Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
volêmica no choque
hipovolêmico de acordo
com seu grau?
4.1 DEFINIÇÃO
Define-se choque como a situação em que há perfusão orgânica e
oxigenação tecidual inadequadas. No politraumatizado, a causa
mais comum de choque é a hipovolemia decorrente da
hemorragia. Logo, toda vítima de trauma que se apresente fria e
taquicárdica está em choque hipovolêmico até que se prove o
contrário.
O choque pode ser dividido didaticamente em três fases. A
primeira ocorre quando os prejuízos são reversíveis e os
mecanismos compensatórios estão intactos; nela, o tratamento é
a reposição volêmica, iniciando-se com 1.000 mL de cristaloide e
reavaliando-se continuamente. Na segunda fase, há o desarranjo
microvascular e a disfunção de um ou mais órgãos. Na terceira
fase, as alterações são graves e irreversíveis, com lesões
teciduais estabelecidas e alterações de repolarização cardíaca e
das membranas em geral. A insuficiência respiratória decorrente
do choque é um evento tardio e só deve ocorrer na terceira fase.
4.2 FISIOLOGIA
A resposta inicial do organismo diante da perda sanguínea
consiste em vasoconstrição periférica (circulações cutânea,
muscular e visceral) na tentativa de preservar a perfusão de
órgãos nobres (rins, coração e cérebro). Ocorre também aumento
da Frequência Cardíaca (FC) com o intuito de manter o débito
cardíaco. Na maioria das vezes, a taquicardia é o sinal mais
precoce do choque.
A vasoconstrição e o aumento da FC decorrem da liberação de
catecolaminas endógenas, que aumentam a Resistência Vascular
Sistêmica (RVS). Inicialmente, com a vasoconstrição e o aumento
da FC, a Pressão Arterial (PA) permanece inalterada. Se a perda
sanguínea persistir, sem haver reposição, o paciente apresentará
hipotensão. Se o processo não for revertido, ocorrerão, em
sequência, lesão celular progressiva, agravamento do edema
tecidual e morte celular. Esse processo é resultante da perda
sanguínea e da hipoperfusão.
Outros tipos de choque serão discutidos posteriormente neste
capítulo, mas, apesar de diferentes mecanismos, a resposta final
torna-se semelhante. A fisiopatologia dos diferentes tipos de
choque está representada na Figura 4.1.
Figura 4.1 - Fisiopatologia dos diferentes tipos de choque
Fonte: elaborado pelo autor.
4.3 DIAGNÓSTICO
Os primeiros sinais clínicos do choque são taquicardia e
vasoconstrição cutânea, que se manifestam como pele fria e
diaforética (pegajosa). A FC, normalmente, é maior em recém-
nascidos, diminuindo progressivamente até a idade adulta. Assim,
valores considerados normais para crianças e adolescentes não
são os mesmos para adultos (Quadro 4.1).
Quadro 4.1 - Frequência cardíaca considerada como taquicardia, conforme a
idade
Após a taquicardia, o próximo sinal hemodinâmico de choque é a
diminuição da pressão de pulso, que é a diferença entre as
pressões sistólica e diastólica. A queda da Pressão Arterial
Sistêmica (PAS) ocorre em uma fase mais tardia. Em razão dos
mecanismos compensatórios já expostos, essa diminuição se dá
após a perda de, pelo menos, 30% da volemia.
A estimulação adrenérgica causa sudorese e deixa a pele fria e
pegajosa. Observa-se redução do fluxo urinário, levando à oligúria
e anúria. O indivíduo apresenta, ainda, taquipneia, com alteração
do nível de consciência que varia de confusão mental a coma
quando há perda volêmica superior a 40% da volemia.
4.4 ETIOLOGIA
No trauma, divide-se a etiologia do choque em hemorrágica e não
hemorrágica, sendo o choque hemorrágico o mais comum,
responsável por 90% dos casos. As causas de choque não
hemorrágico são menos frequentes, porém se deve suspeitar
delas como diagnóstico diferencial nos casos em que não há
resposta clínica com as medidas iniciais.
#importante
Todo paciente politraumatizado em
choque deve ser considerado
hipovolêmico até que se prove o
contrário.
#importante
No politraumatizado, o principal tipo de
choque é o hemorrágico e este ocorre
principalmente em razão de
sangramentos externos ou hemorragias
intracavitárias, como torácica, abdominal
ou pélvica.
#importante
O ácido tranexâmico deve ser usado por
via venosa, 1 g dentro das primeiras 3
horas do trauma.
#importante
A sonda vesical e a sondagem gástrica
são importantes medidas auxiliares para
avaliação e reanimação do
politraumatizado com choque
hipovolêmico.