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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

MARIA ANGELA ADAMOLI DE MORAIS ROSSETTO

QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM CÂNCER DE


CABEÇA E PESCOÇO

Piracicaba
2018
MARIA ANGELA ADAMOLI DE MORAIS ROSSETTO

QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM CÂNCER DE


CABEÇA E PESCOÇO

Dissertação de Mestrado Profissional


apresentada à Faculdade de Odontologia
de Piracicaba da Universidade Estadual de
Campinas como parte dos requisitos
exigidos para a obtenção do título de
Mestra em Gestão e Saúde Coletiva.

Orientadora: Profa. Dra. Karine Laura Cortellazzi Mendes


Co orientadora: Profa. Dra. Luciane Miranda Guerra
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL
DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA MARIA
ANGELA ADAMOLI DE MORAIS ROSSETTO E
ORIENTADA PELA PROFA. DRA. KARINE LAURA
CORTELLAZZI MENDES.

Piracicaba
2018
Ficha Catalográfica
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, a minha família e em especial ao meu marido.


AGRADECIMENTOS

Ao reitor da UNICAMP, Prof. Dr. Marcelo Knobel.

À Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP, na pessoa de seu


Diretor, Prof. Dr. Guilherme Elias Pessanha Henriques.

Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Pereira, coordenador do curso de Mestrado


Profissionalizante da FOP/UNICAMP, pela oportunidade e incentivos.

Agradeço o apoio da FOP UNICAMP no departamento de Odontologia em


Saúde Coletiva por todo o conhecimento que adquiri neste período de estudos.

A minha orientadora Profa. Dra. Karine Laura Cortellazzi, por toda


orientação, dedicação e em especial por ter acreditado no meu trabalho.

A minha co-orientadora Profa. Dra. Luciane Miranda Guerra, pela


dedicação e interesse em apoiar nos momentos difíceis desta empreitada.

Aos meus professores do curso do Mestrado Profissional em Saúde


Coletiva, aos funcionários da pós-graduação, departamento de saúde coletiva, outros
setores pelo apoio e orientação, aos meus colegas do curso pelo apoio e amigos.

A Associação Ilumina pela oportunidade de poder realizar esta pesquisa


de campo.
RESUMO

Os pacientes acometidos por Câncer de Cabeça e Pescoço (CCP)


compõem um grupo de pacientes com alta vulnerabilidade, alta letalidade,
estigmatizado pela sociedade em razão de deformidades craniofaciais que são
comuns nesse tipo de neoplasia e, portanto, apresentam, com frequência, sequelas
tanto físicas quanto emocionais, afetivas ou sociais que podem impactar na sua
qualidade de vida. Este estudo teve como objetivo avaliar os fatores associados à
qualidade de vida de pacientes diagnosticados com CCP inseridos no nível de média
complexidade de uma Rede de Atenção Oncológica. Trata-se de um estudo
transversal analítico. A amostra foi composta por 240 pacientes diagnosticados por
CCP no período de julho de 2016 a abril de 2017 e inseridos em uma associação não
governamental de um município de médio porte do Estado de São Paulo/Brasil. A
variável dependente foi qualidade de vida (QV) avaliada pelo instrumento WHOQOL-
bref. As variáveis independentes foram características sociodemográficas e clínicas,
coletadas por meio de questionário semiestruturado. Análise de regressão simples foi
realizada para cada variável independente com o desfecho e em seguida foi estimado
modelo de regressão múltipla, ajustado para a distribuição binomial negativa,
estimando-se a Prevalence Ratio Ratios (PRR) e os respectivos intervalos de 95% de
confiança. Para cada ano de escolaridade, houve um aumento de 3% no escore da
qualidade de vida (PRR=1,03; IC=1,00-1,21; p=0,0153). Para cada unidade de renda,
houve um aumento de 10% no escore da qualidade de vida (PRR=1,10; IC=1,02-1,17;
p=0,0076). Os indivíduos não portadores de diabetes, (PRR=1,10; IC=1,01-1,21;
p=0,0248), que não apresentavam sequela física (PRR=1,16; IC=1,04 -1,29;
p=0,0069) e sequela funcional (PRR=1,17; IC=1,03-1,32; p=0,0124) tiveram 10%,
16% e 17% escores maior de qualidade de vida, respectivamente. A qualidade de vida
dos pacientes com CCP está associada com as condições socioeconômicas e
clínicas.

Palavras-chave: Qualidade de vida. Neoplasias de cabeça e pescoço. Atenção à


Saúde.
ABSTRACT

The patients affected by Head and Neck Cancer (CCP) are a group of patients
with high vulnerability, high lethality, stigmatized by society due to craniofacial
deformities that are common in this type of neoplasia and, therefore, often have
sequelae both physical, emotional, affective or social factors that may impact their
quality of life. This study evaluated the factors associated with the quality of life of
patients diagnosed with PCC inserted in the level of medium complexity of an Oncology
Care Network. This is a cross-sectional analytical study. The sample consisted of 240
patients diagnosed by CCP from July 2016 to April 2017 and enrolled in a non-
governmental association of a medium-sized municipality in the State of São Paulo /
Brazil. The dependent variable was quality of life (QOL) assessed by the WHOQOL-
bref instrument. The independent variables were sociodemographic and clinical
characteristics, collected through a semi-structured questionnaire. Simple regression
analysis was performed for each independent variable with the outcome and then
estimated the multiple regression model, adjusted for the negative binomial
distribution, estimating the Prevalence Ratio Ratios (PRR) and the respective 95%
confidence intervals. For each year of schooling, there was a 3% increase in the quality
of life score (PRR = 1.03, CI = 1.00-1.21, p = 0.0153). For each income unit, there was
a 10% increase in the quality of life score (PRR = 1.10, CI = 1.02-1.17, p = 0.0076).
The individuals without diabetes (PRR = 1.10, CI = 1.01-1.21, p = 0.0248), who had no
physical sequelae (RR = 1.16, CI = 1.04 -1, 29, p = 0.0069) and functional sequela
(PRR = 1.17, CI = 1.03-1.32, p = 0.0124) had 10%, 16% and 17% higher quality of life
scores, respectively. The quality of life of patients with CCP is associated with
socioeconomic and clinical conditions.

Keywords: Quality of life. Head and neck neoplasms. Health Care.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 ARTIGO: AVALIAÇÃO DOS FATORES ASSOCIADOS A QUALIDADE


DE VIDA DE PACIENTES COM CÂNCER DE CABEÇA E
PESCOÇO 14

3 CONCLUSÃO 38

REFERÊNCIAS 39

APÊNDICE 1 -INSTRUMENTO DE COLETA DE INFORMAÇÕES 43


CLÍNICAS E SOCIODEMOGRÁFICAS

ANEXOS 45

ANEXO 1 – CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA 45

ANEXO 2 – SUBMISSÃO DO ARTIGO 46

ANEXO 3 - INSTRUMENTO WHOQOL – Bref 47


10

1 INTRODUÇÃO

O Câncer de Cabeça e Pescoço (CCP) pode ser definido por um tumor


maligno decorrente da mucosa do trato aerodigestivo superior: nasofaringe e laringe,
incluindo a hipofaringe, orofaringe, lábio e cavidade oral (Algtewi et al., 2017). Tem
início nas células escamosas que revestem as superfícies das mucosas da boca, nariz
e garganta e pode ser classificado conforme a área da cabeça ou pescoço onde inicia-
se a lesão. Os sinais e sintomas aparecem com uma ferida que não cicatriza seja por
um nódulo ou dificuldade para engolir, alterações na voz, rouquidão e dor na garganta
que não melhoram (Oncoguia, 2017).
Em todo o mundo, cerca de 650 mil pessoas por ano são diagnosticadas
com esse tipo de câncer. Corresponde ao quinto tipo mais comum no mundo,
apresentando grande mortalidade e morbidade (Campana e Goiato, 2015), sendo
responsável por 5% de todos os cânceres no mundo ocidental (Ringash, 2015; Rettig
e Souza, 2015). Além disso é considerado o sétimo tipo mais comum em malignidade
e pode ter sua origem na cavidade oral (40% dos casos), na faringe (15% dos casos),
na laringe (25% dos casos) ou em outras estruturas, como a tireóide e glândulas
salivares (Lambert et al., 2011; Chang et al., 2015), resultando em aproximadamente
300 mil mortes por ano (Parkar e Shah, 2017). Os países asiáticos mostram que cerca
de 70% dos casos de câncer são por câncer de cabeça e pescoço (Chang et al., 2015).
Tumores malignos orais são geralmente associados a um mau prognóstico com uma
taxa de sobrevida de 5 anos em até 50%, principalmente devido ao diagnóstico tardio
(Lambert et al., 2011; Rodrigues et al. ,2015).
Entre as diversas causas de morbimortalidade no mundo, o câncer é a
única que continua a crescer independentemente do país ou continente e nos países
em desenvolvimento é atualmente responsável por uma entre dez mortes. Por esse
motivo, configura-se como um grave problema de saúde pública (WHO, 2002).
No Brasil, a incidência de CCP tem aumentado a cada ano, especialmente
nos anos de 2016 e 2017. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa
de novos casos da doença é de 596.070 para este período (INCA, 2017).
A média de idade para o diagnóstico de CCP é em torno de 60 anos, com
predominância masculina, especialmente para o câncer de laringe. Cerca de dois
terços desses pacientes apresentam-se em estágio avançado da doença, geralmente
apresentando comprometimento do gânglio (Sook et al., 2017). O CCP representa
11

cerca de 25% dos tumores malignos que acometem a laringe e 2% de todas as


doenças malignas relacionadas ao câncer em geral. A ocorrência pode se dar em uma
das três porções em que se divide o órgão: laringe supraglótica, glote e subglote,
sendo que aproximadamente 2/3 dos tumores surgem na corda vocal verdadeira,
localizada na glote, e 1/3 acomete a laringe supraglótica (acima das cordas vocais).
O tipo histológico mais prevalente, em mais de 90% dos pacientes, é o carcinoma
epidermóide (INCA, 2017).
Em se tratando das estruturas que envolvem o CCP, o câncer da cavidade
oral pode afetar os lábios, gengiva, mucosa jugal (bochechas), palato duro (céu da
boca), língua (principalmente as bordas), assoalho da língua (região embaixo da
língua) e amígdalas. Dentre eles, o de lábio é o tipo mais comum em pessoas brancas,
ocorre mais frequentemente no lábio inferior e está associado à exposição solar, ao
tabagismo e ao etilismo (INCA, 2017). Segundo Simard et al. (2014), a etiologia do
câncer bucal é multifatorial, sendo o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e o
hábito de mascar noz de betel os fatores mais prevalentes. Quando o câncer da
cavidade oral é detectado em fase avançada e as opções terapêuticas são reduzidas
o prognóstico é muito pior (Algtewi et al., 2017).
Em se tratando do tratamento para este tipo de câncer, a cirurgia, a
quimioterapia, a radioterapia, a hormonioterapia e a terapia biológica são
considerados tratamentos padrões após o diagnóstico do câncer podendo causar
efeitos tardios e irreversíveis para os pacientes (Nigro et al., 2017). Como
consequência, pode ocorrer danos físicos como a perda de funções vitais na
deglutição, fala e sentidos de sabor e cheiro (Santos et al., 2015) que podem vir
acompanhados pela deterioração social e emocional (Daugaard et al., 2017; Dzebo et
al., 2017). Portanto, é fundamental investigar as variáveis que possam influenciar na
qualidade de vida de pacientes afetados pela doença, a fim de planejar intervenções
que contemplem a integralidade do paciente e que não se restringem aos sinais e
sintomas do câncer (Mansano-Schlosser et al., 2012; Alves et al., 2012).
Em meados dos anos 70, o termo qualidade de vida passou a ser
empregado na área da saúde visando o bem-estar do paciente oncológico (Diniz e
Schor, 2006; Chem, 2012). Com o avanço tecnológico foi necessário se introduzir
novas reabilitações como por exemplo próteses em pacientes amputados de titânio,
dentre outras, o que proporcionou um aumento na expectativa de vida de pacientes
com doenças crônicas (Diniz e Schor, 2006; Chem, 2012).
12

Em 1995, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu o conceito de


qualidade de vida (QV) como sendo “a percepção do indivíduo de sua inserção na
vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos
seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (The Whoqol Group, 1995,
Fleck et al., 1999).
A Qualidade de Vida é um conceito que vem sendo definido na tentativa de
categorizar aspectos da experiência do ser humano por meio da avaliação de
domínios individuais (Sheperd, 2004). Avalia-se o impacto físico e psicossocial que as
enfermidades, disfunções ou incapacidades podem acarretar para as pessoas
acometidas, permitindo assim um melhor conhecimento do paciente e de sua
adaptação à enfermidade (Angelo et al., 2010).
Dentre as enfermidades que afetam a QV, destaca-se o câncer de cabeça
e pescoço, que é um dos principais problemas de saúde do Brasil (Angelo et al., 2010).
Logo, estudar a qualidade de vida desses pacientes é fundamental, pois se trata de
uma doença extremamente agressiva e mutiladora, que gera sofrimento tanto para o
paciente quanto para sua família (Seidl et al., 2004; Chem, 2012).
O tratamento desse tipo de câncer é muitas vezes considerado agressivo,
podendo acometer a qualidade de vida dos pacientes. Devido às terapias e métodos
envolvidos no tratamento, os pacientes podem enfrentar mudanças drásticas na sua
qualidade de vida e no estado psicológico ao longo da doença (Silveira et al., 2012).
O câncer de cabeça e pescoço e seu tratamento podem causar mudanças
significativas nas funções vitais relacionadas à alimentação, comunicação e
respiração de pacientes afetados como também à autoimagem do indivíduo, podendo
gerar consequências devastadoras sobre a qualidade de vida do paciente e também
em suas famílias (Jungerman et al., 2017).
Devido a sua problemática que pode causar deformidades e incapacidades
ao longo da doença atingindo vários órgãos e comprometendo funções vitais, é
necessária uma abordagem mais ampla e humanizada, com o objetivo de o
tratamento desenvolvido incluir a cura, o órgão afetado e preservação da função a fim
de manter a qualidade de vida e cuidados paliativos. Assim, a gestão do cuidado no
tratamento desta patologia deve envolver uma gama de profissionais de saúde
multidisciplinares com conhecimentos relevantes (Nigro et al., 2017).
Esta enfermidade tem o diferencial de provocar, desde o momento do
diagnóstico, impacto psicológico, sentimentos negativos, receios e medo. Ocorrem
13

mudanças importantes no modo de vida dos indivíduos acometidos, como alterações


físicas e emocionais devido ao desconforto, dor, desfiguração, dependência e perda
da autoestima, intensificadas pela associação da doença com o risco de morte
(Schosser e Ceolim, 2012).
A promoção de uma assistência integral cujas necessidades tanto
biopsicossociais quanto espirituais destes pacientes devem ser atendidas. Diante
deste ponto de vista, os profissionais de saúde da área de oncologia demandam ter
domínio das formas de avaliar e medir a qualidade de vida de seus pacientes, as quais
devem estar alicerçadas no cuidado integral e humanizado, visando para além da
cura, a qualidade de vida do indivíduo (Leite et al., 2015).
Saber abordar um indivíduo que está passando por um processo de
fragilização é entender que a perspectiva de trabalhar em redes pode ser uma
estratégia de intervenção na articulação das relações de força como recurso para as
equipes multidisciplinares no tratamento de pacientes com CCP (Kern, 2004).
Sob a concepção da proteção integral, da qual trata o Estatuto da Criança
e do Adolescente (Brasil, 2010), a diretriz é de interdisciplinaridade entre os
profissionais (Rossini e Barros, 2012). Poder avaliar as ações preventivas
desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar de uma Organização Não
Governamental no município de médio porte de São Paulo foi um dos motivos deste
estudo.
Apesar de existir estudos internacionais a respeito da importância da
mensuração da qualidade de vida em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, no
Brasil há escassez de trabalhos que relatem programas sociais de natureza
multidisciplinar, principalmente quanto aos aspectos psicológicos do câncer de cabeça
e pescoço, mesmo existindo equipes especializadas em assistir estes tipos de
pacientes (Silveira et al., 2012).
Esse aspecto é importante, não apenas para descrever as questões
inerentes a essa população, mas também para discutir possíveis intervenções
(Silveira et al., 2012).
Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar os fatores associados à
qualidade de vida de pacientes diagnosticados com CCP inseridos na média
complexidade de uma Rede de Atenção Oncológica.
14

2 ARTIGO: AVALIAÇÃO DOS FATORES ASSOCIADOS A QUALIDADE DE


VIDA DE PACIENTES COM CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

Artigo submetido ao periódico Revista Ciência & Saúde Coletiva (Anexo 2)

ASSESSMENT OF FACTORS ASSOCIATED WITH THE QUALITY OF LIFE OF


PATIENTS WITH HEAD AND NECK CANCER

Maria Ângela Adamoli de Morais ROSSETTO1


Inara Pereira da CUNHA2
Jaqueline Vilela BULGARELI3
Glaucia Maria Bovi AMBROSANO4
Antonio Carlos PEREIRA4
Luciane Miranda GUERRA5
Karine Laura CORTELLAZZI 5

1. Mestranda em Odontologia em Saúde Coletiva. Departamento de Odontologia


Social. Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de
Campinas.
2. Doutoranda em Odontologia. Departamento de Odontologia Social. Faculdade de
Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas, Brasil.
3. Pós doutoranda em Odontologia. Departamento de Odontologia Social -
Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas,
Brasil.
4. Professor titular. Departamento de Odontologia Social - Faculdade de
Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas, Brasil.
5. Professor doutor. Departamento de Odontologia Social - Faculdade de
Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas, Brasil.
15

RESUMO

Os pacientes com Câncer de Cabeça e Pescoço (CCP) atravessam uma experiência


desafiadora no tratamento e na recuperação da saúde, o que interfere na qualidade de vida (QV).
Nesse sentido, a Rede de Atenção Oncológica deve auxiliar no processo do cuidado em saúde.
Este estudo teve como objetivo avaliar os fatores associados à qualidade de vida de pacientes
diagnosticados com CCP inseridos na média complexidade de uma Rede de Atenção
Oncológica. Participaram do estudo todos os 240 pacientes diagnosticados com CCP, no
período de julho de 2016 a abril de 2017 e inseridos em uma associação não governamental de
um município de médio porte do Estado de São Paulo/Brasil. A QV foi a variável dependente
avaliada pelo instrumento WHOQOL - Bref. As variáveis independentes foram características
sociodemográficas e clínicas, coletadas por meio de questionário semiestruturado. Análise de
regressão simples foi realizada para cada variável independente com o desfecho e em seguida
foi estimado modelo de regressão múltipla, ajustado para a distribuição binomial negativa,
estimando-se a Prevalence Ratio Ratios (PRR) e os respectivos intervalos de 95% de confiança.
Para cada ano de escolaridade, houve um aumento de 3% no score da qualidade de vida
(PRR=1,03; IC=1,00-1,21; p=0,0153). Para cada unidade de renda, houve um aumento de 10%
no escore da qualidade de vida (PRR=1,10; IC=1,02-1,17; p=0,0076). Os indivíduos não
portadores de diabetes, (PRR=1,10; IC=1,01-1,21; p=0,0248), que não apresentavam sequela
física (PRR=1,16; IC=1,04-1,29; p=0,0069) e sequela funcional (PRR=1,17; IC=1,03-1,32;
p=0,0124) tiveram 10%, 16% e 17% escores maiores de qualidade de vida, respectivamente. A
qualidade de vida dos pacientes com CCP está associada com as condições socioeconômicas e
clínicas.

Palavras-chave: Qualidade de vida. Neoplasias de cabeça e pescoço. Rede de Atenção à


Saúde.
16

ABSTRACT

Patients with Head and Neck Cancer (CCP) experience a challenging experience in the
treatment and recovery of health, which interferes with quality of life (QoL). In this sense, the
Oncology Care Network should assist in the process of health care. This study aimed to evaluate
the factors associated with the quality of life of patients diagnosed with PCC inserted in the
average complexity of an Oncology Care Network. All 240 patients diagnosed with CCP, from
July 2016 to April 2017, were enrolled in a non-governmental association of a medium-sized
municipality in the State of São Paulo / Brazil. The QOL was the dependent variable evaluated
by the WHOQOL - Bref instrument. The independent variables were sociodemographic and
clinical characteristics, collected through a semi-structured questionnaire. Simple regression
analysis was performed for each independent variable with the outcome and then estimated
multiple regression model, adjusted for the negative binomial distribution, estimating the
Prevalence Ratio Ratios (PRR) and the respective 95% confidence intervals. For each year of
schooling, there was a 3% increase in the quality of life score (PRR = 1.03, CI = 1.00-1.21, p =
0.0153). For each income unit, there was a 10% increase in the quality of life score (PRR =
1.10, CI = 1.02-1.17, p = 0.0076). The individuals without diabetes (PRR = 1.10, CI = 1.01-
1.21, p = 0.0248), who had no physical sequelae (PRR = 1.16, CI = 1.04-1. 29, p = 0.0069) and
functional sequela (PRR = 1.17, CI = 1.03-1.32, p = 0.0124) had 10%, 16% and 17% higher
quality of life scores, respectively. The quality of life of patients with CCP is associated with
socioeconomic and clinical conditions.

Key words: Quality of life. Head and neck neoplasms. Health Care Network.
17

INTRODUÇÃO

O Câncer de Cabeça e Pescoço (CCP) é decorrente do desenvolvimento e proliferação

de células escamosas de carcinomas localizados no trato aerodigestivo superior, ou seja, que se

localizam na superfície dos lábios, na região do pescoço, do esôfago, e incluem a cavidade

bucal, laringe, faringe, orofaringe, hipofaringe e nasofaringe1.

Representa a sexta neoplasia mais comum e é responsável por meio milhão de casos de

câncer no mundo2. No ano de 2014, estimou-se que nos Estados Unidos, 43.371 pessoas

apresentavam câncer na cavidade bucal e faringe, sendo 71,2% homens e 28,8% mulheres.

Além disso, foi revelado que 9.404 pessoas morreram vítimas dos agravos da doença3. No

Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) previu 22.840 novos casos de câncer bucal e na

faringe no ano de 2016, ocorrendo principalmente em regiões do país menos favorecidas4.

A cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia são geralmente os tratamentos padrões após

diagnósticos de câncer e podem apresentar efeitos tardios e irreversíveis para os pacientes

acometidos 5. Dentre as consequências da terapêutica do CCP, pode-se citar a perda de funções

vitais como a deglutição, fala e sentidos de sabor e olfato6. Os danos físicos podem ser

acompanhados pela deterioração social e emocional7,8. Assim, é fundamental investigar as

variáveis que possam influenciar na qualidade de vida de pacientes afetados pela doença, a fim

de planejar intervenções que contemplem a integralidade do paciente e que não se restrinjam

aos sinais e sintomas do câncer 9,10.

A Qualidade de Vida (QV) pode ser avaliada através da percepção do indivíduo sobre

as condições que contribuem para o seu bem físico, espiritual, psicológico, emocional e nas

relações sociais11. Estudos comprovaram que os efeitos do tratamento do câncer impactam


12,13,14,15
negativamente na qualidade de vida dos pacientes , entretanto, poucos buscaram

investigar a influência de outros fatores que também permeiam na QV, como a inserção dos

acometidos em uma Rede de Atenção Oncológica.


18

O cuidado dos pacientes com câncer deve se dar de forma integral. Para isso, devem

realizar ações que visam à promoção, prevenção, detecção precoce, tratamento e cuidados

paliativos, englobando iniciativas singulares de autocuidado desenvolvidas pelos próprios


16
indivíduos, até as atividades ofertadas de forma organizada pelos sistemas de saúde . Para

esse fim, o sistema de saúde deve estar organizado em rede. Cada serviço, dentro do sistema de

saúde, deve ser pensado como um componente fundamental da integralidade do cuidado, como

uma estação no circuito que cada indivíduo percorre para obter a integralidade de que

necessita17. Assim, a Rede de Atenção à Saúde é uma forma de organizar e definir pontos de

cuidado que se comunicam e se articulam.

O arcabouço normativo da oncologia no Sistema Único de Saúde (SUS) tem como base

duas portarias, ambas de 2005: a GM 2.439, que institui a Política Nacional de Atenção

Oncológica, e a SAS 741, que define a Rede de Atenção Oncológica, que deve ser implantada

em todas as unidades federadas. A alta complexidade da rede é composta pelos Centros de

Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACONS), pelas Unidades de Assistência

de Alta Complexidade em Oncologia (UNACONS) e por serviços isolados de radioterapia.

Dentre os princípios da Rede de Atenção Oncológica, cabe destacar a organização de linhas de

cuidado que perpassa todos os níveis de atenção (básica, média complexidade e alta

complexidade) e de atendimento (promoção, prevenção, diagnóstico tratamento, reabilitação e

cuidados paliativos) 18.

Ressalta-se que a atenção do cuidado para as pessoas com câncer envolve,

necessariamente, uma abordagem multiprofissional. As equipes multiprofissionais possuem

maior capacidade para realizar o cuidado integral dos pacientes oncológicos do que as práticas

de profissionais fragmentadas19. Portanto, o trabalho multiprofissional se torna efetivo na

articulação de profissionais de distintos conhecimentos, com seus saberes e habilidades


19

específicas, no campo único de atuação para construção de estratégias conjuntas de intervenção


20
.

Em um município de médio porte no interior do Estado de São Paulo, a Rede de Atenção

Oncológica apresenta uma peculiaridade em sua linha de cuidado. Além da atenção básica de

saúde e dos estabelecimentos convencionais habilitados de alta complexidade, há no município

um ponto de atenção de média complexidade, organizado por uma associação não

governamental, conveniada ao município, que oferece acesso irrestrito e assistência integral,

humanizada e multiprofissional a todos os pacientes com câncer, inclusive com CCP. Portanto

é importante avaliar a qualidade de vida e outros aspectos que possam influenciam estes

pacientes.

Em âmbito nacional, a Rede de Atenção Oncológica não está suficientemente

estruturada para possibilitar aos pacientes com câncer acesso favorável e equitativo na

prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer 21. Nesse sentido, o presente estudo pode agir

como ferramenta importante na assistência ao paciente com câncer, pois ao reconhecer como a

Rede de Atenção Oncológica está contribuindo com a QV, haverá a possibilidade de mobilizar

os recursos certos para a otimização dos serviços.

Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os fatores associados à qualidade de

vida de pacientes diagnosticados com CCP inseridos na média complexidade de uma Rede de

Atenção Oncológica.

MATERIAL E MÉTODOS

Aspectos Éticos

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa FOP/UNICAMP sob o

protocolo nº 1.562.894 (CAAE 53699816.9.0000.5418). Foram seguidos todos os

procedimentos normativos e éticos como a assinatura do TCLE.


20

Tipo do estudo

Trata-se de um estudo transversal analítico.

Local do estudo e amostra.

O estudo foi conduzido em um município de médio porte, com uma população estimada

de 397.322 habitantes22.

A amostra foi constituída por todos os 240 pacientes diagnosticados com câncer de

cabeça e pescoço que estavam em tratamento em um serviço oncológico com acompanhamento

por uma associação não governamental no período de julho de 2016 a abril de 2017.

Esta associação trabalha em prol da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do

câncer e tem por missão assegurar e aumentar o rastreamento do câncer no município, diminuir

a mortalidade da doença e melhorar a qualidade de vida. Assiste aos pacientes do Sistema único

de Saúde e funciona como ambulatório de atendimento a pacientes com diagnóstico de câncer

em todas as suas fases, ou seja, desde o diagnóstico inicial, tratamento clínico e

encaminhamento, até o tratamento cirúrgico e acompanhamento após cirurgias e outros

(quimioterapia e radioterapia). Assim, os pacientes são encaminhados para a associação por

meio das Unidades Básicas de Saúde ou dos Centros de Especialidades Médicas, por suspeita

ou após o diagnóstico confirmado de todos os tipos de câncer. Os tratamentos com

quimioterapia, radioterapia e cirúrgico são realizados somente nos hospitais da cidade (alta

complexidade). Observa-se que a média complexidade, executada pela associação não

governamental ainda compartilha a função de realizar o diagnóstico e oferecer suporte para os

cuidados paliativos com outros níveis de complexidade.

Cabe ressaltar que os usuários contra referenciados pelos hospitais são acompanhados

por uma equipe multiprofissional da associação, formada por médicos cooperados que atendem

pacientes do SUS, funcionários contratados (duas secretárias, um administrador de empresa e

um técnico de informática) e profissionais voluntários (dentistas, enfermeiros, psicólogos,


21

fisioterapeutas, fonoaudiólogo, assistente social, professora de ioga, artista plástico, tatuador,

terapeuta holístico, cabelereiras, e voluntários da comunidade).

É uma instituição sem fins lucrativos, solidária e única que atua em parceria com o

município e com outros onze da microrregião, e é exclusivamente voltada para: prevenção,

diagnóstico precoce do câncer, humanização do tratamento, visão integral do paciente,

qualidade de vida durante e pós-tratamento e resgate da pessoa – cidadania. Consta de projetos

de promoção e prevenção de saúde, como por exemplo, o “Apodere-se” que arrecada cabelos

para confecção de perucas para mulheres e homens que passam por quimioterapia bem como o

projeto “Parceiros do Peito” que envolve o companheiro na prevenção de câncer de mama, entre

outros23.

Critérios de inclusão/exclusão

Foram incluídos todos os participantes diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço

acompanhados pela rede pública municipal, pela associação não governamental e que aceitaram

participar do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os

pacientes com idade menor de 18 anos tiveram a autorização de um responsável para participar

do estudo. Foram excluídos os pacientes com deficiências neuromotoras e cognitivas, gestantes

e crianças menores de 10 anos.

Variáveis do estudo e Instrumentos utilizados

Considerou-se como variável dependente a qualidade de vida avaliada pela aplicação


24
do instrumento WHOQOL - Bref que se refere a um índice de natureza transcultural, que

valoriza a percepção individual em relação a qualidade de vida. É composto por 26 questões,

com duas perguntas gerais sobre a qualidade de vida geral e outras 24 perguntas que

representam quatro domínios: relações, físicas, psicológicas, sociais e meio ambiente. Cada

domínio é composto de perguntas com respostas que variam de um a cinco, de modo que quanto

maior o score, melhor a qualidade de vida.


22

As variáveis independentes foram características sociodemográficas e clínicas,

avaliadas por meio de um questionário semiestruturado (apêndice I), como segue: sexo

(masculino e feminino), estado civil (solteiro, casado e outros), renda familiar mensal (≤ 1

salário mínimo, até 2 salários mínimos, ≤ 2 a ≤ 4 salários mínimos, e acima de 4 salários

mínimos), nível de escolaridade (não sabe ler/escrever, ensino fundamental

completo/incompleto, ensino médio completo/incompleto e ensino superior

completo/incompleto), idade (em anos), número de pessoas na casa, situação profissional

(ativo, aposentado e não trabalha), religião (pratica e não pratica), tempo em tratamento externo

(em meses), tempo em tratamento no Ilumina (em meses), diabetes (sim e não), hipertensão

(sim e não), sequela física (sim e não), sequela funcional (sim e não), conhecimento da doença

(sim e não), tipo de câncer (pescoço até ombro, mandíbula até nariz e nariz até cabeça) e câncer

de cabeça e pescoço com acometimento em outros órgãos (sim e não).

Realizou-se um estudo piloto para a aplicação dos questionários previamente ao início

da coleta de dados.

Análise dos dados

Realizou-se análise descritiva por meio de tabelas de frequência e medidas de tendência

central e dispersão. Análise de regressão simples foi realizada para cada variável independente

com o desfecho e em seguida foi estimado modelo de regressão múltipla pelo procedimento

PROC GENMOD, ajustado para a distribuição binomial negativa, estimando-se a PRR

(Prevalence Ratio Ratios) e os respectivos intervalos de 95% de confiança. Avaliou-se o ajuste

do modelo pelo deviance/grau de liberdade e Akaike`s information criterion (AICC). As

variáveis que apresentaram p≤0,20 na análise de regressão simples foram testadas na análise de

regressão múltipla. Um modelo final foi ajustado com as variáveis que permaneceram com

p≤0,05, após o ajuste das demais variáveis. Todas as análises foram realizadas pelo programa

estatístico SAS, 2010.


23

RESULTADOS

Na tabela 1 são apresentados os valores da média, desvio padrão, mediana, valor mínimo

e máximo dos domínios do WHOQOL-Bref.

-----------------------------------------Inserir Tabela 1-------------------------------------------

A tabela 2 apresenta os valores da média, desvio padrão, valor mínimo e máximo das

variáveis idade, número de pessoas na casa, número de doenças associadas, tempo em

tratamento externo, tempo em tratamento na associação e qualidade de vida. Os participantes

tinham em média 55,2 anos (desvio padrão=18,6), residiam em casas com 2,8 pessoas em média

(desvio padrão=1,5), sendo que o tempo médio em tratamento externo e na associação foi de

10,9 meses (desvio padrão=17,8) e 5,0 meses (desvio padrão =7,8), respectivamente. Além

disso, tinham em média 1,7 doenças associadas e apresentaram score médio de qualidade de

vida de 58,3.

-----------------------------------------Inserir Tabela 2 -------------------------------------------

A tabela 3 apresenta a distribuição de frequências das variáveis independentes

analisadas. Observa-se que 60,8% dos participantes era do sexo feminino e 39,2% do sexo

masculino, 56,7% era casados, 81,2% dos voluntários tinham ensino médio e fundamental

completo/incompleto, 34,2% estavam ativos profissionalmente, 89,2% praticavam alguma

religião, 53,6% recebiam até 2 salários mínimos, 50,9% tinham diabetes, 51,4% não eram

hipertenso, 77,1% não tinham sequela física, 84,6% não apresentaram sequela funcional,

57,5% tinham conhecimento da sua doença, 75,8% eram portadores de câncer de pescoço até

ombro e 90,8% dos participantes não apresentavam câncer em outros órgãos.

-----------------------------------------Inserir Tabela 3 -------------------------------------------

As tabelas 4 e 5 apresentam, respectivamente, os parâmetros estimados da análise de

regressão simples e múltipla para descrever a influência das variáveis independentes sobre a

qualidade de vida. As variáveis que permaneceram significativas no modelo múltiplo foram


24

nível de escolaridade, renda familiar mensal, diabetes, sequela física e sequela funcional. Para

cada ano de escolaridade, há um aumento de 3% no escore da qualidade de vida (PRR=1,03;

IC=1,00-1,21; p=0,0153). Para cada unidade de renda, há um aumento de 10% no escore da

qualidade de vida (PRR=1,10; IC=1,02-1,17; p=0,0076). Os indivíduos não portadores de

diabetes, (PRR=1,10; IC=1,01-1,21; p=0,0248), que não apresentavam sequela física

(PRR=1,16; IC=1,04-1,29; p=0,0069) e sequela funcional (PRR=1,17; IC=1,03-1,32;

p=0,0124) tiveram 10%, 16% e 17% escore maior de qualidade de vida, respectivamente.

--------------------------------------Inserir Tabela 4 e 5 ----------------------------------------

DISCUSSÃO

Os procedimentos terapêuticos do câncer, embora tenham a finalidade de promover a

cura ou a reabilitação do paciente, podem adquirir um caráter fisicamente debilitante, afetando

negativamente aspectos da qualidade de vida7,8,14.

Assim, buscando compreender os fatores que influenciam a qualidade de vida (QV) dos

pacientes com câncer de cabeça e pescoço (CPP), o presente estudo identificou que para cada

ano de escolaridade há um aumento no escore da qualidade de vida dos pacientes com CCP. O

grau de escolaridade é um fator importante para se perceber as alterações na saúde causadas

pelo câncer 27. Estudos demonstraram que a escolaridade compromete o diagnóstico precoce e

tratamento do câncer, pois é menor o acesso a serviços médicos por parte dos segmentos

populacionais de menor escolaridade28. Além disso, no tratamento do câncer, as recomendações

por escrito dos preparos e cuidados da alimentação e da radioproteção exigem capacidade de

leitura e compreensão 29. Esse dado traz um alerta para a necessidade do uso de uma linguagem

visual por parte da equipe de saúde e de outros recursos das práticas de educação em saúde que

podem ser aplicadas ao longo do acompanhamento dos usuários. Para que a informação tenha

significado, capaz de fomentar mudanças no estilo de vida, os conhecimentos prévios e os


25

novos, transmitidos pelos profissionais de saúde, devem ser debatidos com os pacientes,

respeitando sua cultura e experiências associadas 30.

No presente estudo observou-se que para cada unidade de renda, há um aumento no

escore da qualidade de vida. A literatura reporta, que quanto maior a renda familiar melhor a
15,31,32
qualidade de vida dos pacientes com câncer . Sabe-se também que pode ocorrer

considerável redução na renda familiar dos pacientes durante o tratamento do câncer, gerando

instabilidade emocional e estresse psicológico, diminuindo os domínios da qualidade de vida

dos enfermos15, 33. Ademais, um nível socioeconômico favorável aumenta as oportunidades de

seguir as recomendações do tratamento e de ter acesso a medicamentos e tecnologias

complementares 32.

Os indivíduos não portadores de diabetes tiveram maior score de qualidade de vida. As

pessoas que sofrem de diferentes doenças crônicas devem se adaptar a suas limitações, uma vez

que as doenças exigem mudanças de hábitos e comportamentos deletérios, o que ocorre no

decorrer de um tempo. Esse ajustamento por si só, pode implicar em uma pior QV34. A diabetes

mellitus, é considerada uma doença crônica associada na qualidade de vida diminuída 35, uma

vez que exige a abdicação de determinados prazeres e o comprometimento físico e emocional

decorrente do tratamento rígido, o que pode levar até mesmo a depressão grave 36. Verifica-se

na percepção de pacientes oncológicos o desconforto e as dificuldades que os tratamentos

vigentes causam nas atividades diárias, os efeitos da quimioterapia, como fadiga, náuseas,

alterações intestinais e alimentares, comprometendo a imunidade e o cuidado integral daqueles


37
que são também portadores de diabetes . Assim, parece haver uma sobreposição de

complicações condicionadas pelo tratamento do câncer e diabetes na QV, evidenciando a

necessidade de um olhar mais atento a esse subgrupo.

Este estudo evidenciou que pacientes sem sequelas física e funcional tem melhor

qualidade de vida, corroborando com outros achados 33,38,39. Os pacientes acometidos pelo CCP
26

atravessam uma experiência desafiadora para sobreviverem ao câncer e os efeitos físicos e

emocionais do tratamento podem prejudicar a qualidade de vida e a luta contra a doença 40, 41.

O tratamento provoca dificuldades em a deglutição salivar e alimentar42, modificação do

paladar, tosse43, manifesta sintomas como dor, perda de peso, disfagia, xerostomia e limitação

das atividades diárias44.

Assim, se faz essencial a abordagem multiprofissional no cuidado dos pacientes com

CCP. Nesse sentido, as práticas profissionais compartilhadas permitem uma melhor avaliação

do tratamento da dor e de situações que envolvam o comprometimento das condições físicas,

psicológicas, sociais e espirituais, melhorando a qualidade de vida45. Cabe à equipe

multidisciplinar coordenar ações eficientes para atender as necessidades integrais dos pacientes,

articulando os serviços que compõem a Rede de Atenção Oncológica.

O controle do câncer envolve necessariamente a ampliação e rastreamento de novos

casos, mediante o acesso aos serviços de qualidade e estratégias de educação participativa até

a organização de uma rede oncológica. A referência para a atenção de média complexidade,

com garantia de ações voltadas para o cuidado, tem sido um nó crítico para construção das

linhas de cuidado 46. Segundo Mendes et al. (2015)47, há um espaço vazio no nível da média

complexidade, principalmente em relação aos cuidados paliativos dos pacientes com câncer.

Esse descompasso dos serviços revela a inevitabilidade de discutir o modelo de saúde que

insiste em uma fragmentação do cuidado integral, comprometendo com os princípios

implementados pelos SUS.

Dessa forma, a presença de uma instituição não governamental na média complexidade

de uma Rede de Atenção, realizando um apoio assistencial e social voltados exclusivamente

para o enfrentamento e combate ao câncer, é uma peculiaridade importante a ser estudada. Por

realizar atividades que contam com o apoio de uma gama maior de profissionais de diferentes

conhecimentos, e até mesmo membros da comunidade, as atividades realizadas mobilizam de


27

maneira impactante os usuários da rede e seus familiares. Isso pode minimizar os efeitos do

tratamento e contribuir com uma melhor QV aos pacientes diagnosticados com CCP.

Este estudo apresenta algumas limitações por ser um estudo transversal buscou

inferências em relação a fatores causais sem, no entanto, estabelecer uma relação temporal.

Apesar de terem sido utilizados instrumentos auto aplicáveis, confiáveis e válidos, e assegurada

à confidencialidade dos dados, há de se considerar a possibilidade de algum viés de informação,

já que alguns instrumentos eram subjetivos. Ademais, ressalta-se a possibilidade de que os

indivíduos podem não responder com fidedignidade aos questionários. Além disso, a obtenção

de dados sobre renda é muito sensível e os entrevistados podem não ter informado com precisão.

Nesse contexto, os fatores socioeconômicos, a presença de condição crônica e sequelas

do tratamento são aspectos que influenciam na QV e precisam da atenção das equipes

multidisciplinares de todos os níveis do sistema. Por serem pacientes com CCP, incorporados à

prática clínica, pode-se sugerir que essas informações auxiliam no processo de decisão

referentes ao cuidado integral dos pacientes. Faz-se também necessária a reflexão da

estruturação da média complexidade, podendo as instituições não governamentais contribuírem

com o modelo de Redes de Atenção Oncológica.

Sugere-se novos estudos com abordagem qualitativa a fim de explorar aspectos

subjetivos relacionados com os sentidos e significados da qualidade de vida para os pacientes

oncológicos.

CONCLUSÃO

A qualidade de vida dos pacientes com CCP inseridos em uma Rede de Atenção

Oncológica está associada com aspectos socioeconômicos e clínicos.


28

CONTRIBUIÇÕES DOS AUTORES

MAAMR: Foi o autor sênior que propôs o desenho do estudo, contribuiu na análise e

interpretação dos dados e na primeira minuta do artigo.

IPC: Contribuiu para a interpretação dos dados e na redação da versão final do artigo.

JVB: Contribuiu para a interpretação dos dados e na redação da versão.

GMBA: Contribuiu para a interpretação dos dados e na redação da versão.

ACP: Contribuiu para a interpretação dos dados e na redação da versão.

LMG: Contribuiu na análise e interpretação dos dados, além da redação final do artigo.

KLC: Propôs a hipótese, design, análise e interpretação dos dados e escreveu a primeira versão

do manuscrito. Todos os autores contribuíram para e aprovaram a versão final do manuscrito.

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33

Anexos artigo

Tabela 1. Média, desvio padrão, mediana, valor mínimo e máximo dos domínios do WHOQOL
-Bref.
Valor Valor
Média Desvio padrão Mediana
Domínios mínimo máximo
Físico 57,0 19,6 57,1 3,6 100,0
Psicológico 63,4 20,7 66,7 8,3 100,0
Relações Sociais 58,2 24,4 58,3 0,0 100,0
Meio Ambiente 54,8 17,2 56,3 9,4 100,0
34

Tabela 2. Média, desvio padrão, mediana, valor mínimo e máximo das variáveis independentes analisadas.
Desvio Valor Valor
Variável Média Mediana
padrão mínimo máximo
Idade (anos) 55,2 18,6 58,0 10,0 90,0
Número de pessoas na casa 2,8 1,5 2,0 1,0 10,0
Número de doenças associadas 1,7 0,9 1,0 1,0 4,0
Tempo em tratamento no serviço público
(meses) 10,9 17,8 3,0 1,0 192
Tempo de tratamento na associação (meses) 5,0 7,8 1,0 1,0 36
Qualidade de vida 58,3 16,8 60,1 11,6 94,0
35

Tabela 3. Distribuição de frequências das variáveis independentes analisadas.

Variável Categoria n %
Sexo Feminino 146 60,8
Masculino 94 39,2
Solteiro 51 21,2
Estado civil Casado 136 56,7
Outros 53 22,1
≤ 1 salário mínimo 8 3,3
Até 2 salários mínimos 123 50,8
Renda familiar mensal
≤ 2 a ≤ 4 salários mínimos 100 41,3
Acima de 4 salários mínimos 11 4,6
não sabe ler 26 10,7
fundamental incompleto 78 32,1
fundamental completo 31 12,7
Nível de escolaridade ensino médio incompleto 28 11,5
ensino médio completo 58 23,9
ensino superior incompleto 6 2,5
ensino superior completo 16 6,6
ativo 82 34,2
Situação profissional aposentado 79 32,9
não trabalha 79 32,9
pratica 214 89,2
Religião
não pratica 26 10,8
sim 89 50,9
Diabetes
não 86 49,1
Sim 85 48,6
Hipertensão
Não 90 51,4
Sim 55 22,9
Sequela física
Não 185 77,1
Sim 37 15,4
Sequela funcional
não 203 84,6
Sim 138 57,5
Conhecimento da doença
Não 102 42,5
pescoço até ombro 182 75,8
mandíbula até nariz 48 20,0
Tipo de câncer de cabeça e pescoço
nariz até cabeça (fronte, parietal,
occipital e posterior) 10 4,2
Câncer de cabeça e pescoço com sim 22 9,2
acometimento de outros órgãos não 218 90,8
36

Tabela 4. Análise de regressão simples para qualidade de vida como variável dependente.

Regressão simples
Variável Estimativa Erro padrão p-valor
Sexo (ref=feminino) 0,0539 0,0408 0,1860
Idade (em anos) -0,0016 0,0011 0,1336
Estado civil (ref=solteiro)
casado 0,0428 0,0509 0,4003
outros 0,0621 0,0607 0,3062
Número de pessoas na casa -0,0025 0,0138 0,8551
Nível de escolaridade 0,0433 0,0116 0,0002
Situação profissional (ref=ativo)
aposentado -0,0742 0,0485 0,1263
não trabalha -0,0612 0,0485 0,2067
Religião (ref=pratica) -0,0524 0,0645 0,4165
Renda familiar mensal 0,0808 0,0311 0,0092
Número de doenças associadas -0,0547 0,0261 0,0363
Diabetes (ref=sim) 0,1081 0,0479 0,0239
Hipertensão (ref=sim) -0,0142 0,0486 0,7702
Sequela física (ref=sim) 0,1995 0,0463 <0,0001
Sequela funcional (ref=sim) 0,2219 0,0544 <0,0001
Conhecimento da doença (ref=sim) -0,0157 0,0404 0,6976
Tempo em tratamento no serviço público -0,0017 0,0089 0,8517
Tempo de tratamento na associação 0,0561 0,0820 0,4944
Tipo de câncer (ref= pescoço até ombro)
mandíbula até nariz -0,0974 0,0498 0,0506
nariz até cabeça (fronte, parietal, occipital e posterior) 0,1535 0,0978 0,1165
Câncer de cabeça e pescoço com acometimento de outros
órgãos (ref=não) 0,0027 0,0693 0,9686
37

Tabela 5. Análise de regressão múltipla para qualidade de vida como variável dependente.

Regressão múltipla
Estimativa Erro padrão IC95% PRR IC95% p
valor
Nível de 0,0315 0,0130 0,0060-0,0570 0,0153
1,03 1,00-1,06
escolaridade
Renda familiar 0,0928 0,0348 0,0246-0,1609 0,0076
1,10 1,02-1,17
mensal
Diabetes 0,0998 0,0445 0,0127-0,1870 0,0248
1,10 1,01-1,21
(ref=sim)
Sequela física 0,1488 0,0550 0,0409-0,2566 0,0069
1,16 1,04-1,29
(ref=sim)
Sequela 0,1546 0,0618 0,0335-0,2757 0,0124
funcional 1,17 1,03-1,32
(ref=sim)
AICC 1473,2396
Ajuste do modelo pelo AICC (Akaikes information criterion); IC (intervalo de confiança), PRR (Prevalence
Ratio Ratios).
38

3 CONCLUSÃO

A qualidade de vida para os pacientes com CCP assistidos por uma Rede
de Atenção Oncológica está relacionada com os aspectos clínicos e socioeconômicos.
39

REFERÊNCIAS*

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*
De acordo com as normas da UNICAMP/FOP, baseadas na padronização do International Committee of Medical
Journal Editors - Vancouver Group. Abreviatura dos periódicos em conformidade com o PubMed.
40

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29. World Health Organization. International Society of Nurses in Cancer Care (UK). A
core curriculum for palliative nursing. International Council of Nurses, United Kingdom;
2002
43

APÊNDICE 1 - INSTRUMENTO DE COLETA DE INFORMAÇÕES CLÍNICAS E


SOCIODEMOGRÁFICAS

Formulário de Entrevista Nº de identificação: _______


Nome completo:_________________________________________________
DADOS CLÍNICOS E SOCIODEMOGRÁFICOS
Sexo: 1 ( ) F 2( )M
D.N.:____/____/_____
Estado civil: (apoio familiar)
1 ( ) Solteiro 2 ( ) Casado/União Estável 3 ( ) Separado/Divorciado 4 ( )Viúvo
Número de pessoas que moram com o paciente: _________________
Grau de escolaridade:
1 ( ) não sabe ler nem escrever
2 ( ) ensino fundamental incompleto 3 ( ) ensino fundamental completo
4 ( ) ensino médio incompleto 5 ( ) ensino médio completo
6 ( ) ensino superior incompleto 7 ( ) ensino superior completo
Situação Profissional:
1 ( ) Ativo
2 ( ) Aposentado, mas desempenha atividades remuneradas
3 ( ) Aposentado
4 ( ) Atividades em casa (dona de casa, auxilia na casa)
5 ( ) Aguardando aposentadoria devido a problemas com saúde
6 ( ) Outros.
Religião:
1 ( ) Sim 2 ( ) não Qual? _______________________________
Renda Mensal Individual (em reais): ______________________
Renda Mensal Familiar (em reais): ________________________
Presença de doenças associadas:
1 ( ) HAS 2 ( ) AVC 3 ( ) Dislipidemias 4 ( ) Insuficiência Renal
5 ( ) Câncer outras : ___________________________
Você tem alguma sequela física? Sim ( ) Não ( )
Se sim, qual e há quanto tempo?
_______________________________________________________________
Você tem alguma sequela funcional? Sim ( ) Não ( )
Se sim, qual e há quanto tempo?
_______________________________________________________________
44

Você foi acolhido no Ilumina? Sim ( ) Não ( )


Se sim, em que situação ocorreu o acolhimento (se foi acolhido por recepcionista do serviço,
por profissional de saúde ou por outro paciente reabilitado pelo serviço)?
__________________________________________________________________________
____________________________________________________
Você tem conhecimento sobre sua doença? Sim ( ) Não ( )
Se sim, o que sabe, descreva:
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
_________________________________________
Há quanto tempo você está em tratamento?
a) até 3 meses b) 3 – 6 meses c) 6 a 9 meses d) 9 a 12 meses e) 12 meses a 18 meses f) 18
meses a 24 meses g) 2 anos ou mais
Há quanto tempo está em tratamento na Associação Ilumina?
a) 1 a 3 meses b) 3 a 6 meses c) 6 a 9 meses d) 9 a 12 meses e) 12 meses a 18 meses f) 18
meses a 24 meses g) 2 anos ou mais
Para qual(is) profissional(is) de saúde você foi encaminhado na Associação Ilumina? Utilizou?
Sim ( ) Não ( ) Se sim cite quais:
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
________________________________________________________
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO
45

ANEXOS

ANEXO 1 – CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA


46

ANEXO 2 – SUBMISSÃO DO ARTIGO


47

ANEXO 3 - INSTRUMENTO WHOQOL – Bref

Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e
outras áreas de sua vida. “Por favor, responda a todas as questões”. Se você não tem
certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a
que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha. Por
favor, tenham em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos
perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as “duas últimas
semanas”. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
Você recebe dos 1 2 3 4 5
outros o apoio de
que necessita?
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos
outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve
circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
Nada Muito Médio Muito Completamente
pouco
Você recebe dos 1 2 3 4 5
outros o apoio de
que necessita?
Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio. Por favor, leia
cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.
1 Como você avaliaria Muito Ruim Nem ruim Boa Muito boa
sua qualidade de ruim nem boa
vida? 1 2 3 4 5
2 Quão satisfeito (a) Muito Insatisfeit Nem Satisfeito Muito
você está com a sua satisfe o satisfeito satisfeito
saúde? ito nem
insatisfeit
o
Nada Muito Mais ou Bastante Extremamente
pouco menos
3 Em que medida você 1 2 3 4 5
acha que sua dor
(física) impede você
de fazer o que você
precisa?
4 O quanto você 1 2 3 4 5
precisa de algum
tratamento médico
para levar sua vida
diária?
5 O quanto você 1 2 3 4 5
aproveita a vida?
6 Em que medida você 1 2 3 4 5
acha que a sua vida
tem sentido?
7 O quanto você consegue se concentrar? 1 2 3 4 5
8 Quão seguro (a) você se sente em sua 1 2 3 4 5
vida diária?
48

9 Quão saudável é o seu ambiente físico 1 2 3 4 5


(clima, barulho, poluição, atrativos)?
As questões seguintes perguntam sobre “quão completamente” você tem sentido ou é
capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas
Nada Muito Médio Muito Completam
pouco ente
10 Você tem energia 1 2 3 4 5
suficiente para seu
dia a dia?
11 Você é capaz de 1 2 3 4 5
aceitar sua aparência
física?
12 Você tem dinheiro 1 2 3 4 5
suficiente para
satisfazer suas
necessidades?
13 Quão disponíveis 1 2 3 4 5
para você estão as
informações que
precisa no seu dia-a-
dia?
14 Em que medida você 1 2 3 4 5
tem oportunidades
de atividade de
lazer?
As questões seguintes perguntam sobre “quão bem ou satisfeito” você se sentiu a
respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
Muito Ruim Nem ruim Bom Muito bom
ruim nem bom
15 Quão bem você é 1 2 3 4 5
capaz de se
locomover?
Muito Insatisfe Nem Satisfeit Muito
satisfeit ito satisfeito o satisfeito
o nem
insatisfeito
16 Quão satisfeito (a) 1 2 3 4 5
você está com o seu
sono?
17 Quão satisfeito (a) 1 2 3 4 5
você está com sua
capacidade de
desempenhar as
atividades do seu dia-
a-dia?
18 Quão satisfeito (a) 1 2 3 4 5
você está com sua
capacidade para o
trabalho?
19 Quão satisfeito (a) 1 2 3 4 5
você está consigo
mesmo?
20 Quão satisfeito (a) 1 2 3 4 5
você está com suas
49

relações pessoais
(amigos, parentes,
conhecidos,
colegas)?
21 Quão satisfeito (a) 1 2 3 4 5
você está com sua
vida sexual?
22 Quão satisfeito (a) 1 2 3 4 5
você está com o
apoio que você
recebe de seus
amigos?
23 Quão satisfeito (a) 1 2 3 4 5
você está com as
condições do local
onde mora?
24 Quão satisfeito (a) 1 2 3 4 5
você está com o seu
acesso aos serviços
de saúde?
25 Quão satisfeito (a) 1 2 3 4 5
você está com
o seu meio de
transporte?

As questões seguintes referem-se a “com que frequência” você sentiu ou experimentou


certas coisas nas últimas duas semanas
Nunca Algumas Frequentem Muito Sempre
vezes ente frequent
emente
26 Com que frequência 1 2 3 4 5
você tem sentimentos
negativos tais como:
mau humor,
desespero,
ansiedade,
depressão?
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?
_____________________________________________________________________
Quanto tempo você levou para preencher este questionário?

Você tem algum comentário sobre o questionário?

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