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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

LETÍCIA FERREIRA ROCHA


LOURIVAL SERROU CAMY NETO

Caracterização dos pacientes com insuficiência renal crônica em


hemodiálise

Coxim, MS

2021
LETÍCIA FERREIRA ROCHA
LOURIVAL SERROU CAMY NETO

Caracterização dos pacientes com insuficiência renal crônica em


hemodiálise

Projeto de pesquisa apresentado ao


Curso de Enfermagem, Campus
Coxim, da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul como requisito
da disciplina de Metodologia da
pesquisa em Enfermagem II.

Orientador: Prof. Hélder de Pádua


Lima.

Coxim, MS

2021
1. INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são as principais


causas de mortalidade e incapacidade no mundo, caracterizadas como
problemas de saúde que acompanham os indivíduos por longo período de
tempo. Entre as DCNT que acomete a população está a insuficiência renal
crônica (IRC), que consiste em perda progressiva e geralmente irreversível
da função dos rins (RIBEIRO, R. C. H. M. et al, 2008).

Em sua fase mais avançada definida como insuficiência renal crônica


terminal (ou estágio final de doença renal - estágio 5), os rins não
conseguem mais manter a homeostasia do meio interno do organismo,
necessitando que o indivíduo se submeta a terapia renal substitutiva
(ROMÃO JUNIOR, 2004; THOMÉ et al., 2006).

A diálise tem por objetivos remover os resíduos sanguíneos, remover


o excesso de líquidos e manter o equilíbrio dos eletrólitos no organismo.
Este processo ocorre através de uma membrana semipermeável que pode
ser artificial, como na hemodiálise; ou biológica, como na diálise peritoneal.
A hemodiálise (HD) é um tipo de tratamento dialítico em que a circulação do
paciente é extra-corpórea e o sangue, com ajuda de uma bomba, passa por
dentro de um dialisador (membrana artificial) que em contato com a solução
de diálise preparada na máquina, promoverá a filtração do sangue. Para
realizar hemodiálise, fazem-se necessárias vias de acesso, que podem ser
permanentes, como fístula artério-venosa; ou temporárias, como os
cateteres de duplo lúmen. Enquanto, a diálise peritoneal é realizada pela
introdução de solução salina com dextrose na cavidade peritoneal por meio
de um cateter implantado intra-abdominal (FERMI, 2003; GOES JUNIOR,
2006; MORSCH e VICARI, 2006).

No entanto, apesar de inúmeros esforços para se coletar dados


socioeconômicos, demográficos e clínicos a respeito de pacientes com
insuficiência renal crônica (IRC), no Brasil ainda não há um sistema nacional
de registro que disponibilize anualmente dados confiáveis do ponto de vista
epidemiológico. A questão norteadora é: qual o perfil dos pacientes com
insuficiência renal crônica (IRC) submetidos à hemodiálise (HD), no
município de Coxim?

Conhecer as características sociodemográficas, econômicas, clínicas,


da rede de cuidados, situação atual de saúde é de fundamental importância
para dar subsídios ao planejamento e estabelecimento de estratégias, seja
no campo político, do paciente, da equipe de saúde do próprio serviço de
nefrologia, além de permitir desenvolver indicadores para a sua prevenção
assim como propostas de educação em saúde. As características
socioeconômicas irão interferir no custo e benefício do tratamento para
terapia renal, por ser valor alto para manter pacientes no Brasil que utilizam
a atenção básica do Sistema Único de Saúde (BASTOS et al., 2004).

A doença renal crônica tem importante repercussão psicossocial e


econômica na vida dos pacientes submetidos a hemodiálise. Desse modo, a
IRC e tudo o que advém com a doença renal (tratamento, hospitalizações,
esperança de um transplante) pode ser considerado um fator de risco para o
desenvolvimento da pessoa. Possivelmente iremos encontrar pacientes de
ambos sexos, idade, raça, situação conjugal, religião, escolaridade e renda
mensal. Quanto às variáveis independentes relacionadas a comorbidades e
hábitos diz respeito ao tabagismo, álcool e morbidades pré-existentes.

O presente estudo é interessante e relevante para área da


enfermagem e para o avanço científico, pois, permitirá qualificar o cuidado e
aprimorar a assistência à saúde, além de avaliar as características
demográficas, socioeconômicas e clínicas dos usuários no Hospital Regional
de Coxim, que lidam diariamente com a doença crônica não transmissível
(DCNT). Além disso, temos afinidade pelo tema escolhido por investigar a
importância da sensibilidade dos profissionais enfermeiros em promoção à
saúde desses pacientes. Nesse sentido, sobressai a importância de
conhecer as características demográficas, econômicas e clínicas dos
pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) para analisar a relação
exposição-doença em uma população específica.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral:


Conhecer o perfil dos pacientes com insuficiência renal crônica (IRC)
submetidos à hemodiálise (HD), no Município de Coxim, Estado de Mato
Grosso do Sul.

2.2 Objetivos específicos:

1) Caracterizar a população de pacientes com IRC, submetidos à


hemodiálise (HD), quanto a variáveis sociodemográficas e
econômicas;

2) Identificar as características clínicas da população estudada com


relação à presença de comorbidades associadas e complicações
apresentadas.

3. MÉTODO

3.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo transversal e descritivo. Caracteriza-se por ser


transversal porque permite analisar a relação exposição-doença em uma
população específica, em um particular momento. Ele fornece um retrato de
como as variáveis estão relacionadas naquele momento (PEREIRA, 2008).
De caráter descritivo porque tem a finalidade de conhecer sobre a
distribuição de um evento em determinada população (ROUQUAYROL E
BARRETO, 2003).

3.2 Local de estudo

O estudo será desenvolvido na Fundação Estatal de Saúde do


Pantanal (FESP) - Hospital Regional Dr. Álvaro Fontoura Silva, no Estado de
Mato Grosso do Sul.

O Hospital de Referência de Baixa e Média Complexidade passou a


atender os renais crônicos do município de Coxim, a microrregião compõe o
próprio município, como também as demais microrregiões que são:
Alcinópolis, Pedro Gomes, Rio Verde de Mato Grosso/MS e Sonora.

3.3 População/amostra
A população é composta por homens e mulheres, com diagnóstico de
insuficiência renal crônica (IRC), submetidos à hemodiálise nos Serviços de
Nefrologia do Município de Coxim, Estado de Mato Grosso do Sul.

3.4 Critérios de inclusão

Ter 18 anos ou mais de idade;

Estar ciente do diagnóstico e do tratamento hemodialítico;

Ser capaz de manter diálogo adequado aos questionamentos durante


a aplicação do questionário.

3.5 Variáveis do estudo

3.5.1 Variáveis independentes

As variáveis independentes neste estudo serão relacionadas a dados


sociodemográficos (sexo, idade, cor ou raça, situação conjugal, religião,
escolaridade e renda mensal familiar), a comorbidades e hábitos de vida
(tabagismo, álcool e morbidades pré-existentes), a doença e o tratamento, a
rede de cuidados, ao cadastro para transplante.

3.6 Procedimentos para Coleta de dados

Após autorização das Instituições e aprovação do Comitê de Ética em


Pesquisa, para realizar o estudo será efetuado nos Serviços de Nefrologia
do Hospital Regional de Coxim, um levantamento dos pacientes com IRC
que estão cadastrados no programa de hemodiálise. Será solicitada, a
relação destes, à secretaria do serviço, contendo o nome, município de
origem e turno de diálise. O trabalho de campo para coleta de dados será
realizado por dois entrevistadores, após capacitação dos mesmos pelo
coordenador do projeto.

Será realizado inicialmente um teste preliminar com cinco pessoas


com insuficiência renal crônica (IRC) para análise final do questionário pré-
codificado. As pessoas entrevistadas no teste preliminar não farão parte da
amostra do estudo. As informações referentes aos aspectos
sociodemográficos, econômicos, hábitos de vida, comorbidades existentes,
sobre a doença, o tratamento, rede de cuidados e situação atual de saúde,
serão coletadas por meio de um questionário pré-codificado aplicado
individualmente a cada paciente que aceitar participar da pesquisa e assinar
o Termo Consentimento Livre e Esclarecido.

3.7 Controle de qualidade

O controle de qualidade dos dados será realizado por um supervisor


no momento da entrega dos questionários para a detecção e correção de
eventuais erros e inconsistências. E, ainda será efetivado por meio de
ligações telefônicas, nas quais será aplicado o questionário reduzido, no
mínimo a 10% dos pacientes selecionados.

Para que ocorra uma padronização na qualificação da coleta dos


dados um acadêmico será capacitado especialmente para realizar as
ligações. Para observar a consistência destas, algumas respostas referidas
no questionário de controle de qualidade por meio do contato telefônico
serão comparadas com as respostas obtidas na entrevista.

3.8 Processamento e análise de dados

Os dados coletados serão lançados em um banco de dados


construído, distribuídos em tabelas de acordo com as variáveis escolhidas.
A análise dos dados provenientes da pesquisa será efetuada utilizando a
estatística descritiva para as variáveis qualitativas.

3.9 Aspectos éticos

Nessa pesquisa serão respeitadas as diretrizes sobre pesquisa com


seres humanos, norteadas pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde. Será oferecida aos participantes do estudo a apresentação dos
objetivos da pesquisa, por meio do Termo Consentimento Livre e
Esclarecido, garantindo-lhes o anonimato e o livre acesso aos dados e aos
resultados da pesquisa. Eles serão informados sobre o direito de desistir em
qualquer momento da pesquisa sem que isso lhes cause danos e ou
prejuízos.

O presente projeto será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa


da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Câmpus Coxim/MS. Todos
os participantes do estudo assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido.
4. Referência dos autores utilizados:
BASTOS, M. G. et al. Doença renal crônica: problemas e soluções.
Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 26, n. 4, p. 202-215, 2004.
FERMI, M. R. V. Manual de diálise para enfermagem. São Paulo: MEDSI,
2003. 140P.
GÓES JUNIOR, M. A. et al. Diálise no Paciente com insuficiência renal
crônica: hemodiálise e diálise peritoneal. In: BARROS, E. et. al.
Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2006. p.
424-441.
MORSCH, C.; VICARI, A. Enfermagem na hemodiálise. In: BARROS, E.
et. al. Nefrologia: rotinas, diagnóstico e tratamento. Porto Alegre: Artmed,
2006. p. 257-544.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Guanabara, 2008.
RIBEIRO, R. C. H. M. et al. Caracterização e etiologia da insuficiência
renal crônica em unidade de nefrologia do interior do Estado de São
Paulo. Acta Paul. enferm. v. 21, 2008. Acesso em 07 jul 2021.
ROMÃO JUNIOR, J. E. Doença renal crônica: definição, epidemiologia e
classificação. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 26, n.3, supl. 1, ago. 2004.
ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia e saúde. 6. ed.
Rio de Janeiro: Medsi, 2003.
THOMÉ, F. S.; GONÇALVES, L. F. S.; MANFRO, R. C.; BARROS, E.
Doença Renal Crônica. In: BARROS, E. et. al. Nefrologia: rotinas,
diagnóstico e tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 381-404.

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