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MATURIDADE CRISTÃ:

Mergulhando em águas mais profundas

Igreja Assembleia de Deus Casa do Pai


Pastor Presidente Pedro Santos
Curso Maturidade Cristã
Professores: Pr. Júlio César de Pádua Rocha
Missionária Patrícia Mendonça Jorge Rocha

Sumário

Lição 1 A paternidade de Deus


Lição 2 A condição de servo
Lição 3 A diferença entre alma e espírito
Lição 4 As funções do Espírito, da alma e do corpo
Lição 5 A direção do Espírito
Lição 6 O evangelho da graça
Lição 7 O operar do Espírito
Lição 8 As duas alianças entre Deus e os homens
Lição 9 Vencendo o pecado
Lição 10 Princípios de fé
Lição 11 Nossa herança em Cristo
Lição 12 Tipos de oração
Lição 13 Batalha espiritual
Lição 14 O arrebatamento e a volta de Jesus
Lição 15 A visão dos vencedores

1
Lição 1: A paternidade de Deus

Texto áureo: “Mas a todos quantos o receberam


deu-lhes o poder de serem filhos de Deus: aos que
creem no seu nome.”
João 1.12
Verdade aplicada: Como nova criatura em Cristo, devemos reconhecer
Deus como nosso Pai.
Objetivos da lição:
1. Tomar consciência do quanto somos amados por Deus Pai;
2. Relacionar-se com Deus tendo-O como Pai;
3. Saber que o Seu Pai lhe deu vida eterna e cuida de você todos os
dias.
Textos de referência:

“... e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco:


Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies
quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a
todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata
como filhos);
pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que
todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.” (Hebreus
12:5-8)

Leituras complementares:
Segunda-feira: A repreensão do Senhor é como a de um pai amoroso.
Pv 3.12
Terça-feira: O Senhor não nos desampara. Dt 31.6
Quarta-feira: O Pai nos ama porque sabemos que Jesus vem dEle. Jo
16.27
Quinta-feira: Como filhos de Deus somos guiados pelo Espírito Santo.
Rm. 8.14
Sexta-feira: Ainda que a mãe se esqueça de seu filho, o Senhor não o
esquece. Is 49.15
Sábado: Deus nos trata como filhos. Hb 12.7

Hinos sugeridos: 314, 553 e 612


Motivo de oração: Ore para que todos tenham consciência de que são
amados por Deus.

2
Esboço da lição
Introdução
O que a Bíblia diz sobre paternidade
1. O que é paternidade?
2. Os atributos da paternidade de Deus
3. Os efeitos da paternidade de Deus
Conclusão
Introdução
Muitos de nós tem dificuldade de conceber Deus como Pai, tendo
em vista que o pai biológico, muitas vezes, não cumpriu o seu papel
adequadamente. Isto pode ter gerado muitos traumas que desencadeiam
em rejeição para receber a Palavra de Deus com fé. Conhecer um dos
maiores atributos de Deus é fundamental para descobrirmos quem somos
em Cristo Jesus. Daí a necessidade de nos aprofundarmos no tema da
paternidade de Deus.
1. O que é paternidade? A palavra paternidade vem do latim paternitas e
significa condição de ser pai. Isto quer dizer que o homem que tenha tido
um filho desfruta a posição de ser chamado pai, pater no latim.
1.1 Paternidade, uma função divina. O papel de pai teve origem no
próprio Deus, nosso Pai celestial. Trata-se, portanto, de um chamado divino.
Tornar-se pai, padrasto, avô ou pai adotivo é uma oportunidade de se tornar
semelhante a Deus, de amar e cuidar dos filhos como Deus nos ama e se
importa conosco.
1.2 Deus é o único Pai. A doutrina da paternidade é introduzida por Jesus
através do Novo Testamento. O evangelho de Mateus cita dos capítulos 5 a
7 a designação de pai 17 vezes. O conceito de pai alude a criador. Deus
nos criou. Atos 17.26 nos diz que “de um só fez toda a geração dos homens
para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes
ordenados e os limites da sua habitação.” No VT, por meio da Antiga
Aliança, não se concebia esta visão de intimidade com Deus chamando-O
de Pai. Deus é chamado de Pai ao menos oito vezes no Antigo Testamento,
mas, no sentido de criador ou chefe do povo de Israel. Já no Novo
Testamento, nas 272 vezes que é citado como Pai, Deus nos remete ao
sentido de intimidade.
2. Os atributos da paternidade de Deus. O Senhor nos adotou e nos
acolheu, assim como um pai que segura seu filho no colo e o protege com
tudo o que tem. A Paternidade de Deus nos revela Sua pessoa como um
pai que tem:
2.1 Amor incondicional: O primeiro dos atributos da paternidade de Deus
que queremos destacar é o amor – um amor incomparável, ilimitado,
inesgotável e incondicional. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira

3
que deu o Seu Filho Unigênito para que todo aquele que nEle crê não
pereça mas tenha a vida eterna.” João 3.16
Ao longo da história da humanidade, observamos o desejo de
Deus para conosco desde a criação do mundo: o homem, representado por
Adão, vivia no Jardim do Éden, em comunhão e relacionamento íntimo com
o Senhor. Mesmo após a queda do homem por causa da desobediência, o
Criador elabora um plano para a redenção do homem. Na plenitude dos
tempos, Deus envia a própria Palavra da Vida para nos resgatar do pecado
e restituir nossa posição original: junto a Ele, no jardim.

2.2 Cuidado, sustento e proteção. É da natureza do pai cuidar, sustentar


e proteger o sangue do seu sangue. Isso vem do nosso Pai Celestial e é,
sem dúvida, mais um de seus atributos. Todas as nossas necessidades, as
dores e os medos que sofremos, Ele vê e está sempre pronto para nos
socorrer. (Isaías 49.15). Como um pai que livra seu filho dos perigos desse
mundo, o Pai Eterno nos protege com sua forte mão e nos sustenta em tudo
o que precisamos.
“O SENHOR guarda o peregrino, ampara o
órfão e a viúva, porém transtorna o caminho dos
ímpios.” Salmos 146.9

“Qual pai, do meio de vocês, se o filho pedir um peixe, em lugar


disso lhe dará uma cobra? Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se
vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos,
quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o
pedir!” (Lucas 11:11-13)
“Inútil vos será levantar de madrugada,
repousar tarde, comer o pão que penosamente
granjeastes; aos seus amados Ele dá enquanto
dormem.” Salmos 127. 2
O amado do SENHOR habitará seguro com ele; todo o dia o
SENHOR o protegerá, e ele descansará nos seus braços.” Deuteronômio
33.12

2.3 Disciplina e correção. Deus expressa o Seu amor através da repreensão


e correção. Essa disciplina muitas vezes não é compreendida. Não é
condenação – uma vez que Jesus nos livrou de todas as culpas e nos
justificou – antes, se mostra como o cuidado de Deus que nos puxa para
perto, lembrando-nos que fomos comprados para Ele, e que a Ele
pertencemos. “Porque o Senhor repreende aquele a quem ama assim
como o pai ao filho a quem quer bem.” Provérbios 3.12

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“Mas quando julgados, somos corrigidos pelo
Senhor, para não sermos condenados com o mundo.”
1 Co 11.32

No momento em que somos disciplinados, devemos estar


agradecidos pela correção que nos leva para Ele novamente e que nos guia
pelo caminho da santificação. Aceitar a correção revela que temos o
coração ensinável e estamos caminhando em direção à estatura de Jesus.
“Eu repreendo e disciplino a todos quanto amo; sê pois zeloso e arrepende-
te” [Ap 3.19]

O Senhor também exorta, ou seja, adverte. “Vós e Deus sois


testemunhas do modo por que piedosa, justa e irrepreensivelmente
procedemos em relação a vós outros, que credes. E sabeis, ainda, de que
maneira, como pai a seus filhos, a cada um de vós, exortamos, consolamos
e admoestamos, para viverdes por modo digno de Deus, que vos chama
para o seu reino e glória.” [1 Tessalonicenses 2.10-12]

2.4 Perdão inabalável. Este é o atributo da paternidade de Deus que mais


nos surpreende, tendo em vista a nossa natureza humana que por si
mesma tem dificuldade em conceder o perdão. Ainda que o filho caia, se
afaste voluntariamente e vire as costas para o Pai, Ele está sempre pronto a
perdoar, a devolver as vestes de filho e o lugar em sua mesa, junto a Ele.

Na parábola do filho pródigo, contada por Jesus, conseguimos ver


esse perdão inabalável na prática. A história conta de um filho que,
insatisfeito com a vida que vivia e seduzido pelo desejo de aventurar-se fora
da casa paterna, pede ao pai sua parte da herança e se dirige a terras
distantes, gastando tudo o que tem com prazeres momentâneos.

Em certa altura, porém, sua herança acaba e o filho se vê sem


nada, perdido e vivendo como um mendigo. Aqui, ele se lembra do pai e de
tudo o que tinha, e retorna para casa, arrependido.

O pai, por sua vez, o recebe com muita festa e um banquete, feliz
pelo filho estar de volta. Ele devolve ao filho seu anel de honra e sua
posição como filho amado:

“Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa!


Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um
anel em seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o
novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e
comemorar. Pois este meu filho estava morto e voltou à
vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a
festejar.” Lucas 15.22-24

3. Efeitos da paternidade de Deus

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A partir do momento em que nos convertemos ao Senhor Jesus
Cristo, aceitando-O como nosso suficiente Salvador, tornamo-nos herdeiros
do Pai Celestial em Cristo Jesus. Decorrem desta decisão única e pessoal,
uma série de efeitos e desdobramentos que impactam nossas vidas para
toda a eternidade. São eles:
3.1 Adoção como filhos. Adoção é aceitação espontânea de pessoa ou
animal, ger. doméstico como parte integrante da vida de uma família, de
uma casa. “E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para
si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade.” [Efésios 1.5]. A adoção
não é algo distante da nossa realidade cotidiana. Todo mundo conhece
alguém que adotou um filho (a) ou conhece um filho (a) que é adotado. A
adoção é um gesto altruísta praticado pelo adotante em relação ao indivíduo
adotado, que tem seu coração cheio de gratidão ao ser incluído em uma
família.
Segundo a lei, a pessoa que é adotada tem também direito à guarda.
Isto significa que o pai cuidará do filho adotado e por ele se
responsabilizará, dirigindo todas as questões que dizem respeito à sua vida.
Juridicamente, a guarda implica prestar assistência, criar e educar os filhos.
E assim acontece quando o Pai nos adota, ele quer auxiliar, cuidar e
proteger nossas vidas, dirigindo todos nossos passos. E às vezes o Pai
também nos corrige. A Bíblia diz que “O Senhor cuida da vida dos íntegros,
e a herança deles permanecerá para sempre.” [Salmos 37.18]
“Lancem sobre Ele toda ansiedade pois Ele tem cuidado de
vós.” 1 Pe 5.7
3.2 Sustento diário. A criança adotada perante a lei tem direito a
receber alimentos de seu pai, a fim de garantir sua sobrevivência. Isso inclui
alimentação, vestuário, moradia e todas as necessidades básicas do filho. O
nosso Pai Eterno também cuida de prover o sustento aos seus filhos
adotados em Jesus. (Mateus 6:30-32)
3.3 Convivência familiar. Pela lei, a adoção dá direito à convivência
familiar, isso é, o filho tem direito de conviver não somente com os pais que
o adotaram, mas também com os parentes desta família, que são sua
família extensiva. O objetivo é manter o vínculo de amor, afeto e o
sentimento de pertencimento e inclusão naquela família. Semelhantemente,
Deus Pai nos adotou e nos deu o privilégio de termos comunhão,
relacionamento, convivência com Ele, Jesus e o Espírito Santo. Deus nos
concede a honra de chamá-lo de Pai e de chamar Jesus de irmão.

“Pois vocês não receberam um espírito de escravidão,


para outra vez estardes em temor, mas recebestes

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Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba,
Pai.” Romanos 8.15

3.4 Herança incondicional. Quando uma pessoa é adotada passa a ter


direito à herança do pai. Como sabemos, a herança é deixada para os
descendentes. Juridicamente denominamos de “sucessão” a transferência
do patrimônio que era do autor da herança (o dono) aos seus herdeiros.
Quando um pai deixa herança, seus bens, títulos, recursos saem da sua
propriedade e vão para seus filhos.
No mundo natural, a herança do filho só pode ser recebida quando
seu pai falece. Já no mundo espiritual, é diferente. A morte não tem poder
sobre Deus, Deus é um ser Eterno e sua herança é transmitida a nós.
Jesus era para ser o único herdeiro de Deus, porém ele nos incluiu na
família de Deus. Agora somos co-herdeiros de Jesus, ou seja, herdamos ao
lado dele a herança transmitida pelo Pai. Então, porque somos filhos de
Deus, somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo.
Para nós, porém, há um único Deus, o Pai, de quem vêm todas as
coisas e para quem vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, por meio de
quem vieram todas as coisas e por meio de quem vivemos. (1Coríntios 8:6)
Conclusão
Por causa de Seu incomparável amor por nós, Deus nos mantem
ainda na condição de herdeiros incondicionais. Este novo Testamento nos
garante a vida eterna com Deus. Você tem parte numa herança espiritual!
Você precisa tomar posse da sua herança! Você precisa ter fé. Agora só
nos resta nos apropriarmos dessas verdades e perseverar até o fim, até o
dia em que se cumprirá a palavra que diz: “O vencedor herdará tudo isto, e
eu serei seu Deus e ele será meu filho.” Ap 21.7

Bibliografia
1. Sociedade Bíblica do Brasil. Barueri, SP. Bíblia Sagrada – Harpa
Sagrada. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus,
2009.
2. https://www.igrejaemportoalegre.com.br/2020/09/30/os-efeitos-da-
paternidade-de-deus-louise-spencer/Acessado em 04/06/2023.
3. https://bibliajfa.com.br/blog/a-paternidade-de-deus/ Acessado em
05/06/2023.
4. https://blog.atos6.com/2022/08/11/4-atributos-da-paternidade-de-deus-dia-
dos-pais/ Acessado em 05/06/2023.

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Lição 2 A condição de servo

Texto áureo: “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho;


o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre
ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios.”
Isaías 42.1

Verdade aplicada: A imensurável importância do crente como servo de


Deus é entender que devemos completar a obra que Jesus nos
comissionou.

Objetivos da lição:
1. Como servos devemos servir uns aos outros.
2. Louvar a Deus pela oportunidade de servir, não importando sua
posição social, sua renda ou sua idade.
3. Para crescer na obra do Senhor devemos aprender a servir.

Textos de referência:

Ora, ouvindo isto os dez, indignaram-se contra os dois irmãos.
Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos
povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não
é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós,
será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será
vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”
Mt 20. 24 a 28

Leituras complementares:

Segunda-feira: O Messias sendo colocado com o Servo do Deus Altíssimo.


Isaías 42.1
Terça-feira: Apóstolos e discípulos se apresentam como servos do Santo de
Israel. Fp 1:1,2
Quarta-feira: O servo na condição de mordomo. Lc 12.43 e 44
Quinta-feira: O servo que espera o seu Senhor. Lucas 12.35
Sexta-feira: O servo vigilante. Hb 9.28
Sábado: Servo escolhido e tomado das extremidades da terra. Is 41.8-9

Hinos sugeridos: 115, 147 e 298


Motivo de oração: Ore para que todos tenham consciência de que é
necessário servir ao Senhor com alegria.

8
Esboço da lição

Introdução
A condição de servo
1 O que é ser servo de Deus?
2 O servo da orelha furada
3 O servo vigilante
Conclusão

Introdução

Todo aquele que aceitou Jesus como seu Salvador geralmente se


declara um servo(a) de Deus. Contudo poucos refletem nos privilégios e nas
implicações desta condição. Tendo em vista que passamos a fazer parte da
família de Deus após nossa conversão, é importante refletir sobre a
responsabilidade que isto significa. Em Isaías 42.1, “Eis aqui o meu servo,
a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz;
pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios.
Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça.”, já se
destaca a imensurável importância do crente como servo de Deus, pois o
próprio Jesus foi chamado de Servo de Deus.(Is 52.13 e Fp 2.7)

1. O que é ser servo de Deus? O crente torna-se filho de Deus pela fé


(Jo 1.12 e Ef 2.8) e toma-se seu servo por amor. Obedecendo ao Senhor, o
crente para Ele trabalha impulsionado pelo amor que de Deus recebeu e
que para Ele retorna como adoração, consagração, comunhão e serviço,
uma vez que o amor sempre requer um objeto para tornar-se ativo. Este
conceito de servo é o inverso do mercenário, que trabalha apenas por lucro,
interesse e conveniências pessoais.

1.1 O conceito bíblico de servo. A ideia de servo de Deus vem do


Antigo Testamento e relaciona-se com o conceito de redenção do servo ou
escravo. A lei mosaica coloca em primeiro lugar a temática da servidão
tendo em vista o motivo da saída dos israelitas do Egito. Deus levantou
Moisés para libertar o povo da servidão egípcia. (Ex 6.6), e com isso
estabeleceu o princípio fundamental do servo e seu serviço (Ex 6.6 e Dt
15.15). No Novo testamento, os ensinos de Jesus sobre servo nos
apresentam a revelação divina de servo de Deus, prosseguindo até
Apocalipse 22.3,6, onde a figura do servo aparece nas últimas palavras da
Bíblia.

1.2. Concepções do conceito de servo.


 O servo em relação ao seu dono, Deus, provém do grego doulos, que
aparece repetidamente no NT. É o servo em relação ao seu Redentor
e Senhor, para fazer a sua vontade; como propriedade, por Ele
adquirida. Alguns desses textos em que aparece o servo como

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doulos (Mt 25.21,23; 20.27; At 2.18; Rm 1.1 e Fp 1.1, a idéia, não o
terno propriamente dito, está patente em muitas outras passagens
como Êxodo 15.16; 19.5; Mt 20.28; Atos 20.28; Hb 9.28; Ef 1.7; l Co
6.20;

 O servo em relação ao seu trabalho para Deus, o terno original


é diakonos; isto é, servo em relação ao trabalho que executa para
seu senhor. Trabalho abundante, de bom gosto, boa vontade,
prazeroso, bem acabado, no prazo determinado e conforme as or-
dens recebidas. Crentes há que em relação ao Senhor – como amo –
são exemplos de testemunho, firmeza, perseverança, comunhão,
adoração. Mas quanto ao serviço para Deus são negligentes,
descuidados, desorganizados, improvisadores e irreverentes.

Nos dias bíblicos, o servo era como diakonos, que na casa do seu
senhor executava todos os trabalhos, inclusive os mais humildes e
comezinhos, como levar e trazer recados, cuidar da copa, da cozinha, dos
bens de seu senhor, animais domésticos, rachar lenha, manter o fogo
aceso, tirar água e carregá-Ia para a família. Alguns principais textos em
que aparece o servo como diakonos no original (Mt 20.26,28; l Tm 4.6; II Tm
4.11; Ef 3.7; Fp 1.1; 2.7 e 1 Ts 3.2.

2. O servo da orelha furada. Em Êxodo 21.1-6 trata especificadamente da


lei da escravidão que deveria ser observada pelos senhores de escravos.
Se um hebreu comprasse outro hebreu como escravo, o máximo que esse
escravo deveria ser escravo era seis anos. No sétimo ano ele deveria ser
liberto e seguir o seu próprio caminho. Mas se o escravo não quisesse ir, o
dono dele, deveria comparecer na porta da cidade diante dos juízes e
oficializar aquela decisão. Se o escravo confirmasse que tendo o direito de
ser livre, preferia continuar servindo ao seu Senhor, então um ato era
celebrado. O Senhor pegava uma sovela, e furava a orelha do escravo. A
partir daquele momento ele era considerado um escravo de orelha furada. E
todos os que olhavam para ele sabia exatamente o que aquela marca
representava. Deus deseja colocar essa marca sobre cada um de nós. O
nosso desafio é ser um servo de orelha furada. Mas o que isso significa?
 Abrir mão definitivamente de seu direito de escolha. O desafio de
Deus para nós é esse. É que cada pessoa chegue ao ponto de abrir mão
completamente de sua vontade para seguir ao Senhor onde Ele quiser nos
levar;
 Ser um servo que serve ao Senhor não mais por obediência, mas por
amor. Esse servo aqui, é alguém que chegou num nível de serviço
mais elevado. Ele deseja servir não mais por temor, não somente por
obediência, mas agora por amor;
 Pertencer definitivamente ao seu Senhor. Ao furar a orelha, ele serviria
para sempre ao seu Senhor. No mundo atual, as pessoas fogem de
compromissos. As pessoas não querem mais casar. Eles querem ficar
juntas por um tempo e quando enjoar mudam de par. Por quanto
tempo mais você pretende servir ao Senhor?” Responder isso é

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fundamental para definir suas prioridades, o uso do seu tempo e a
aplicação dos seus recursos.

3. O servo vigilante. A parábola do servo vigilante se encontra no


Evangelho de Lucas 12. 35 a 40. Ela nos fala da segunda vinda de Jesus e
a necessidade de estarmos preparados para esta hora.

"Estejam prontos para servir e conservem acesas as


suas candeias, como aqueles que esperam seu senhor voltar de
um banquete de casamento; para que, quando ele chegar e
bater, possam abrir-lhe a porta imediatamente. Felizes os servos
cujo senhor os encontrar vigiando, quando voltar. Eu afirmo que
ele se vestirá para servir, fará que se reclinem à mesa, e virá
servi-los. Mesmo que ele chegue de noite ou de madrugada,
felizes os servos que o Senhor encontrar preparados. Entendam,
porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora viria o
ladrão, não permitiria que a sua casa fosse arrombada. Estejam
também vocês preparados, porque o Filho do homem virá numa
hora em que não o esperam". Lucas 12.35 a 40.

Conclusão

O crente não será julgado diante de Deus como filho (quanto à


salvação), mas como servo (quanto a serviços, obras). O crente como filho
deve julgar-se a si mesmo, através da Palavra (I Co 11.31-32). Nesse
julgamento prestaremos contas de nosso tempo, liberdade cristã,
responsabilidade e talentos recebidos de Deus.

Fomos graciosamente resgatados da miserável servidão do


pecado, por preço incalculável, o do sangue precioso de Jesus, (I Pd 1.18-
19). Somos para sempre devedores a Deus e temos que nos render
voluntária e plenamente a Ele como Redentor. Por nossa plena submissão
como servos é que desfrutamos da verdadeira liberdade espiritual (Ef 6.6).

Bibliografia
1. Sociedade Bíblica do Brasil. Barueri, SP. Bíblia Sagrada – Harpa
Sagrada. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus,
2009.

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Lição 3: A diferença entre a Alma e o Espírito

Texto áureo: “Porque a palavra de Deus é


viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada
de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e
espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e propósitos do coração.” Hb 4.12

Verdade aplicada: Aqueles que buscam crescer na vida espiritual precisam


aprender a distinguir entre espírito e alma, bem como as funções de cada
um.
Objetivos da lição:
1.Entender que a vida do ser humano é constituída de três esferas:
espírito, alma e corpo.
2.Tomar consciência da diferença entre alma e espírito;

Textos de referência:
“E o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador.” Lc 1.47
“Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade.”
Jo 4.23
“O próprio espírito testifica com o nosso espírito...” Rm 8.16
“Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim
bendiga o seu santo nome.
“Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de
seus benefícios.
“Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas
enfermidades,
“Que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e
de misericórdia,
“Que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova
como a da águia.” Salmos 103. 1-5

Leituras complementares:
Segunda-feira: As coisas do Espírito de Deus se discernem
espiritualmente. 1 Co 2.14
Terça-feira: Deus é espírito. Jo 4.24
Quarta-feira: Orem em todo o tempo no Espírito. Ef 6.18
Quinta-feira: Andai no Espírito. Gl 5.16
Sexta-feira: A circuncisão no espírito procede de Deus. Rm 2.28-29
12
Sábado: Apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus. Rm 12.1
Hinos sugeridos: 5, 75 e 261
Motivo de oração: Ore para que sejamos dirigidos pelo Espírito.
Esboço da lição
Introdução
1. Espírito, alma e corpo
2. A origem do espírito, da alma e do corpo
3. Descrição do espírito, alma e corpo
Conclusão

Introdução
De acordo com o entendimento secular, os seres humanos são
dotados de alma e corpo, sendo a alma a parte espiritual, invisível, interior;
enquanto o corpo é parte material, visível, exterior. Ainda que em parte seja
verdade, não configura um conceito preciso. A Palavra de Deus nos ensina
que o homem é formado por três partes: espírito, alma e corpo, conforme
temos em 1 Tessalonicenses 5.23: “O mesmo Deus da paz vos santifique
em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e
irrepreensíveis na vida de nosso Senhor Jesus Cristo”. Deus fez distinção
entre o espírito e a alma humana.
1. Espírito, alma e corpo: Entramos em contato com o mundo material
através do corpo físico. O corpo é o elemento que nos possibilita ter
consciência do mundo. A alma está relacionada com o intelecto e com as
emoções. A alma pertence ao próprio ego do homem e revela sua
personalidade (autoconsciência). Entramos em comunhão com Deus
através do nosso espírito e apenas por ele podemos compreender e adorar
a Deus. O espírito é o elemento que nos permite ter consciência de Deus.
Deus habita no espírito, o eu, na alma; e os sentidos, no corpo.

1.1 O espírito: O espírito é a parte mais nobre do homem e ocupa o mais


profundo do seu ser. O espírito transmite seu pensamento à alma, e esta
capacita o corpo a obedecer ao comando do espírito. Antes da queda do
homem, o espírito controlava todo o ser por meio da alma. Através do
espírito, o homem se comunica com o mundo espiritual, e através do corpo,
com o natural. Para que o espírito governe, a alma precisa dar seu
consentimento. Caso ela não dê, o espírito fica sem condições de comandar
alma e o corpo.

1.2 A alma: A alma é o ponto de convergência do espírito e do corpo. Ela


é o ponto de união entre os dois. Está ligada ao mundo espiritual através do
espírito, e ao material através do corpo. Possui o poder do livre-arbítrio,

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sendo capaz de tomar decisões relacionadas com o meio em que se
encontra. A alma é a sede da personalidade e da influência do homem. Por
intermédio da alma, o espírito pode subjugar o corpo, para que obedeça a
Deus. Da mesma forma, o corpo, através da alma, pode levar o espírito a
ter amor pelo mundo. A alma exercita seu poder para discernir quem deve
reinar: o mundo espiritual ou o mundo natural.

1.3 O corpo: Dos três elementos, o corpo é considerado o mais inferior


pois está em contato com a matéria. O corpo deve ficar subordinado ao
espírito. Quando o corpo participa da perfeição do Espírito Santo, torna-se
corpo espiritual. Por ser o menos nobre dos elementos, o corpo encontra-se
na parte mais externa. O corpo é o abrigo dentro do qual a alma se aloja.

Em 2 Coríntios 5.1-4, o apóstolo Paulo nos diz que o nosso


corpo é a nossa casa terrestre, mas haverá um dia em que seremos
revestidos da nossa habitação celestial. Nosso corpo, diferente da nossa
alma, não tem conserto e nem salvação, por isso receberemos outro corpo
no céu.

A Palavra de Deus nos diz que devemos ofertar nosso corpo a


Deus e trazê-lo debaixo de disciplina: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas
misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Romanos 12.1

2. A origem do espírito, alma e corpo


2.1 A criação do homem: “Então formou o Senhor Deus ao homem do pó
da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser
alma vivente.” Gênesis 2.7. No início Deus criou o homem formando-o do
pó da terra. Depois soprou o “fôlego de vida” em suas narinas. Tão logo o
fôlego de vida, que se tornou espírito do homem, entrou em contato com o
corpo, a alma foi gerada. Assim, a alma é resultado da união do corpo como
espírito, daí o termo usado nas Escrituras “alma vivente” para se referir ao
homem. O fôlego de vida tornou-se o espírito do homem, que é o princípio
de vida que há nele. “O espírito é o que vivifica, a carne para nada
aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.” João 6.63
Assim que o espírito interagiu com o corpo, a alma passou a
existir. Essa é a origem da vida do espírito e da alma. Quando o sopro de
Deus entrou no corpo do homem, tornou-se espírito do homem.
A expressão “formou ao homem do pó da terra” refere-se ao
corpo do homem. A frase “e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida” fala do
espírito do homem, que veio de Deus. “E o homem passou a ser alma
vivente” relata a criação da alma do homem, quando o corpo foi vivificado

14
pelo espírito e ele se tornou um ser vivo e consciente de si. Surge daí a
trindade da qual o homem é constituído: espírito, alma e corpo.
2.2 Os dois elementos constituintes do homem: De acordo com Gênesis
2.7, o homem foi feito de apenas dois elementos independentes; o corpóreo
e o espiritual. Entretanto, quando Deus soprou o espírito dentro daquela
estrutura de terra, a alma foi gerada. O espírito do homem, em contato com
o corpo inanimado, gerou a alma. O corpo separado do espírito estava
morto; com o espírito, porém, o homem passou a viver, resultando desta
conexão, a alma.
Frequentemente nas Escrituras o homem é chamado de alma
vivente. Por quê? Porque aquilo que o homem é depende de como é sua
alma. Ela o representa e expressa sua individualidade. É a sede do livre-
arbítrio do homem, o lugar onde o espírito e o corpo se unem de maneira
perfeita.

2.3 O estado ressurreto do homem: Em nossa vida aqui na terra, a alma é


o ponto convergente da constituição do nosso ser. Em nosso estado
ressurreto, todavia, o espírito será o poder governante (1 Coríntios 15.44).
Tendo nós sido unidos ao Senhor ressurreto, podemos, já no presente, ter
nosso espírito governando todo o nosso ser: “Assim está também escrito: O
primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão, em espírito
vivificante.” 1 Coríntios 15.45

3. Descrição do espírito, alma e corpo


“Não sabeis vós que sois santuário de Deus
e que o Espírito de Deus habita em vós? 1 Co 3.16
3.1 O templo: O templo era dividido em três partes: o átrio externo, onde
todos podiam entrar, o Santo Lugar, onde apenas os sacerdotes podiam
entrar para oferecer a Deus o óleo, o incenso e o pão e o Santíssimo
Lugar, separado por um véu, onde ninguém podia entrar a não ser o
Sumo Sacerdote uma vez por ano. Antes de o véu ser rasgado, nenhum
outro homem podia estar no Santo dos Santos.
3.2 O homem regenerado: O homem também é templo de Deus e por
isso também constituído de três partes. O corpo é como o átrio exterior, e
ocupa uma posição visível a todos. Por dentro, está a alma, que constitui a
vida interior. Ela contém a mente, as emoções e a vontade. É o Santo lugar
de uma pessoa regenerada, pois seu amor, sua vontade e seu pensamento
acham-se plenamente iluminados, para que possa servir a Deus, como fazia
o sacerdote no passado.

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3.3 O Santíssimo Lugar: No mais interior, além do véu, está o Santíssimo
ou o Santo dos Santos, onde jamais penetraram a luz e o olhar humanos. É
o “esconderijo do Altíssimo”, a habitação de Deus. É o espírito do homem,
que jaz além da autoconsciência do ser humano e acima de sua
sensibilidade. Aí o homem se une a Deus e tem comunhão com Ele. No
Santo dos Santos tudo se realiza pela fé, e nada pela vista, pelos sentidos
ou pelo entendimento do crente.
O corpo é comparável ao átrio exterior, claramente visível a todo
mundo. As ações do corpo acham-se à vista de todos.

Conclusão
Somos um ser triuno. A divisão que ora fazemos é apenas para
facilitar a aprendizagem. Espírito, alma e corpo são partes de um único ser:
o homem. É essencial que o crente saiba que possui um espírito, uma vez
que toda comunicação de Deus com o homem se processa por meio dele.
Da mesma forma é importante entender que a alma é a consciência de si
próprio e que ela é quem permite ao corpo participar da perfeição no
Espírito Santo, de modo a torná-lo corpo espiritual.
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e
todo o vosso espírito, e alma, e corpo seja plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo.” 1 Ts 5.23

Bibliografia:
1. Sociedade Bíblica do Brasil. Barueri, SP. Bíblia Sagrada – Harpa
Sagrada. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de
Deus, 2009.
2. HAGIN, Kenneth E. Como ser dirigido pelo Espírito de Deus.
Tradução: Thiago Garcia – Campina Grande: Rhema Brasil
Publicações, 2021.
3. NEE, Watchman. O homem espiritual/ Watchman Nee; tradução de
Délcio Meireles – Curitiba: Editora Betânia, 2018.
4. Aluízio A. Silva. Maturidade no Espírito. – Goiânia: Editora Videira,
2019.
5. LUCADO, Max. Graça: mais do que merecemos, maior do que
imaginamos. Trad. Leila Kormes. Rio de Janeiro: Thomas Nelson
Brasil. 2012.

16
Lição 4: As funções do Espírito, da alma e do corpo
Texto áureo: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o
vosso espírito, alma e corpo, sejam conservados íntegros e
irrepreensíveis na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.”
1 Ts. 5.23

Verdade aplicada: Como nova criatura em Cristo, devemos refletir se


estamos vivendo no nível da alma ou do espírito.

Objetivo da lição:
 Entender as funções do espírito, alma e corpo carne, alma e
espírito
Textos de referência:
“Não extingais o Espírito.
Não desprezeis as profecias.
Examinai tudo. Retende o bem.
Abstende-vos de toda a aparência do mal.
E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e
alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 Ts 5. 19 - 23
Leituras complementares:
Segunda-feira: Jr 31.34
Terça-feira: Mt 26.41
Quarta-feira: Rm 9.1
Quinta-feira: Pv 2.10
Sexta-feira: Rm 12.2
Sábado: Hb 10.19

Hinos sugeridos: 24, 551 e 577


Motivo de oração: Ore para que todos tenham consciência de que são
amados por Deus.
Esboço da lição

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Introdução
1. As funções do Espírito
2. As funções do espírito
3. As funções da alma
4. As funções da carne
Conclusão
Introdução

De acordo com a Palavra de Deus, o homem é constituído de três


partes: espírito, alma e corpo. O corpo é a parte material, onde estão os
nossos sentidos físicos e tem por função manter contato com o mundo
material por meio dos cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar.
A alma é o “eu”, o centro da personalidade, que nos permite ter contato e
consciência de nós mesmos. O espírito é a parte mais nobre, que nos
coloca em comunhão com Deus, dando-nos consciência de Sua existência.
Por meio do espírito, adoramos a Deus e dEle recebemos revelação.

1. As funções do espírito.
O espírito humano possui três funções básicas: intuição,
consciência e comunhão.

1.1 A intuição
Hoje nós vivemos debaixo da Nova Aliança, na qual todos são
ensinados pelo Senhor (Jr 31.34). Intuitivamente sabemos que certas coisas
são verdadeiras e outras não. Intuição é a faculdade ou ato de perceber,
discernir ou pressentir coisas, independentemente de raciocínio ou de
análise.
“E não ensinará mais cada um a seu
próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo:
Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão,
desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor;
porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais
me lembrarei dos seus pecados.”
Jeremias 31.34
As revelações de Deus e todas as ações do Espírito Santo se
tornam conhecidas por nós pela intuição do espírito (1 Co 2.4). Jesus
percebia, no seu espírito, o que os outros arrazoavam (Mc 2.8). O apóstolo
Paulo foi constrangido no espírito (At 20.22).
Há duas formas pelas quais a intuição se manifesta: pela
restrição e pelo constrangimento. A restrição é uma sensação de que algo
não deve ser feito. O constrangimento é um impulso ou um estímulo para

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que façamos algo que parece irracional e até contrário ao nosso
entendimento ou à nossa vontade.
Conhecer e entender não são sinônimos. Através da intuição do
espírito conhecemos algo e então a nossa mente assimila e traduz aquilo
que a intuição apreendeu. Sob a intuição do espírito, temos a percepção da
persuasão do Espírito Santo, e na mente compreendemos a orientação do
Espírito Santo.
O conhecimento da intuição é chamado na Bíblia de revelação, ou
seja, é o desvendar, pelo Espírito Santo, da verdadeira realidade de algum
acontecimento. Este tipo de conhecimento é muito mais profundo que o
conhecimento da mente. A unção do Senhor nos ensina a respeito de todas
as coisas, pelo espírito de revelação e de entendimento.
1.2 A consciência
Consciência é o sentido ou percepção que o ser humano possui
do que é moralmente certo ou errado em atos e motivos individuais. É a
capacidade de discernir entre o certo e o errado, não segundo critérios da
mente, mas segundo a sensação do espírito. “Digo a verdade em Cristo,
não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha própria
consciência.” Rm 9.1
“E, enquanto Paulo os (Silas e Timóteo) esperava em Atenas, o
seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à
idolatria.” Atos 17.16
Testificar, confirmar, recusar e acusar manifestam-se na
consciência. O apóstolo Paulo, conforme 1 Coríntios 5. 3, julgou um
membro da Igreja de Corinto por ato pecaminoso e moralmente inaceitável.
Este julgamento foi operado em sua consciência do espírito. Há atitudes ou
ações que a mente humana aceita, mas a consciência condena. O
julgamento da consciência se dá pela direção do próprio Espírito Santo e
não segundo o conhecimento mental.
Simbolicamente a Palavra de Deus nos aponta dois percursos
possíveis: o percurso representado pela árvore da vida e percurso
representado pela árvore do conhecimento do bem e do mal. Ainda que a
mente faça ponderações sobre o que é certo e o que é errado, a
consciência tem a primazia de decidir qual percurso seguir.
“Mas aquele que tem dúvidas é condenado
se comer, porque o quê faz não provém de fé; e tudo o
quê não provém de fé é pecado.” (Rm 14.23)
O serviço que prestamos a Deus só é aceito se a nossa
consciência estiver tranquila. Independentemente do nosso conhecimento

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da Bíblia, sabíamos que o nosso relacionamento amoroso não era certo ou
que o nosso orçamento financeiro estava no vermelho.
Quem é nova criatura em Cristo Jesus tem no seu espírito a voz
do Espírito Santo, que se pronuncia pela sua consciência e testifica conosco
a Sua vontade (Romanos 2.15)
1.3 A comunhão
“Meu espírito exulta em Deus meu salvador.” Lc
1.47
“O que se une ao Senhor é um só espírito com ele.” 1 Co 6.17
Toda comunhão com Deus é feita no nível do nosso espírito e
percebida no coração. Não percebemos Deus pelos nossos pensamentos,
sentimentos e intenções, mas em nosso espírito, porque Ele é espírito. É no
nosso espírito que nos unimos ao Senhor e mantemos comunhão com Ele,
isto é, O adoramos. Deus age em nós de dentro para fora. O diabo age de
fora para dentro.
Orar em línguas é importante para exercitar o espírito, ao invés da
mente.

2. As funções da alma
A alma humana compreende três partes: a mente, a vontade e a
emoção. A alma é sede da personalidade, é o nosso “eu”. Em diversos
livros e epístolas da Bíblia, há menções ao homem utilizando-se o termo
“alma”. As características humanas mais importantes encontram-se na sua
alma, tais como ideais, pensamentos, emoções etc.
2.1 Da mente
“Porquanto a sabedoria entrará no teu
coração, e o conhecimento será agradável a tua alma.”
Provérbios 2.10

“Então, sabe-se que assim é a sabedoria


para a tua alma; se a achares, haverá bom futuro, e
não será da mente; logo, a mente é uma função da
alma.” Provérbios 24.14

Em Pv 2.10 e 24.14, mostra-se que a alma necessita de


conhecimento, do saber, que é uma função da mente; logo, a mente é uma
função da alma (Sl 139.14).

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Lamentações 3.20 diz que a alma pode se lembrar, uma função
da mente. Minha alma, continuamente, se recorda e se abate dentro de mim
(Lm 3.20). A mente é a função mais importante da alma, e se ela for
obscurecida, nunca chegaremos ao pleno conhecimento da verdade. Nossa
mente deve ser diariamente renovada para podermos experimentar e
entender a vontade de Deus, que é revelada em nosso espírito.
2.2 Da vontade
Vontade é a força interior que impulsiona o indivíduo a realizar
algo, a atingir seus fins ou desejos; ânimo, determinação, firmeza. Sem ela,
o ser humano seria reduzido a um autômato, pois parte da vontade do
homem pecar ou servir a Deus em obediência a Sua palavra. Esta livre
escolha denominamos livre arbítrio.
“Disponha agora o vosso coração e a vossa
alma para buscardes o Senhor Deus.” 1 Cr 22.19
Buscar é uma função da vontade, e a vontade está na alma.
“Aquilo que minha alma recusava em tocar.”
Jó 6.7
Recusar é uma função da vontade.
2.3 Da emoção
Podemos definir emoção como uma reação moral, psíquica ou
física, geralmente causada por uma confusão de sentimentos que, diante de
algum fato, situação, notícia etc., faz com que o corpo se comporte tendo
em conta essa reação, expressando alterações respiratórias, circulatórias;
comoção. Ela se manifesta de várias maneiras: por meio do amor, do ódio,
do pesar, do desejo, da alegria, da tristeza, da saudade etc.
As emoções dão cor à vida, contudo jamais podemos nos deixar
ser guiados por elas, porque elas integram a alma. Em Sm. 18.1, Ct 1.7 e
Sl 42.1, o amor surge em nossa alma, provando, portanto, que, dentro da
alma, existe uma função como a emoção. Há em 2 Sm 5.8, Ez 36.5 e Sl
117.18, expressões, tais como: menosprezo, aborrecimento e desprezo,
que são emoções que procedem da alma.
Temos alegria em Is 61.10 e Sl 86.4 como uma emoção da alma,
e ainda a angústia como em 1 Sm 30.6 e 20.4, Ez 24.25 e Jr 44.14.
3. Funções do corpo

Segundo o apóstolo Paulo, em 2 Coríntios 5. 1 a 4, nosso corpo é a


nossa casa terrestre, mas um dia seremos revestidos da nossa habitação
celestial. Ao contrário da nossa alma, nosso corpo não tem conserto e nem
salvação, por isso receberemos outro corpo no céu. No passado, nosso

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espírito foi regenerado; no presente, nossa alma está sendo transformada e
no futuro nosso corpo será glorificado.

3.1 Da sensação

A sensação é a porta do nosso ser e constitui os cinco sentidos


do corpo. Tudo o que entra em nossa alma entra através dos cinco
sentidos. Para que tenhamos vitória sobre o pecado, precisamos disciplinar
o nosso corpo para que através dele, não entre nada sujo ou pecaminoso.
3.2 Da locomoção
É função do nosso corpo se locomover, sem dúvida. O corpo é a
parte mais inferior do nosso ser. Tem contato com o mundo físico e é
impossível perceber o mundo espiritual.
3.3 Do instinto
Consideramos instintos as nossas aptidões, disposições,
impulsos, intuições, tendências. São reações inatas do organismo, que não
dependem do comando da nossa alma, automáticas em si mesmas e não
pecaminosas. Contudo elas são a base da concupiscência da carne. A
concupiscência é sinônimo de libertinagem ou lascividade carnal. Esta ação,
consequentemente, é tida como um pecado. Deus criou os instintos bons,
mas o pecado os degenerou e hoje temos de dominá-los.
Podemos classificar os instintos em três grupos: os de
sobrevivência, o de defesa e o sexual. O instinto de sobrevivência inclui o
comer, o beber e as necessidades fisiológicas, ou seja, são inatos. A
criança já nasce sabendo mamar. O pecado transformou este instinto em
glutonaria e bebedices. O instinto de defesa inclui atos reflexos de proteção,
como esquivar-se, esconder-se, proteger-se, o pecado o transformou em
contendas, facções, iras e todo tipo de agressão e violência. O instinto
sexual, responsável pela perpetuação da espécie humana, foi corrompido
para se transformar em adultério, fornicação, prostituição, sodomia e coisas
do gênero.
O corpo deve ser um servo, e não um senhor. Na condição de
nova criatura em Cristo Jesus, não devemos permitir que esses instintos
naturais nos controlem.

Conclusão

Este estudo nos permite concluir que, por sermos humanos,


somos formados por espírito, alma e corpo. Vimos que esses três elementos
diferem no que diz respeito às suas funções e esfera de atuação,
particularmente o espírito e a alma. Aqueles que buscam crescer na vida

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espiritual precisam aprender a distinguir entre espírito e alma e diferenciar e
reconhecer a função de cada um e sua interrelação com o corpo. Só depois
de sabermos o que é o espírito e o que é espiritual, é que poderemos andar
em espírito.

Bibliografia:
1. Sociedade Bíblica do Brasil. Barueri, SP. Bíblia Sagrada – Harpa
Sagrada. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de
Deus, 2009.
2. HAGIN, Kenneth E. Como ser dirigido pelo Espírito de Deus.
Tradução: Thiago Garcia – Campina Grande: Rhema Brasil
Publicações, 2021.
3. NEE, Watchman. O homem espiritual/ Watchman Nee; tradução de
Délcio Meireles – Curitiba: Editora Betânia, 2018.
4. Aluízio A. Silva. Maturidade no Espírito. – Goiânia: Editora Videira,
2019.
5. LUCADO, Max. Graça: mais do que merecemos, maior do que
imaginamos. Trad. Leila Kormes. Rio de Janeiro: Thomas Nelson
Brasil. 2012.

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