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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

QUALIDADE DE VIDA E ENVELHECIMENTO:


visão de idosos de um grupo de convivência

LETÍCIA GOULART DE ALCANTARA

Niterói, RJ
2019
LETÍCIA GOULART DE ALCANTARA

QUALIDADE DE VIDA E ENVELHECIMENTO:


visão de idosos de um grupo de convivência

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


á Coordenação do Curso de Graduação em
Enfermagem e Licenciatura da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial
para obtenção do Título de Enfermeira.

ORIENTADORA: PROF.ªDR.ª Fátima Helena do Espírito Santo

Niterói, RJ
2019
LETÍCIA GOULART DE ALCANTARA
LETÍCIA GOULART DE ALCANTARA

QUALIDADE DE VIDA E ENVELHECIMENTO:


visão de idosos de um grupo de convivência

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado á Coordenação do


Curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da
Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do Título de Enfermeira.

Aprovado em:_____/______/______

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª Fátima Helena do Espírito Santo – Orientadora


EEAAC/UFF

Profº. Drº Felipe Guimarães Tavares – 1º Examinador


EEAAC/UFF

Enfª. Msc.Fernanda Figueiredo de Souza e Souza – 2ª Examinadora


EEAAC/UFF

Niterói, RJ
2019
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço ao meu Deus que me permitiu chegar até aqui,
muitas foram as dificuldades, mas não houve um momento em que Ele me desamparou.
Obrigada, Deus!

Aos meus pais, Josias e Albanize, que me deram total apoio do começo ao fim,
sempre me motivando, incentivando, investindo e acreditando em mim. Pai e mãe,
obrigada por acreditarem em mim, nós conseguimos!

Ao meu noivo, Gabriel, obrigada por cuidar de mim em todo esse tempo, em
meio noites viradas, surtos e desespero você foi minha paz. Obrigada por tudo, amor!

Ao meu irmão e a minha cunhada, Raphael e Midiã, por todo o apoio, todas as
orientações e palavras que contribuíram para que eu concluísse este curso. Vocês são
demais!

Às minhas tias, Josiléa e Márcia, que são como mães, sempre participando e
torcendo por mim, vocês são incríveis, amo vocês!

À minha vó que com muita sabedoria e experiencia de vida me instruiu, me


ajudou e cuidou de mim. Obrigada, vó!

Aos meus amigosdesde o começo da graduação, Joicy Almeida, Karol Carvalho


e Lucas Abraão! Como crescemos juntos, como foi especial ter passado por isso junto a
pessoas maravilhosas como vocês, eu vou levar vocês para sempre, da UFF para vida!

As queridas e querido do Arco-íris Pomposo (Daynara Ferreira, Karol Carvalho,


Joicy Almeida, Luana Marinho, Lucas Abraão, Mariana Cunha e Paola Pugian), vocês
são maravilhosos sempre me fazendo rir, com certezaa minha caminhada foi muito fácil
com vocês.

À Karol Carvalho que sempre implicava comigo, mas estava sempre presente
para qualquer emergência que eu precisasse, obrigada pelas risadas, pelos trabalhos, pela
hospitalidade em sua casa quando foi preciso, por tudo que aprendi com você.

À Joicy Almeida, minha melhor dupla de ETP, de trabalho, de viagem, de


congresso, de tudo. Muito obrigada pelos momentos especiais que passamos, aprendi
muito com você, desde genética até filosofias de vida. Obrigada por sempre rir, chorar,
perder e ganhar do meu lado. Você é um grande presente que a UFF me deu.

À minha orientadora Fátima Helena que superou totalmente as minhas


expectativas, obrigada por tornar as coisas mais leves, pelas orientações animadas e
divertidas, pelos conselhos, ideias, pela motivação, por tudo! Obrigada por deixar para
sociedade os lindos produtos de seu trabalho, você é um exemplo para mim, sou muito
grata por ter tido a oportunidade de ser uma orientanda sua.
Aos que possuem o privilégio de envelhecer, cabe a alegria de
ter vivido o bastante para aprender as preciosas lições da vida.
Aos que souberam envelhecer com qualidade de vida, cabe a
tarefa de ensinar aos demais, não somente o que aprendeu, mas
o que vivenciou com sabedoria. Aos enfermeiros que cuidam de
idosos, vale a recomendação de que tão nobre tarefa inclui a
assistência a quem venceu o maior de todos os obstáculos.
Marislei Brasileiro
RESUMO

Atualmente com o aumento da população idosa no Brasil e a expectativa de um


crescimento ainda mais acelerado desta população nos próximos anos (IBGE,2018),
torna-se necessário ampliar os conhecimentos a respeito do envelhecimento visando
favorecer o envelhecimento saudável e a melhoria da qualidade de vida das pessoas
idosas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS,1999), Qualidade de Vida
é a percepção de cada indivíduo acerca de sua posição na vida no contexto da cultura e
dos sistemas de valores em que vivem e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações. Nessa perspectiva, o presente estudo tem como objetivos
Analisar as possibilidades de contribuição do enfermeiro para a qualidade de vida da
pessoa idosa, descrevendo a visão de idosos de um grupo de convivência sobre qualidade
de vida e identificando os fatores relacionados a qualidade de vida, segundo o relato dos
próprios idosos no decorrer do processo de envelhecimento. Trata-se de estudo de
natureza qualitativa, realizado em julho de 2019 com 10 idosos participantes de um grupo
de convivência no Espaço Avançado para idosos coordenado pela Escola de Serviço
Social da Universidade Federal Fluminense mediante entrevistas semi- estruturadas
gravadas em aparelho digital e submetidas a análise temática (BARDIN, 2010) nas
etapas:(1) Pré-analise; (2) Exploração de material; (3) Tratamento dos resultados e
Interpretação. Os resultados apontaram os seguintes temas relacionadosà qualidade de
vida, na visão dos idosos: Equilíbrio na vida, Autonomia e Independência, Cidadania e
Convívio social.Constatou-se que a visão de qualidade de vida para os idosos do estudo
é predominantemente relacionado à presença de equilíbrio nos âmbitos social, econômico
e de independência para manter-se ativo e com autonomia para o desenvolvimento de
atividades de vida diária. Com isso pode-se concluir o importante papel do enfermeiro na
melhoria da qualidade de vida dos idoso, através da participação ativa em programas e
projetos voltados para essa clientela que envolvam o planejamento e implementação de
ações de cuidado que favoreçam a promoção da saúde e fortalecimento da capacidade
funcional, autonomia e independência do idoso no contexto da sociedade.

Palavras chave:Qualidade de vida, Envelhecimento, Enfermagem geriátrica, idoso,


Grupo de convivência.
ABSTRACT

Currently, with the increase of the elderly population in Brazil and the expectation of
even faster growth of this population in the coming years (IBGE, 2018), it is necessary to
expand the knowledge about aging in order to favor healthy aging and improve the quality
of life of the elderly. According to the World Health Organization (WHO, 1999), quality
of life is the perception of each individual about their position in life in the context of the
culture and value systems in which they live and in relation to their goals, expectations,
standards, and concerns. Additionally, the present study aims to analyze the possibilities
of nurses contribution related to the quality of life of the elderly, describing the view of
the elderly in a group of living on quality of life and identifying factors related to the
quality of life according to the report of the elderly themselves during the aging process.
This is a qualitative study conducted in July 2019 with ten elderly participants of a group
living in the Advanced Space for seniors coordinated by the School of Social Work of the
Fluminense Federal University through semi-structured interviews recorded in digital and
submitted to thematic analysis (BARDIN, 2010) in the following steps: (1) Pre-analysis;
(2) exploitation of material; (3) Treatment of Results and Interpretation. The results
pointed out the following themes related to the quality of life, in the view of the elderly:
Life Balance, Autonomy and Independence, Citizenship and Social Living. It was
noticeable that the view of the quality of life for the elderly in the study is predominantly
related to the presence of balance in the social, economic and independence areas to
remain active and autonomous for the development of activities of daily living. This
concludes the important role of nurses in improving the quality of life of the elderly
through active participation in programs and projects aimed at this clientele involving the
planning and implementation of care actions that promote health improvement and
strengthening of functional capacity, autonomy and independence of the elderly in a
social context.

Keywords: Qualityof life, Aging, Geriatric nursing, old man, Coexistence group.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1:Caraterísticas sociodemográficas das idosas que frequentam o Espaço


Avançado, p.30
Quadro 2: Síntese da Análise dos Dados, p.30
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Temas associados a qualidade de vida segundo os idosos, p.32


Figura 2: temas associados a como ter qualidade de vida, segundo os idosos, p.33
Figura 3: Temas associados a como está a qualidade de vida dos idosos, p.35
Figura 4: Temas associados a como melhorar a qualidade de vida, p.36
LISTA DE ABREVIATURAS

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia Estatística


OMS - Organização Mundial da Saúde
PNI - Política Nacional do Idoso
PNSPI - Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa
PNSI - Política Nacional de Saúde do Idoso
SUS - Sistema Único de Saúde
ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar
WHOQOL - World Health OrganizationQualityofLife Questionnaire
UFFESPA - Espaço Avançado Trabalho Social com Idosos
UFF - Universidade Federal Fluminense
SUMÁRIO

1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS p.14


1.2. OBJETIVOS, p.15
1.2.1. Objetivo Geral, p.15
1.2.2. Objetivos específicos, p.15

2. REVISÃO DE LITERATURA, p.17


2.1. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL, P.17
2.2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ENVELHECIMENTO, P.18
2.3. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO, P.20
2.3.1. Envelhecimento Ativo, p.21
2.4 .ENFERMAGEM NO CUIDADO AO IDOSO P.22
2.4.1. Modelos Assistenciais ao Idoso, p.23
2.4.2. Grupos de Convivência, p. 24
2.5. QUALIDADE DE VIDA E ENVELHEICMENTO, p.24

3. METODOLOGIA, p.27
3.1. CAMPO DE PESQUISA, p.27
3.2. PARTICIPANTES DO ESTUDO, p.28
3.4. ORGANIZAÇÃO E ANALISE DOS DADOS, p.28
3.5. ASPECTOS ÉTICOS, p.29

4. RESULTADOS, p. 30
4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES, p.30
4.2.1.O que é qualidade de Vida, p.31
4.2.2.Como ter qualidade de vida, p.32
4.2.3. Como estásua qualidade de vida, p.34
4.2.4.Como melhorar sua qualidade de vida, p.35

5. DISCUSSÃO, p.36
5.1.EQUILÍBRIO NA VIDA, p.38
5.2. AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA, p.39
5.3. CONVÍVIO SOCIAL, p.40
5.4. CIDADANIA, p41
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS, p.43

7. OBRAS CITADAS, p.45

8. APÊNDICES, p.50
8.1.APÊNDICE A: ROTEIRO DE ENTREVISTA, p. 50
8.2.APÊNDICE B: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, p.51

9.ANEXOS p.52
9.1.ANEXO A: APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÈTICA E PESQUISA, p.52
13

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O interesse pelo tema relacionado a contribuição do profissional enfermeiro


como promotor da qualidade de vidado idoso surgiu a partir de experiência com familiar
que, durante o processo de envelhecimento, desenvolveu a doença de Doença de
Alzheimer que foi aos poucos o tornando incapaz de viver como outrora, reduzindo sua
capacidade funcional, sua autonomia e independência que repercutiram na sua
expectativa e qualidade de vida.
Nesse sentido, destaca-se que o processo de envelhecimento envolve alterações
sociais que marcam esta etapa da vida. (FREITAS; PY, 2015)
Segundo Fonseca et al (2013), considerando os aspectos que envolvem
modificações na vida do idoso e na perspectiva de que o envelhecimento seja bem-
sucedido é importante combinar a baixa probabilidade de adoecimento, a conservação das
funções cognitivas e físicas, relacionamento interpessoal e boa condição de vida.
Atualmente, devido ao aumento da população idosa que demanda cuidados
específicos voltados para a melhoria da qualidade de vida, é notado a necessidade de
desenvolvimento de ações que estimulem as potencialidades desta população, incluindo
na sociedade de forma ativa, favorecendo o envelhecimento saudável e ativo. (OMS,
2005)
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005, p .13) o envelhecimento ativo
é o processo de otimização das oportunidades em favor da saúde, participação e segurança
com objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem e qualidade
de vida é a percepção individual da pessoa acerca da sua posição na vida no contexto da
cultura e dos sistemas de valores em que vivem e em relação a seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações.
Nesse contexto a enfermagem, tem um amplo campo de atuação no que diz
respeito a promover a melhora da qualidade de vida dos idosos. O apoio da enfermagem
é capaz de possibilitar que as potencialidades dos idosos, dos seus familiares e de outros
envolvidos no processo de cuidado, venham emergir (SANTOS, 2013).
A população idosa que está cada vez mais aumentando no país tem enfrentando
diversos desafios em relação a obtenção da qualidade de vida, pois devido ao processo de
envelhecimento o indivíduo vai perdendo suas capacidades físicas e mentais (FREITAS;
14

PY, 2016). Devido a estas perdas a pessoa idosa acaba sendo excluída da sociedade o que
aumenta ainda mais a perda de sua funcionalidade. Isso tem impactado a sociedade como
um todo (AMORIN,2011). De acordo com Santos (2013) nos últimos anos surgiu um
maior número de publicações relacionadas ao envelhecimento, devido principalmente ao
aumento de idosos no mundo e com isso observou-se a necessidade da enfermagem
prestar uma assistência mais específica de acordo com as demandas desta população.
O cuidado de enfermagem direcionado a este grupo populacional precisa ter
caráter humanístico e humanizado, com respeito, solidariedade, dedicação, amor e
carinho. O apoio oferecido pelo enfermeiro pode fazer emergir potencialidades dos
idosos, de seus familiares e de outros envolvidos no processo de cuidado. Portanto,
entende-se que cabe ao enfermeiro dedicar ações que viabilizem o alcance de maior
qualidade de vida à pessoa idosa.
Esse estudo espera contribuir para reflexões sobre a qualidade de vida de pessoas
idosas e as possibilidades de atuação do enfermeiro considerando seu importante papel
no contexto da assistência à essa clientela. No que se refere ao ensino pretende suscitar
discussões visando ampliar a abordagem do idoso e do processo de envelhecimento no
âmbito da formação e qualificação de recursos humanos voltados para o atendimento
integral as demandas específicas dessa população. Na pesquisa espera ampliar
conhecimentos e despertar novos estudos sobre a temática, em especial na Enfermagem.
Através da utilização do conhecimento científico, o enfermeiro deve implementar
na prática os cuidados específicos que são direcionados para esta população, de forma a
colaborar para que estes tenham suas necessidades levadas em consideração e atendidas.
Assim, esse estudo tem como objeto a qualidade de vida de idosos de um grupo
de convivência e, como questão norteadora: Qual a visão de idosos de um grupo de
convivência sobre qualidade de vida?
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1.2 OBJETIVOS
1.2.1. Objetivo Geral
• Conhecer a visão de idosos de um grupo de convivência sobre o que é qualidade
de vida

1.2.2. Objetivos Específicos


• Descrever fatores relacionados a qualidade de vida a partir de relatos dos idosos
nesta etapa da vida.
16

2.REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ENVELHECIMENTO POPULACIONAL


O processo de envelhecimento individual e populacional ocorrem de maneiras
distintas, sendo o primeiro um processo único de um indivíduo, o processo de
envelhecimento individual depende de capacidades básicas, adquiridas e do meio
ambiente. Já no processo de envelhecimento populacional quando há aumento de idosos
no total da população pode ser mensurado pelo aumento da idade média da população,
este processo também pode ser revertido à medida que a taxa de fecundidade aumenta.
(FREITAS; PY,2016)
Constata-se um envelhecimento populacional cada vez mais acelerado da
população brasileira, pois de acordo com a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE, 2018), atualmente o percentual de pessoas com idade superior a 65
anos é de 9,2% e até o ano de 2060 a estimativa que a população idosa aumente para um
percentual de 25,5%. Segundo o IBGE (2018), é estimado que em 2039 o número de
idosos com mais de 65 anos superará o de crianças de até 14 anos, acelerando mais ainda
a trajetória de envelhecimento da população. Atualmente, a população com até 14 anos
representa 21,3% dos brasileiros e cairá para 14,7% até 2060, já a faixa entre 15 e 64
anos, que hoje responde por 69,4% da população, cairá para 59,8% em 2060.
(IBGE,2018)
Segundo Miranda (2016, p.508), o envelhecimento populacional está relacionado
a alguns problemas de saúde e, consequentemente, à previdência social, porém o
envelhecimento não deve estar sempre relacionado a estes problemas. Hoje, com os
avanços no campo da saúde e de suas tecnologias, aumentando a acessibilidade do povo
aos serviços de saúde, pode-se teoricamente promover uma melhor qualidade de vida a
população, inclusive a idosa. Desta forma torna-se fundamental o investimento em ações
que previnam doenças em todas as fases de vida do indivíduo.
Em decorrência do envelhecimento populacional, que tem crescido desde os
últimos 50 anos há necessidade de formulação de políticas públicas e intervenções
voltadas para as necessidades da população idosa, de maneira a garantir proteção social
para esta população. (MIRANDA, 2016)
17

2.2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE ENVELHECIMENTO


De acordo com Veras (2018), o marco internacional das políticas para o idoso foi
criado pela OMS com o intuito de encontrar os meios para: incorporar os idosos na
sociedade, mudar conceitos predefinidos e utilizar novas tecnologias para alcançar de
forma justa e democrática a equidade na distribuição dos serviços e facilidades para os
idosos.
Para Alcântara (2016, p. 359.), devido ao fenômeno do envelhecimento
populacional no Brasil foi necessário que Estado formulasse e implementasse políticas
para assistir à população idosa, além da implementação de um sistema de saúde que tenha
capacidade de atender às especificidades da necessidade dos idosos.
A Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, dispõe sobre a Política Nacional (PNI)
do Idoso. A PNI tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições
para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, de acordo
com o artigo 1º, considerando-se pessoa idosa aquela com mais de 60 anos de idade.
(BRASIL, 1994)
A PNI tem como um de seus princípios tornar a família, a sociedade e o Estado
responsáveis pela efetiva participação do idoso na comunidade, bem como na defesa de
sua dignidade e bem-estar e direito à vida, pois todos devem ter informações sobre o
processo de envelhecimento, visto que este é um processo que diz respeito a sociedade
em geral, ainda dispõe que o idoso deve ser o principal agente e o destinatário desta
política e as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições
entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser levadas em consideração na aplicação
desta lei. (ALCÂNTARA, 2016)
Seguindo a trajetória das políticas para os idosos em 2003 entra em vigor o
Estatuto do Idoso assume um papel fundamental na maneira como a velhice é vista e
tratada na sociedade brasileira. O mesmo está em vigor desde outubro de 2003,
atualmente 15 anos após a sua criação foi criada a comissão da Câmara dos Deputados
que cuida dos direitos dos idosos, estes criaram uma subcomissão para atualizar a PNI
(Lei 8.842/94) e o Estatuto Nacional do Idoso (Lei 10.741 de 1 de outubro de 2003).É um
dos objetivos desta subcomissão elaborar um projeto de lei para incluir, no Estatuto do
Idoso, um capítulo especial destinado ao cuidado. (BRASIL, 2003)
Com isso em julho de 2017, no dia 12, foram alterados os artigos 3, 15 e 71 do
estatuto do idoso, cujo o objetivo foi proporcionar prioridade especial para pessoas
18

maiores de 80 anos de idade, de acordo com a lei 13.466 de 2017, destacando ainda que
em todo atendimento de saúde, exceto em emergências, os idosos com mais de 80 anos
terão prioridade especial sobre os demais. (BRASIL,2017)
Para concluir o Estatuto do Idoso dispõe sobre como a família, a comunidade, a
sociedade e o Poder Público devem atuar para garantir ao idoso o efetivo direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania,
à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária.(ALCÂNTARA, 2016)
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, aprovada pela Portaria nº 2.528 de
19 de outubro de 2006 objetivou recuperar, manter e promover a autonomia dos
indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim,
em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. (BRASIL,
2006)
De acordo com Veras (2018), a PNSPI foi uma resposta, à política nacional de
saúde do idoso (PNSI) do Ministério da saúde de1999, devido a esta política manter todos
os itens de sua antecessora, porém com o foco na implementação das ações e indicando
as responsabilidades institucionais para o alcance da proposta. Esta política ainda orientou
o processo continuo de avaliação que deveria acompanhar seu desenvolvimento,
considerando possíveis ajustes determinados pela prática. (BRASIL, 2006)

A PNSPI, à semelhança da PNSI, teve por objetivo permitir um envelhecimento


saudável, preservando a capacidade funcional, autonomia e mantendo o nível de
qualidade de vida do idoso, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema
Único de Saúde (SUS), que direcionam medidas individuais e coletivas em todos os níveis
de atenção à saúde. (BRASIL, 2006)

2.3 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO


O processo de envelhecimento pressupõe alterações físicas, biológicas e sociais
no indivíduo. Essas transformações são gerais, podendo ser verificadas em idade mais
precoce ou mais avançada, em maior ou menor grau, de acordo com as características
genéticas de cada indivíduo e, principalmente, com o modo de vida de cada um.
(AZEVEDO, 2015)
19

Para Azevedo (2015), o processo de envelhecimento é considerado como um


processo de degeneração endógena das capacidades funcionais do organismo, de maneira
irreversível. Trata-se de um processo contínuo, iniciado antes de ser alcançado a idade
adulta e é construído durante todo o período da vida.
Segundo Freitas e Py (2016), os idosos, têm suas capacidades fisiológicas de
trabalho reduzidas, podendo associar-se a algumas doenças crônicas. Sendo assim é
inviável deste se inserir na sociedade, dando origem à sua marginalização e à perda da
sua condição social. Este é o quadro atual da sociedade perante a velhice.
O envelhecimento social da população traz uma série de modificação no status
do idoso e no relacionamento deste com outras pessoas em função de provável crise de
identidade provocada pela perda do papel social, o que pode diminuir a autoestima do
idoso. Além disso mudanças de papéis na família, no trabalho e na sociedade também
afetam a sua autoestima. (ALVAREZ, 2018)
Com aumento da expectativa de vida do idoso torna-se necessário uma adaptação
do mesmo a esta mudança, desta forma também pode ser analisado o aspecto econômico
do envelhecimento, pois ele passa a viver mais tempo com a aposentadoria. (FREITAS;
PY, 2016)
O idoso enfrenta inúmeras perdas desde a condição econômica ao poder de
decisão, à perda de parentes e amigos, da independência e da autonomia, diminuição dos
contatos sociais, que se tornam diminuídos por diversos fatores, como vida corrida,
limitação de deslocamento entre outros. (MIRANDA, 2016, p.513)
Além disso, o envelhecimento acarreta ao ser humano uma série de mudanças
psicológicas, que podem resultar em dificuldade de se adaptar aos papéis devido a falta
de motivação e dificuldade de planejar o futuro, ou a necessidade de trabalhar as perdas
sociais, psicológicas e físicas pela dificuldade de se adaptar as mudanças rápidas.
(FREITAS; PY, 2016)

2.3.1 Envelhecimento Ativo


De acordo com a OMS (2005, p.63), o envelhecimento ativo está relacionado ao
processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança visando a
melhora da qualidade de vida das pessoas que ficam mais velhas.
É possível enquadrar tanto indivíduos, quanto grupos populacionais na
abordagem do envelhecimento ativo. O envelhecimento ativo permite que pessoas
identifiquem o seu próprio potencial para o seu bem-estar ao longo da vida, e desta forma
20

participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades.


(OMS,2005)
A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais,
econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar
fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. As pessoas mais velhas
que se aposentam e aquelas que apresentam alguma doença ou vivem com
alguma necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para
seus familiares, companheiros, comunidades e países. O objetivo do
envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a
qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as
que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados.
(OMS,2005, p. 13)

Para que o envelhecimento ativo seja estabelecido é necessário programas e


políticas de envelhecimento ativo que reconheçam a necessidade de incentivar a
responsabilidade do autocuidado, proporcionar ambientes amistosos para a faixa etária e
promover solidariedade entre as diferentes gerações. É preciso que as famílias e
indivíduos planejem e se preparem para velhice, adotando um estilo de vida mais
saudável. (OMS, 2005)
Com isso, de acordo com a OMS (2005), pode-se extrair boas razoes econômicas
para a implementação de programas e políticas que promovam o envelhecimento ativo,
pois dessa forma é possível reduzir gastos com os cuidados. Para a OMS (2005) as
pessoas que envelhecem saudáveis continuam a trabalhar tendo menos problemas.
Hoje, em países industrializados, é muito comum se aposentar cedo, sendo isso
reflexo de políticas que incentivam aposentadoria precoce. Porem haverá mais pressão
para mudança de políticas que estimulem a aposentadoria precoce, a medida que os
indivíduos vão se tornando idosos saudáveis e aptos a trabalhar. Isso resolveria graves
problemas econômicos, compensando os crescentes números com pensões e
aposentadorias, além de custos com assistência médica e social.

2.4 ENFERMAGEM NO CUIDADO AO IDOSO


Segundo Freitas e Py (2016), a gerontologia é a ciência que estuda o processo
natural do envelhecimento nos aspectos biológicos, psicológicos, sociais e outros. É
considerado o campo científico e profissional dedicado às questões multidimensionais do
envelhecimento nos seus mais variados aspectos, visa a prevenção e a intervenção para
garantir a melhor qualidade de vida possível dos idosos.
De acordo com Eliopoulos (2011), a enfermagem geriátrica consiste em uma
assistência qualificada envolvendo a necessidade de procedimentos que possam integrar
21

as várias dimensões de cada etapa da vida do idoso quando surgem as doenças físicas,
psicológicas ou perda da funcionalidade e da independência, porem na busca de
aprimoramento dos cuidados direcionados aos idosos os enfermeiros devem vislumbrar
mais eficácia e competência em uma Enfermagem Gerontológica, aquela que envolve o
cuidado da pessoa idosa enfatizando a promoção da qualidade de vida e da saúde, não
apenas no atendimento ao idoso enfermo. (FREITAS; PY, 2016)
Para Eliopoulos (2011, p.102), os princípios da enfermagem gerontológica são
os seguintes:
Envelhecer é um processo natural e comum a todos os organismos vivos;
Vários fatores influenciam o processo de envelhecimento; Dados e
conhecimentos específicos são usados na aplicação do processo de
enfermagem à população de idosos; Os idosos compartilham necessidades de
autocuidado e necessidades humanas semelhantes às dos demais indivíduos; A
enfermagem gerontológica empenha-se em ajudar os idosos a atingir a
integridade pela obtenção de níveis excelentes de saúde física, psicológica,
social e espiritual.

Considerando a especificidade da gerontologia é possível demonstrar, em níveis


distintos, a atuação da enfermagem no cuidado de saúde do idoso, como na prevenção de
agravos, na reabilitação, no cuidado continuado em situações de cronicidade e nos
cuidados ao final da vida. Ainda é possível atuar em saúde coletiva com o cuidado da
população idosa em geral, promovendo um envelhecimento ativo e saudável. (FREITAS;
PY, 2016)
A prática desse cuidado parte de um referencial teórico, filosófico, ético e
estético, tendo como foco a pessoa idosa: esta enquanto cidadão é um ser partícipe de
uma família, cultura e sociedade; é um ser único, com trajetória histórica pessoal,
carregada de experiências vividas somadas às da vida presente e às futuras que dão
sentido ao seu viver. (ALVAREZ, 2018)
Desta forma, de acordo com Alvarez (2018), a enfermagem sendo profissão que
presta cuidado as pessoas em todo o período de vida das mesmas, tem um amplo campo
de atuação na gerontologia, tendo em vista o envelhecimento populacional cujas bases
estão na manutenção da autonomia, independência e capacidade funcional do idoso por
meio de estratégias de cuidado que favoreçam ao idoso manter-se o mais tempo possível
ativo e com saúde para realizar suas atividades de vida diária, convivendo e participando
de atividades em grupos e com seus familiares.
22

2.4.1 Modelos Assistenciais ao idoso


Compreende-se como modelo assistencial a organização de ações para intervir
no processo de saúde/doença, através da articulação de recursos físicos, tecnológicos e
humanos que são necessários para enfrentar problemas existentes na área da saúde em de
forma coletiva. Desta forma, existem modelos assistenciais que desenvolvem
intervenções que são exclusivamente de natureza médico-curativa e outros que
promovem ações de promoção e prevenção. (ANS, 2009)
De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o modelo
assistencial vigente no setor da saúde suplementar, os indivíduos são atendidos a partir
da demanda espontânea, suscitada pela presença de sintomas ou doenças. (ANS, 2009)
As doenças agudas são predominantemente mais frequentes na população mais
jovem. Com o processo de envelhecimento esse quadro muda, sendo mais comum as
doenças crônicas. As doenças agudas necessitam de uma assistência diferenciada, devido
a sua natureza das manifestações clínicas e a curta duração das mesmas. Já as doenças
crônicas perduram por muitos anos, impondo restrições para o indivíduo e familiares.
(ANS, 2009)
Segundo Oliveira (2016), é necessário a compreensão das atividades organizadas
em um fluxo hierarquizado, de forma que atividades que sejam executadas de forma
independente se interliguem, pois para o autor o atendimento ao idoso que ocorre de
maneira fragmentada, sem compreensão do processo de envelhecimento, avaliação de
funcionalidade, impacta negativamente a saúde.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS,2009) propõe, baseada no
conceito de envelhecimento ativo, buscar melhorias na qualidade de vida e manutenção
da capacidade funcional de toda a população, em todo período da vida, no processo de
envelhecimento. O objetivo é induzir uma reorganização no setor de saúde suplementar
para um modelo de atenção à saúde mais voltada para o cuidado integrado das condições
crônicas, que leve à racionalização dos recursos e produza melhoria da saúde.

2.4.2 Grupos de convivência


Especificamente em relação aos idosos, a atividade de natureza grupal assume
importância relevante neste contexto propiciando um espaço de escuta e o exercício de
socialização entre este contingente populacional (DALMOLIN, 2011, p.596).
O convívio de idosos em grupos de convivência é um espaço importante para
desencadear, tanto na pessoa idosa quanto na comunidade, uma mudança comportamental
23

diante da situação de preconceito para com o idoso. Os grupos de convivência procuram


fortalecer o papel social do idoso (RIZZOLLI, 2010)
Wichmann (2013) refere que, de maneira geral, os idosos procuram inicialmente
em grupos de convivência melhoria física e mental por meio de exercícios físicos.
Posteriormente, as necessidades aumentam e as atividades de lazer como viagens também
ganham espaço. Além desse desempenho na expectativa de vida, no grupo de convivência
ele está sempre desenvolvendo atividades ocupacionais e lúdicas que estimulam sua
autonomia, independência e capacidade funcional.
A percepção de uma boa qualidade de vida está diretamente interligada com a
autoestima e ao bem-estar, e esses fatores estão associados à boa saúde física e mental, a
hábitos saudáveis, a lazer, à espiritualidade e principalmente à manutenção da capacidade
funcional do indivíduo. Neste sentido, os grupos de convivência são uma forma de
interação, inclusão social e uma maneira de resgatar a autonomia, de viver com dignidade
e dentro do âmbito de ser e estar saudável. (WICHMANN, 2013)
Para Almeida et al. (2010), os grupos de convivência estimulam o indivíduo a
adquirir maior autonomia, melhorar sua autoestima, qualidade de vida, senso de humor e
promover sua inclusão social. Este fator influencia bastante a continuidade dos idosos nos
programas e nas mudanças positivas que ocorrem em suas vidas.

De acordo com Almeida et al. (2010), os idosos que participaram de grupos de


convivência apresentam melhora no domínio mental e físico, pois os mesmos relataram
melhor estado geral de saúde e capacidade funcional comparados aos idosos que não
participavam de grupos de convivência.

2.5. Qualidade de vida e envelhecimento


Para a OMS (1999), o conceito de qualidade de Vida apresenta uma percepção
individual da pessoa acerca da sua posição na vida no contexto da cultura e dos sistemas
de valores em que vivem e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações. É um conceito abrangente afetado de forma complexa pela saúde física,
estado psicológico, crenças pessoais, relações sociais e sua relação com as características
salientes de seu ambiente.
De acordo com Freitas e Py (2016), a subjetividade, a multidimensionalidade e
a bipolaridade são as três características principais do instrumento de avaliação da
qualidade de vida, estas são compartilhadas por diversas correntes de opinião.
24

Segundo Freitas e Py (2016), a respeito da multidimensionalidade, é consenso


entre os pesquisadores de que a qualidade de vida inclui no mínimo três dimensões: a
física, a psicológica e a social. Ao avaliar qualidade de vida, outras dimensões podem ser
acrescentadas, por motivos conceituais, pragmáticos, empíricos. A própria escala de
avaliação de qualidade de vida da OMS World Health Organization Quality of Life
(WHOQOL) inclui uma dimensão espiritual. Em relação à bipolaridade, considera-se que
o possua dimensões positivas e negativas, que podem ser aplicadas a condições tão
diversas como o desempenho de papéis sociais, a mobilidade, a autonomia, a dor, a fadiga
e a dependência. (SANTOS, 2015, p.30)
A qualidade de vida da população idosa envolve vários fatores combinados,
desde os aspectos biológicos funcionais até os socioculturais, combinado ao ciclo de vida
do ser humano. Assim, o envelhecimento bem-sucedido pode ser entendido como a
combinação da baixa probabilidade de adoecimento, a conservação das funções
cognitivas e físicas, relacionamento interpessoal e boa condição de vida. A qualidade de
vida na terceira idade parte de uma avaliação multidimensional que abrange as
interconexões do meio e da dependência de muitos elementos em interconexão constante
ao longo da vida. (FONSECA, 2013)
Existem muitos critérios para avaliar a qualidade de vida na velhice, porém deve-
se sempre levar em conta que a velhice não é homogênea, que existem muitos padrões de
envelhecimento e muitas maneiras de vivê-la. O autor considera cada idoso como um ser
único e que no decorrer da vida foi influenciado por eventos de natureza fisiológica,
patológica, psicológica, social, cultural, ambiental e econômica, os quais influenciam na
qualidade de vida da velhice. (SANTOS, 2015)
Segundo Santos (2015, p.26), para a avaliação da qualidade de vida na saúde do
idoso é necessário ressaltar a alguns pontos específicos, reforçando a utilização de
critérios híbridos como os que são contemplados nas escalas de avaliação da qualidade
de vida voltadas para o idoso.
O World Health Organization Quality of Life (WHOQOL) Group (1995)
elaborou uma escala que avalia a qualidade de vida, propondo que as questões do
instrumento se preocupem com as percepções das pessoas, em níveis diferentes de
questionamento, fazendo uma distinção entre percepções de condições objetivas (recursos
materiais, por exemplo) e aspectos subjetivos, a primeira pergunta é uma avaliação
objetiva, seguida por avaliações subjetivas. Portanto, devem-se formular questões que
envolvam avaliação global de comportamentos, estados emocionais e capacidades das
25

pessoas e de sua satisfação/insatisfação com tais comportamentos, estados e capacidades,


pois esse tipo de questionamento sobre as percepções das pessoas traz informações sobre
a qualidade de vida, enquanto o relato do funcionamento traz informações sobre o estado
de saúde. (FERENTZ, 2017)
26

3. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, fundamentada na
percepção e nos significados que os indivíduos atribuem em relação à qualidade de vida.
Segundo Gil (2017), a análise qualitativa depende de muitos fatores, tais como
a natureza dos dados coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os
pressupostos teóricos que nortearam a investigação. Pode-se, no entanto, definir esse
processo como uma sequência de atividades, que envolve a redução dos dados, a
categorização desses dados, sua interpretação e a redação do relatório.

3.1. Campo de estudo


O estudo foi realizado no Grupo de convivência que funciona no Espaço
Avançado de Trabalho Social com Idosos (UFFESPA), que é um programa de Extensão
da UFF que desenvolve a cidadania e o protagonismo social de idosos da cidade de Niterói
e adjacências.
Dentre os objetivos do Espaço Avançado, a análise de políticas sociais e as
questões relacionadas ao envelhecimento da população brasileira, além de possibilitar
processos participativos de reflexão sobre as questões sociais e do cotidiano que se
relacionam com os idosos ou que envolvam o envelhecimento humano nas diferentes
situações sociais e também facilitar aprendizados e trocas de experiências entre a equipe
e participantes, na perspectiva da organização social e política dos idosos frente aos
direitos sociais (SOUZA, 2017, p.37).
O espaço é aberto para aposentados ou idosos que residem em Niterói e
adjacências, também organiza suas atividades em oficinas, visitas culturais, intercambio
com outros grupos, cursos e conferências em vários campos da prática social,
educacional, artística, cultural e de lazer.

3.2 Participantes do estudo


Os Participantes do estudo foram selecionados a partir dos seguintes critérios de
inclusão: idosos a partir de 60 anos, de ambos os sexos e dos critérios de exclusão: idosos
com limitações mentais que inviabilizassem responder ao questionário e aqueles que
estivessem ausentes no período da coleta de dados.
27

3.3. Produção de dados


A coleta de dados ocorreu entre os meses de agosto a setembro de 2019. Para
isso, inicialmente os idosos eram abordados quanto ao interesse em participar do estudo,
mediante prévio esclarecimento quanto aos objetivos da pesquisa e forma de coleta de
dados. Em seguida, quando expressavam interesse em participar da pesquisa, eram
agendadas as entrevistas segundo disponibilidade de cada um.
Utilizou-se como técnica de coleta de dados a entrevista semiestruturada
(Apêndice A) que, segundo Gil (2017), é aquela que apresenta um nível de estruturação
por meio de temas ou perguntas chaves, em que o entrevistado tem a oportunidade de
transcorrer sobre um determinado assunto livremente. Ao mesmo tempo, permite ao
entrevistador aprofundar questões não previstas no roteiro.
As entrevistas ocorreram em uma sala no próprio Espaço Avançado para garantir
a privacidade dos mesmos. Tiveram uma duração média de sete minutos, foram gravadas
em aparelho digital em formato de áudio. Este procedimento foi adotado para extrair o
máximo de informações provenientes dos idosos por meio da fala.

3.4. Organização e análise dos dados


Após a coleta de dados as participantes foram identificadas por meio do
significado dos nomes que elas escolheram para si que foram: Dócil, Ovelha, Beleza
Incomum, Pura, Forte, Margarida, Rainha, Branca, Gêmea e Joaninha.
Após transcrição na integra das entrevistas os dados foram submetidos à análise
temática de conteúdo (BARDIN, 2010, pag.80) nas etapas: (1) Pré-análise: leitura
flutuante, que implica em conhecer inicialmente o material e criar familiaridade com ele;
(2) Exploração do material: várias releituras, um esforço contínuo para desnudar os
sentidos de cada comunicação na busca de aclarar os sentidos ocultos, de identificar os
discursos ideológicos e simbólicos, de desnudar as mensagens cifradas por um código de
interpretação específico; (3) Tratamento dos resultados e interpretação: Após a
codificação emergiram os seguintes temas: Equilíbrio na vida; Convivência Social;
Cidadania; Autonomia e Independência.
Foram elaboradas figuras que representam a síntese da fala das participantes,
indicando as principais falas relacionadas aos respectivos temas que surgem de acordo
com as perguntas realizadas.
28

3.5. Aspectos Éticos


O estudo é parte do Projeto de Pesquisa: Oficinas de educação em saúde e
autocuidado: um estudo com idosas de um grupo de convivência, aprovado pelo
CEP/HUAP/UFF sob parecer n0 2.481.721. Os participantes foram informados quanto aos
objetivos do estudo, forma de coleta de dados e quanto à assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice B).
29

4. RESULTADOS
4.1. Caracterização dos participantes
Participaram do estudo 10 idosos todos do sexo feminino, na faixa etária entre
62 a 86 anos. A maioria das idosas era viúva e residiam com filhos em apartamento,
moradoras da região metropolitana do Rio de Janeiro.
Quadro 1:Caraterísticas sociodemográficas dos participantes, Niterói, 2019.
ESTADO
IDOSA IDADE MORADIA CONVÍVIO
CIVIL
Dócil 86 Apartamento Sozinha Viúva
Ovelha 81 Apartamento Com Filho Separada
Beleza
68 Apartamento Com Filho Solteira
incomum
Pura 78 Apartamento Com Filho Separada

Forte 68 Casa Com Filho Viúva

Margarida 82 Apartamento Sozinha Viúva

Rainha 69 Casa Sozinha Viúva

Branca 68 Casa Com Filho Viúva


Sozinha
Gêmea 62 Casa Solteira
(perto da família)
Joaninha 70 Apartamento Com o Marido Casada
Fonte: Entrevistas, Alcantara, 2019

Através da análise das entrevistas foram identificados os temas mais frequentes


conforme mostra o Quadro 2.
Quadro 2: Síntese da Análise dos Dados
Equilíbrio Convivência Autonomia e
Temas Cidadania
na vida social Independência
O que é
qualidade de 8 pessoas 2 pessoas 0 2 pessoas
vida?
Como ter
Qualidade de 3 pessoas 2 pessoas 4 pessoas 1 pessoa
Vida?
Como está a
sua Qualidade 3 pessoas 2 pessoas 1 pessoa 5 pessoas
de Vida?
Como melhorar
a Qualidade de 2 pessoas 2 pessoas 3 pessoas 5 pessoas
Vida?
Fonte: Entrevistas, Alcântara 2019
30

Constata-se que as falas mais frequentes dos idosos remetem ao equilíbrio na


vida (n=8) diante da pergunta “O que é qualidade de vida?”, este tema também é o que
mais aparece somando-se as aparições em todas as respostas dos participantes (n=16).
Em relação pergunta “Como ter qualidade de vida?” o tema que mais apareceu
foi o da cidadania (n=4). O tema foi o que menos apareceu somando-se todas as respostas,
com o mesmo número de aparições que convívio social (n=8), este tema também não
apareceu nenhuma vez diante da pergunta sobre o que é qualidade de vida.
A temática do convívio social aparece mais timidamente, porém com a mesma
frequência de aparição em todas as perguntas (n=2).
Já autonomia e Independência é o tema com maior número de aparições frente
as perguntas sobre como está e como melhorar a qualidade de vida, aparecendo com
mesma frequência diante das duas perguntas (n=5).

4.2.1. O que é qualidade de Vida?


Ao serem questionadas sobre o que é qualidade de vida foram predominantes as
falas relacionadas a ter equilíbrio na vida, com oito pessoas destacando o tema através
das expressões ou “códigos demonstrados na figura1. Duas pessoas destacaram a temática
do convívio social e mais duas pessoas levantaram o tema da autonomia e independência,
conforme a representação naFigura1.
Para as idosas Ovelha, Dócil, Pura, Margarida, Forte, Rainha, Branca e Aliança
a qualidade de vida está no equilíbrio, conforme o relato da Ovelha sobre o assunto:
Acho que qualidade de vida é viver bem, procurar viver e fazer tudo o que é
bom, não dever a ninguém, não gastar dinheiro de forma exagerada, pois tem
gente que quer comprar coisas demais para todo mundo e se endivida, briga
em casa. (Ovelha)

Equilíbrio na vida é não ter mais nem menos do que se precisa, é ter e /ou ser
suficiente, a idosa destaca a paz de se viver sem exageros, evitando situações estressantes.
Já para a idosa Beleza Incomum e Joaninha a qualidade de vida está ligada ao
convívio social, através da fala da idosa Beleza Incomum é evidenciado isso, pois para
ela é importante sair de casa para não se isolar:
A gente que é idoso se sente muito só, muitos acabam tendo depressão por
isso, pois não tem muito o acolhimento da família, os filhos vão para longe, a
maioria sente aquela síndrome do ninho vazio, eu mesma tenho, tenho
depressão, tomo remédio. A primeira coisa que me vem à mente quando se fala
em qualidade de vida é procurar estar bem, sair sempre algum lugar, sair de
casa, não podemos nos isolar! (Beleza Incomum)
31

A partir deste depoimento nota-se a importância da convivência social para a


idosa Beleza Incomum, para ela que tem diagnostico de depressão, estar junto a outras
pessoas é uma forma de amenizar os sintomas desta doença.
As idosas Rainha e Beleza Incomum consideraram a autonomia e independência
para definir a qualidade de vida, Rainha ressalta que qualidade de vida é não precisar
depender de ninguém:
(...) Primeiro boa saúde e você ganhar o suficiente pra não depender de
ninguém. Isso é qualidade de vida. (Rainha)

Figura 1: Temas associados à Qualidade de Vida segundo os idosos

Fonte: Alcantara, 2019

4.2.2. Como ter qualidade de vida?


Quando questionadas a respeito de como ter qualidade de vida surgiu um novo
tema, o da cidadania, que acabou sendo o mais mencionado pelas idosas diante desta
pergunta. Quatro pessoas que destacaram o tema da cidadania, três levantaram a temática
do equilíbrio na vida, duas falaram de convívio social e houve uma fala sobre autonomia
e independência (Figura2).
As idosas Aliança, Branca, Joaninha e Pura falaram, que é necessário cidadania
para se ter a qualidade de vida através da seguinte frase:
É necessário saúde, educação, moradia, ter emprego. (Aliança)

A idosa Joaninha responde que para se ter qualidade de vida é necessário:

Primeiramente educação desde pequeno, ter orientação e exemplos


adequados. (Joaninha)

Joaninha fala da cidadania no aspecto dos direitos sociais, como acesso a


educação e aprendizado de valores.
32

Para idosa Dócil, Beleza Incomum e Margarida é necessário ter equilíbrio na


vida para alcançar a qualidade de vida conforme a conotação da fala da idosa Dócil, que
remete a necessidade de se ter um equilíbrio nas coisas que se tem e naquilo que somos,
Dócil diz o seguinte:
É necessário valorizar o que se tem, ter um Hobbie, não ter preocupação, não
ter restrições. (Dócil)

Já as idosas Ovelha e Forte consideram que é necessário se ter convívio social


para se obter a qualidade de vida, Ovelha diz:
Eu preciso ter mais companhia, ter mais família em casa, ter mais atenção pra
mim. (Ovelha)

Para a idosa Ovelha também é necessário buscar pelo convívio social para se ter
qualidade de vida:
Temos que procurar estar com os amigos. (...) É Preciso ter mais companhia,
ter mais família em casa, ter mais atenção pra mim. (Ovelha)

Já a idosa Rainha, foi a única a destacar atemática da autonomia e independência


ao trazer em sua fala que para se ter qualidade de vida é necessário:
Estudar, batalhar para ter emprego, ter uma poupança p não depender de
ninguém, cuidar da saúde desde cedo. (Rainha)
Figura 2: Temas associados a como ter qualidade de vida, segundo os idosos.

Fonte: Alcantara, 2019


33

4.2.3. Como está a sua qualidade de vida?


Diante da pergunta “como está a sua qualidade de vida?” o tema mais comum
foi o da autonomia e independência, com cinco pessoas inserindo a temática em suas
respostas, o tema equilíbrio na vida foi identificado no discurso de três pessoas, duas
pessoas falaram sobre convívio social e uma sobre cidadania. (Figura3)
A idosas Ovelha, Pura, Forte, Rainha e Branca associaram a qualidade de vida
delas ao tema autonomia e independência através de suas respostas.
Para a idosa Branca sua qualidade de vida está boa, pois é capaz de ter e fazer o
que precisa, como ela traz em sua resposta à pergunta:
Boa, porque eu tenho minha casa própria, porque posso comprar o meu
remédio, posso fazer meus exames. (Branca)

Para a idosa Forte sua qualidade de vida está boa, pois ela pode fazer o que gosta
sem depender de ninguém, ela diz:
Pra mim ta boa, eu trabalho, faço atividade física, passeio com minhas
amigas, viajo uma vez por mês pra minha terra, uma vez ao ano faço uma
internacional, eu não dependo de ninguém pra isso! (Forte)

O tema equilíbrio na vida foi trazido nas respostas das idosas Joaninha,
Margarida e Dócil. Para a idosa Joaninha a sua qualidade de vida é boa, pois ela tem
equilíbrio na vida, como a mesma diz:
Tem algumas coisinhas, mas para mim está muito boa, temos o necessário p
viver, todos tem sua casa própria. Meu marido é aposentado da UFF, as
dificuldades aparecem, mas nós vamos superando. Estou gostando porque não
estou na depressão, tenho minhas amizades, sou otimista. (Joaninha)

As idosas Beleza Incomum e Branca consideram ter uma boa qualidade de vida
devido a ter convívio social como relata a idosa beleza incomum:
Apesar de ter esse problema de depressão, eu me sinto bem, principalmente
quando estou aqui na UFF, com as professoras, por um lado a gente se sente
menos desamparada, mesmo com os filhos longe da gente, aqui a gente sente
as professoras fossem filhas da gente, isso ajuda muito. (Beleza incomum)

Beleza Incomum traz em sua fala o quanto é necessário para ela ter esse convívio
social no UFFASA, expressando seus sentimentos positivos a respeito de se ter uma vida
convivendo com outras pessoas.
A respeito de como está a qualidade de vida das participantes, elas levantaram,
com a mesma frequência que nas respostas as perguntas anteriores, a importância do
convívio social, apontando um dos principais aspectos positivos relacionados a sua
própria qualidade de vida.
34

A idosa Aliança, única a elaborar uma resposta com cunho de cidadania,


respondeu que a sua qualidade vida não está boa devido as condições sociais as quais os
idosos estão submetidos.

Não é boa, mas dá para sobreviver, porque nós idosos temos um salário
mínimo, e com isso não dá pra cuidar da saúde, de ter um lazer. (Aliança)

A idosa Aliança traz a realidade difícil de ser um idoso nos dias de hoje, sendo
privado de seus direitos.

Figura 3: Temas associados a como está a qualidade de vida dos idosos

Fonte: Alcantara, 2019

4.2.4. Como melhorar a sua qualidade de vida?


Em relação a pergunta “Como melhorar a sua qualidade de vida?” o tema mais
encontrado na fala dos idosos foi o de autonomia e independência, com 5 pessoas
apontando a temática, o segundo mais falado foi equilíbrio na vida com 3 pessoas, seguido
de cidadania e convívio social sendo encontrado no discurso de 2 pessoas cada tema.
(Figura4)
As idosas Beleza Incomum, Forte, Margarida, Rainha e Joaninha falaram que
para melhorar as suas respectivas qualidades de vida é necessário ter mais liberdade, estar
sempre em movimento, adquirir mais conhecimento, se permitir viver melhor, o que
remete a temática da autonomia e independência, que é nitidamente expresso na fala da
idosa Rainha:
Viajar mais, curtir mais, me permitir aproveitar mais! (Rainha)

Para a Rainha, assim como para outras idosas é necessário ter independência
para se melhorar a qualidade de vida.
35

A idosa Joaninha traz a questão do ciúme do marido como fator que restringe a
sua independência, em seu relato a mesma diz que gostaria de ter mais liberdade para sair
e fazer o que gosta. Ela diz:
Gostaria que meu marido não tivesse muito ciúme de mim, para eu poder
curtir mais a UFF e o SESC que eu frequento, meu marido não faz e não gosta
que eu vá. (Joaninha)

O equilíbrio na vida foi destacado pelas idosas Beleza Incomum, margarida e


Branca, como destaca a esta última idosa:
Eu tenho que me preocupar menos, me importo muito com o que meus filhos
fazem e tira muito o meu sossego isso, me prejudica. (Branca)

Para as idosas Ovelha e Margarida para melhorar a qualidade de vida é preciso


ter mais convívio social como o relato da idosa Ovelha:
Queria ter mais companhia em casa! (Ovelha)

As idosas Dócil e Ovelha acreditam que para melhorar a qualidade de vida é


necessária mais cidadania, como expresso na fala da idosa Dócil:
Gostaria de fazer curso de informática, porque eu uso, mas não sei mexer
direito, ter uma casa maior. (Dócil)

A idosa Dócil expõe que gostaria de ter o direito de aprender novas coisas,
trazendo a conotação de educação no contexto da cidadania.

Figura 4: Temas associados a como melhorar a qualidade de vida

Fonte: Alcantara, 2019


36

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Atualmente envelhecer não é mais algo reservado a uma pequena parcela da
população. É direito de todas as classes. Logo, a condição de gênero, especialmente a da
mulher, se evidencia porque a maior parte dos velhos se constitui de mulheres, de acordo
com dados da Projeção do IBGE de 2018sobre a atual transição demográfica brasileira
sob a ótica de gênero e dados da última projeção do IBGE (2010).
Estes dados podem ser reforçados através da coleta de dados do presente estudo
que obteve todos os voluntarias do sexo feminino. Hoje é constatado um processo de
feminização da velhice, ou seja, quanto mais a população envelhece, mais feminina ela
se torna, necessitando, desta forma, de pesquisas sobre as características e consequências
desse “desequilíbrio” em sua complexidade social e subjetivas.”. (ALMEIDA, 2015).
Hoje, as mulheres representam 55,5% da população idosa brasileira e 61% do contingente
de idosos acima de 80 anos (IBGE, 2018).
De acordo com Monteiro (2017) a velhice não é vivenciada, não é vivida da
mesma forma para ambos os sexos, pois esta é uma questão de gênero, está
relacionada a construção social, que os define papéis de cada, que atribui
características consideradas naturais ao sexo feminino e masculino de forma que as
situações existenciais atingidas hoje, em grande parte apenas culminam as expectativas
sociais postas em seus caminhos.
Para Freitas e Py (2016), a qualidade de vida no processo de envelhecimento é
composta por multiplicidade de aspectos e influência inerentes ao fenômeno e pode ser
representada em quatro dimensões inter-relacionadas: Ambientais, comportamental,
qualidade de vida percebida e bem-estar subjetivo.
Já Paschoal (2008. Pag.11) define qualidade de vida da seguinte forma:

Qualidade de Vida é a percepção de bem-estar de uma pessoa, que deriva de


sua avaliação do quanto realizou daquilo que idealiza como importante para
uma boa vida e de seu grau de satisfação com o que foi possível concretizar
até aquele momento.

Assim, atualmente ao contrário de situações anteriores, quando se ignoravam as


necessidades e percepções dos indivíduos do que constituía uma qualidade de vida
aceitável para eles, hoje se enfatiza que as perspectivas das pessoas devem ser
profundamente compreendidas e levadas em consideração. (FREITAS; PY, 2018).
Com isso cabe a entrevista para a captação de pensamentos e ideias que os
próprios idosos têm acerca da qualidade de vida e a partir disso explorar as
37

multiplicidades dos aspectos e influências do envelhecimento, para que seja possível


identificar potencialidades e fragilidades afim de que seja possível analisar as
contribuições do enfermeiro para a melhoria da qualidade de vida neste processo.
Logo a partir da ótica e da percepção dos idosos participantes do presente estudo
se pode observar que qualidade de vida para os mesmos está ligada a quatro temas:
Equilíbrio na vida; Convívio Social; Autonomia e independência; Autonomia.

5.1. Equilíbrio na vida


De acordo com o Dicionário Houaiss da língua portuguesa (2001, p.1184) a
palavra equilíbrio significa harmonia, que pode ser utilizado como uma figura de
linguagem para se referir a estabilidade emocional e mental; Controle e autocontrole;
Igualdade de quantidade, sem exceder para mais ou para menos e afastamento de qualquer
excesso.
Logo quando se fala em equilíbrio associado a vida, aplicando-se a definição
designada a palavra através do Dicionário Houaiss, entende-se que equilíbrio na vida se
trata de uma vida sem escassez e sem excesso, estável em todos os aspectos que envolvam
a vida e interfiram na mesma, como aspecto econômico, social, afetivo, psicológico e
espiritual.
Para Freitas e Py (2011) a qualidade de vida tem múltiplas dimensões, como, por
exemplo, a física, psicológica e social, cada uma comportando vários aspectos. Desta
forma não adianta se atentar a apenas uma destas dimensões, e não observar outras, pois
é necessário se estabelecer este equilíbrio para uma melhor qualidade de vida.
Através da análise dos resultados do presente trabalho, foi observado que a para
a maioria dos entrevistados a qualidade de vida é ter uma vida equilibrada, devido a falas
recorrentes sobre viver em um ambiente calmo, ter estabilidade, ter uma família, não ter
mais nem menos do que se precisa. Estas falas reforçam a ideia de Calvetti (2006) de que
a concepção de qualidade de vida está ligada a vários aspectos presentes na vida do ser
humano, como moradia, lazer, educação e trabalho, para o autor o equilíbrio desses
componentes da vida diária irá compor o grande mosaico que constitui a qualidade de
vida.
Em sua pesquisa Santos (2013) conclui que qualidade de vida está ligada à
harmonia e ao equilíbrio em diferentes aspectos dos seres humanos, como saúde, trabalho,
lazer, sexo, família e desenvolvimento espiritual, esta perspectiva está de acordo com a
definição da OMS, que entende por qualidade de vida a saúde física, psicológica, o baixo
38

nível de dependência, as relações sociais saudáveis, o cultivo das crenças e as relações


satisfatórias com o ambiente (OMS, 2005)

5.2. Autonomia e Independência


Para Freitas e Py (2017), a capacidade funcional é a aptidão do idoso para
realizar determinada tarefa que lhe permita cuidar de si mesmo e ter uma vida
independente em seu meio. A funcionalidade do idoso é determinada pelo seu grau de
autonomia e independência, sendo avaliada por instrumentos específicos. As atividades
básicas de vida diária são aquelas que se referem ao autocuidado, ou seja, são as
atividades fundamentais necessárias para realizá-lo: tomar banho, vestir-se, promover
higiene, transferir-se da cama para a cadeira e vice-versa, ter continência, capacidade de
alimentar-se e deambular.
À medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é fortemente
determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência.
Para Espírito Santo (2019, p.18) a autonomia é um fator relevante para se obter
um envelhecimento saudável e com qualidade de vida pois:

O envelhecer com qualidade requer preservação da autonomia, que se refere à


habilidade de controlar as Atividades da Vida Diária, manutenção da
independência e capacidade funcional para realizar ações básicas cotidianas
como comer, fazer higiene diária, locomover-se, dentre outras, e as Atividades
Instrumentais da Vida Diária, tais como gerir finanças pessoais e a própria
medicação, fazer compras e outras atividades complexas do cotidiano.

Manter a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é


uma meta fundamental para indivíduos e governantes. Além disto, o envelhecimento
ocorre dentro de um contexto que envolve outras pessoas. Esta é a razão pela qual
interdependência e solidariedade entre gerações são princípios relevantes para o
envelhecimento ativo.
A temática da autonomia e independência foi a mais abordada quando se foi
falado a respeito de como estava e como melhorar a qualidade de vida das idosas. Por
serem participantes de um grupo de convivência, as idosas estão sendo constantemente
submetidas a estímulos cognitivos, sensoriais, motores que promovem melhora na
autonomia e independência delas, consequentemente na qualidade de vida (OMS, 2005).
Diante disso o enfermeiro e outros profissionais da saúde poderiam oferecer e
encorajar o idoso à realização de atividades que envolvam práticas preventivas dedicadas
ao bom funcionamento e conservação de seus sistemas corporais. Possibilitando desta
39

forma o Adiamento dos danos provocados pelo processo fisiológico do envelhecimento,


que se colocam como barreiras à capacidade funcional. Para isto, é necessário estimular
e incentivar o autocuidado e a realização de consulta de, para que seja possível reunir
dados significativos para a tomada de decisão relacionada às ações preventivas, e
também, para estabilizar sinais e sintomas e promover mais saúde e qualidade de vida aos
idosos (SANTOS, 2013).

5.3. Convivência Social


Para Freitas e Py (2017), foi encontrado dentre os fatores associados a satisfação
de vida entre idosos a maior atividade social. Portanto, os dados sobre a relação entre
eventos objetivos e subjetivos e a avaliação da qualidade de vida na velhice são: Doenças
e incapacidade que determinam restrições nas oportunidades de acesso à estimulação
prazerosa e ao envolvimento social relacionam-se com depressão e com afetos negativos.
Através convívio com outras pessoas ela encontra segurança, afeto, bem-estar,
encontra uma maneira de melhorar a sua qualidade de vida (FREITAS; PY, 2017). Isso
reforça a fala das participantes sobre qualidade de vida, para elas o convívio está
relacionado a sentimentos bons que proporcionam a mesma. As idosas relataram com
uma frequência constante de duas aparições do tema convívio social para cada pergunta
da pesquisa, o que demonstra a importância deste tema para se obter e melhorar a, além
de refletir o que é e como está a qualidade de vida na opinião destas idosas.
De acordo com Santos (2013) no contexto brasileiro a realização de atividades
interativas, a formação de grupos comunitários, os eventos recreativos, os projetos sociais
e a busca de parcerias para inserção social que os mantem ativos e participantes no
contexto em que estão inseridos promovem uma maior qualidade de vida nestes.
Nesse sentido, campanhas de conscientização da família e da sociedade são
vitais para a mudança de mentalidade no tratamento da questão do envelhecimento,
considerando a importância de ajustar a sociedade ao convívio e acolhimento dos idosos,
para garantir-lhes uma melhor qualidade de vida (ALVES, 2014, p.73).
Como consta na Política Nacional do Idoso (Brasil, 1994), o envelhecimento
populacional não diz respeito apenas à pessoa idosa, mas a toda a sociedade, ao modo
como está se organiza em relação a este segmento populacional.
40

5.4. Cidadania
A cidadania é a situação social que proporciona ao ser humano gozo de direitos
que lhe possibilitam participar da vida política e social na comunidade em que está
inserido (PEQUENO, 2016).
Para Caniello (2016), a comunidade política a qual a sociedade está submetida
para a obtenção da cidadania é ordenada por um sistema de valores construído sobre
aqueles sentimentos ou princípios de pertença que estabelecem a ligação espiritual do
indivíduo com a sua coletividade, os quais estão arraigados na sua alma porque advêm de
duas heranças básicas que constituem a “pessoa”, que impactam diretamente na qualidade
de vida do indivíduo.
Diante das falas dos entrevistados pode-se notar o quanto estes sentem o impacto
do exercício da cidadania no que tange a qualidade de vida, principalmente quando estes
foram questionado sobre o que é necessário para se ter qualidade de vida, pois a maioria
dos participantes trouxeram esta temática em suas respostas, aparecendo 4 vezes diante
desta pergunta.
Para Espirito Santo (2019), a implementação de políticas públicas que garantam
a cidadania no Brasil é um desafio diante das atuais demandas da sociedade.
O Brasil apresenta uma realidade congruente com o cenário mundial, e tal
prognóstico de longevidade para a maioria dos cidadãos brasileiros representa
conquistas e desafios quanto à democratização da qualidade de vida para
aqueles que envelhecem em espaços de vulnerabilidade social e a necessidade
de adequação e fortalecimento das políticas públicas a essa população
especialmente no campo da saúde pois, ao lado da assistência social e da
previdência, a saúde forma o tripé da seguridade social. (ESPIRITO SANTO,
2019, p.2)

Para Borges e Alberton (2018), o envelhecimento populacional é uma das


principais preocupações sociais do momento e desafia a sociedade em geral a levar em
conta suas necessidades, não os excluindo do exercício de direitos e também, de forma a
garantir que os mesmos não sejam encarados como pessoas que merecem um tratamento
caridoso do Estado, mas uma assistência diferenciada visto as demandas desta população.
Se trata de um grande desafio a criação de mecanismos que garantam ao idoso a sua
cidadania e principalmente seu lugar na sociedade.
A profunda desigualdade, característica marcante de toda a América Latina,
reflete no Brasil e induz a pensar nas dificuldades a serem enfrentadas na efetivação dos
seus direitos básicos peculiares que demandam um envelhecimento digno.
41

Através das pesquisas de outros autores a respeito de cidadania nota-se que ainda
há algumas falhas na implementação de direitos dos idosos, pois muitos deles relatam ter
seus direitos restritos, principalmente no que diz respeito a saúde, lazer e educação.
De acordo com Santos (2013), dentre as muitas atribuições do enfermeiro em
relação ao cuidado da pessoa idosa, cabe a este profissional promover espaço para o
educar alternativo e exercício de cidadania entre pacientes e profissionais, discutir filmes
ou peças teatrais, promover grupos, estimular a capacidade criadora, a arte, a prática de
dramatização, o desenho ou o artesanato, que viabilizam, aos idosos, ensinar o que sabem.
42

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo mostrou que na visão da maioria das idosas qualidades de vida é viver
de forma equilibrada, devido a identificação de muitas falas remetendo a estabilidade,
fazer o que se gosta sempre com moderação e ter apenas o que se precisa. O estudo teve
uma limitação no que se refere ao tamanho da amostra, ao se apresentar em número
reduzido, permitindo considerar os resultados encontrados apenas para a população em
questão. Porem devido ao caráter qualitativo da pesquisa o impacto não foi tão
significativo, pois o objetivo foi explorar as opiniões, analisando as diferentes
representações possibilitando um aprofundamento real do conhecimento.
Outro fator limitante foi o critério de exclusão de participantes do sexo
masculino, tendo os resultados desta pesquisa o reflexo da visão de qualidade de vida
apenas de idosos do sexo feminino.
Equilíbrio na vida foi o mais frequente, somando-se a respostas das idosas a
todas as perguntas realizadas na entrevista. Logo pode-se concluir que a temática tem
grande impacto na visão dos idosos participantes sobre o que é qualidade de vida e a
necessidade de se estabelecer este equilíbrio para se obter a qualidade no viver.
Autonomia e Independência foi o segundo tema mais recorrente na fala das
idosas, aparecendo, principalmente diante das perguntas sobre como está e como
melhorar a qualidade de vida. Das idosas pertencentes ao grupo de convivência 50%
consideram que levam uma vida boa devido a não depender de ninguém e a ter liberdade.
Também foi visto que 50% destas idosas consideram necessário ter mais autonomia para
a melhora das suas respectivas qualidades de vida.
O convívio social foi um tema que apareceu mais timidamente que anteriores,
porém, sua aparição foi a mesma diante das quatro questões, porem sempre haviam duas
pessoas distintas que traziam este tema, ressaltando sua importância.
O tema da cidadania foi o mais abordado diante da pergunta sobre como ter
qualidade de vida, muitas idosas trouxeram a temática ressaltando a necessidade de
gozarem dos direitos que os idosos tem e muitas fezes não usufruem. Foi observado que
nenhuma idosa falou a respeito deste tema para responder sobre o que é qualidade de vida,
e diante das demais perguntas foi pouco frequente a sua aparição.
43

Com isso pode-se concluir que o enfermeiro tem importante papel na promoção
da qualidade de vida desta população, e para isso é necessário mais reflexões sobre
modelos assistenciais adequados em vista das demandas apresentadas. O enfermeiro tem,
junto a sociedade, o dever de colaborar para que o idoso seja tratado com dignidade,
respeitando os direitos e as necessidades desta população, contribuindo assim para uma
sociedade com pessoas mais ativas e produtivas, melhorando a qualidade de vida dos
idosos, favorecendo a população como um todo.
44

7. OBRAS CITADAS

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setor suplementar: evolução e avanços do processo regulatório. Rio de Janeiro: ANS,
2009. Disponível em:
<http://www.ans.gov.br/images/stories/Materiais_para_pesquisa/Materiais_por_assunto/
Livro_Manual_AtencaoSaude.pdf.>. Acesso em 18. out. 2018.

ALCÂNTARA, Alexandre de Oliveira. Da Política Nacional do Idoso ao Estatuto do


Idoso: A difícil construção de um sistema de garantias de direitos da pessoa
idosa.InALCÂNTARA, Alexandre de Oliveira; CAMARANO, Ana Amélia;
GIACOMIN, Karla Cristina; Política nacional do idoso : velhas e novas questões. Rio
de Janeiro : Ipea, 2016. p. 359. cap 14. Disponível
em:<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=2
869>. Acesso em: 18 out. 2018.

ALMEIDA, Edelves Alves de; MADEIRA, Gleison Dias; ARANTES, Paula Maria
Machado and ALENCAR, Mariana Asmar. Comparação da qualidade de vida entre
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de Itabira-MG. Rev. Bras. Geriatr.Gerontol. Brasília 13(3), 453-443, 2010.Disponível
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familiar: Estudo sobre um Grupo de Convivência na cidade de Cruz das Almas- Bahia.
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Social. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. 2014. Disponível em:
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Acesso em 02. dez. 2019.
45

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Monográficos de Conclusão de Curso. 10. ed. rev. e atualizada por Estela dos Santos
Abreu e José Carlos Abreu Teixeira. Niterói: EdUFF, 2012. Disponível
em:<http://www.eduff.uff.br/ebooks/Apresentacao-de-trabalhos-monograficos-de-
conclusao-de-curso-Edicao-10.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2019.

WHO. Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde. Disponível em:


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WICHMANN, Francisca Maria Assmann; COUTO, Analie Nunes; AREOSA, Silvia


Virgínia Coutinho; MONTANES, Maria Concepción Menéndez. Grupos de convivência
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VERAS, Renato Peixoto; OLIVEIRA, Martha. Envelhecer no Brasil: a construção de um


modelo de cuidado.Rev. Ciência & Saúde Coletiva, 23(6):1929-1936, 2018. Disponível
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2018.
49

8. APÊNDICES

8.1. Apêndice A: Roteiro de entrevista

Universidade Federal Fluminense


Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa
Curso de graduação em enfermagem e licenciatura
Orientadora: Professora Doutora Fátima Helena do Espírito Santo
Discente: Letícia Goulart de Alcantara
Título da Pesquisa: Envelhecimento e Qualidade de Vida: Visão de Idosos de um Grupo
de Convivência.

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome___________________________________________Idade:_____Sexo ( ) F ( ) M
Estado civil: ( ) casado ( ) solteiro ( ) união estável ( ) separado ( ) viúvo
Mora: ( ) sozinho ( ) com filho(a) ( ) com amigos ( ) outros ___________________
Tipo de residência: ( ) Apartamento ( ) casa ( ) outros __________________________

• O que senhor(a) entende por qualidade de vida?


• O que é preciso para ter qualidade de vida?
• Como está sua qualidade de vida hoje?
• O que o senhor(a) sugere para a melhoria da sua qualidade de vida?
50

8.2. Apêndice B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O (a) senhor (a) está sendo convidada a participar do estudo: “Qualidade de vida
e Envelhecimento: Visão de Idosos de um Grupo de Convivência” de responsabilidade
da pesquisadora, Fernanda Figueiredo de Souza e Souza pertencente à instituição
Universidade Federal Fluminense. Os objetivos do estudo são conhecer a forma com que
os idosos idoso de um grupo de convivência veem e compreendem qualidade de vida no
decorrer do envelhecimento. Depois de consentir em sua participação se oSr (a) desistir
de continuar participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em
qualquer fase da pesquisa, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do
motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa. O (a) Sr (a) não terá nenhuma despesa e
também não receberá nenhuma remuneração. Os resultados da pesquisa serão analisados
e publicados, mas sua identidade não será divulgada, sendo guardada em sigilo. Em caso
de dúvidas do participante, ele poderá perguntar diretamente no momento da entrevista.
Em caso de dúvidas posteriores ao encontro com o entrevistador, ela poderá entrar em
contado com um dos telefones do pesquisador abaixo citados ou com o Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP), cujo endereço eletrônico e telefone encontram-se no final deste
termo.

______________________________________________________________________
Fátima Helena do Espirito Santo Letícia Goulart de Alcantara
E-mail: fatahelen@hotmail.com.br E-mail: legoulart@id.uff.br
Telefone: Telefone: (21) 99460-9697

Os participantes de pesquisa, e comunidade em geral, poderão entrar em contato com o


Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina/Hospital Universitário Antônio
Pedro, para obter informações específicas sobre a aprovação deste projeto ou demais
informações:E-mail: etica@vm.uff.br Tel./fax: (21) 2629-9189

Eu,__________________________________________,portador do
RG:_____________________ declaro ter sido informado e concordo em participar, como
voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito.

__________________________ _____________________________
Assinatura do participante Testemunha

Niterói, _____ de ____________ de _______.


51

9 ANEXOS
9.1. Anexo A: Aprovação Comitê de Ética

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