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INSTITUTO POLITECNICO PRIVADO DO SEQUELE

CURSO DE ANALISES CLÍNICA

TRABALHO DE IMUNOHEMATOLOGIA

Tema:

REAÇÕES PÓS-TRANSFUSIONAIS

LUANDA, 2023
INSTITUTO POLITECNICO PRIVADO DO SEQUELE

CURSO DE ANALISES CLÍNICA

TRABALHO DE IMUNOHEMATOLOGIA

REAÇÕES PÓS-TRANSFUSIONAIS

Grupo: 1

Classe: 12º

Sala- 22

Turma: D2 Trabalho academico da disciplina


de Imunohematologia,
apresentado Instituto Polotecnico
Privado do Sequele como parte
do plano corricular do IIº
trimestre do ano lectivo de
2022/20233.

LUANDA, 2023
Integrantes do Grupo

Nome Classificação
Alcides da Silva
Amélia Sara
Ana Razão
Carlos da Silva
Carolina Miguel
Claudeth Mussunda
Cleusia Nayara
Cristina Miguel
Domingas Tchissuquila
Faustina felix
Suzeth Dias
Teresa Cuvula
DEDICATÓRIA

Gostaríamos de dedicar este trabalho aos nossos Pais.


AGRADECIMENTOS

A Deus todo poderoso pelo fôlego da vida.

Aos nossos pais e encarregados de educação pelo apoio e força ao nosso percurso
até aqui.

Aos nossos Professores pela paciência, dedicação, colaboração e disponibilidade


que nos têm dado para que futuramente sejamos excelentes profissionais na nossa área de
formação e na sociedade.

E por último aos nossos colegas que directa ou indirectamente ajudaram para
elaboração desse trabalho e nessa cadeira, pelo e cada momento que temos vivido na sala
de aula.
Resumo
Índice
Introdução ......................................................................................................................... 2
REAÇÕES PÓS-TRANSFUSIONAIS ............................................................................ 3
Definição .......................................................................................................................... 3
Reações agudas ......................................................................................................... 4
Reações tardias .......................................................................................................... 4
A importância da hemovigilância ................................................................................... 16
Conclusão e Breves considerações ................................................................................. 17
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 19
Introdução

A transfusão de sangue é um procedimento que permitiu que diversas vidas


pudessem ser salvas ao longo dos anos. Porém, um fator importante são as reações
transfusionais, que podem ocorrer por incompatibilidade entre doador e receptor.

Nesse sentido, é importante saber reconhecer rapidamente as reações


transfusionais, evitando o agravamento do quadro clínico do paciente. Dessa forma, surge
a chamada hemovigilância, que é um conjunto de procedimentos adotados para
acompanhar eventuais reações nos pacientes receptores.

Essa cartilha tem como público-alvo todos os profissionais de saúde que


participam do processo de identificação, investigação e confirmação de reações
transfusionais. No artigo abaixo, explicamos um pouco mais sobre o que são as reações
transfusionais, como detectá-las e quais alternativas às transfusões.

As reações transfusionais mediadas imunologicamente podem ser classificadas


em agudas ou tardias. As reações agudas ocorrem dentro de 24 horas em relação à
transfusão e incluem as reações aguda hemolítica, febril não hemolítica, alérgica e a lesão
pulmonar aguda relacionada à transfusão (TRALI). As reações tardias ocorrem dias ou
semanas depois da transfusão e incluem as reações transfusionais hemolíticas tardias, a
doença do enxerto contra o hospedeiro associada à transfusão e a púrpura pós-
transfusional.

Embora não sejam frequentes, as reações transfusionais que não são


imunologicamente mediadas, incluindo a hemólise, a sepse associada à transfusão e a
sobrecarga circulatória, devem ser consideradas como diagnóstico diferencial.

As reações transfusionais hemolíticas agudas são quase sempre resultado de erro


administrativo. A identificação é fundamental por causa da alta probabilidade de um
segundo paciente receber o hemoderivado errado ao mesmo tempo.

O tratamento depende do tipo de reação à transfusão. Embora paracetamol e


difenidramina sejam muitas vezes administrados rotineira e profilaticamente como pré-
medicação, há poucas evidências que deem suporte a essa prática.

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REAÇÕES PÓS-TRANSFUSIONAIS

Definição

Este tópico abordará principalmente as reações transfusionais mediadas


imunologicamente, as quais abrangem uma variedade de respostas clínicas adversas
distintas à transfusão. Elas são mediadas pela interação dos anticorpos do receptor com
os antígenos estranhos contidos em qualquer hemoderivado alogênico. As reações
transfusionais agudas imunologicamente mediadas ocorrem imediatamente ou dentro de
24 horas após a transfusão. Elas incluem as reações hemolítica aguda, febril não
hemolítica, alérgica (com ou sem anafilaxia) e a lesão pulmonar aguda relacionada a
transfusão (TRALI). As reações transfusionais tardias imunologicamente mediadas
ocorrem dentro de dias ou semanas após a transfusão e incluem a reação transfusional
hemolítica tardia, a doença do enxerto contra o hospedeiro e a púrpura pós-transfusional.

As reações transfusionais são eventos adversos associados à transfusão de sangue


total ou de um de seus componentes. Sua gravidade varia de leve a potencialmente fatal
e podem ocorrer durante uma transfusão, denominadas reações transfusionais agudas, ou
dias a semanas depois, denominadas reações transfusionais tardias.

Estas podem ser difíceis de diagnosticar, pois podem se manifestar com sintomas
inespecíficos, muitas vezes sobrepostos. Os sinais e sintomas mais comuns incluem febre,
calafrios, urticária e coceira.

Alguns sintomas podem desaparecer com pouco ou nenhum tratamento. No


entanto, dificuldade respiratória, febre alta, hipotensão e hemoglobinúria podem indicar
uma reação mais séria. Todos os casos de reações suspeitas devem levar à interrupção
imediata da transfusão e notificação ao banco de sangue e ao médico responsável pelo
tratamento.

As reações são divididas em agudas ou tardias, e que variam de acordo com os


sintomas:

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 Reações agudas

Mesmo quando uma pessoa recebe o tipo de sangue correto, podem ocorrer
reações alérgicas. As reações agudas ocorrem nas primeiras 24 horas após a transfusão.

As reações podem ocorrer por diversos motivos, e entre as principais estão:

O sangue do doador contém proteínas plasmáticas específicas que o sangue do


receptor vê como alérgenos;

O sangue do doador contendo alérgenos alimentares, como amendoim ou glúten;

Anticorpos no sangue de um doador reagem com anticorpos no sangue do


receptor.

 Reações tardias

Por sua vez, as reações hemolíticas tardias (RHT) podem ocorrer entre 24 horas e
até três semanas após a transfusão. Em geral, ela ocorre pela hemólise das hemácias
transfundidas, pela falha no processo de testes pré-transfusionais, que não detectam a
presença de aloanticorpos.

Sintomas mais comuns

Os sintomas das reações agudas e tardias são divididos entre comuns, graves e
raros, e incluem: Icterícia, Febre, Irritação na pele, Coceira, Urticária, Queda da
hemoglobina, Sobrecarga hídrica, Lesões pulmonares, Destruição dos glóbulos
vermelhos devido à incompatibilidade entre os tipos sanguíneos do doador e do receptor;
Doença do enxerto contra o hospedeiro (na qual as células transfundidas atacam as células
da pessoa que está recebendo a transfusão), Infecções, Complicações da transfusão de
sangue maciça (baixa coagulação do sangue, baixa temperatura corporal e níveis
reduzidos de cálcio e potássio).

As complicações mais comuns da transfusão são

 Reações não hemolíticas febris


 Reações com calafrios

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As complicações mais graves, com taxas de mortalidade muito elevadas, são

 Reação hemolítica aguda (RTHA) por incompatibilidade ABO


 Doença do enxerto-versus-hospedeiro (DEVH)
 Sobrecarga circulatória associada à transfusão (SCAT)
 Lesão pulmonar aguda relacionada com a transfusão (LPART)

Outras complicações incluem

 Reações alérgicas
 Afinidade do oxigênio alterada
 Reação transfusional hemolítica tardia
 Infecções
 Púrpura pós-transfusional

O reconhecimento precoce dos sintomas sugestivos de reação transfusional e a


informação imediata ao banco de sangue são essenciais. Os sintomas mais comuns são
calafrios, rigidez, febre, dispneia, tontura, urticária, coceira e dor no flanco. Se qualquer
um desses sintomas (que não seja urticária e coceira localizada) ocorrer, a transfusão deve
ser interrompida imediatamente e o acesso IV mantido pérvio com soro fisiológico
normal. Resto do produto do sangue e amostras anticoaguladas e coaguladas do sangue
do paciente devem ser enviadas para o banco de sangue para investigação. NOTA: a
unidade em questão não deve ser reiniciada e a transfusão de qualquer unidade
previamente providenciada não deve ser iniciada. Transfusão adicional deve ser retardada
até que a causa da reação seja conhecida, a menos que a necessidade seja urgente, caso
em que eritrócitos tipo O Rh negativo devem ser utilizados.

A hemólise do doador ou do receptor (geralmente o primeiro) durante ou após a


transfusão pode resultar de incompatibilidade ABO/Rh, anticorpos do plasma ou
eritrócitos frágeis ou hemolisados (p. ex., superaquecimento do sangue armazenado ou
contato com soluções hipotônicas IV). A hemólise é mais comum e grave quando os
doadores de eritrócitos incompatíveis são hemolisados pelos anticorpos do plasma do
receptor. As reações hemolíticas podem ser agudas (dentro de 24 h) ou tardias (de 1 a 14
dias).

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Reação transfusional não hemolítica febril

Reações febris podem ocorrer sem hemólise. Os anticorpos direcionados contra o


antígeno leucocitário humano (HLA) dos leucócitos no sangue de um doador de outra
maneira compatível são uma possível causa. Essa causa é a mais comum em pacientes
multitransfundidos ou em multíparas. As citocinas liberadas dos leucócitos durante o
armazenamento, em particular em concentrados de plaquetas, são outra causa possível.

Clinicamente, as reações febris consistem em aumento da temperatura ≥ 1° C,


calafrios e algumas vezes cefaleia e dor dorsal. Os sintomas simultâneos de reação
alérgica são comuns. Como a febre e os calafrios também prenunciam a reação
transfusional hemolítica grave, todas as reações febris devem ser investigadas, como
também todas as reações transfusionais hemolíticas graves.

A maioria das reações febris é tratada, com sucesso, com paracetamol e, se


necessário, difenidramina. Os pacientes também devem ser tratados (p. ex., com
paracetamol) antes das transfusões futuras. Se o receptor teve mais de uma reação febril,
filtros especiais de leucorredução são usados para transfusões futuras; a maioria dos
hospitais utiliza componentes pré-armazenados leucorreduzidos do sangue (eritrócitos
com depleção de leucócitos).

Reação transfusional hemolítica aguda (RTHA)

Cerca de 20 pessoas morrem todos os anos nos EUA em decorrência de reação


transfusional hemolítica aguda. RTHA geralmente resulta da reação dos anticorpos do
plasma do receptor contra os eritrócitos do doador. A incompatibilidade de antígenos
ABO é a causa mais comum de reação transfusional hemolítica aguda. Os anticorpos
contra os antígenos de grupos sanguíneos não ABO também podem ocasionar RTHA. O
erro habitual é a ausência de identificação (etiqueta) na amostra pré-transfusional do
receptor no momento da coleta e a falha em cruzar a amostra do receptor em questão com
o hemocomponente imediatamente antes da transfusão.

A hemólise é intravascular, provocando hemoglobinúria com graus variáveis de


insuficiência lesão renal aguda e, possivelmente coagulação intravascular disseminada
(CID). A gravidade da reação transfusional hemolítica aguda depende de

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 Grau de incompatibilidade
 Quantidade de sangue administrada
 Velocidade de administração
 Integridade dos rins, fígado e coração

A fase aguda normalmente ocorre na 1ª hora do início da transfusão, mas pode


ocorrer mais tarde durante a transfusão ou imediatamente depois. O início é muitas vezes
abrupto. O paciente pode se queixar de desconforto e ansiedade. Pode haver dispneia,
febre, calafrios, rubor facial e dor intensa, em especial na área lombar. Pode haver
evolução para choque, com pulso rápido e fraco; pele fria e pegajosa; baixa pressão
arterial; e náuseas e vômitos. Icterícia pode se seguir após hemólise aguda.

Se ocorrer RTHA sob anestesia geral, os únicos sintomas podem ser hipotensão,
sangramento incontrolável em locais de incisão e nas mucosas provocado por coagulação
intravascular disseminada (CIVD) associada, ou urina escura que reflete hemoglobinúria.

Se há suspeita de RTHA, um dos primeiros passos é verificar novamente os


rótulos de identificação na amostra e no paciente. Confirma-se o diagnóstico por um teste
de antiglobulina direta positivo, medição da hemoglobina urinária, desidrogenase láctica
(LDH) sérica, bilirrubina e haptoglobina. A hemólise intravascular produz hemoglobina
livre no plasma e na urina; os níveis de haptoglobina são muito baixos. Pode ocorrer
hiperbilirrubinemia subsequente.

Após a fase aguda, o grau da lesão renal aguda determina o prognóstico. A diurese
e a diminuição de ureia sanguínea normalmente necessitam de recuperação. A
insuficiência renal permanente não é comum. A oligúria prolongada e o choque são sinais
de prognóstico reservado.

Se houver suspeita de RTHA, a transfusão deve ser interrompida e o tratamento


de suporte iniciado. A meta da terapia inicial é atingir e manter adequadamente a pressão
arterial e o fluxo de sangue renal com soro fisiológico a 0,9% IV e furosemida. O soro
fisiológico IV é administrado para manter a eliminação da urina em 100 mL/h por 24 h.
A dose inicial de furosemida é de 40 a 80 mg (1 a 2 mg/kg em crianças), com doses
futuras ajustadas para manter o fluxo urinário > 100 mL/h no primeiro dia.

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O tratamento medicamentoso da hipotensão deve ser feito com cautela. Os
fármacos pressóricos, que diminuem o fluxo sanguíneo renal (p. ex., adrenalina,
noradrenalina, alta dose de dopamina), são contraindicados. Se o fármaco pressórico é
necessário, normalmente dopamina, 2 a 5 mcg/kg/min, é utilizada.

O nefrologista deve ser consultado o quanto antes, em particular se não houver


resposta diurética dentro de 2 a 3 h após o início da terapia, o que pode indicar necrose
tubular aguda. A terapia adicional de líquido e diuréticos pode ser contraindicada e a
diálise precoce pode ser útil.

Doença do enxerto-versus-hospedeiro (DEVH)

A causa da doença do enxerto versus hospedeiro (ver também Rejeição de enxerto


e doença do enxerto versus hospedeiro) associada às transfusões normalmente é causada
pela transfusão de produtos contendo linfócitos imunocompetentes para um hospedeiro
imunocomprometido. Os linfócitos do doador atacam os tecidos do hospedeiro porque o
seu sistema imunitário não consegue destruir os linfócitos do doador. A doença enxerto
versus hospedeiro pode ocorrer ocasionalmente nos pacientes imunocompetentes se
receberem sangue de um doador (muitas vezes um parente próximo) homozigoto para um
haplótipo de antígeno leucocitário humano (HLA) para o qual o paciente é heterozigoto.

Sinais e sintoms incluem febre, exantema (erupções cutâneas que se disseminam


centrifugamente, tornando-se eritroderma com bolhas), vômito, diarreia aquosa e
sanguinolenta, linfadenopatia e pancitopenia decorrente de aplasia da medula óssea.
Icterícia e níveis elevados de enzimas no fígado também são comuns. A doença enxerto
versus hospedeiro ocorre 4 a 30 dias após a transfusão, sendo diagnosticada com base na
suspeita clínica e nas biópsias da pele e medula óssea. A DEVH apresenta > 90% de
mortalidade, pois não há tratamento específico disponível.

A prevenção de doença enxerto versus hospedeiro é feita com irradiação (para


lesar o DNA dos linfócitos doadores) de todos os hemocomponentes transfundidos. Ela é
feita

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 Quando o receptor for imunocomprometido (p. ex., paciente com
síndrome de imunodeficiência congênita, neoplasias hematológicas,
transplante de células-tronco hematopoiéticas; recém-nascidos)
 Se o sangue do doador é obtido de um parente de 1º grau
 Quando há transfusão de componentes compatíveis com o HLA,
excetuando-se as células-tronco

O tratamento com corticoides e outros imunossupressores, incluindo aqueles


usados em transplante de órgão sólido, não necessita do uso de irradiação.

Sobrecarga circulatória associada à transfusão (SCAT)

Embora a sobrecarga circulatória associada às transfusões seja sub-reconhecida e


subnotificada, foi identificada como sendo a segunda causa mais comum de morte
relacionada com transfusões notificadas à FDA (1). A alta carga osmótica dos
hemocomponentes aumenta o volume no espaço intravascular ao long de horas, o que
pode causar sobrecarga circulatória associada a transfusões em pacientes suscetíveis (p.
ex., com insuficiência renal ou cardíaca). Os eritrócitos devem ser infundidos
vagarosamente. Os pacientes devem ser observados e, se ocorrerem sinais de
insuficiência cardíaca (p. ex., dispneia, estertores), a transfusão deve ser suspensa e o
tratamento para insuficiência cardíaca começado.

O tratamento típico é com um diurético, como furosemida 20 a 40 mg IV.


Ocasionalmente, nos pacientes que necessitam maior volume de infusão plasmática para
reverter sobrecarga de varfarina, pode-se aplicar dose baixa de furosemida
simultaneamente; no entanto, o CCP é a primeira escolha para esses pacientes. Os
pacientes em alto risco de sobrecarga circulatória associada a transfusões (p. ex., com
insuficiência cardíaca ou insuficiência renal grave) são tratados profilaticamente com um
diurético (p. ex., furosemida 20 a 40 mg IV).

Lesão pulmonar aguda relacionada com a transfusão (LPART)

A lesão aguda no pulmão relacionada à transfusão consiste em complicação não


frequente causada por anticorpos anti-HLA e/ou antigranulócitos no plasma do doador
que aglutina e desgranula os granulócitos do receptor dentro do pulmão. Os sintomas

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respiratórios agudos se desenvolvem e a radiografia torácica tem padrão característico de
edema pulmonar não cardiogênico. Essa complicação é a segunda causa mais comum de
morte relacionada com transfusões. A incidência é 1 em 5.000 a 1 em 10.000 transfusões,
mas muitos casos são leves. A lesão de pulmão aguda leve a moderada, relacionada à
transfusão, é provavelmente despercebida. A terapia de suporte geral tipicamente causa a
recuperação sem sequelas que durem muito. Os diuréticos devem ser evitados. Usar
sangue doado por homens reduz o risco dessa reação. Os casos devem ser comunicados
ao serviço de hemotransfusão do hospital em onde está sendo feita a transfusão ou ao
banco de sangue.

Reações alérgicas

As reações alérgicas para componente desconhecido no sangue do doador são


comuns, quase sempre em decorrência de alergênios no plasma do doador, ou, com menos
frequência, anticorpos de um doador alérgico. Essas reações são normalmente leves e
incluem urticária, edema, tontura ocasional e cefaleia durante ou imediatamente após a
transfusão. A febre simultânea é comum. Com menos frequência, podem ocorrer
dispneia, respiração ofegante e incontinência, indicando espasmo generalizado da
musculatura lisa. Raramente ocorre anafilaxia, sobretudo nos receptores com deficiência
de IgA.

Em paciente com história de alergias ou reação alérgica à transfusão, um anti-


histamínico pode ser administrado profilaticamente logo antes ou no começo da
transfusão (p. ex., 50 mg de difenidramina por via oral ou IV). NOTA: os fármacos nunca
devem ser misturados ao sangue.

Se uma reação alérgica ocorrer, interrompe-se a transfusão. Um anti-histamínico


(p. ex., 50 mg de difenidramina IV) geralmente controla urticária e prurido leves e a
transfusão pode ser retomada. No entanto, uma reação alérgica moderada (urticária
generalizada ou broncospasmo leve) também requer hidrocortisona (100 a 200 mg IV) e
reação anafilática grave requer tratamento adicional com 0,5 mL de solução de adrenalina
1:1.000 por via subcutânea e soro fisiológico a 0,9% IV juntamente com investigação
pelo banco de sangue. Outra transfusão não deve ocorrer até que a investigação esteja
completa.

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Os pacientes com deficiência grave de IgA grave necessitam de transfusão de
eritrócitos lavados, plaquetas lavadas e plasma do doador deficiente em IgA.

Afinidade do oxigênio alterada

O sangue armazenado por > 7 dias apresenta 2,3-difosfoglicerato (DPG) do


eritrócito diminuído, e o 2,3-DPG está ausente após > 10 dias. Essa ausência resulta na
maior afinidade pelo oxigênio e na liberação mais lenta do oxigênio para os tecidos. Há
poucas evidências de que a deficiência de 2,3-DPG seja clinicamente significativa, exceto
nas exsanguinotransfusões em recém-nascidos, em pacientes com doença falciforme com
dor torácica aguda ou acidente vascular encefálico e em alguns pacientes com
insuficiência cardíaca grave. Após a transfusão de eritrócitos, o 2,3-DPG se regenera
dentro de 12 a 24 h.

Reação transfusional hemolítica tardia

Ocasionalmente, um paciente sensibilizado a um antígeno eritrocitário apresenta


níveis de anticorpos muito baixos e testes pré-transfusão negativos. Após a transfusão
com eritrócitos com esse antígeno, resposta primária ou anamnéstica pode ocorrer
(normalmente em 1 a 4 semanas) e causar reação hemolítica tardia. A reação transfusional
hemolítica tardia geralmente não é tão catastrófica quanto a reação transfusional
hemolítica aguda. Os pacientes podem ser assintomáticos ou ter febre leve. Raramente,
ocorrem sintomas graves (p. ex., febre baixa, icterícia). Com frequência, ocorre somente
destruição dos eritrócitos transfundidos (com o antígeno), resultando em queda do
hematócrito e discreto aumento da desidrogenase láctica e da bilirrubina, com teste de
antiglobulina direta positivo. Como a reação transfusional hemolítica tardia é quase
sempre leve e autolimitada, muitas vezes não é identificada e o indício clínico pode ser
queda inexplicável na hemoglobina para o nível pré-transfusão ocorrendo em 1 ou 2
semanas pós-transfusão. As reações graves são tratadas de modo similar às reações
agudas.

Doenças infecciosas

Contaminação bacteriana de concentrados de eritrócitos ocorre raramente, talvez


em razão de técnica asséptica inadequada durante a coleta ou bacteremia transitória do

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doador assintomático. O resfriamento dos eritrócitos costuma limitar o crescimento
bacteriano, exceto por microrganismos criofílicos como Yersinia, que pode produzir
níveis perigosos de endotoxina.

Todas as bolsas de concentrado de hemácias são examinadas quanto a crescimento


bacteriano antes de serem liberadas, que é indicado por uma mudança na cor. Como os
concentrados de plaquetas são armazenados à temperatura ambiente, têm potencial maior
para crescimento bacteriano e produção de endotoxina se contaminadas. Para minimizar
o crescimento, o armazenamento é limitado a 5 dias. O risco de contaminação bacteriana
das plaquetas é de 1:2.500. Dessa forma, as plaquetas são rotineiramente testadas para
bactérias.

Raramente, a sífilis é transmitida em sangue ou plaquetas frescos. O


armazenamento sanguíneo ≥ 96 h em 4 a 10° C mata a espiroqueta. Embora regulamentos
federais americanos exijam teste sorológico para sífilis no doador de sangue, doadores
infectados são soronegativos no início da doença. Os receptores de unidades infectadas
podem desenvolver exantemas secundárias características.

Hepatite pode ocorrer após a transfusão de qualquer produto sanguíneo. O risco


tem sido reduzido pela inativação viral mediante tratamento com calor da albumina sérica
e proteínas do plasma e pelo uso de fatores concentrados recombinantes. Testes para
hepatite são necessários em todos os doadores de sangue (ver tabela Exames de
transmissão de doenças infecciosas). O risco estimado de transmissão de hepatite B é de
1:1 milhão; de hepatite C < 1:2 milhões. Como provavelmente sua fase virêmica
transitória e doença clínica concomitante impedem a doação de sangue, a hepatite A
(hepatite infecciosa) não é uma causa significativa de hepatite associada à transfusão.

A infecção pelo HIV nos EUA é quase inteiramente pelo HIV-1, embora o HIV-
2 também preocupe. O teste para anticorpos em ambas as doenças é exigido. Testes de
ácido nucleico para antígeno HIV-1, assim como para antígeno p24 em HIV-1, também
são necessários. Além disso, os doadores de sangue são questionados sobre
comportamentos que possam colocá-los em alto risco de infecção pelo HIV. HIV-0 não
tem sido identificado entre os doadores de sangue. O risco estimado de transmissão do
HIV por transfusão é 1:1.500.000 a 2.000.000.

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Citomegalovírus (CMV) pode ser transmitido por leucócitos no sangue
transfundido. Não é transmitido pelo plasma fresco congelado. Em razão de o CMV não
causar doença em receptores imunocompetentes, a rotina do teste de anticorpo do sangue
do doador não é exigida. Entretanto, o CMV pode causar doença grave ou fatal em
pacientes imunocomprometidos, que devem receber hemoderivados negativos para o
CMV por meio de testes de anticorpos ou sangue com depleção de leucócitos por
filtração.

O vírus linfotrópico 1 da célula T humana (HTLV-1), que pode causar linfoma-


leucemia da célula T em adultos e mielopatia associada ao HTLV-1/paraparesia espástica
tropical, promove soroconversão pós-transfusional em alguns receptores. Todos os
doadores de sangue são testados para anticorpos contra HTLV-1 e -HTLV-2. O risco
estimado de resultados falso-negativos no teste do doador de sangue é de 1:641.000.

A doença de Creutzfeldt-Jakob nunca foi registrada como transmitida por


transfusão, mas a prática atual impede doação de uma pessoa que tenha recebido
hormônio de crescimento derivado de um ser humano ou transplante de dura-máter, ou
com um membro da família com essa doença. A variante da doença de Creutzfeldt-Jakob
(vDCJ, ou doença da vaca louca) não é transmitida por transfusão de sangue. No entanto,
os doadores que ficaram por tempo significativo no Reino Unido e em outras partes da
Europa são permanentemente recusados para a doação (ver tabela Algumas razões para
adiar ou negar a doação de sangue).

Malária é transmitida facilmente por meio de eritrócitos infectados. Muitos


doadores não estão conscientes de que tiveram malária, que pode ser latente e
transmissível por 10 a 15 anos. O armazenamento não torna o sangue seguro. Os doadores
prospectivos devem ser questionados sobre malária ou se estiveram em região onde a
malária é prevalente. Os doadores que tiveram o diagnóstico de malária ou são imigrantes,
refugiados, ou cidadãos de países onde a malária é considerada endêmica são recusados
por 3 anos; viajantes de países endêmicos são recusados por 1 ano.

Babesiose, doença de Chagas e vírus do Nilo ocidental raramente são transmitidos


por transfusão.

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Foi notificada a transmissão da infecção pelo zika vírus por hemoderivados no
Brasil. Portanto, a FDA determinou a realização de testes para o zika vírus nos EUA e em
seus territórios. Em vez do teste para zika, as tecnologias de redução de patógenos
aprovadas para as plaquetas e o plasma também poderiam ser usadas; no entanto, seu uso
é atualmente muito restrito, e essa tecnologia ainda não está disponível para as hemácias.

Púrpura pós-transfusional

A púrpura pós-transfusional é uma complicação muito rara na qual a contagem de


plaquetas cai rapidamente de 4 a 14 dias após a transfusão de concentrado de hemácias,
causando trombocitopenia moderada a grave. Quase todas as pacientes são multíparas
que normalmente receberam a hemotransfusão durante um procedimento cirúrgico. A
etiologia exata não está esclarecida. No entanto, a hipótese mais aceita é a de que a
paciente negativa para o antígeno plaquetário humano 1a (HPA1a) produz aloanticorpos
por causa da exposição ao antígeno HPA1a do feto durante a gestação. Como os
eritrócitos armazenados contêm micropartículas de plaquetas e como a maioria dos
doadores (99%) é positiva para HPA1a, as micropartículas das plaquetas do sangue do
doador podem deflagrar uma resposta de anticorpos nos pacientes previamente
sensibilizados (resposta anamnéstica). Como essas micropartículas das plaquetas se ligam
às plaquetas do receptor (e, portanto, revestem-nas com o antígeno HPA1a), os
aloanticorpos destroem as plaquetas do receptor, causando trombocitopenia. O distúrbio
desaparece espontaneamente à medida que as plaquetas revestidas de antígeno são
destruídas.

Os pacientes apresentam púrpura juntamente com sangramento moderado a grave


— geralmente no local da cirurgia. As transfusões de plaquetas e hemácias pioram o
quadro.

O diagnóstico diferencial geralmente é a trombocitopenia induzida por heparina


(TIP), embora a TIP não esteja associada a sangramento. O diagnóstico é feito pela
identificação dos anticorpos contra o HPA1a no plasma do paciente e pela ausência do
antígeno correspondente nas plaquetas do paciente.

O tratamento consiste em altas doses de imunoglobulinas IV (1 a 2 g/kg em dose


única ou divididas em 2 doses) e evitar transfusão adicional de plaquetas ou eritrócitos.

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Pode-se considerar a plasmaférese nos casos graves e, para pacientes com sangramento
grave, pode ser feita transfusão de plaquetas de doadores negativos para HPA1a, se
disponível.

Complicações da transfusão maciça

A transfusão maciça é a transfusão de um volume de sangue maior ou igual a uma


volemia de sangue em 24 h (p. ex., 10 unidades em adulto de 70 kg). Quando um paciente
recebe reposição volêmica convencional com papa de hemácia (coloide) e cristaloides
(soro fisiológico ou Ringer lactato) em um volume tão alto, os fatores de coagulação e as
plaquetas no plasma são diluídos, causando coagulopatia (coagulopatia dilucional). Essa
coagulopatia agrava a coagulopatia por consumo decorrente do próprio trauma grave (isto
é, resultante da extensa ativação da cascata de coagulação) e leva a uma tríade letal de
acidose, hipotermia e sangramento.

Foram elaborados protocolos de transfusão maciça nos quais as plaquetas e o


plasma fresco congelado são administrados mais cedo na reanimação, antes de haver
coagulopatia, em vez de tentar "recuperar o terreno perdido". Demonstrou-se que esses
protocolos diminuem a taxa de mortalidade, embora as proporções ideais de hemácias,
plasma e plaquetas ainda estejam sendo investigadas. Um estudo não mostrou diferença
significativa na mortalidade entre administrar uma unidade de plasma e um concentrado
de plaquetas a cada 2 unidades de concentrado de hemácias (1:1:2) versus administrar
uma unidade de plasma e um concentrado de plaquetas a cada 1 unidade de concentrado
de hemácias [1:1:1 (2)].

A hipotermia decorrente da transfusão rápida de grandes quantidades de sangue


resfriado pode causar arritmias ou parada cardíaca. A hipotermia é evitada pelo uso de
um dispositivo IV com troca de calor que aquece suavemente o sangue. Outros tipos de
aquecimento do sangue (p. ex., micro-ondas) são contraindicados em razão de lesão
potencial do eritrócito e hemólise.

Os efeitos tóxicos do citrato e do potássio geralmente não são preocupantes,


mesmo na transfusão maciça; entretanto, os efeitos tóxicos de ambos podem ser
potencializados em caso de hipotermia. Os pacientes com insuficiência hepática podem
ter dificuldade para metabolizar o citrato. Pode ocorrer hypocalcemia, mas raramente é

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necessário tratar (com 10 mL de solução de gliconato de cálcio a 10% IV diluída em 100
mLD5W, administrada durante 10 minutos). Os pacientes com insuficiência renal podem
ter aumento dos níveis de potássio se forem transfundidos com sangue armazenado por >
1 semana (o acúmulo de potássio normalmente é insignificante no sangue armazenado
por < 1 semana). A hemólise mecânica durante a transfusão pode aumentar os níveis de
potássio. Pode ocorrer hipopotassemia cerca de 24 h após a transfusão de eritrócitos
senescentes (> 3 semanas), que absorvem potássio.

A importância da hemovigilância

Diante da possibilidade de reação transfusional, é de fundamental importância o


acompanhamento da hemovigilância. Esse serviço tem a função de detectar as reações,
que podem ser comuns, graves ou raras, e iniciar os tratamentos devidos, que incluem:

 Parar a transfusão imediatamente;


 Verificar se o hemocomponente foi corretamente administrado ao paciente
destinado;
 Providenciar outro acesso venoso e manter com soro;
 Solicitar avaliação médica de imediato para diagnóstico;
 Comunicar a ocorrência ao Serviço de Agência Transfusional;
 Iniciar suporte clínico e administrar medicação prescrita;
 Providenciar carro de parada em caso de agravamento do quadro clínico e
agilizar a transferência do paciente para a UTI;
 Acalmar o paciente.

É importante frisar que todos os pacientes devem ser transfundidos em áreas


clínicas onde possam ser observados diretamente. Importante também que tal local conte
com equipe treinada na administração de hemocomponentes e no manejo de pacientes
transfundidos, incluindo o tratamento de emergência de anafilaxia.

Os pacientes devem ser solicitados a relatar os sintomas que se desenvolvem


dentro de 24 horas após o término da transfusão. Se um paciente que está recebendo uma
transfusão para hemorragia desenvolver hipotensão, uma avaliação de risco clínico
cuidadosa é necessária.

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Conclusão e Breves considerações

Após concluída as nossas pesquisas conseguimos chegar as seguintes conclusões:

1. A transfusão de sangue pode salvar vidas. Porém, como observado acima,


algumas reações adversas podem ocorrer durante o processo. Nesse sentido,
algumas alternativas podem ser utilizadas visando reduzir as possibilidades de tais
reações, a transmissão de doenças, a falta de sangue compatível, entre outros
aspectos.
2. Alternativas à transfusão de sangue, em geral, as opções alternativas são usadas
para pacientes que passarão por procedimento cirúrgico, e incluem:
 Evitar a anemia

No caso de uma cirurgia e o paciente apresentar anemia causada por falta de ferro,
deve ser-lhe oferecido esse mineral previamente para tratar esta situação.

 Ácido tranexâmico e recuperação de células

Os coágulos sanguíneos se formam para interromper o sangramento quando você


se machuca, seja por um corte na pele ou durante uma operação. O ácido tranexâmico é
um medicamento que ajuda o sangue a coagular melhor.

Isso pode evitar que exista perda de muito sangue durante uma operação. A equipe
cirúrgica também pode usar um equipamento especial para coletar todo o sangue, de
modo que possa ser devolvido posteriormente, chamado de ‘recuperação de células’.

Eritropoietina

A eritropoietina é um medicamento que ajuda o corpo a produzir mais glóbulos


vermelhos. Em geral, esse medicamento é usado apenas quando não há sangue do tipo
sanguíneo necessário disponível.

Tenha uma equipe preparada

Dessa forma, é possível observar que a transfusão de sangue é um processo


importante. Mas é necessária uma vigilância em relação às reações transfusionais.

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Nesse aspecto, é vital ter uma equipe preparada para realizar a hemovigilância a
fim de detectar logo aos primeiros sinais cada reação adversa. Além disso, uma análise
prévia do sangue do doador, bem como do receptor, também é essencial para evitar
qualquer complicação que possa advir do procedimento.

Isso requer uma equipe altamente treinada e capaz de detectar as reações


transfusionais. Como forma de aperfeiçoar o processo, protocolos clínicos podem ser
criados e seguidos pela equipe. Dessa forma, é possível dar mais segurança e qualidade
ao atendimento do paciente.

No entanto, se o hemocomponente for considerado a causa mais provável de


hipotensão, a transfusão deve ser interrompida ou trocada para um componente
alternativo e deve-se iniciar o manejo e investigação apropriados.

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Referências Bibliográficas

Documento digital, consultado em: Reação transfusional - Sintomas, diagnóstico


e tratamento | BMJ Best Practice

Por Ravindra Sarode , MD, The University of Texas Southwestern Medical Center

Avaliado clinicamente fev 2022

Link: Complicações da transfusão - Hematologia e oncologia - Manuais MSD


edição para profissionais (msdmanuals.com)

REAÇÕES TRANSFUSIONIAS (saude.rs.gov.br)

As Reações Transfusionais - Enfermagem Ilustrada

Documento digital, consultado em: O que são reações transfusionais e qual sua
relação com a hemovigilância : Nexxto

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