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Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento


ISSN 1981-9919 versão eletrônica
P e r i ó d i c o do I n s t i t u t o B r a s i l e i r o d e P e sq u i s a e E n si n o e m F i s i o l o gi a do E x e r c í c i o
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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL E ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL


PARA ALUNOS DA UNIVERSIDADE ABERTA A TERCEIRA IDADE (UNATI)

Ana Paula Bernardi1


Manuela Avila Maciel1
Indiomara Baratto1,2

RESUMO ABSTRACT

Atualmente o número de idosos no Brasil e em Nutrition education and healthy food for
todos os países, está em constante aumento. University Students open the third age (UNATI)
Com o avanço da idade, a nutrição possui
papel essencial, especialmente na terceira Currently the number of elderly in Brazil and in
idade. A alimentação e utilização de alimentos all countries, is constantly increasing. With
para melhorar a qualidade de vida e prevenir advancing age, nutrition has an important role,
doenças, vêm sendo necessária a todas as especially in the elderly. The supply and use of
faixas etárias. Desta forma, o objetivo deste foods for improving the quality of life and
trabalho foi levar conhecimento sobre prevent diseases, have been necessary in all
assuntos relacionados à Nutrição, contando age groups. The aim was to bring awareness
com a ajuda da educação nutricional como of issues related to nutrition, with the help of
ferramenta. Trata-se de um estudo nutrition education as a tool. This was a study
desenvolvido com o grupo de idosos conducted with a group of elderly participants
participantes da Universidade Aberta a terceira of the Open University the third age- (UNATI)
idade- (UNATI) de uma instituição de ensino of an institution of higher education in the city
superior na cidade de Pato Branco-PR. Os of White-PR Duck. Participants were 28 people
participantes foram no total 28 pessoas, sendo in total, 25 females and 3 males aged over 60
25 pessoas do sexo feminino e 3 do sexo years old. Applied a questionnaire, through
masculino, com idade igual ou superior a 60 nutritional knowledge scale before and after
anos de idade. Aplicou-se um questionário, educational intervention to identify the level of
por meio da escala de conhecimento learning about nutrition. The results were
nutricional antes e após intervenção educativa satisfactory, it was observed a significant
para identificar o nível de aprendizagem sobre learning level in almost all matters.
Nutrição. Os resultados foram satisfatórios,
pôde-se observar um nível de aprendizado Key words: Aged. Nutricional Education.
significativo em quase todas as questões. Nutricional knowledge.

Palavras-chave: Idosos. Educação


Nutricional. Conhecimento Nutricional.

E-mails dos autores:


ana.paulanadi@hotmail.com
manumaciel08@gmail.com
indybaratto@yahoo.com.br

Endereço para correspondência:


1-Faculdade de Pato Branco-FADEP, Pato Indiomara Baratto.
Branco-PR, Brasil. Rua Luiz Favretto, número 82.
2-Universidade Federal de São Paulo- Bairro Centro, Pato Branco-PR.
UNIFESP, São Paulo-SP, Brasil. CEP: 85.505-150.

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INTRODUÇÃO Deste modo, faz-se necessário


orientar quanto à alimentação adequada, a fim
Atualmente o número de idosos no de minimizar problemas de saúde e melhorar a
Brasil e em todos os países, está em qualidade de vida. A Educação Nutricional
constante aumento (Cervato e colaboradores, vêm sendo uma aliada para alcançar
2005). mudanças de hábitos e comportamentos
Segundo o último censo realizado pelo alimentares (Silva e Baratto, 2015).
IBGE em 2010, a porcentagem de idosos tem A UNATI é um projeto de extensão no
crescido constantemente, de 5,9% em 2000 qual o trabalho se desenvolve a partir de
chegando a 7,4% em 2010 (Brasil, 2010). oficinas de estudos nas áreas de
O envelhecimento refere-se a conhecimento dos cursos ofertados. A
processos que ocorrem em organismos vivos, proposta da UNATI é envelhecimento ativo
sendo que ao decorrer dos anos, levam a com qualidade de vida, através da promoção
percas de adaptação e capacidade funcional e da saúde (Assis e colaboradores, 2007).
consequentemente à morte (Spirduso, 2005). Desta forma, o objetivo deste trabalho
A velhice inicia-se após os 60 anos de foi levar conhecimento sobre assuntos
idade (Tirapegui, 2000), o envelhecimento relacionados à Nutrição, contando com a
pode ser considerado como um processo ajuda da educação nutricional como
inato, irreversível e evolutivo, desde o ferramenta.
nascimento até o fim da vida (Netto, 1997). Por se tratar de uma faixa etária mais
Os idosos são considerados indivíduos vulnerável a patologias crônicas e
com idade igual ou superior a 60 anos, cardiovasculares, onde a alimentação possui
independente de raça, cor e sexo, segundo o papel fundamental no controle e prevenção
Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 1º de dos mesmos, justifica-se a realização desta
outubro de 2003) (Brasil, 2003). pesquisa.
Desde a década de 60, a população
no Brasil tem envelhecido de forma cada vez MATERIAIS E MÉTODOS
mais rápida. Segundo a Organização Mundial
de Saúde (OMS) em 2025 o Brasil ocupará o Este trabalho foi desenvolvido em uma
6º Lugar no ranking mundial em relação ao instituição de ensino superior na cidade de
número de idosos (Brasil, 2012). Pato Branco-PR, com o grupo de idosos
Com o avançar da idade, ocorrem participantes da UNATI. Sendo este um
alterações no organismo humano, sendo estudo do tipo transversal de caráter
estas, diminuição da massa óssea, perda da descritivo, predominantemente qualitativo e
elasticidade e ressecamento da pele, queda e parte quantitativo.
esbranquiçamento dos cabelos, mudança de Os participantes foram no total 28
postura comumente com curvamento da pessoas, sendo 25 do sexo feminino e 3 do
coluna, dificuldade de mastigação, entre sexo masculino, com idade igual ou superior a
outras (Netto, 2006). 60 anos de idade, sendo que todos estavam
Além destes, pode-se citar também devidamente matriculados no projeto de
modificações sensoriais, neurológicas, extensão denominado Universidade Aberta a
metabólicas, gastrintestinais e Terceira Idade (UNATI).
desenvolvimento de doenças crônico- O estudo iniciou-se com a aplicação
degenerativas, podendo levar ou ocasionar de um questionário socioeconômico, com
uma mudança direta no consumo alimentar questões objetivas, com intuito de
(Segalla e Spinelli, 2013). conhecimento sobre a população estudada.
Com o avanço da idade, a Nutrição Sequencialmente, aplicou-se um questionário
possui papel essencial na terceira idade. Com sobre conhecimentos nutricionais, contendo
o passar dos anos a importância da questões objetivas sobre os temas relativos às
alimentação foi e ainda é comprovada através aulas ministradas durante o período da
de estudo epidemiológicos, clínicos e de pesquisa, sendo possível assim, ter uma
intervenção, que demonstram forte ligação noção sobre o conhecimento inicial e final, a
entre o tipo de dieta e o surgimento de fim de estabelecer parâmetros do alcance dos
doenças crônicas (Tramontino e objetivos, sendo aplicado o mesmo
colaboradores, 2009). questionário antes e após a intervenção.

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O projeto foi efetivado através de Com relação à água encanada, 100%


palestras com recursos audiovisuais, oficinas (n=28), possuem em sua residência e 100%
ludo pedagógicas e oficina prática. As (n=28), possuem luz elétrica. Com relação à
atividades desenvolvidas foram: Pirâmide rede de esgoto, 89% (n=25), possuem 10,71%
alimentar para terceira idade (explicação e (n=3) não.
montagem com figuras), descrição escrita de Quanto ao poder aquisitivo, somando
dia habitual de alimentação de cada um, os salários de todos que moram na mesma
saúde dos cabelos, pele, unhas e dentes, chás casa, 21,42% (n=6), têm renda de até 1 salário
e condimentos, alimentos funcionais, vitaminas mínimo, 53,57% (n=15), de 1 a 3 salários
e minerais, bingo das frutas e legumes (com mínimos, 10,72% (n=3), de 3 a 6 salários
prêmios), ômegas e gorduras, colágeno e aula mínimos e 3,57% (n=1), de 6 a 9 salários
prática com receitas de biomassa. Os dados mínimos e não sabem informar sua renda
coletados foram tabulados em planilhas do 10,72% (n=3).Verificou-se que grande parte da
Microsoft Office Excel 2007 e posteriormente população estudada começou a trabalhar
os resultados transformados em tabela, assim antes dos 14 anos de idade, sendo 60,72%
como percentuais. (n=17), entre 14 e 16 anos, 10,72% (n=3),
entre 17 e 18 anos, 7,14% (n=2) e após os 28
RESULTADOS E DISCUSSÃO anos 21,42% (n=6).
Observou-se que a grande maioria
Participaram deste trabalho 28 sabe ler e escrever 92,86% (n=26), sendo que
indivíduos, estudantes da UNATI, em uma apenas 7,14% (n=2), são analfabetos e
universidade na cidade de Pato Branco-PR, 93,43% (n=27), foram à escola e 3,57 % (n=1),
destes 89,29% (n=25), são do sexo feminino e não frequentaram.
10,71% (n=3), do sexo masculino. A média de Conforme Neri (2003), em pesquisa
idade foi de 68 anos, sendo a máxima 85 e a sobre idosos, onde ouviu 2.136 pessoas com
mínima 60 anos. mais de 60 anos, e também 1.608 jovens e
As mulheres são a maioria da adultos de 16 a 59 anos, residentes em 20
população idosa em todo o mundo, esse municípios de cinco regiões do Brasil, os
fenômeno é devido às mulheres cuidarem idosos relataram que quando eram crianças e
mais da saúde (Berzins, 2003). adolescentes, o acesso à escola ou a cursos
Segundo o IBGE (2008), no Brasil os superiores, era mais restrito do que
homens vivem cerca de oito anos a menos atualmente.
que as mulheres (Brasil, 2008). Além das Também a população que morava na
mulheres serem a maioria entre a população zona rural era mais extensa, isso contribuiu
idosa, são também mais participativas nos para que ainda crianças ou jovens trocassem
serviços e programas destinados a terceira a escola pelo trabalho (Neri, 2003).
idade (Neri, 2001). No que diz respeito à saúde, 50%
Carvalho e colaboradores (2003), em (n=14), consideram sua saúde como regular,
pesquisa com idosos residentes em boa 32,14% (n=9), e muito boa 17,86% (n=5).
instituições asilares verificou que a idade teve Sobre a busca de auxílio em doenças, 51,15%
uma variação entre 60 a 95 anos. (n=16), utilizam o Sistema Único de Saúde-
Quanto ao estado civil, verificou-se SUS e 42,85% (n=12), planos de saúde.
que 3,57% (n=1), é solteiro (a), 39,29% Araújo e colaboradores (2015), em estudo
(n=11), viúvos (as),42,86% (n=12), casados realizado com 125 idosos participantes de
(as) e 14,28% (n=4), separados (as) ou intervenções motoras e cognitivas do Centro
divorciados (as). de Atenção a Terceira Idade em São José-SC,
A maioria 96,43% (n=27), possui casa cita que 39% consideram sua saúde como boa
própria, onde apenas 3,57% (n=1), possuem (Araújo e colaboradores, 2015).
moradia cedida. Destes, 32,15 % (n=9), Com relação a patologias crônicas,
moram sozinhos, 60,71% (n=17), moram com 35,71% (n=10), não possuem, 35,71% (n=10),
até 3 pessoas e 7,14% (n=2), vivem com possuem pressão alta, 14,28% (n=4), diabetes
quatro a sete pessoas. Destes, 96,33% mellitus tipo II, 42,85% (n=12), colesterol alto,
(n=27), residem em área urbana e 3,57% 21,42% (n=6), triglicerídeos, considerando que
(n=1), em área rural. alguns possuem uma ou mais das doenças
descritas.

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Criscuolo e colaboradores (2013), em a educação nutricional para idosos e


pesquisa com 9 idosos que participaram da cuidadores de idosos é importante para que
UNATI do município de Araraquara-SP, entendam suas necessidades e adaptem as
descreveram que todos os participantes da suas condições culturais e financeiras,
pesquisa possuíam pelo menos uma patologia promovendo mudanças na alimentação e
crônica que tinha relação à idade e aos consequentemente melhorias na saúde e
hábitos alimentares inadequados, sendo essas bem-estar (Brandão e colaboradores, 2010).
obesidade, hipertensão, diabetes e Cervato e colaboradores (2005), em
dislipidemias. sua intervenção com idosos, verificou que os
Quanto a alguma atividade de Nutrição mesmos relataram que as fontes de
na UNATI, 64,28% (n=18), já tiveram alguma e conhecimento sobre nutrição são médicos
35,72% (n=10), não tiveram nenhuma. pessoais e a UNATI.
Brandão e colaboradores (2010), afirmam que

Quadro 1 - Questionário de conhecimento sobre nutrição antes e após intervenção nutricional.


Escala de Conhecimento Nutricional Anterior a Intervenção Nutricional Posterior a Intervenção Nutricional
O que as pessoas comem ou bebem têm
pouca influência sobre o desenvolvimento das 7,2 % (n=2) 3,6 % (n=1)
principais doenças
Comendo os tipos certos de alimentos, as
pessoas podem reduzir suas chances de 71, 4% (n=20) 89,2 % (n=25)
desenvolver as principais doenças
Não sei 21,4 % (n=6) 7,2 % (n=2)
2 refeições: 3,6% (n=1) 3 refeições: 10,7% (n=3)
3 refeições: 10,7% (n=3) 4 refeições: 17,8% (n=5)
Na sua opinião, quantas refeições devemos
4 refeições: 25% (n=7) 5 refeições: 42,8%(n=12)
fazer por dia?
5 refeições: 35,7% (n=10) 6 refeições: 25% (n=7)
6 refeições: 25% (n=7) Mais do que 6 refeições: 3,6% (n=1)
Sim: 64,3 % (n=18) Sim: 100 % (n=28)
Você acha que os chás podem trazer algum
Provavelmente: 32,1 % (n=9) Provavelmente: 0
benefício à saúde?
Não sei: 3,6 % (n=1) Não sei: 0
Sim: 57,1 % (n=16) Sim: 93 % (n=26)
Você já conhece / ouviu falar de alimentos
Não: 25 %(n=7) Não:0
funcionais?
Não sei: 17,9%(n=5) Não sei: 7 %(n=2)
Sim: 67,8% (n=19) Sim: 93% (n=26)
Acredita que os funcionais tragam benefícios
Não: 3,6% (n=1) Não: 0
à saúde?
Não sei: 18,6% (n=8) Não sei: 7 % (n=2)
Você acha que água e atividade física podem Sim: 85,7% (n=24) Sim: 100 % (n=28)
melhorar a saúde e aumentar a expectativa Não: 0 Não: 0
de vida das pessoas? Não sei: 14,3% (n=4) Não sei: 0
Sim: 78,6 % (n=22) Sim: 100 % (n=28)
Você acha que cálcio e proteína têm relação
Não: 10,7 % (n=3) Não: 0
com algo importante para sua saúde?
Não sei: 10,7% (n=3) Não sei: 0
Carne: 25 % (n=7) Carne: 57,2 % (n=16)
Leite: 28,6 % (n=8) Leite: 7 % (n=2)
O que contém mais proteína?
Ambos: 46,4 % (n=13) Ambos: 25 % (n=7)
Não sei: 0 Não sei: 10,8 % (n=3)
Vegetais verdes folhosos: 17,9 % (n=5) Vegetais verdes folhosos: 14,2 % (n=4)
O que contém mais cálcio? Leite de vaca: 67,8 % (n=19) Leite de vaca: 67,8 % (n=19)
Não sei: 14,2 % (n=4) Não sei: 17,9 % (n=5)
Sim: 57,1 % (n=16) Sim: 75,1 % (n=21)
Você sabe para que serve o colágeno?
Não: 25 % (n=7) Não: 7 % (n=2)
Não sei: 17,9 % (n=5) Não sei: 17,9 % (n=5)
Sim: 57,1 % (n=16) Sim: 85,6 % (n=24)
Já ouviu falar de biomassa de banana verde? Não: 25 % (n=7) Não: 10,8 % (n=3)
Não sei: 17,9 % (n=5) Não sei: 10,8 % (n=3)
Sim: 46,4 % (n=13) Sim: 78,4 % (n=22)
Sabe dos benefícios da biomassa de banana
Não: 25 % (n=7) Não: 10,8 % (n=3)
verde à saúde?
Não sei: 28,6 % (n=8) Não sei: 10,8 % (n=3)
Sim: 100 % (n=28) Sim: 100 % (n=28)
Você acha importante ter uma nutricionista
Não: 0 Não: 0
cuidando de sua saúde?
Não sei: 0 Não sei: 0

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Ao aplicar o questionário sobre Por isso é importante adequar as


conhecimentos nutricionais, verificou-se necessidades diárias e também o
melhoras importantes com relação ao saber fracionamento correto da dieta. Em
dos participantes da UNATI, como pode-se intervenção com idosos participantes da
visualizar na Quadro 1. UNATI feito por Baratto e Silva (2015),
Pode-se observar em todas as constataram que 45% dos idosos realizavam
questões uma melhora significativa do cinco refeições, 40% quatro refeições, 5% três
conhecimento sobre assuntos relacionados à refeições e apenas 10% seis refeições.
Alimentação e Nutrição, o que evidência a Quando verificamos a ingesta de chás
importância da educação nutricional nas traria ou não benefícios a saúde, visualizamos
UNATI’s, considerando que nesta faixa etária que 64,3 % (n=18), acreditavam que sim,
os idosos estão mais susceptíveis a doenças, sendo que este número foi para 100% (n=28),
onde o saber sobre alimentação é após a intervenção.
imprescindível para evitar ou controlar as Junior e colaboradores (2012), em
mesmas. estudo com idosos na cidade de Petrolina-
Cervato e colaboradores (2005), Pernambuco com a finalidade de avaliar a
verificaram em sua intervenção nutricional com utilização de ervas medicinais, verificaram que
idosos, melhora significativa em conhecimento 72% dos participantes relataram utilizar ervas
nutricional de seus participantes, resultados medicinais a mais de 10 anos, 46% utilizam os
estes semelhantes ao presente estudo. chás pelo menos uma vez ao dia e (26%)
Com relação a influência dos afirmaram fazer uso do mesmo três vezes ao
alimentos sobre a prevenção de doenças, dia.
verificou-se que pré-intervenção 71,4% (n=20), No que se refere a alimentos
acreditam que sim, após intervenção este funcionais, relataram que já ouviram falar ou
número aumentou para 89,2% (n=25). conhecem anterior à intervenção 57,1% (n=16)
A importância da alimentação nesta e posterior 93% (n=26). No que diz respeito
faixa etária é comprovada por diversos aos benefícios que estes podem trazer a
estudos que demonstram relação entre o tipo saúde, anteriormente 67,8% (n=19),
de dieta e o aparecimento de doenças acreditavam que sim e depois da intervenção
crônicas não transmissíveis em idosos e 93% (n=26). Os alimentos funcionais além de
outras patologias como cânceres, doenças contribuírem com seu valor nutricional
cardíacas coronarianas, distúrbios proporcionam impactos positivos e bem-estar
gastrointestinais, doenças ósseas, entre aos seres humanos (Tirapegui, 2000).
outras (Cervato e colaboradores, 2005). Silva e Sá (2012), em estudo para
Claro e colaboradores (2015), em identificar o nível de conhecimento em
pesquisa para analisar a Relação do Consumo periódicos brasileiros e estrangeiros sobre
de Alimentos Não Saudáveis e Doenças Alimentos Funcionais em Idosos, concluíram
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) com que estes alimentos podem ajudar a minimizar
60.202 entrevistados, constataram que 37,2% algumas patologias comuns na terceira idade,
de sua amostra relataram consumir excesso e que podem levar a minimização de doenças
de gordura, 60,6% leite integral, refrigerantes como hepáticas, cardiovasculares, câncer
23,4% e consumo regular de doces 21,7%. entre outras, através dos compostos bioativos
Isto comprova alta prevalência de e substâncias que alguns alimentos contêm.
consumo de alimentos ricos principalmente em Com relação a opinião sobre água e
gordura, que constituem um risco grande para atividade física, anteriormente 85,7% (n=24) e
DCNT (Claro e colaboradores, 2015). após a intervenção 100% (n=28) acreditam
Com relação a quantas refeições que estes podem melhorar a saúde e
devem ser realizadas ao longo do dia, aumentar a expectativa de vida.
responderam corretamente que seriam 6 Tirapegui (2000) ressalta a
refeições, anterior a intervenção 25% (n=7) e importância dos exercícios físicos na melhor
posterior 25% (n=7). idade, onde podem minimizar ou neutralizar
Tirapegui (2000), descreve que a partir sintomas característicos nesta faixa etária,
dos 30 anos o indivíduo diminui por ano entre eles: redução da força muscular devido
aproximadamente de 2% a 4% do seu gasto principalmente, ao sedentarismo; redução do
energético basal. gasto energético basal diário, onde os

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exercícios aumentam esta taxa e evitam com 67,8% (n=19) anteriormente e


acúmulo de gordura e obesidade; diminuição posteriormente 67,8% (n=19).
da capacidade funcional do organismo, sendo Criscuolo e colaboradores (2013) em
que os exercícios desempenham papel seu estudo obtiveram resultados positivos,
fundamental em vários aspectos como onde concluíram que houve aumento dos
cardiovasculares (circulação sanguínea), conhecimentos sobre nutrição e motivação
imunidade, digestão entre outros. para mudança de comportamento alimentar.
Araújo e colaboradores (2015), O cálcio é um importante mineral em
descreve em seu estudo que 69,8% dos todas as fases da vida, na infância e
idosos são ativos ou muito ativos e 30% adolescência para formação de ossos e
insuficientemente ativos. Eles descrevem que dentes na melhor idade, para evitar a
além de todos os benefícios a saúde, os osteoporose.
exercícios físicos de caráter lúdico Carvalho e colaboradores (2003) em
proporcionam momentos de alegria e intervenção educativa em osteoporose com
descontração, além de aprendizagem idosos matriculados no Programa Terceira
cognitiva a fim de prepará-los para Idade em Ação (PTIA) da Universidade
autocuidado, independência e autonomia Federal do Piauí, constaram que 62,5%
(Araujo e colaboradores, 2015). possuíam osteoporose, 25% não sabiam se a
Quando questionados sobre a possuíam e 16,5% nunca haviam realizado
importância do cálcio e das proteínas na dieta, exame para constatar se possuíam a
verificamos que na pré intervenção, 78,6% patologia.
(n=22), acreditavam que estes tinham No que diz respeito a função do
importância, sendo que esta relação foi para colágeno responderam que sim 57,1% (n=16)
100% (n=28) após. antes e depois 75,1% (n=21). O colágeno
No que diz respeito sobre as melhores desempenha várias funções no corpo humano,
fontes de nutrientes, verificou-se que com mantêm as células dos tecidos fortalecidas e
relação a proteínas, anteriormente 25% (n=7), unidas, é responsável pela cicatrização da
acreditavam ser uma boa fonte e 57,2% pele, auxilia na hidratação do corpo e é um
(n=16) após. grande indicador ligado no processo de
As proteínas são combinações de envelhecimento do corpo humano, é
aminoácidos essenciais ao nosso organismo. considerada a proteína funcional mais
Suas funções são estruturais (formação de importante do organismo (Nogueira, 2011).
tecido muscular), imunológicas (defesa do Com relação ao conhecimento de
organismo) reguladoras e transporte de fluídos biomassa de banana verde, verificou-se que
corporais (Tirapegui, 2000). antes apenas 57,1% (n=16) da amostra tinham
O envelhecimento acarreta mudanças algum tipo de conhecimento, já após a
estruturais e funcionais que ocasiona redução intervenção nutricional esse número foi para
em capacidade funcional, sendo um desses o 85,6% (n=24). Quanto aos seus benefícios a
sistema musculoesquelético, onde com saúde constatou-se que anteriormente 46,4%
decorrer dos anos sofre diminuição da massa (n=13) sabiam sobre os benefícios e
muscular. posteriormente ouve um aumento para 78,4%
Estima-se uma redução de 1-2% da (n=22).
massa muscular e 1-3% da força a cada ano. Para Sinigallia (2005) a banana verde
A sarcopenia depende de fatores como a tem um alto conteúdo de amido resistente
genética, uso de medicamentos e estilo de presente na polpa, o amido resistente não é
vida, incluindo o sedentarismo e dieta digerido e absorvido no intestino delgado,
inadequada (Lanari, 2012). podendo ser fermentado no intestino grosso,
A ingestão de proteínas deve de ser produzindo substâncias que servem como
0,8 g/kg/dia de proteínas para garantir uma fonte de energia para a produção das
síntese proteica adequada nos músculos e na bactérias benéficas no intestino e também
presença de sarcopenia de 1,0 e 1,2g/ kg/ dia mantém a integridade da mucosa do intestino,
(Landi e colaboradores, 2012). que é responsável pela absorção adequada
Sobre o que contém mais cálcio dos nutrientes e pela barreira da entrada de
obteve-se predomínio sobre o leite de vaca substâncias maléficas, ela também previne

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doenças cardiovasculares, problemas de Por parte dos idosos foi importante


intestino, e auxilia no emagrecimento. para adquirir conhecimentos e momentos de
Quanto a ter acompanhamento lazer, sobre assuntos relativos e importantes à
nutricional com um profissional nutricionista, sua faixa etária.
100% (n=28) tanto anteriormente a
intervenção quanto posteriormente REFERÊNCIAS
consideraram importante.
Segundo, Tramontino e colaboradores 1-Araújo, C. D. C. R. D.; e colaboradores.
(2009) o envelhecimento com qualidade de Aspectos cognitivos e nível de atividade física
vida resulta do estilo de vida no qual cada de idosos. Rev. Saúde. Vol. 41. Núm. 2. 2015.
pessoa opta em seguir, sendo os hábitos
alimentares de grande influência sobre estes. 2-Assis, M. D.; e colaboradores. Ações
Ele ainda ressalta que uma educativas em promoção da saúde no
alimentação balanceada e adequada envelhecimento: a experiência do núcleo de
determina uma velhice com menor atenção ao idoso da UNATI-UERJ. Rev.
probabilidade de patologia e maior capacidade Mundo Saúde. Vol. 31. Núm. 3. p. 438-447.
funcional. 2007.
Podemos observar então, a
importância não só de uma alimentação 3-Berzins, M. A. V. D. S. Envelhecimento
equilibrada, mas também acompanhamento populacional: uma conquista para ser
de um profissional nutricionista, não só na celebrada. Revista Serviço Social e
velhice, mas também antes dela (Tramontino e Sociedade. Vol. 75. p. 19-34. 2003.
colaboradores, 2009).
4-Brandão, F.; e colaboradores. Educação
CONCLUSÃO nutricional para idosos e seus cuidadores no
contexto da educação em saúde. Rev. Vittalle.
Através do presente estudo foi Vol. 22. Núm. 1. p. 27-37. 2010.
possível demonstrar que a intervenção
nutricional, por meio de atividades ludo- 5-BRASIL. IBGE. 2008. Disponível em:
pedagógicas e aulas, podem auxiliar em <http://www1.ibge.gov.br/home/presidencia/not
escolhas e decisões em relação a hábitos icias/03122001tabua.shtm>. Acesso em:
alimentares também promover a saúde e 19/04/2016.
melhorar a qualidade de vida.
Além disso promove um conhecimento 6-BRASIL. IBGE. Portal Brasil, 2010.
sobre o que tange alimentos e nutrição. As Disponível em:
universidades Abertas a Terceira Idade são <http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-
um meio de propagar conhecimento aos tecnologia/2011/04/populacao-idosa-no-brasil-
idosos, contribuindo assim, para uma melhora cresce-e-diminui-numero-de-jovens-revela-
na saúde e no seu dia a dia. censo>. Acesso em: 28/03/2016.
Os resultados demonstraram que ouve
aumento de conhecimento no que diz respeito 7-BRASIL. Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741.,
a nutrição e seus efeitos. Destacando Brasília, 2003. Disponível em:
principalmente as questões relacionadas a <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/
chás e alimentos funcionais, onde ouve uma L10.741.htm>. Acesso em: 18/04/2016.
melhora relativa de aproximadamente 40%.
Em relação a biomassa e a proteína obteve-se 8-BRASIL. Portal Brasil, 2012. Disponível em:
uma melhora de 30% no aumento do <http://www.brasil.gov.br/saude/2012/10/brasil-
conhecimento. fara-parte-de-pesquisa-internacional-sobre-
No que se refere ao colágeno obteve- idoso>. Acesso em: 18/04/2016.
se uma melhora de 20% no resultado final.
Pode-se perceber então, que o presente 9-Carvalho, E. N. D.; e colaboradores.
estudo foi de grande valia por parte dos Avaliação da qualidade nutricional das
autores, que proporcionou transmitir refeições servidas aos idosos em instituição
conhecimento e adquirir experiências asilar. Rev. Envelhecer. Vol. 5. p. p. 119-136.
profissionais. 2003.

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