te afetado por esse paradigma contemporâneo da morte invisível é o luto.
Para além dos cinco estágios de luto — negação, raiva, barganha, depressão
e aceitação – propostos no estudo de Kübler-Ross (1996), o paradigma da
“morte invertida ou invisível” pode gerar a camuflagem desses sentimentos.
Isso cria dificuldades durante o processo do luto, contribuindo para o de-
senvolvimento de depressão e até desencadeando o surgimento de doenças
por conta do enfraquecimento do sistema imunológico (CASSORLA, 1998).
No que tange à equipe médica e de enfermagem, pode possibilitar um
vínculo menos afetivo entre o profissional e o paciente. Há instituições que
estimulam que os profissionais abafem sentimentos e reações em relação à
morte dos pacientes. Essa prática encontra eco no medo que o profissional
da saúde tem de vir a perder o paciente para a morte, sentindo-se desampa-
rado e impotente ao se deparar com a finitude de existência de seu paciente e,
consequentemente, da sua própria finitude (STEDEFORD, 1986).
Em um cenário contemporâneo, em que vigora a mentalidade de tor-
nar a morte invisível e muitas vezes expulsa do contexto familiar, a literatura
bíblica, mesmo sendo milenar, traz informações úteis e atuais sobre a morte
e como podemos lidar com ela. Na Bíblia, a visão da morte é ambígua.
Por um lado, o texto bíblico nos traz a consciência de que a morte não
é algo fora do comum. Ela é o destino inevitável de toda pessoa, não fazendo
distinção de gênero, cor ou classe. O rei Davi, por exemplo, no final de sua
vida reconhece a morte como sendo o caminho que toda pessoa irá trilhar,
como consta em 1 Reis 2: 1 e 2: “Aproximando-se os dias da morte de Davi,

74
Luto: sobre a morte e o morrer

deu ele ordens a Salomão, seu filho, dizendo: Eu vou pelo caminho de todos
os mortais. Coragem, pois, e sê homem!”
No entanto, apesar de ser um elemento presente na vida humana, a
Bíblia também considera a morte uma intrusa, uma inimiga dos desígnios
divinos para a humanidade. Exemplo disso é o relato de Apocalipse, que
descreve a luta final entre o bem e mal. Além de Satanás, a besta e o falso
profeta, entidades representantes do mal, a morte também aparece como um
personagem condenado pela justiça divina, como está registrado em Apoca-
lipse 20:14: “Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago
de fogo”. Faz todo sentido no pensamento bíblico que a morte, juntamente
com Satanás, seja um adversário a ser derrotado, afinal de contas, Deus “pôs
a eternidade no coração do homem”, como relata Eclesiastes 3:11.
A definição bíblica de “estar morto” é muitas vezes relacionada à in-
capacidade de louvar e honrar a Deus. Isso acontece porque, na Bíblia, vi-
ver significa ter um relacionamento, especialmente um relacionamento
com Deus. Dessa forma, morte significa ausência de relacionamento. Como
exemplo dessa lógica, em Salmos 115:17, os mortos são descritos como aque-
les que “não louvam ao Senhor”. Por essa razão é tão difícil aceitar a morte,
mesmo sendo ela algo inevitável. Não queremos que nosso relacionamento
com as pessoas que amamos acabe. Não queremos que nossas histórias e
experiências não se entrelacem mais.
Diante desse dualismo (curso natural da vida versus incapacidade de
aceitar a finitude), o texto bíblico deixa claro que não há espaço para a morte
na nova ordem das coisas e, por conta disso, não deveríamos nos resignar em
absoluto com o drama da inexistência — quer seja a nossa, quer seja a dos
nossos amados. Paulo, em 1 Tessalonicenses 4:13,14, orienta sua audiência a
agir com esperança diante do falecimento de pessoas queridas:

Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem,
para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança.
Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que
em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele.

Logo, embora devamos agir com esperança ao nos defrontarmos com a


perda de nossos queridos, não devemos aceitar a onipotência da inexistência.
A palavra de Deus estabelece, através de Cristo, a promessa da vitória sobre
a morte, como se encontra em João 11:25: “Eu sou a ressurreição e a vida;
quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”.

75
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

Seja qual for a razão pela qual nós tenhamos medo de que nossos que-
ridos nos deixem, a promessa bíblica é clara: um dia a morte será vencida. O
reencontro com todos os que se foram é garantido a todo aquele que crê na
graça e na salvação que Jesus Cristo nos ofereceu na cruz do calvário. Atra-
vés de Cristo, viveremos uma nova ordem mundial, na qual a infinitude fará
parte de nosso cotidiano e a morte será uma realidade muito distante, como
descreve Apocalipse 21:3-5:

E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus
com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo
Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos
toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem
dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado
sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas.

76
CAPÍTULO 13

O PODER DA ORAÇÃO
ERENITA MARIA SILVA DA COSTA
ANA CL AUDIA BORGES CAVALCANTE MACHADO

"E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará” (Tg 5:15,


NVI). A oração é intrínseca à natureza espiritual do ser humano e sempre
foi uma das formas de comunicação com o Ser Transcendente/Deus, princi-
palmente quando aquele se percebe impotente diante da fragilidade da vida.
É essa sensação que, frequentemente, leva o indivíduo a buscar nesse “Ser
Supremo” a ajuda não encontrada entre os homens.
A palavra oração vem do latim oratione, que significa pedir, rogar, pleitear.
No dicionário Houais, oração significa "súplica ou pedido dirigido a Deus, ele-
vação do coração a Deus” (HOUAIS, 2001). Philip Yancey (2007) a define como
“o ato de ver a realidade do ponto de vista de Deus”, e na percepção da escritora
norte-americana Ellen G. White, “a oração é o abrir do coração a Deus como a
um amigo" (WHITE, 2013, p. 94). Em outras palavras é uma conversa franca e
aberta com “Aquele” que não deixa passar nada despercebido.
Hybels (2009, p. 41), em seu livro Ocupado demais para deixar de
orar, sugere as letras do acróstico ACAS para direcionar os tópicos que
devem estar presentes nessa conversa com Deus. Estes tópicos são: Ado-
ração, Confissão, Agradecimento e Súplica. Esse pode ser um modelo
viável a ser seguido. O autor sugere:
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

1. Adoração: começar a oração com adoração e louvor para nos


lembrar a quem estamos nos dirigindo, um ser onipotente que
tudo pode resolver e é digno de adoração.

2. Confissão: lidar especificamente com o pecado, porque quando


confessamos o pecado pelo nome, reconhecemos que necessita-
mos de um salvador.

3. Agradecimento: ou ação de graças. Paulo em I Tessalonicenses


5:18 nos orienta a dar graças sempre.

4. Súplica: ou pedido de socorro. Para aqueles que já passaram pe-


los três passos anteriores.

Para estimular a confissão das falhas humanas diretamente a Deus,


Yancey (2007, p. 31) afirma que “a oração permite que eu admita minhas
falhas, fraquezas e limitações perante aquele que responde à vulnerabilidade
humana com infinita misericórdia”. É uma afirmação extraordinária! Além
de nos perdoar qualquer pecado confessado, com genuíno arrependimento,
Deus atende as nossas súplicas de acordo com a sua bondade.
Assim, o penitente deve "já estar pronto para contar-Lhe sua necessidade”,
acreditando que “coisa alguma é grande demais para Deus solucionar e nada é
pequeno demais que não desperte o interesse dele” (HYBELS, 2009, p. 47).
White (2013, p. 96) afirma que “a oração é a chave nas mãos da fé para
abrir o celeiro do céu, onde se acham armazenados os ilimitados recursos
da Onipotência”, porém ela menciona algumas condições para Deus ouvir e
nos atender, que são:

1. “Sentirmos nossa necessidade de seu auxílio”.

2. Confessar e reparar “todas as faltas de que temos consciência”.

3. Pedir com fé e perseverança.

Ela menciona ainda que, “se não recebemos exatamente as coisas que pe-
dimos e ao tempo desejado, devemos não obstante crer que o Senhor nos ouve,
e que atenderá às nossas orações”, pois “nosso Pai celestial amorosamente nos
atende às orações dando-nos aquilo que é para o nosso maior bem”.

78
O poder da oração

Thomas Merton, citado por Yancey (2007, p 13), diz que “a oração é
uma expressão de quem somos, […] uma incompletude vivente. Somos um
vão, um vazio pedindo preenchimento”. Nos últimos tempos, muito se tem
estudado sobre o tema, buscando entender a oração como recurso paliativo
no enfrentamento das doenças, de forma geral.
A oração é uma das estratégias de coping (enfrentamento) utilizadas
em diferentes contextos, incluindo enfermidades, promoção da qualidade
de vida para população idosa e outros campos em ambientes de cuidados em
saúde. Tem especial recomendação para casos em que procedimentos foca-
dos na solução dos problemas não são acessíveis. Uma análise de entrevistas
de 104 participantes, de diferentes denominações, indicou que a oração con-
tribuiu para atenuar a ansiedade, melhora no funcionamento geral do corpo,
procura de um comportamento mais assertivo e suporte espiritual associado
a uma vida com mais sentido e propósito (ESPERANDIO, LADD, 2013).
Corroborando o estudo citado por Esperandio e Ladd (2013), a prece
mostrou ser uma técnica eficaz na diminuição da ansiedade de pacientes
em tratamento de quimioterapia (CARVALHO et al., 2014). Tal eficácia se
estende também a casos de pacientes que tem ciência de que terceiros estão
orando em favor deles, como no estudo duplo-cego, controlado e randomi-
zado realizado por Leibovici (2001), com 3.393 sujeitos adultos, separados
em grupo controle (1.701) e grupo de intervenção (1.691), para determinar
se a oração intercessora remota (alguém orando por pessoas desconhecidas),
dirigida a um grupo de pacientes com infecção na corrente sanguínea, tinha
efeito nos resultados clínicos.
O estudo demonstrou que a mortalidade foi de 28,1% (475/1691) no
grupo de intervenção e 30,2% (514/1702) no grupo controle (p = 0,4). O
tempo de permanência no hospital e a duração da febre foram significa-
tivamente menores no grupo de intervenção do que no grupo controle (p
= 0,01 e p = 0,04, respectivamente). Os resultados do estudo mostraram
que a oração intercessora pode melhorar os resultados em pacientes com
infecção da corrente sanguínea.
Um estudo realizado por Oliveira et al. (2020), visando analisar a rela-
ção da espiritualidade com o enfrentamento da dor e as estratégias utilizadas
por pacientes adultos oncológicos demonstrou que há relação positiva entre
práticas espirituais que incluíam a oração, rezas e meditação com o alívio da
dor física provocada pelo câncer.
Diante da constatação da oração como ferramenta para melhorar a saú-
de, como será a adesão dessa estratégia pelos pacientes? Buscando investigar

79
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

se pacientes hospitalizados desejavam receber oração de um profissional da


saúde, a pesquisa de McMillan e Taylor (2018) com uma amostra de 78 pa-
cientes apresentou que 88% aceitaram a oferta de oração, 85% acharam útil e
51% gostariam de receber oração diariamente.
Tal necessidade foi também apresentada em estudo qualitativo com
oito pacientes oncológicos sob cuidados paliativos de um hospital em que
foi apresentada a oração e apego a Deus como recorrentes no discurso dos
pacientes, sendo que para um deles a oração foi relacionada ao bem-estar,
pois foi sua principal fonte de fortalecimento no começo do tratamento. Essa
prática também esteve relacionada a angústia espiritual presente nos discur-
sos, pois alguns pacientes sentiram falta de ter alguém buscando a Deus em
oração diariamente nesse momento crítico, para melhorar o sentimento de
angústia e tristeza (PRAZERES, 2018).
Outra pesquisa que corrobora a relevância desse suporte, foi a de Ver-
nin et al. (2019) com 100 participantes, na qual 99% julgavam a fé como
importante em situação de doença e em outros contextos da vida, mas a
maioria afirmou não ter alguém no hospital com quem pudessem falar sobre
aspectos religiosos. Foram oferecidas alternativas de três intervenções, sen-
do estas, leitura de versículo do evangelho, Salmo e oração. Tanto católicos
quanto evangélicos não optaram pela leitura de versículo e a intervenção
mais escolhida foi a oração do Pai Nosso. Esses dados corroboram a pesquisa
de Ermelt et al. (2016), onde todos declararam a importância da fé, a maioria
informou ausência de abordagem sobre assuntos espirituais no hospital e
optou pela oração do Pai Nosso.
O suporte espiritual proporcionado pela oração não é útil apenas ao
paciente hospitalizado, mas também aos familiares, como afirma um estu-
do com 40 familiares de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
que investigou quais os recursos espirituais utilizados por eles para lidarem
com essa situação. Entre os participantes, 20 responderam que a oração foi
a estratégia utilizada, 24 disseram apoiar-se na religião e, após seis meses, a
maioria manteve ou até aumentou sua prática religiosa, visando ajudar no
enfrentamento da doença. Foi relatado que a espiritualidade/religiosidade
se demonstrou importante em contextos em que a vida é ameaçada (ESPE-
RANDIO et al., 2017).
Com base nas pesquisas aqui apresentadas podemos inferir que estra-
tégias de cunho religioso e espiritual, como a oração, dão maior serenidade
no enfrentamento da dor e ajudam na recuperação dos pacientes.

80
CAPÍTULO 14

PRECETERAPIA
ERENITA MARIA SILVA DA COSTA
ANA CL AUDIA BORGES CAVALCANTE MACHADO
GINA ANDRADE ABDAL A

O objetivo deste capítulo é apresentar sucintamente maneiras práticas de


como rezar e/ou orar, estratégia universal para minorar o sofrimento e a dor de
pessoas acometidas por alguma doença grave e/ou sofrimento. Pesquisadores
concordam em que, na tríade espiritualidade/religiosidade/religião, para haver
conectividade com o transcendente, é necessário ter algum tipo de ritual ou prá-
tica e isto envolve prece, oração e meditação (MEIRA, ALVES, 2020). Cabe res-
saltar que cada religião tem suas peculiaridades, mas que a oração é usada como
um consenso. Existem vários tipos de oração, por exemplo, “petição peticionária,
súplicas, oração de ação de graças” (CHRISTIAN; KRISHNAMURTHY, 2020,
p. 582), oração intercessora (MIRANDA et al., 2019).
As formas de prece que as pessoas mais utilizam são a intercessão e
a petição. Durante a oração intercessora, o indivíduo pede em favor de al-
guém, podendo ser tanto na presença do recebedor da oração quanto na sua
ausência. Já na petição, o próprio indivíduo fala com o ser que considera
superior” (LOPES et al., 2010). Nesse ato, a pessoa abre o coração diante de
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

um Ser Supremo, como se estivesse falando com um amigo. Isso pressupõe


uma conversa com Deus, verbalizando sentimentos, angústias, bem como
alegrias e agradecimentos (WHITE, 2007). Pesquisas têm demonstrado que
esta comunicação direta com Deus traz modificações benéficas no cérebro.

ORAÇÃO TERAPÊUTICA: ALGUMAS DICAS


1. Oração espiritual por 14 dias, duas vezes por dia, durante seis
minutos: ajudou 70 crianças órfãs a diminuir a depressão e an-
siedade (CHRISTIAN; KRISHNAMURTHY, 2020).

2. Grupos de oração intercessora e de petição a cada 15 dias


por 15 minutos durante seis meses na redução da imunodefi-
ciência e diminuição dos triglicerídeos (SIMÃO, CALDEIRA,
CARVALHO, 2016).

3. Pedidos de oração eram ditos três vezes durante o dia, por três
semanas, e os participantes deveriam ir ao templo religioso ou
capela no hospital para se conectarem com Deus para redução da
ansiedade (SIMÃO; CALDEIRA; CARVALHO, 2016).

4. Oração intercessora aplicada a 92 pacientes muçulmanos


(sendo 82 mulheres), por oito semanas, com duração de 45
minutos cada sessão, para reduzir a enxaqueca, como medida
não farmacológica complementar ao tratamento medicamen-
toso (TAJADINI et al., 2017).

5. Oração intercessora para pacientes com depressão durante seis se-


manas e após 12 meses. Houve melhora no incremento da atividade
do córtex pré-frontal após oração de cura intercessora, relacionado a
um maior controle cognitivo sobre as emoções, reduzindo a depres-
são e melhorando a extroversão (BALDWIN et al., 2016).

6. Oração como uma conversa descontraída, abrindo o coração


a Deus como a um amigo, traz modificações benéficas para o
cérebro (WHITE, 2007, p. 93).

82
RESUMO

Aprendemos, nesta segunda parte, que a promoção da saúde pode ser


estimulada e promovida em um cenário religioso. Cabe às instituições reli-
giosas motivar a mudança de hábitos e a melhoria da qualidade de vida das
pessoas. Comentamos sobre a importância curativa do perdoar e ser perdoa-
do. Quanto maior a disposição para perdoar, maior é o benefício na busca
pelo significado da vida.
Também enfatizamos a essência da resiliência, de ser elástico diante
das tragédias e dificuldades da vida, de tentar voltar ao normal depois das
tempestades. Falamos também que a morte e o luto fazem parte da vida. A
vida é uma progressiva e gradual submissão ao perecimento e citamos vários
exemplos de como a Bíblia nos ajuda a enfrentar a morte.
Nos capítulos finais, mencionamos sobre a estratégia mais utilizada
para suprir as necessidades espirituais na maioria das pessoas: a oração.
Você encontrou algumas dicas inéditas de como intervir em sua comunidade
por meio da oração intercessora e peticionária. Esperamos que esse e-book
seja útil na sua vida acadêmica, profissional e pessoal.
ANEXOS
ANEXO A

Questionário sobre a prática da espiritualidade no cotidiano do traba-


lho NCLEX (adaptado de TAYLOR, 2008). Responda ao questionário abaixo
e depois confira com as respostas no Anexo A-1.

QUESTIONÁRIO NCLEX
1. Qual das seguintes afirmações melhor distingue um agnóstico
de um ateu?

a. Os termos são utilizados com o mesmo sentido, ambos


acreditam na inexistência de Deus.
b. Um agnóstico nega que as pessoas possam saber qualquer
coisa sobre a existência de Deus, enquanto um ateu nega a
existência de Deus.
c. Ambos negam a necessidade de uma filosofia de vida para
orientá-los.
d. Nenhum aspecto da vida do ateu é influenciado pela espiri-
tualidade, enquanto o agnóstico possui valores espirituais.

2. Um enfermeiro criado rigidamente na religião católica decla-


rou que não pode ajudar pacientes em suas angústias espirituais
porque reconhece apenas um “um poder de campo” em cada in-
divíduo. Ele disse: “Meus pais e eu raramente conversamos por
que abandonei minha fé. Algumas vezes me sinto isolado deles e
também de Deus — se é que existe um”. A análise desses dados
revela que a necessidade espiritual insatisfeita é?
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

a. Necessidade de sentido e propósito.


b. Necessidade de perdão.
c. Necessidade de amor e relacionamentos.
d. Necessidade de força para a vida diária.

3. Que afirmação é verdadeira a respeito da influência da espiritua-


lidade e da religião nos vários aspectos da vida do indivíduo?

a. Todos os aspectos da vida podem ser influenciados pela es-


piritualidade.
b. Atividades da vida diária (comer, tomar banho, dormir,
vestir-se) raramente são influenciadas pela religião.
c. Trabalho e recreação não são influenciados pela religião.
d. Enquanto a doença física raramente é influenciada pela re-
ligião, a doença mental com frequência o é.

4. A um paciente cujo sobrenome é Goldstein foi servida, em um


prato de papel, uma refeição kosher pedida de um restaurante,
porque o hospital não tinha nenhuma provisão para comida ou
pratos kosher, o Sr. Goldstein ficou furioso e acusou o enfermei-
ro de insultá-lo. “Quero comer o mesmo que as outras pessoas
– e me dê pratos decentes”. A análise desses dados revela que:

a. O enfermeiro deveria ter pedido a louça kosher também.


b. A equipe deve ter se comportado de modo condescendente
ou crítico.
c. O Sr. Goldstein é um paciente problemático e difícil de
satisfazer.
d. O Sr. Goldstein foi estereotipado e não foi consultado sobre
suas preferências dietéticas.

5. É menos provável que você encontre resistência à cirurgia de


emergência para salvar a vida de um paciente em qual das se-
guintes famílias?

a. Família da ciência cristã.


b. Família do curador da Assembleia da fé.
c. Família das testemunhas de Jeová.
d. Família dos judeus ortodoxos.

88
ANEXO A

6. Quando a família deseja o batismo para um bebê, é imperativo


que o enfermeiro providencie que o mesmo seja feito porque:

a. O batismo adia ou impede a morte ou o sofrimento.


b. É legalmente exigido que os enfermeiros prestem esse cui-
dado quando a família faz o pedido.
c. É função do enfermeiro assegurar a salvação do bebê.
d. A falta do batismo, quando desejado, pode aumentar a dor
e o sofrimento da família.

7. Como a capacidade do pensamento abstrato se desenvolve a me-


dida que a criança cresce, a espiritualidade é entendida de for-
mas distintas por crianças de diferentes idades. Qual das seguin-
tes afirmações é falsa?

a. A espiritualidade e a percepção de Deus não tem sentido


dos 4 aos 5 anos de idade.
b. Mesmo as crianças pequenas, de 4 a 5 anos de idade, têm
percepções definidas de Deus e formas de veneração.
c. As percepções da criança do seu “eu espiritual” amadure-
cem à medida que ela amadurece.
d. Crianças de 5 a 11 anos de idade podem demonstrar ansie-
dade a respeito do poder que elas acreditam que Deus possui.

8. A fonte mais importante de aprendizado sobre a própria espiri-


tualidade para a criança é:

a. Sua igreja ou organização religiosa.


b. O que os pais dizem a respeito de Deus e da religião.
c. Como os pais se comportam em relação um com o outro e
com seus filhos, com as outras pessoas e com Deus.
d. O conselheiro espiritual da família.

9. Mesmo que uma história de enfermagem detalhada, em que a


espiritualidade é investigada na admissão, os problemas com a
angústia espiritual podem não surgir até alguns dias após a ad-
missão. A explicação provável é que:

89
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

a. Os pacientes querem encobrir informações sobre suas ne-


cessidades espirituais.
b. Os pacientes não estão preocupados com as necessidades espi-
rituais até depois que seu conselheiro espiritual os visite.
c. Membros da família e amigos próximos muitas vezes ini-
ciam as preocupações espirituais.
d. A doença aumenta as preocupações espirituais, o que pode
ser difícil para o paciente expressar em palavras.

10. Quando um paciente precisa de aconselhamento espiritual, o en-


fermeiro que se sente confortável com sua própria espiritualida-
de deveria:

a. Sempre chamar o conselheiro espiritual do paciente.


b. Consultar o paciente sobre o conselheiro espiritual com
quem ele deseja conversar.
c. Tentar aconselhar o paciente e, se não obtiver êxito, fazer
um encaminhamento.
d. Aconselhar o paciente e o conselheiro espiritual a respeito
das opções de saúde e sobre a decisão correta.

11. Homem agnóstico está extremamente deprimido após perder sua


casa, sua esposa e seus filhos em um incêndio. Seu diagnóstico de
enfermagem é Angústia Espiritual: dor espiritual, relacionada à in-
capacidade de encontrar sentido e propósito em sua condição atual.
A intervenção de enfermagem mais importante a planejar é:

a. Perguntar ao paciente que tipo de conselheiro espiritual ele


gostaria que você chamasse.
b. Recomendar que o paciente leia biografias espirituais ou
livros religiosos.
c. Explorar com o paciente o que, além de sua família, pro-
porcionou à sua vida sentido e propósito no passado.
d. Introduzir a crença de que Deus é amoroso e pessoal.

12. Após sofrer um aborto, a paciente disse ao enfermeiro visitante:


“Não deveria ter abortado porque sou católica, mas o que mais
poderia fazer? Estou com medo de nunca mais me aproximar de
minha mãe ou entrar na Igreja novamente”. Ela então conversou

90
ANEXO A

com o padre sobre esse sentimento de culpa. Que declaração de


avaliação mostra a solução para o problema?

a. A paciente declara: “Gostaria de ter conversado com o pa-


dre mais cedo. Agora sei que Deus me perdoou e até mes-
mo minha mãe entende”.
b. A paciente dormiu das 22 às 6h por três noites consecutivas,
sem medicação.
c. A paciente desenvolveu relações de carinho mútuas com
duas mulheres e um homem.
d. A paciente identificou várias crenças espirituais que dão
propósito a sua vida.

13. A filha adolescente do Sr. Brown se envolveu em um roubo de loja.


Ele expressou muita raiva para com ela e afirmou que não podia
olhá-la, muito menos discutir isso com ela. “Não vou tolerar uma
ladra.” Quais das seguintes intervenções de enfermagem você utili-
zaria para ajudar o Sr. Brown com sua dificuldade de perdoar?

a. Assegurar-lhe que muitos pais se sentem do mesmo modo.


b. Tranquilizá-lo mencionando que muitos adolescentes pas-
sam por esse tipo de rebeldia e que vai passar.
c. Ajudar o paciente a identificar como os sentimentos de in-
tolerância em relação aos outros ferem somente a pessoa
que não quer perdoar.
d. Perguntar se ele tem certeza de que passou tempo suficien-
te com sua filha.

REFERÊNCIA
TAYLOR, C. Espiritualidade. Cap. 36. Fundamentos de Enfermagem, 5. Ed. Porto
Alegre: Artmed, 2008.

ANEXO A-1: GABARITO


1. A resposta correta é a letra b. Um agnóstico nega que as pessoas
possam saber algo sobre a existência de Deus, enquanto um ateu
nega a existência de Deus. As outras opções são incorretas.

91
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

2. A resposta correta é a letra c. Os dados apontam para uma neces-


sidade espiritual insatisfeita de amar e pertencer devido ao seu
afastamento da família e de Deus após ter deixado a Igreja. As
demais opções podem representar outras necessidades que essa
paciente possui, mas os dados fornecidos não as sustentam.

3. A resposta correta é a letra a. A espiritualidade pode influenciar


todos os aspectos da vida do indivíduo, inclusive as atividades da
vida diária, o trabalho e a recreação e todos os tipos de doença.
As demais opções são incompletas ou falsas.

4. A resposta correta é a letra d. Com base somente no nome do


paciente, o enfermeiro chegou à falsa e prematura conclusão de
que gostaria de uma dieta kosher.

5. A resposta correta é a letra d. Não existe ensinamento nas es-


crituras hebraicas que proíba a cirurgia para salvar a vida em
uma emergência. Na realidade, a maioria dos judeus ortodoxos
ficaria altamente motivada a submeter-se à cirurgia devido ao
valor atribuído à preservação da vida. Todos os outros grupos
mencionados podem ter bases religiosas para recusar a cirurgia.

6. A resposta correta é a letra d. A falha em assegurar que o batismo


de uma criança seja realizado, quando os pais o desejam, pode
aumentar de forma significativa a dor e o sofrimento da família,
e esta é uma preocupação de enfermagem apropriada. Se o ba-
tismo adia ou impede a morte e o sofrimento (opção a), é uma
crença religiosa insuficiente para unir todos os enfermeiros. Não
existe exigência legal a respeito do batismo; por isso, a opção b é
falsa. Embora alguns enfermeiros possam acreditar que parte de
seu papel é assegurar a salvação do bebê (opção c), essa função
seria compreensivelmente rejeitada por muitos.

7. A resposta correta é a letra a. É falso que a espiritualidade e a


percepção de Deus não são significativas para as crianças de 4 a
5 anos. Todas as demais opções estão corretas.

92
ANEXO A

8. A resposta correta é a letra c. As crianças aprendem mais sobre


sua própria espiritualidade vendo como seus pais se comportam
em relação um ao outro, com seus filhos, com os outros e com
Deus. Fontes menos importantes de aprendizado são cada uma
das demais opções.

9. A resposta correta é a letra d. A doença pode aumentar as preocu-


pações espirituais, o que muitos pacientes consideram difícil de ex-
pressar. As demais opções não correspondem à experiência real.

10. A resposta correta é a letra b. Mesmo quando o enfermeiro se


sente confortável discutindo as preocupações espirituais, ele
deve sempre verificar primeiro com o paciente para determinar
o conselheiro espiritual com quem deseja conversar. Chamar o
conselheiro espiritual do paciente (opção a) pode ser prematuro,
se este for um assunto com o qual o enfermeiro pode lidar. As
respostas c e d negam ao paciente o direito de conversar reserva-
damente com seu conselheiro espiritual desde o início, se é isso
o que ele prefere.

11. A resposta correta é a letra c. A intervenção de enfermagem de


explorar com o paciente o que, além de sua família, deu à vida
sentido e propósito no passado tem mais probabilidade de corri-
gir a etiologia de seu problema, a dor espiritual, do que qualquer
uma das outras intervenções de enfermagem listadas.

12. A resposta correta é a letra a. Como o diagnóstico de enferma-


gem desse paciente é angústia espiritual: culpa, uma declaração
de avaliação que demonstre diminuição dessa culpa é necessária.
Somente a opção a lida diretamente com a culpa.

13. A resposta correta é a letra c, porque essa é a única intervenção


de enfermagem que aborda diretamente a necessidade espiritual
insatisfeita do paciente com respeito ao perdão. As respostas a
e b podem fazê-lo sentir-se melhor inicialmente, mas nenhuma
opção aborda sua necessidade de perdoar. A resposta d talvez o
faça se sentir culpado.

93
ANEXO B

QUESTIONÁRIO SOBRE A SAÚDE ESPIRITUAL,


SEGUNDO O ESTILO DE VIDA SUPER
SAUDÁVEL DE LARIMORE & MULLINS (2003)
Figura 1 — Testes do estilo de vida super saudável: espiritual

Fonte: Adaptado de Larimore e Mullins (2003)


ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

CÍRCULO 4: ESPIRITUALIDADE
ORAÇÃO

1. Raio cheio: oro 1 vez ou mais/dia

2. ¾ raio: oro poucos dias/semana

3. ½ raio: oro poucas vezes/mês

4. ¼ raio: oro poucas vezes/ano

5. Nenhum: não sou uma pessoa que ora ou oraria somente em crise

MEDITAÇÃO

Medito ou leio a Bíblia diariamente.


Rotineiramente tenho um tempo de reflexão.
Mantenho um diário para relatar meus pensamentos e orações.
Consistentemente memorizo porções da Bíblia (guardando em meu
coração).
Estudo a Bíblia frequentemente ou participo de um estudo bíblico 1 vez
ou 2/ano.

1. Raio cheio: Faço todos os cinco itens acima

2. ¾ raio: faço 4 dos itens acima

3. ½ raio: faço 3 dos itens acima

4. ¼ raio: faço 2 dos itens acima

5. Nenhum: faço de 0 a 1 dos itens acima

96
ANEXO B

AMIZADE NA IGREJA

Trato e apoio minha comunidade espiritual (igreja) amavelmente.


Sou um membro ativo da igreja ou grupo organizado de fé.
Estou envolvido num pequeno grupo de crentes que me apoiam, dão
feedback, ensinamentos e amizade positivos.
Recebo direção pessoal de pelo menos um mentor espiritual.

1. Raio cheio: todos os 4 itens são verdadeiros em minha vida

2. ¾ raio: 3 deles são verdadeiros em minha vida

3. ½ raio: 2 deles são verdadeiros em minha vida

4. ¼ raio: 1 deles é verdadeiro em minha vida

5. Nenhum: nenhum deles é verdadeiro em minha vida

TESTEMUNHANDO A FÉ

Estou envolvido ativamente com pessoas de fora da minha igreja.


Sou generoso em dedicar meu tempo, tesouros, talentos na igreja na qual
eu vivo e trabalho.
Minha fé transborda através de minha competência no trabalho. Em ou-
tras palavras, eu sempre tento fazer excelente trabalho que glorifique a Deus.
Minha fé transborda através de meu caráter e compaixão. Em outras
palavras, minha vida usualmente manifesta amor, alegria, paz, paciência, bon-
dade, gentileza, fidelidade e auto-controle.
Minha fé transborda através de minha comunicação com outros, e eu
estou confortavelmente testemunhando os princípios de minha fé com aqueles
que pedem minha ajuda.
Estou confortável para testemunhar as doutrinas básicas de minha fé
com aqueles que pedem ou querem conhecer sobre elas.

1. Raio cheio: todos os 6 itens são verdadeiros em minha vida

2. ¾ raio: 5 deles são verdadeiros em minha vida

97
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

3. ½ raio: 4 deles são verdadeiros em minha vida

4. ¼ raio: 2 ou 4 deles são verdadeiros em minha vida

5. Nenhum: zero ou 1 é verdadeiro em minha vida

Adaptado de Larimore e Mullins (2003)

98
ANEXO C

AVALIAÇÃO DO ESTILO DE VIDA DE ADULTOS


Assinale a opção que mais se aproxima da sua prática nos últimos
três meses.

QUESTÕES SOBRE NUTRIÇÃO

1. Com que frequência você inclui nas principais refeições do dia:


feijões, cereais integrais, castanhas, frutas, legumes e verduras?

a. Quase nunca
b. Raramente
c. Algumas vezes
d. Muitas vezes
e. Sempre

2. Como você se classifica no que se refere ao tipo de alimento que


você mais consome? Escolha a opção mais adequada a seu caso.

a. Não vegetariano: Consome carne de tipos variados mais de


1 vez por semana
b. Semivegetariano: Consome carne de tipos variados no má-
ximo 1 vez por semana
c. Pesco-vegetariano: Consome carne, frango e outras aves
menos de 1 vez por mês, e consome peixe mais de 1 vez
por mês
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

d. Ovolactovegetariano: Consome laticínios e ovos mais que


1 vez por mês e peixes e carnes menos que 1 vez por mês
e. Vegetariano estrito: Consome leite, queijo, ovos, peixe ou
carne no máximo 1 vez por mês ou menos

3. Quantos dos itens a seguir você consome uma ou mais vezes por
semana? (salgadinhos, bolachas, frituras, refrigerantes e doces
de maneira geral)

a. Quatro a cinco itens


b. Três itens
c. Dois itens
d. Um item
e. Nenhum

QUESTÕES SOBRE EXERCÍCIO

4. Você pratica atividades de lazer, tais como caminhar, pedalar, jogar


bola, esportes radicais ou outros hobbies e atividades prazerosas?

a. Nunca
b. Raramente
c. Algumas vezes
d. Muitas vezes
e. Sempre

5. Quantas vezes por semana você pratica exercício físico intenso


(que faz suar e aumentar os batimentos cardíacos, como cami-
nhada longa, corrida, bicicleta etc.)?

a. Nunca
b. Menos de uma vez por semana
c. 1 a 2 vezes por semana
d. 3 a 4 vezes por semana
e. 5 vezes ou mais por semana

100
ANEXO c

6. Quantos minutos você gasta “em média” quando faz exercícios


intensos até suar?

a. Nenhum, não faço


b. 5 a 10 minutos
c. 10 a 20 minutos
d. 21 a 30 minutos
e. 30 a 60 minutos

QUESTÕES SOBRE A ÁGUA

7. Quantos copos (250 ml) de água você bebe diariamente?

a. Nenhum
b. 1 a 3 copos
c. 4 a 6 copos
d. 7 copos
e. 8 ou mais

8. Você utiliza a água como remédio para tratamentos caseiros quan-


do necessário? (Por exemplo, compressas quentes e frias, aplicação
de gelo, inalação, escalda pés e banhos em geral).

a. Nunca
b. Raramente
c. Algumas vezes
d. Muitas vezes
e. Sempre

QUESTÕES SOBRE O SOL

9. Com que frequência você se expõe ao sol pelo menos 15 a 20 mi-


nutos por dia?

a. Nunca
b. Quase nunca
c. Algumas vezes
d. Muitas vezes
e. Sempre

101
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

10. Em sua casa, as janelas e persianas são abertas diariamente para


que entrem sol e luz natural?

a. Nunca
b. Quase nunca
c. Algumas vezes
d. Muitas vezes
e. Sempre

QUESTÕES SOBRE TEMPERANÇA

11. Você ingere bebida alcóolica (cerveja, vinho, licor, aguardente,


pinga ou qualquer outra)?

a. Sim
b. Não

12. Você fuma cigarro, charuto, cachimbo ou qualquer outro tipo de


tabaco?

a. Sim
b. Não

13. Você fez uso de alguma droga, tipo maconha, crack, cocaína, etc.
nos últimos três meses?

a. Sim
b. Não

14. Você ingere bebidas que contém cafeína (café, chá preto, chá ver-
de, chá mate, chá branco ou refrigerantes)?

a. Sim
b. Não

102
ANEXO c

QUESTÕES SOBRE O AR PURO

14. Considerando os lugares onde passa a maior parte do tempo,


como você classifica a qualidade do ar que respira?

a. Muito ruim
b. Ruim
c. Regular
d. Boa
e. Muito boa

15. Você faz respiração profunda ao ar livre ou quando precisa con-


trolar a tensão e a ansiedade?

a. Nunca
b. Quase nunca
c. Algumas vezes
d. Muitas vezes
e. Sempre

QUESTÕES SOBRE DESCANSO

16. Você dorme de 7 a 8 horas por noite e acorda descansado(a) e


com boa disposição na maioria das vezes?

a. Nunca
b. Quase nunca
c. Algumas vezes
d. Muitas vezes
e. Sempre

17. Você costuma dormir cedo (por volta das 22h ou antes desse ho-
rário)?

a. Nunca
b. Quase nunca
c. Algumas vezes
d. Muitas vezes
e. Sempre

103
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

QUESTÕES SOBRE CONFIANÇA

18. Você confia em Deus (em um Ser Superior ou algo sagrado)?

a. Nunca
b. Quase nunca
c. Algumas vezes
d. Muitas vezes
e. Sempre

19. Sua confiança em Deus (Ser Superior ou algo sagrado) influencia


positivamente sua maneira de viver?

a. Nunca
b. Quase nunca
c. Algumas vezes
d. Muitas vezes
e. Sempre

20. Com que frequência você participa de reuniões religiosas ou es-


pirituais?

a. Raramente ou nunca
b. Algumas vezes por mês
c. Duas a três vezes por mês
d. Uma vez por semana
e. Mais de uma vez por semana

21. Você pratica atividades religiosas ou espirituais em sua vida par-


ticular (meditar, rezar ou orar, ler a Bíblia ou livros religiosos, se
voluntariar, fazer caridade etc.)?

a. Raramente ou nunca
b. Algumas vezes por mês
c. Duas a três vezes por mês
d. Uma vez por semana
e. Mais de uma vez por semana

104
ANEXO c

PONTUAÇÃO TOTAL

No questionário, cada pergunta pontua de 0 a 4 em ordem crescente. A


letra “a)” vale 0, a “b)” vale 1, a “c)” vale 2, a “d)” vale 3, a “e)” vale 4. Nas ques-
tões em que há apenas duas alternativas de respostas, “a)” vale 0 e “b)” vale 4.
É possível marcar no máximo 88 pontos se respondidas todas as 22 questões.
Classificação do estilo de vida com base nos 8 remédios naturais:

00 - 25 insuficiente ( )

26 - 44 regular ( )

45 - 58 bom ( )

59 - 73 muito bom ( )

74 - 88 excelente ( )

FONTE

ABDALA, G. A.; MEIRA, M. D. D.; RODRIGO, G. T.; WATAYA, R. S.; TERTULIANA,


I. W. Validação do Questionário “Oito Remédios Naturais” - Q8RN – Versão adulto.
Lifestyle Journal, 2018, v. 5, n. 2, p. 109-134.

105
ANEXO D

ESCALA DE DISPOSIÇÃO
PARA PERDOAR (EDP)
Instruções: Por favor, leia os cenários descritos a seguir (BARBOSA,
2015). Em cada um deles, indique o quanto você estaria disposto a perdoar a
pessoa que está em destaque. Faça isso circulando um dos números da escala
de resposta apresentada logo abaixo dos cenários.

Cenário 1: Você conta a um colega de trabalho sobre uma ideia que teve
e que iria melhorar sua eficiência e economizar dinheiro da empresa.
Durante um encontro da equipe de trabalho, o chefe de vocês anuncia
essa mesma melhoria e diz que o autor da ideia foi justamente seu colega
de trabalho, a quem dará uma bonificação de R$ 1.000,00.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

Cenário 2: Você chega em casa do trabalho e pega seu colega de


quarto olhando seu diário. Seu colega alega que estava procurando
um dicionário e que realmente não leu muito do seu diário.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto


ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

Cenário 3: Um amigo pede emprestado R$ 100,00 até o próximo mês.


Você concorda e empresta o dinheiro. Após esperar seis semanas,
você pede a seu amigo que pague a dívida, mas ele lhe ignora. Cinco
meses depois, você ainda não recebeu o dinheiro de volta.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

Cenário 4: Seu(Sua) namorado(a), com que você está num relaciona-


mento há dois anos, diz que quer se separar e admite ter se envolvido
com outras pessoas durante todo o tempo que vocês namoravam.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

Cenário 5: Seu(Sua) namorado(a) lhe convida para uma festa em que


você não conhece ninguém. Você concorda em encontra-lo(a) direta-
mente no local do evento. Quando chega lá, ele(a) apenas lhe cumpri-
menta e passa ignorá-lo(a). Finalmente você vai embora.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

Cenário 6: Um(a) colega de trabalho pede que você faça um traba-


lho para ele(a), mas você diz que está no meio de outro projeto que
considera mais importante. Depois de seu dia de folga, você volta ao
trabalho e descobre por seu chefe que seu(sua) colega reclamou que
você é difícil e não coopera.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

Cenário 7: Sempre que vocês se encontram, seu tio te provoca, comen-


tando sobre seu peso, afirmando que você está muito gordo(a) ou ma-
gro(a). Você explica a ele que esse tipo de comentário te incomoda, mas
ele parece não entender ou se importar, pois continua os comentários.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

108
ANEXO D

Cenário 8: Você empresta seu violão ao seu irmão. Ao pedi-lo de


volta, um mês depois, descobre que seu irmão o vendeu, pois pensou
que você não o queria mais.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

Cenário 9: Um(a) amigo(a) para de lhe chamar para fazer coisas jun-
tos(as). Você comenta isso com ele(a), que prontamente se desculpa.
Algumas semanas se passam e você continua sem receber qualquer
telefonema ou mensagem da pessoa. Quando você finalmente entra
em contato com o(a) amigo(a), ele(a) fica bravo(a), grita contigo e
pede para você parar de ser tão controlador(a).

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

Cenário 10: Um(a) amigo(a) íntimo(a) de muitos anos vai morar em


outra cidade. Quando ele(a) retorna à sua cidade para passar um
feriado, você liga para ele(a). Porém, seu(sua) amigo(a) diz que está
com a agenda cheia e que você faz parte de seu passado.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

Cenário 11: Você pede a um(a) amigo(a) para ficar em sua casa
por uma semana enquanto você viaja. Quando retorna, a porta de
frente está destrancada e não há ninguém em casa. Ao conversar
com o(a) amigo(a), ele(a) se esquiva dizendo que nada aconteceu e
que não há motivos para se preocupar com uma porta foi aciden-
talmente deixada destrancada.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

109
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

Cenário 12: Você compra algumas coisas em uma loja de conveniên-


cia. Recebe o troco e vai embora. Minutos depois, percebe que fal-
taram R$ 10,00 de troco e retorna à loja para solicitar o restante do
dinheiro. O(A) caixa, porém, nega que tenha cometido o engano e se
recusa a fazer qualquer devolução.

Nada disposto 0 1 2 3 4 5 6 Totalmente disposto

Agora some os pontos e descubra quão disposto ao perdão você é. A am-


plitude da escala vai de 0 a 72.

110
REFERÊNCIAS

ABDALA, G. A.; MEIRA, M. D. D.; ISAYAMA, R. N.; RODRIGO, G. T.; WATAYA,


R. S.; TERTULIANO, I. W. Validação do Questionário Oito Remédios Naturais –
Q8RN – Versão Adulto. Lifestyle Journal, v. 5, n. 2, p. 109-134, 2018. Disponível
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Autoperdão  59, 62,
L
C
Luto 69
CD-Risc (Escala de Resiliên-
cia) 67-68
M
Cosmovisão judaico-cristã  18-19
Morte e o morrer  69, 115
Cuidados paliativos  47, 110, 112,
115, 117
N
E
Necessidades espirituais  27, 35
Enfermagem na comunidade de
fé  33, 109
O
Espiritualidade  89, 94, 110, 112–
116, 119 Oração  60, 75, 80, 94, 113, 115,
120
Oração intercessora  77-80
F
Filosofia do cuidado  9, 11, 51
P
Florence Nightingale  21, 25,
112–113, 116–117 Perdão  31, 59–60, 109, 117–119
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

Preceterapia 79 Sofrimento espiritual  39–40


Solidariedade 15
R
T
Religiosidade  37–39, 43–44, 53,
113, 119 Tanatologia 70
Religiosidade intrínseca  43 Taxonomia da NANDA  36
Religiosidade não organizacional  43 Teoria ambientalista  25, 110,
Religiosidade organizacional  43 116–117
Religiosidade prejudicada  37–38
V
Resiliência  65, 115, 117
Visão holística  9, 19, 51
S
Sentido da vida  29

124
SOBRE OS AUTORES

ALLAN MACEDO DE NOVAES


Doutor em Ciência da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP) com doutorado sanduíche na Andrews University e período
de pesquisador-visitante na University of Notre Dame. Mestre em Comunicação
Social pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp). Graduado em Teo-
logia e Jornalismo pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).
Atua como docente da Faculdade de Teologia e Mestrado Profissional em Pro-
moção da Saúde no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).

ANA CLÁUDIA BORGES CAVALCANTE MACHADO


Aluna de pós-graduação em Terapia Cognitivo Comportamental na
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Graduada
em Psicologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).

ERENITA MARIA SILVA DA COSTA


Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior pela Uni-
versidade dos Grandes Lagos em Rio Preto. Graduada em Teologia pelo Cen-
tro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP-SP) e em Pedagogia pela
Faculdade de Educação, Ciências e Artes Dom Bosco (Faeca). Atua na Viver
Editora e Faculdade DH Educacional.
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL AO CLIENTE

GINA ANDRADE ABDALA


Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre
em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UFES).
Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Adventista de São
Paulo (Unasp). Atua como docente do Mestrado Profissional em Promoção
da Saúde e do curso de Enfermagem no Centro Universitário Adventista de
São Paulo (Unasp). Coordenadora do grupo de pesquisa Religiosidade e Es-
piritualidade na Integralidade da Saúde (REIS).

GLEYDIANE SOUSA SOARES


Discente de Enfermagem na Andrews University – EUA.

GRASIELE DE SOUZA HINSCHINK DA SILVA


Discente de Gastronomia e Nutrição no Centro Universitário Adven-
tista de São Paulo (Unasp).

LISLEY ANNE RODRIGUES


Pós-graduanda em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Centro
Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). Graduada em Enfermagem
pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).

MARIA CLARA DE SALES RONDON


Residente em Saúde da Mulher na Pontifícia Universidade Católica
(PUC). Graduada em Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica
(PUC-CAMPINAS).

MARIA DYRCE DIAS MEIRA


Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada
em Enfermagem pela Faculdade Adventista de Enfermagem (Unasp). Atua
como docente no Mestrado em Promoção da Saúde no Centro Universitário
Adventista de São Paulo (Unasp). Coordenadora do grupo de pesquisa Reli-
giosidade e Espiritualidade na Integralidade da Saúde (REIS).

MARLISE PIMENTEL LIMA


Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em
Enfermagem pela Universidade de São Paulo (USP). Graduada em Enferma-
gem pela Faculdade Adventista de Enfermagem e em Direito pela Faculdades

126
Sobre os autores

Metropolitanas Unidas. Atua como docente na Escola de Artes, Ciências e


Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH – USP Leste).

MAURO ANTÔNIO MONTEIRO BRANDÃO


Mestre em Promoção da Saúde pelo Centro Universitário Adventista
de São Paulo (Unasp). Graduado em Medicina pela Universidade do Estado
do Pará (Uepa). Possui experiência na área de Psiquiatria e Medicina de Fa-
mília e Comunidade. Atua na Viver Editora e Faculdade DH Educacional.

MÔNICA DE FÁTIMA FREIRES DA SILVA


Mestre em Promoção da Saúde pelo Centro Universitário Adven-
tista de São Paulo (Unasp). Graduada em Psicologia pela Universidade
Paulista - UNIP. Especialização em Psicologia do Esporte pelo Instituto
Sedes Sapientiae. Atuou como membro fundadora na Associação Brasi-
leira de Psicologia do Esporte - ABRAPESP gestões de 2003 a 2009. Atua
como profissional liberal.

NÉLIA DE OLIVEIRA DAMASCENO DA SILVA


Mestre em Promoção da Saúde pelo Centro Universitário Adventista
de São Paulo (Unasp). Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitá-
rio das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Especialista em Saúde
Pública pela Faculdade Adventista da Bahia (Fadba). Atua como diretora de
enfermagem no Hospital Adventista Silvestre - RJ.

REGINA CÉLIA GARCIA AMOEDO SABBAG


Mestre em Promoção da Saúde pelo Centro Universitário Adventista
de São Paulo (Unasp). Graduada em Medicina pela Universidade de Taubaté
(Unitau). Atua como Neonatologista em hospitais do Municipal e do estado
de São Paulo.

SAMUEL ANDRADE ABDALA


Pós-doutorando em Geociências e Doutor em Geociências pela Loma
Linda University. Graduado em Geologia pela Universidade de São Paulo
(USP). Atua em Loma Linda University - EUA.

SIMONE CONCEIÇÃO DO AMOR DIVINO


Pós-graduanda em Cardiologia e Hemodinâmica pela Unyleya - RJ.
Graduada em Enfermagem pela Faculdade Sequencial – SP.

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VÍVIAN INÁCIO ZORZIM
Doutoranda em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Mes-
tre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Graduada
em Enfermagem pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).
Atua como coordenadora do Curso de Enfermagem e docente no Centro
Universitário Adventista de São Paulo (Unasp).

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