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Bem vindo (a) a mais uma aula do nosso curso. Nessa aula, vamos falar do Choque. Mantenha a
fé e determinação. A sua aprovação depende de seu envolvimento e disciplina.
Boa aula!
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1. DEFINIÇÃO
Prezados concurseiros, choque é um assunto frequentemente apresentado nos livros textos e tratados
de enfermagem, sendo frequentemente cobrados pelas bancas organizadoras dos certames da área.
Precisamos inicialmente conceituar esta síndrome e esclarecer alguns pontos que geram dúvidas entre
os profissionais da área como, por exemplo:
O choque não se resume simplesmente aos seus sinais e sintomas;
A hipotensão não é um sinal tardio;
Em nosso meio é comum dizer que o paciente “está entrando em choque”, porém o paciente “está
ou não” em choque;
Os sinais clássicos de choque podem ser mascarados em idosos (pela baixa reserva fisiológica e
polifarmácia), gestantes (devido ao aumento do débito cardíaco e do volume sanguíneo) e usuários de
beta-bloqueadores.
Portanto, choque é conceituado como estado de hipoperfusão celular generalizado no qual a liberação
de oxigênio no nível celular é inadequada para atender as necessidades metabólicas (AMLS, 2014; PHTLS,
2012; SMELTZER et al., 2011).
Conceito
2. FISIOPATOLOGIA GERAL
Durante o estado de choque, o organismo lança mão de todos os seus mecanismos homeostáticos para
restaurar o fluxo sanguíneo. Independentemente da etiologia, as respostas fisiológicas geradas incluem a
hipoperfusão dos tecidos, hipermetabolismo e a ativação da cascata inflamatória, portanto, o choque afeta a
“chave da vida”: o metabolismo aeróbio, por meio do qual nosso organismo produz energia na forma de
adenosina trifosfato (ATP) (PHTLS, 2012; SMELTZER et al., 2011).
As alterações acontecem desde o nível celular, sendo a mitocôndria a primeira organela afetada. Vale
lembrar que tal organela é a responsável pela produção de ATP, o qual fornece estabilidade da membrana
celular, pois é o combustível da bomba de sódio-potássio-ATPase. O comprometimento do metabolismo
anaeróbio desencadeia a ativação da produção de energia de forma anaeróbica, que é tóxica e menos
eficiente para o organismo. Devido à grande quantidade de ácido lático produzida, a acidose metabólica é
causada pela anaerobiose causando: edema celular, morte celular, hipercalemia, amento do lactato, radicais
livres e fatores inflamatórios, inclusive, citocinas depressoras do miocárdio (PHTLS, 2012; SMELTZER et al.,
2011; URDEN; STACY; LOUGH, 2013).
Sistema Hematológico
Sistema Cardiovascular
Rins
Neuroendócrino ↑ o ADH
Os estados de choque podem ser classificados de acordo com a etiologia e o padrão hemodinâmico em
(SMELTZER et al., 2011; URDEN; STACY; LOUGH, 2013):
Cardiogênico
Hipovolêmico Anafilático
Distributivo Neurogênico
Obstrutivo Séptico
Desidratação; Interferência no
Neurogênico, séptico e
bombeamento do
Vômitos. anafilático
coração
CHOQUE HIPOVOLÊMICO
É um distúrbio agudo da circulação, caracterizado pela queda real do volume circulante, ocasionando o
desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio para os tecidos e as principais causas são hemorragias,
vômitos, diarreias, diurese maciça e queimaduras; (SALLUM; PARANHOS, 2010). Pode ser classificado em
quatro classes de acordo com a porcentagem de perda de sangue, como demonstrado a seguir (PHTLS, 2012):
I: 15%
II: 15 - 30%
HEMORRÁGICO
III: 30 - 45%
No atendimento pré-hospitalar são mantidas as prioridades ABCDE do trauma com foco na garantia de
oxigenação. O controle de hemorragias deve seguir os seguintes passos: pressão manual direta no local da
CHOQUE CARDIOGÊNICO
É caracterizado pela “falha da bomba cardíaca”, isto é, pela incapacidade de o miocárdio realizar o
débito cardíaco eficaz para proporcionar a demanda metabólica do organismo, gerando hipoperfusão tecidual
generalizada:
Etiologias: distúrbio do ritmo ou da condução (arritmias), desordem estrutural (infarto agudo do
miocárdio - IAM, lesões valvares, miocardiopatias, miocardites) e ação de determinadas toxinas (sepse);
Fatores de risco: IAM pregresso, insuficiência cardíaca congestivas, miocardiopatias, arritmias,
distúrbios eletrolíticos.
(AMLS, 2014; PHTLS, 2012; SALLUM; PARANHOS, 2010; SMELTZER et al., 2011; URDEN; STACY; LOUGH, 2013).
As principais ações de enfermagem são destacadas a seguir:
Afastar a causa base;
Monitorização hemodinâmica;
Realizar ausculta cardíaca e pulmonar: hipofonese de bulhas e crepitação (sinais de edema agudo de
pulmão);
Avaliação e manejo da dor;
Estabelecimento de acessos venosos calibrosos;
Administração parcimoniosa de líquidos (devido ao risco de sobrecarga de líquidos);
Providenciar exames, p. ex. eletrocardiograma, gasometria arterial;
Administração de drogas vasoativas: dopamina, dobutamina, nitroglicerina;
Monitorar nível de consciência;
Monitorização do funcionamento do BIA: balão intra-aórtico.
(AMLS, 2014; PHTLS, 2012; SALLUM; PARANHOS, 2010; SMELTZER et al., 2011; URDEN; STACY; LOUGH, 2013).
CHOQUE ANAFILÁTICO
É causado por uma reação alérgica grave quando os pacientes que já produziram anticorpos (IgE) para
uma substância estranha (antígeno) desenvolvem uma reação antígeno-anticorpo sistêmica (de
CHOQUE NEUROGÊNICO
CHOQUE SÉPTICO
CHOQUE OBSTRUTIVO
O choque obstrutivo ocorre quando existe uma oclusão ao fluxo de sangue nos grandes vasos.
Citaremos a seguir as principais causas e os respectivos tratamentos:
Tamponamento cardíaco: pericardiocentese;
Embolia pulmonar: anticoagulação sistêmica e trombólise;
Pneumotórax hipertensivo: toracostomia ou descompressão torácica.
7. CONSEQUÊNCIAS DO CHOQUE
Por se tratar de um problema multissistêmico, o choque pode trazer repercussões em todos os sistemas
orgânicos:
CARDIOVASCULARES: insuficiência ventricular e trombose microvascular;
NEUROLÓGICAS: disfunção do sistema nervoso simpático, coma, falha na termorregulação e
depressão cardio-respiratória;
PULMONARES: insuficiência respiratória aguda (IRA) e lesão pulmonar aguda (LPA);
RENAIS: necrose tubular aguda (NTA);
HEMATOLÓGICAS: coagulação intravascular disseminada (CIVD);
GASTROINTESTINAIS: insuficiência do TGI, úlceras de estresse, insuficiências hepática e pancreática.
(URDEN; STACY; LOUGH, 2013).
8. DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM
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OBJETIVO:
PAM= 60 a 90mmhg ,
PPulmonar 15 a18 mmhg,
PVC 8 a 12 mmhg,
DC=2 a 4l/min/m²,
Hemoglobina>10G/dL,
SAT O2 >92%
Lactato <2,2 Mm/L ( avalia a perfusão dos órgãos sistêmicos)
Débito Urinário> 30 A 40ML/H (>0,5ML/KG/H)
Nível de Consciência- lucidez
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2. (CNEN/ IDECAN/2014) O choque é definido como uma anormalidade circulatória, cuja perfusão orgânica e
oxigenação tecidual estão inadequadas. Deve-se reconhecer precocemente sua presença e identificar sua
provável causa. São causas que podem levar ao choque hipovolêmico, EXCETO:
a) Sangramentos volumosos (exteriorizados ou não)
b) Perda de líquido excessiva (diarreia, vômito, poliúria e febre)
c) Sequestro líquido – tecidos inflamados (peritonite, colite e pleuris)
d) Drenagem de grandes volumes de transudato (ascite e hidrotórax)
e) Tamponamento cardíaco relacionado ao ferimento penetrante no tórax
COMENTÁRIOS:
Segundo o PHTLS 2012, o choque é quase sempre considerado um estado de hipoperfusão celular
generalizada no qual a liberação de oxigênio no nível celular é inadequada para atender às necessidades
metabólicas.
O choque hipovolêmico é um distúrbio agudo da circulação, caracterizado pela queda do volume
circulante efetivo, ocasionando o desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio para os tecidos
(SALLUM; PARANHOS, 2010).
Suas principais causas (etiologias) são:
Hemorragias: rupturas de vasos (arteriais ou venosos) ou de órgãos após traumatismos, perda
sanguínea após trauma cirúrgico, complicações obstétricas.
Desidratações: queimaduras, perdas gastrintestinais (diarreia persistente, vômito maciço, pancreatite),
diaforese excessiva causada por febre e exercícios, com privação de líquidos.
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7. (Prefeitura de Cedro-CE/ URCA/2014) Que sinal levaria você a suspeitar que um paciente tem choque
séptico?
a) Escarro transparente, aquoso.
b) Hipertensão grave.
c) Hipotensão.
d) Poliúria.
COMENTÁRIOS:
De acordo com o PHTLS (2015), a avaliação da presença do choque deve incluir a busca de sutis
evidências precoces do estado de hipoperfusão. Os sinais de menor perfusão e produção de energia e da
resposta orgânica incluem:
- Sistema nervoso central: redução do nível de consciência, ansiedade, desorientação, agressividade,
comportamento bizarro;
- Sistema cardiovascular: taquicardia e taquisfigmia, redução da pressão sistólica e de pulso;
- Sistema respiratório: respiração rápida e superficial;
- Sistema tegumentar: pele fria, pálida, úmida, pegajosa, diaforética ou mesmo cianótica, com redução
do enchimento capilar;
- Sistema renal: diminuição do débito urinário.
Logo, a resposta correta é a letra C.
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10. (Marinha do Brasil/MARINHA/2015) Assinale a opção que apresenta sinais e sintomas de anafilaxia.
a) Hipotermia, bradicardia, tosse e prurido generalizado.
b) Hipotermia, broncoespasmo, náuseas e taquicardia.
c) Hemorragia, diarreia, vômitos e congestão nasal.
d) Confusão mental, edema, bradicardia e congestão nasal.
e) Prurido generalizado, taquicardia e congestão nasal.
COMENTÁRIOS:
O choque anafilático desenvolve-se em minutos até 1h e em 12h os sintomas podem retornar mais ou
menos severos. As principais células envolvidas são mastócitos, eosinófilos e basófilos e os mediadores
oriundos de sua de granulação (histamina, prostaglandinas, bradicinina, leucotrienos, proteína catiônica
principal, etc).
Principais sinais e sintomas associados:
Edema de glote;
Tosse e dispneia;
Rouquidão;
Congestão nasal;
Estridor, sibilos, roncos e crepitações;
Taquicardia;
Prurido generalizado;
Urticária e angioedema;
Sensação de calor.
Principais intervenções em situações de choque anafilático são:
Remover o antígeno deflagrador (alérgeno);
Realização de cricotireoidostomia de urgência;
Proteção da via aérea e ventilação;
Reanimação volêmica;
Administração de vasopressores (epinefrina), anti-histamínicos
Dessa forma, o gabarito da questão é a letra E.
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GABARITO
1. A
2. E
3. B
4. D
5. D
6. C
7. C
8. C
9. E
10. E
REFERÊNCIAS
Infectious Diseases Society of America. Practice Guidelines for management of skin and soft tissue infections:
2014 update by the Infectious Disease Society of America. Clinical Infectious Diseases Jun2014:1-43.
http://www.survivingsepsis.org/sitecollectiondocuments/guidelines-portuguese.pdf
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