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SALVAÇÃO INDIVUAL, PROPÓSITO FAMILIAR

“Depois, trazendo-os para fora, disse: — Senhores, que devo fazer para que seja
salvo? Eles responderam: — Creia no Senhor Jesus e você será salvo — você e toda a
sua casa.” At 16.30-31

Definitivamente, Deus tem planos maiores que os nossos (Is 55.8-9). Apenas
para contextualizar como Paulo e Silas acabaram em uma prisão nesta situação com o
carcereiro: Havia uma jovem escrava que era possuída por um espírito adivinhador que
dava lucro aos seus donos exatamente por esse “poder” de adivinhação. Paulo expulsa
este espírito dela e após isso ela perde qualquer “poder” de adivinhar. Os donos da
jovem ficam irritados e incitam a ira da população para que os espanquem e os joguem
na prisão. Paulo e Silas acabam açoitados e lançados no cárcere. Dentro da prisão,
apesar de muito machucados, tanto Paulo como Silas oravam e cantavam louvores a
Deus. De modo que veio um terremoto e quebrou todos os grilhões que os prendiam.
Não só deles, mas de todos os presos. Em uma situação normal, se houvesse uma
rebelião ou simplesmente alguém fosse mais esperto e conseguisse romper com suas
amarras, poderia causar um escape em massa. Assim, aquele que era responsável pela
segurança do cárcere, o carcereiro, estaria debaixo de severo castigo. Pela lei romana, se
um guarda perdia um prisioneiro ele receberia a mesma pena o prisioneiro teria
recebido. Ou seja, nesse caso, o carcereiro estava em maus lençóis porque não fora
apenas um prisioneiro solto, mas todos. Contudo, não foi uma situação normal. Apesar
de todas as prisões estarem livres, ninguém saiu de sua cela, para a felicidade do
carcereiro que não foi punido.
Aqui então chegamos ao nosso ponto de partida, pois emocionado com o que
acabara de acontecer, o carcereiro pergunta a Paulo: “o que eu devo fazer para ser
salvo?”. Vemos esta pergunta ocorrer muitas vezes em todo o Novo testamento porque
se tratava de uma preocupação real de todos, mas que era normalmente feita por judeus:
o jovem rico (Mt 19.16), um perito da lei (Lc 10.25-28), Nicodemos (Jo 3.2-3). De
várias formas diferentes todos queriam saber como entrar no Reino dos céus e herdar a
vida eterna. Apesar de ser um cidadão romano, foi do interesse do carcereiro perguntar
o que ele precisaria fazer para atingir a vida eterna. E na busca por salvação individual,
ele encontrou salvação para toda a sua família.
O relato do carcereiro é um dos mais ricos da Bíblia para quando queremos
tratar sobre a questão da salvação e do propósito de Deus para nossas famílias. E quero
antes de mais nada responder de forma muito direta algumas pequenas questões para
que não tenhamos dúvida:
1. Se Deus me salvou, minha família está automaticamente salva? Não (Rm
14.12-13);
2. Filho de peixe, peixinho é; Filho de crente, crentinho é? Não. Filho de crente é
criatura até confessar a Cristo como único e suficiente salvador tornar-se
filho de Deus (Dt 24.16);
3. Se alguém na minha família morrer sem professar publicamente sua fé em
Cristo, é culpa minha que já sou crente? Não. (II Tm 1.9).

Essas entre outras questões podem estar em seu imaginário quando o assunto é
salvação e família. Você poderia perguntar: quer dizer então que minha salvação não
tem nada haver com a minha família? TAMBÉM NÃO! Na verdade, tem TUDO A
VER. Apesar de a salvação ser individual e não ser hereditária, encontramos vários
indícios na Bíblia de que quando ele nos salva também possui um propósito para nossa
família. Significa que Deus não nos salvou para sermos a ovelha desgarrada da família,
mas para sermos o primeiro de muitos a receber Jesus em seu coração.
Precisamos entender o propósito divino para as famílias. Entendendo Seu propósito
também entenderemos o valor que Deus dá à família. Vejamos:
FAMÍLIA E AS BENÇÃO DE DEUS

Em Gn 12.1-3 lemos a promessa do SENHOR a Abraão dizendo: “O Senhor


disse a Abrão: — Saia da sua terra, da sua parentela e da casa do seu pai e vá para a
terra que lhe mostrarei. Farei de você uma grande nação, e o abençoarei, e
engrandecerei o seu nome. Seja uma bênção! Abençoarei aqueles que o abençoarem e
amaldiçoarei aquele que o amaldiçoar. Em você serão benditas todas as famílias da
terra.”. Deus promete a Abraão que o abençoaria lhe concedendo uma grande família e
que esta família seria muito abençoada também. Mas não só isso: a partir da família de
Abraão seriam abençoadas todas as famílias da terra. Sabemos em Gl 3.14 que a benção
que chega a todas as famílias da terra não é outra senão Cristo Jesus. A aliança é feita
com Abraão, mas toda a sua família é abençoada. E, por meio de Cristo, todas as
famílias da terra são abençoadas.
Temos muito exemplos ainda onde uma pessoa abençoada e através dela a
benção se estende à família. Como foi o caso de Potifar, ao colocar José como mordomo
de sua casa não apenas ele, como todos os da sua casa são abençoados (Gn 39.5). Outro
abençoado foi Obede-Edom, que recebeu em sua casa a arca da aliança e todos ali
testemunharam das bênçãos do Senhor (2 Sm 6.12).
Fica claro que Deus quando estende as mãos a abençoar alguém não é intenção
dEle que apenas aquela pessoa desfrute, mas que toda a sua família também participe.
Talvez você já tenha vivido a seguinte situação: a sua empresa fará uma
confraternização em um clube com restaurante liberado, piscina, tudo o que você ama.
Mas, detalhe: apenas para funcionários. O que significa que a sua família não poderá
participar. Ou imagine ser premiado com uma viagem pra o lugar dos sonhos, mas uma
viagem sem acompanhante. Teria graça aproveitar esses momentos sem a sua família?
Certamente, não. Por que? O motivo é óbvio. Nossa família está em todos os momentos
conosco, principalmente nos mais difíceis, queremos então que ela esteja com a gente
nos melhores momentos. Se pensamos assim, tendo esse cuidado e carinho para que
nossa família desfrute conosco dos nossos melhores momentos, por que Deus, o
arquiteto da família, daria benção ao homem que sua esposa não pudesse desfrutar? Ou
abençoar os pais, sem que os filhos pudessem ser abençoados. De maneira nenhuma.
Sobre o homem temente está a benção de Deus e a sua família faz parte disso.
Salmo 128.1-4, diz: “Bem-aventurado aquele que teme o Senhor e anda nos seus
caminhos! Você comerá do fruto do seu trabalho, será feliz, e tudo irá bem com você.
Sua esposa, no interior de sua casa, será como a videira frutífera; seus filhos serão
como rebentos da oliveira ao redor da sua mesa. Eis como será abençoado o homem
que teme o Senhor!”.
Depois de crer em Jesus não só o carcereiro, mas toda a sua família são tomados
de alegria (v.34) e compartilham de um momento de jantar juntamente com o apóstolo
Paulo, Silas e seus companheiros.
FAMÍLIA E OS MANDAMENTOS DE DEUS

Sendo Deus o maior interessado em preservar a instituição mais importante de


todas – a família – Ele estabeleceu mandamentos a serem seguidos a fim de que sejam
preservados os princípios que Ele construiu na família. Uma família na Bíblia é
retratada com a figura do homem, sendo este o sacerdote do lar, desempenhando papel
de marido e pai; temos a mulher, sendo esta a auxiliadora do marido, desempenhando
papel de esposa e mãe; e por fim temos os filhos, que são flechas a serem lançadas pelos
seus pais para atingir lugares mais longe e futuramente serão pais e maridos ou mães e
esposas.
Vejamos quais princípios Deus estabelece para cada um deles:
 Princípio aos filhos: Obedecer e honrar (Ef 6.1-3);
Enquanto os filhos permanecem na casa dos seus pais eles lhe devem
obediência, mas a honra permanece.
 Princípio aos pais (Pai e mãe): Disciplinar e admoestar com amor (Ef
6.4);
Disciplinar sem amor e graça formará um coração duro, legalista e distante
de Deus. Enquanto que, usando do amor, aplicando a sã doutrina de maneira
bíblica, você forjará em seu filho um discípulo de Jesus.
 Princípio aos Maridos: Amar e honrar (Ef 5.28; Cl 3.19);
Um amor sacrificial, que põe os interesses da esposa à frente do seu próprio
interesse. Que onde quer que esteja a cobrirá de honra. A sua mulher será
respeitada pela forma como você demonstra esse amor onde quer que você
andar.
 Princípio às Esposas: Amar e se submeter (Ef 5.22-24).
Um amor submisso. Que respeita a autoridade do marido em seu lar e,
portanto, ensina aos filhos que também o respeitem. Zela pelo lar e se guarda
com modéstia onde passa, de modo que seu marido é honrado pelo seu
procedimento.
FAMÍLIA E O TESTEMUNHO PESSOAL

Como disse anteriormente, o questionamento do carcereiro era comum a muitos


judeus. E, se esta pergunta houvesse sido direcionada a um fariseu da época a resposta
certamente seria como está em At 15.1: “Se vocês não forem circuncidados segundo o
costume de Moisés, não podem ser salvos.”. Contudo, pergunto: Acaso a circuncisão da
carne gera transformação na família de quem é circuncidado? De maneira nenhuma. Na
verdade, a circuncisão da carne não causa transformação sequer no coração de quem
circuncidou, pois o que de fato muda o homem é a circuncisão do coração. É remover
toda prática carnal e preservar apenas aquilo que é espiritual.
Mas a resposta de Paulo é diferente: “crê no Senhor Jesus e você será salvo”.
Basta crer. E a fé, somente ela, pode causar transformações não apenas no coração de
quem crê, mas em todos aqueles que estão em volta e testificam da graça divina. De
modo que, apesar de a fé não ser compartilhada por osmose, ela pode ser encorajada por
testemunho. Você não pode fazer seu parente crer pelos seus atos, mas seus atos podem
levar seu parente a crer. De que maneira? TESTEMUNHO PESSOAL. Você que tem
sua fé em Cristo será usado por Deus para que outros em sua família vejam Jesus e
tenham a partir daí um encontro pessoal com Ele e possam eles mesmos crer no nosso
Senhor para perdão dos seus pecados e salvação de suas almas.
Assim foi na casa de Cornélio, um centurião romano, que tinha bom testemunho
diante de todos e que achou graça diante de Deus sendo chamado de “homem reto e
temente a Deus”(At 10.22). Sobre isso está escrito: “No dia seguinte, Pedro chegou a
Cesareia. Cornélio estava esperando por eles, tendo reunido os seus parentes e os
amigos mais íntimos.” (At 10.24). Cornélio diz a Pedro que havia orado ao Senhor e
que Ele o revelou que o chamasse. Pedro se depara com todas aquelas pessoas (parentes
e amigos íntimos de Cornélio). Após pregar o evangelho a anunciar que “todo o que
nele crê recebe remissão de pecados” (v.43) o Espírito Santo desce sobre todos os que
estavam presentes. Eles então são batizados em água em nome de Jesus.
Assim também aconteceu com Crispo: “Crispo, o chefe da sinagoga, creu no
Senhor, com toda a sua casa; também muitos dos coríntios, ouvindo, creram e foram
batizados.” (At 18.8).
CONCLUSÃO

1. Família é um projeto de Deus;


2. Nosso lar é o nosso primeiro campo missionário;
3. Nunca desista da sua família!

DESAFIO
Faça uma lista com o nome dos seus parentes próximos que ainda não fazem
parte de uma igreja evangélica. Inclua esses nomes e suas orações e se comprometa a
ser um intercessor dessas pessoas. Sempre que possível pregue pra eles.

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