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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA


GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

LUCAS DE ALMEIDA ABRAHÃO

A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NO ESTÍMULO COGNITIVO E DE MEMÓRIA


EM PESSOAS IDOSAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

NITERÓI

2019
LUCAS DE ALMEIDA ABRAHÃO

A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NO ESTÍMULO COGNITIVO E DE MEMÓRIA


EM PESSOAS IDOSAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Enfermagem e Licenciatura da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para a obtenção do título
de Bacharel e Licenciado em
Enfermagem.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Alessandra Conceição Leite Funchal Camacho – Presidente (UFF)

____________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Euzeli da Silva Brandão - 1º Examinador (UFF)

______________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Fabiana Lopes Joaquim - 2º Examinador

_________________________________________________________________________

Prof.º Dr.º Mauro Leonardo Salvador Caldeira dos Santos – Suplente (UFF)

Niterói

2019
Ficha catalográfica automática - SDC/BENF Gerada
com informações fornecidas pelo autor

A159i Abrahão, Lucas de Almeida


A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NO ESTÍMULO COGNITIVO E DE
MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA / Lucas de
Almeida Abrahão ; Alessandra Conceição Leite Funchal
Camacho, orientadora. Niterói, 2019.
45 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem)-
Universidade Federal Fluminense, Escola de Enfermagem Aurora
de Afonso Costa, Niterói, 2019.

1. Enfermagem. 2. Cognição. 3. Idoso. 4. Memória. 5.


Produção intelectual. I. Camacho, Alessandra Conceição
Leite Funchal, orientadora. II. Universidade Federal
Fluminense. Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa. III.
Título.

CDD -

Bibliotecária responsável: Suelen de Mendonça Soares Cóquero - CRB7/6163


AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, aos meus pais João Luiz Gonçalves de Almeida Abrahão e
em memória Sandra Maria de Almeida Abrahão por sempre se dedicarem a educação de seus
filhos e que nunca me abandonaram nos momentos mais difíceis.
Aos meus irmãos, Sandhro Luiz de Almeida Abrahão e William de Almeida Abrahão
que sempre estiveram ao meu lado.
A minha companheira, Mariana Alvares que sempre me deu apoio e forças para
continuar lutando pelos meus sonhos.
A minha prezada orientadora Profª Drª Alessandra Conceição Leite Funchal Camacho
que, através da dedicação, compreensão e sabedoria, possibilitou a realização desse trabalho.
Resumo:
Trata-se de uma revisão integrativa, cujo possui como questão norteadora “Qual o papel do
enfermeiro estímulo cognitivo e memória para a pessoa idosa na literatura de enfermagem?”;
Tendo como objetivo geral: Analisar as produções científicas acerca do papel do enfermeiro
no estímulo cognitivo e de memória em pessoas idosas, e objetivos específicos Identificar o
papel do enfermeiro no estímulo cognitivo e de memória em pessoas idosas a partir dos
artigos levantados nas bases de dados online. Foram selecionadas para o estudo nove
publicações encontradas nas bases de dados científicas nacionais Lilacs, Medline e BDENF e
nas bases de dados científicas internacionais PUBMED e SCOPUS. Os descritores, utilizando
operadores Booleanos AND, foram: Cognição; Enfermagem; Idoso; Memória. Na discussão
foram abordados: O estímulo cognitivo e de memória em pessoa idosa sem Diagnóstico de
Síndromes Demenciais e o estímulo cognitivo e de memória em pessoa idosa com
Diagnóstico de Síndromes Demenciais. Conclui-se que a importância do enfermeiro no
estímulo cognitivo e de memória da pessoa idosa é crucial para a qualidade de vida da
população idosa, buscando novas estratégias e tecnologias para a manutenção da inteligência
cognitiva e da memória em idosos saudáveis e retardando o avanço das síndromes
demenciais, principalmente a Doença de Alzheimer.

Descritores: Cognição; Enfermagem; Idoso; Memória.


Abstract:
This is an integrative review, whose guiding question is “What is the role of nurses in
cognitive stimulation and memory for the elderly in the nursing literature?”; Having as
general objective: To analyze the scientific productions about the role of nurses in cognitive
and memory stimulation in the elderly. Nine publications found in the national scientific
databases Lilacs, Medline and BDENF and in the international scientific databases PUBMED
and SCOPUS were selected for the study. The descriptors, using the Boolean operators, were:
Cogntion; Nursing; Elderly; Memory. The discussion addressed: The cognitive and memory
stimulus in the elderly without Diagnosis of Dementia Syndromes and the cognitive and
memory stimulation in the elderly with Diagnosis of Dementia Syndromes. It is concluded
that the importance of the nurse in the cognitive and memory stimulation of the elderly is
crucial for the quality of life of the elderly population, seeking new strategies and
technologies for the maintenance of cognitive intelligence and memory in healthy elderly and
slowing the progress of the elderly. dementia syndromes, especially Alzheimer's disease.

Keywords: Cognition; Nursing; Elderly; Memory.


Lista de Figuras

Quadro 1: Quantitativo de Artigos Selecionados por Ano, p. 24

Quadro 2: Quantitativo de Artigos Selecionados por Revista, p. 25

Quadro 3: Categorização por Publicações por Público, p. 26

Quadro 4: Organização do Conteúdo de Referências, p. 26

Quadro 5: Respostas para Questões de Pesquisa, p. 31


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO, p. 10

1.1 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA, p. 11

1.2 QUESTÃO NORTEADORA, p. 12

1.3 OBJETO E OBJETIVOS DO ESTUDO, p. 12

2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 13

2.1 IDOSO NO CENÁRIO BRASILEIRO, p. 13

2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O IDOSO, p. 14

2.3 COGNIÇÃO, MEMÓRIAS E A PESSOA IDOSA, p. 17

2.4 A IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM NO ESTÍMULO COGNITIVO DA PESSOA


IDOSA, p. 18

3. METODOLOGIA, p. 20

4. RESULTADOS, p. 23

5. DISCUSSÃO, p. 32

5.1 O ESTÍMULO COGNITIVO E DE MEMÓRIA NA PESSOA IDOSA SEM


DIAGNÓSTICO DE SÍNDROMES DEMENCIAIS, p. 32

5.2 O ESTÍMULO COGNITIVO E DE MEMÓRIA NA PESSOA IDOSA COM


DIAGNÓSTICO DE SÍNDROMES DEMENCIAIS, p. 33

5.3 IDENTIFICAÇÃO DO PAPEL DO ENFERMEIRO NO ESTÍMULO COGNITIVO E


DE MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS COM E SEM SÍNDROMES DEMENCIAIS, p. 34
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS, p. 37

7. OBRAS CITADAS, p. 39

8. OBRAS CONSULTADAS, p. 43
10

1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2014), o número de indivíduos com


idade maior ou igual a 60 anos chegará à 2 bilhões de pessoas até 2050, ou seja, um
quinto da população mundial atualmente. Dados coletados pelo Ministério da Saúde
afirmam que em 2016, o Brasil tinha a quinta maior população idosa do mundo, sendo
que em 2030, o número de idosos irá ultrapassar o total de crianças entre zero e 14 anos
de idade.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (2018), a
tendência de envelhecimento do Brasil manteve-se nos últimos anos, ganhando 4,8
milhões de idosos desde 2012, ultrapassando a marca dos 30,2 milhões em 2017. Esses
5 anos corresponderam a um crescimento de 18% dessa população idosa e cada vez
mais vem se destacando entre as pirâmides etárias brasileiras. As mulheres são a
maioria da população idosa, com 16,9 milhões (56%), enquanto os homens de idade
avançada representam 13,3 milhões (44%).
Entre 2012 e 2017, o número de idosos cresceu em todos os estados do Brasil,
principalmente no estado do Rio de Janeiro e no estado do Rio Grande do Sul, ambas
alcançando 18,6% de suas populações dentro do grupo de 60 anos ou mais.
Com o aumento da população idosa e seus anos a mais de vida, o uso dos
serviços de saúde aumentará significantemente. Com isso, os gastos no setor também
irão subir de forma substancial no Brasil, causando um desafio econômico nas próximas
décadas.

Como consequência de uma população mais envelhecida, a promoção


e a educação em saúde, a prevenção e o retardamento de doenças e
fragilidades, a manutenção da independência e da autonomia são
iniciativas que devem ser ampliadas. Só assim será possível assegurar
mais qualidade de vida aos idosos e bem-estar à população como um
todo (VERAS, 2012, p. 1835).

Estimulando a prevenção e atrasando as ocorrências de enfermidades, contribui-


se para a melhora da capacidade funcional do idoso.
É importante salientar que a maior parte das patologias crônicas que acometem o
idoso tem na própria idade seu principal fator de risco. Sendo assim, não é o
11

aparecimento ou não da doença que vai definir a qualidade de vida, mas a capacidade
que o indivíduo terá para seguir a própria vida de maneira independente e autônoma.
Essa busca em envelhecer com maior qualidade se mostra evidente no aumento
da procura pelas pessoas idosas por atividades que possibilitam o bem-estar e que,
consequentemente, estejam relacionadas ao cuidado com a saúde física e mental. A
motivação para esta busca de atividades saudáveis pode estar relacionada ao receio do
idoso de adquirir doenças que afetam a sua autonomia e independência.
Uma das mudanças mais comuns do processo de envelhecimento que podem
causar preocupação é a perda de memória. Essa perda de memória, seja proveniente do
processo de envelhecimento normal ou relacionado a alguma doença, pode causar
agravos no desempenho de atividades do cotidiano e também na percepção de
autoeficácia e autoestima influenciando na qualidade de vida do indivíduo idoso.

A auto-eficácia se traduz na percepção de que a pessoa é capaz de agir


de maneira eficaz para a preservação da própria saúde, e o controle
interno pode ser entendido como a percepção de controle pessoal e a
responsabilização pelas próprias maneiras de atuar no cotidiano.
Ambos são conceitos-crença dinâmicos, plasmados pelo
comportamento, que se influenciam mutuamente (MORANDO;
SCHMITT; FERREIRA, 2017, p. 354).

As informações e as orientações sobre o autocuidado e a prevenção de


patologias incapacitantes do idoso são, em sua maioria, realizadas pelos profissionais de
saúde, principalmente o enfermeiro. Porém, isso não impede que familiares e amigos
não possam ajudar nesses cuidados. Alguns espaços que são frequentados por idosos
também tem seu papel de importância para melhorar a qualidade de vida dessa
população, como: igrejas, escolas, associações de bairro e grupos de apoio. O
enfermeiro tem o dever de orientar, cooperar e dar suporte para que o idoso possa
realizar seu autocuidado de maneira eficaz, priorizando seu bem-estar, autonomia e
independência.

1.1 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA

O estudo presente mostra-se relevante a partir do momento que o número de


idosos vem aumentando significantemente no Brasil e no mundo, reforçando as
12

necessidades do cuidado com a memória e cognição da pessoa idosa, que afeta


diretamente na qualidade de vida dessa população.
Para a enfermagem no ensino deseja-se a melhor adequação dos conteúdos sobre
os idosos e o estímulo cognitivo a essa população contemplando as necessidades reais
dos envolvidos em virtude de suas especificidades.
Dessa maneira, a busca por meios de prevenir as doenças que afetam a memória,
focando na atuação do enfermeiro para atividades voltadas ao estímulo cognitivo, é o
principal tema que será explorado no estudo.
Na pesquisa, para que estudos mais aprofundados sejam realizados, visto o
aumento populacional de idosos e a importância do cuidado com a memória e cognição
da pessoa, visando fornecer ao idoso um envelhecimento ativo de qualidade.
Este estudo se enquadra no eixo 12 (Saúde do Idoso), subitem 12.5 (Análise da
Gestão e das Práticas das Equipes no cuidado às especificidades em saúde da pessoa
idosa) da Agenda nacional de prioridades de pesquisa em saúde (ANPPS), sendo parte
integrante do Núcleo de Pesquisa Fundamentos de Enfermagem da Universidade
Federal Fluminense. (NEFE/UFF).
Do ponto de vista científico, em pesquisa prévia em bases de dados de literatura
científica, ressalta-se a necessidade de uma assistência de enfermagem qualificada. Com
isso, o presente estudo busca, além de, enriquecer o notório campo da pesquisa
gerontológica em enfermagem, instigar a investigação sobre tal tema.

1.2 QUESTÃO NORTEADORA

A pergunta que norteou este estudo foi: Qual o papel do enfermeiro no estímulo
cognitivo e memória para a pessoa idosa na literatura de enfermagem?

1.3 OBJETO E OBJETIVOS DO ESTUDO

Objeto: O papel do enfermeiro no estímulo cognitivo e de memória em pessoas


idosas.
Objetivo Geral: Analisar as produções científicas acerca do papel do enfermeiro
no estímulo cognitivo e de memória em pessoas idosas.
13

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 IDOSO NO CENÁRIO BRASILEIRO

A relevância em pesquisar o envelhecimento da população tem ganhado


destaque recentemente nos países em desenvolvimento. Esse interesse é resultado do
aumento expressivo da população acima de 60 anos dentro da população geral. Nos
últimos 50 anos, o número de pessoas com mais de 60 anos superou o dobro comparado
ao restante das outras faixas etárias.

No Brasil, o número de idosos com idade acima de 60 anos passou de


três milhões em 1960 para sete milhões em 1975, 14 milhões em 2002
e 20 milhões (20.590.599) em 2010, um aumento de 600% em
cinquenta anos e estima-se que em 2020 tal número alcançará 32
milhões. O desafio maior no século XXI será cuidar dessa população
crescente de idosos, a maioria com níveis socioeconômico e
educacional baixos e elevada prevalência de doenças crônicas e
incapacitantes (BEZERRA; ALMEIDA; NÓBREGA-THERRIEN;
2012, p. 156).

De acordo com o IBGE (2015), a proporção de pessoas idosas residentes nas


áreas rurais passou de 18,6%, em 1991, para 23,5%, em 2000, dessa forma, o grau de
urbanização da população idosa seguiu a tendência da população geral, ficando em
torno de 81% em 2000, e 84% em 2015.
Segundo o IBGE (2011), foi verificado um processo de feminização da
população idosa, em outras palavras, quanto maior a expectativa de vida da população,
mais feminina ela fica. Atualmente, as mulheres correspondem a 55,5% da população
idosa no Brasil, sendo que 61% dessa população está acima de 80 anos de idade.
Isso se dá pela expectativa da mulher ser maior que a dos homens que, em
média, vivem 8 anos a mais. O principal motivo dessa diferença de expectativa de vida
está relacionado aos fatores que atingem a população masculina, como as mortes
violentas, sendo 90% das vítimas homens e o acompanhamento médico contínuo maior
entre as mulheres do que entre os homens ao longo da vida.
Por conta desse envelhecimento populacional, os sistemas de saúde devem se
atentar ao aumento das demandas de procedimentos diagnósticos e terapêuticos de
doenças crônicas não-transmissíveis, em especial as cardiovasculares e as
14

neurodegenerativas, sem contar com uma procura maior por serviços de reabilitação
física e mental.
Este aumento do número de pessoas idosas se da pela melhora das condições de
saúde no Brasil e, consequentemente, influenciando na expectativa de vida dos
brasileiros. Porém, o envelhecimento da população poderá ser tratado como um
problema de saúde no futuro e por conta disso, os profissionais da área de saúde devem
se atualizar, realizando pesquisas e estudos sobre Gerontologia e seu impacto na
sociedade contemporânea.

2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O IDOSO

O envelhecimento não deve ser abordado apenas com recursos médicos, mas
também por intervenções sociais, econômicas e ambientais. Dessa forma, a política
pública de atenção ao idoso está relacionada com o desenvolvimento socioeconômico e
cultural.
A Política Nacional do Idoso (PNI), estabelecida em 1994, tem como objetivo
assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia,
integração e participação efetiva na sociedade. Desse modo, a PNI permite condições
para promover a longevidade com qualidade de vida e bem-estar para população idosa.

Em relação ao que compete às entidades públicas, encontram-se


importantes obrigações como estimular a criação de locais de
atendimento aos idosos, centros de convivência, casas-lares, oficinas
de trabalho, atendimentos domiciliares e outros; apoiar a criação de
universidade aberta para a terceira idade e impedir a discriminação do
idoso e sua participação no mercado de trabalho (BRAGA et al, 2016,
p. 95).

Além da PNI em 1994, a aprovação do Estatuto do Idoso em 1997 adicionou


novos recursos que permitiu um redirecionamento de prioridades das linhas de ação das
políticas públicas, estabelecendo os direitos já garantidos na Constituição Federal em
1988, especialmente tentando proteger a pessoa idosa em situação de risco social. O
Estatuto é um código de direitos, que preconiza medidas de proteção e controle social e
simboliza um avanço significativo na luta pela consolidação da dignidade do idoso. Ele
também estabelece uma sequência de crimes contra o idoso e suas respectivas punições,
15

o que auxilia na ação do Ministério Público na luta ao abuso, maus tratos, à violência,
desrespeito, à agressão e ao abandono que compõem as principais denúncias das
pessoas idosas. Contudo, é interessante destacar que o estatuto não tem sido aplicado de
maneira eficiente e isso se deve as contradições do conteúdo textual da legislação, até o
desconhecimento do idoso sobre a lei.
Para um entendimento maior sobre as Políticas Públicas para a população idosa
no Brasil e sua ligação com o direito dos idosos a cidadania no envelhecimento, é
necessário salientar e analisar principalmente as Políticas de Saúde, Política de
assistência social, Políticas de trabalho, previdência e seguridade social, e por fim, as
Políticas de esporta, turismo e lazer e educação para pessoas idosas.
Segundo o Ministério da Saúde (1999), as instituições responsáveis pela
operacionalização e execução das ações focadas na atenção à saúde do idoso são às
secretárias estaduais e municipais. Por conta da necessidade de um setor de saúde
voltada para atenção da saúde da pessoa idosa, o Ministério da Saúde aprovou a Política
Nacional de Saúde do Idoso e estabeleceu que os órgãos e entidades do Ministério da
Saúde promovessem a produção ou a readequação de seus projetos, programas, planos e
atividades na conformidade das diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas.

A Lei ressalta que o apoio informal e familiar constitui um dos


aspectos fundamentais na atenção à saúde desse grupo populacional.
Isso não significa, no entanto, que o Estado deixa de ter um papel
preponderante na promoção, proteção e recuperação da saúde do idoso
nos três níveis de gestão do SUS, capaz de otimizar o suporte familiar
sem transferir para a família a responsabilidade em relação a este
grupo populacional (BRAGA et al, 2016, p. 103).

O Brasil, em menos de 40 anos, passou de um retrato de morbimortalidade típico


de uma população jovem, para um marcado por doenças crônicas, próprias do
envelhecimento, com custos elevados de tratamento. Essa transformação no desenho
epidemiológico da população brasileira provoca grandes despesas com intervenções
médicas e hospitalares, além de caracterizar um desafio para as autoridades sanitárias,
especialmente no que se refere à implantação de novos modelos e métodos de cuidado.
A pessoa idosa utiliza mais serviços de saúde, as internações hospitalares são mais
comuns e o tempo de internação é maior do que comparado a outras faixas etárias. Isso
se dá pelo fato de que as doenças dos idosos são crônicas e geralmente múltiplas,
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perdurando por vários anos e exigindo acompanhamento médico contínuo e de equipes


multidisciplinares permanentes.
Sendo assim, a Política Nacional de Saúde do Idoso expõe como objetivo a
promoção do envelhecimento saudável, a manutenção e a recuperação, ao máximo, da
capacidade funcional da pessoa idosa, a prevenção de enfermidades, a melhora da saúde
daqueles que adoecem e a reabilitação dos idosos que venham a ter comprometimento
da sua capacidade funcional, com a finalidade de assegurar-lhes permanência na
sociedade exercendo suas funções de maneira independente.
Para executar as diretrizes desta Política, o Sistema Único de Saúde conta com
as Equipes de Saúde da Família, que são responsáveis pelo cuidado comunitário dos
idosos e das famílias na atenção básica, através das Unidades Básicas de Saúde, as quais
devem dar suporte para a pessoa idosa e facilitar o seu vínculo com o sistema de saúde.
Através das medidas propostas na II Assembleia Mundial sobre Envelhecimento
em Madrid e na Conferência Regional Intergovernamental sobre Envelhecimento da
América Latina e Caribe, entra em vigor no Brasil a Lei nº 10.741 de 2003.
(FERNANDES; SOARES, 2012). Essa lei aprova o Estatuto do Idoso que garante ao
idoso acesso prioritário em instituições públicas e assentos prioritários no serviço de
transporte, veto a toda negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão,
além de direitos relacionados à previdência social. Esta mesma lei garante que a
inobservância das normas de prevenção à saúde do idoso importará em responsabilidade
à pessoa física ou jurídica nos termos da lei (BRASIL, 2003).
Em fevereiro de 2006, foi publicada, por meio da Portaria/ GM nº 399, o Pacto
pela Saúde, no qual se inclui Pacto pela Vida. Neste documento, a Saúde do Idoso
aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três esferas de gestão,
desencadeando ações de implementação de diretrizes norteadoras para reformulação da
Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso (BRASIL, 2006).
Em 19 de outubro de 2006, foi assinada a portaria nº 2.528 do Ministério da
Saúde, que aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, representando, assim a
atualização da antiga portaria (nº 1935/94). Esta Portaria traz um novo paradigma para a
discussão da situação de saúde dos idosos. Afirma ser indispensável incluir a condição
funcional ao serem formuladas políticas para a saúde da população idosa, considerando
que existem pessoas idosas independentes e uma parcela da população mais frágil e as
ações devem ser pautadas de acordo com estas especificidades. Além disso, faz parte
17

das diretrizes dessa política a promoção do Envelhecimento Ativo e Saudável, de


acordo com as recomendações da Organização das Nações Unidas, em 2002 (BRASIL,
2006).

2.3 COGNIÇÃO, MEMÓRIA E A PESSOA IDOSA

Uma parte significativa da população idosa queixa-se da dificuldade em guardar


informações e de recuperá-las, como por exemplo, lembrar o nome de pessoas
próximas, de compromissos, de se medicar, de esquecer onde deixou certos objetos, de
esquecer o fogo aceso ou o ferro de passar roupa ligado. Isso prejudica o desempenho
do idoso, sua independência, além dos riscos a sua saúde e segurança, o que afeta
diretamente na sua qualidade de vida.
As modalidades mais comuns de intervenção cognitiva são definidas em 3 tipos:
estimulação mental, que na maioria das vezes envolve a execução e a prática repetida de
exercícios cognitivos padronizados; treino cognitivo, que integra atividades de
estimulação mental, porém progride em termos de esforço de aprendizagem ao
concentrar-se no ensino de estratégias cognitivas para intensificar os efeitos da
intervenção; e reabilitação cognitiva, também chamada de abordagem individualizada,
em que se almeja alcançar, uma de cada vez, deficiências específicas na vida cotidiana,
sem melhorar a performance em atividades cognitivas próprias.

A abordagem não farmacológica como a estimulação cognitiva com o


idoso incluem: a terapia de orientação à realidade, através do uso de
calendários, jornais, vídeos, fotografias de familiares; reminiscência,
em que se utilizam experiências passadas vivenciadas pelos idosos;
uso de apoios externos, que envolve o treino e a utilização de
instrumentos; aprendizagem sem erros que consiste em levar o idoso a
aprender novas informações sem cometer erros, o que auxilia na
execução das tarefas diárias do idoso entre outras (CRUZ et al, 2015,
p. 511).

A perda de memória não está relacionada somente às alterações anátomo-


fisiológicas, mas também à falta de exercício cognitivo e do incentivo no processo de
aprendizagem e memória, levando em consideração que para garantir que uma
informação seja mantida é preciso que ela seja solicitada com certa frequência. Desta
forma, assim como se recomenda atividades físicas para pessoas idosas para manter a
saúde física adequada, deve-se incentivar atividades que exijam atenção, concentração e
18

pensamento lógico para treinar a mente, contribuindo para o aumento da densidade


sináptica cerebral, cuja rede de transmissão é encarregada pela dinâmica e plasticidade
do cérebro.
Esses dados talvez expliquem o excelente desempenho cognitivo e intelectual
mostrado por inúmeros idosos ativos que apesar da aposentadoria não abandonaram
atividades que melhoram seus conhecimentos, como a leitura, exercícios do raciocínio e
da lógica e busca de novas informações.

2.4 A IMPORTÂNCIA DA ENFERMAGEM NO ESTÍMULO COGNITIVO DA


PESSOA IDOSA

A enfermagem tem um papel de grande importância dentro das equipes


multidisciplinares em relação ao cuidado com o idoso, este que necessita de atividades
que exercitem a sua memória e cognição, pois o profissional enfermeiro apresenta
tecnologias que são pouco utilizadas por outros profissionais de saúde.
Segundo Cruz e cols. (2015), dentre as atividades, encontram-se: consultas de
enfermagem ao idoso e ao cuidador, caso haja um; palestras para orientação e
informação a estes idosos e cuidadores, caso haja um; oficinas terapêuticas com idosos
com demência, oficina de informações e atenção aos cuidados de idosos saudáveis e
com demência e visitas domiciliares.
Existem alguns testes que são realizados pelo enfermeiro para avaliação do
comprometimento cognitivo do idoso que foram adaptados para a cultura brasileira. São
eles: Mini-exame do Estado Mental, que avalia a orientação do tempo e espaço,
aprendizagem e evocação, atenção e cálculo, além de linguagem e habilidades visuo-
espaciais (BRUCKI et al, 2003); Escala de Katz, que analisa a performance da pessoa
idosa em realizar seus exercícios de rotina diária, como banho, vestir-se, ir ao banheiro,
alimentação e continência (LINO et al, 2008); Escala de Lawton, que avalia a
performance funcional do idoso no que diz respeito a atividades instrumentais que
viabiliza que este indivíduo mantenha uma vida independente (SANTOS; VIRTUOSO,
2008); Teste do Desenho do Relógio, avalia as habilidades visuo-espaciais, funções
executivas e memória ao pedir ao idoso para desenhar um relógio (ATALAIA-SILVA;
LOURENÇO, 2008); e o Teste de Fluência Verbal, que verifica a memória semântica e
19

fonética ao pedir ao idoso que fale em um minuto o maior número possível de palavras
em grupos pré-definidos, como móveis, animais, flores (BRUCKI; ROCHA, 2004).
A enfermagem realiza inúmeras atividades que auxiliam na saúde mental das
pessoas idosas, além da disseminação de informações para os idosos saudáveis,
cuidadores e familiares que convivem com esse público. Através da enfermagem que há
a possibilidade de perpetuar o cuidado da pessoa idosa, realizando a promoção,
prevenção e reabilitação, fazendo com que este indivíduo possa ter uma qualidade de
vida satisfatória e sua independência.
20

3. METODOLOGIA

Estudo de revisão integrativa.


Segundo Soares e cols. (2014), a revisão integrativa é definida como um tipo de
revisão da literatura que reúne achados de estudos desenvolvidos por meio de diferentes
metodologias, possibilitando aos revisores sintetizar resultados sem alterar a filiação
epistemológica dos estudos empíricos envolvidos. Para que este método concretize-se
de maneira coerente, livre de alienações epistemológicas, a revisão integrativa requer
que os revisores operem à análise e à síntese das informações primárias de forma
sistemática e rigorosa.
Desta forma, essa metodologia percorreu as seguintes etapas: 1. Formulação do
problema e objetivos da revisão, 2. Estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão
de artigos, 3. Definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados e
avaliação de dados, 4. Análise e interpretação dos dados, e 5. Discussão e apresentação
dos resultados (SOUZA, SILVA E CARVALHO, 2010).
Serão destacados nesse estudo artigos e outras literaturas que irão abordar sobre
o estímulo cognitivo e memória em pessoas idosas, o papel do enfermeiro nas
atividades cognitivas e prevenção das doenças que afetam a memória.
Buscando entender a primeira etapa da revisão foi estabelecido a seguinte
questão norteadora: Qual o papel do estímulo cognitivo e memória para a pessoa idosa
na literatura de enfermagem?
Foi realizada a busca nos seguintes bancos de dados da Biblioteca Virtual de
Saúde (BVS): Lilacs (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde),
Medline (Biblioteca Nacional de Medicina) e BDENF (Base de Dados de Enfermagem),
e nas bases de dados internacionais PUBMED (Medical Published - service of the U.S.
National Library of Medicine) e SCOPUS.
A escolha dessas bases de dados foi estritamente por sua relevante
representatividade na área da enfermagem e de saúde em termos de publicações
científicas atualizadas e fornecimento de evidências significativas para o
desenvolvimento do conhecimento.
Os descritores, utilizando operadores Booleanos AND, foram: Cognição;
Enfermagem; Idoso; Memória. Nos idiomas português, inglês e espanhol. O período de
coleta de dados foi maio de 2019.
21

Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos que respondem as questões de


pesquisa estabelecidas pelo estudo publicado na integra online, artigos publicados em
português, inglês e espanhol; Artigos publicados na íntegra que destacassem as
temáticas “Cognição”, “Enfermagem”, “Idoso” e “Memória”, estudos realizados com
humanos de ambos os sexos e etnias e artigos publicados nos referidos bancos de dados
nos anos de 2009 a 2019
Os critérios de exclusão foram artigos repetidos.
O instrumento de coleta de dados utilizado para organização do conteúdo obtido
foi um quadro contendo os seguintes itens: ao ano, base de dados, tipos de publicação e
abordagem metodológica, essência do conteúdo/produção do conhecimento e
recomendação dos autores.
A seleção das bibliografias potenciais se baseou nos artigos fundamentais a
responder os pré-requisitos da pesquisa. Posteriormente, realizou-se a impressão e
leitura dos artigos na íntegra com a finalidade de estabelecer relações textuais,
contextuais e intertextuais, visando o surgimento de categorias que permitiram a
discussão dos objetivos propostos no estudo em questão.
23

4. RESULTADOS

Na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) foram encontrado 42


artigos através da combinação dos descritores: Cognição AND Enfermagem AND Idoso
AND Memória. Com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão restaram 2 artigos.
Na LILACS foram selecionados 1 dos 10 artigos encontrados após a aplicação
dos critérios de inclusão. Na MEDLINE foram encontrados 27 artigos, e logo após o
uso dos critérios, foram selecionados 1 artigos. Na BDENF nenhum dos 5 artigos
encontrados foram selecionados a partir dos critérios de inclusão.
Na base de dados PUBMED foram encontrados 597 artigos através da
combinação dos descritores: Cognition AND Nursing AND Elderly AND Memory. A
partir da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão restaram 123 artigos, após leitura
fluente foram selecionados 5 artigos.
Na base de dados SCOPUS foram encontrados 163 artigos após a aplicação dos
descritores: Cognition AND Nursing AND Elderly AND Memory. A partir da aplicação
dos critérios de inclusão e exclusão restaram 5 publicações, após a leitura fluente foram
selecionados 2 artigos.
24

Segue abaixo o Fluxograma sobre a seleção dos artigos:

(FONTE: ABRAHÃO, 2019)

Quadro 1: Quantitativo de artigos selecionados por ano

Ano Número %
2009 1 11
2010 1 11
2012 1 11
2013 2 22
2015 1 11
2017 2 22
2018 1 11
Total 9 100
FONTE: ABRAHÃO, 2019
25

Foram pesquisados artigos dos últimos 10 anos (2009-2019), onde nota-se


ausência de obras referente ao tema nos anos 2011, 2014, 2016 e 2019. Evidencia-se 2
artigos no ano de 2013 e 2 artigos no ano de 2017, sendo que cada um representou 22%
das publicações, totalizando 44%. Os anos de 2009, 2010, 2012, 2013, 2015, 2016 e
2018 tiveram o menor índice de artigos, com 11% cada.
Em relação às abordagens metodológicas encontradas entre os artigos,
destacaram-se os estudos clínicos randomizados com 33% (3 artigos). Outras
abordagens como: Estudo de Caso, Estudo Transversal, Análise Multivariada, Estudo
Longitudinal, Estudo Quasi-Experimental e Estudo de Coorte Prospectivo tiveram
apenas 1 artigo cada, o equivalente a 11%.
As obras foram encontradas em publicações de 9 revistas, sendo que não
houveram repetições de revistas entre os artigos, estabelecendo um percentual de 11%
cada.

Quadro 2: Quantitativo de artigos selecionados por revista

Revista %
Alzheimers Dement 11
Arch Psychiatr Nurs. 11
Geriatrics and Gerontoly Internacional 11
Journal of Korean Academy of Nursing 11
Journal of Preventive Medicine & Public 11
Health
Nurs Res. 11
Res Nurs Health 11
Rev Bras Enferm 11
Rev Min Enferm 11
Total 100
FONTE: ABRAHÃO, 2019

O Quadro 2 revela que não houve prevalência entre as revistas das publicações
que foram selecionadas. Cada periódico apresentou apenas um artigo selecionado para a
realização dessa pesquisa.
26

Quadro 3: Categorização das Publicações por Público

Tipo de Participante do Estudo %


Pessoa Idosa sem Diagnóstico de 56
Síndromes Demenciais
Pessoa Idosa com Diagnóstico de 44
Síndromes Demenciais
Total 100
FONTE: ABRAHÃO, 2019

Observa-se acima o quadro de categorização das obras selecionadas a partir do


público escolhido para a realização da pesquisa. A categoria Pessoa Idosa sem
Diagnóstico de Síndromes Demenciais destacou-se em 56% das publicações, enquanto a
categoria Pessoa Idosa com Diagnóstico de Síndromes Demenciais esteve presente em
44% dos artigos.
De acordo com as publicações pesquisadas os eixos temáticos pertinentes para a
discussão são: O estímulo cognitivo e de memória em pessoa idosa sem Diagnóstico de
Síndromes Demenciais e o estímulo cognitivo e de memória em pessoa idosa com
Diagnóstico de Síndromes Demenciais.
Abaixo o quadro 4 com a Síntese dos artigos selecionados:

Quadro 4: Organização do conteúdo de referências


Ano/Título/Autor Tipo de Publicação Essência Base
e Abordagem Metodológica do Conteúdo/ De
Produção do Dados
Conhecimento
1- 2009 Trata-se de um estudo Através das análises a PUBMED
Factors Associated longitudinal onde foram partir dos dados
WithCognition in coletados dados de 626 coletados, notou-se que
Adults: The Seattle adultos entre 50 e 70 anos ao com o passar da idade a
Longitudinal longo de 14 anos por análise memória verbal e o
Study. de modelagem multinível, raciocínio indutivo vem
YU, Fang; RYAN, examinando a associação de 4 diminuindo. As análises
Lindsay H.; fatores modificáveis também apontaram que
SCHAIE, K. (atividade física de lazer, quanto maior o nível de
Warner; WILLIS, atividade cognitiva de lazer, escolaridade, ser mulher
Sherry L.; trabalho autodirigido e e ter uma renda maior
KOLANOWSKI, hipertensão) com alterações influenciaria
Ann em dois aspectos da positivamente para a
inteligência fluída (memória memória verbal e o
verbal e raciocínio indutivo). raciocínio indutivo do
27

indivíduo.
2- 2010 Estudo clínico randomizado No início da pesquisa, os PUBMED
The Senior WISE com 265 pacientes (135 no indivíduos mais velhos,
study: treinamento de memória e 130 com menor grau de
Improvingeveryda no treinamento de promoção a escolaridade, negros e
ymemory in saúde) onde os critérios de hispânicos apresentaram
olderadults inclusão são: idade maior ou escores muito baixos na
MCDOUGALL igual que 65 anos, fluência em memória visual.
JR., Graham J.; inglês, algum acometimento Indivíduos com menor
BECKER, sensorial ou cognitivo e grau de escolaridade,
Heather; PITUCH, disposição para participar do negros e hispânicos
Keenan; ACEE, estudo por 24 meses. O também tiveram escores
Taylor W.; acometimento sensorial foi mais baixos na memória
VAUGHAN, determinado por telefone ou verbal. Ao final da
Phillip W.; pessoalmente por avaliação de pesquisa, esses mesmo
DELVILLE, Carol auto-relato de audição e visão. indivíduos apresentaram
L. A capacidade de comunicação escores mais altos e
em inglês foi avaliada usando menores queixas sobre
um instrumento de verificação perda de memória.
feita para o estudo e
preenchida por um avaliador
da equipe. O Mini-Exame de
Estado Mental foi aplicado
para descobrir
comprometimentos cognitivos
e para acompanhamento do
estado cognitivo ao longo do
estudo.
3- 2012 Estudo clínico randomizado Os indivíduos do PUBMED
MemoryPerforman que consistiu de 45 presente estudo
ce, Health indivíduos, com idade média apresentaram melhorias
Literacy, and de 77 anos. Foram utilizados em sua capacidade
Instrumental testes para determinar o cognitiva, memória,
Activitiesof Daily desempenho diário da habilidades funcionais e
Living memória, o nível de uso de estratégias de
ofCommunityResi conhecimento em saúde e o memória ao longo da
dingOlderAdults desempenho nas habilidades pesquisa. Houveram
MCDOUGALL de comunicação, habilidades variações baseadas nas
JR, Graham J.; financeiras, habilidades de características dos
MACKERT, compra e habilidades de participantes antes do
Michael; medicação. início do estudo, por
BECKER, Heather exemplo, maiores
escores de memória
verbal no início da
pesquisa tiveram
melhorias significativas
na memória verbal ao
final do estudo. Nota-se
também que
características
demográficas
influenciaram nas
variações da pesquisa,
por exemplo, idosos
tiveram maiores ganhos
28

de memória visual ao
longo da pesquisa.
4- 2013 Estudo clínico randomizado Os resultados dos PUBMED
Mental Exercises dividido em dois estudo: O estudos mostraram
For primeiro com 32 pacientes (16 indícios positivos de que
CognitiveFunction do grupo experimental e 16 um programa de
: ClinicalEvidence do grupo de controle) que treinamento diário
KAWASHIMA, foram recrutados em um lar contendo atividades de
Ryuta de idosos, com diagnóstico leitura e problemas
clínico de demência senil tipo matemáticos tem um
Alzheimer. O segundo estudo efeito imediato e
foi realizado com 124 favorável à função
participantes de 70 anos ou mental, sendo que os
mais de idade, que participantes do presente
satisfizeram os critérios de estudo mantiveram essas
inclusão e exclusão (escore melhorias seis meses
maior que 23 no Mini Exame após o programa de
do Estado Mental e escore treinamento.
menor que 15 na Escala
Geriátrica de Depressão,
disponibilidade para o período
de estudo, não estar
participando de outro estudo
relacionado a cognição e não
ter história de doenças
cerebrovasculares). Em ambos
os estudos, foram utilizados
tarefas de leitura e aritmética
diariamente, 5 dias por
semana, 15 a 20 minutos por
dia durante 6 meses.
5- 2013 Trata-se de uma análise Os resultados mostram PUBMED
Dementiaand Out- multivariada baseada em que a demência está
of- dados do Aging, associada a maiores
PocketSpendingon Demographics, gastos médicos fora do
Health Care andMemoryStudy que orçamento e que essa
Services combinam informações sobre: ligação é estimulada
DELAVANDE, diagnósticos clínicos de principalmente por
Adeline; HURD, demência, informações sobre gastos com cuidados de
Michael D.; gastos e utilização de enfermagem domiciliar.
MARTORELL, cuidados de saúde e
Francisco; informações detalhadas sobre
LANGA, Kenneth características demográficas e
M. comorbidades que podem
confundir a relação entre
demência e gastos fora do
orçamento. Foram analisados
743 pacientes com 70 anos ou
mais, onde 11,4% foram
diagnosticados com
demência, 21,4% tinham
comprometimento cognitivo e
67,2% eram saudáveis. Para
as medidas de gasto fora do
orçamento dos idosos, foram
29

estimados modelos de
regressão de mínimos
quadrados ordinários.
6- 2015 Trata-se de um estudo de Os resultados MEDLINE
Estimulação caso, de caráter descritivo e encontrados mostraram
cognitiva para abordagem qualitativa, feito que, tanto idosos quanto
idoso com Doença com cinco idosos e seus cuidadores, foram
de Alzheimer respectivos cuidadores beneficiados com a
realizada pelo atendidos no Programa implantação da
cuidador intitulado “A Enfermagem na estratégia, pois
CRUZ, Thiara Atenção a Saúde do Idoso e colaboraram para
Joanna Peçanha seus Cuidadores da aprimorar a compreensão
da; SÁ, Selma Universidade Federal dos cuidadores em
Petra Chaves; Fluminense (EASIC/UFF)”, relação à importância de
LINDOLPHO, que realizadou diversas dar seguimento as
Mirian da Costa; atividades coordenadas pelos atividades abordadas nas
CALDAS, Célia enfermeiros docentes da UFF oficinas terapêuticas. Os
Pereira como: consultas de achados da pesquisa
enfermagem ao idoso e ao também podem
cuidador, palestras para contribuir para
orientação e informação a autonomia, gerar
estes cuidadores, oficinas informação, treinar esse
terapêuticas com idosos com cuidador para o cuidado
demência, oficinas de no domicílio e, assim,
informação e atenção aos ampliar as relações entre
cuidadores de idosos com profissional-usuário,
demência e visitas usuário-usuário,
domiciliares. favorecendo a uma
prática de tecnologia de
cuidado em enfermagem.
7- 2017 Trata-se de um estudo de O estudo demonstra que SCOPUS
Delayingcognitive coorte prospectivo que as intervenções de
andphysical verifica as intervenções múltiplos domínios
decline através de uma equipe desempenham funções
throughmultidomai multidisciplinar, medidas não- importantes na melhoria
ninterventions for farmacológicas, avaliação e cognitiva e reduzem a
residentes intervenção geriátrica deterioração do
withmild-to- abrangente e abordagem do desempenho funcional
moderatedementia Green Channel (Equipe em idosos com demência
in médica que da suporte a leve a moderada.
dementiacareunits pacientes com demência). Também foi mostrado os
in Taiwan: A Participaram do estudo 147 efeitos da recuperação de
prospectivecohorts voluntários com 65 anos ou síndromes geriátricas e a
tudy mais Essas intervenções são redução do aparecimento
LIANG, Chih- comparadas entre residentes de novas, principalmente
Kuang; CHOU, de uma casa de repouso e em episódios de quedas,
Ming-Yueh; pacientes que vivem na incontinência urinária e
CHEN, Liang-Yu; comunidade com demência risco de desnutrição.
WANG, Kuei-Yu; leve ou moderada.
LIN, Shih-Yi;
CHEN, Liang-
Kung; LIN, Yu-
Te; LIU, Tsung-
Yun; LOH, Ching-
Hui
30

8- 2017 Trata-se de um estudo quase- Os resultados da SCOPUS


Effectsof a experimental, com 62 idosos pesquisa mostraram que
Memoryand (grupo experimental = 30, o projeto foi eficaz para
Visual-Motor grupo controle = 32) sem aprimorar a auto-eficácia
IntegrationProgra déficit cognitivo ou demência da memória, memória e
m for residentes de lares de repouso. integração visuo-motora
OlderAdultsBased O grupo experimental em pessoas idosas. Os
on Self- participou de um projeto de achados podem
EfficacyTheory 12 sessões de memória e influenciar positivamente
KIM, Eun-Hwi; integração visuo-motora em estudos futuros de
SUH, Soon-Rim durante 6 semanas. Foram intervenção cognitiva
utilizados instrumentos para para pessoas idosas.
avaliar a auto-eficácia da
memória, a memória,
integração visuo-motora e
depressão.
9- 2018 Trata-se de um estudo Os resultados do estudo LILACS
Fragilidade e transversal conduzido no destacaram a uma
Desempenho ambulatório de especialidades relação estatística
Cognitivo de de um hospital de ensino da importante entre a
Idosos em região dos Campos Gerais. síndrome da fragilidade e
Atendimento Foram selecionados 374 desempenho cognitivo
Ambulatorial idosos com 60 anos ou mais, em pessoas idosas. Dessa
GRDEN, Clóris com pontuação superior ao forma, sugere-se a busca
Regina Blanski; ponto de corte do Miniexame precoce da síndrome da
IVASTCHESCHE do Estado Mental e estar fragilidade e do declínio
N, Taís; aguardando atendimento cognitivo, pois são
CABRAL, médico no dia da entrevista. estados que interferem na
Luciane Patrícia Caso o participante tivesse qualidade de vida da
Andreani; alguma dificuldade de pessoa idosa e colabora
RECHE, Péricles comunicação verbal ou não para a mortalidade.
Martim; atingisse os pontos de corte, o
RODRIGUES, cuidador familiar era
Carla Regina convidado a participar da
Blanski; entrevista. Este deveria ter 18
BORGES, anos de idade ou mais e morar
PollyannaKássia no mínimo 3 meses com o
de Oliveira idoso.
31

Quadro 5: Respostas para Questões de Pesquisa


Ano/Título/Autor Respostas Para Questões de Pesquisa

1 Os autores relataram que a partir das amostras, foi descoberto que indivíduos que
possuíam alto grau de escolaridade e que exerciam suas funções em cargos complexos
mostraram menor declínio na sua inteligência fluida do que aqueles que não exerciam
cargos que necessitavam de alto grau de escolaridade. Também é confirmado que
quanto maior o nível de renda e jornadas de trabalho mais curtas melhor é a
flexibilidade cognitiva do indivíduo. Os autores afirmam que seus achados terão
impactos significativos para a prevenção da demência e de outras doenças que
acompanham o envelhecimento e que, com aumento da automatização no ambiente de
trabalho e revisão dos sistemas de jornadas de trabalho, é possível melhorar a
manutenção da inteligência fluida das pessoas.

2 Os voluntários dos grupos de memória e promoção de saúde melhoraram o uso de


estratégias de memória interna e externa. Após os treinamentos, houve uma melhora
na cognição global dos grupos. Os autores destacaram que as características
demográficas podem influenciar no desempenho da memória. Hispânicos e negros
tenderam a ter melhor memória visual que os brancos durante o estudo. Os negros
também tiveram destaque em habilidades funcionais instrumentais, embora os
hispânicos mostrassem um desempenho ruim nas atividades de memória à curto prazo
em comparação com os outros grupos.

3 Os autores relatam sobre a importância do desenvolvimento e validação de


instrumentos que podem analisar as dimensões da alfabetização em saúde. A criação
de uma variedade mais ampla de instrumentos melhoraria a capacidade dos
pesquisadores de verificar os estudos e desenvolver novos conhecimentos.

4 O autor afirma que treinamentos cognitivos que abordem questões de leitura e


problemas aritméticos são eficazes e baratos, possibilitando a manutenção e a melhora
da função cognitiva de pacientes com demência e pessoas idosas saudáveis.

5 Os autores afirmam que pesquisas futuras devem determinar quem deve carregar o
fardo dos grandes gastos fora do orçamento dos idosos com demência.

6 Os autores relatam que esse programa pode ser considerado como uma técnica leve do
cuidado de enfermagem para idosos com demência e que necessita de maiores estudos
e execução contínua para os idosos com essa individualidade.

7 As estratégias abordadas pelos autores podem melhorar ou prevenir o surgimento de


novas síndromes geriátricas, principalmente episódios de quedas, incontinência
urinária e risco de desnutrição. No futuro, será necessário estudos mais aprofundados e
mais amplos para confirmar os resultados das intervenções.
8 As estratégias específicas de auto-eficácia de memória e integração visuo-motora
encontradas no projeto do presente estudo podem ser empregadas para aprimorar a
função cognitiva e prevenir demência em adultos mais velhos.

9 Os resultados demonstram que programas de memória e integração visuo-motora


baseados na teoria da auto-eficácia são efetivos para melhorar a qualidade de vida das
pessoas idosas e que estes (programas) devem ser estimulados.
32

5. DISCUSSÃO

Mediante os resultados obtidos na pesquisa, destacaram-se três categorias para


um melhor entendimento da temática proposta. Os eixos temáticos foram organizados
da seguinte maneira: O Estímulo Cognitivo e de Memória na Idosa sem Diagnóstico de
Síndromes Demenciais e o Estímulo Cognitivo e de Memória na Idosa sem Diagnóstico
de Síndromes Demenciais
Conforme a metodologia empregada, proponho-me a estabelecer na categoria
final sobre a Identificação do papel do enfermeiro no estímulo cognitivo e de memória
em pessoas idosas, assim como apresentar possíveis estratégias que podem ser
implementadas para melhoria da cognição do idoso.

5.1 O ESTÍMULO COGNITIVO E DE MEMÓRIA NA PESSOA IDOSA SEM


DIAGNÓSTICO DE SÍNDROMES DEMENCIAIS

Segundo os resultados das pesquisas sobre o papel do enfermeiro no estímulo


cognitivo e de memória da pessoa idosa, muitos autores afirmam sobre a importância de
programas e estratégias que realizem a manutenção da atividade cognitiva e de memória
em pessoa idosa sem Diagnóstico de Síndromes Demenciais.
Segundo Yu et al (2009), a prática de atividade física regular, começando desde
a meia-idade, pode influenciar na melhora do desempenho cognitivo na idade avançada.
Contudo, mesmo com as atividades físicas e cognitivas de lazer estarem relacionadas
com o atraso do início da demência, estudos futuros são necessários para aprimorar essa
associação.
Para McDougall Jr. et al (2010), os grupos de treinamento de memória
alcançaram maiores ganhos na cognição global e obtiveram menores números de
queixas de perdas de memória entre as pessoas idosas que faziam parte do estudo.
O exercício de treinamento de memória com atividades de repetição cognitiva
tem resultados significativos no início das aulas, principalmente na primeira e na
segunda experiência com tarefas cognitivas.
Segundo McDougall Jr. et al (2012), tornar saúde uma temática no qual as
pessoas idosas se concentrem várias vezes por semana permite melhorar a capacidade
33

de lidar com problemas de saúde, além da recuperação e processamento de informações


através do uso de estratégias de memória.
É importante ressaltar a necessidade de pesquisas futuras que investiguem
maneiras mais eficazes de intervenções que melhorem a alfabetização em saúde para
idosos como, por exemplo, através de atividades cognitivas e estratégias de memória
que podem ser realizadas em oficinas coordenadas por um enfermeiro.
De acordo com Kim e Suh (2017), as estratégias específicas do programa de
integração de memória visual e motora podem ser usadas para aprimorar a autoeficácia
de memória de pessoas idosas, especialmente para aqueles com baixa autoeficácia.
A integração visual-motora é a função cognitiva de maior importância para a
vida diária do idoso independente, sendo assim é necessário a criação de novas
abordagens englobando treinamentos de memória multifatorial.
As atividades realizadas dentro do programa de integração de memória visual e
motora, como conferir exercícios cognitivos que aumentem de dificuldade
gradualmente, focando na melhoria cognitiva e de memória, possibilitam a
neuroplasticidade, atividades recreativas e de apoio entre as pessoas idosas.

5.2 O ESTÍMULO COGNITIVO E DE MEMÓRIA NA PESSOA IDOSA COM


DIAGNÓSTICO DE SÍNDROMES DEMENCIAIS

Para pessoa idosa com Diagnóstico de Síndromes Demenciais, as publicações


pesquisadas apresentaram propostas e estratégias para retardar e/ou prevenir o declínio
cognitivo e de memória da pessoa idosa.
Induzir mudanças nas redes cerebrais com um programa de treinamento
cognitivo e de memória é um método eficaz de estimulação para a pessoa idosa.
A aposentadoria pode provocar uma perda da percepção de propósito na vida,
dando origem a um sentimento de afastamento da sociedade à medida que se envelhece
e, consequentemente, levando a uma diminuição da qualidade de vida da pessoa idosa.
Porém, acredita-se que a qualidade de vida da pessoa idosa com Diagnóstico de
Síndromes Demenciais pode ser melhorada através de quatro fatores essenciais:
estimulação cognitiva, prática de exercícios regulares, nutrição equilibrada e
participação ativa na sociedade.
De acordo com Kawashima (2013), foram evidenciados que um programa diário
de treinamento contendo questões de literatura e problemas aritméticos para pessoas
34

idosas com diagnóstico de demência tem um efeito benéfico imediato na velocidade de


processamento mental. Além disso, esse sistema de treinamento de estimulação
cognitiva mostra-se inteligente e acessível para a população idosa.
Segundo Cruz et al (2015), os cuidadores podem apresentar estratégias limitadas
no cuidado com pessoa idosa com Diagnóstico de Síndromes Demenciais e impedir que
muitas atividades de estimulação cognitiva sejam realizadas com mais frequência no
domicílio. Por conta disso, a participação do enfermeiro torna-se crucial para a
reorganização da dinâmica familiar, estimulando a participação dos membros da família
nas oficinas e na vida desse idoso, permitindo que as atividades de estimulação não
sejam prejudicadas.
Para Liang et al (2017), a intervenção 2MCGA (consultas com equipe
multidisciplinar, manejo não farmacológico, planos de cuidado, entre outras) mostrou
fortes evidências da diminuição do declínio cognitivo para idosos com demência leve a
moderada.
Os medicamentos antidemenciais atualmente encontrados no mercado possuem
uma eficácia limitada, por conta disso é fundamental que pesquisas futuras investiguem
se as intervenções não farmacológicas trazem benefícios clínicos significativos para
pessoa idosa com Diagnóstico de Síndromes Demenciais.

5.3 IDENTIFICAÇÃO DO PAPEL DO ENFERMEIRO NO ESTÍMULO COGNITIVO


E DE MEMÓRIA EM PESSOAS IDOSAS COM E SEM DIAGNÓSTICOS DE
SÍNDROME DEMENCIAIS

Em relação à Identificação do papel do enfermeiro no estímulo cognitivo e de


memória em pessoas idosas com e sem diagnósticos de síndrome demenciais, as
publicações trazem diversos aspectos que destacam a importância e a autonomia do
enfermeiro diante do estímulo cognitivo e de memória em pessoas idosas.
Segundo McDougall Jr. et al (2012) criação de uma variedade mais ampla de
instrumentos melhoraria a capacidade dos pesquisadores de verificar os estudos e
desenvolver novos conhecimentos.
Ao realizar atividades de cognição e de memória com pessoas idosas, o
enfermeiro pode aplicar novos instrumentos criados pelo mesmo, coletando informações
que irão auxiliar para aprimorar as estratégias de cognição e de memória para esse
público, além de gerar conteúdos pertinentes para as futures pesquisas que irão
35

desenvolver novos conhecimentos e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida


da população idosa.
Kawashima (2013) propôs tarefas que incluem exercícios de leitura e atividades
básicas sistematizadas em aritmética para pessoas idosas. A proposta de ler as
atividades em voz alta permitiria a estimulação de vários processos cognitivos, por
exemplo, o reconhecimento de palavras apresentadas visualmente, conversão dessas
representações gráficas em representações fonológicas, análise dos significados das
palavras e domínio da pronúncia. A solução das atividades em aritmética não poderia
ser alcançada sem os processos cognitivos, por exemplo, o reconhecimento de números
apresentados visualmente, execução de operações aritméticas e domínio do movimento
das mãos.
As atividades de leitura e de aritmética são estratégias simples, fáceis e
acessíveis para as pessoas idosas, com ou sem síndromes demenciais, podendo ser
aplicadas pelo enfermeiro durante oficinas e/ou em casas de repouso. Esses exercícios
irão promover a manutenção e a melhora das funções cognitivas e de memória de
pessoas idosas, além da aproximação e confiança entre o enfermeiro e o idoso.
Segundo Cruz et al (2015) por conta das dificuldades enfrentadas pelos
cuidadores de idosos como, por exemplo, desistência de outros empregos, sobrecarga de
trabalho, alterações de humor e dificuldades financeiras, isso causaria limitações nas
estratégias de cuidados ao idoso com demência e iria dificultar a realização de
atividades de estimulação cognitiva e de memória dentro do ambiente domiciliar. Dessa
forma, é de responsabilidade do enfermeiro reorganizar a dinâmica familiar e estimular
a participação de toda a família no cuidado do idoso para que não haja sobrecarga
apenas para o cuidador e para que o idoso não sofra com um cuidado deficiente.
O enfermeiro tem o papel de orientar os cuidadores e familiares do idoso para
que sejam realizadas atividades de estimulação cognitiva e de memória também no
ambiente domiciliar e não somente nas oficinas, palestra e/ou encontros semanais com
esses indivíduos. Essa estratégia permite uma técnica simples do cuidado de
enfermagem em outros ambientes que o idoso convive, possibilitando a promoção da
qualidade de vida dessa pessoa idosa e daqueles que são responsáveis pelo seu cuidado.
De acordo com Liang et al (2017) a intervenção de múltiplos domínios 2MCGA,
que engloba uma abordagem de equipe multidisciplinar, gerenciamento não-
farmacológico de múltiplos componentes, avaliação e abordagem médica “amigável” à
demência, tem resultados na melhoria cognitiva e de memória da pessoa idosa, além do
36

atraso da deterioração do desempenho funcional em idosos com demência leve a


moderada.
A participação do enfermeiro dentro da equipe multidisciplinar é crucial no
cuidado da pessoa idosa, principalmente em intervenções não-farmacológicas, onde esse
profissional de saúde pode propor diversas estratégias de estímulo cognitivo e de
memória, como oficinas cognitivas, atividades de leitura e problemas matemáticos,
jogos interativos utilizando o calendário e relógio e encontros semanais com esses
idosos e seus respectivos cuidadores para avaliar como está o desenvolvimento
cognitivo desse idoso dentro do ambiente domiciliar.
Kim e Suh (2017) afirmam que o declínio da memória e da integração visual-
motora causam diversos problemas na realização da maioria das atividades da vida
diária do idoso como, por exemplo, relembrar de nomes e certas palavras em uma
conversa, lembrar o número do telefone, encontrar objetos, escrever e desenhar. Dessa
forma, os idosos que enfrentam esse tipo de problema temem a perda da função
cognitiva, buscando maneiras de atrasar ou impedir esse avanço do declínio cognitivo.
Com essa busca pelas pessoas idosas de melhorarem sua inteligência cognitiva e
a memória, o enfermeiro deve ser capaz de atender essa demanda com estratégias de
memória e integração visual-motora através de instrumentos com perguntas que irão
somar pontos para analisar o declínio cognitivo desse indivíduo, além de outros
exercícios como jogos de memória, ligação de pontos conforme as instruções, gestos
rítmico com as mãos, etc. Após isso, realizar um feedback positivo e mostrar para a
pessoa idosa o quanto ela evoluiu durante esse programa, para que assim ela sinta-se
encorajada e otimista para dar continuidade as atividades.
Para Grden et al (2018) é importante a análise de síndrome da fragilidade e
escore cognitivo em pessoas idosas por instrumentos validados para a identificação
precoce de fatores de risco, possibilitando aos enfermeiros e profissionais da saúde o
planejamento de cuidados gerontológicos a essa população.
A necessidade do enfermeiro de aplicar instrumentos validados se mostra
presente quando se busca novos conhecimentos e estratégias para melhorar as
intervenções de estímulo cognitivo e de memória em idosos que apresentem
fragilidades. Dessa forma, com novas informações adquiridas através das aplicações dos
instrumentos, o enfermeiro tem a possibilidade de organizar novas medidas que irão
melhorar a qualidade de vida desse segmento etário.
37

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com análise das publicações pesquisadas nas bases de dados científicas, através
da organização do conteúdo de referências, observações dos resultados e da discussão,
podemos identificar a Importância do Enfermeiro no Estímulo Cognitivo e de Memória
em Pessoas Idosas, pois através de oficinas, estratégias e/ou treinamentos, que são
competências do enfermeiro, pode-se melhorar a cognição e memória de pessoas idosas
e atrasando o avanço de síndrome demenciais e, consequentemente, trazendo uma
melhor qualidade de vida para esse público.
Com análise das publicações pesquisadas nas bases de dados científicas, através
da organização do conteúdo de referências, observação dos resultados e da discussão,
pode-se identificar a Importância do enfermeiro no estímulo cognitivo e de memória em
pessoas idosas, onde os artigos destacavam a necessidade de estratégias de estímulo
cognitivo e de memória realizadas por enfermeiros e como essas estratégias tinham
resultados positivos para a manutenção da inteligência cognitiva e atraso do declínio
cognitivo.
Durante a análise dos estudos perceberam-se diversos métodos de estimulação
cognitiva e de memória que podem ser postos em prática pelo enfermeiro e o quanto a
sua participação dentro de uma equipe multidisciplinar tem destaque quando se trata de
estratégias para exercitar a cognição e memória da pessoa idosa, além de buscar meios
não farmacológicos de retardar o surgimento de síndromes demências, principalmente a
Doença de Alzheimer.
O presente estudo destacou que o enfermeiro pode aplicar exercícios simples e
acessíveis, porém eficientes para as pessoas idosas, como atividades de literatura,
exercícios de matemática, além de orientar acerca da alimentação saudável e estimular a
prática de exercícios físicos. As oficinas de cognição e memória propostas pelos
enfermeiros, realizada junto com os familiares e/ou cuidadores dessas pessoas idosas,
também se mostraram eficazes para a estimulação cognitiva e de memória.
Durante a busca nas bases de dados científicas notou-se um número limitado de
publicações acerca do tema abordado no presente estudo. Diversas pesquisas
encontradas estavam voltadas para outros profissionais de saúde, como médicos e
psicólogos, e raramente citando o papel do enfermeiro no estímulo cognitivo e de
memória em pessoas idosas, gerando empecilhos ao longo da coleta de informações
para a realização da monografia.
38

Analisando as poucas publicações que focavam na importância do enfermeiro no


estímulo cognitivo e de memória em pessoas idosas, recomenda-se que pesquisas
futuras sobre o tema busquem novas estratégias e tecnologias de competências do
profissional enfermeiro para a manutenção da inteligência cognitiva e da memória em
idosos saudáveis e retardando o avanço das síndromes demenciais, principalmente a
Doença de Alzheimer.
O presente estudo tem a contribuir para as pesquisas futuras que irão abordar
sobre o papel do enfermeiro diante do estímulo cognitivo e de memória da pessoa idosa,
através dos programas, estratégias e tecnologias que podem ser executadas pelo
enfermeiro que foram destacadas durante a produção desse trabalho.
39

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