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Resposta: C
Cardioversão eletiva é desconfortável, e anestesia geral é, normalmente, solicitada. Em caso de fi-
brilação atrial crônica, é mandatória a realização de ecocardiograma antes da cardioversão, para
excluir a presença de trombo em átrio esquerdo, o que poderia causar acidente cerebral isquêmico.
Referência:
Stensrud PE – Anesthesia at Remote Locations em: Miller RD Eriksson LI, Fleisher LA, Wiener-Kronish JP,
Young WL – Miller’s Anesthesia 7th Ed, Philadelphia, Elsevier, 2010;2461-2484
Resposta: A
O mecanismo que leva a parada cardíaca não está claro, mas provavelmente ocorre de-
vido ao blo-queio simpático associado, liberando o parassimpático. A diminuição da pré-
carga com bradicardia parece ser um fator importante. Pacientes vagotônicos, o medo, a
ansiedade, a dor, a tração visceral e as alterações posturais têm maior predisposição a bra-
dicardias graves e parada cardíaca. Bradicardia é fator de risco para parada cardíaca durante
raquianestesia. São fatores de risco para bradicardias: frequência cardíaca basal menor que 60,
jovens, pacientes com tônus vagal predomi-nante, uso de beta bloqueadores e história de bloqueios
atrioventriculares associados. Bradicardia é o sinal inicial do aumento do tônus vagal e deve ser
tratada com atropina de forma precoce. Atropina precoce é efetiva e reduz morbidade nos casos de
PCR durante a raquianestesia.
Referência:
David L. Brown. Spinal, Epidural and Caudal Anesthesia, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al.
Miller’s Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone. 2010.
respostas
Resposta: D
Fatores associados com aumento da pressão na artéria pulmonar antagonizam o efeito do
aumento de resistência causado pela vasoconstrição pulmonar hipóxica (VPH) e resultam
em aumento de fluxo para a região hipóxica. Esses inibidores indiretos da VPH incluem
estenose mitral, sobrecarga hídrica, tromboembolismo, hipotermia, drogas vasoconstritoras e
um grande segmento pulmonar hipóxico. Inibidores diretos da VPH incluem infecção, drogas vasosi-
latadoras como nitroglicerina e nitroprussiato, hipocarbia e alcalose metabólica. Todos esses poten-
cias inibidores devem ser considerados quando avaliamos a hipoxemia de um paciente durante cirur-
gia torácica. Assim, devemos evitar, entre todos os fatores descritos, a sobrecarga hídrica para pre-
servar a vasoconstrição pulmonar hipóxica.
Referência:
Eisenkraft JB, Cohen E, Neustein SM. Anesthesia for thoracic surgery, em: Barash PG, Cullen BF, Stoel-
ting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013.
Resposta: C
O nervo musculocutâneo (C5, C6 e C7) é um ramo do fascículo lateral do plexo braquial e
inerva os músculos coracobraquial, braquial e bíceps braquial. Esses músculos realizam a
flexão do cotovelo e pronação do antebraço. Ele segue como nervo cutâneo lateral do
antebraço fornecendo inervação da pele desta região.
Referência:
Horlocker TT, Kopp SL, Wedel DJ. Peripheral Nerve Blocks, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al.
Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 1721-1751.
respostas
Resposta: D
O receptor de purina metabotrópico é o P2XY.
Referência:
Brenner GJ, Woolf CJ – Mechanisms of Chronic Pain, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF et
al. Anesthesiology, 1st Ed, New York, McGraw-Hill, 2008; 2003.
Resposta: D
O compartimento efetor é o compartimento hipotético que relaciona a concentração do fármaco no
plasma ao longo do tempo com o efeito do medicamento ao longo do tempo do efeito, e Ke0 é a
constante de velocidade de eliminação do medicamento a partir do compartimento efetor (biofase).
Se a concentração de plasma é mantida constante, o tempo necessário para que a concentração na
biofase atinja 50% da concentração plasmática (t1/2 Ke0) pode ser calculado como 0,693/ke0.
Para o início rápido do efeito, uma droga com uma grande Ke0 (curto t1/2 Ke0) deve ser escolhida.
Assim, o remifentanil apresenta uma ke0 maior (0,53) que a do fentanil (0,15).
A farmacodinâmica dos anestésicos intravenosos é relatada em termos de C50, a concentração que
produz 50% do efeito máximo possível da droga. A C50 também pode ser definida como a concen-
tração de droga que previne a resposta (por exemplo, o movimento, a hipertensão arterial, a liber-
tação das catecolaminas) a um estímulo particular (por exemplo, a incisão, a intubação, a retração
esternal) em 50% dos pacientes. Neste caso, cada combinação de estímulo e resposta pode ter uma
C50 específica.
Referência:
Shafer SL, Flood P, Schwinn DA - Basic Principles of Pharmacology, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher
LA, et al - Miller’s Anesthesia, 7th Ed, Philadelphia, 2010; 479-514
Resposta: D
A fenoxibenzamina é um bloqueador alfa-adrenérgico não seletivo que faz ligação covalente com
os receptores alfa-adrenérgicos. O bloqueio nos receptores alfa-1 pós-sinápticos é mais intenso que
nos receptores alfa-2. Os seus efeitos cardiovasculares mais importantes são os decorrentes da redu-
ção da pressão arterial sistêmica e a possibilidade de restaurar a volemia dos pacientes tratados.
Entre os efeitos não cardiovasculares, chama a atenção o impedimento da ação inibidora da adre-
nalina na secreção de insulina, podendo levar a hipoglicemia, principalmente nos pacientes que pos-
suem intolerância à glicose.
Referência:
Stoelting RK, Hillier SC. Alpha- and Beta-Adrenergic Receptor Antagonists, em: Pharmacology & Physi-
ology in Anesthetic Practice. 4th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2006;325-43.
Resposta: D
A diminuição da massa de tecido magro em idosos reduz a capacidade para a produção de calor
corporal e causa a diminuição da vasoconstrição de termorregulação e os coloca em maior risco de
hipotermia intraoperatória acidental. A temperatura intraoperatória do núcleo diminui a uma taxa 2
vezes maior que a observada em adultos jovens e em condições comparáveis, e o tempo necessário
para o reaquecimento espontâneo pós-operatório aumenta em proporção direta com a idade do
paciente. Existe um aumento relacionado com a idade na sensibilidade farmacodinâmica a agentes
anestésicos, mas a causa ainda é desconhecida. Com o envelhecimento, os valores alveolares mínimos
relativos de concentração para os agentes inalatórios mais recentes diminuem em, aproximadamente,
30%. As reduções das reservas de neurotransmissores cerebrais em idosos são manifestadas por um
aumento da sensibilidade a drogas que possam precipitar sintomas extrapiramidais ou síndrome an-
ticolinérgica, incluindo a metoclopramida. Embora os idosos reduzam a massa muscular esquelética, a
atrofia neurogênica disseminada na junção neuromuscular permite a proliferação de colinorreceptores
extrajuncionais. A dose média eficaz e a concentração plasmática no estado de equilíbrio necessária
para um efeito de bloqueio neuromuscular meio-máximo (concentração efetiva média) permanecem
praticamente inalteradas, ou podem realmente aumentar ligeiramente no paciente idoso. O início do
bloqueio pode ser atrasado, e a duração prolongada, no entanto. O fluxo renal do plasma, a taxa
de filtração glomerular e a depuração de creatinina declinam significativamente.
Referência:
respostas
Brunton LL, Chabner BA, Knollmann BC, eds. Goodman and Gilman’s The Pharmacological Basis of
Therapeutics, 12th ed. New York: McGraw-Hill, 2011. 1326.
Loongnecker DE, et al., eds. Anesthesiology, 2nd ed. New York: McGraw-Hill, 2012. 279-83.
Resposta: D
A fisiopatologia da pré-eclâmpsia apresenta desequilíbrio no balanço entre as prostaciclinas e o
tromboxano. Ocorre aumento do tromboxano e redução das prostaciclinas promovendo aumento da
vasoconstrição, da agregação plaquetária, da atividade uterina e redução do fluxo sanguíneo ute-
roplacentário.
Referência:
Birnbach DJ, Browne IM. Anesthesia for Obstetrics, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s
Anesthesia. 7th Ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 2010;2203-40.
Resposta: B
A insuflação do pneumoperitôneo causa redução da pré-carga e das pressões de enchimento do
ventrículo esquerdo. Concomitantemente, há aumento da pressão arterial pulmonar (PAP) secundário
à elevação da pressão intra-abdominal e à hipercarbia. Tal aumento da PAP agrava ainda mais a
função do ventrículo direito que já está previamente prejudicada neste contexto de hipertensão pul-
monar crônica da estenose mitral. A taquicardia promovida pela ativação simpática secundária ao
pneumoperitôneo diminui o tempo de diástole e pode causar grande elevação da pressão atrial e
congestão pulmonar. Geralmente, o aumento da resistência vascular sistêmica não é um fator impor-
tante porque o volume sistólico é determinado pela área do orifício da valva mitral e pelo tempo de
enchimento diastólico.
respostas
Referência:
Nussmeier NA, Hauser MC, Sarwar MF, et al. Anesthesia for Cardiac Surgical Procedures, em: Miller
RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 7th Ed, Philadelphia, Churchill Livingstone,
2010;1889-975.
11. Mulher de 24 anos será submetida à ressecção de pólipos nasais sob anestesia ge-
ral. Na avaliação préanestésica, refere asma brônquica controlada com terapia inalatória
(budesonida e salbutamol). Nega crises recentes e a ausculta pulmonar é normal. Qual
fármaco deve ser EVITADO nessa paciente?
A) Morfina.
B) Cetamina.
C) Cetoprofeno.
D) Ondansetrona.
Resposta: C
A tríade de Samter é a associação de hipersensibilidade aos anti-inflamatórios não hormonais em
pacientes com asma e pólipos nasais e que poderão apresentar broncoespasmo grave e ameaçador
à vida.
Referência:
Ferrari LR, Gotta AW – Anesthesia for Otolaryngologic Surgery em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting
RK – Clinical Anesthesia, 5th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2006;2066-98
Resposta: A
O quadro descrito pode ocorrer na gestante a termo saudável. Muitas gestantes a termo queixam-se
de sintomas sugestivos de doença cardiovascular, como dispneia, palpitações, tonteira, edema e
pouca tolerância ao exercício. O exame físico também pode estar anormal quando comparado ao
estado pré-gestacional. A gravidez determinará ainda alterações no ECG, radiografia do tórax e
ecocardiografia da gestante a termo sem que signifique patologia cardiovascular.
Referência:
Birnbach DJ, Browne IM. Anesthesia for Obstetrics, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s
Anesthesia. 7th Ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 2010;2203-40.
respostas
Resposta: B
A HFOV é a técnica de alta frequência mais comumente utilizada na UTI. Uma das características da
HFOV é administrar pequenos volumes correntes em frequências extremamente altas, geralmente de
1 a 3 mL.Kg-1 menores que o espaço morto fisiológico. Outra vantagem potencial sobre a ventilação
convencional inclui a aplicação de uma maior pressão média nas vias aéreas, promovendo recruta-
mento alveolar. HFOV geralmente leva a aumento precoce na pressão de oclusão da artéria pulmo-
nar, pequeno aumento na PVC e menor redução do débito cardíaco em comparação com os valores
basais. Alguns estudos mostram que o uso de HFOV em pacientes adultos com SDRA é associado com
melhora na oxigenação, sem redução significativa na mortalidade.
Referência:
Kacmarek RM, Hess DR. Mechanical Ventilation for the Surgical Patient, em: Longnecker DE, Brown DL,
Newman MF, et al. Anesthesiology. 2nd Ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;1406-22.
14. Menino de 4 anos será submetido a herniorrafia inguinal sob bloqueio caudal e
anestesia geral inalatória sob máscara facial em ventilação espontânea. O sinal que me-
lhor retrata a injeção acidental de anestésico local no espaço subaracnoideo é:
A) apneia
B) assistolia
C) hipotensão
D) bradicardia
Resposta: A
Complicações potenciais dos bloqueios caudais em pacientes anestesiados incluem injeção intravascu-
lar de anestésico local, que ocorre em aproximadamente 4:10.000 pacientes e injeção subaracnoidea
com raquianestesia total, com uma incidência reportada de 2,6:10.000 casos. Crianças podem não
desenvolver hipotensão ou bradicardia, mesmo na presença de raquianestesia total, mas apneia
ainda pode ocorrer devido ao bloqueio bulbar.
Referência:
Everett LL. Anesthesia for Children, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF, et al. Anesthesiology.
2nd Ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;1182-94.
respostas
Resposta: C
A menor densidade de receptores colinérgicos em fibras musculares lentas, como nos músculos perifé-
ricos, explica a menor margem de segurança da transmissão neuromuscular nesses grupamentos,
quando comparada com as fibras mais rápidas dos adutores da laringe. A t1/2Ke0 dos bloqueadores
neuromusculares é menor nos adutores da laringe. No entanto, esta característica confere início de
ação mais rápido do bloqueador nestas fibras, ainda que elas sejam mais resistentes à ação destes
fármacos.
Referência:
Naguib M, Lien CA, Meinstelman C. Pharmacology of Neuromuscular Blocking Drugs, em: Miller RD,
Cohen NH, Eriksson LI, et al. Miller’s Anesthesia. 8 th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 958-
994.
Resposta: D
A monitorização de índices dinâmicos da pressão arterial é simples de utilizar, minimamente invasiva
e reflete com acurácia a responsividade do débito cardíaco à administração de volume. No entanto,
existem alguns requisitos a serem atendidos para sua utilização. O paciente deve estar entubado e
em ventilação mecânica controlada com volume corrente uniforme e constante, geralmente superior a
8 mL.Kg-1 e deve apresentar ritmo sinusal para que não ocorra variabilidade do tempo de enchimento
diastólico gerada por arritmias, principalmente a fibrilação atrial.
Referência:
Bar-Yosef S, Schroder RA, Mark JB. Hemodynamic Monitoring, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman
MF, et al. Anesthesiology. 2nd Ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;406-429.
respostas
Resposta: C
A utilização da capnografia e capnometria contínua durante as manobras de reanimação (RCP) é
uma recomendação formal. Valores persistentes de EtCO2 baixos (< 10 mmHg) durante RCP sugerem
que o retorno à circulação espontânea é improvável. A janela de 5 minutos que a equipe tem para
determinar se a PCR pode ser revertida com as manobras de suporte básico e avançado de vida foi
descrita em 1986 e mantida em todos os protocolos desde então. A cesariana de emergência deve
ser indicada em até 4 minutos após início da parada cardiorrespiratória se não ocorrer retorno da
circulação espontânea. Entre 24 e 25 semanas de gestação, a maior taxa de sobrevida fetal ocorre
quando o nascimento se dá em menos de 5 minutos após a PCR materna. Em gestações com mais de
30 semanas, encontram-se fetos vivos mesmo após 5 minutos de PCR.
Referência:
Otto CW. Cardiopulmonary Resuscitation, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anes-
thesia. 7th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 1672-99
Resposta: B
O tratamento da taquicardia ventricular e da fibrilação ventricular é a desfibrilação elétrica. Como
a fibrilação ventricular foi presenciada, a primeira medida é a desfibrilação elétrica já que a possi-
bilidade de uma desfibrilação efetiva diminui com o tempo e tende a se converter em assistolia. Em
crianças, recomenda-se uma carga inicial de 2 a 4 J.kg-1.
Referência:
Otto CW. Cardiopulmonary Resuscitation, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anes-
thesia. 7th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 1672-99
respostas
Resposta: E
A administração intravascular de fluidos é um dos pilares fundamentais da reanimação no trauma,
especialmente nas situações de hipovolemia, por permitir a melhora da performance cardiovascular
com aumento da pressão arterial e da perfusão tecidual. Nas situações de hemorragia ativa, no
entanto, a restauração da volemia pode ser contra-produtiva. A diluição da massa eritrocitária e dos
fatores de coagulação associada ao aumento da pressão arterial e reversão da vasoconstricção
compensatória após expansão volêmica podem resultar no deslocamento de coágulos hemostáticos
formados. Assim, um círculo vicioso é instalado no qual uma melhora transitória da hemodinâmica é
seguida de aumento do sangramento e novo episódio de hipotensão com necessidade de nova repo-
sição volêmica. Esse conceito é a base racional da hipotensão deliberada na ressuscitação inicial ao
trauma e visa essencialmente limitar o sangramento até o seu controle definitivo. Tal estratégia, po-
rém, deve ser sempre ponderada pelo risco de hipoperfusão e isquemia tecidual associada à hipo-
volemia.
Referência:
McCunn M, Grissom TE, Dutton RP. Anesthesia for Trauma, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al.
Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;2423-2459.
Resposta: C
Em pacientes dependentes de opioides, deve-se esperar o relato de escores de dor mais elevados
no pósoperatório e, apesar de maiores necessidades analgésicas, o tratamento deve se basear na
avaliação objetiva da dor (escores de dor juntamente com a capacidade de respirar profundamente,
caminhar, etc.). Prescrição “se necessário” deve ser evitada. É preciso, juntamente com o tratamento
da dor incisional, suprir as necessidades basais de opioide do paciente a fim de otimizar o alívio da
dor pós-operatória e evitar a abstinência ao opioide. As necessidades basais de opioide podem ser
administradas sistemicamente (venosa ou transdérmica) até o paciente tolerar a ingesta oral. Após a
cirurgia, o paciente pode receber analgesia com PCA venoso com inclusão de infusão basal e ser
respostas
reiniciado o tratamento com opioide oral. Após tolerar a ingesta oral, a conversão da terapia intra-
venosa é iniciada com a combinação de administração regular de formulação de opioide de libera-
ção controlada e opioide de ação curta e liberação imediata se necessário.
Referência:
Hurley RW, Wu CL. Acute Postoperative Pain, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s
Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone, 2010;2757-81.
21. Mulher de 51 anos, 85 Kg e 1,70 m está no centro cirúrgico para realização de co-
lecistectomia videolaparoscópica. Apresenta PA de 140 x 70 mmHg, FC de 70 bpm e
SpO2 de 97%. A cirurgia ocorre sem intercorrências e a cavidade abdominal é desin-
suflada após 60 minutos da instalação do pneumoperitônio com pressão de 18
mmHg. Neste momento a paciente apresenta PA de 80 x 40 mmHg, FC de 90 bpm,
SpO2 de 94%. A causa mais provável desta hipotensão está relacionada com:
A) shunt pulmonar
B) isquemia e reperfusão
C) alcalose pós-hipercapneica
D) diminuição do tônus simpático
Resposta B
Altas pressões de insuflação abdominal (18mmHg) durante períodos superiores a uma hora
promovem compressão e colabamento dos vasos sanguíneos do peritônio resultando em
isquemia peritoneal. Essa isquemia resulta em acúmulo de radicais livres e metabólitos áci-
dos. Com o fim do pneumoperitônio ocorre reperfusão e esses metabólicos ácidos e radicais livres
voltam para a circulação promovendo hipotensão.
Referência:
Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015.
Resposta: D
A complacência pulmonar é relativamente baixa nos neonatos, mas complacência da pa-
rede torá-cica é alta. A caixa torácica flexível oferece pouca sustentação mecânica, o que
promove recolhi-mento significativo dos pulmões a cada expiração, com trocas gasosas me-
nos eficientes e fecha-mento funcional das vias aéreas, aumentando o trabalho respiratório. O volume
de oclusão é par-ticularmente elevado e pode se encontrar dentro da faixa do volume corrente da
respostas
criança. O pe-queno diâmetro das vias aéreas aumenta a resistência ao fluxo, resultando em baixa
condutância.
O alto volume do circuito em relação ao baixo volume corrente de um bebê torna a ventilação me-
cânica controlada a volume inadequada e, como regra geral, ventiladores controlados a pressão são
usados de forma mais conveniente em bebês e crianças menores de 10 kg.
Referências:
Hall SC, Suresh S. Neonatal Anesthesia, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK et al. Clinical An-
esthesia, 7th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; ebook edition.
Kilbaugh TJ, Zwass M, Ross P. Pediatric and Neonatal Intensive Care, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson
LI, et al. Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 2854-2917.
23. Homem de 39 anos será submetido a fixação de fratura dos ossos do antebraço
esquerdo. Informa ter realizado pneumectomia à direita há 5 anos. A técnica anestésica
escolhida é o bloqueio do plexo braquial esquerdo pela via interescalênica. O paciente
apresenta dispneia e diminuição da saturação periférica de oxigênio trinta minutos após
o bloqueio. A explicação para os sintomas apresentados pelo paciente é:
A) acinesia diafragmática
B) absorção maciça de anestésico local
C) injeção subdural do anestésico local
D) injeção subaracnoidea do anestésico local
Resposta: A
O nervo frênico ipsilateral é bloqueado em pacientes que recebem bloqueio do plexo braquial por
via interescalênica. Como a hemiparesia diafragmática pode resultar em diminuição de 25% da fun-
ção pulmonar, pacientes com doença respiratória grave contralateral podem não tolerar o bloqueio
sem a combinação de ventilação mecânica. Bloqueio do plexo braquial por via interescalênica está
contraindicado em pacientes após pneumectomia contralateral.
Referência:
Urban MK. Anesthesia for Orthopedic Surgery, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s
Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone, 2010;2241-59.
Resposta: D
O coma mixedematoso representa uma forma grave de hipotireoidismo caracterizada por estupor
ou coma, hipoventilação, hiponatremia, hipotensão e hipotermia. Apenas cirurgias de emergência de-
vem ser realizadas em face ao coma mixedematoso. Reposição intravenosa de hormônio tireoidiano
deve ser iniciada assim que o diagnóstico é feito. No entanto, a terapia repositora com qualquer
forma de hormônio tireoidiano pode precipitar isquemia miocárdica.
Referência:
Schwartz JJ, Akhtar S, Rosenbaum SH. Endocrine Function, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et
al. Clinical Anesthesia. 6th Ed. Philadelphia. Lippincott Williams & Wilkins, 2009;1279-1304.
Resposta: C
A infusão de grandes volumes (> 20 mL.Kg-1) de hidroxietilamido leva à diluição dos fatores da
coagulação e do fibrinogênio, além de redução da adesividade plaquetária com manifestações clí-
nicas de sangramento aumentado.
Referência:
Potério GMB, Braga AFA, Vane LA, et al. Reposição Volêmica, em: Cangiani LM, Slullitel A, Potério
GMB, et al. Tratado de Anestesiologia SAESP. 7ª Ed. São Paulo. Atheneu, 2011;1243-65.
Resposta: D
Na fase inicial da anestesia inalatória, a concentração alveolar do anestésico é zero e se mantém
baixa durante as primeiras ventilações. A rapidez com que a razão entre a concentração alveolar e
a concentração inspirada se eleva resulta da diferença entre as pressões parciais do anestésico no
alvéolo e no sangue ser muito baixa. Por isso, a elevação dessa razão é rápida para todos os agentes
inalatórios independente da sua solubilidade.
Referência:
respostas
Eger II EI. Inhaled Anesthetics: Uptake and Distribution, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al.
Miller’s Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone, 2010;539-59.
Resposta: B
O tempo de equilíbrio Ke0 é o tempo decorrido entre a administração do fármaco por via venosa e
o seu efeito terapêutico máximo, ou a sua concentração máxima no compartimento efetor. A meia
vida Ke0 é o tempo decorrido para que ocorra metade desse equilíbrio, e fármacos com menor meia
vida Ke0 são mais precisamente manuseados quando em infusão contínua e apresentam início e pico
de ação mais rápidos.
Referência:
Sear J. Total Intravenous Anesthesia, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF, et al. Anesthesiology.
2nd Ed. New York. McGraw Hill Medical, 2012;725-41.
Resposta: C
A estenose mitral se caracteriza por elevado gradiente de pressão transvalvar, que é dependente
da taxa de fluxo através da valva estenosada. A frequência cardíaca deve ser mantida mais baixa,
evitando-se a taquicardia. Frequência cardíaca baixa permite tempo suficiente para o enchimento
ventricular e diminui o gradiente de pressão através da valva mitral diminuindo a pressão no átrio
esquerdo e a congestão pulmonar. Estados que causem aumento da atividade simpática poderão
aumentar muito o gradiente de pressão transvalvar e se refletir no aumento das pressões atrial es-
querda e venosa pulmonar. A redução da pré-carga poderá prejudicar o volume sistólico e o débito
cardíaco. Além disso, geralmente, a resistência vascular sistêmica não é um fator importante para
aumentar o fluxo porque o volume sistólico é determinado pela área do orifício da valva e pelo
tempo de enchimento diastólico.
Referência:
Nussmeier NA, Hauser MC, Sarwar MF, et al. Anesthesia for Cardiac Surgical Procedures, em: Miller
RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone,
2010;18891975.
respostas
29. Homem de 65 anos, portador de insuficiência cardíaca classe funcional III, apresenta
quadro de apendicite aguda. É realizada anestesia geral com sevoflurano e remifentanil,
e, durante o procedimento, apresenta hipotensão (PA 80x50 mmHg) com frequência car-
díaca de 55 bpm. A explicação para essa situação hemodinâmica é uma interação farma-
cocinética entre os anestésicos do tipo:
A) absorção
B) distribuição
C) metabolismo
D) biotransformação
Resposta: B
Anestésicos voláteis, betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio e vasodilatadores podem
diminuir o débito cardíaco e produzir mudanças significativas na distribuição de outros fármacos. A
diminuição do débito cardíaco aumenta as concentrações de outros fármacos em tecidos altamente
perfundidos, tais como o cérebro e o miocárdio. Com isso, doses habituais de agentes como o propofol,
tiopental, remifentanil, podem produzir efeitos substancialmente maiores no sistema cardiovascular e
no SNC. O mesmo efeito é observado com os anestésicos voláteis, quando a diminuição do débito
cardíaco causa aumento das concentrações expiradas, intensificando os efeitos cardiovasculares e
sobre o SNC.
Referência:
Rosow CE, Levine WC. Drugs Interactions, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anes-
thesia. 6th Ed. Philadelphia. Lippincott Williams & Wilkins, 2009;550-66.
Resposta: D
O levosimendam é um agente inotrópico positivo que promove alteração conformacional da troponina
C, melhorando a interação desta com o cálcio. Possui metabólito ativo com meia vida próxima há uma
semana, explicando seus efeitos prolongados após o término de sua infusão. Seus efeitos inotrópicos
não são antagonizados pelo uso de betabloqueadores e sua utilização não produz aumento signifi-
cativo da frequência cardíaca.
Referência:
Lopes MR, Castro MM. Choque, em: Cangiani LM, Slullitel A, Potério GMB, et al. Tratado de Aneste-
siologia SAESP. 7ª Ed. São Paulo. Atheneu, 2011;2647-69.
respostas
Resposta: C
A PEEP melhora a oxigenação arterial por meio do recrutamento funcional de alvéolos colapsados,
da redistribuição da água pulmonar e, assim, distribuição mais homogênea do volume corrente e
aumento da capacidade residual funcional, melhorando a relação ventilação-perfusão com a redução
do shunt. Todavia, se ocorre predominantemente hiperinsuflação de alvéolos normais e diminuição da
complacência pulmonar, haverá elevação da PaCO2 devido a aumento do espaço morto que pode
se associar à diminuição da PaO2 se a elevação da PEEP acarreta prejuízo ao débito cardíaco.
Referência:
Grasso S, Mascia L, Ranieri VM. Respiratory Care, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s
Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone, 2010;2879-97
Resposta: A
Parâmetros hemodinâmicos estáticos, como pressão venosa central e pressão de oclusão da artéria
pulmonar, não apresentam boa acurácia para definir pacientes respondedores a volume. A combina-
ção de parâmetros hemodinâmicos dinâmicos, como variação do volume sistólico e variação da pres-
são de pulso, em combinação com medidas do débito cardíaco e da saturação venosa mista ou central
de oxigênio, permitirá diagnosticar adequadamente a hipovolemia como causa de diminuição do
débito cardíaco e da oferta de oxigênio aos tecidos durante a cirurgia.
Referência:
Schroeder RA, Barbeito A, Bar-Yosef S, et al. Cardiovascular Monitoring, em: Miller RD, Eriksson LI,
Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone, 2010;1267-1328.
respostas
33. Mulher de 45 anos, estado físico ASA 1 e com história prévia de salpingotripsia é
submetida à histeroscopia cirúrgica para ablação endometrial sob anestesia geral com
intubação orotraqueal e ventilação controlada (volume corrente de 10 mL.Kg-1 e FiO2 de
80%). Dez minutos após o início da ablação cirúrgica, observa-se ETCO2 de 25 mmHg,
SpO2 de 90%, pressão arterial de 90x60 mmHg e pressão de pico de vias aéreas de 12
cmH2O. O diagnóstico mais provável é:
A) pneumotórax
B) embolia gasosa
C) intubação seletiva
D) edema agudo de pulmão
Resposta: B
A baixa pressão em vias aéreas afasta a intubação seletiva, o pneumotórax e o edema agudo. A
ablação, mesmo com meio líquido, em paciente com salpingotripsia prévia, leva à formação de gases,
por evaporação do endométrio que não têm para onde escoar, em função da obstrução tubária e
da presença do aparelho no colo do útero. Os seios venosos abertos, com a ação do cautério, servem
de via para microembolização gasosa contínua e progressiva.
Referência:
Joris JL. Anesthesia for laparoscopic surgery, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s
Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone, 2010; 2185–202.
Resposta: C
A monitorização do nervo facial é utilizada durante procedimentos cirúrgicos do ouvido médio, mas-
toide e ouvido interno para reduzir a incidência de lesão iatrogênica. Quando o nervo é estimulado,
eletrodos ligados à face detectam a atividade do nervo. Bloqueio neuromuscular parcial ou completo
reduz ou abole essa atividade e a transecção acidental do nervo facial não gera sinal. É essencial
que o bloqueio neuromuscular seja interrompido ou revertido e a função do nervo periférico possa
ser avaliada.
Referência:
Feldman MA, Patel A. Anesthesia for Eye, Ear, Nose, and Throat Surgery, em: Miller RD, Eriksson LI,
Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone, 2010;2357-88.
respostas
Resposta: C
O quadro descrito sugere hipocalemia grave com dosagem sérica de potássio abaixo de 2,5 mEq.L -
1. Nesta situação, deve-se repor potássio pela via venosa, de forma mais agressiva, em velocidades
de infusão que podem chegar a 40 mEq.h-1, sempre com a monitorização seriada dos valores séricos
de potássio e magnésio.
Referência:
Prough DS, Funston JS, Svensén CH. Fluids, electrolytes, and acid-base physiology, em: Barash PG,
Cullen BF, Stoelting RK et al. Clinical Anesthesia. 6th Ed. Philadelphia. Lippincott Williams & Wilkins,
2009;290-325.
Resposta: D
Atonia uterina é responsável por 75% a 90% dos casos de hemorragia pós-parto. Além de situações
que aumentam o tamanho do útero, como no polidrâmnio e gestação múltipla, o tônus uterino pode
ser comprometido após exposição prolongada à ocitocina usada para indução e progressão do parto
devido ao mecanismo de down regulation dos receptores de ocitocina. Doença trofoblástica gestaci-
onal é causa de hemorragia pré-parto, anterior à 20a semana de gestação.
respostas
Referência:
Tsen LC. Anesthesia for Obstetric Care and Gynecologic Surgery, em: Longnecker DE, Brown DL, New-
man MF, et al. Anesthesiology. 2nd Ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;1148-1168.
Resposta: B
Hemorragia e enfisema periorbitários são complicações descritas das cirurgias endoscópicas nasais
ocasionadas por lesões inadvertidas das artérias etmoidais anterior e posterior e da lâmina papirá-
cea durante o procedimento. O acúmulo de sangue ou ar no interior da órbita pode levar a um
quadro de síndrome compartimental com dor local associada à perda aguda da visão e dos reflexos
pupilares, proptose, quemose e limitação da motricidade ocular. Trata-se de uma emergência oftal-
mológica que requer descompressão cirúrgica imediata, habitualmente realizada via cantotomia la-
teral, sob risco de sequelas visuais definitivas caso o tratamento seja postergado.
Referência:
Roth S. Postoperative Visual Loss, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al. Miller’s Anesthesia. 8th
Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;3011-3031.
38. Homem de 75 anos, 74 kg e 1,68 m está na sala de emergência com queixa de mal
estar e tontura. A PA é de 140x90 mmHg e a FC é de 28 bpm. O ECG mostra bloqueio
atrioventricular de segundo grau Mobitz tipo II. Cinco minutos após o início da infusão de
isoproterenol, o paciente queixa-se de dor precordial, mal estar e náuseas. A PA neste
momento é de 150x60 mmHg, a FC é de 85 bpm e o paciente apresenta palidez e sudorese.
O ECG mostra infra-desnivelamento do segmento ST e extra-sístoles ventriculares. A con-
dição fisiopatológica que melhor justifica esta sequência de eventos é:
A) aumento do lusitropismo
B) diminuição do inotropismo
C) aumento da resistência vascular pulmonar
D) diminuição da resistência vascular sistêmica
Resposta: D
Os efeitos cardiovasculares do isoproterenol refletem a ativação de receptores adrenérgicos beta 1
cardíacos e beta 2 na musculatura esquelética, o que resulta em aumento da frequência cardíaca, da
respostas
Resposta: B
O controle da pressão intracraniana ocorre através do manejo de 4 compartimentos: (a) comparti-
mento celular, (b) compartimento liquórico, (c) compartimento fluido e (d) compartimento sanguíneo.
Os dois primeiros compartimentos são territórios cirúrgicos e o manejo anestésico pouco ou nada in-
terfere neles. Os dois últimos compartimentos são áreas de atuação do anestesiologista. Podem ter
seus conteúdos modificados com a interferência de fármacos anestésicos, controle da ventilação pul-
monar, posicionamento do paciente, administração de soluções osmóticas e modificações no plano
anestésico. Quando estas medidas terapêuticas se esgotam, deve-se lançar mão daquelas que o
cirurgião pode intervir: craniotomia, drenagem liquórica, resseção tumoral.
Referência:
Drummond JC, Patel PM, Lemkuil BP. Anesthesia for Neurologic Surgery, em: Miller RD, Cohen NH,
Eriksson LI, et al. Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 2158-2199.
Resposta: D
O local de instalação do cateter peridural para analgesia controlada pelo paciente no pós-opera-
tório deve ser congruente com os dermátomos de manipulação cirúrgica, no caso T7 a T10. Quando
comparados regimes de PCA peridural de acordo com o local de inserção do cateter, observa-se que
os regimes de infusão em sítios incongruentes resultam em aumento da dor e remoção precoce do
cateter por inefetividade da analgesia. As soluções empregadas na PCA peridural são habitualmente
compostas de misturas de anestésico local e opioides em baixas concentrações para maximizar a
analgesia e minimizar os efeitos colaterais. No caso em questão, o aumento da concentração do
anestésico local e/ou do opioide lipofílico não seria suficiente para o controle efetivo da dor por
conta da incongruência entre o sítio do cateter e os dermátomos cirúrgicos. A elevação da taxa de
infusão basal e da dose de demanda aumentaria a dispersão da mistura analgésica e poderia con-
ferir benefício analgésico adicional, porém também implicaria em maior risco de efeitos adversos,
notadamente hemodinâmicos.
Referência:
Hurley RW, Murphy JD, Wu CL. Acute Postoperative Pain, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al.
Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015;2974-2998.
Resposta: A
Diversos estudos descrevem a redução da capacidade tecidual de produção de ATP na sepse e em
outras situações críticas. Uma das principais razões para esse evento é o comprometimento da perfu-
são e oxigenação tecidual decorrente da piora da performance macrocirculatória. No entanto, mesmo
após a restauração dos parâmetros macrocirculatórios e do aporte global de oxigênio, o déficit
celular de ATP pode ser mantido por distúrbios microcirculatórios diversos como a abertura de shunts
arteríolo-venulares, trombose e obstrução microvascular, edema tecidual e hipóxia citotóxica. A ge-
ração de peroxinitritos no interior da célula por conta do aumento da produção de óxido nítrico e
radicais livres mediada por toxinas exógenas e mediadores inflamatórios pode comprometer a fun-
cionalidade mitocondrial. Essa situação, conhecida como hipóxia citopática, é caracterizada pela in-
capacidade de produzir quantidades adequadas de ATP a despeito de tensão de oxigênio normal
ou mesmo aumentada no interior da célula.
Referência:
Yaster M, Rossberg MI. The Pathophysiology of Critical Illness, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman
MF, Zapol WM. Anesthesiology. 2nd Ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;1316-1325.
respostas
Resposta: B
A oxigenação arterial durante a cirurgia laparoscópica em pacientes com obesidade mórbida é afe-
tada principalmente pelo peso corporal e não pela posição do paciente, pneumoperitôneo, ou modo
de ventilação. A oxigenação não melhora de forma significativa através do aumento da frequência
respiratória ou do volume corrente. A PEEP é o único parâmetro ventilatório que de forma consistente
demonstrou melhorar a função respiratória em indivíduos obesos, embora possa diminuir o retorno
venoso, o débito cardíaco e subsequente a oferta de oxigênio. O aumento da relação I:E não implica
na melhora dos parâmetros de oxigenação.
Referência:
Ogunnaike OB, Whitten CW. Evaluation of the Obese Patient em: Longnecker DE, Brown DL, Newman
MF, et al. Anesthesiology. 2nd Ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012; 301-15.
Resposta: C
A isquemia que se desenvolve imediatamente após a revascularização do miocárdio pode ocorrer
por diversos fatores relacionados aos enxertos vasculares. Eventos embólicos ao término da circulação
extracorpórea por componentes particulados e/ou ar podem obstruir a circulação coronariana e com-
prometer a perfusão miocárdica. O aumento da pressão arterial com vasopressores visa “empurrar”
o êmbolo aéreo ao longo dos enxertos e coronárias e é habitualmente efetivo para o tratamento
dessas situações.
Referência:
Nussmeier NA, Sarwar MF, Searles BE, et al. Anesthesia for Cardiac Surgical Procedures, em: Miller
RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al. Miller’s Anesthesia. 8 th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders,
2015;2007-2095.
Chaney MA, Cheung AT, Troianos CA, et al. Cardiac Anesthesia, em: Longnecker DE, Brown DL, New-
man MF, et al. Anesthesiology. 2nd Ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;898-927.
respostas
Resposta: D
Hipotensão grave e bradicardia (reflexo de Bezold-Jarish) podem ocorrer em pacientes acordados
na posição sentada submetidos a bloqueio interescalênico para cirurgia do ombro. O mecanismo é a
estimulação de mecanoceptores intracardíacos pela diminuição do retorno venoso, que produz dimi-
nuição abrupta do tônus simpático com liberação parassimpática. O reflexo de Bainbridge é produ-
zido pela distensão de receptores atriais e mediado pelo nervo vago de forma que o aumento da
pressão atrial promove a elevação da frequência cardíaca. O reflexo de Hering-Breuer inibe a ins-
piração e é desencadeado pela distensão pulmonar. O efeito de Bowdich é o aumento da força de
contração ventricular quando ocorre aumento da frequência cardíaca.
Referência:
Horlocker TT, Kopp SL, Wedel DJ. Peripheral Nerve Blocks, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al.
Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 1721-1751.
45. Mulher de 65 anos, internada na UTI devido a quadro agudizado de doença pulmo-
nar obstrutiva crônica, encontra-se em ventilação mecânica com estabilidade hemodinâ-
mica. Será submetida a laparotomia exploradora por oclusão intestinal. Durante o trans-
porte, evolui com queda da PaO2. O volume corrente e a PEEP são aumentados. Imediata-
mente após esta conduta, apresentou hipotensão e bradicardia. A explicação para esta
intercorrência é:
A) hipovolemia
B) hipoxemia grave
C) pneumotórax hipertensivo
D) tromboembolismo pulmonar
Resposta: C
Níveis elevados de PEEP podem determinar o aparecimento de barotrauma, reduzir a oferta de
oxigênio aos tecidos, aumentar o espaço morto e o trabalho respiratório. Pacientes que apresentam
hipoxemia refratária ao aumento da FiO2, portadores de DPOC, são excelentes candidatos à utili-
zação de PEEP. Sempre que a PEEP é aumentada, o volume corrente deve ser diminuído para prevenir
a ocorrência de barotrauma.
Referência:
Kacmarek RM, Hess DR. Mechanical Ventilation for the Surgical Patient, em: Longnecker DE, Brown DL,
Newman MF, et al. Anesthesiology. 2nd Ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;1406-22.
respostas
Resposta: A
Alguns riscos graves são atribuídos aos intensos campos magnéticos da ressonância magnética. Apesar
da superfície corporal absorver a energia de radiofrequência, o aquecimento do paciente, geral-
mente, não é uma preocupação e a sua temperatura não aumenta mais que 1ºC. Por outro lado,
existe a possibilidade de geração de calor nos fios de monitorização como resultado da indução
eletromagnética; ressonância do circuito; e ou “efeito antena”. Foram relatadas lesões térmicas na
área de eletrodos de ECG e probes de oxímetros de pulso. O probe do oxímetro de pulso deve ser
colocado o mais distante possível do scanner. Efeito antena no probe pode resultar em lesão térmica.
Os eletrodos de ECG devem ser colocados juntos em direção ao centro do campo magnético para
evitar artefatos e isolar os cabos da pele do paciente, pois podem causar lesão térmica. Para evitar
queimaduras, é recomendado que os fios de monitorização sejam mantidos retos ao longo do paci-
ente, evitando-se voltas ou alças que podem resultar em lesão térmica; evitar que condutores toquem
o paciente, especialmente em mais de um local; e inspecionar os fios dos monitores antes de cada uso,
evitando o uso de fios desgastados ou em mau estado.
Referência:
Stensrud PE. Anesthesia at Remote Locations, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anes-
thesia. 7th Ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 2010;2461-84.
Resposta: A
A administração restritiva de fluidos foi associada a maior incidência de vômitos, com menor ocorrên-
cia de hipercoagulabilidade, e nenhuma diferença na motilidade intestinal no pós-operatório de curto
prazo.
Referência:
Prough DS, Funston JS, Svensén CH, et al. Fluids, Electrolytes, and Acid-Base Physiology, em: Barash
PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7 th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wil-
kins, 2013;327-61.
respostas
Resposta: B
O salmeterol é fármaco beta-2 agonista que, apesar de adequado para a terapia de ataque da
asma, tem início relativamente lento, sendo, portanto, inadequado para esta situação. A aminofilina,
uma metilxantina, é menos eficaz que os beta-2 agonistas e não aumenta a sua resposta broncodila-
tadora. O sulfato de magnésio não é utilizado no tratamento do quadro agudo da asma. A melhor
opção é a adrenalina pelo seu início de ação rápido e eficaz.
Referência:
Martins FANC, Stanícia S, Hatanaka DM. Farmacologia Respiratória, em: Cangiani LM, Slullitel A,
Potério GMB, et al. Tratado de Anestesiologia SAESP. 7ª Ed, São Paulo, Atheneu, 2011;989-94.
49. Você realizou bloqueio periférico para analgesia pós-operatória de artroplastia total
de joelho. No entanto, o mesmo acorda com dor em fossa poplítea. Tal fato pode ser ex-
plicado por falha de anestesia do nervo:
A) ciático
B) femoral
C) obturador
D) cutâneo lateral da coxa
Resposta: A
Um bloqueio do nervo ciático resulta na anestesia da pele da face posterior dos músculos
da coxa, músculo isquiotibial e músculo bíceps femoral. Outras estruturas incluem partes da
articulação do quadril e do joelho. É responsável pela inervação de toda a perna abaixo
do joelho, com exceção da pele da face medial da perna. Falha no bloqueio do nervo ciático resulta
em falta de analgesia na região da fossa poplítea.
Referência:
Horlocker TT, Kopp SL, Wedel DJ. Peripheral Nerve Blocks, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al.
Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 1721-1751.
Resposta: C
Neste caso o paciente teve isquemia renal com necrose tubular aguda, devido ao tempo de
clampeamento supre-renal. O manitol é a droga mais indicada em casos de isquemia renal,
para aumentar o fluxo sanguíneo cortical renal, reduzir o edema induzido por isquemia, a
congestão vascular e diminuir os radicais livres. A furosemida não inibe a síntese de prosta-
glandinas. A dopamina não reduz a taxa de filtração glomerular. O fenoldopam, apesar de fazer
dilatação dos leitos vasculares renais, não está indicado após lesão isquêmica.
Referência:
Edward J. Norris, Anesthesia for Vascular Surgery, em: Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al. Miller’s
Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2015; 2106-2157.
Resposta: C
52. Paciente de 68 anos, 50 Kg, 168 cm de altura, é hipertenso e diabético tipo I. Apre-
senta carcinoma metastático da próstata e é internado na unidade de terapia intensiva
devido à pneumonia bilateral e abscesso perimaleolar. Evolui febril, taquicárdico, com
necessidades crescentes de insulina, cetoacidose diabética e insuficiência respiratória. Foi
intubado, mas a adaptação à prótese ventilatória está difícil, apesar de sedação com fen-
tanil. Foi realizada drenagem do abscesso sob anestesia local com bupivacaína 0,25%
30 mL, devido à gravidade clínica do paciente. Cerca de 30 minutos após o início do pro-
cedimento, apresentou maior dificuldade ventilatória seguida de ectopias ventriculares e
alargamento do QRS, que evoluiu para atividade elétrica sem pulso. A causa mais prová-
vel para o desfecho desfavorável é:
A) intoxicação pela bupivacaína;
B) infarto agudo do miocárdio;
C) choque séptico;
D) barotrauma.
Resposta: A
O paciente apresenta diferentes fatores de risco aditivos para toxicidade pelos anestésicos locais
(AL). Desnutrição e hipoproteinemia aumentam a fração livre do AL. Aditivamente, o fentanil apre-
senta elevada ligação proteica (84%), o que pode ter colaborado para aumentar a fração livre do
AL. Acidose metabólica (cetoacidose diabética) e hipercarbia (má adaptação à ventilação mecânica)
aumentam o risco de toxicidade neurológica e cardiovascular. O estado hiperdinâmico também fa-
vorece a intoxicação cardíaca. A infiltração de região inflamada e infectada permite absorção vas-
cular mais rápida do AL. Apesar da dose administrada de bupivacaína não ultrapassar os limites
recomendados (2 mg.kg-1), devem-se pesar os riscos de efeitos adversos secundários à toxicidade
sistêmica, para que a dose anestésica usada seja limitada e a mais segura.
Referência:
Heavner JE – Pharmacology of Local Anesthetics em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF et al –
Anesthesiology, 1st Ed, New York, McGraw Hill, 2008;954-73
Resposta: B
Adiamento da cirurgia eletiva é recomendado no caso de hipertensão grave (PA sistólica > 200 mg
ou diastólica > 115 mmHg) até que a pressão seja controlada abaixo de 180 x 110 mmHg. A
orientação atual da ACC/AHA (American College of Cardiology/American Heart Association) advoga
que a terapia betabloqueadora peroperatória é indicação Classe I em pacientes que usavam previ-
amente betabloqueadores e naqueles com teste cardíaco de estresse positivo submetidos à cirurgia
vascular. Todavia, deve haver cuidado com a terapia aguda sem titulação da dose, por poder se
associar a risco. Segundo o Índice de Risco Cardíaco (critérios de Lee), usado no algoritmo da
ACC/AHA, em pacientes que apresentam nenhum, 1, 2 ou 3 fatores de risco clínicos, o risco de eventos
cardíacos graves é de 0,4%, 0,9%, 7% e 11%, respectivamente. O benefício e a redução do risco
cardíaco, com a revascularização coronária (bypass coronário ou angioplastia) antes de cirurgia não
cardíaca, não estão bem estabelecidos (Classe IIb) em pacientes de alto risco para isquemia e não é
recomendada (Classe III) como medida profilática em pacientes com coronariopatia estável.
Referência:
Fischer SP, Bader AM, Sweitzer BJ – Preoperative Evaluation em: Miller RD Eriksson LI, Fleisher LA,
WienerKronish JP, Young WL – Miller’s Anesthesia 7th Ed, Philadelphia, Elsevier, 2010;1001-1066
54. Homem jovem é recebido no setor de emergência com fraturas expostas em ambos
os membros inferiores. Está pálido e taquipneico. Inicia-se ressuscitação volêmica agres-
siva com solução cristaloide. Nesse momento, NÃO é um risco a:
A) diminuição da viscosidade sanguínea;
B) alteração do equilíbrio eletrolítico;
C) hipertermia reacional;
D) imunossupressão.
Resposta: C
Os riscos associados à reposição agressiva de volume durante a ressuscitação volêmica são: aumento
abrupto da pressão arterial; diminuição da viscosidade sanguínea; maior diminuição do hematócrito;
diminuição da concentração do fator de coágulo; maior necessidade de transfusão; ruptura do equi-
líbrio eletrolítico; imunossupressão direta; reperfusão prematura; hipotermia.
Referência:
Dutton RP, McCunn M, Grissom TE – Anesthesia for Trauma em: Miller RD Eriksson LI, Fleisher LA, Wie-
ner-Kronish JP, Young WL – Miller’s Anesthesia 7th Ed, Philadelphia, Elsevier, 2010;2277-2311
Resposta: C
O estímulo nociceptivo aferente chega ao Sistema Nervo Central através do neuroeixo, projetando-
se para quatro regiões corticais e subcorticais maiores. Nessas projeções, distinguem-se quatro com-
ponentes hierarquicamente arranjados que interagem, modulando-se intrinsecamente um ao outro.
- Componente Sensorial Discriminatório: projeções aos núcleos localizados no tálamo ventropostero-
lateral, específicas para tato e nocicepção;
- Componente Comportamental: núcleo Giganto-celular (sítios de projeção na Medula Oblongata) e
Mesencéfalo (Matéria Cinzenta Periaquedutal e Núcleo Cuneiforme). Essas projeções contribuem para
a resposta ao centro cardiorrespiratório, surgimento de respostas motoras e emocionais e os mecanis-
mos de alerta envolvidos com as respostas comportamentais à dor;
- Componente Cognitivo: Hipotálamo. Conexões envolvidas em respostas ao sistema nervoso autô-
nomo e liberação de hormônios envolvidos com a resposta ao estresse;
- Comportamento Emocional Afetivo: Complexo amigdaliano (que faz parte da estrutura límbica).
Projeções envolvidas nas respostas afetivas e emocionais à dor.
Referência:
Gemal AE – Monitorização da consciência Per-operatória, em: Anestesia Inalatória – SBA, 2007; 94
56. Paciente de 39 anos e 115 Kg será submetida à ressecção de cistos ovarianos bila-
terais por via laparoscópica. Tem história de hipotireoidismo e refere rubor facial associ-
ado à ingesta de bebidas alcóolicas. No exame físico, apresenta erupção avermelhada
malar com telangectasias, sopro mesossistólico em borda paraesternal inferior esquerda.
Nega limitações para atividades físicas. Foi submetida à anestesia geral e, após a ressec-
ção do cisto à direita, apresentou hipotensão arterial (70 x 40 mmHg) e bradicardia refra-
tárias ao uso de efedrina e à infusão de cristaloides. Não havia sinais de sangramento
ativo, nem evidências de outras massas abdominais. A conduta mais adequada é a admi-
nistração de:
A) milrinona
B) dopamina
C) octreotídeo
D) hormônio tireoidiano
Resposta: C
Os tumores carcinoides secretam uma série de aminas e hormônios, tais como serotonina, histamina,
taquicininas, bradicininas, calicreína, corticotropina, substância P, motilina e prostaglandinas. Exposi-
ção sistêmica persistente a grandes quantidades dessas substâncias pode resultar na síndrome carci-
noide, cuja tríade clássica é composta por rubor das extremidades superiores e face, sibilos e diar-
reia. O acometimento cardíaco ocorre em mais de 50 % dos casos. Carcinoides ovarianos primários
podem causar tais sintomas porque sua drenagem venosa desvia-se do sistema porta. A crise carci-
noide ocorre pelo aumento súbito e intenso de mediadores que podem causar choque e colapso car-
diovascular e, em geral, resulta da manipulação do próprio tumor. O tratamento recomendado é a
interrupção de manipulação do tumor, expansão volêmica e administração de vasopressores não
catecolaminérgicos. Caso o tratamento convencional não funcione, o octreotídeo, análogo da soma-
tostatina, pode ser usado para antagonizar o efeito dos mediadores e a vasodilatação.
Referência:
respostas
Slodzinski M, Merritt WT. Anesthesia for Gastrintestinal Surgery, em: Longnecker DE, Brown DL, New-
man MF et al. Anesthesiology. 1st Ed. New York. McGraW Hill, 2008:1314-37.
Roizen MF, Fleisher LA. Anesthetic Implications of Concurrent Diseases, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher
LA, et al. Miller’s Anesthesia. 7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone, 2010;1067-1149.
Resposta: A
A administração de anestésicos voláteis até a concentração alveolar de 1 CAM permite medir e
interpretar os potenciais evocados somatossensitivos durante cirurgias espinhais. A amplitude do po-
tencial pouco se altera, mas aumenta a latência dos potenciais evocados auditivos.
Referência:
Helfenstein E. Farmacodinâmica dos Anestésicos Inalatórios, em: Cangiani LM, Slullitel A, Potério GMB,
et al. Tratado de Anestesiologia SAESP. 7ª Ed. São Paulo. Atheneu, 2011;1037-50.
Resposta: D
O quadro clínico é típico de laringoespasmo completo, que deve ser tratado imediatamente com
oxigênio a 100% através de máscara facial com pressão contínua na via aérea (CPAP) de 15-20
cmH2O. Pressões acima de 20 cmH2O podem causar distensão gástrica. Juntamente com a CPAP,
pode ser utilizada a manobra de compressão do ângulo da mandíbula, como tentativa para converter
para laringoespasmo parcial. Se estas manobras não forem efetivas, está indicada a administração
venosa de atropina 0,02 mg.Kg-1 seguida de succinilcolina 1-2 mg.Kg-1.
Referência:
Lerman J. Pediatric Anesthesia, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7th
Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013;1216-56.
respostas
59. Homem de 82 anos é submetido a artroplastia total de quadril com prótese cimen-
tada sob raquianestesia em associação a infusão contínua de propofol para sedação. Logo
após a inserção da prótese, observa-se redução da PA de 128 x 85 mmHg para 84 x 40
mmHg, aumento da FC de 73 bpm para 112 bpm, redução da SpO2 de 96% para 78% e o
surgimento de bloqueio de ramo direito no ECG. A causa mais provável para essas alte-
rações é:
A) isquemia do miocárdio
B) efeito sistêmico do metilmetacrilato
C) hipoventilação secundária a sedação
D) aumento da pressão do canal intramedular
Resposta: D
O principal componente do cimento ósseo é o metilmetacrilato (MMA), que tem sido associado a
quadro clínico que consiste em hipotensão arterial, broncoconstrição, hipóxia, parada cardíaca e
morte súbita. Acreditava-se ser devido a uma reação de hipersensibilidade ao MMA, resultando em
vasodilatação aguda e colapso circulatório. No entanto, a concentração obtida no plasma in vivo,
durante a utilização de MMA, é 10 a 20 vezes mais baixas do que as concentrações necessárias para
causar vasodilatação clinicamente significativa e hipotensão arterial. O que realmente acontece é o
aumento da pressão do canal intramedular com embolização resultante de partículas de gordura e
detritos para o plexo venoso medular durante a manipulação de osso longo, fresagem e cimentação.
Pressão intramedular de até 680 mmHg foi observada com o uso de cimento. Pressões abaixo de
100 mmHg foram encontradas com o uso de implantes não cimentados. Os sinais clínicos são seme-
lhantes aos encontrados na embolia pulmonar ou embolia gordurosa: taquicardia, hipotensão, hipo-
xemia, e, em pacientes com respiração espontânea, dispneia, taquipneia, além de alterações do ECG
como desvio do eixo para a direita ou bloqueio de ramo direito, refletindo aumento da pressão na
artéria pulmonar e aumento do shunt intrapulmonar, podendo levar à falência ventricular direita e
parada cardíaca.
Referência:
Dooley J, Martin G. Anesthesia for Orthopedic Surgery, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF,
et al. Anesthesiology. 2nd Ed, New York, McGraw-Hill Medical, 2012;1194-205.
60. Em comparação aos adultos, o aumento da relação entre as frações alveolar e ins-
pirada (FA/FI) de halotano ocorre mais rapidamente em bebês devido a:
A) maior solubilidade tecidual do halotano
B) menor solubilidade sanguínea do halotano
C) maior fluxo sanguíneo para a musculatura esquelética
D) menor relação ventilação alveolar/capacidade residual funcional
Resposta: B
A maior relação ventilação alveolar/capacidade residual funcional em bebês e crianças pode ser
atribuída a maior taxa metabólica e a maior demanda de oxigênio. Aumentos na ventilação alveolar
aceleram o equilíbrio entre a pressão parcial inspirada e a alveolar. O efeito da maior relação entre
ventilação alveolar e capacidade residual funcional é uma redução na constante de tempo, o que
explica a maior velocidade de equilíbrio. Embora o maior débito cardíaco possa lentificar a taxa de
aumento na relação FA/FI, na verdade isso acelera o equilíbrio em bebês e crianças. Esse efeito
respostas
paradoxal pode ser atribuído ao maior débito cardíaco aos tecidos ricamente vascularizados em
bebês, sendo que nesses, as solubilidades tecidual e sanguínea de halotano são menores do que em
adultos.
Referência:
Lerman J. Pediatric Anesthesia, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7th
Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013;1216-56.
Resposta: C
Os fármacos usados para o tratamento da epilepsia, em particular fenitoína e carbamazepina, ace-
leram significativamente a recuperação do bloqueio neuromuscular e os pacientes que recebem essas
drogas são “resistentes” aos bloqueadores neuromusculares, tanto de duração longa como de inter-
mediária. As doses assinaladas são moderadas no caso da neostigmina e normais no caso da atropina,
podendo ocorrer taquicardia inicial.
Referências:
Savarese JJ, Miller RD, Lien CA et al - Pharmacology of Muscle Relaxants and Their Antagonists, em:
Miller RD - Anesthesia, 4th Ed, New York, Churchill Livingstone, 1994;465.
Ornstein E, Matteo RS, Schwarts AE et al - The effect of phenytoin on the magnitude and duration of
neuromuscular block following atracurium and vecuronium. Anesthesiology, 1987;67:191-8.
Resposta: B
Nos pacientes cujos resultados de prova de função pulmonar demonstram: VEF1 > 2 L (55-65%); FEF
25% - 75% > 1,6 L (> 80%) e VVM > 70 L/min (> 55%); a ressecção pulmonar poderá ser feita
respostas
sem o risco de cor pulmonale agudo no pós-operatório. Em caso contrário, devem-se solicitar provas
de ventilação-perfusão e de oclusão da artéria pulmonar antes da realização da cirurgia. O ecocar-
diograma sob estresse não tem aplicacão no caso.
Referências:
Ferez D - Anestesia para Cirurgia Torácica, em: Ortenzi AV, Tardelli MA - Anestesiologia SAESP, São
Paulo, Atheneu, 1996;653-655.
Eisenkraft JB, Cohen E, Neustein SM - Anesthesia for Thoracic Surgery, em: Barash PG, Cullen BF,
Stoelting RK - Clinical Anesthesia. 3rd Ed, New York, Lippincott-Raven, 1996;772.
Resposta: D
Os diuréticos de alça atuam primariamente induzindo maciça diurese isosmótica, com aumento da
excreção de potássio. Em conseqüência, a furosemida pode potencializar os efeitos da digital, indu-
zindo a manifestações cardíacas, tais como contrações ventriculares prematuras, bloqueio AV de
Wenckebach e ritmo juncional AV, podendo evoluir para fibrilação ventricular. Ocorre somação de
efeitos em caso de hiperventilação, o que, por si só, leva à redução do potássio plasmático. As demais
opções citadas são irrelevantes para o quadro.
Referências
Roden DM - Antiarrythmic Drugs, em: Hardman JG, Limbird LE - Goodman & Gilman’s The Pharmaco-
logical Basis of Therapeutics , 9th Ed, New York, McGraw-Hill, 1996; 862-863.
Stoelting RK - Pharmacology & Physiology in Anesthetic Practice, 3rd Ed, Philadelphia, Lippincott-
Raven, 1999; 282, 439.
Jackson EK - Diuretics, em: Hardman JG, Limbird LE - Goodman & Gilman’s The Pharmacological Basis
of Therapeutics, 9th Ed, New York, McGraw-Hill, 1996; 700.
respostas
Resposta: B
Bloqueio neuromuscular residual pode ser observado em 33% a 64% dos casos, após uso de bloque-
ador neuromuscular (BNM) de ação intermediária. O rocurônio, apesar de ser metabolizado no fí-
gado, tem parte de sua eliminação realizada através dos rins. Diversos fatores, neste caso, favore-
ceram a ocorrência de curarização residual: ausência de monitorização da função neuromuscular;
administração de dose elevada de rocurônio em paciente que apresenta insuficiência renal não di-
alítica; cirurgia em que o pneumoperitônio causa prejuízo adicional à função renal e à eliminação do
BNM, pela diminuição do fluxo sanguíneo renal; e dose insuficiente de neostigmina, no momento em
que o bloqueio neuromuscular ainda era significativo.
Referências:
Murphy GS - Residual neuromuscular blockade and critical respiratory events in the postanesthesia
care unit. Anesth Analg 2008; 107: 130-7
Pino RM, Ali HH – Monitoring and managing neuromuscular blockade, em Longnecker DE, Brown DL,
Newman MF et al – Anesthesiology, 1st Ed, New York, Mc Graw Hill, 2008; 619-63
65. Homem, 27 anos, tabagista, estado físico 1 da ASA, foi submetido a septoplastia
nasal sob anestesia geral venosa com infusões contínuas de propofol, remifentanil e atra-
cúrio. A hidratação venosa foi feita com solução de ringer com lactato 1500 mL. Na extu-
bação, apresentou laringoespasmo que não foi revertido com a aplicação de pressão po-
sitiva sobre a via aérea, com a necessidade da administração de succinilcolina. Logo após
a admissão na sala de recuperação, apresentou agitação, taquidispneia e dessaturação
arterial. ECG normal. Gasometria arterial: pH 7,38; pO2 79 mm Hg; pCO2 51 mm Hg; BE 2;
HCO3 25 mEq.L-1. Sobre a complicação, pode-se afirmar que:
A) corticosteroides são indicados no tratamento.
B) o paciente apresentou edema pulmonar de origem cardiogênica.
C) a etiopatogenia do quadro pulmonar se relaciona com a sobrecarga volêmica.
D) provavelmente, ocorreu elevação dos marcadores de lesão/necrose celular miocárdica.
E) é secundária a elevação da pressão negativa intrapleural e pressão transmural capilar pulmo-
nar.
respostas
Resposta: E
O edema pulmonar por pressão negativa é uma forma de edema pulmonar não cardiogênico. De-
corre da obstrução parcial ou total da via aérea que, juntamente com o esforço inspiratório vigoroso,
gera grande elevação da pressão negativa intratorácica e nos alvéolos. Com isso, o volume vascular
pulmonar, a pressão hidrostática microvascular e a pressão transmural capilar pulmonar aumentam,
com transudação de líquido para o interstício pulmonar e alvéolos. Clinicamente, manifesta-se por
meio de taquipneia, dispneia, dessaturação arterial, agitação, sibilos e tosse com eliminação de lí-
quido róseo espumoso. Os marcadores de lesão/necrose celular miocárdica permanecem normais. O
diagnóstico diferencial é feito com aspiração do conteúdo gástrico, anafilaxia, sobrecarga hídrica e
doença cardíaca. O tratamento é de suporte. Diuréticos são controversos e corticoides são contrain-
dicados.
Referências:
Bisinotto FMB - Edema agudo pulmonar associado a obstrução das vias aéreas. Relato de caso. Rev
Bras Anestesiol 2008; 58:165-171
Albergaria VF, Soares CM, Araújo RM, et al - Edema pulmonar por pressão negativa após hipofisec-
tomia transesfenoidal. Relato de caso. Rev Bras Anestesiol 2008; 58:391-396
66. Paciente do gênero feminino, 47 anos, 60 kg, ASA I, foi admitida para realização de
dermolipectomia abdominal. Foi indicada anestesia peridural. Durante a introdução da
agulha, houve acidente de punção da dura-máter. A agulha foi retirada, realizando-se
nova punção peridural sem intercorrências. Na quadragésima hora de pós-operatório, a
paciente queixou-se de cefaleia de forte intensidade, optando-se pela realização do tam-
pão sanguíneo peridural. Durante a injeção do sangue, a paciente referiu piora da cefaleia,
sendo interrompido o procedimento após injeção de 10 mL de sangue. Após cinco dias da
realização do tampão sanguíneo peridural, a paciente retornou ao hospital com queixa de
diplopia, náuseas, vômitos, borramento visual e cefaleia intensa, que não melhorava com
o decúbito. A hipótese diagnóstica mais provável é:
A) abscesso peridural.
B) trauma pela agulha.
C) hematoma peridural.
D) hematoma cerebral subdural.
E) sintoma neurológico transitório.
Resposta: D
A real incidência de hematoma cerebral subdural, após punção inadvertida de dura-máter, é desco-
nhecida. Portanto, mudanças nas características da cefaleia, intratabilidade, ausência de melhora
com o decúbito, outros sintomas associados ou piora durante tampão sanguíneo são fatos que devem
ser levados em consideração para o diagnóstico de hematoma cerebral subdural. O diagnóstico é
clínico e por imagens. As manifestações clínicas desta paciente, praticamente, afastam os outros di-
agnósticos diferenciais.
Referências:
Bernads CM – Epidural and Spinal Anesthesia, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK et al – Clinical
Anesthesia, 6th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2009;927- 954
respostas
Duarte WL, Araújo FS, Almeida MF, Geber DG, Castro CHV - Hematoma Subdural Após Punção
Inadvertida da Dura-Máter. Relato de Caso. Rev Bras Anestesiol 2008;58:4:387-390
67. Paciente adulto, submetido à colecistectomia por via laparoscópica, apresenta, após
15 minutos de insuflação peritoneal com CO2, quadro de redução da PETCO2 e SpO2, pres-
são das vias aéreas inalterada e arritmia cardíaca. Este quadro é sugestivo de:
A) atelectasia.
B) capnotórax.
C) embolia por CO2.
D) intubação seletiva.
E) enfisema subcutâneo.
Resposta: C
O quadro clínico de redução da PETCO2 e da SpO2, pressão das vias aéreas inalterada e arritmia
cardíaca, em paciente submetido à cirurgia laparoscópica com insuflação de CO 2, é sugestivo de
embolia por CO2.
Referências:
Joris JL – Anesthesia for Laparoscopic Surgery, em: Miller RD – Miller’s Anesthesia, 6th Ed, Philadel-
phia, Elsevier, 2005;2285-2307
Slodzinski M, Merritt WT – Anesthesia for Gastrointestinal Surgery, em: Longnecker DE, Brown DL,
Newman MF et al – Anesthesiology, 1st Ed, New York, McGraw Hill, 2008;1314-1337
Resposta: E
A via de síntese das catecolaminas endógenas parte do aminoácido fenilalanina, passando, em se-
quência, por tirosina, di-hidroxi-fenilalanina, dopamina, norepinefrina e, finalmente, epinefrina. Todas
as outras substâncias citadas acima são catecolaminas exclusivamente sintéticas.
Referências:
Lawson NW, Johnson JO – Autonomic Nervous System: Physiology and Pharmacology, em: Barash PG,
Cullen BF, Stoelting RK – Clinical Anesthesia, 5th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2006;
275 - 333
Moss J Glick DB, – The Autonomic Nervous System, em: Miller RD – Miller`s Anesthesia, 6th Ed, Phila-
delphia, Elsevier, 2005; 617 -678
respostas
69. Paciente obeso, classe III, é submetido a cirurgia bariátrica sob anestesia geral. É
realizada préoxigenação durante 3 minutos e indução venosa. Após 30 segundos de la-
ringoscopia e tentativa de intubação, a saturação periférica de oxigênio sofre redução. A
causa mais provável da redução rápida da saturação de oxigênio é:
A) espaço morto aumentado.
B) débito cardíaco aumentado.
C) aspiração durante a intubação.
D) capacidade residual diminuída.
E) consumo de oxigênio diminuído.
Resposta: D
Pacientes portadores de obesidade classe III apresentam redução da capacidade residual, o que
leva à dessaturação de oxigênio mais rapidamente, mesmo após pré-oxigenação.
Referências:
Roizen MF, Fleisher LA – Anesthetic Implications of Concurrent Diseases, em: Miller RD – Miller’s Anes-
thesia, 6th Ed, Philadelphia, Elsevier, 2005;1151-1168
Ogunnaike BO, Whitten CW – Evaluation of the Obese Patient, em: Longnecker DE, Brown DL, New-
man MF et al – Anesthesiology, 1st Ed, New York, McGraw Hill, 2008;375-395
Resposta: C
Dentre as opções, a única que apresenta a tríade clássica: hipóxia aguda, colapso hemodinâmico e
coagulopatia sem fator desencadeante evidente é a embolia por líquido amniótico.
Referências:
Bastos CO, Garrido LS, Carlos RV – Embolia por Líquido Amniótico, em: Bagatini A, Vianna PTG,
Carrareto AR - Curso de Educação à Distância em Anestesiologia – SBA, 7ª Ed, 2007;147-159
Harboe T, Benson MD, Oi H et al – Cardiopulmonary distress during obstetric anaesthesia: attempts
to diagnose amniotic fluid embolism in a case series of suspected allergic anaphylaxis. Acta Anaes-
thesiol Scand, 2006;50:324-330
respostas
Resposta: B
No tromboelastograma, o período R representa o tempo desde o início do teste até o início da for-
mação da rede de fibrina. O tempo K é a medida de tempo desde o início da formação do coágulo
até a amplitude de 20mm e representa a dinâmica de formação do coágulo. O ângulo alfa é for-
mado entre o eixo do tromboelastograma (TEG) e a linha tangencial ao desenvolvimento do “corpo”
do traçado do TEG, e representa a cinética de montagem do polímero de fibrina e o estabelecimento
de ligações cruzadas. A medida MA é a amplitude máxima e reflete a força do coágulo. É depen-
dente do número e qualidade das plaquetas, bem como sua interação com a fibrina. MA60 é a taxa
de redução da amplitude em 60 minutos e representa a estabilidade do coágulo.
Referência:
Slaughter TF – Coagulation em: Miller RD Eriksson LI, Fleisher LA, Wiener-Kronish JP, Young WL –
Miller’s Anesthesia 7th Ed, Philadelphia, Elsevier, 2010;1767-1781
Resposta: C
respostas
Referência:
Sieber FE, Pauldine R – Geriatric Anesthesia: em Miller: RD Eriksson LI, Fleisher LA, Wiener-Kronish JP,
Young WL – Miller’s Anesthesia 7th Ed, Philadelphia, Elsevier, 2010;2261-2276
73. Paciente submetido à anestesia para transplante renal apresenta parada cardiorres-
piratória imediatamente após a conclusão da anastomose arterial do rim transplantado e
liberação do clampe vascular. Qual é a provável etiologia da parada cardiorrespiratória?
A) Hipercalemia.
B) Hipocalcemia.
C) Hipotensão arterial.
D) Acidose metabólica.
Resposta: A
Na literatura, já foi descrita parada cardíaca após a conclusão da anastomose arterial do rim trans-
plantado e liberação do clampe vascular. Sua ocorrência súbita se deve, mais provavelmente, à
hipercalemia secundária à eliminação da solução preservadora (que contém potássio) proveniente do
rim recém-perfundido.
Referência:
MalhotraV, Sudheendra V,O Hara J,Diwan S – Anesthesia and the Renal and Genitourinary Systems,
em: Miller RD Eriksson LI, Fleisher LA, Wiener-Kronish JP, Young WL – Miller’s Anesthesia 7th Ed, Phila-
delphia, Elsevier, 2010;2105-2134
74. Paciente adulto, motociclista, sofre colisão com automóvel. Chega consciente à uni-
dade de emergência, ansioso e com queixa de dor abdominal. Ao exame físico, apresenta
pressão arterial 80 x 40 mmHg, frequência cardíaca 125 bpm e frequência respiratória 32
irpm. O quadro clínico é indicativo de choque hipovolêmico classe:
A) I;
B) II;
C) III;
D) IV.
Resposta: C
A classificação dos quadros de hemorragia e choque hemorrágico é:
Referência:
Abrão J – Estado de choque: fisiopatologia e tratamento, em: Cangiani LM, Posso IP, Potério GMB et
al – Tratado de Anestesiologia SAESP. 6ª Ed, São Paulo, Editora Atheneu, 2006;667-682
Resposta: C
Como, em condições clínicas, comumente, as doses administradas dos anestésicos não saturam o sis-
tema metabólico, a taxa metabólica será proporcional à concentração arterial do fármaco e dada
pelo produto entre o fluxo sanguíneo hepático e a diferença arteriovenosa da sua concentração
(equação 1). Não havendo saturação do sistema metabólico, a depuração será proporcional à con-
centração arterial do anestésico. Dessa forma, matematicamente, dividindo-se os dois lados da equa-
ção pela concentração arterial do fármaco (equação 2) para manter a proporcionalidade, encontra-
mos que a taxa metabólica é igual ao produto entre a depuração e concentração arterial (equação
4). Se o objetivo é manter a concentração arterial do fármaco constante, deve-se infundi-la na mesma
taxa em que é depurada.
Referência:
Shafer SL, Flood P, Schwinn DA – Basic Principles of Pharmacology em: Miller RD Eriksson LI, Fleisher
LA, Wiener-Kronish JP, Young WL – Miller’s Anesthesia 7th Ed, Philadelphia, Elsevier, 2010;479-514
respostas
76. Paciente de 82 anos, com história de hipertensão arterial crônica mal controlada,
insuficiência renal, trombose venosa profunda há 6 meses e quimioterapia prévia para
tratamento de carcinoma da próstata, apresenta quadro de obstrução intestinal e será sub-
metido à laparotomia exploradora de emergência. Fez uso de warfarin até dois dias antes
da cirurgia e, no momento, apresenta RNI de 5,0. A terapêutica mais adequada para a
correção da coagulação antes do início da cirurgia é:
A) vitamina K
B) concentrado de fator XIII
C) complexo protrombínico
D) plasma fresco congelado
Resposta: C
Tradicionalmente, o plasma fresco congelado (PFC) tem sido a escolha para a reversão eletiva da
anticoagulação exercida pelo warfarin. Em casos de emergência, não há guidelines específicos e ou-
tras opções podem ser consideradas caso a caso. Opções para reversão do warfarin incluem PFC,
concentrado de complexo protrombínico e fator VII recombinante. Com RNI de 5,0, preocupações
para a escolha do regime de reversão devem ser a efetividade dos fatores de coagulação e o volume
líquido administrado. Na emergência, a interrupção do warfarin e a reposição de fatores da coagu-
lação devem ser combinadas à suplementação com vitamina K que iniciará a restauração dos fatores
da coagulação e manutenção de RNI normal no pósoperatório após consumo dos fatores repostos. A
vitamina K, isoladamente, levará até 12 horas para normalização do RNI após administração endo-
venosa. O concentrado de fator XIII tem efeito de estabilização do coágulo, mas não antagoniza o
efeito do warfarin. O complexo protrombínico permite a reversão da anticoagulação em tempo mais
curto (tempos de preparo e administração menores) e com administração em menor volume que o
PFC. O paciente idoso apresenta, comumente, disfunção ventricular diastólica, e grandes volumes in-
fundidos rapidamente poderão acarretar sobrecarga volêmica. Estudos mostraram que o complexo
protrombínico promove reversão mais efetiva do RNI que o PFC, mesmo em volumes de até 800 mL.
Além disso, o passado de neoplasia faz pensar em evitar o efeito imunomodulador secundário ao uso
de hemoderivados.
Referência:
Koutrouvelis A, Abouleish A, Indrikovs A, et al. Case Scenario: Emergency Reversal of Oral Anticoagu-
lation. Anesthesiology 2010;113:1192-7.
Resposta: A
respostas
Trata-se de uma síndrome em que a dor sempre está presente, sendo muitas vezes despro-
porcional ao evento causador, e o quadro clínico inclui inflamação, alterações autonômicas,
cutâneas, motoras e distróficas. Geralmente segue a uma lesão, e tem localização regional
predominantemente distal. Como faz parte da fisiopatologia da doença um envolvimento do sistema
nervoso simpático, o bloqueio do gânglio estrelado (formado pela fusão do primeiro gânglio simpá-
tico torácico com o gânglio cervical inferior) pode auxiliar no tratamento dessa síndrome dolorosa.
Referência:
Brenner GJ, Woolf CJ. Mechanisms of Chronic Pain, em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF et al.
Anesthesiology. 1st Ed. New York. McGraw Hill, 2008; 2000-19.
Resposta: C
O alta direto da sala cirúrgica para o leito ambulatorial elimina o período inicial da hora
de recuperação pós-anestésica na sala de RPA, onde o paciente é observado clinicamente
e sob monitorização instrumental. É nessa fase que a dor pós-operatória, a ocorrência de
náuseas e vômitos, de calafrios, de retenção urinária e sangramentos anormais ocorrem com
mais frequência.
Referência:
Dorre N. The Postoperative Care Unit, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia.
7th Ed. Philadelphia. Churchill Livingstone, 2010; 2707-28.
79. Criança de 6 meses, 6 Kg, vítima de acidente automobilístico com trauma torácico e
abdominal é admitido para realização de laparotomia exploradora. Após a indução da
anestesia geral o anestesiologista verificou traçado isoelétrico. Qual o ritmo cardíaco mais
provável que precedeu a assistolia?
A) Idioventricular
B) Bradicardia sinusal
C) Fibrilação ventricular
D) Bloqueio atrioventricular
Resposta B
Em crianças é comum a deterioração do quadro até chegar a assistolia, sendo o ritmo inicial
mais comum é a bradicardia sinusal, que evolui para assistolia. A fibrilação ventricular e o
bloqueio atrioventricular são pouco frequentes na criança.
respostas
Referência:
Charles W. Otto, Cardiopulmonary Resuscitation, em Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK - Clinical
Anesthesia, Philadelphia, JB Lippincott Co, 2013, 699 - 722
80. Paciente do sexo masculino, 39 anos, com hernia inguinal, estrangulada, hipertenso
em uso de atenolol. Cirurgia de revascularização miocárdica há 4 anos. Assintomático do
ponto de vista cardiovascular, realizando inclusive exercícios físicos (caminhadas diárias,
com duração de 1 hora). Exame físico sem alterações (RCR 2T, frequência cardíaca: 60
bpm, pressão arterial 130 X 80 mmHg). No preparo pré-anestésico deste paciente, é correto
afirmar que:
A) Nenhuma avaliação cardiológica complementar é necessária
B) ECG de repouso e teste ergométrico
C) ECG de repouso normal já seria suficiente
D) Avaliação cardiológica incluindo estudos invasivos como a cineangiocoronariografia
E) Avaliação cardiológica, incluindo ECG de repouso, teste ergométrico e ecocardiograma para
análise da função ventricular
Resposta: A
Segundo o algorítimo proposto pela força-tarefa da American Heart Association e American College
of Cardiology, em 1996, atualizado em 2001, o paciente que já sofreu uma revascularização mio-
cárdica há menos de 5 anos e se encontra assintomático, pode ser encaminhado à cirurgia sem neces-
sidade de testes suplementares.
Referências:
Fleisher LA. Preoperative Evaluation. em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK Clinical Anesthesia, 4th
edition, 2001. Philadephia, Lippincott.Moraes JMS, Monteiro GA - Anestesia no Cardiopata em: Ma-
nica J e colaboradores - Anestesiologia Princípios e Técnicas, Porto Alegre, 3a. Ed. Artmed 2004;
1044 1045.
Resposta: A
Certas populações de pacientes estão sob maior risco para alergia ao látex. Entre elas, destacam-se
pacientes com exposição frequente ou prolongada a produtos que contenham látex, como cateteres
vesicais. De fato, pacientes com mielomeningocele ou anomalias congênitas urológicas são particular-
mente susceptíveis, com incidência de alergia ao látex estimada em 50%. Deve-se evitar a exposição
ao látex desde o nascimento destes paciente para evitar subsequente sensibilização. Como protocolos
respostas
Resposta: D
O efeito farmacocinético mais proeminente e consistente que ocorre com o envelhecimento é a redução
do metabolismo, que acontece devido à redução do clearance e ao aumento do volume de distribuição
em estado de equilíbrio (Vdss). O Vdss aumenta com o envelhecimento por causa do aumento da
gordura corpórea. O clearance reduz para qualquer droga metabolizada pelo fígado ou rim. Para
infusões contínuas, como regra geral, o tempo para diminuição da concentração da droga na biofase
está dramaticamente aumentado pelo envelhecimento, em especial quando um grande percentual do
nível plasmático da droga deve cair abaixo do nível terapêutico.
Referência:
Rooke GA. Anesthesia for the Older Patient, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical
Anesthesia. 7th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013; 891-904.
83. No paciente idoso, a anestesia venosa alvo controlada com propofol que utiliza sis-
temas de infusão com Ke0 mais rápido apresenta como vantagem:
A) menor tempo de despertar
B) maior estabilidade hemodinâmica
C) maior previsibilidade do clearance plasmático
D) menor incidência de consciência intraoperatória
Resposta: B
Os sistemas de infusão alvo controlada de propofol que utilizam o modelo de Marsh podem apre-
sentar valores de ke0 diferentes. Com a Ke0 rápida, a concentração plasmática de propofol gerada
para promover alto gradiente e atingir rapidamente a dose alvo no local de ação é inferior em
relação à Ke0 lenta. Num paciente de 70 kg, com a Ke0 “lenta”, a concentração plasmática de propofol
atingida quando se deseja uma dose alvo no local de ação de 4,0 μg.mL-1 é de quase 10 μg.mL-1,
enquanto que com a Ke0 rápida, a concentração plasmática não ultrapassa 6,0 μg.mL-1. Em pacientes
com pouca reserva cardiovascular essa alta concentração plasmática de propofol atingida pode levar
a eventos hemodinâmicos indesejáveis.
Referência:
respostas
Vianna PTG, Simoni RF, Orosz JEB, et al em: Cangiani LM, Slullitel A, Potério GMB, et al. Tratado de
Anestesiologia SAESP. 7a Ed, São Paulo, Atheneu, 2011; 1419-1436
Resposta: D
A aplicação de pressão positiva contínua na via aérea de 5-10 cmH2O mantém a patência dos alvé-
olos no pulmão não dependente, permitindo alguma captação de oxigênio nos alvéolos distendidos,
diminuindo o shunt e melhorando a relação ventilação perfusão.
Referência:
Eisenkraft JB, Cohen E, Neustein SM. Anesthesia for Thoracic Surgery, em: Barash PG, Cullen BF, Stoel-
ting RK, et al. Clinical Anesthesia. 7th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013;1030-75.
Resposta: D
A técnica anestésica mais adequada para paciente obesa (IMC 36,6) é a anestesia geral, uma vez
que essa paciente apresenta maior risco de complicações respiratórias em ambiente com dificuldade
de acesso ao paciente. A obesidade, associada ao uso de opioide oral e ao diabetes insulino-depen-
dente, lentifica o esvaziamento gástrico e aumenta o risco de regurgitação e aspiração pulmonar.
Dessa forma, sedação e anestesia geral com máscara laríngea estão contraindicadas. Deverá ser
realizada anestesia geral com intubação traqueal que poderá ser realizada com a paciente acor-
dada ou em sequência rápida (já que não há estigmas de via aérea difícil).
Referência:
Sinha AC, Eckmann DM. Anesthesia for Bariatric Surgery, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al.
Miller’s Anesthesia. 7th Ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 2010;2089-104.
respostas
Henderson J. Airway Management in the Adult, em: Miller RD, Eriksson LI, Fleisher LA, et al. Miller’s
Anesthesia. 7th Ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 2010;1573-610.
86. Ao se injetar uma dose conhecida de um fármaco por via venosa, é alcançada de-
terminada concentração sanguínea deste fármaco. A razão entre a concentração sanguí-
nea e a dose administrada determina o(a):
A) Ke0
B) taxa de depuração
C) volume de distribuição
D) meia vida de eliminação
Resposta: C
Quando se administra uma dose conhecida de um fármaco por via venosa e dividimos a concentração
sanguínea pela dose administrada obtemos o volume de distribuição.
Referência:
Mendes GD, Nucci G. Conceitos Farmacocinéticos Fundamentais, em: Cangiani LM, Slullitel A, Potério
GMB, et al. Tratado de Anestesiologia SAESP. 7ª Ed, São Paulo, Atheneu, 2011;253-64.
Resposta: B
Todos os agentes anticolinesterásicos utilizados para reverter o bloqueio neuromuscular não despola-
rizante também inibem a pseudocolinesterase. A administração subsequente de succinilcolina para
qualquer paciente que já tenha recebido um anticolinesterásico resultará em bloqueio neuromuscular
despolarizante prolongado.
Referência:
Donati F. Neuromuscular Blocking Agents, em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK, et al. Clinical Anes-
thesia. 7th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2013;523-60.
respostas
Resposta: B
A paciente recebeu bloqueador neuromuscular (BNM) de duração de ação intermediária. Além de
não ter sido realizada descurarização ao final da cirurgia, o uso concomitante de gentamicina (diminui
a liberação de acetilcolina no terminal nervoso e diminui a sensibilidade do receptor colinérgico à
acetilcolina) e a presença de hipotermia (tremores) aumentam a ação do BNM e prejudicam sua
reversão.
Referência:
Naguib M, Lien CA. Pharmacology of Muscle Relaxants and Their Antagonists, em: Miller RD, Eriksson
LI, Fleisher LA, et al. Miller’s Anesthesia. 7th Ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 2010;859-911.
Resposta: B
De acordo com os guidelines da American Heart Association e do American College of Cardiology para
avaliação cardiovascular perioperatória em cirurgias não cardíacas, são consideradas cirurgias de
risco cardíaco elevado (mortalidade maior que 5%) as cirurgias de aorta e as cirurgias vasculares
maiores e periféricas. As cirurgias de risco intermediário (mortalidade entre 1-5%) são as intraperi-
toneais, intratorácicas, endarterectomia de carótida, cabeça e pescoço, ortopédicas e de próstata.
As cirurgias de baixo risco (mortalidade menor que 1%) são os procedimentos endoscópicos, de su-
perfície, catarata, mama e cirurgias ambulatoriais.
Referência:
Olson RP, Rawlings R. Evaluation of the Patient with Cardiovascular Disease, em: Longnecker DE, Brown
DL, Newman MF, et al. Anesthesiology. 2nd Ed. New York. McGraw Hill Medical, 2012;95-118.
respostas
Resposta: A
A fenilefrina é fármaco bastante utilizado nos pacientes com doença arterial coronariana e nos paci-
entes com estenose aórtica, pois aumenta a pressão de perfusão coronariana sem os efeitos cronotró-
picos. A bradicardia secundária à sua utilização é devida a reflexo vagal ao aumento da resistência
vascular sistêmica.
Referência:
Stoelting RK, Hillier SC. Sympathomimetics, em: Pharmacology and Physiology in Anesthetic Practice.
4th Ed. Philadelphia. Lippincott Williams & Wilkins, 2006;293-312.
91. Homem de 48 anos, 57 Kg e 1,78 m com histórico de alcoolismo e cirrose será sub-
metido à correção cirúrgica de hérnia umbilical encarcerada. Apresenta-se emagrecido,
com ascite e sinais leves de encefalopatia hepática em uso de furosemida, propranolol e
lactulose. Os exames laboratoriais evidenciam elevação progressiva de ureia e creatinina
nas últimas semanas, além de hiponatremia e sódio urinário baixo. Durante a realização
do procedimento sob anestesia geral, o paciente cursa com hipotensão e oligoanúria re-
fratárias a volume. A melhor conduta para preservação da função renal pós-operatória
nesta situação é a administração de:
A) manitol
B) dobutamina
C) terlipressina
D) fenoldopam
Resposta: C
O quadro clínico é de síndrome hepatorrenal, onde o estado edematoso cursa com hipona-
tremia com sódio corporal total aumentado e sódio urinário baixo. A terlipressina é um
análogo da vasopressina usada na urgência para tratamento de hemorragias digestivas
por sangramento de varizes esofágicas, no choque refratário a catecolaminas e no tratamento de
urgência da síndrome hepatorrenal. Após administração venosa ela é convertida em lisina-vasopres-
sina e seu principal efeito é vasoconstrição arterial e vasodilatação portal, com redução da pressão
da veia porta. Sua ação antipirética é de apenas 3% a da vasopressina, o que torna sua ação no
sentido de aumentar a reabsorção de água livre irrelevante e, portanto, sem agravamento do quadro
de hiponatremia.
Referência:
Miller’s Anesthesia, 8th Ed, Philadelphia, Elsevier, 2015.
respostas
92. Paciente de 28 anos, 84 kg, atleta, será submetido a reparo do manguito rotador do
ombro direito, sob bloqueio do plexo braquial pela via interescalênica. Após injeção de
mistura de bupivacaína 0,5% 15 mL e lidocaína 2% 15 mL (volume total 30 mL), apresen-
tou convulsão tonicoclônica fugaz e fibrilação ventricular. Com relação à toxicidade dos
anestésicos locais, no caso apresentado, é verdadeiro afirmar que:
A) toxicidade de misturas de anestésicos locais é aditiva;
B) arritmias ventriculares podem ser tratadas com amiodarona;
C) hiperventilação e alcalose respiratória aumentam o risco de toxicidade;
D) emulsão lipídica deve ser administrada tão logo o ritmo cardíaco seja restabelecido.
Resposta: A
O uso de misturas de anestésicos locais (AL) demanda cuidado para que não seja administrada a
dose máxima dos AL. Suas toxicidades não são independentes. Ao contrário, presume-se que sejam
aditivas. O uso de antiarrítmicos não está estabelecido e o tratamento de arritmias ventriculares in-
duzidas pela bupivacaína associada à lidocaína, com a utilização da amiodarona, não é recomen-
dado. Acidose, respiratória ou metabólica, aumenta o risco de toxicidade ao promover o aumento
da fração livre do AL; aumentar o fluxo sanguíneo cerebral, com maior chegada do AL ao cérebro;
e potencializar os efeitos cronotrópico e inotrópico negativos dos AL. Recomenda-se que a emulsão
lipídica seja administrada juntamente com o início das manobras de suporte básico de vida.
Referência:
Heavner JE – Pharmacology of Local Anesthetics em: Longnecker DE, Brown DL, Newman MF et al –
Anesthesiology, 1st Ed, New York, McGraw Hill, 2008;954-73
Resposta: A
A retirada do coxim agrava o quadro de compressão aortocava. Há diminuição do retorno
venoso e do débito cardíaco, cursando com hipoperfusão placentária e bradicardia fetal.
A neostigmina cruza pouco a barreira placentária e não dá repercussão no feto. O remi-
fentanil é amplamente metabolizado por estresses placentárias e o nível plasmático no feto é 10
vezes menor do que na mãe. Além do mais, sua meia-vida contexto-sensitiva é muito curta para
pensar-se em recirculação. O metaraminol cruza a placenta, mas os vasos sanguíneos do feto são
pouco responsivos aos alfa1-agonistas e o metaraminol não poderia subir a pressão ao ponto de
causar bradicardia reflexa.
Referência:
respostas
Miller RD, Cohen NH, Eriksson LI, et al. Miller’s Anesthesia. 8th Ed, Philadelphia, Elsevier Saunders,
2015.
94. Paciente masculino, 58 anos, 70 Kg, ASA II (hipertenso em bom controle clínico e
ex- tabagista), agendado para retirada de pino intraósseo no antebraço, em regime ambu-
latorial. Anestesia realizada com fentanil 100 mcg e propofol 150 mg venoso e ventilação,
sob máscara facial, com sevoflurano/ O2. Duração do procedimento: 10 minutos. Analge-
sia com infiltração local e dipirona 2,5 g venosa. Após 10 minutos do término do procedi-
mento, ainda na SO, o paciente se encontra com os seguintes parâmetros: ECG dentro da
normalidade; FC: 80 bpm; PA 140 X 85 mmHg; SpO2 de 94% em ar ambiente, orientado
e sem queixas. Esse paciente deve:
A) permanecer na sRPA, porque sua SpO2 está abaixo de 95%
B) ser encaminhado à sRPA, em virtude das suas comorbidades
C) ser encaminhado à sRPA, pelo risco de depressão respiratória pelo fentanil
D) ser encaminhado diretamente para o quarto, sem necessidade de passar pela sRPA
E) ser encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica (sRPA) e receber oxigênio suplementar,
pois esta é a rotina, após qualquer anestesia geral.
Resposta: D
O paciente em questão é candidato ao fast-tracking, pois dispensa a fase I de recuperação (SRPA),
podendo passar diretamente para a fase II, em que fica de repouso até o momento da alta. Os
critérios de alta precoce da SO, para o aposento são: paciente acordado, lúcido e orientado no
tempo e espaço; sinais vitais estáveis, sem qualquer intervenção terapêutica; ausência de sangra-
mento, dor importante ou de náuseas/vômitos; completa reversão do bloqueio neuromuscular; SpO 2
> 92% ou igual à anterior a anestesia após 3 minutos ventilando em ar ambiente e Aldrette > 9.
Referências:
Yamashita AM - Anestesia Ambulatorial, em: Anestesiologia SAESP, 5a Ed, São Paulo, Atheneu, 2001;
1007.
Lichtor JL - Anesthesia for Ambulatory Surgery. em: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK Clinical Anes-
thesia, 4th Ed, Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2001;1235
Resposta: A
respostas
Quando não há tempo suficiente para realizar a prova cruzada de hemácias concentradas, então
hemácias do tipo O negativo não submetidas à prova cruzada devem ser administradas para ex-
pandir o volume circulante e aumentar a capacidade de transporte de oxigênio. O paciente pode
necessitar de plasma fresco congelado e plaquetas, se a perda sanguínea for superior a, aproxima-
damente, um volume de sangue. Existem poucos dados de apoio na literatura para o uso de albumina
no controle de choque hipovolêmico decorrente de trauma.
Referência:
Longnecker DE, et al. Eds. Anesthesiology, 2nd ed. New York: McGraw-Hill, 2012. 1160.
Resposta: A
O óxido nitroso (N2O) é um gás muito insolúvel no sangue, mas ele é 117 vezes mais solúvel do que
o hexafluoreto de enxofre (SF6). O N2O entra na bolha de gás intraocular mais rapidamente do que
o SF6 pode sair. Se a administração de N2O continuar depois da injeção de gás SF6 na cavidade
vítrea, a bolha pode expandir até 3 vezes o seu volume, aumentando a pressão intraocular (PIO). Se
o N2O for, então, interrompido, a PIO pode cair rapidamente, causando, assim, um redescolamento
de retina. Portanto, o N2O deve ser interrompido pelo menos 20 minutos antes da injeção de gás.
Referência:
Longnecker DE, et al., eds. Anesthesiology, 2nd ed. New York: McGraw-Hill, 2012. 1223.
97. Uma professora escolar de 42 anos, foi submetida a uma histerectomia abdominal
para carcinoma endometrial. Seu histórico médico é positivo para deficiência de vitamina
B12, diagnosticada há 3 anos, sem outras comorbidades. De acordo com a paciente, sua
saúde está excelente em razão de sua dieta vegetariana estrita. O caso foi conduzido sob
anestesia geral com propofol, fentanil e vecurônio para indução, seguido por isoflurano,
óxido nitroso e oxigênio para manutenção da anestesia. Após 4 horas de cirurgia, a paci-
ente foi extubada e transferida para a RPA. No terceiro dia pós-operatório, você é chamado
para avaliar a paciente na enfermaria, pois ela desenvolveu parestesia da extremidade
inferior e tem uma marcha instável. Qual dos anestésicos usados para indução e/ou ma-
nutenção da anestesia poderia ter um papel nos sintomas dessa paciente?
A) Propofol
B) Isoflurano
C) Vecurônio
D) Óxido nitroso
E) Fentanil
respostas
Resposta: D
Em pacientes com deficiência de vitamina B12 preexistente, mesmo exposições relativamente curtas
ao óxido nitroso podem produzir alterações megaloblásticas e uma neuropatia. Os achados neuroló-
gicos característicos da deficiência de vitamina B12 são uma neuropatia periférica bilateral, que
afeta predominantemente as extremidades inferiores, bem como uma marcha instável e diminuição
dos reflexos tendinosos profundos. Foi demonstrado que o óxido nitroso inativa irreversivelmente a
enzima metionina sintetase, resultando em uma síntese comprometida de fosfolipídios, mielina e timi-
dina que é uma base nitrogenada essencial do DNA. Podem ocorrer anemia megaloblástica e dege-
neração subaguda da medula.
Referência:
Brunton LL, Chabner BA, Knollmann BC, eds. Goodman and Gilman’s The Pharmacological Basis of
Therapeutics, 12th ed. New York: McGraw-Hill, 2011. 546-7.
Longnecker DE, et al., eds. Anesthesiology, 2nd ed. New York: McGraw-Hill, 2012. 613.
Resposta A
A reperfusão é o período de maior instabilidade hemodinâmica durante o transplante de fígado. A
liberação da solução conservante, coágulo, ar, detritos e sangue acidótico (liberado da circulação
esplâncnica reperfundida) na vasculatura pulmonar pode causar hipertensão pulmonar grave, que
resulta em uma insuficiência cardíaca direita. O aumento resultante da pressão venosa central (PVC)
pode abrir um forame oval patente oculto, com risco de embolia paradoxal. Uma PVC elevada tam-
bém pode comprometer a reperfusão do enxerto e contribuir para o fracasso precoce do enxerto. A
hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca direita resultarão em diminuição da pressão sistêmica
e pressão de perfusão coronária em razão da pré-carga inadequada do ventrículo esquerdo. Embora
a resistência vascular pulmonar, muitas vezes, aumentará, a resistência vascular sistêmica diminuirá.
Referência:
Longnecker DE, et al., eds. Anesthesiology, 2nd ed. New York: McGraw-Hill, 2012. 1975-6.
Steadam RH, Anesthesiol Clin North Amer, 2004; 22: 687-711.
respostas
Resposta: C
Pela equação de Henderson-Hasselbalch, pH = pK + log [HCO3-1] / [H2CO3], o [H2CO3] pode ser
substituído por PaCO2 x 0,03. Com os valores fornecidos, uma concentração de bicarbonato de 33,2
mEq/L é calculada. Portanto, parece que este paciente tem, na avaliação inicial, uma alcalose meta-
bólica como um mecanismo compensatório para a acidose respiratória crônica. No período pós-ope-
ratório, a acidose respiratória se agravou, possivelmente como resultado de medicamentos que de-
primem a ventilação ou do oxigênio suplementar que diminuiu o drive ventilatório desse paciente.
Referência:
Longo DL, et al., eds. Harrison’s Principles of Internal Medicine, 18 th ed. New York: McGraw-Hill,
2012. 364; 369-71.
100. Com o uso de uma técnica axilar transarterial, um bloqueio do plexo braquial é
realizado. Após confirmação de aspiração negativa de sangue, 5 mL de bupivaca-
ína 0,5% são administrados. Repentinamente, o paciente torna-se irresponsivo. O
manejo farmacológico inicial deve incluir a administração de:
A) Emulsão lipídica a 20%
B) Epinefrina 1 mg
C) Amiodarona 150 mg
D) Atropina 1 mg
E) Vasopressina 40 UI
Resposta: A
Com a administração intravenosa de emulsão lipídica, estudos recentes demonstram melhora na he-
modinâmica e um benefício de sobrevivência em modelos animais da toxicidade da bupivacaína. Foi
sugerido que a emulsão lipídica atua como um compartimento de lipídeos (lipid sink), ligando-se a
anestésicos locais e removendo-os dos sítios de ligação cardíaca. Emulsão lipídica a 20% deve ser
administrada precocemente na forma de um bolus de 1,5 mL/kg durante 1 minuto, seguida de infusão
com 0,25 mL/kg/min.
Referência:
Longnecker DE, et al., eds. Anesthesiology, 2nd ed. New York: McGraw-Hill, 2012. 853-4.