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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

MARCO AURÉLIO GONDIM CORDEIRO

PREVALÊNCIA DE ANEMIA PRÉ-OPERATÓRIA EM PACIENTES OPERADOS


EM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO NORTE DO BRASIL

PALMAS - TO
2019
MARCO AURÉLIO GONDIM CORDEIRO

PREVALÊNCIA DE ANEMIA PRÉ-OPERATÓRIA EM PACIENTES OPERADOS


EM HOSPITAL PÚBLICO DA REGIÃO NORTE DO BRASIL

Dissertação apresentada ao Mestrado


Profissional em Ciências da Saúde da
Universidade Federal do Tocantins para a
obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Sandra Maria Botelho


Mariano
Co-orientadora: Profa Dra. Araída Dias Pereira

PALMAS - TO
2019
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida, saúde e oportunidade.


Minha amada esposa Quézia, companheira nos momentos de dificuldade, e meus filhos
Davi, Samuel e Mateus, herança do Senhor para mim.
Agradeço às Professoras Dr.ª Sandra Maria Botelho Mariano e Dr.ª Araída Dias Pereira
pela orientação e serenidade, que me permitiram concluir este projeto.
Ao Prof. Dr.º Jacinto Pereira Santos pelo auxílio imprescindível com a análise dos
dados.
Aos Alunos Joelcy, Débora, Jhonattas, Breno e Andrey pela disponibilidade e ajuda.
À UNIRG e UFT por investirem na qualificação dos professores.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos
fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito
da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre
da vida.
Augusto Cury
RESUMO

A anemia é uma patologia muito frequente em todo o mundo e que apresenta importantes
repercussões clínicas, especialmente, associada a outros agravantes clínicos, como por exemplo
procedimentos cirúrgicos. É especialmente diagnosticada a partir da análise da hemoglobina
verificados no hemograma, podendo influenciar negativamente no paciente cirúrgico, assim
como representar risco a integridade do mesmo no transcorrer do período perioperatório.
Objetivou-se verificar a prevalência de anemia no período pré-operatório e estabelecer uma
relação entre a anemia e o tipo de procedimento cirúrgico. Após aprovado no Comitê de Ética
em Pesquisa de Seres Humanos foram analisados 253 prontuários de pacientes atendidos em
Hospital Público da Região Norte do Brasil. Aplicou-se análise estatística descritiva nas
variáveis tais como hemoglobina pré-operatória, sexo, idade, procedência, risco anestésico, tipo
de cirurgia e entre outras. Dos 253 prontuários analisados, 132 (52,17%) apresentaram critérios
de anemia, sendo a frequência maior nas mulheres. Dos 132 (100%) prontuários com anemia,
75 (29,64%) classificaram como anemia leve, 51 (20,15%) com anemia moderada e 6 (2,37%)
anemia grave ainda no pré-operatório. O sistema de notificação e registro dos dados pré, trans
e pós-operatórios são preenchidos de forma incompleta. Em relação aos procedimentos
cirúrgicos, as cirurgias de urgência, cirurgia geral, ortopédicas e obstétricas foram as mais
comuns. A técnica anestésica mais utilizada foi a raquianestesia, onde a variação do risco
anestésico não apresentou nenhuma influência.

Palavras-chave: Anemia. Perioperatório. Cirurgia.


ABSTRACT

Anemia is a very common condition worldwide and has important clinical repercussions,
especially associated with other clinical aggravating factors such as surgical procedures. It is
especially diagnosed based on the hemoglobin analysis verified in the blood count, which may
negatively influence the surgical patient, as well as represent a risk to its integrity during the
perioperative period. The objective was to verify the prevalence of anemia in the preoperative
period and to establish a relationship between anemia and the type of surgical procedure. After
being approved by the Human Research Ethics Committee, 253 medical records of patients
treated at a public hospital in the Northern Region of Brazil were analyzed. Descriptive
statistical analysis was applied to variables such as preoperative hemoglobin, gender, age,
origin, anesthetic risk, type of surgery and others. Of the 253 medical records analyzed, 132
(52.17%) reported anemia, with a higher frequency in women. Of the 132 (100%) medical
records with anemia, 75 (29.64%) classified it as mild anemia, 51 (20.15%) with moderate
anemia and 6 (2.37%) with severe anemia not yet preoperative. The pre, trans and post-
operative data registration and notification system are incomplete. Regarding surgical
procedures, such as emergency surgery, general surgery, orthopedic and obstetric, were the
most common. The most used anesthetic technique was spinal anesthesia, where the variation
in anesthetic risk had no influence.

Keywords: Anemia. Operative period. Surgery


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição dos pacientes quanto ao sexo em relação a anemia ou normalidade no


Hospital Regional de Gurupi, Jan-Mar 2018. ........................................................................... 24
Figura 2 - Distribuição dos pacientes quanto ao município de origem, Hospital Regional de
Gurupi, Jan-Mar 2018. ............................................................................................................. 25
Figura 3 - Distribuição do número de pacientes quanto a normalidade ou gravidade de anemia,
Hospital Regional de Gurupi, Jan-Mar 2018. ........................................................................... 25
Figura 4 - Distribuição do número de pacientes com anemia pré-operatória por especialidade
cirúrgica, Hospital Regional de Gurupi, Jan-Mar 2018............................................................ 26
Figura 5 - Técnicas anestésicas utilizadas nos pacientes operados em relação à anemia e
normalidade, Hospital Regional de Gurupi, Jan-Mar 2018. ..................................................... 27

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Quadro 1 - Classificação do estado físico segundo a ASA .................................... 10

LISTA DE SIGLAS

ASA - American Society of Anesthesiology


Hb - Hemoglobina
HRG - Hospital Regional de Gurupi
OMS - Organização Mundial da Saúde
OR - odds ratio
PNDS - Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde
WHO - World Health Organization
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 20
2.1 Geral ................................................................................................................................... 20
2.2 Específicos .......................................................................................................................... 20
3 METODOLOGIA................................................................................................................ 21
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 23
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 30
9

1 INTRODUÇÃO

Anemia é definida, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como o indivíduo que
apresenta níveis de hemoglobina (Hb) abaixo de 13g/dl em homens, menor que 12g/dl em
crianças acima de 12 anos e mulheres não gestantes, menor que 11g/dl para crianças de 6 meses
a 5 anos e mulheres gestantes, e por fim, crianças com idade entre 5 e 11 anos com Hb menor
que 11,5g/dl. Em associação à dosagem de hemoglobina, a baixa quantidade de ferritina sérica
ajuda a confirmar a anemia tendo origem na reduzida quantidade de ferro disponível (WHO,
2011; BRASIL, 2014; MANDAL, 2019).
Segundo dados da OMS, a anemia afeta cerca de 1,62 bilhão de pessoas, ou seja, 24,8%
da população mundial. Em crianças em idade pré-escolar encontramos a maior prevalência com
47,4% das crianças, sendo que os homens apresentam a menor prevalência com 12,7%. Porém,
as mulheres não grávidas são o grupo com maior número de indivíduos afetados (468,4
milhões) (DE BENOIST, 2008).
Dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) de 2006 mostram que o
Brasil tem uma prevalência estimada de 20,9% de anemia em menores de 5 anos e de 29,4%
em mulheres não grávidas de 15 a 49 anos (BRASIL, 2009). Até o ano de 2008 não existiam
diferenças marcantes nas prevalências de anemia em menores de cinco anos entre as
macrorregiões, e os estudos populacionais loco-regionais nesta faixa etária indicavam valores
de 40% a 50% de indivíduos acometidos (OLIVEIRA et al., 2011).
No Brasil, a prevalência de anemia em crianças, é de cerca de 20,9%, e em mulheres em
idade fértil de 29,4%. Tendo a região nordeste a maior prevalência entre as regiões brasileiras
(BRASIL, 2009). Corrêa et al. (2004) afirma que o sexo feminino apresenta maior prevalência
de anemia, visto que sua causa mais frequente é por deficiência de ferro. Nas mulheres esta é
mais prevalente devido a fatores peculiares comuns ao sexo feminino, como menstruação,
gravidez e lactação.
Segundo a WHO (2011) a anemia ferropriva é o tipo mais comum de anemia encontrada
na população em geral, principalmente em países em desenvolvimento. Entre as causas de
anemia encontradas, a deficiência de ferro é a mais comum globalmente, porém outros fatores
de deficiência nutricionais (incluindo folato, vitamina B12 e vitamina A), inflamações agudas
e crônicas, infecções parasitárias e distúrbios hereditários ou adquiridos que afetam.
Aproximadamente 20% da população em geral sofre de anemia de diferentes etiologias
sendo a anemia ferropriva o déficit mais comum no ambiente perioperatório, juntamente com
10

a anemia inflamatória crônica. Esta prevalência em média, acomete um terço dos candidatos à
cirurgia e aumentam em 2,29 vezes o risco de complicações pós-operatórias graves, tanto a
curto (14 dias pós-operatórios) quanto a longo prazo (90 dias pós-operatórios) (BEATIIE et al.,
2009; CLEVENGER, 2015).
As causas de anemia são bastante variadas e vão desde à carência nutricional de ferro
na dieta, doenças autoimunes até neoplasias mieloproliferativas, passando pelas alterações
congênitas na estrutura da hemoglobina. Detecta-se algum grau de anemia em 20 a 40% dos
pacientes hospitalizados (GOMES, 2006). Os riscos da anemia são considerados
principalmente no contexto de seu impacto negativo na capacidade de transporte de oxigênio
do sangue trazendo riscos para o paciente mesmo no pré-operatório (SHANDER, LOBEL e
JAVIDROOZI, 2016).
Após o diagnóstico de uma patologia ou alteração no organismo, cujo tratamento
dependa de procedimento cirúrgico para resolução do problema, todo paciente deve ser
encaminhado para avaliação pré-anestésica e submetido a avaliação laboratorial básica. Muitas
vezes é encontrado, além da patologia cirúrgica, um quadro de anemia, que geralmente era
desconhecido por grande parte dos pacientes (GOMES, 2006).
Antes da realização de qualquer cirurgia, os procedimentos médicos pré-cirúrgicos são
definidos na avaliação pré-operatória, onde o paciente será examinado por um anestesiologista,
que irá buscar a realização de um procedimento cirúrgico seguro, incluindo desde o
conhecimento anatomofisiológico do paciente, bem como a decisão sobre a técnica anestésica
mais adequada para cada um (CAMPOS, SOLEY e CAMPOS, 2018). Após essa avaliação
anestésica inicial, o paciente é estratificado em relação ao risco anestésico para o procedimento
cirúrgico podendo ser classificado segundo a American Society of Anesthesiology (ASA) em
riscos, conforme descrito no Quadro 1.

Quadro 1 - Quadro 1 - Classificação do estado físico segundo a ASA

CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÃO
ASA I Paciente normal
ASA II Paciente com doença sistêmica leve
ASA III Paciente com doença sistêmica grave
Paciente com doença sistêmica grave que se constitui em ameaça constante à
ASA IV vida
ASA V Paciente moribundo sem expectativa de sobrevida sem a cirurgia
Paciente com morte cerebral declarada, cujos órgãos estão sendo removidos
ASA VI para fins de doação
Nota: A adição da letra “E” significa cirurgia de emergência.
Fonte: ASA, 2019; BRANDÃO, 2019.
11

A anemia diagnosticada no período pré-operatório pode ser classificada como: anemia


ferropriva, anemia da doença inflamatória com ou sem deficiência de ferro, anemia
megaloblástica ou anemia de outras causas (doenças malignas, relacionada a uso de drogas,
insuficiência renal, ou de causa desconhecida). Sendo que a anemia mais comum encontrada é
a do tipo ferropriva (KOTZÉ, 2016).
O diagnóstico do paciente com anemia ferropriva inclui parâmetros clínicos e
laboratoriais. Como quadro clínico característico de deficiência de ferro encontra-se fraqueza,
cefaleia, irritabilidade, síndrome das pernas inquietas, vários graus de fadiga e intolerância aos
exercícios, além de perversão do apetite. Porém, é importante salientar que pacientes em
avaliação cirúrgica, com pequeno grau de anemia pode não apresentar esta sintomatologia, ou
apresentá-la de forma branda (BRASIL, 2014).
Mesmo que o paciente não apresente um quadro clínico típico é necessário o correto
diagnóstico laboratorial da deficiência de ferro para detectar baixos níveis de HB. A
hemoglobina possui baixa sensibilidade e especificidade para diagnóstico da deficiência de
ferro, portanto, solicita-se a ferritina sérica, que é o mais confiável marcador das reservas de
ferro do corpo (BRASIL, 2014).
A anemia, independentemente de sua etiologia, é um componente comum na avaliação
de pacientes em pré-operatório, que culmina com a redução na capacidade de transporte de
oxigênio pela diminuição proporcional dos níveis de hemoglobina, molécula presente em
grandes quantidades nas hemácias, principal responsável pelo transporte de oxigênio no sangue
(BEATIIE et al., 2009).
Frente ao diagnóstico de anemia, qualquer história ou sintomas de doenças subjacentes,
como sintomas constitucionais, malignidade, insuficiência renal, endocrinopatias (como
distúrbios da tireoide), infecções ou doenças do fígado, devem ser investigados. A história
pregressa de anemia também é importante, incluindo valores e terapias prévios de hemoglobina,
início, necessidade de transfusões sanguíneas prévias e esplenectomia (PATEL e CARSON,
2017).
Utiliza-se um limiar de nível de hemoglobina de 7 g/dl para ser usado com segurança
na maioria dos pacientes perioperatórios, desde que eles não tenham doença cardíaca isquêmica
subjacente e sejam assintomáticos. Sendo que valores abaixo destes podem necessitar
transfusão de hemoconcentrados (PATEL e CARSON, 2017). Pode ocorrer um aumento na
mortalidade em pacientes com nível de hemoglobina menor que 7 g / dL no pré-operatório e de
1,6% na mortalidade pós-operatória com cada ponto percentual de diminuição do valor do
hematócrito normal (KANSAGRA e STEFAN, 2016).
12

Diversos são os tipos de anemia, dentre eles destaca-se: aplásica, falciforme, ferropriva,
perniciosa, megaloblástica, hemolítica e anemia de Fanconi. A anemia, assim que descoberta,
pode e deve ser tratada visando evitar ocorrências indesejáveis no pré e pós-operatório.
Anemia aplásica é uma doença autoimune onde a medula óssea diminui a produção de
células sanguíneas. Seu tratamento é feito com transplante de medula óssea e transfusão de
sangue, quando não é devidamente tratada, pode levar à morte em menos de 1 ano (LIMA,
2017). Cansaço, dispneia ao esforço, fraqueza, taquicardia, palidez, infecções frequentes,
epistaxe e sangramento das gengivas, aumento do tempo de sangramento, erupção cutânea e
febre são sintomas da anemia aplásica, e costumam se desenvolver lentamente ao longo de
semanas a meses (BEARDEN, 2018). Na grande maioria dos casos de anemia aplásica, o
sangue periférico nos revela eritrócitos normocrômicos e moderadamente macrocíticos,
presença de policromatófilos, pontilhados e eritroblastos além de contagem de reticulócitos
normal ou baixa (VARGAS, 2013). O tratamento inclui também transfusões de glóbulos
vermelhos e plaquetas, entretanto, os hemoderivados são usados somente quando forem
essenciais (BRAUNSTEIN, 2018).
Já a anemia falciforme é uma patologia genética caracterizada por glóbulos vermelhos
em forma de foice (meia-lua) e causa a destruição das células vermelhas do sangue gerando
sintomas como icterícia e edema generalizado. Deve ser tratada com uma boa alimentação,
transfusão de sangue em casos extremos de anemia (BRASIL, 2016; LIMA, 2017). Pode se
manifestar de forma diferente em cada indivíduo, desde um quadro assintomático a crises muito
graves da doença, com sintomas de dores ósseas, abdominais, infecções de repetição às vezes
muito graves, podendo levar à morte (BRASIL, 2007; BRASIL, 2018). Estas crises falciformes
podem exigir hospitalização, onde os pacientes devem receber hidratação intravenosa,
analgesia e transfusões de sangue e aporte de oxigênio caso a anemia seja grave o bastante para
representar um risco de acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio ou danos pulmonares
(BRAUNSTEIN, 2018; BRASIL, 2013).
Em relação ao período perioperatório, uma atenção especial deve ser dada sobre
transfusões pré-operatórias em pacientes com doença falciforme, porque a taxa de complicação
perioperatória nessa população pode chegar a 67%. O estresse cirúrgico e o trauma podem
aumentar a taxa de anemia, a formação de células falciformes e transfusões de células
vermelhas que são frequentemente usadas para preservar a capacidade de transporte de oxigênio
e diluir as células falciformes (PATEL e CARSON, 2017).
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A anemia ferropriva é causada por deficiência de ferro e resulta de depósitos de ferro


baixos ou esgotados que são necessários para se produzir glóbulos vermelhos (BRAUNSTEIN,
2018).
A prevalência de anemia por deficiência de ferro aumenta em populações com carências
nutricionais; com ingestão ou absorção inadequada de ferro; hábitos vegetarianos; dietas com
muito chá ou café, que inibem a absorção de ferro, ou sem vitamina C (frutas cítricas), que
favorece a sua absorção; baixo nível socioeconômico e educacional; presença de infestações
endêmicas (malária, ascaridíase, helmintoses, protozooses intestinais); estado nutricional
influenciado pelo baixo peso, principalmente de mulheres em idade gestacional, associado à
multiparidade e não uso de suplementação de ferro na gestação (BRASIL, 2013; PORTARIA
SAS/MS nº 1.247/2014).
Muitos pacientes da anemia ferropriva são assintomáticos, mas como sintomatologia
encontra-se: fraqueza, cefaleia, irritabilidade e vários graus de fadiga e intolerância aos
exercícios e pica, ou perversão do apetite por barro ou terra, papeis, amido ou gelo. Idosos
costumam apresentar início insidioso com sintomas relacionados à exacerbação de suas
comorbidades subjacentes (piora da angina, aumento da confusão mental, dispneia)
(PORTARIA SAS/MS nº 1.247/2014).
O tratamento com ferro deve ser iniciado preferencialmente por via oral e a investigação
apropriada de sua causa é obrigatória (CANÇADO, LOBO e FRIEDRICH, 2010). Recomenda-
se que os adultos recebam 150 a 200 mg de ferro elementar por dia em estados de deficiência.
O ferro oral é mais prontamente absorvido em um ambiente gástrico ácido e, portanto,
frequentemente administrado com ácido ascórbico e evitando antiácidos. A reticulocitose é
geralmente observada em 7 a 10 dias, e o nível de hemoglobina deve aumentar em 1 g/dL a
cada 2 a 3 semanas (PATEL e CARSON, 2017).
A anemia perniciosa é encontrada em indivíduos onde há deficiência de Vitamina B12
no organismo gerando, além dos sintomas típicos da anemia, neuropatias e redução da acidez
gástrica. Os sintomas da anemia perniciosa incluem sensação de punções e pontos nos pés ou
mãos, alteração no hábito intestinal, língua vermelha lisa, perda de peso substancial,
incapacidade de distinguir cores azuis e amarelas, cansaço, palidez, perda de apetite, sentido
alterado do paladar, confusão, depressão, sensação de desequilíbrio, especialmente no escuro,
zumbido nos ouvidos, lábios rachados, febre, incapacidade de sentir a vibração nos pés ou
pernas, tontura, pulsação acelerada (KAHN, 2018).
Anemias megaloblásticas resultam, na maioria das vezes, de deficiências de vitamina
B12 e folato. A hematopoese ineficaz afeta todas as linhagens de células, mas, em particular,
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os eritrócitos, levando a anemia (BRAUNSTEIN, 2018; BRASIL, 2018). Apresenta os


sintomas de fraqueza, dor na língua e parestesias. São também comuns as manifestações
mentais como a depressão e os déficits de memória, disfunção cognitiva e demência, além de
distúrbios psiquiátricos graves como alucinações, paranoias, esquizofrenia (ZAGO, 2013).
Anemia hemolítica autoimune é uma condição clínica incomum em que autoanticorpos
se ligam à superfície das hemácias, ocasionando sua destruição (PORTARIA SAS/MS nº
1.308/2013). Apresenta como sintomas a colúria, icterícia, palidez, dores musculares, cefaleia,
náuseas, vômito, diarreia, fraqueza progressiva e dispneia (BRASIL, 2017; POLSDORFER,
2018). Pode resultar de múltiplas causas, sendo a maioria relacionado a quadros infecciosos. O
tratamento é voltado, portanto, para o fator etiológico. Da mesma forma que existe uma grande
variedade de tipos de anemia hemolítica, também estão disponíveis diversas opções
terapêuticas que devem ser adaptadas e otimizadas em cada caso, não obstante o tratamento de
suporte e sintomático (BRITES, 2018).
A anemia de Fanconi é uma doença genética rara e heterogênea, descrita inicialmente
em 1927, pelo pediatra suíço Guido Fanconi, encontrada em todos os grupos étnicos e
observada em cerca de 1 em cada 360 mil nascimentos. Caracterizada como uma forma rara de
anemia aplásica familiar, com baixa estatura, hipogonadismo e manifestações cutâneas (ZEN,
2011). Dentre os sintomas característicos destacam-se dor na barriga, queda de cabelo, cansaço
e feridas na boca. Seu tratamento é feito com transplante de medula óssea e com
imunossupressores (LIMA, 2017).
A anemia é uma situação que leva à sobrecarga do sistema cardiovascular, aumentando
o débito cardíaco, sua presença pode intensificar uma condição de isquemia miocárdica e de
insuficiência cardíaca subjacentes, principalmente no paciente submetido a um procedimento
cirúrgico (FEITOSA, 2007; MANDAL, 2019).
A redução na concentração de hemoglobina das hemácias diminui o transporte de
oxigênio durante o ato cirúrgico, o que a torna o mais forte preditor de transfusões de
componentes sanguíneos, que por sua vez acarreta em riscos associados, como transmissão de
doenças pela transfusão, reações transfusionais, erros de administração do hemocomponente,
lesão pulmonar aguda pós-transfusão, sobrecarga de ferro, e imunomodulação. Estes riscos
associados provavelmente aumentarão a morbidade cirúrgica do paciente (BEATIIE et al.,
2009).
A anemia, isoladamente também é fator de maior morbimortalidade em algumas
populações específicas durante realização de cirurgia, como por exemplo, idosos, cardiopatas
(SABATINE et al., 2005), candidatos à cirurgia cardíaca e não cardíaca (WU et al., 2007).
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A anemia deve ser vista como condição clínica significativa, em vez de simplesmente
um valor laboratorial anormal. Em pacientes cirúrgicos, a anemia tem sido associada ao
aumento da morbidade e mortalidade no pós-operatório. Todo paciente anêmico tem menor
qualidade e expectativa de vida; considerando-se um paciente cardiopata em recuperação, a
anemia se torna um agravante na recuperação do paciente (RIVA et al., 2013)
A anemia pode piorar como consequência de uma cirurgia planejada, como, também
por causa da perda de hemoglobina devido a resposta inflamatória à cirurgia, onde existe
remodelação óssea. É provável que o tratamento da anemia seja necessário previamente por um
período maior do que na prática geral de hematologia (KOTZÉ, 2016).
A anemia identificada no pré-operatório é independentemente associada ao aumento do
risco após o ato cirúrgico, como por exemplo, maior necessidade de cuidados intensivos e
estadia hospitalar, complicações pós-operatórias como isquemia miocárdica, maior ocorrência
de infecções e pior resultado geral, incluindo o óbito, mesmo naqueles com anemia leve
(Hb>10dg/l) (KOTZÈ, 2015; CLEVENGER, 2015).
Anemia na cirurgia tem sido associada a maior risco de infecção, maior necessidade de
ventilação mecânica e maiores taxas de mortalidade do que o observado em indivíduos que não
têm anemia no pré-operatório (RIVA et al., 2013).
Os pacientes idosos e que possuem outras comorbidades, como doença renal, câncer,
insuficiência cardíaca e diabetes mellitus, têm um risco aumentado de serem anêmicos em
função da própria comorbidade, além disso, pacientes de biótipo que têm menor volume
sanguíneo circulante, pode resultar em maior probabilidade de anemia pós-operatória
(KANSAGRA e STEFAN, 2016).
O correto diagnóstico da anemia e o encaminhamento para tratamento adequado até que
se melhore o quadro, mesmo que acarrete adiamento da cirurgia quando eletiva, leva a menor
risco cirúrgico de complicações pós-operatórias. O tratamento pré-operatório é utilizado para
aumentar a massa de células vermelhas. A probabilidade de transfusão varia em função do nível
de hemoglobina inicial e da perda de massa eritrocitária no perioperatório (KOTZÉ, 2016).
Em pacientes hospitalizados, a anemia é uma condição de ocorrência comum em
pacientes graves e, geralmente, ocorre em consequência de uma associação de fatores, como a
diluição secundária à reposição volêmica, a hemólise, as anormalidades no metabolismo do
ferro, as perdas sanguíneas pelo trato gastrintestinal e, ainda, com a diminuição da produção de
eritropoetina com consequente diminuição de eritropoese em resposta a presença de citocinas
inflamatórias (LOBO et al., 2006).
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A anemia traz riscos para o paciente mesmo no pré-operatório, uma vez que ela precisa
ser minimizada e por isso, pode adiar o procedimento cirúrgico, sendo que o anêmico tem a
capacidade sanguínea de transporte de oxigênio reduzida. Para minimizar riscos no período
perioperatório, ocorre a consulta pré-operatória, que representa uma oportunidade para a
detecção e tratamento oportunos da anemia perioperatória antes da cirurgia eletiva. A decisão
de concluir um estudo para avaliação diagnóstica da anemia depende da gravidade da anemia e
da urgência da cirurgia, e cada caso deve ser avaliado separadamente, o que sugere ao médico
que prescreva medicações para minimizar a anemia e assegurar que o procedimento cirúrgico
seja melhor sucedido, uma vez que o organismo do paciente estará mais saudável no pré-
cirúrgico e reagirá bem ao procedimento a ser realizado (KANSAGRA e STEFAN, 2016).
O paciente com quadro anêmico pode apresentar sintomas como tontura, dispneia,
taquicardia, hipotensão ortostática, entretanto, podendo ou não precisar de receber transfusão
sanguínea (CAMPOS; SOLEY e CAMPOS, 2018).
A anemia está associada aos principais fatores de risco para alterações orgânicas no
período pós-operatório de cirurgias, sendo que estes associam-se a: idade, sexo, história médica,
tipo de medicação utilizada no pré-operatório e fatores de risco intraoperatório (tipo de cirurgia,
tempo de permanência em circulação extracorpórea, tempo de permanência em internação e
uso de medicação específica) (RIVA et al., 2013). Durante a avaliação do paciente no pré-
operatório, a anemia pode ser detectada e é um preditor independente de piores resultados em
populações de pacientes. O papel da anemia no agravamento dos resultados talvez seja melhor
exemplificado na síndrome de anemia cardiorrenal onde pacientes com condições crônicas
como insuficiência cardíaca e doença renal têm um risco aumentado de desenvolvimento de
anemia, ocasionando exacerbações das condições crônicas subjacentes, levando a piores
desfechos dos pacientes, incluindo aumento da mortalidade (SHANDER, LOBEL e
JAVISROOZI, 2016).
Devemos levar em conta que, além da perda sanguínea pela própria cirurgia, a anemia
pós-operatória pode ser agravada pela hemodiluição após infusão de líquidos, pela liberação de
citocinas inflamatórias após a cirurgia, pela diminuição da captação gastrointestinal de ferro e
pela diminuição da produção de eritropoietina (KANSAGRA e STEFAN, 2016).
Valores críticos de hemoglobina abaixo do qual a oferta de oxigênio tecidual seja
comprometida é encontrada apenas na anemia extremamente severa, porém os efeitos
prejudiciais da anemia ainda podem ocorrer em níveis mais elevados de hemoglobina e até
mesmo em anemia leve (SHANDER, LOBEL e JAVIDROOZI, 2016).
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O risco de anemia em pacientes pode ser determinado a partir de estudos envolvendo


aqueles que recusam transfusões de sangue (PATEL e CARSON, 2017).
O quadro de anemia grave em pacientes cirúrgicos tem como possibilidade de
tratamento, a transfusão sanguínea, visto que a anemia é uma condição que pode isoladamente
levar a aumento da morbidade e mortalidade associadas à hipóxia tissular generalizada. Por
outro lado, o tratamento com transfusões sanguíneas não é isento de efeitos adversos (SILVA
JUNIOR et al., 2008).
As transfusões de hemocomponentes sanguíneos acarretam riscos associados, como
transmissão de doenças pela transfusão, reações transfusionais, erros de administração do
hemocomponente, lesão pulmonar aguda pós-transfusão, sobrecarga de ferro, e
imunomodulação (BEATIIE et al, 2009; BRASIL, 2010). Por isso, ao recorrer à transfusão é
imprescindível avaliar a necessidade desse procedimento devendo-se considerar os sinais e
sintomas associados à anemia apresentados pelo paciente, buscando valorizar sinais objetivos
de sobrecarga cardiocirculatória em detrimento de sintomas mais vagos como cansaço e astenia
(BRUNETTA, 2015). Estudos sugerem que hemotransfusão deveriam ser limitados a pacientes
com mais de 500 mL de perda sanguínea durante o intraoperatório (SMILOWITZ et al., 2016).
Segundo as diretrizes atualizadas da Sociedade Americana de Anestesiologia
recomenda-se transfusão se o nível de hemoglobina for menor que 6 g/dL e que a transfusão
raramente é necessária quando o nível é superior a 10 g/dL. Quando as concentrações de
hemoglobina caem entre 6 e 10 g/dL, as diretrizes afirmam que as decisões de transfusão devem
basear-se na existência de risco de isquemia orgânica, risco ou sangramento contínuo,
hemoinstabilidade e suscetibilidade a complicações de oxigenação inadequada (PATEL e
CARSON, 2017).
Apesar da anemia ser relacionada com maior probabilidade de óbito perioperatório, a
hemotransfusão parece não determinar a diminuição do risco, mas ao contrário, a administração
de concentrado de hemácias é um fator independente para morbidade e mortalidade em
pacientes internados nas unidades de terapia intensiva (LOBO et al, 2006).
A transfusão sanguínea está associada à infecção hospitalar, que tem relação direta com
o número de unidades transfundidas no paciente (quanto maior o número de unidades maiores
as frequências de infecções nosocomiais), o que demonstra mais um risco à hemotransfusão
indiscriminada (SILVA JUNIOR et al., 2008).
Bernard (2009) demonstrou em um estudo com pacientes submetidos a cirurgia geral
em 2005 a 2006 (n = 125.223) que a hemotransfusão de apenas 1 unidade de concentrado de
hemácias aumentaram o risco de mortalidade em 30 dias (OR = 1,32), sendo a morbidade
18

composta com OR = 1,23, a pneumonia com OR = 1,24 e sepse ou choque com OR = 1,29 e
transfusão de 2 unidades acrescentou a estes riscos, a infecção do local cirúrgico (OR = 1,25).
Ainda no pré-operatório a decisão de uma transfusão sanguínea deve considerar a
duração da anemia, a volemia, a extensão da cirurgia, a probabilidade de hemorragia maciça e
a presença de comorbidades associadas, como doenças pulmonares, insuficiência cardíaca,
isquemia miocárdica e insuficiência vascular periférica ou cerebral (FEITOSA et al., 2007).
Ao se transfundir um paciente com 4 mL/kg de concentrado de hemácias por peso
corporal geralmente consegue-se obter a elevação do hematócrito do paciente em 3% e da
hemoglobina em 1g/dl (BRUNETTA, 2015). Sendo que a instituição de diretrizes intra-
hospitalares para transfusão de células vermelhas devem basear-se na indicação de isquemia
orgânica, risco ou sangramento contínuo, status do volume intravascular e suscetibilidade à
complicações de oxigenação inadequada (PATEL e CARSON, 2017).
Os mecanismos fisiológicos de compensação da anemia (alterações no débito cardíaco,
viscosidade sanguínea, resistência vascular periférica e na curva de dissociação da
hemoglobina) são eficazes em manter adequado o aporte de oxigênio aos tecidos quando o nível
de hemoglobina diminui (BRUNETTA, 2015).
A hemotransfusão disseminada aumenta de forma significativa o risco de transmissão
de agentes infecciosos e afeta o perfil imunológico, aumentando o risco de infecção nosocomial
e de recorrência de câncer (LOBO et al., 2006).
Para verificar a ocorrência de variação de hemoglobina imediatamente antes e após a
realização de procedimentos cirúrgicos são realizados exames para favorecer maior segurança
nos procedimentos médicos, que devem constar nos prontuários dos pacientes.
Durante o período perioperatório, nos pacientes anêmicos, independente da causa de
anemia, estratégias para minimizar a anemia e o sangramento devem ser consideradas para
todos os pacientes, e estratégias restritivas de transfusão podem ser aconselháveis
(SMILOWITZ et al., 2016).
O Conselho Federal de Medicina, na resolução CFM nº 1.638/2002, considera que o
prontuário é documento valioso para o paciente, para o médico que o assiste e para as
instituições de saúde, bem como para o ensino, a pesquisa e os serviços públicos de saúde, além
de instrumento de defesa legal (BRASIL, 2014).
A fim de manter-se o registro, permitir continuidade e eficácia no atendimento contínuo
ao paciente, o prontuário se torna peça fundamental para o médico assistente (MACEDO,
2017). Os registros feitos pela equipe multiprofissional assistencial têm papel preponderante na
segurança e no controle do tratamento médico (CARVALHO, 2017), sendo que um ponto
19

importante da utilidade do prontuário também está no serviço à pesquisa na área de saúde.


Através dele pode-se colher informações, elaborar estatísticas e indicadores, beneficiando o
ensino, a assistência e o planejamento em saúde. O prontuário médico, também, serve como
instrumento de defesa legal (FARINA, 1999).
Durante o registro no prontuário, quando se faz anotação incorreta, incompleta, falseada
ou inexistente quanto aos fatos relacionados com o paciente pode caracterizar falsidade
ideológica (CARVALHO, 2017).
Os itens que deverão constar obrigatoriamente do prontuário confeccionado em
qualquer suporte, eletrônico ou papel: a. Identificação do paciente - nome completo, data de
nascimento (dia, mês e ano com quatro dígitos), sexo, nome da mãe, naturalidade (indicando o
município e o estado de nascimento), endereço completo (nome da via pública, número,
complemento, bairro/distrito, município, estado e CEP); b. Anamnese, exame físico, exames
complementares solicitados e seus respectivos resultados, hipóteses diagnósticas, diagnóstico
definitivo e tratamento efetuado; c. Evolução diária do paciente, com data e hora, discriminação
de todos os procedimentos aos quais o mesmo foi submetido e identificação dos profissionais
que os realizaram, assinados eletronicamente quando elaborados e/ou armazenados em meio
eletrônico (RESOLUÇÃO CFM nº 1.638/2002, Art. 5º; BRASIL, 2014).
A correta identificação de um quadro de anemia na avaliação pré-anestésica durante o
período perioperatório permite o emprego e otimização de um tratamento adequado em vistas
de reduzir o risco do paciente ao procedimento cirúrgico proposto, como o risco de ser
submetido a uma transfusão desnecessária se a anemia não for corrigida previamente. Porém,
muitas vezes o paciente é submetido ao procedimento cirúrgico com algum grau de anemia
prévia, seja em cirurgia eletiva ou de urgência, como observado pelo pesquisador na prática
diária como anestesiologista do referido hospital. Esta observação de vários pacientes admitidos
para tratamento cirúrgico eletivo ou de urgência na vigência de graus variados de anemia
motivou o presente estudo. Dessa forma, este estudo subsidiará a proposta de estratégias no
hospital, para redução de danos e garantia da qualidade da assistência prestada e da segurança
ao paciente.
20

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Avaliar a prevalência de anemia pré-operatória em pacientes submetidos a


procedimentos cirúrgicos em hospital público da Região Norte do Brasil.

2.2 ESPECÍFICOS

✓ Determinar entre os prontuários analisados, a porcentagem de amostras válidas;


✓ Estabelecer uma relação entre a anemia e o tipo de procedimento cirúrgico, risco
anestésico, sexo e urgência do procedimento;
✓ Observar a técnica anestésica empregada nos pacientes operados;
✓ Apresentar o número de pacientes submetidos à hemotransfusão;
✓ Analisar a precisão das informações prestadas nos prontuários e rotinas médicas no
período perioperatório de modo a propor melhorias para os sistemas públicos de saúde.
21

3 METODOLOGIA

Trata-se se um estudo descritivo, transversal e documental. Após a aprovação do comitê


de ética da Universidade de Gurupi, UNIRG, (CAAE: 09077319.2.0000.5518). Foram
analisados prontuários dos pacientes portadores de qualquer patologia cirúrgica que foram
submetidos a procedimento cirúrgico no Hospital Regional Público de Gurupi (HRG) no
período de janeiro a março de 2018.
A definição de marco temporal para limitação da amostra ocorreu em função da
dificuldade de separação e análise manual e individual dos prontuários, de forma a se enquadrar
na programação inicial do projeto.
A busca de dados foi realizada no setor de arquivamento médico da instituição pública,
com procura manual do prontuário arquivado em caixas separadas e análise individual de cada
prontuário, tendo seus dados registrados em computador, sendo a coleta feita pelo pesquisador
e por alunos de graduação em medicina, devidamente treinados pelo pesquisador.
Para registro dos dados do prontuário foi criada uma planilha específica em programa
Microsoft Excel® para Office 365 MSO versão 1910 (16.0.1230.20382), com campos de
preenchimento pré-definidos, mantendo o padrão dos dados incluídos.
A pesquisa teve como único critério de inclusão, prontuários de pacientes submetidos a
qualquer tipo de cirurgia no referido hospital no período definido.
Os critérios de exclusão para a análise estatística foram falhas de preenchimento dos
prontuários no tocante a dados pessoais incompletos, dados laboratoriais inexistentes ou
incompletos, letra ilegível e ausência de ficha de registro da anestesia.
Foram analisados 253 prontuários sendo registrados dados referentes a sexo, idade, raça,
procedência, internação, data da cirurgia, alta hospitalar e número de dias de internação,
cirurgia realizada, especialidade cirúrgica, se a cirurgia era eletiva ou de urgência, classificação
de risco pela American Society of Anesthesiology (ASA), tipo de anestesia, complicações
transoperatórias, valores de hemoglobina pré-operatória, hematócrito pré-operatório, valores de
hemoglobina pós-operatória, hematócrito pós-operatório, necessidade de hemotransfusão pré-
operatória e pós-operatória.
Os dados dos prontuários após serem coletados e inseridos em planilha eletrônica, foram
enviados a profissional estatístico, sendo tratados por meio de estatística descritiva em gráficos
e tabelas de contingência, sendo utilizado o software Microsoft Excel ® para Office 365 MSO
22

versão 1910 para as análises estatísticas; e as informações coletadas analisadas de acordo com
frequência e tópico.
A análise da relação entre presença de anemia perioperatória com as demais variáveis,
como sexo, idade, tipo de cirurgia (eletiva ou de urgência) e complicações pós-operatórias foi
realizada com o teste t, com valor de p adotado de 5%.
23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a coleta dos prontuários e seleção dos pacientes operados no período de janeiro a
março de 2018, foram analisados 514 prontuários. Sendo excluídos 261 prontuários que não
cumpriram os requisitos para participarem da análise estatística do estudo, ou seja 49,2% do
total de pacientes operados neste período não tiveram seu registro adequado no prontuário
médico, impossibilitando sua inclusão no estudo.
Foram excluídos em sua maioria por falhas no preenchimento de dados imprescindíveis
a análise, como dados pessoais incompletos, dados laboratoriais inexistentes ou incompletos,
letra ilegível e ausência de ficha de registro da anestesia, o que demonstra uma grande falha no
preenchimento correto do prontuário médico, visto ser um documento extremamente útil ao
registro de dados do paciente e inclusive, servir de substrato para análises científicas.
Ainda há de se considerar que a falta de registro adequado ao prontuário pode acarretar
prejuízo não apenas ao pesquisador, mas primeiramente ao próprio paciente, uma vez que se
necessário for, ao médico assistente, rever estes prontuários para tomada de alguma conduta ou
verificar dúvida em relação a resultados de exames, não havendo registro destes dados.
Neste caso o paciente poderia ser submetido a novos exames, gerando um risco e um
desconforto desnecessário, além do aumento do custo no tratamento devido novas solicitações
de exames, enfim, prejudicando o paciente, o médico assistente, o pesquisador e o próprio
sistema público de saúde. Seria interessante que as equipes dos centros cirúrgicos tivessem a
consciência da importância dos dados anotados para posterior pesquisa e estudo, ou ainda em
certos casos, para oferecer respaldo sobre o processo cirúrgico em atendimento futuro do
paciente.
O correto preenchimento do prontuário deve ser incentivado a todo o profissional da
saúde que atua na assistência ao paciente. Sendo, inclusive, uma determinação dos conselhos
profissionais de cada profissão. Uma alternativa que poderia mitigar a falta deste preenchimento
adequado seria a instituição do modelo de prontuário eletrônico, já utilizado por vários
hospitais, inclusive da rede pública de saúde.
Ao se retirar os prontuários invalidados pelos critérios de exclusão, restaram 253
prontuários de pacientes para análise. Desses, 132 pacientes apresentavam anemia, ou seja,
52,1% dos pacientes atendidos neste período apresentaram algum grau de anemia previamente
à cirurgia. A distribuição em relação ao sexo encontra-se na Figura 1.
24

140
132
120 121

100
80 71
61
60
40
20
0
TOTAL DE PACIENTES PACIENTES COM ANEMIA

Mulheres Homens

Figura 1 - Distribuição dos pacientes quanto ao sexo em relação a anemia ou normalidade


no Hospital Regional de Gurupi, Jan-Mar 2018.
Fonte: Dados do Autor, 2019.

Em relação ao sexo, verificou-se diferença entre homens e mulheres em relação à


presença de anemia, com maior frequência de anemia nos pacientes femininos (53,78%) em
relação ao masculino (50,41%), sendo que as pacientes do sexo feminino também apresentaram
menor média de hemoglobina (10,51 g/dl) em relação aos homens (11,17g/dl), ou seja, ser do
sexo feminino está associado com presença de anemia, corroborando com os achados da
literatura, onde uma maior ocorrência de anemia em mulheres se deve por fatores como
gestação, parto e puerpério, além de alterações no ciclo menstrual por exemplo SOUZA et al.,
2002 e IGLESIAS BENAVIDES et al, 2009).
Destaca-se ainda que as pacientes submetidas a procedimentos obstétricos como
cesáreas, podem apresentar uma frequência maior de anemia devido à perda de sangue, comum,
neste procedimento cirúrgico. Considere-se ainda que na gestação temos uma maior expansão
do volume plasmático em relação com a massa eritrocitária, levando a uma hemodiluição, ou
anemia fisiológica, com redução da viscosidade sanguínea, dos valores de hemoglobina e
hematócrito provavelmente para melhor irrigação placentária (SOUZA et al., 2002 e IGLESIAS
BENAVIDES et al., 2009).
Os pacientes submetidos aos procedimentos cirúrgicos eram provenientes de várias
cidades de todo o Estado do Tocantins. Sua distribuição está representada na Figura 2.
A idade média dos pacientes foi de 30,8 ± 20,3 anos. A média de hemoglobina
encontrada foi de 12,2 ±1,90 g/dl. Estes pacientes foram distribuídos conforme o grau de
anemia, sendo utilizada a definição da anemia baseada em gênero da OMS para a severidade.
Assim, anemia leve foi definida como concentração de Hb de 11-12,9 g/dl em homens e 11–
11,9 g/dl em mulheres; anemia moderada foi definida para ambos os sexos na concentração de
25

Hb entre 8 e 10,9 g/dl e anemia grave definida como concentração de Hb <8,0 g/dl (WHO,
2008).

Figura 2 - Distribuição dos pacientes quanto ao município de origem, Hospital Regional de


Gurupi, Jan-Mar 2018.
Fonte: Dados do Autor, 2019.

Encontrou-se 75 (29,64%) pacientes que apresentavam anemia leve antes da realização


da cirurgia, 51 (20,15%) tinham anemia moderada e 6 (2,37%) apresentavam anemia grave
ainda no pré-operatório, conforme a Figura 3.

PACIENTES OPERADOS

75 (29,64%)
121 (47,82%)

51 (20,15%)

6 (2,37%)
Anemia Leve Anemia Moderada Anemia Grave Normais

Figura 3 - Distribuição do número de pacientes quanto a normalidade ou gravidade de


anemia, Hospital Regional de Gurupi, Jan-Mar 2018.
Fonte: Dados do Autor, 2019.
26

Smilowitz et al. (2016) coletaram dados sobre os riscos de anemia no pré-operatório e


resultados intra-hospitalares de 30 dias, onde constataram que dentre 3050 sujeitos submetidos
à cirurgia ortopédica, a anemia pré-operatória estava presente em 537 indivíduos (17,6%), uma
hemorragia ocorreu em 33 (1%) e 766 (25%) receberam pelo menos uma transfusão de
hemácias, o que evidencia que todos os hospitais recebem pacientes com anemia.
Os resultados da análise dos prontuários já mencionados, contidos na Figura 4,
evidenciam que as especialidades cirúrgicas com maior número de procedimentos foram a
ortopedia, a cirurgia geral e a obstetrícia.

ESPECIALIDADE
vascular 1
urologia 1
pediátrica 6
ortopedia 53
oftalmologia 2
obstetrícia 29
neurocirurgia 3
ginecologia 1
cirurgia geral 35
bucomaxilofacial 1

0 10 20 30 40 50 60

Figura 4 - Distribuição do número de pacientes com anemia pré-operatória por


especialidade cirúrgica, Hospital Regional de Gurupi, Jan-Mar 2018.
Fonte: Dados do Autor, 2019.

Entretanto, deve-se considerar que por se tratar de hospital público referência em


atendimento de urgência e emergência em grande parte do sul do Tocantins (de Gurupi a
Talismã), o maior número de cirurgias na especialidade de ortopedia relaciona-se com a grande
quantidade de pacientes vítimas de trauma, principalmente de acidentes de trânsito.
Portanto, justifica-se a elevada incidência de cirurgias ortopédicas de emergência,
eventualmente com o paciente apresentando hemorragia, levando a níveis de hemoglobina
baixos. É oportuno lembrar que verificou-se, em alguns casos, que pacientes com traumas
graves foram submetidos a cirurgia com técnica anestésica não indicada, em virtude de anemia
grave aguda. Felizmente, não houve complicações anestésicas descritas nestes casos. A fim de
mudar esta elevada incidência de traumas automobilísticos, os órgãos governamentais e
agências estaduais de trânsito deveriam continuar e ampliar o alcance das campanhas
27

educacionais no trânsito, maior frequência de realização de barreiras de fiscalização e de ações


de manutenção adequada das vias públicas de circulação de veículos. Lembrando que é
obrigação do cidadão utilizar os equipamentos de proteção obrigatórios, como capacetes,
respeitar as normas de trânsito, evitando o excesso de velocidade, ingestão de álcool ao dirigir,
pois somente com a conscientização da população teremos um trânsito mais seguro.
Quanto às técnicas anestésicas empregadas nos pacientes, a Figura 5 expõe as técnicas
que foram mais utilizadas para anestesia.
A Sociedade Brasileira de Anestesiologia possui programas de capacitação e atualização
permanente visando o bem-estar e segurança do paciente, cabe ao médico anestesiologista se
atualizar e ser incentivado a buscar sempre a atualização, além de lutar por melhores condições
de trabalho nos hospitais da rede pública estadual.

TÉCNICAS ANESTÉSICAS

raquianestesia 75
146
geral venosa 22
35
geral inalatória 3
3
geral balanceada 24
49
bloqueio de plexo braquial 4
12
anestesia local + sedação 4
8
0 20 40 60 80 100 120 140 160

anemia total

Figura 5 - Técnicas anestésicas utilizadas nos pacientes operados em relação à anemia e


normalidade, Hospital Regional de Gurupi, Jan-Mar 2018.
Fonte: Dados do Autor, 2019.

Nas amostras deste estudo, 18 (7,11%) pacientes foram submetidos a hemotransfusão


no período perioperatório, utilizando um total de 51 unidades de concentrados de hemácias.
Cardoszo et al. (2014) apresentou estudo com 55 pacientes submetidos a artroplastia unilateral
total do joelho onde observou‐se a perda média de hemoglobina de 3,33 g/dl (24,78%), com
variação de 0,5 a 6,3 g/dl.
Como concluiu Ejaz et al. (2014) em um estudo onde encontrou uma transfusão
intraoperatória empregada em 437 (15,6%) dos 2806 pacientes submetidos a cirurgia do
aparelho digestivo. Os pacientes que receberam uma transfusão intraoperatória apresentaram
28

maior risco de complicações perioperatórias, embora os pacientes transfundidos com um


gatilho restritivo da Hb (menor que 10g/dl) não apresentaram maior risco de morbidade
perioperatória comparados com aqueles transfundidos com um gatilho mais liberal de Hb
(p>0,51).
Em casos cirúrgicos sob anestesia, os agentes anestésicos podem reduzir a pressão
arterial (por exemplo, por venodilatação e depressão cardíaca). Esta redução da pressão arterial
pode levar à infusão de fluidos intravenosos, o que pode resultar em hemodiluição e reduzir
ainda mais a concentração de hemoglobina (SHANDER, LOBEL e JAVIDROOZI, 2016).
Considerando-se as variações de nível de hemoglobina em relação à cirurgia do tipo
eletiva ou de urgência, a análise estatística não apontou significância, sendo que ocorreram
maior número de cirurgias de urgência no período analisado. Por se tratar de um hospital geral,
e mais voltado aos atendimentos de urgência e emergência para a região do sul do Tocantins,
poderia se esperar maior ocorrência de casos de urgência, em detrimento de cirurgias ditas
eletivas, o que era um achado esperado para a realidade onde a pesquisa foi realizada, por se
tratar de um hospital público e de referência para urgências e emergências
Deve-se lembrar, portanto, que como sendo procedimentos cirúrgicos de urgência, o
diagnóstico e tratamento da anemia nem sempre é possível no período pré-operatório, em
virtude do tempo exíguo para a realização do tratamento cirúrgico na urgência, o que aumenta
o risco anestésico e cirúrgico destes pacientes.
Campos, Soley e Campos (2018) realizaram um estudo prospectivo, com pacientes
submetidos à lipoaspiração isolada e associada à dermolipectomia abdominal, por indicações
estéticas. Foram avaliados 30 pacientes e coletados dados demográficos, peso, Índice de Massa
Corporal, níveis de hemoglobina, ferro sérico e proteínas totais, no pré-operatório, e entre 7 a
10 dias de pós-operatório. A queda da hemoglobina foi entre 2-6g/dl, com média de 3,1g/dl aos
7-10 dia de pós-operatório. Tiveram como valor mínimo de hemoglobina 7,8g/dl no pós-
operatório com 7-10 dias, enquanto o ferro sérico apresentou redução média de 44,8g/dl.
Silva Junior et al. (2008) realizou uma pesquisa que envolveu 80 pacientes, com idade
média de 68,4 ± 14,1 anos. A hemoglobina média no momento da transfusão era 8,2 ± 1,8 g/dl
e 19% dos pacientes apresentavam hemoglobina maior que 10 g/dl. Tais dados reforçaram os
resultados encontrados na pesquisa realizada nos prontuários de pacientes do Hospital Regional
de Gurupi (HRG) que apontaram parâmetros similares.
Corrêa (2004) utilizou uma amostra de 325 pacientes e constatou que a prevalência de
anemia na amostra estudada foi de 28,6%. Esta foi mais prevalente no sexo masculino, onde
observamos que 30,6% dos homens eram anêmicos (p<0,3).
29

5 CONCLUSÃO

Conclui-se, portanto, que houve falha no registro de pacientes, com dados incompletos
em cerca de metade dos prontuários analisados. Nos prontuários restantes encontrou-se uma
incidência de anemia perioperatória elevada. Houve maior incidência de anemia no sexo
feminino. As cirurgias de urgência e ortopédicas foram os procedimentos cirúrgicos mais
comuns. A variação do risco anestésico não apresentou nenhuma influência estatística
significativa.
Com os resultados obtidos pelo trabalho, iniciou-se, entre os médicos anestesiologistas,
ainda no ambulatório de avaliação pré-anestésica, a prescrição de suplementação de ferro
através de sulfato ferroso, para aqueles pacientes em avaliação para cirurgia eletiva, que
apresentem anemia, a fim de se reduzir os riscos da anemia perioperatória nesta população,
levando a um melhor desfecho no tratamento cirúrgico.
É importante que pesquisas futuras mais abrangentes sejam realizadas, a fim realizar um
diagnóstico mais preciso na anemia perioperatória para que a população, que no caso de um
infortúnio necessite de tratamento cirúrgico, esteja em melhores condições e consequentemente
com menor risco associado à cirurgia. Seria interessante também, uma vez que neste estudo não
foi possível observar, fazer o diagnóstico dos diferentes tipos de anemia que acometem os
pacientes em período perioperatório, possibilitando um tratamento mais adequado ou referência
para centros de hematologia fazerem o acompanhamento destes pacientes.
30

REFERÊNCIAS

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