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Ozilene Ferreira da Costa

CASO CLÍNICO DE PACIENTE IDOSO, HIPERTENSO E DIABÉTICO

Macapá

2022
Ozilene Ferreira da Costa

CASO CLÍNICO DE PACIENTE IDOSO, HIPERTENSO E DIABÉTICO

Estudo de caso apresentado ao curso de


bacharelado em Enfermagem como
requisito de avaliação do estágio
supervisionado I da disciplina Saúde
Coletiva.

Macapá

2022
CASO CLÍNICO DE PACIENTE IDOSO, HIPERTENSO E DIABÉTICO

RESUMO

O objetivo do estudo foi traçar um plano de cuidados de enfermagem para um


paciente idoso baseado na teoria das necessidades humanas básicas de Abraham
Maslow e Wanda Horta, buscando prevenir complicações decorrentes do seu estado
de saúde, retirando os excessos e acrescentando as faltas de acordo com os eixos da
teoria baseado no estudo de caso e olhando o paciente em uma visão além da
fisiológica. O caso buscou-se extrair, o máximo possível, dos dados coletados
informações que norteassem os diagnósticos que foram os seguintes: nutrição
desequilibrada: ingesta maior que as necessidades corporais, atividade de recreação
deficiente, conforto prejudicado, risco de quedas. Partindo da elucidação dos
diagnósticos, iniciou-se a montagem do plano focado nos primeiro e terceiro níveis:
fisiológico e social respectivamente, que foram identificados no caso em questão.

ABSTRACT

The objective of the study was to draw up a nursing care plan for an elderly
patient based on the basic human needs theory of Abraham Maslow and Wanda Horta,
seeking to prevent complications arising from their state of health, removing the
excesses and adding the absences according to The axes of theory based on case
study and looking at the patient in a vision beyond the physiological. The case was
selected from a group of 28 elderly people who participated in the supervised practice
in the collective health discipline. We sought to extract, as much as possible, from the
collected data information that guided the following diagnoses: unbalanced nutrition:
intake Greater than bodily needs, poor recreation activity, impaired comfort, risk of falls.
Starting from the elucidation of the diagnoses, the assembly of the plan focused on the
first and third levels was initiated: physiological and social, respectively, that were
identified in the case in question.
INTRODUÇÃO

A prevalência de hipertensão em indivíduos diabéticos é duas vezes maior que


numa população de não-diabéticos. Essa proporção é válida para o diabete melito o
tipo 2 e, provavelmente, também para o tipo 1. A raça, a idade, o sexo, a presença de
proteinúria maciça, o aumento do índice de massa corpórea e o tempo de evolução
do diabete melito são os principais determinantes da elevação da pressão arterial,
particularmente a pressão sistólica, nos pacientes diabéticos (TORRES, 2017).
Diabetes mellitus tipo e/ou hipertensão arterial sistêmica vem aumentando.
Isoladamente, cada doença determina inúmeros problemas para o paciente;
associadas, a situação se agrava ainda mais. A presença de fatores de risco que se
relacionam com ambas as doenças, como obesidade, sedentarismo,
hipercolesterolemia, hábitos de vida inadequados, entre outros, fazem com que as
patologias em questão sejam muito presentes na população. As consequências de um
tratamento não precoce e inadequado são diversas e, muitas vezes, determinam a
morte do paciente. Entender a relação entre diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão
arterial sistêmica é de grande relevância para o professional de saúde, já que a
presença deles em um mesmo paciente determina uma abordagem mais cuidadosa
(TORRES, 2017). Em vista do exposto anteriormente pelos autores, percebe-se a
importância de mobilizar a saúde no sentido de prevenir/ tratar tais ameaças à
população, com a realização da coleta de dados para a identificação dos diagnósticos
de enfermagem que visam melhorar a saúde dos mesmos. Um dos casos foi
destacado e compõe o estudo, a ideia é montar um plano de ação baseado na teoria
das necessidades humanas básicas de Maslow e Wanda Horta, que possa trabalhar
o cliente de maneira multidisciplinar assistindo no que for necessário, os diagnósticos
buscam não somente tratar diabetes e hipertensão (eixos fisiológicos da teoria), mas
também a saúde em seu campo social, de acordo com os dados do caso
2.0 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo exploratório com uma abordagem qualitativa, do tipo


estudo de caso, desenvolvido na Unidade Básica de saúde dos Congós, Macapá-AP.
Consiste em uma atividade prática de estágio referente a disciplina saúde coletiva,
realizado na sala de acolhimento com classificação de risco, que é respaldada por
uma diretriz técnica aprovada e validada pela secretaria Municipal de Saúde
(Protocolo) onde o enfermeiro emite uma decisão, expressa por meio de uma cor que
classifica a prioridade de atendimento do caso. Assim foram realizado através da
avaliação por meio de entrevista, exame físico sucinto, verificação de dados vitais do
paciente no atendimento de urgência e emergência, desta forma orientar, priorizar e
decidir sobre os encaminhamentos necessários para a resolução do problema; que
são os instrumentos de diagnóstico de enfermagem, prescrições e demais ferramentas
desta ciência, seja possível identificar casos de hipertensão arterial, diabetes e demais
queixas referidas pelos pacientes, em vista de montar um plano de cuidados de
enfermagem através da análise clínica-critica e baseado na classificação do manual
de Diagnóstico de Enfermagem CARPENITO. O plano foi criado como forma de
intervenção de enfermagem, visando melhorar as condições fisiológicas, retirando os
excessos e acrescentando o que faltar, seguindo a teoria das necessidades humanas
básicas de Abraham Maslow e Wanda Horta. Segundo os referidos estudiosos
(POTTER PERRY, 2009, p.48) a assistência de enfermagem deve possuir uma
hierarquia das necessidades básicas dos seres humanos, a qual inclui cinco níveis de
prioridade. O mais básico ou primeiro nível, inclui as necessidades fisiológicas, tais
com ar, água, alimentos. O segundo nível inclui as necessidades de segurança e
seguridade [...]. Os cuidados visam trabalhar de maneira paralela à terapia
medicamentosa do caso destacado.

3.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após atendimento realizado com o grupo que culminou no levantamento dos


problemas e demandas de cuidados, foi destacado um caso clínico onde foram
identificados para tal os seguintes diagnósticos: nutrição desequilibrada: ingesta maior
que as necessidades corporais, atividade de recreação deficiente, conforto
prejudicado, risco de quedas. Os diagnósticos foram destacados levando em
consideração a teoria das necessidades humanas básicas de Wanda Aguiar Horta,
com base nos problemas relatados na análise individualizada.

3.1 O CASO:

AFC, 62 anos, diabético e hipertenso, em consulta com os acadêmicos de


enfermagem na unidade Básica de saúde dos Congós, cidade de Macapá-Ap,
apresentou IMC de 32,5 perímetro da panturrilha esquerda 32,4cm, glicemia casual
219 mgdl, Pressão Arterial (PA) 150/100mmhg. Relatou cefaleia intermitente a mais
de 3 meses com intensidade 5 (em escala de dor entre 0 e 10, onde 0 é ausência e
10 a dor máxima suportável). O paciente informou que possui dieta adequada, pobre
em óleo, gorduras, sal e açucares e outros, fazendo ingesta “mínima” de 3 vezes ao
dia. Pratica exercícios físicos por conta própria e gostaria de seguir algum programa
de atividade física orientado, não frequenta centros clubes ou grupos de lazer, mas
pratica atividades lúdicas em casa, teve um episódio de queda em via pública em
período de um ano. O paciente é diabético e hipertenso, faz uso de glibancamida 2x
ao dia há 10 anos.

3.2 DIAGNÓSTICOS:

Nutrição desequilibrada: ingesta maior que as necessidades corporais.


Estado em que o indivíduo apresenta, ou está em risco de apresentar, ganho de peso
relacionado a ingestão excessiva em relação as necessidades metabólicas.

Sobrepeso, obesidade são fatores que ajudam no surgimento e agravo de


diabetes e hipertensão, uma vez que o excesso de gordura circulante pode prejudicar
a captação de insulina pelas células corporais, que não conseguem por meio de suas
proteínas específicas limpar o caminho para a captação da insulina e dar start no
processo de entrada da glicose, (BRUNNER & SUDDHARTH, 2012). A glicose
excessiva circula pelas paredes dos vasos tornando-os mais espessos e desta forma
a pressão arterial aumenta, o que facilita o surgimento de hipertensão arterial
sistêmica, além de auxiliar no acometimento de outros agravos tais como acidentes
vasculares, formação de coágulos, embolia venosa, infarto agudo do miocárdio,
(BRUNNER & SUDDHARTH, 2012).

Uma das formas de se determinar a obesidade é através


do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC é
calculado com base na altura e na massa corporal de um
indivíduo [IMC = peso (kg) / altura 2 (m2) e é considerado
um bom preditor dagordura corporal em adultos (HANet
al., 2013). (Oliveira, 2016, p.13)

Característica definidora: Comunicação de padrões alimentareis indesejados;


ingesta excessiva das necessidades metabólicas; excesso de peso, 10% acima do
ideal para a altura e a estrutura.

No caso:

O paciente refere fazer ingestão de alimentos saudáveis e evita excessos, faz


“mínimo” de 03 refeições ao dia, logo, come bons alimentos, mas acima das
necessidades corporais, em vista que apresenta IMC em faixa de sobrepeso (30,5),
segundo a tabela da Organização Mundial de Saúde.

Atividade de recreação deficiente. Estado em que o indivíduo ou grupo


apresenta, ou está em risco de apresentar diminuição da estimulação ou do interesse
em atividades que provocam o gosto pela vida.

Características definidoras: aborrecimento/ depressão observados devido a


inatividade, ou relatos desses sentimentos; perda ou ganho de peso.

No caso:

O paciente está com excesso de peso (99 Kg), referiu não frequentar centros
clubes ou grupos de lazer, entretanto o ser humano precisa ser sociável e necessita
de interação com outros para que possa desfrutar de uma vida saudável, em vista do
conceito de saúde da OMS, que amplia a extensão deste tema para características
não somente fisiológicas (World Health Organization, 2016), tais atividades ajudam
também na redução do stress, circulação sanguínea, diminuição de peso, enfim traz
uma melhora sistêmica geral.

Conforto prejudicado – Dor crônica: estado em que o indivíduo apresenta


uma sensação inconfortável em resposta em um estímulo nocivo. É uma doença do
sistema nervoso central, definida como dor sem valor biológico aparente que persiste
além do tempo normal de cura tecidual

Características definidora: paciente relata ou demostra desconforto, dor,


náusea, vomito, prurito.

No caso:

Relatou dor cefálica intermitente a mais de 3 meses com intensidade 5 (em


escala de dor entre 0 e 10, onde 0 é ausência e 10 a dor máxima suportável).

Risco de quedas. Estado em que o indivíduo tem aumentada a


suscetibilidade para quedas.

Características definidoras: Relacionado à história de acidentes.

No caso:

Apresentar perímetro da panturrilha esquerda de 32,5cm, ponto em que


merece atenção, classificado como cor amarela na caderneta de saúde da pessoa
idosa. A medida do perímetro da panturrilha esquerda é um bom parâmetro de
avaliação da massa muscular no idoso. Medidas menores do que 31 cm são
indicativas de redução da massa muscular (sarcopenia) e estão associadas a maior
risco de quedas, diminuição da força muscular e dependência funciona (CADERNETA
DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA, 2014). Paciente relatou ainda histórico de queda em
via pública.
Plano de cuidados de enfermagem
Diagnóstico Meta
Nutrição desequilibrada: Ingesta
maior que as necessidades Controle do IMC entre 18 e 25
corporais
Prescrições
Comer apenas quando estiver sentado;

Usar pratos pequenos para que a porção pareça maior;

Beber um copo de água de 250 mL imediatamente antes de comer;

Preparar pequenas porções, apenas o suficiente para uma refeição e descartar as sobras;

Nunca comer o prato de outra pessoa;

Comer lentamente e mastigar tudo;

Baixar talheres e esperar 15 segundos entre as colheradas;

Manter a ingesta de lanches de baixas calorias, que necessitem ser mastigados para satisfazer
as necessidades orais (cenoura, maca, etc);

Iniciar caminhada diária de 500 metros ou 5 quadras e aumentar uma quadra ou 100 metros
por semana, progredir lentamente;

Parar imediatamente se ocorrer algum dos seguintes sintomas: aperto ou dor no peito, muita
falta de ar, desorientação, tontura, perda de controle muscular ou náuseas.
Atividade de recreação deficiente Cliente deve relatar participação
em pelo menos uma atividade de
lazer por dia
Prescrições
Estimular motivação, mostrando interesse e incentivar o paciente a partilhar sentimentos e
experiências

Conforto prejudicado – Dor O indivíduo deve relatar melhora


crônica. da dor e aumento das atividades
diárias
Prescrições
Reduzir a falta de conhecimento:
Explicar as causas da dor, no caso cefaleia intermitente; Relatar
a aceitação da resposta da pessoa a dor:
Reconhecer a presença da dor;
Ouvir atentamente a respeito da dor;
Repousar durante o dia e períodos de sono ininterruptos durante a noite;
Encaminhar paciente para clínico geral, para que o mesmo avalie as especialidades médicas
necessárias ao paciente e o mesmo seja trabalhado de forma multidisciplinar.

Risco de quedas Paciente deve relatar menos queda


e medo de cair
Prescrições
Manter os objetos e utensílios mais utilizados entre a altura dos ombros e da cintura, evitando
subir em banquinhos e cadeiras ou abaixar-se demais;

Evitar o uso de chinelos e sapatos mal calçados ou soltos, como tamancos, sandálias, pois a
forma como o peso é descarregado nos pés muda completamente, favorecendo a queda;

Instalar barras de apoio no box e no vaso sanitário, para facilitar o banho e a utilização do
banheiro;

Usar tapete antiderrapante no box e não tomar banho descalço;

Na rua, nunca atravessar no meio dos carros ou quando o semáforo para pedestres ainda
estiver vermelho;

Não lavar a cozinha, banheiro ou quintal com chinelos ou descalço, pois poderá escorregar;

Durante a noite, deixar sempre uma luz acesa, para facilitar o deslocamento do quarto até o
banheiro.
CONCLUSÃO

A diabetes e a hipertensão costumam andam juntos, como ficou bem


evidenciado no estudo de caso apresentado. O paciente por ser uma pessoa idosa já
merece uma atenção diferenciada em vista da desaceleração do metabolismo, logo a
metodologia de Maslow e Wanda Horta, que ficou no primeiro e terceiro níveis:
fisiológico e social respectivamente, mostrou-se muito útil na construção do plano de
cuidados, pois deu orientação para as análises. O paciente necessita de uma
abordagem multidisciplinar que inclua outros profissionais da saúde, para assim
garantirmos uma assistência de maior qualidade. Vale ressaltar que os diagnósticos e
prescrições de enfermagem deste estudo de caso devem ser reavaliados
posteriormente em consultas rotineiras com a enfermagem, para que o plano seja
constantemente remontado em vista da possibilidade de cumprimento das metas
(esperado), surgimento de novos agravos, mudança de condutas prescritivas e outros,
pois o trabalho da enfermagem nunca acaba e sempre deve estar em vigilância
contínua seja em função global ou individual de cada cliente/ paciente.
REFERÊNCIAS

TEIXEIRA, Elizabeth. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa.


11. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 12.Ed. Rio


de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

POTTER, Patrícia, PERRY, Anne. Fundamentos de enfermagem. 7 Ed. Rio de


Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2009.

CARPENITO-MOYE, Lynda Juall. Manual de Diagnósticos de Enfermagem. 10 Ed.


Porto Alegre: Artmed, 2006.

BUTCHER, Howard, MAAS, Meridean. Ligações NANDA NOC-NIC: condições


Clínicas, Suporte ao Raciocínio e Assistência de Qualidade. 3 Ed. Rio de Janeiro:
Elsevier Editora Ltda, 2012.

Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2015-2017


[recurso eletrônico] / [NANDA International]; organizadoras: T. Heather Herdman,
Shigemi Kamitsuru; tradução: Regina Machado Garcez; revisão técnica: Alba Lucia
Bottura Leite de Barros ... [et al.]. – Porto Alegre: Artmed, 2015.

TORRES, Heloise, PEREIRA, Flávia, ALEXANDRE, Luciana. Avaliação das ações


educativas na promoção de autogerenciamento dos cuidados em diabetes
mellitus tipo 2. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n5/v45n5a07>.
Acesso em: 15 jun. 2021.

Organização Mundial de Saúde. Publicações da OMS. Disponível em: <


http://www.who.int/eportuguese/publications/pt/>. Acesso em: 15 jun. 2021.

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