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ESTADO MAIOR GENERAL

INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO MILITAR

DEPARTAMENTO DE BIOTECNOLOGIA E CIÊNCIAS DE SAÚDE

TRABALHO DE FIM DE CURSO COMO REQUISITO PARA A OBTENÇÃO DE


GRAU DE LICENCIATURA EM MEDICINA

INCIDÊNCIA DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÉMICO AGUDO NO


ADULTO JOVEM ASSISTIDOS NO HOSPITAL MILITAR
PRINCIPAL/INSTITUTO SUPERIOR DE JANEIRO DE 2017 À JANEIRO DE 2020

Autora: Henriqueta Henrique Agostinho João

Luanda, 2021
HENRIQUETA HENRIQUE AGOSTINHO JOÃO

INCIDÊNCIA DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO AGUDO


NO ADULTO JOVEM ASSISTIDOS NO HOSPITAL MILITAR
PRINCIPAL/INSTITUTO SUPERIOR DE JANEIRO DE 2017 A JANEIRO DE
2020

Autora: Henriqueta Henrique Agostinho João, discente, 6º ano, ano curricular de 2020
à 2021

Orientador: Doutor, Professor, MsC Alejandro Pando Cabrera

Luanda, 2021
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha


família pois durante a minha
formação académica eles
sempre foram o motivo de
minha superação perante aos
obstáculos que eu encontrava
no caminho.

iii
AGRADECIMENTOS

No âmbito da minha formação eu obtive muita atenção de diversas pessoas, partindo da


minha família, dos meus companheiros de profissão militar e do corpo docente e
discente.

Primeiramente, agradeço à Deus pelo dom da vida, da sabedoria e da cura que tem me
proporcionado durante esses 6 anos de formação.

À meus pais, Henrique Neto e Domingas Neto, por me apoiarem incondicionalmente e


por me ajudarem a manter o foco naquilo que realmente é importante para mim.

À meus irmãos, Marisa João, Daniela João e Ezequiel João, minha fonte de inspiração,
por me ensinarem a competir comigo mesma para ser a melhor versão de mim. Em
especial, Dulce João, minha irmã mais velha, pois durante a minha vida escolar, ela
sempre se destacou como uma motivação para superar obstáculos concernente aos
desafios que a escola apresentava.

Ao meu noivo, Enio Joel Martins, pela paciência e apoio que sempre teve por mim.

À todos os meus queridos amigos, em especial as Bakas e as Armys, por terem me


proporcionado vários momentos marcantes na minha vida.

Ao 5º batalhão, meus companheiros de luta, por terem me proporcionado vários


momentos extraordinários, que me ajudaram a não desistir e seguir em frente com o
nosso lema: coragem, determinação e bravura.

Ao meu orientador, Doutor Pando Cabrera, por ter me auxiliado na realização do meu
trabalho de fim de curso e me ensinado a ser paciente, simples e eficaz na concretização
do trabalho.

Ao Comando do corpo de cadetes, que durante esses 6 anos de formação, forneceu-me


não só conhecimento intelectual, mas também uma família, roupas e um lugar para
sobreviver confortavelmente ao modo militar de ser.

À todo corpo docente e discente, que juntos, trilhamos uma trajectória rumo ao sucesso
da minha carreira como militar médica.

Ao comando do Estado Maior general das FAA e a direcção do instituto superior


técnico militar, por terem me acolhido, alimentado, vestido e ensinado tudo aquilo que
eu adquiri durante a minha formação como oficial e médica.

À Direcção do HMP/IS por ter me permitido a realizar a recolha de dados para o estudo.

À todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para o meu sucesso, para
que esse momento de glória pudesse chegar.

À todos, MUITO OBRIGADA!

iv
EPÍGRAFE

“O seu cérebro é prostigioso mas um


AVC pode comprometer a sua vida”

Pedro Marques da Silva

v
RESUMO

Introdução: O Acidente Vascular Cerebral é um problema de saúde pública mundial. É


a terceira causa de morte no mundo, a seguir as doenças cardíacas e cancerígenas e uma
das principais causas de incapacidade adquirida em todo mundo. Segunda causa mais
frequente de Demência. Estima-se que a percentagem de adultos jovens da faixa etária
compreendida entre 18 aos 45 anos atinja 5 a 10% do total de indivíduos com AVC. A
morbilidade e mortalidade causadas pelo AVC numa população jovem e ativa causam
um forte impacto social e económico. Objectivo: Determinar a incidência do AVC
isquémico agudo no adulto jovem assistidos no Hospital Militar Principal/Instituto
Superior de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020. Metodologia: Neste estudo descritivo
observacional retrolectivo, com uma amostra não probabilística por conveniência,
foram avaliados 50 processos clínicos de doentes assistidos no HMP/IS de Janeiro de
2017 à Janeiro de 2020 com diágnóstico de AVC isquémico agudo. Resultados: dos 50
processos clínicos avaliados verificou-se que das variáveis sociodemográficas: a faixa
etária mais frequente com 54% dos casos situava-se entre 40-45 anos de idade, do
género masculino com 64% dos casos, sendo civis com 48% dos casos, a patente com
maior frequência foi a Agente (PNA) com 42% dos casos, 26% dos casos residindo no
Kilamba Kiaxi; das variáveis clínicas: os factores de risco mais frequentes foram HTA e
a associação de factores HTA/Etilismo com 26% dos casos, o quadro clínico mais
frequente foi a associação paresia/desvio da comissura labial com 36%, o tipo de AVCI
mais frequente foi o aterotrombótico, evoluindo de até 7 dias de internamento em 44%
dos casos, o hemisfério direito foi o local da lesão mais frequente com 46% dos casos,
identificados pelo exame de TC em 64% dos casos, sendo tratados por terapia
combinada com 76% dos casos, as sequelas mais frequentes foram as motoras com 52%
e o desfecho de caso mais frequente foi melhorado com 82% dos casos. Conclusão: O
estudo teve uma amostra de 50 casos, em um período de 3 anos, os achados mostram
que apesar da incidência estar aumentando nos adultos jovens, a doença ainda é mais
frequente na idade avançada, mas a incapacidade física e emocional causa um grande
impacto social, familiar e financeiro. A TC-CE é um exame importante e deve ser
realizada na emergência. A essência da prevenção baseia-se na mudança do estilo de
vida e o controlo de factores de risco.

Palavra chave: Incidência, AVC isquémico agudo, adulto jovem, HMP/IS.


vi
ABSTRACT

Introduction: Stroke is a worldwide public health problem. It is the third leading cause
of death in the world, after heart and cancer diseases and one of the main causes of
disability acquired worldwide. Second most frequent cause of dementia. It is estimated
that the percentage of young adults aged between 18 and 45 years reaches 5 to 10% of
the total number of individuals with stroke. The morbidity and mortality caused by
stroke in a young and active population have a strong social and economic impact.
Objective: To determine the incidence of acute ischemic stroke in young adults assisted
at the Principal Military Hospital /Instituto Superior from January 2017 to January
2020. Methodology: In this descriptive observational retractive study, with a non-
probabilistic sample for convenience, 50 clinical processes were evaluated of patients
assisted at the HMP / IS from January 2017 to January 2020 with a diagnosis of acute
ischemic stroke. Results: of the 50 clinical processes evaluated, it was found that of the
sociodemographic variables: the most frequent age group with 54% of the cases was
between 40-45 years of age, male with 64% of the cases, being civilians with 48% of
the cases, the patent with the highest frequency was the Agent (PNA) with 42% of the
cases, 26% of the cases residing in Kilamba Kiaxi; of clinical variables: the most
frequent risk factors were hypertension and the association of hypertension / alcoholism
factors with 26% of cases, the most frequent clinical condition was the association of
paresis / deviation of the labial commissure with 36%, the most frequent type of stroke
it was atherothrombotic, evolving from up to 7 days of hospitalization in 44% of cases,
the right hemisphere was the most frequent injury site with 46% of cases, identified by
CT examination in 64% of cases, being treated by combined therapy with 76% of the
cases, the most frequent sequelae were motor with 52% and the outcome of the most
frequent case was improved with 82% of cases. Conclusion: The study had a sample of
50 cases, over a period of 3 years, the findings show that although the incidence is
increasing in young adults, the disease is still more frequent in old age, but physical and
emotional disability causes a great deal social, family and financial impact. CT-CE is an
important exam and must be performed in an emergency. The essence of prevention is
based on changing lifestyle and controlling risk factors.

Key word: Incidence, ischemic stroke, young adult, HMP / IS.


vii
ÍNDICE

DEDICATÓRIA ............................................................... Erro! Indicador não definido.

AGRADECIMENTOS ..................................................... Erro! Indicador não definido.

EPÍGRAFE ....................................................................... Erro! Indicador não definido.

RESUMO ......................................................................... Erro! Indicador não definido.

ABSTRACT ..................................................................... Erro! Indicador não definido.

LISTA DE TABELAS ..................................................... Erro! Indicador não definido.

LISTA DE QUADROS .................................................... Erro! Indicador não definido.

LISTA DE GRÁFICOS .................................................... Erro! Indicador não definido.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................... Erro! Indicador não definido.

1. CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO .................................... Erro! Indicador não definido.

1.1 Problemática ............................................................... Erro! Indicador não definido.

1.3 Objectivos ................................................................... Erro! Indicador não definido.

1.3.1 Objectivo geral ........................................................ Erro! Indicador não definido.

1.3.2 Objectivos específicos: ............................................ Erro! Indicador não definido.

2. CAPÍTULO II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...... Erro! Indicador não definido.

2.1 Embriologia do sistema nervoso ................................ Erro! Indicador não definido.

2.2 Histologia do sistema nervoso .................................... Erro! Indicador não definido.

2.3 Fisiologia do sistema nervoso .................................... Erro! Indicador não definido.

2.4 Anatomia do sistema nervoso ..................................... Erro! Indicador não definido.

2.5 Circulação cerebral ..................................................... Erro! Indicador não definido.

3. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÉMICO AGUDOErro! Indicador


não definido.

3.1 Definição .................................................................... Erro! Indicador não definido.

3.2 Epidemiologia............................................................. Erro! Indicador não definido.


viii
3.2.1 Epidemiologia do AVC no mundo .......................... Erro! Indicador não definido.

3.2.2 Epidemiologia do AVC em África .......................... Erro! Indicador não definido.

3.2.3 Epidemiologia do AVC em Angola ........................ Erro! Indicador não definido.

3.3 Fisiopatologia do AVC isquémico ............................. Erro! Indicador não definido.

3.4 Classificação do AVC ................................................ Erro! Indicador não definido.

3.5 Factores de risco ......................................................... Erro! Indicador não definido.

3.5.1 Factores de risco não modificáveis .......................... Erro! Indicador não definido.

3.5.2 Factores de risco modificáveis ................................ Erro! Indicador não definido.

3.5.3 Factores de risco no adulto jovem ........................... Erro! Indicador não definido.

3.6 Diagnóstico ................................................................. Erro! Indicador não definido.

3.6.3 Investigação etiológica num doente com AVC ....... Erro! Indicador não definido.

3.6.1 Modalidade de diagnóstico por imagem .................. Erro! Indicador não definido.

3.7 Abordagem e Tratamento ........................................... Erro! Indicador não definido.

3.7.1 Abordagem .............................................................. Erro! Indicador não definido.

3.7.2 Tratamento do AVC isquémico agudo .................... Erro! Indicador não definido.

3.8 Complicações ............................................................. Erro! Indicador não definido.

3.8.1 Complicações da fase aguda do AVC isquémico .... Erro! Indicador não definido.

3.9 Prognóstico ................................................................. Erro! Indicador não definido.

3.10 Prevenção ................................................................. Erro! Indicador não definido.

3.10.1 Prevenção primária ................................................ Erro! Indicador não definido.

3.10.2 Tratamento da fase aguda ...................................... Erro! Indicador não definido.

3.10.3 Prevenção secundária ............................................ Erro! Indicador não definido.

4. CAPÍTULO III. METODOLOGIA .............................. Erro! Indicador não definido.

4.1 Tipo de estudo ............................................................ Erro! Indicador não definido.

ix
4.2 Local de estudo ........................................................... Erro! Indicador não definido.

4.3 População em estudo .................................................. Erro! Indicador não definido.

4.4 Amostra populacional ................................................. Erro! Indicador não definido.

4.5 Varíáveis em estudo.................................................... Erro! Indicador não definido.

4.6 Operacionalização das variáveis ................................. Erro! Indicador não definido.

4.8 Critérios de inclusão ................................................... Erro! Indicador não definido.

4.9 Critérios de exclusão .................................................. Erro! Indicador não definido.

4.10 Instrumento de recolha de dados .............................. Erro! Indicador não definido.

4.11 Fonte de dados .......................................................... Erro! Indicador não definido.

4.12 Limitações do estudo ..............................................................................................57

4.13 Aspectos éticos ......................................................... Erro! Indicador não definido.

4.14 Apresentação de resultados e Discussão .................. Erro! Indicador não definido.

5. CONCLUSÃO .............................................................. Erro! Indicador não definido.

6. RECOMENDAÇÕES................................................... Erro! Indicador não definido.

8. APÊNDICE
................................................................................................................Erro! Indicador
não definido.

x
LISTA DE TABELAS

Tabela 4. 1-Frequência de casos segundo a faixa etária ................................................. 54

Tabela 4. 2-Frequência de casos segundo a patente ....................................................... 57

Tabela 4. 3-Frequência de casos segundo factor de risco............................................... 59

xi
LISTA DE QUADROS

Quadro 3. 1 Classificação da OCSP .............................................................................. 25

Quadro 3. 2 Manifestações do AVC segundo a topografia da lesão ............................. 31

Quadro 3. 3 Exames de investigação etiológica do AVC isquémico agudo ................. 32

Quadro 3. 4 Complicações do AVC isquêmico agudo .................................................. 41

Quadro 4. 1 Operacionalização de variáveis ................................................................. 49

xii
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 4. 1-Frequência de casos segundo o género .................................................. 55

Gráfico 4. 2-Frequência dos casos segundo a categoria ............................................ 56

Gráfico 4. 3-Frequência de casos segundo a residência ............................................ 58

Gráfico 4. 4-Frequência de casos segundo o quadro clínico ..................................... 60

Gráfico 4. 5-Frequência de casos segundo o tipo de AVC ........................................ 61

Gráfico 4. 6-Frequência de casos segundo o tempo de evolução .............................. 62

Gráfico 4. 7-Frequência de casos segundo o local da lesão ....................................... 63

Gráfico 4. 8-Frequência de casos segundo os exames auxiliares realizados ........... 64

Gráfico 4. 9-Frequência de casos segundo o tratamento utilizado........................... 65

Gráfico 4. 10-Frequência de casos segundo as sequelas ............................................ 66

Gráfico 4. 11-Frequência de casos segundo o desfecho de caso................................ 67

xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACM- artéria cerebral média


ACP- artéria cerebral posterior
AVC- acidente vascular cerebral
AVCI- acidente vascular cerebral isquémico
DM- diabetes mellitus
ECG- eletrocardiograma
FSC- fluxo sanguíneo cerebral
HDL- high density lipoproteins/ Lipoproteínas de Elevada Densidade
HMP/IS- Hospital Militar Principal/Instituto Superior
HTA- hipertensão arterial
OMS- organização mundial da saúde
rtPA- activador do plasminogénio tecidular recombinante
RNM- ressonância nuclear magnética
SN- sistema nervoso
SO- sala de observação
TC- tomografia computarizada
TOAST - Trial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment (teste da organização 10172 do
AVC no tratamento agudo)
TP- Tempo de Protrombina
TTPA – Tempo de Tromboplastina Parcial Activade

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

1. CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o Acidente Vascular Cerebral


(AVC) como sendo um comprometimento neurológico focal, ou global, que
subitamente ocorre com sintomas persistindo para além de 24 horas, ou levando à
morte, com provável origem vascular (Lourenço, 2019 Apoud Ministério da saúde,
2010).
Devido ao grande número de casos de AVC, o protótipo da doença está a mudar,
observando-se, a uma diminuição de idade na incidência, sendo cada vez mais comum
em adultos jovens (18 aos 45 anos) e um aumento na prevalência por diminuição da
taxa de mortalidade (Correia et al 2018).
Estima-se que a percentagem de adultos jovens da faixa etária compreendida
entre 18 aos 45 anos atinja 5 a 10% do total de indivíduos com AVC. Aproximadamente
10-14% dos AVC isquémicos ocorrem em adultos jovens e a sua incidência varia entre
7 a 15 por cada 100 000 indivíduos/ano. A morbilidade e mortalidade causadas pelo
AVC numa população jovem e ativa causam um forte impacto social e económico
porque os adultos jovens acabam por viver mais anos com a incapacidade resultante do
AVC, ou seja, as sequelas resultantes do AVC, e pela grande carga económica, social e
familiar (Gomes et al, 2008; Henriques et al, 2015).
Os métodos diagnósticos do AVC isquémico agudo seguem protocolos de
acordo com o tempo de início dos sintomas. Basicamente, além da anamnese e do
exame físico neurológico, investigação genética e familiar, exames laboratoriais, é
essencial o exame de imagem (Lacerda et al, 2018).
Após a definição do diagnóstico clínico de AVCI agudo, deve-se seguir um
processo ordenado de avaliação e tratamento. O primeiro objetivo é prevenir ou reverter
a lesão cerebral. Deve-se realizar uma TC (tomografia computarizada) crânioencefálica
sem contraste de emergência para diferenciar entre AVC isquêmico e hemorrágico;
devem realizar-se em duas etapas: 1- no banco de urgência de um hospital que reúnem
as condições de tratamento para todo paciente e 2- passar o paciente para uma unidade
de Stroke-Ictus ou AVC ou para UTI, dependendo se tem transtorno de consciência ou
se precisar de apoio ventilatório (Smith et al, 2015).

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Segundo Silveira (2015) as complicações secundárias ao AVC envolvem uma


área topográfica cerebral segundo a lesão provocada (isquemia ou hemorragia) e são
divididas em neurológicas e não neurológicas.
De modo geral, aproximadamente 80% dos pacientes com AVC sobrevivem por
pelo menos um mês, já as taxas de sobrevida de 10 anos, aproximadamente 35%. Ter
um AVC aumenta o risco de recidiva, aproximadamente 25% dos pacientes têm outro
AVC, essas recidivas costumam ser mais debilitantes do que o primeiro episódio (Telles
et al, 2020).
A prevenção do AVC isquémico utiliza três pilares essenciais: prevenção
primária, tratamento da fase aguda e prevenção secundária. A prevenção primária
baseia-se nas medidas a serem tomadas após a identificação dos factores de risco. Por
ser uma emergência neurológica, o tratamento da fase aguda visa a melhorar o seu
prognóstico, que depende em grande parte, da rapidez no início das medidas
terapêuticas, gerais e específicas a serem tomadas. A prevenção secundária visa a
controlar os pacientes com AIT ou AVCI estabelecido devido ao risco de apresentar um
novo AVC ou outras complicações que impossibilitem a melhoria do doente (Yãnez et
al, 2013).
A morbilidade e a mortalidade causadas pelo AVC, numa população jovem
activa, causam um forte impacto social e económico, levando muitas vezes os
indivíduos a terem uma mudança no seu estilo de vida e de seus familiares. Portanto, é
de extrema importância serem feitos estudos populacionais sobre a incidência do AVC
no adulto jovem, visando o planeamento e o controlao de medidas de prevenção.

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1.1 PROBLEMÁTICA
A doença cerebrovascular é um termo genérico e refere-se a qualquer doença
que afete os vasos sanguíneos cerebrais. O AVCI agudo é uma doença que tem sido
muito frequente em vários países africanos, e Angola, faz parte desse meio. Sendo
também uma doença muito frequente nos militares, que geralmente são adultos jovens,
dos 18 aos 45 anos, capacitados de boa saúde física, psicológica e social, prontos para
combater em qualquer território do país, e, visto que o AVC causa incapacidade
funcional e dependência física, houve-se a necessidade de realizar um estudo que
determina a incidência do AVC isquémico agudo no adulto jovem.
Assim sendo, propõe-se a seguinte questão: Qual é a incidência do AVC
isquémico agudo no adulto jovem assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro
de 2020?
1.2 JUSTIFICATIVA
No ano de 2017 eu comecei a ter as aulas práticas no HMP/IS e o primeiro
doente que eu fiz a história clínica teve como diagnóstico AVC isquêmico, e o mesmo,
tinha 39 anos. Com o tempo eu fui pesquisando mais sobre a doença e descobri que era
mais frequente nos idosos que nos adultos jovens.
Um outro motivo que me incentivou a escolher esse tema foi o facto que na
minha família pode haver história de hipertensão arterial, e, sendo como um dos
factores de risco mais associado a aparição do AVC, pode ser comprometedor para mim
e para os meus irmãos pois ambos os meus pais são hipertensos.
Portanto, estes foram os motivos pelo qual eu escolhi como meu tema de fim
de curso a incidência de AVC isquémico agudo no adulto jovem.

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1.3- OBJECTIVOS

1.3.1 Objectivo geral


Determinar a incidência do acidente vascular cerebral isquêmico agudo no
adulto jovem assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020.

1.3.2 Objectivos específicos:


1. Caracterizar a amostra segundo as variáveis sociodemográficas e clínicas
2. Compreender os principais métodos de diagnóstico no nosso país
3. Estudar as principais sequelas do AVC isquêmico agudo nos doentes jovens
4. Apresentar o tratamento: profilaxia primária, tratamento em fase aguda e
profilaxia secundária.

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2. CAPÍTULO II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO


O sistema nervoso (SN) tem origem ectodérmica e sua formação inicia-se na
segunda semana de gestação como uma placa plana e espessa, denominada placa
neural, e esta está localizada na região dorsal do embrião. Com o seu desenvolvimento,
a linha mediana da placa neural se invagina ao mesmo tempo em que ocorre
proliferação celular em suas margens, produzindo elevações e resultando no sulco
neural, o qual transforma-se posteriormente em um tubo neural (Amaral, 2018).

2.2 HISTOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO


Segundo Liborio (2017, Apoud Junqueira & Carneiro, 2013) o sistema nervoso
é constiuído basicamente por um dos quatro tipos de tecidos do corpo; o tecido nervoso,
encontra-se distribuído por todo organismo. É formado por neurónios e as células glia
ou neuroglia, os quais possuem origem no ectoderma. Todas estas células agrupam-se,
formando o Sistema Nervoso, que é dividido em Sistema Nervoso Central (encéfalo e
médula espinhal, protegido pelas meninges) e em Sistema Nervoso Periférico (gânglios
nervosos e nervos).

2.3 FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO


Segundo Konkiewitz (2016) o cérebro humano é uma rede constituída por mais
de 100 bilhões de neurónios interconectados em sistemas que constroem nossa
percepção sobre o mundo externo, fixam nossa atenção e controlam o mecanismo de
nossas acções.
De acordo com Amaral (2018) as funções do sistema nervoso baseiam-se na
actividade coordenada de reflexos a estímulos simples do ambiente, até a complexa
percepção do meio externo, mecanismos de atenção e o controle de movimentos
delicados e preciso. A célula nervosa tem moléculas na membrana que são bombas ou
então canais para o transporte de íons para dentro e para fora do citoplasma, sendo esses
mecanismos responsáveis pela manutenção do potencial de repouso da membrana do
neurônio, assim como por modificações desse potencial, a fim de gerar o impulso

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
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nervoso. A duração desses eventos é em média de 5 minutos e ocorre apenas em uma


pequena área da membrana.

2.4 ANATOMIA DO SISTEMA NERVOSO


Segundo Corrêa ( 2011) o sistema nervoso anatomicamente divide-se em:
sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é constituído
pelo encéfalo e pela médula espinhal, estruturas protegidas respectivamente pelo crânio
e pela coluna vertebral, componentes do esqueleto axial. O sistema nervoso localizado
fora do esqueleto axial corresponde ao sistema nervoso periférico.
O tecido nervoso é distribuído pelo organismo, interligando-se e formando uma
rede de comunicações, que constitui o sistema nervoso. Liborio (2017) salientou que os
nervos são constituídos principalmente por prolongamentos dos neurônios situados no
SNC ou nos gânglios nervosos.

2.5 CIRCULAÇÃO CEREBRAL


A irrigação cerebral conta com quatro troncos arteriais ascendentes: duas
artérias carótidas internas e duas artérias vertebrais. Estas, formam duas redes
complementares designadas por circulação anterior ou carotídea e posterior ou
vertebrobasilar. (Castro, 2017).
No crânio, as artérias vertebrais se unem para formar a artéria basilar (na região
posterior da cabeça). As artérias carótidas internas e a artéria basilar se dividem em
vários ramos, incluindo as artérias cerebrais. Alguns ramos se unem para formar um
círculo de artérias (polígono de Willis), que liga as artérias vertebrais e carótidas
internas. Outras artérias se ramificam a partir do polígono de Willis, como vias de uma
rotatória. (Giraldo, 2018).
De acordo com Amaral (2018) a autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral
(FSC) permite que o fluxo permaneça constante em situações de queda ou elevação da
pressão de perfusão cerebral por meio da vasodilatação ou vasoconstrição das arteríolas
cerebrais, respectivamente, dentro de determinados limites da pressão arterial média,
situada entre 60 e 140 mmHg.

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Circulação anterior
Os ramos da artéria cerebral anterior (ACA) suprem os lobos frontais, as
superfícies superiores dos hemisférios cerebrais e a parte medial dos hemisférios. A
artéria cerebral média (ACM) é responsável pela irrigação da maior parte do território
cerebral e é a artéria mais envolvida em AVCI. Ela dá origem as artérias
lenticuloestriadas responsáveis por suprir os núcleos da base (Putámen, Caudado, Globo
pálido e Tálamo) e a cápsula interna. O território da ACM inclui as principais áreas
sensitivas e motoras do córtex auditivo sensitivo e as áreas motoras e sensitivas para a
linguagem no hemisfério dominante (Giraldo, 2018).

Circulação posterior
Segundo Denny et al (2020) o sistema vértebro-basilar é o responsável pela
circulação posterior do encéfalo. As artérias vertebrais ascendem pela coluna vertebral e
penetram no crânio através do forame magno e se juntam na junção bulbopontina para
formar a artéria basilar, esta bifurca-se para formar as artérias cerebrais posteriores
(ACP). A ACP é responsável principalmente pela irrigação do lobo occipital, porém
também supre a parte inferior do lobo temporal. O tronco encefálico e o cerebelo
também são supridos pelos ramos do sistema vértebro-basilar.

Circulação venosa cerebral


A drenagem venosa do encéfalo é feita pelos seios venosos durais e pelas veias
jugulares internas. As veias de paredes finas, sem válvulas, que drenam o encéfalo
perfuram a aracnoide e as lâminas meníngeas da dura-máter e terminam nos seios
venosos da dura-máter mais próximo, que drenam, em sua maior parte, para as veias
jugulares internas (Amaral, 2018).

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3. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

3.1 DEFINIÇÃO
A definição actual do AVC da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi
introduzida primeiramente em 1970 e ainda é utilizada e descrita como sendo um
comprometimento neurológico focal (ou global) que subitamente ocorre com sintomas
persistindo para além de 24 horas, ou levando à morte, com provável origem vascular
(Lourenço, 2019 Apoud Ministério da saúde, 2010).

3.2 EPIDEMIOLOGIA
A epidemiologia originou-se das observações de Hipócrates, feitas há mais de
2000 anos, de que fatores ambientais influenciam a ocorrência de doenças. A sua
aplicação foi inicialmente feita visando o controle de doenças transmissíveis e,
posteriormente, no estudo das relações entre condições ou agentes ambientais e doenças
específicas. A epidemiologia atual é uma disciplina relativamente nova e usa métodos
quantitativos para estudar a ocorrência de doenças nas populações humanas e para
definir estratégias de prevenção e controle (Bonita et al, 2010).

3.2.1 Epidemiologia do avc no mundo


O AVC é um problema de saúde pública mundial, é a primeira causa de
incapacidade adquirida em todo mundo. É a segunda causa mais frequente de
Demência. Considera-se a terceira maior causa de morte após as doenças cardíacas e
cancerígenas. É uma das enfermidades de maior custo para estudo. Em cada ano, 15
milhões de pessoas sofrem de AVC. Dentre elas, 5 milhões morrem e 5 milhões ficam
com incapacidade permanente (sequela), impondo-se um pesado fardo a indivíduos,
famílias e comunidade. O Brazil é o 6º país com maior número de AVC, após China,
Índia, Rússia, Estados Unidos e Japão (Capiñala & Bettencourt, 2020).
Segundo Santos (2019) um dos aspectos principais do AVC é o fato da carga
da doença ser muito desigual, com 85% dos óbitos concentrados em países em
desenvolvimento. Aproximadamente 80,% são isquémicas, porém essa proporção é
bastante variável nas populações mais jovens, sendo 21-79% para o tipo isquémico, 2,7-

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38,5% para a hemorragia intracraniana e 9,6-55,4% para a hemorragia subaracnóidea.


Ademais, cerca de 5-10% do AVC ocorre em indivíduos com menos de 50 anos, neste
caso, nos adultos jovens.

3.2.2 Epidemiologia do avc em áfrica


Segundo as informações do estudo Global Burden of disease (2013) para a
região da África subsariana, foi observado um aumento na incidência do AVC
isquémico padronizado por idades, no período compreendido entre 1990-2010, que
variou entre 5,2% na África do Sul e 27,8% na República Democrática do Congo. Para
o AVC hemorrágico, o aumento da incidência variou entre 13% (Gâmbia) e 45,7%
(Burundi). Assim, com base nas evidências disponíveis limitadas, a incidência do AVC
em África não é apenas uma das maiores do mundo, sendo também sua taxa de aumento
significativa em comparação com outras regiões do mundo.

3.2.3 Epidemiologia do avc em angola


Em 2017, em Angola, registaram-se à volta de 11.500 casos de AVC dos tipos
isquémico e hemorrágico. Em 2015, houve 7.200 mortes devido a doença e uma
prevalência de 6.100 casos (Jornal de Angola, 2018).
Segundo Nascimento (2018) em uma entrevista aos participantes das XI
Jornadas médicas militares, descobriu que o AVC é a principal causa de mortes
hospitalares entre os efectivos das Forças Armadas Angolanas (FAA) e seus familiares,
depois da malária.
Segundo Sambango (2016) em 2014 o hospital central do Huambo registou
261 casos de AVC Isquémico e 86 casos de AVC Hemorrágico
No período de 2017 à 2019, foram assistidos no HMP/IS mais de 3.500 casos
de AVC, sendo a quarta maior causa de procura de assistência médica, a seguir a HTA,
Malária e Cefaleia. Destes, houve um total de 13 falecidos por AVC isquémico e 9 por
AVC hemorrágico. (Secretaria do Departamento de Neurologia, 2020).

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3.2.4 Epidemiologia do avc no adulto jovem


Estima-se que a percentagem de adultos jovens da faixa etária compreendida
entre 18 aos 45 anos atinja 5 a 10% do total de indivíduos com AVC. Aproximadamente
10-14% dos AVC isquémicos ocorrem em adultos jovens e a sua incidência varia entre
7 a 15 por cada 100 000 indivíduos/ano. A morbilidade e mortalidade causadas pelo
AVC numa população jovem e ativa causam um forte impacto social e económico
porque os adultos jovens acabam por viver mais anos com a incapacidade resultante do
AVC, ou seja, as sequelas resultantes do AVC, e pela grande carga económica, social e
familiar (Henriques et al, 2015).

3.3 FISIOPATOLOGIA DO AVC ISQUÉMICO


Segundo Smith et al (2015) a oclusão aguda de um vaso intracraniano reduz o
fluxo sanguíneo para a região cerebral que ele supre. Uma diminuição do fluxo
sanguíneo cerebral para zero causa morte do tecido cerebral em 4 a 10 minutos. O
tecido em volta da região central do infarto mostra-se isquémico, mas sua disfunção é
reversível, e denomina-se penumbra isquémica.
Segundo Denny et al (2020) com a isquemia cerebral se o fluxo sanguíneo for
menor que 5% do normal por mais de 5 minutos ocorre a morte de alguns neurónios;
porém, a extensão da lesão depende da gravidade da isquemia. Se esta for leve, os danos
ocorrem lentamente; assim, mesmo sendo a perfusão de 40% do normal, podem levar 3
a 6 horas antes de ocorrer perda completa do tecido cerebral. Se a isquemia é grave,
mais de 15 a 30 minutos, todos os tecidos afectados morrem, ou seja, têm um infarto.
De acordo com Castillo et al (2013) os mecanismos da lesão isquémica
incluem: edema, trombrose microvascular, morte celular programada (apoptose) e
infarto com necrose celular.Vários factores podem contribuir para a morte celular com
necrose, os quais incluem: perda de reservas de ATP, perda de homeostase iónica, danos
às membranas celulares por perioxidação lípidica mediada por radicais livres,
neurotoxinas excitatórias e acidose intracelular decorrente do acúmulo de lactato.

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3.4 CLASSIFICAÇÃO DO AVC

O AVC pode ser dividido de 2 formas: quanto ao tipo e quanto a sua etiologia.

Quanto ao tipo de AVC

O AVC pode se manifestar de três formas: isquémico, ocasionado pela


obstrução de um vaso por meio de processos ateroscleróticos ou embólicos -
dificultando o suprimento de oxigênio e substratos ao tecido cerebral; hemorrágico,
originado pela ruptura de um vaso com extravasamento de sangue dentro ou em volta
das estruturas do sistema nervoso central e acidente isquémico transitório (AIT), é
caracterizado pelo déficit neurológico súbito transitório causado por isquemia cerebral,
sem infarto associado, com sintomas agudos que regridem em até 24h, sendo mais
comum retornar na primeira hora. (Santos & Waters, 2020).

Quanto a etiologia

a) Classificação TOAST

De acordo com Carvalho (2011), um sistema para classificação dos subtipos de


AVCI principalmente com base na etiologia foi desenvolvido para o “Trial of org 10172
in acute Stroke treatment” (TOAST). A classificação dos subtipos foi preparada a partir
das características clínicas e resultados de estudos complementares. A classificação
TOAST estabelece cinco subtipos de AVC isquémico: 1) aterosclerose de grandes
artérias, 2) cardioembolismo, 3) oclusão de pequenos vasos, 4) AVC isquémico de
outras etiologias determinadas e 5) AVC isquémico de etiologia indeterminada.
O Ministério da saúde (2013) apresentou as seguintes definições para cada item
da classificação TOAST:
1. Aterosclerose de grandes artérias: onde geralmente há estenose maior que
50% ou oclusão de grandes ramos arteriais (intra ou extracranianos) do
mesmo lado da lesão central ou placas complexas na aorta ascendente ou
transversa (> 4mm);

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2. Cardioembolismo: Os infartos cardioembólicos são decorrentes de oclusão


de vaso cerebral por êmbolos provenientes do coração;
3. Oclusão de pequenas artérias (lacunas): também chamados infartos
lacunares, a TC ou RM demonstram lesões pequenas (lacunas) no território
de artérias perfurantes, ou seja, núcleos da base, tálamo, tronco cerebral,
coroa radiada e cápsulas interna e externa menores que 1,5cm de diâmetro.
Ocorrem por degeneração dos pequenos vasos e de arteríolas perfurantes,
por acção direta da Hipertensão arterial crônica, associada ou não ao
Diabetes Melittus;
4. Infartos por outras etiologias: englobam todas as causas que diferem
destas três primeiras, por exemplo: vasculopatias não ateroscleróticas
(dissecção arterial), desordens hematológicas (anemia falciforme),
coagulopatias (deficiência de fatores fibrinolíticos), vasculites (varicela,
lúpus, meningite) etc;
5. Infartos de origem indeterminada: são aqueles que não se enquadram nas
categorias anteriores, apesar de investigação completa.

b) Classificação da OCSP (Oxfordshire Community Stroke Project)

Quadro 3. 1- Classificação da OCSP

Nº Nome Definição Alterações

1 TACI (Total caracterizado pelo -Disfunção das funções superiores (afasia,


Anterior intenso défice agnosia, alterações visio-espaciais,
Circulation neurológico disgrafia, discalculia);
Infarct) – -Hemianópsia homónima;
Infarto Total - Défice motor / sensorial ipsilateral em
da Circulação pelo menos 2 segmentos corporais (face,
Anterior membro superior e inferior).

2 PACI (Partial Caracterizado -Duas das alterações do TACI;

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Anterior pelo défice -Disfunção das funções superiores isolada;


Circulation neurológico - Défice motor mais restrito que no LACI
Infarct) – moderado (apenas num braço ou perna).
Infarto
Parcial da
Circulação
Anterior
3 LACI caracterizado pelo -Disartria;
(Lacunar défice motor e / - Sem alterações de novo das funções
Anterior ou sensitivo, superiores;
Circulation -Sem alterações de novo dos campos
Infarct) – visuais.
Infarto
Lacunar da
Circulação
Anterior
4 POCI caracterizado por -Disfunção cerebelosa;
(Posterior parésias de pares -Hemianópsia homónima isolada;
Circulation cranianos e/ou -Défice motor / sensitivo bilateral.
Infarct) – défice motor
Infarto da contralateral,
Circulação
Posterior

Fonte: Pires (2012)

c) Classificação ASCO do AVC Isquémico

Segundo Serra (2010) existe uma classificação pouco definida do AVCI. Esta
apresenta-se como uma classificação fenotípica “completa” que se distingue de
classificações passadas porque procura ter em conta a etiologia principal, mas também

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outras condições patológicas subjacentes, agrupadas por grau de severidade. Todos os


pacientes são classificados para 4 fenótipos pela A-S-C-O:
a. A- para aterotrombose;
b. S- para doença de pequenos vasos;
c. C- para fonte cardíaca;
d. O- para outras causas.
Serra (2010) comenta que para cada um destes 4 fenótipos existem 3 graus que
caracterizam o potencial da patologia presente para causar o AVC e opcionalmente
podem atribuir-se 3 níveis de evidência diagnóstica consoante a classificação seja
baseada em critérios e exames gold standard (padrão-ouro) ou noutros menos sensíveis
e específicos. As análises na pesquisa clínica podem basear-se num dos 4 fenótipos e o
tratamento pode ser adaptado aos fenótipos observados e etiologias mais prováveis.

3.5 FACTORES DE RISCO


Considera-se factor de risco alguma exposição que aumente a probabilidade de
ocorrência de uma doença ou agravo à saúde, podendo ocorrer em qualquer parte da
cadeia causal (Smith et al, 2015).
De acordo com Marcolino (2017) é possível compreender melhor a
etiopatogenia do AVC através do papel dos factores de risco no desenvolvimento das
doenças vasculares cerebrais. Assente nos mesmos estabeleceram-se alguns factores de
risco comprovadamente associados ao desenvolvimento das doenças vasculares
cerebrais identificados como:
• Definitivos e não modificáveis
• Modificáveis
3.5.1 Factores de risco não modificáveis
Os fatores de risco considerados não modificáveis são aqueles em que os
profissionais de saúde não podem intervir tratar ou modificar, e , apesar de não poder
agir em linha reta sobre esses fatores, é extremamente importante o conhecimento sobre
eles, pois eles elevam diretamente o risco e devem ser observados junto aos
modificáveis no agravamento que o paciente possa ter e no projeto de cuidados a ser
colocado em prática (Carvalho & Deodato, 2016).

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De acordo com Marcolino (2017) dentre os factores não modificáveis podemos


definir os seguintes:
• Idade e género- as chances de AVC duplicam após os 55 anos de idade. O sexo
masculino é o mais acometido pelo AVC em idades inferiores aos 85 anos. Após
essa idade, as mulheres são as mais afetadas em função da maior expectativa de
vida;
• Raça- negros têm duas vezes mais chances de AVC do que caucasianos;
• Factores genéticos- a história familiar de AVC em pais, irmãos, está associada a
um maior risco de AVC, podendo ser conferido pela transmissão de genes
causadores de doenças hereditárias raras, como: neufibromatose, anemia de
células falciformes e Coagulopatias;
• AIT ou AVC prévio- eleva o risco de AVC novo, sendo o risco maior de sua
ocorrência no período próximo (13% e 21,4% ao ano). O risco de recorrência de
AVC é também muito alto até 20% aos 90 dias, condicionando o dobro da
mortalidade;
3.5.2 Factores de risco modificáveis
De acordo com Santos (2017) os factores de risco modificáveis são aqueles
cuja identificação, intervenção e tratamento podem evitar o primeiro evento
cerebrovascular ou reduzir a recorrência, nomeadamente:
• Hipertensão arterial (HTA)- é sem sombra de dúvidas o factor de risco mais
importante por causa da sua associação a todo tipo de AVC;
• Desordens do metabolismo da glicose e Diabetes Mellitus - é outro factor de
risco para o AVC e a semelhança da HTA está associada a todos os tipos de
AVC, sendo factor de risco independente para o AVC isquémico;
• Dislipidemia (colesterol ou gorduras no sangue em níveis elevados)- o
colesterol total elevado e o colesterol HDL baixos, são factores de risco para o
AVC isquémico em ambos os sexos;
• Tabagismo- o tabagismo confere risco para inúmeras doenças (câncer, doenças
vasculares periféricas, doenças pulmonares, e outras) e, de modo semelhante,
também atua como fator de risco para o AVCI, podendo, até mesmo, dobrar este
risco. No entanto, após a cessação do ato de fumar, ocorre diminuição relativa

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do risco de AVCI (atingindo o risco de não fumante após 5 anos, nos casos de
fumantes leves), bem como o aumento dos intervalos entre um cigarro e outro;
• Aterosclerose intra e/ou extracraniana (enrijecimento das artérias por
acúmulo de gorduras e colesterol);
• Fibrilação atrial (palpitações cardícas);
• Cardiopatias valvares e não valvares (doenças cardíacas);
• Sobrepeso, obesidade e síndrome metabólica- a obesidade, além de estar
associada a um maior risco de AVC, tem correlação com outros factores de
risco, tal como a HTA e DM2 potenciando sob a forma de sinergia a
probabilidade de AVC;
• Alcoolismo- o consumo excessivo constitui um factor de risco para todos os
tipos de AVC.
3.5.3 Factores de risco no adulto jovem
De acordo com Correia et al (2018) o diagnóstico etiológico no adulto jovem
requer habitualmente uma abordagem mais complexa do que nos idosos, apesar destas
populações partilharem cada vez mais factores de risco vascular tradicionais, como a
hipertensão, a dislipidemia, a obesidade e o sedentarismo, existem factores de risco no
adulto jovem que não pode ser descurada, como:
• Enxaqueca- afecta cerca de 15% a 20% da população adulta- 17% a 25% das
mulheres e e 6% a 10% dos homens.
• Uso de contraceptivos orais combinados (COC)- está fortemente associada a
um risco aumentado de trombose venosa e varia consoante o tipo prostagénico e
a dose de estrogénio usado. A toma de COC confere um risco de 1,7 vezes
aumentado de AVC isquémico e este risco parece aumentar com a dose de
estrogénio, não variando com o tipo de progestagénio usado.
• Consumo de álcool e drogas- o uso de substâncias ilícitas é também um factor
de risco para o AVC. A prevalência deste comportamento em adultos jovens
pode variar de entre 12% e 34%, consoante os estudos, e o consumo de diversas
substâncias pode aumentar o risco de AVC através de vários mecanismos
diferentes.

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• Gravidez e o puerpério- estima-se que a incidência do AVC associado à


gravidez e ao puerpério varia entre 25 e 34 casos por 100000 partos e a taxa de
internamentos antes e após o parto devido o AVC parece estar relaccionados
com este risco. Outros factores intrínsecos à gravidez e que também podem
condicionar o risco de AVC são as alterações do estado hemodinâmico, a
hipercoagubilidade e possivelmene alerações da estrutura arterial cerebral.
• Tabagismo- quando associado a enxaqueca e ao COC pode disparar o risco até
34 vezes. Esta interação poderá resultar da partilha de mecanismos
fisioptológicos de lesão vascular endotelial, inflamação e disfunção plaquetária.

3.6 DIAGNÓSTICO
Segundo Amaral (2018) a avaliação neurológica visa a identificar sinais e
sintomas do paciente com AVC, seus diagnósticos diferenciais e suas complicações
imediatas e mediatas. A informação mais importante da história clínica é o horário de
início dos sintomas. A definição atual do início dos sintomas é o momento que o
paciente foi visto pela última vez em seu estado usual de saúde ou assintomático.

Fases do AVC

Segundo Aguiar (2017) existem 3 fases que ocorrem logo após um AVC que
são conhecidos como os 3 estágios de recuperação pós AVC. São eles:

• Estágio flácido: ocorre hemiplegia flácida onde a hipotonia é hiporreflexa ou


arreflexa, onde pode haver perda motora geral e afectação sensorial variável.
Todo o hemicorpo do paciente fica acometido e ele não consegue se manter em
pé por causa da fraqueza e da hipotonia;
• Estágio espástico: evolução para hipertonia com espasticidade, ou seja,
hipertonia+hiperreflexia (piramidalismo);
• Estágio de recuperação: momento no qual o indíviduo tem uma estabilização
do quadro sintomático ( não há agravamento de sintomas e sinais, nem
aparecimento de outros novos) e também não há complicações.

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Manifestações clínicas

Santos & Waters (2020) consideram que o indivíduo que sofre um AVC possui
alterações do metabolismo cerebral, ventilatórias e neurofuncionais, sendo considerado
como um paciente neurocrítico, devendo receber assistência em uma Unidade de
Terapia Intensiva (UTI). A UTI é referência máxima para o cuidado e reabilitação dos
indivíduos com problemas de saúde de alta gravidade e complexidade com
probabilidade de morte; é o local onde se encontram os recursos tecnológicos essenciais
para a sobrevida do paciente crítico e à resolutividade do problema de base.

Quadro 3. 2 Manifestações do AVC segundo a topografia da lesão

Localização topográfica do Sinais e sintomas


AVC
Hemisfério cerebral, face Hemiparesia, déficit hemissensitivo, afasia motora
lateral (artéria cerebral (de Broca), afasia sensitiva (de Wernicke), má
média) compreensão, apraxia, déficit unilateral, hemianopsia
homônima ou quadrantopsia. Desvio do olhar
conjugado para o lado da lesão.
Hemisfério cerebral, face Paralisia do pé e da perna com ou sem paresia do
medial (artéria cerebral braço, perda sensitiva cortical sobre a perna, reflexos
anterior) de preensão e sucção, incontinência urinária, apraxia
da marcha.
Hemisfério cerebral, face Hemianopsia homônima, cegueira cortical, déficit de
posterior (artéria cerebral memória, perda sensitiva densa, dor espontânea,
posterior) disestesias, coreoatetose.
Tronco encefálico, Paralisia do terceiro nervo e hemiplegia contralateral,
mesencéfalo (artéria paralisia do movimento ocular vertical, nistagmo
cerebral posterior) convergente, desorientação.
Tronco encefálico, junção Paralisia facial, paresia da abdução do olho, paresia
pontomedular (artéria do olhar conjugado, déficit sensitivo hemifacial,
basilar) síndrome de Horner, hipoestesia termoalgésica em

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metade do corpo.
Tronco encefálico, médula Vertigem, nistagmo, síndrome de Horner, ataxia,
oblonga lateral (artéria queda para o lado da lesão, hipoestesia termoalgésica
vertebral) em metade do corpo com ou sem acometimento da
face.

Fonte: Amaral (2018)

3.6.3 Investigação etiológica num doente com AVC


Num doente jovem, tanto o diagnóstico como a investigação etiológica do
AVC podem ser complexas, não só pela prevalência de diagnósticos diferenciais como
pela variedade de causas potenciais e pela diferente frequência relativa de cada uma
delas comparativamente ao AVC em idade mais avançada (Correia et al, 2018).

Quadro 3.3 Exames de investigação etiológica do AVC isquémico agudo

Exames de sangue Exames de imagem Exames no adulto


jovem
• Lipidograma • Eletrocardiograma • Provas de
(LDL e HDL • Raio X: do tórax e do atividade
colesterol) crânio inflamatória
• Triglicerídeos • Exames de Doppler: • Alfa 1
• Ácido úrico EcoDoppler de glicoproteína
• Glicemia de jejum artérias vertebrais e • Enzimas
• Hemograma artérias carótidas, hepáticas
completo Doppler • Sorologia para
• Urinálise transcraniano, hepatites B e C
• Ureia e creatinina Ecocardiograma • Sorologia para
• Sorologia transtorácico e HIV

• Coagulograma: Ecocardiograma • Anticorpo


TP e TTPA transesofágico com anticardiolipina

• Velocidade de
Bubble Test • Anticoagulante

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hemossedimentaç • Tomgrafia lúpico


ão computarizada do • Homocisteína
• Proteína C crânio • Se urinálise
reativa • Ressonância com proteinúria,
• Eletroforese de magnética do crânio solicitar:
proteínas • Angiorressonância ou proteinúria de
angiotomografia dos 24hs
vasos extra ou
intracranianos
• Arteriografia digital

Fonte: Ministério da saúde (2013)

3.6.1 Modalidade de diagnóstico por imagem


Segundo Verde (2020) a neuroimagiologia tem um papel fundamental na
abordagem do AVC e possui 4 objetivos principais:
1) Excluir a presença de hemorragia intracraniana;
2) Identificar uma oclusão dos grandes vasos como alvo para trombectomia;
3) Determinar o volume de necrose cerebral irreversível aquando a chegada;
4) Estimar o volume de lesão cerebral isquémica potencialmente reversível que é
alvo de tratamento, e que pode evoluir para lesão irreversível na ausência de
reperfusão (área de penumbra);

Tomografia computarizada
A tomografia computarizada do crânio (TC) tem sido o exame de imagem
recomendado, devendo ser realizada o mais rapidamente possível. Deve ser repetida em
24 – 48h nos casos em que não sejam evidenciadas alterações no exame inicial ou de
evolução insatisfatória (Aguiar, 2017).
Segundo Lima (2015) a identificação da lesão topográfica depende da fase em
que se encontra o AVC, podendo este ser identificado com a investigação com TC:

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Achados de Imagem
Fase Hiperaguda (menos de 12h)
Neste momento a TC de crânio é importante para excluir hemorragia e para
deteção de achados precoces de isquemia cerebral. São eles:
• Perda do contorno insular
• Indefinição dos núcleos cinzentos
• Perda da diferenciação da substância branca e cinzenta
• Artéria cerebral hiperdensa

Fase aguda
Pode apresentar lesão hipodensa, envolvendo substância branca e cinzenta e
respeitando o limite vascular bem como edema perilesional e sinais de efeito de massa
(desvio de estrutura da linha média para o hemisfério contralateral, apagamento de
sulcos e cisternas, compressão ventricular).

Fase crônica
Há uma lesão focal hipodensa, bem delimitada, respeitando limites vasculares,
com proeminência de sulcos e alargamento dos ventrículos ipsilaterais.

Ressonâcia magnética
A ressonância magnética (RM) com difusão, apesar de mais demorada, menos
acessível e mais dispendiosa, apresenta uma maior sensibilidade e especificidade em
comparação com a TC sem contraste, e consegue detetar e delinear tecido cerebral
isquémico potencialmente infartado irreversivelmente, apesar de reperfusão atempada e
adequada. É útil para o diagnóstico definitivo de ATI e para o diagnóstico de infarto
lacunar. É também útil fora do período agudo, na determinação mais precisa da
extensão da lesão isquémica e na descriminação entre regiões de enfarte antigas e novas
(Verde, 2020).

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Eco doppler
O Eco Doppler é o principal método utilizado para o estudo inicial dos doentes
com AVCI, dada a sua não invasibilidade, baixo custo, e reprodutibilidade quando
realizado por operadores experientes. É a única ferramenta diagnóstica que permite
visualizar a presença de fenômenos embólicos vasculares intracranianos in vivo. O Eco
Doppler tem a capacidade de diferenciar porções calcificadas e não calcificadas da
placa. É importante ressaltar que o doppler é restrito à porção cervical das artérias
carótidas internas, além disso, situações como tortuosidade grave de uma das artérias,
alta bifurcação carotídea, obesidade, ou extensa calcificação da vasculatura irão reduzir
a precisão do método (Nether et al, 2020).

Ecocardiograma
Desde a sua aplicação inicial em 1976, o ecocardiograma transesofágico (ETE)
melhorou a detecção de fontes embolígenas cardiovasculares. Embora a sua indicação
em doentes com AVC seja controversa, a sua utilização contribuiu para a identificação
de fontes potenciais de AVC embólico (Cremaschi, 2020 Apoud Melcón et al, 2003).

Angiotomografia (AngioTC) de crânio


A angioTC é um método rápido e não invasivo da avaliação do fluxo de sangue
das artérias cervicais e intracranianas. As imagens das principais artérias e ramos destas
presentes na circulação cerebral são reconstituídas em 3d com fácil identificação dos
problemas vasculares. O exame tem grande importância na investigação precoce na fase
aguda do AVCI, e a decisão terapêutica da mesma depende do local e das caracterísicas
da obstrução do fluxo cerebral. (Nether et al, 2020)

Angiografia por ressonância magnética


A angiografia por ressonância megnética (angioRM de crânio) é um método
não invasivo de avaliação das artérias cerebrais e cervicais. Devido a boa caracterização
das mais importantes artérias do sistema carotídeo e vertebro-basilar, além do trajecto
distal de vasos de pequeno calibre, o exame é indicado principalmente na avaliação
arterial e venosa intracraniana. A angioRM pode ser utilizada para detecção de doença

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

vascular oclusiva nos vasos intra e extracranianos, além de contribuir com informações
importantes no diagnóstico de hemorragia intraplaca de ateroma, dissecção arterial,
aneurisma e malformação vascular (Cremaschi, 2020).

Triplex scan cervical e transcraniano


Os Triplex scan cervical e transcraniano ao contrário da angiografia intra-
arterial são exames não invasivos e estão indicados em todos os doentes com eventos
isquémicos ou suspeita, para pesquisa de eventual causa e para doentes que possam ser
propostos para endarteretomia ou colocação de stent arterial (Júnior et al, 2017; apoud
Hankey & Warlow, 1992).

3.7 ABORDAGEM E TRATAMENTO

Em suas diversas formas de apresentação, os AVCs constituem uma


emergência neurológica e a perda de tempo para a abordagem desses pacientes significa
uma pior evolução, portanto é necessário que se faça uma rápida abordagem ao paciente
vítima de AVC para melhor conduta e tratamento definitivo (Smith et al, 2015)
A abordagem e o tratamento agudo do AVC baseiam-se em objetivos
diferentes. Na chegada à urgência, deve ser realizada uma avaliação inicial de modo a
garantir a estabilidade do paciente, com especial enfoque no Airway, Breathing,
Circulation (ABC), e com monitorização dos sinais vitais. É recomendado uma
monitorização e vigilância constante e contínua da consciência, pupilas, mecânica
ventilatória, aparelho cardiovascular e hemodinâmica, dos valores de glicose, tensão
arterial, saturação de oxigénio e da temperatura. (Verde, 2020)
Segundo Amaral (2018) para a abordagem de um AVC isquémico agudo é
necessário ter o conhecimento do quadro clínico sugestivo de AVC, caracterizado pelo
início súbito de:
• Fraqueza ou dormência em um lado do corpo
• Confusão, dificuldade para falar ou entender
• Dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos
• Dificuldade para andar, tontura ou incoordenação motora
• Cefaleia intensa e súbita sem causa aparente

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

3.7.1 Tratamento do AVC isquémico agudo


Para Aguiar (2017) o tratamento na fase aguda, que compreende as primeiras
24 horas, é indispensável para aumentar as chances de reversão do quadro ou de
atenuação dos déficits futuros, ao restabelecer o fluxo sanguíneo para a área afetada que
pode ter suas funções recuperadas. Estudo demonstram que os melhores resultados são
obtidos quando ocorre nas primeiras 3 horas.
Smith et al (2015) definiram os tratamentos que visam a reverter ou minorar a
extensão do infarto tecidual e melhorar o desfecho clínico. Os mesmos, enquadram-se
em seis categorias:
1. Apoio médico
2. Trombólise intravenosa
3. Técnicas endovasculares
4. Tratamento antitrombótico
5. Neuroproteção
6. Centros especializados e reabilitação do AVC.

Apoio médico
Quando ocorre infarto cerebral, o objetivo imediato é optimizar a perfusão
cerebral na penumbra isquêmica circundante. Também se dá atenção à prevenção das
complicações comuns de pacientes confinados no leito - infecções (pneumonia,
urinárias e cutâneas) e trombose venosa profunda (TVP) com embolia pulmonar.
Muitos médicos aplicam meias de compressão pneumática para prevenir TVP; a
heparina subcutânea (não fraccionada e de baixo peso molecular) é segura e mais
efetiva e pode ser usada ao mesmo tempo (Smit et al, 2015)
Diversos estudos mostram que apenas aproximadamente 33-50% dos doentes
reconhecem os seus próprios sintomas como um AVC. Júnior et al (2017) comentam
que a atividade física é uma estratégia importante, tanto na prevenção, como no
tratamento das doenças cardiovasculares, Hipertensão arterial, Diabetes Mellitus, AVC,
alguns tipos de Câncer, Osteoporose, Depressão e desequilíbrio no perfil lipídico.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Trombólise intravenosa
A trombólise intravenosa é tempo dependente e deve ser iniciada
imediatamente nos doentes que sejam elegíveis. A janela de intervenção recomendada
não deve ultrapassar as 4-5h após início dos sintomas. No entanto, os benefícios são
superiores quando a terapia é iniciada até às 3h (Verde, 2020).
De acordo com Amaral (2018) estes são os critérios para inclusão de
trombólise endovenosa por uso de plasminogênio tecidual recombinante (rtPA):
• AVC isquêmico em qualquer território encefálico;
• Possibilidade de se iniciar a infusão do rtPA dentro de 4,5 horas do início dos
sintomas (para isso, o horário do início dos sintomas deve ser precisamente
estabelecido, caso os sintomas forem observados ao acordar, deve-se considerar
o último horário no qual o paciente foi observado normal);
• Tomografia computadorizada (TC) do crânio ou ressonância magnética (RM)
sem evidência de hemorragia;
• Idade superior a 18 anos.

Segundo Smith et al (2015) os critérios de exclusão para uso de rtPA incluem:


1. AVC isquêmico ou traumatismo cranioencefálico grave nos últimos 3
meses;
2. História pregressa de hemorragia intracraniana ou de malformação
vascular cerebral;
3. PA sistólica ≥ 185mmHg ou PA diastólica ≥ 110mmHg (em 3 ocasiões,
com 10 minutos de intervalo) refratária ao tratamento anti-hipertensivo;
4. Melhoria rápida e completa dos sinais e sintomas no período anterior ao
início da trombólise;
5. Déficits neurológicos leves (sem repercussão funcional significativa);
6. Cirurgia de grande porte ou procedimento invasivo nos últimos 14 dias;
7. Punção lombar nos últimos 7 dias;
8. Glicemia < 50mg/dl com reversão dos sintomas após a correção;
9. Gravidez;
10. Infarto do miocárdio recente (3 meses)

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assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Tratamento antitrombótico
A terapêutica trombolítica tem o objetivo de reperfundir a zona de penumbra
isquêmica e consequentemente salvar os neurônios situados nessa área. Ela baseia-se no
curto período (de poucas horas) denominado janela terapêutica (Amaral, 2018).
O agente antiplaquetário AAS (ácido acetilsalicílico), até 325 mg/dia, é seguro,
tendo um benefício pequeno mas definitivo no AVCI agudo. Os estudos não apoiam o
uso da heparina ou outros anticoagulantes para o tratamento em pacientes com AVCI
agudo. (Smith et al, 2015).

Técnicas endovasculares
Segundo Denny et al (2020) a trombectomia endovascular é uma técnica que
consiste na remoção de um trombo através da introdução de um Stent guiado por
imagiologia, nas primeiras 24 horas, quando o paciente preenche os requisitos para a
sua realização.

Neuroproteção
Segundo Smith et al (2015) a neuroproteção é o conceito de instituir um
tratamento que prolonga a tolerância do cérebro à isquemia. Os fármacos que bloqueiam
as vias dos aminoácidos excitatórios mostraram-se capazes de proteger os neurônios e a
neuroglia em animais, mas, apesar de vários estudos clínicos humanos, seus efeitos
benéficos ainda não foram demonstrados. A hipotermia é um tratamento neuroprotetor
potente em pacientes com parada cardíaca e é neuroprotetora em modelos de AVC em
animais, mas não foi estudada adequadamente em pacientes com AVC isquémico.

Alvos da neuroproteção
Segundo Verde (2020), a aplicação da neuroproteção tem os seguintes alvos:
• Excitotoxicidade: é um dos principais componentes da fisiopatologia durante
uma lesão isquémica cerebral. O glutamato é o principal neurotransmissor
excitatório do SNC e a sua excessiva libertação é uma característica chave da
excitotoxicidade;

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

• Inflamação: a inflamação assume um papel importante na fisiopatologia do


AVC. Durante a fase aguda, o tecido afetado e as células gliais libertam
mediadores pro-inflamatórios, como as citocinas, que por sua vez levam à
expressão de moléculas de adesão celular e ao recrutamento de células
inflamatórias (neutrófilos, células T, macrófagos);
• Stress oxidativo: é uma perturbação do equilíbrio oxidativo e anti-oxidativo que
resulta em dano celular.
• Disfunção da barreira hematoencefálica: a barreira hematoencefálica (BHE)
refere-se às características únicas presentes na microvasculatura do Sistema
Nervoso Central (SNC). Durante o AVC isquémico, várias substâncias
contribuem para a disfunção da BHE.
• Apoptose: nos momentos iniciais do AVC isquémico, a zona central da lesão
sofre uma redução dramática do fluxo sanguíneo e consequentemente leva a uma
morte celular por necrose. Envolvendo este núcleo necrótico existe uma região
chamada zona de penumbra, onde o reduzido fluxo sanguíneo é ainda suficiente
para as células serem metabolicamente ativas.

Centros especializados e reabilitação do AVC


Smith et al (2015) afirmam que a assistência aos pacientes em unidades de
AVC seguida de serviços de reabilitação melhora os resultados neurológicos e reduz a
mortalidade.
Telles et al (2020) apresentou os objectivos gerais do conjunto de exercícios
físicos terapêuticos propostos:
1. Incorporar os pacientes hemiparésicos nas actividades da vida diária;
2. Desenvolver a resistência nos membros lesionados;
3. Melhorar a marcha e o equilíbrio dos pacientes hemiparésicos.

De acordo com Telles et al (2020) estes são os tipos de exercícios físicos


terapêuticos que se desenvolverão para a concretização dos objectivos:
1. Exercícios de equilíbrio;
2. Mobilizações passivas;

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

3. Mobilizações activas;
4. Exercícios de reeducação da marcha;
5. Exercícios de fortalecimento muscular;
6. Exercícios respiratórios.

3.8 COMPLICAÇÕES
Os pacientes diagnosticados com AVC são especialmente vulneráveis a
desenvolver complicações durante o seu internamento. A sua frequência varia segundo a
natureza do AVC, a causa, a gravidade, a demora na consulta e os antecedentes pessoais
do paciente. A sua aparição condiciona o prognóstico, a mortalidade, aumenta o
internamento e os custos do mesmo (Ruiz et al, 2020).

3.8.1 Complicações da fase aguda do AVC isquémico


São a principal causa de morbilidade e mortalidade. A idade, a incapacidade
prévia (em especial a incontinência urinária e a gravidade do AVCI se associam com
maior frequência de complicações. A lesão cerebral pode causar alterações de outras
funções sistémicas. Com frequência estes pacientes apresentam enfermidades
associadas que se podem exacerbar pelo AVCI. Uma segunda fase de mortalidade
ocorre de 10 à 14 dias depois do início da isquemia e se deve principalmente a
complicações pulmonares. A mortalidade aguda (primeiros 5 dias) está causada
principalmente por um infarto cerebral massivo, com edema importante e herniação
cerebral (Yãnez, 2013).

Quadro 3. 4 Complicações do AVC isquêmico agudo

Complicações neurológicas Complicações extra-


neurológicas
-Hipertensão endocraniana- os tratamentos -Alterações
classicamente utilizados, como hiperventilação, cardiovasculares
diuréticos osmóticos e manitol, são de eficácia -Tromboembolismo
discutível. Craniectomia descompressiva pode ser pulmonar e

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indicada em situações específicas; tromboembolismo


-Transformação hemorrágica- complicação periférico
classicamente observada com frequência, -Broncopneumonia
principalmente nos pacientes que fizeram uso da terapia -Sepses urinária
fibrinolítica. Em geral, o tratamento depende da -Mal nutrição
extensão do sangramento, quadro clínico e medicações -Polineuropatia de
utilizadas; paciente grave
-Convulsões- não há indicação de uso profilático de -Morte súbita
anticonvulsivantes; devem ser usados apenas no
tratamento preventivo da recorrência de crises;
-Deterioração cognitiva
-Epilepsia
-Alteração do movimento
-Demência vascular
-Nível de dependência

Fonte: Silveira (2015)

3.9 PROGNÓSTICO

Segundo Smith et al (2015) após um AVC, o resultado do quadro clínico é


influenciado por diversos factores, sendo os mais importantes a natureza e a gravidade
do déficit neurológico focal ou global. A idade do paciente, a etiologia do AVC e as
comorbidades coexistentes, afectam o prognóstico.
De modo geral, aproximadamente 80% dos pacientes com AVC sobrevivem
por pelo menos um mês, já as taxas de sobrevida de 10 anos, aproximadamente 35%.
Ter um AVC aumenta o risco de recidiva, aproximadamente 25% dos pacientes têm
outro AVC, essas recidivas costumam ser mais debilitantes do que o primeiro episódio.
Nos três primeiros meses após um AVC o cérebro é capaz de reaprender ou aprender
coisas novas (neuroplasticidade). Essa característica desempenha um papel fundamental
na recuperação e reabilitação pós-AVC (Telles et al, 2020).

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De acordo com Denny et al (2020) estes são os indicadores de prognóstico


após a identificação do tipo de lesão:

Indicadores de mau prognóstico


• presença de flacidez nos membros afectados
• severidade dos déficits motores iniciais
• ocorrência prévia de AVC
• déficits visuo-espaciais e cognitivos
• afasia
• perda de controle vesical
• comorbidades como diabetes mellitus ou distúrbios cardíacos e vascular
periférico.

Indicadores de prognóstico favorável


• idade jovem
• suporte social adequado
• acesso a serviços de reabilitação
• e retorno ao trabalho.

3.10 PREVENÇÃO
A prevenção do AVCI utiliza três pilares essenciais: prevenção primária,
tratamento da fase aguda e prevenção secundária. A prevenção primária baseia-se nas
medidas a serem tomadas após a identificação dos factores de risco. Por ser uma
emergência neurológica, o tratamento da fase aguda visa a melhorar o seu prognóstico,
que depende em grande parte, da rapidez no início das medidas terapêuticas, gerais e
específicas a serem tomadas. A prevenção secundária visa a controlar os pacientes com
AIT ou AVCI estabelecido devido ao risco de apresentar um novo AVC ou outras
complicações que impossibilitem a melhoria do doente (Zarranz, 2013).

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

3.10.1 Prevenção primária


Segundo Henriques et al (2015) os limites de idades que enquadram a categoria
de adultos jovens não são uniformes na literatura. A diferença do AVC no jovem em
relação ao idoso assenta sobretudo na etiologia, que é mais vasta, e no prognóstico, que
é geralmente mais favorável, sendo caracterizado por baixas taxas de mortalidade e de
recorrência. Ainda assim, a morbilidade e mortalidade causadas pelo AVC numa
população jovem e ativa causam um forte impacto social e económico. Por exemplo, os
custos associados ao tratamento do AVC em adultos jovens também são superiores à
média do total de doentes.
A prevenção, no sentido de reduzir o risco de recorrência do primeiro AVC
numa pessoa assintomática, baseia-se sobretudo na identificação e tratamento dos
factores de risco modificáveis. Segundo Powers et al (2018) após a identificação do
factor de risco é necessário a imediata correção da mesma. Salienta-se:
1. HTA, DM e a dislipidemia para as quais, para além da correção dos estilos de
vida, existe tratamento medicamentoso que deve ser usado e terapêuticas
adequadas;
2. Concernente aos fumadores, estes devem ser aconselhados a deixar de fumar;
3. Pessoas com índice de massa corporal elevado devem reduzir o peso e todos
devem praticar exercício físico regular e uma dieta equilibrada pobre em sal,
gordura saturada e rica em fibras, frutas e legumes;
4. O consumo de álcool deve ser desencorajado;
5. Os doentes com estenose assintomática da artéria carótida interna superior a
50%, devem fazer anti-agregação com AAS (ácido acetil salícilico) e mesmo
que esta estenose seja significativa (60-99%) não deve ser tratada cirurgicamente
(nem por stent) excepto em situações particulares de alto risco.

3.10.2 Tratamento da fase aguda


Medidas gerais
De acordo com Yãnez (2013) as seguintes medidas devem ser tomadas no
tratamento da fase aguda do AVCI:

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1. Avaliação dos sinais vitais: a hipoxia agrava o dano cerebral, ante uma suspeita
clínica fundada, deve realizar-se uma gasometria arterial e analisar se observa-
se uma diminução en la pO2; é necessário assegurar-se de que não há alterações
na via aérea; Os pacientes com enfermidade neurovascular podem estar
comatosos e, em alguns casos, é necessário intubá-los e aplicar ventilacão
mecânica
2. Manter a circulação sanguínea: no caso de hipotensão arterial é necessário
descartar outros procesos associados, como infarto de miocárdio, dissecção
aórtica, sepses ou hipovolemia, que deben tratarse de forma individualizada.
O fluxo sanguíneo na área isquémica sem autorregulação depende da PA
(pressão arterial), a HTA é um achado comum na fase aguda do AVC e em
muitos casos é reactiva, porque se normaliza de forma espontânea nos das
seguintes. Se deve tratar uma HTA quando as cifras de PAS são maiores de 185
mmHg ou as de PAD superam os 110 mmHg, evitando decaídas bruscas
(Powers et al, 2018)
3. Recomenda-se o uso de antitérmicos em pacientes com a temperatura superior
a 37,5°C durante a isquémia cerebral aguda;
4. Tem que manter um correcto estado de hidratação e nutrição: a desidratação
produz um aumento da viscosidade do sangue que provoca um deterioro do
fluxo sanguíneo cerebral;
5. O equilíbrio hidroelectrolítico se mantém com soluções salinas isotónicas;
6. Devem-se realizar analíse de sangue frequentes com determinação da função
renal e iões para controlar o aporte de líquidos e eletrólitos;
7. A glicemia se controla com frequência e a hiperglicemia se trata precocemente
con insulina, mantendo cifras por debaixo de 150 mg/dl;
8. Quanto mais rápido o possível deve-se iniciar o aumento oral ou enteral
com um adequado aporte calórico para evitar a desnutrição que facilita o
desenvolvimento de complicações infecciosas e de úlceras de decúbito;
9. É importante a mobilizção precoce do paciente com AVCI para prevenir
complicações como broncoaspiração, pneumonia ou úlceras de decúbito.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

3.10.3 Prevenção secundária


De acordo com Yãnez (2013) os pacientes com AIT ou AVCI estabelecido têm
um risco de apresentar um novo AVC não mortal, um infarto de miocárdio ou uma
morte de origem vascular compreendida entre 4 e 11% por ano. Estes eventos podem
ser prevenidos mediante:
1) controlo rigoroso dos factores de risco vascular: o adequado controlo da HTA
e hipercolesterolemia e a supressão do tabagismo conseguem reduzir em 15% o
risco de recorrência. Para o controlo lipídico é necessário a administração de
estatinas, mas estas também tem demonstrado sua eficácia na prevenção de
eventos vasculares, independentemente das cifras de colesterol;
2) uso de antiagregantes plaquetários: os fármacos mais usados nessa categoria
são a AAS e o Clopidogel, estudos mostram que a associação desses fármacos
não mostra nenhum resultado concernente a redução do risco de AVCI;
3) uso de anticoagulantes: é o tratamento de eleição na prevenção dos infartos de
origem cardioembólico. O fármaco mais utilizado é a heparina;
4) terapia com endarterectomia ou angioplastia carotídea: a endarterectomia
está indicada em infartos cerebrais com sequelas ligeiras ou moderadas e
estenose da artéria carótida interna ipsilateral entre 70 a 99%. A angioplastia
carotídea com colocação de um stent se pode empregar em casos como
endarterectomia com elevado risco cirúrgico, em lesões carotídeas inacessíveis a
cirurgia ou em estenose post-endarterectomia.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

4. CAPÍTULO III. METODOLOGIA

4.1 Tipo de estudo


Foi realizado um estudo descritivo, observacional retrolectivo sobre a
incidência do AVC isquémico agudo no adulto jovem assistidos no HMP/IS de Janeiro
de 2017 a Janeiro de 2020.

4.2 Local de estudo


O presente estudo foi feito no Hospital Militar Principal/Instituto Superior.
O Hospital Militar Principal/Instituto Superior, é uma unidade sanitária de
nível terciário de referência nacional, do subsistema de saúde militar, fundado a 01 de
Junho de 1961, presta serviços especializados em diferentes áreas de saúde.
Situa-se em Angola, província de Luanda, no distrito da Maianga. Tem os
seguintes limites geográficos:
A) Norte: pela estrada Guilhermina Capelo e pelo prédio da Oliva;
B) Sul: pelo Ministério da Educação
C) Leste: pela Unidade Principal dos Bombeiros
D) Oeste: pela Maternidade Lucrécia Paim, Igreja Sagrada Família e Avenida
Comandante Gika.
Conta com um amplo atendimento, abrangindo os militares, trabalhadores civis
afecto a Forças Armadas Angolanas e Ministério da Defesa, antigos Combatentes e
Veteranos da pátria, Polícia Nacional e Ministério do Interior.
O Hospital militar possui uma área de Departamento de Neurologia onde são
internados os doentes com distúrbios neurológicos e uma área de Urgência médica
(banco de urgência) onde são prestados as primeiras assistências médicas
medicamentosas aos doentes com distúrbios neurológicos. Conta também com uma área
de Neurocirurgia onde os pacientes com provável tratamento cirúrgico são prestados a
assistência.
A enfermaria da Medicina III conta com diversos serviços, com 23 camas
disponíveis para internamento, nos quais está integrado o serviço de Neurologia, com
um completamento de: 10 camas (Homens-6, Mulheres-4), 5 médicos neurologistas, 28

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

enfermeiros, 3 secretários, 11 trabalhadores da acção médica, 6 copeiras, 7


trabalhadores de limpeza, 1 estafeta e 1 maqueiro.
O banco de urgência médica presta os primeiros serviços de atendimento aos
pacientes com AVC antes do seu internamento na enfermaria. Tem 4 áreas específicas:
SO (com 16 camas), Pré-SO (09 macas), Emergência (3+1) e Balcão (4 macas).

4.3 População em estudo


A população do presente estudo diz respeito a todos os processos clínicos dos
doentes com diagnóstico de AVC isquémico assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à
Janeiro de 2020.

4.4 Amostra populacional


Neste trabalho utilizou-se uma amostra não probabilística, por conveniência de
50 processos clínicos de doentes assistidos no HMP/IS com o diagnóstico de AVC no
período de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020.

4.5 Varíáveis em estudo


Sociodemográficas
a. Idade
b. Género
c. Categoria
d. Patente
e. Residência
Clínicas
a. Factor de risco
b. Quadro clínico
c. Tipo de AVC
d. Tempo de evolução
e. Local da lesão
f. Exames auxiliares
g. Tratamento utilizado

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assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

h. Sequelas
i. Desfecho do caso

4.6 Quadro 4. 1 Operacionalização de variáveis


Variável Tipo de Definição Operacionalização
variável
Adulto Qualitativa Segundo a OMS é considerado 18-25
jovem nominal adulto jovem um indivíduo com 25-34
idade inferior a 45 anos. 34-45
Idade Qualitativ a Período da vida humana expresso 20-25
nominal em anos, caracterizado com as 25-30
seguintes etapas: crianças, adulto 30-35
jovem, adulto maduro e idosos 35-40
40-45
Género Qualitativa Referente ao sexo biológico Masculino
ordinal Feminino
Categoria Qualitativa Referente ao grupo que pertence Militar
ordinal Polícia
Civil
Patente Qualitativa Referente ao posto que ocupa De acordo a área:
ordinal militar ou polícia
Residência Qualitativa Morada habitual em lugar Bairro
ordinal determinado
Factor de Qualitativa Atos e fatos anteriores de uma Pessoal: hábitos
risco ordinal pessoa que permitem julgar sua tabágicos, hábitos
conduta presente, com base nos etílicos,
factores de risco morbilidade (HTA,
DM, Cardiopatia,
outros)
Familiares: história

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familiar
Quadro Qualitativa Conjunto de sinais e sintomas que o Cefaleia
clínico ordinal paciente apresenta relevando um Paresia
estado mórbido e que está ligado Paralisia ou plegia
aos distúrbios funcionais ou Convulsão
lesionais que os determinam Desvio da
comissura labial
Queda ao solo
Vertigem
Afasia
Disartria

Tipo de Qualitativa Corresponde ao tipo de lesão AIT


AVC ordinal acometida a nível cerebral AVCI
AVC provável
Tempo de Qualitativa Tempo decorrido desde a data de Até 7 dias
evolução ordinal entrada, internamento até a data de 7 à 14 dias
saída ou alta Mais de 14 dias
Local da Qualitativa Corresponde ao local onde teve Hemisfério
lesão ordinal lugar a lesão a nível cerebral cerebral direito
Hemisfério
cerebral esquerdo
Tronco
encefálico/cerebelo
Ambos hemisférios

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Exames Qualitativa Corresponde aos exames Tomografia


auxiliares ordinal complementares usados na computarizda
determinação definitiva do Ressonância
diagnóstico magnética
Eco Doppler
Ecocardiograma
Angiografia
Exames
Laboratoriais
ECG

Tratamento Qualitativa Refere-se ao tipo de terapêutica Apoio médico


utilizado ordinal usada para a desobstrução do vaso Neuroprotecção
acometido Trombólise
intravenosa
Técnicas
endovasculares
Antitrombótico
Sequelas Qualitativa São alterações anatómica ou Motoras
ordinal funcionais permanentes, sendo Expressivas
causada por uma doença ou Cognitivas
acidente, de origem não congénita Mista

Desfecho de Qualitativa Circunstância definida do estado do Curado


caso ordinal paciente após a alta Melhorado
Abandono
Falecido
Estudo incompleto

Fonte: Inquérito para colheita de dados (2020)

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4.8 Critérios de inclusão


Foram incluídos nesse estudo todos os pacientes com diagnóstico de AVC
isquêmico agudo com idade inferior ou igual a 45 anos.

4.9 Critérios de exclusão


Foram excluídos nesse estudo todos os pacientes com diagnóstico de AVC
isquémico agudo com idade inferior ou igual a 45 anos com processos mal preenchidos,
em mal estado de conservação e com deficientes dados relativos as variáveis
sociodemográficas e clínicas.

4.10 Instrumento de recolha de dados


Para o levantamento de dados foi utilizado um formulário de recolha de dados
contendo as variáveis sociodemográficas e clínicas.

4.11 Fonte de dados


Realizou-se um estudo em que os dados foram armazenados e processados no
SPSS (statistics package for the social Science) e teve como fonte de dados todas as
fichas de registos dos doentes assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de
2020 com o diagnóstico de AVC isquêmico.

4.12 Limitações do estudo

Durante o nosso estudo nós encontramos vários obstáculos que dificultaram a


concretização do trabalho, tais como: processos clínicos mal preenchidos, referências
bibliográficas desactualizadas e sem conteúdo preciso, conteúdo bibliográfico de fontes
brasileiras ou de outros países menos angolanos, falta de energia no quartel; com o
estágio encaminhado também houve dificuldades em coinciliar o tempo para a
realização da monografia e investigação de temas para seminários e práticas no estágio.

4.13 Aspectos éticos

1) O trabalho de fim de curso foi submetido à aprovação do departamento de


Biotecnologia e Ciências da saúde do Instituto Superior Técnico Militar;

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52
Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

2) Foi elaborada uma carta de autorização de colheita de dados à Direcção do


HMP/IS;
3) Os dados pessoais foram mantidos em anonimato e não serão utilizados para
outros fins que não sejam de investigação, com a finalidade de salvaguardar a
identidade dos doentes, e, deste modo manter intacta a cadeia do sigilo
profissional.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

1.12 APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram assistidos 50 pacientes considerados como Adultos jovens com AVC


isquémico no HMP/IS no período de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020.

Tabela 4. 1 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


a faixa etária

Idade Frequência Percentagem


25-30 1 2%
30-35 6 12%
35-40 16 32%
40-45 27 54%
Total 50 100%

Fonte: processos clínicos

De acordo com os achados, constatou-se com maior frequência a faixa etária


dos 40-45 anos com 27 casos, representando 54% e com menor frequência dos 25-30
anos com 1 caso, representando 2%. Este achado entra em concordância com os estudos
realizados por Lacerda et al (2018) que argumenta que a incidência do AVC é maior na
idade avançada do que em pacientes menores de 45 anos, no qual a incidência de AVC
varia de 3,9% a 13,5% dos casos. O estudo também corrobora com Sambango (2016),
no qual argumenta que em Angola os casos de AVC são mais frequentes entre a faixa
etária de 40 a 60 anos.
Portanto, apesar da incidência do AVC isquémico ser notado com um aumento
significativo nos adultos jovens, a doença ainda é mais frequente em idade avançada,
mas a prevenção primária deve ser tida como constante, evitando assim não só o
aumento na incidência de casos de AVC isquémico agudo no adulto jovem mas também
a morbilidade e mortalidade na população que jovem que muitas vezes acabam por
viver mais tempo com as sequelas que a doença causa e alterando assim o seu estilo de
vida passando de independente para dependente física, emocional e financeiramente.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 1 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


o género

GÉNERO

18

32

FEMININO MASCULINO

Fonte: processos clínicos

Constatou-se que 64% dos casos corresponde ao género masculino com 32


casos e 36% corresponde ao género feminino com 18 casos. O estudo corrobora com
Deodato & Carvalho (2016), Amaral (2018) e Ferreira (2010) no qual concluiram que o
sexo masculino representa um índice mais elevado quando comparado ao sexo
feminino, no entanto a proporção de homens e mulheres com AVCI é equivalente,
representando 51,1% dos casos.
De acordo com os resultados do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2015)
relativo ao censo populacional de 2014, a população angolana é estimada em
25.789.024 de 53 habitantes, dos quais 12.499.041 pertencem ao sexo masculino (que
corresponde a 48% da população total residente) e 13.289.983 do sexo feminino
(correspondendo a 52% da população total residente), distribuída em 18 Províncias, 164
Municípios e 532 Comunas (Sambango , 2016 Apoud Sebastião, 2016).
O HMP/IS conta com maior efectivo de atendimento aos elementos das FAA,
do ministério da defesa, ministério do interior, trabalhadores civis, e, seus familiares
que na sua maioria são do sexo masculino. Motivo pelo qual, possa ser explicado que o
maior número de casos obtidos tenha sido do sexo masculino.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 2 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


a categoria

CATEGORIA

13
24
13

MILITAR POLÍCIA CIVIL

Fonte: processos clínicos

Verificou-se que a categoria com maior números de casos foi Civil com 24
casos (48%) e com igual frequência, temos a categoria Militar e Polícia com 13 casos
(26%).
Não há relatos de estudos correlacionando a categoria com o AVC, mas
segundo o fluxograma de prestação de serviços médicos dos militares, o indivíduo
acorre primeiramente ao Socorrista de pelotão Sanitário de companhia Posto
médico do batalhão Posto médico do Regimento Hospital e enfermaria militar
regional Clínica dos ramos HMP/IS; mas nem todos indivíduos seguem a
hierarquia, e outros acabam por recorrer as clínicas privadas. Isto, pode ser um dos
motivos pelo qual no HMP/IS os doentes com AVC com maior número de casos foram
os Civis.
Apesar do HMP/IS estar vocacionado para o atendimento de militares e seus
familiares, também presta assistência aos civis que têm maior proveito da assistência
médica em um hospital público em relação as clínicas privadas.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Tabela 4. 2 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


a patente

Patente Frequência Percentagem


SARGENTOS E PRAÇAS 8 16%
OFICIAL SUBALTERNO 4 8%
OFICIAL SUPERIOR 1 2%
AGENTE 11 22%
SUB CHEFE 2 4%
Total 26 52%
Omisso Sistema 24 48%
Total 50 100%

Fonte: processos clínicos

De acordo com os achados, verificou-se com maior frequência de casos a


patente Agente (polícia) com 11 casos (22%) e com menor frequência a patente oficial
superior (Militar) com 1 caso (3%).
Não há estudos que relatam a correlação entre o AVC e o grau militar ou
patente. Mas estudos como Sambango (2016) mostram que as profissões de baixa e
média renda corroboram para o aumento de factor de risco como enxaqueca, HTA ou
aumento da tensão arterial, etilismo, tabagismo e consumo de drogas.
Segundo estudos, os indivíduos com baixa e média renda, procuram maneiras
de moderar a situação económica em que se encontram, e muitas vezes, quando o
mesmo não consegue acaba ficando exposto aos factores de risco, principalmente a
enxaqueca e o etilismo, que de acordo o nosso estudo, foi um dos factores de risco
presencialmente importante para desencadear um AVC.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 3 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


a residência

RESIDÊNCIA
15 12 13 12
Frequência

10
4 3
5 2 2 1
0

RESIDÊNCIA

Fonte: processos clínicos

Verificou-se que a residência com maior número de casos foi Kilamba Kiaxi
com 13 casos (26%) e com menor incidência a residência de Saurimo, Lunda Norte (no
contexto Fora de Luanda segundo o preenchimento da variável) com 1 caso (2%).
Não há estudos angolanos que relatam a correlação entre residência e o
aparecimento do AVC, mas estudos demonstram que o AVC é mais frequente em zonas
urbanas que em zonas rurais. Tendo em conta que O HMP/IS na capital (Luanda), a
população está exposta a diversos factores de risco como sedentarismo, alcoolismo,
tabagismo, entre outros, que culminam para o evento agudo do AVC.
O HMP/IS está localizado na província de Luanda, mas conta também com a
assistência médica-medicamentosa aos indivíduos transferidos de outras unidades
militares fora de Luanda. Por ser uma emergência médica, a transferência de casos de
AVC isquémico agudo deve ser evitada pois o doente pode morrer durante o percurso
até chegar ao HMP/IS. Motivo pelo qual, o nosso estudo só encontrou um caso de um
paciente com AVC isquémico diagnosticado no HMP/IS e este, tinha consigo uma guia
de transferência mas teve o AVC enquanto encontrava-se em Luanda.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Tabela 4 3 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


factor de risco

Frequência Porcentagem
HTA 13 26%
HTA+ETILISMO 13 26%
HTA+AVC ANTERIOR 5 10%
HTA+TABAGISMO 5 10%
USO DE DROGAS 2 4%
DIABETES MELLITUS 2 4%
COMORBIDADE NÃO TRATADAS 9 18%
HTA+ANEMIA 1 2%
Total 50 100%

Fonte: processos clínicos

De acordo com os 50 processos clínicos estudados, notou-se que o factor de


risco com maior número de casos foi a HTA e a associação HTA/Etilismo com 26% e
com menor frequência a associação HTA/Anemia com 2% de casos.
O estudo corrobora com diversos autores como Correia et al (2018), Alves et al
(2020), Sambango (2016), no qual salientam que entre os indivíduos que são
acometidos por um AVC, o percentual de hipertensos ultrapassa 75%, podendo atingir
até 94% da amostra.
Um aspecto que deve-se ter em conta neste estudo é a frequência elevada de
indivíduos que tiveram como factor de risco o etilismo, e o mesmo associado a outros
fatores de risco potencializa a ocorrência do AVC em 15,8%. Neste caso, o estudo não
entra em concordância com Correia et al (2018) explica que na investigação dos
factores de risco no adulto jovem o etilismo representa o 5º lugar com uma
percentagem mínima em relação a enxaqueca, uso de contraceptivo oral, história
familiar, tabagismo e o consumo de drogas. Dessa forma, é necessário manter o controle
da pressão arterial, e evitar o consumo excessivo de álcool para a prevenção primária do
AVC.

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assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 4 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


o quadro clínico

20 18 QUADRO CLÍNICO
18
16
14
Frequência

12 10
10
8
6
5 5 4
4 2 3 2
2
1
0

Fonte: processos clínicos

Constatou-se que o quadro clínico com o maior número de casos foi a


associação de Paresia/Desvio da comissura labial com 18 casos (36%) e com menor
frequência a associação Paresia/Vómitos com 1 caso (2%).
O estudo entra em concordância com diversos autores como Alves et al (2020)
que explica que os Sintomas do AVCI no adulto jovem quando comparado ao idoso não
difere muito, acontecendo de forma súbita e apresentando sinais que vão depender da
área cerebral afetada, sendo mais comum acontecer, em 80% dos casos a hemiparesia.
Por tratar-se de um evento agudo o quadro clínico do doente pode acontecer de
diversas maneiras, no nosso estudo os doentes com hemiparesia/desvio da comissura
labial apresentaram maior número de casos o que pode levar a incapacidade física do
paciente, e, entrando no contexto das FAA que conta com indivíduos sãos e com boa
capacidade física, pode levar o efectivo a inactividade.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 5 Frequência de casos assistidos no HMP/IS segundo o tipo de AVC


isquémico

TIPO DE AVCI

Aterotrombótico 18
Etiologia indeterminada 8
TIPO DE AVCI

Outras etiologias 6
Lacunar 13
Cardioembólico 5
0 5 10 15 20
Frequência

Fonte: processos clínicos

Verificou-se que o tipo de AVC com maior número de casos foi o AVCI
aterotrombótico, com 36% e com menor frequência o AVCI cardioembólico com 10%.
O estudo entra em concordância com Soares et al (2020) no qual explica que
36% dos AVCIs são do tipo aterotrombótico e com menor frequência o AVCI do tipo
cardioembólico em 8,5% dos casos.
O estudo não entra em concordância com Costa et al (2020) no qual
evidenciou-se que a maioria dos pacientes (13 pacientes - 48%) desenvolveram AVC
isquêmico em virtude de um embolo cardíaco e com menor frequência o AVCI de
etiologia indeterminada em 2 casos (7%).
Segundo o nosso estudo, a HTA e o etilismo foram os factores de risco mais
frequentes, e segundo alguns estudos, a HTA está ligada a todo tipo de AVC. A
fisiopatogenia e a avaliação etiológica, são elementos que devem esclarecidos para a
precisão do tipo de AVC que acometeu a lesão, de acordo com a clasificação TOAST.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 6 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


o tempo de evolução

TEMPO DE EVOLUÇÃO
22
25 21
Frequência

20
15
10
7
5
0

ATÉ 7 DIAS
7 A 14 DIAS
MAIS DE 14
DIAS
TEMPO DE EVOLUÇÃO

Fonte: processos clínicos

Verificou-se que o tempo de evolução com maior número de casos foi de até 7
dias com 22 casos (44%) e com menor número de casos mais de 14 dias com 7 casos
(14%). O estudo não entra em concordância com Santos & Waters (2020) no qual teve
como média do tempo de internamento dos pacientes acometidos pelo AVC de 15 dias,
o que podia estar diretamente relacionada ao maior risco de desenvolvimento de
complicações, principalmente as infecciosas, à morbidade e mortalidade desses
pacientes.
Durante a investigação, notou-se que o serviço de Neurologia conta apenas
com 10 camas disponíveis para o internamento. No entanto, por ser um quadro agudo,
os doentes com AVC isquémico, adultos jovens, apresentam melhor tolerância a terapia
aplicada e rápida melhoria dos sintomas, motivo pelo qual pode não haver necessidade
de prolongar a estadia do paciente no Hospital, também é um factor importante para
evitar complicações ou infecções nosocomiais.

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assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 7 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


o local da lesão

LOCAL DA LESÃO
40 23
Frequência

14
20 2 7 4
0
HEMISFÉRIO

NÃO RELATADO

HEMISFÉRIOS
ENCEFÁLICO/CEREB
CEREBRAL DIREITO

ESQUERDO
CEREBRAL

AMBOS
HEMISFÉRIO

TRONCO

ELO

Fonte: processos clínicos

Verificou-se que o local da lesão com maior número de casos foi o hemisfério
cerebral direito com 23 casos (46%) e com menor frequência o tronco
encefálico/cerebelo com 2 casos (6 %).
O estudo não corrobora com diversos autores como Nunes (2016), Coelho
(2011), no qual explicam que o hemisfério esquerdo é o mais afectado representando
56,3% dos casos.
Apesar de o hemisfério direito ter sido mais predominante no nosso estudo,
vários autores não se referem à incidência da lateralidade hemisférica na sua
generalidade, ou seja, o estudo do local da lesão pela divisão dos hemisférios (esquerdo
e direito) e tronco cerebral/cerebelo, mas sim às síndromes neurológicas que estão
relacionadas com a localização da lesão a nível vascular. Portanto, podem-se detectar
consequentemente os défices apresentados pelo doente através da avaliação topográfica
por imagem, neste caso o mais utilizado é a tomografia computarizada sem contraste de
emergência, verificando-se que os vasos maioritariamente afectados no AVC são: a
artéria cerebral média e a carótida interna, constituindo estes o principal aporte
sanguíneo aos hemisférios.

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 8 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


os exames auxiliares realizados

EXAMES AUXILIARES
ECG 1
EXAMES AUXILIARES

ECOCARDIO… 1
LABORATO… 5
TC+ECO… 9
TC+RM 2
TC 32
0 5 10 15 20 25 30 35
Frequência

Fonte: processos clínicos

Observou-se que os exames auxiliares realizados com maior frequência para o


diagnóstico de AVC foi a TC em 32 casos (64%) e com menor frequência os exames de
ecocardiograma e ECG com 1 caso de cada (2%).
O estudo corrobora com diversos autores que indicam a realização de TC-CE
como um meio de diagnóstico na urgência médica ou assistencial para definir a conduta
e o prognóstico. De acordo com Cresmachi (2020), a TC-CE é fundamental para os
modernos tratamentos na fase aguda de um paciente com AVCI. A rápida obtenção das
imagens facilita na corrida contra o tempo para a melhora dos sintomas destes pacientes
na Urgência.
O HMP/IS está localizado em um país subdesenvolvido, e, há carência de
muitos meios imagiológicos para diagnóstico e terapêutica. Em relação a outros países
que utilizam apenas a TC-CE na emergência e para melhor diagnóstico a AngioTC-CE,
Angola utiliza a TC-CE como meio para diagnóstico definitivo do AVC, o tipo e o local
da lesão. Esse pode ser o motivo pelo qual o exame mais utilizado no nosso estudo
tenha sido a TC-CE.

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assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 9 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS segundo


o tratamento utilizado

TRATAMENTO UTILIZADO

TERAPIA COMBINADA 38
TRATAMENTO UTILIZADO

FISIOTERAPIA+ANTITROMBÓTICO 5

APOIO MÉDICO+FISIOTERAPIA 7

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Fonte: processos clínicos

Verificou-se que o tratamento utilizado com maior frequência foi a Terapia


combinada com 38 casos (76%) e com menor frequência a associação de
Fisioterapia/Antitrombótico com 5 casos (10%).
O estudo corrobora com diversos autores como Smith et al (2015) e Alves et al
(2020) explicando que para cada paciente há um protocolo a seguir e para continuação
do tratamento, terapia coadjuvante e em alguns casos, é necessário o auxílio de equipe
multidisciplinar para a recuperação de movimentos e fala.
Os doentes que são assistidos o HMP/IS contam com um atendimento em
diversas áreas do hospital dependendo de diversos factores como comorbidades,
complicações e morte súbita em casos mais severos. Para tal, é necessário que o
tratamento de um doente vítima de AVC isquémico agudo seja feita correctamente e em
constante vigilância, desde o banco de urgência médica até ao seu internamento no
serviço de Neurologia. Um outro motivo seria argumentar que a maioria dos pacientes
avaliados neste estudo tiveram como comorbidade a HTA, no qual, o tratamento deve
ser feito com antihipertensivos para a estabilização da pressão arterial e evitar a piora do
quadro clínico.

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assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 10 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS


segundo as sequelas

SEQUELAS
30
26
25

20
Frequência

15
10 11
10

5 3
0
MOTORAS EXPRESSIVAS MISTA SEM SEQUELAS
SEQUELAS

Fonte: processos clínicos

De acordo com o estudo, notou-se que as sequelas com maior número de casos
foram as motoras com 26 casos (52% ) e com menor frequência as expressivas com 3
casos (6%). O estudo corrobora com os dados da National Stroke Association relatando
que 40% dos indivíduos acometidos pelo AVC apresentam incapacidade moderada a
grave que necessita de acompanhamento específico sendo a hemiparesia a sequela mais
frequente e que necessita de cuidados de Fisioterapia.
Dentro das sequelas motoras estão incluídas a hemiparesia/hemiplegia, afasia
motora, disartria e crise convulsiva. Nas sequelas expressivas temos o desvio da
comissura labial e a paralisia facial.
A reabilitação física é um processo global e dinâmico com o objectivo de
recuperar a saúde física e psicológica da pessoa portadora de deficiência ou com
funções prejudicadas por doença ou evento traumático. Tem como meta final a
reintegração social do paciente.

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assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

Gráfico 4. 11 Frequência de casos de AVC isquémico assistidos no HMP/IS


segundo o desfecho de caso

DESFECHO DE CASO

41

MELHORADO ESTUDO INCOMPLETO

Fonte: processos clínicos

De acordo com a análise dos 50 processos clínicos obtidos, verificou-se que o


desfecho de caso com maior número de casos foi melhorado com 41 casos (82%) e com
menor frequência estudo incompleto com 9 casos (18%).
O estudo entra em concordância com Lacerda et al (2018) no qual explica que
a evolução do adulto jovem com AVC isquémico agudo é mais satisfatória e com
menos índices de morte em relação ao idoso. O estudo também corrobora com Santos
& Waters (2020) no qual explica que o atraso no tempo para a abordagem e tratamento
destes pacientes significa uma pior evolução e prognóstico, por tratar-se de uma
emergência médica, deve ser conduzida prontamente pela equipe de saúde e coordenada
por neurologista clínico para um desfecho de caso satisfatório.
Os pacientes diagnosticados com AVC isquémico agudo no HMP/IS têm
traatmento multidisciplinar desde a entrada até a saída, não obstante, em relação aos
idosos, os adultos jovens têm melhor prognóstico e tolerância a terapêutica aplicada,
motivo pelo qual, possa ser explicado o porquê que no nosso estudo não houve dados de
óbitos por AVC isquémico agudo. Porém, os doentes com melhoria clínica são dados
alta com seguimento em consultas externa de Neurologia e outras áreas de Medicina de
acordo com o estado de saída do doente e das suas comorbidades.

Henriqueta Henrique Agostinho João/TCC-2021

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Incidência do Acidente Vascular Cerebral Isquémico agudo no adulto jovem
assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

5. CONCLUSÃO

Com o objectivo de determinar a incidência do AVC isquémico agudo no


adulto jovem assistidos no HMP/IS, o nosso estudo teve uma amostra de 50 casos, em
um período de 3 anos. Os achados mostram que 54% dos casos foram obtidos na faixa
etária entre 40-45 anos (27 casos), 64% do género masculino e o tipo de AVCI mais
frequente foi aterotrombótico com 36% dos casos. A TC-CE é um exame que deve ser
realizado no Banco de urgência para a detecção precoce do AVC e para determinar o
tipo de AVC que o paciente apresenta para melhor conduta e prognóstico. Após a
identificação da lesão, deve-se seguir um protocolo coordenado e preciso para reverter a
lesão e evitar recorrências. O tratamento é tanto eficaz quanto mais cedo fôr aplicado. A
essência da prevenção do AVC isquémico agudo baseia-se na mudança do estilo de
vida, no controlo dos factores de risco, na investigação etiológica e no controlo das
complicações durante a fase intra e extra hospitalar.
Portanto, acreditamos que a incidência do AVC isquémico agudo no adulto
jovem, do ponto de vista epidemiológico não apresentou dados preocupantes quando
comparados a outros países, que obtiveram uma amostra mais ampla em um curto
período de tempo. Mas, isso não implica dizer que o estudo não foi relevante, pois a
incapacidade física e emocional causa um grande impacto social, familiar e financeiro
num indivíduo jovem e que acaba por viver mais tempo com as sequelas da doença e
com mais gastos para a sua reabilitação por um tempo prolongado, e para os integrantes
das FAA e da PNA, viver com AVC significa enfrentar a possibilidade de que mais
cedo ou mais tarde os indivíduos terão que enfrentar a inactividade pois, os indivíduos
pertencentes ao ministério da defesa, devem estar capacitados do ponto de vista físico e
emocional para defender a nação.

Henriqueta Henrique Agostinho João/TCC-2021

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assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

6. RECOMENDAÇÕES

1) Que se melhore a área de internamento dos doentes com AVC, com mais camas
para evitar altas sem o o seguimento preciso da doença;
2) Que se crie a Via Verde do AVC, sendo esta, já adotada em muitos países e com
melhoria do atendimento ao paciente com AVC;
3) Pela dificuldade que encontramos em obter dados estatísticos sobre o AVC
isquémico agudo no adulto jovem no nosso país, recomendo a criação de um site
e um aplicativo onde podemos obter conteúdos médicos actualizados e
informativos;
4) Que se realize periodicamente o EMCS como atividade básica de Promoção de
Saúde, visto que é o procedimento fundamental para conhecer de forma integral
o estado de saúde do militar, e avaliar os factores de risco a que está exposto.

Henriqueta Henrique Agostinho João/TCC-2021

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assistidos no HMP/IS de Janeiro de 2017 à Janeiro de 2020

7. BIBLIOGRAFIA
Aguiar, C.B. (2017). Avaliação do AVC em Tomografia computarizada utilizando
algoritmo de otimização de formigas. Instituto Federal de Educação e tecnologia da
Paraíba. Programa de pós graduação em Engenharia eléctrica.
http://doi.org.004.932:616.831(043)

Alves, C.L., Santana, D.S. & Aoyama, E.A. (2020). AVE em adultos jovens com
ênfase nos factores de risco. Revista brasileira interdisciplinar de saúde.
http://www.RBIS.AVEemadultosjovens.com

Amaral, R.C. (2018). Perfil de pacientes internados por acidente vascular cerebral em
um hospital do norte do estado do Rio grande do sul. Trabalho de conclusão de curso
(Graduação em Medicina). Universidade Federal da Fronteira Sul.

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8. APÊNDICE

Tabela 7. 1 Frequência de casos segundo o género

Frequência Porcentagem
Válido FEMININO 18 36%
MASCULIN 32 64%
O
Total 50 100%

Tabela 7. 2 Frequência de casos segundo a categoria


Frequência Porcentagem
Válido MILITA 13 26%
R
POLÍCIA 13 26%
CIVIL 24 48%
Total 50 100%

Tabela 7. 3 Frequência de casos segundo a residência


Frequência Porcentagem
Válido VIANA 12 24%
KILAMBA KIAXI 13 26%
BELAS 12 24%
LUANDA 4 8%
CACUACO 2 4%
CAZENGA 2 4%
NÃO RELATADO 3 6%
FORA DE 1 2%
LUANDA
Total 49 98%
Omisso Sistema 1 2%
Total 50 100%

Tabela 7.4 Frequência de casos segundo o quadro clínico


Frequência Porcentagem
Válido PARESIA+DESVIO DA 18 36%
COMISSURA LABIAL

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QUEDA AO SOLO 5 10%


PARESIA+CEFALEIA 2 4%
PARESIA+DISARTRIA 3 6%
PARESIA+AFASIA 5 10%
PARESIA+VÓMITOS 1 2%
DISARTRIA 2 4%
TONTURAS 4 8%
CONVULSÕES 10 20%
Total 50 100%

Tabela 7. 5 Frequência de casos segundo o tempo de evolução


Frequência Porcentagem
Válido ATÉ 7 DIAS 22 44%
7 A 14 DIAS 21 42%
MAIS DE 14 7 14%
DIAS
Total 50 100%

Tabela 7.6 Frequência de casos segundo o tipo de AVCI


Frequência Porcentagem
Válido Cardioembólico 5 10%
Lacunar 13 26%
Outras etiologias 6 12%
Etiologia indeterminada 8 16%
Aterotrombótico 18 36%
Total 50 100%

Tabela 7. 7 Frequência de casos segundo os exames auxiliares

Frequência Porcentagem
Válido TC 32 64%
TC+RM 2 4%
TC+ECO DOPPLER 9 18%
LABORATORIAL 5 10%
ECOCARDIOGRA 1 2%
MA
ECG 1 2%

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Total 50 100%

Tabela 7. 8 Frequência de casos segundo o tratamento utilizado

Frequência Percentagem
Válido APOIO 7 14%
MÉDICO+FISIOTERAPI
A
FISIOTERAPIA+ANTIT 5 10%
ROMBÓTICO
TERAPIA COMBINADA 38 76%
Total 50 100%

Tabela 7. 9 Frequência de casos segundo o local da lesão


Frequência Porcentagem
Válido HEMISFÉRIO 23 46%
CEREBRAL DIREITO
HEMISFÉRIO 14 28%
CEREBRAL
ESQUERDO
TRONCO 2 4%
ENCEFÁLICO/CEREBE
LO
NÃO RELATADO 7 14%
AMBOS HEMISFÉRIOS 4 8%
Total 50 100%

Tabela 7.10 Frequência de casos segundo as sequelas

Frequência Porcentagem
Válido MOTORAS 26 52%
EXPRESSIVAS 3 6%
MISTA 10 20%
SEM 11 22%
SEQUELAS
Total 50 100%

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Tabela 7.11 Frequência de casos segundo o desfecho de caso


Frequência Porcentagem
Válido MELHORADO 41 82%
ESTUDO 9 18%
INCOMPLETO
Total 50 100%

Gráfico 7.1 Frequência de casos segundo a idade


IDADE
40 27
Frequência

16
20 6
1
0
25-30 30-35 35-40 40-45
IDADE

Gráfico 7. 2 Frequência de casos segundo a patente

PATENTE
11
FREQUÊNCIA

2
1

SARGENTOS E OFICIAL OFICIAL AGENTE SUB CHEFE


PRAÇAS SUBALTERNO SUPERIOR
PATENTE

Gráfico 7. 3 frequência de casos segundo o factor de risco

FACTOR DE RISCO
1
FACTOR DE RISCO

COMORBIDADE NÃO TRATADAS


9
2 2

USO DE DROGAS
5 5

HTA+AVC ANTERIOR
13 13

HTA
FREQUÊNCIA

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FORMULÁRIO DE RECOLHA DE DADOS

Nome: ___________________________________________ Nº_______

Variáveis sociodemográficas
1. Idade: 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45
2. Género: Feminino Masculino
3. Categoria: Militar Polícia Civil
4. Patente: Oficial superior Oficial subalterno Sargentos e praças
Inspector Sub chefe Agente
5. Residência: Viana Kilamba Kiaxi Luanda Belas
Cacuaco Cazenga Não relatado Fora de Luanda

Variáveis clínicas
1. Factor de risco: HTA HTA+Etilismo HTA+AVC anterior
HTA+Tabagismo Uso de contraceptivo oral Uso de droga
Diabetes mellitus HTA+Anemia História familiar
Comorbidade associada
2. Quadro clínico: Paresia+desvio da comissura labial Paresia+afasia
Paresia+disartria Paresia+vómitos Tontura
Queda ao solo Paresia+cefaleia Convulsões
Agitação psicomotora
3. Tipo de AVC: Cardioembólico Lacunar Aterotrombótico
Outras etiologias Etiologia indeterminada
4. Tempo de evolução: Até 7 dias 7 à 14 Mais de 14 dias
5. Local da lesão: Hemisfério cerebral direito Hemisfério cerebral esquerdo
Tronco encefalico/Cerebelo Ambos hemisférios
Não relatado
6. Exames auxiliares: TC-CE TC-CE+ RM TC-CE+Eco-doppler
Ecocardiograma Laboratoriais ECG

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Angiografia
7. Tratamento utilizado: Apoio médico+neuroprotector Terapia combinada
Apoio médico+antitrombótico
Apoio médico+técnica endovascular
Apoio médico+trombólise intravenosa
8. Sequelas: Motoras Expressivas Mistas Cognitivas
Sem sequelas
9. Desfecho de caso: Melhorado Curado Abandono Falecido
Estudo incompleto

Data: ____/_____/_______

O investigador
__________________________

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10. ANEXO

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