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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

BIOQUÍMICA

Alterações Metabólicas e Bioquímicas


em Pacientes com Dengue Hemorrágica:
Uma Análise Detalhada

Nathalia Gonçalves da Silva 28799666


Isabelly Campos Guedes 29936110
Gabriella Reberti Pereira 31549951
Karoline Aparecida Pereira da Silva 28814029
Lara Priscilla Soares Silva, 34138544
Jaála Prates Santos 29204313
Stefany Six 29826721
Laisa Aparecida Gonçalves de Oliveira 29076439
Ana Julia Sanchez Pacheco 29537070

SÃO PAULO
2024
Introdução
A dengue é uma doença viral transmitida principalmente pelos mosquitos Aedes
aegypti e Aedes albopictus. Sua importância como problema de saúde pública é
indiscutível, pois afeta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente em
regiões tropicais e subtropicais. Este trabalho se propõe a explorar a relevância da
dengue discutir as alterações bioquímicas referente a doença como a liberação de
mediadores inflamatórios e explicar os efeitos da doença na coagulação sanguínea

Aspectos Clínicos
Dengue clássica: Os sintomas incluem febre alta abrupta como o primeiro sinal,
dor de cabeça, dor muscular e articular, prostração, perda de apetite, cansaço, dor
nos olhos, náuseas, vômitos, erupção cutânea e coceira. Em alguns casos, pode
ocorrer hepatomegalia dolorosa. Crianças podem ter dor abdominal generalizada,
enquanto adultos podem apresentar pequenos sangramentos, como manchas na
pele, sangramento nasal, gengival, gastrointestinal, urinário ou vaginal. A duração
típica da doença é de 5 a 7 dias, com a regressão dos sintomas quando a febre
desaparece
Febre Hemorrágica da Dengue (FHD): os sintomas iniciais são semelhantes aos
da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas,
febre alta, hepatomegalia e insuficiência circulatória. Um achado laboratorial
importante é a trombocitopenia com hemoconcentração concomitante. A principal
característica fisiopatológica associada ao grau de severidade da FHD é a efusão do
plasma, que se manifesta através de valores crescentes do hematócrito e da
hemoconcentração
Contagem de plaquetas
As plaquetas são pequenas células presentes no sangue que desempenham um
papel crucial na coagulação sanguínea. Quando ocorre uma lesão, como um corte
na pele, as plaquetas são as primeiras a responder. Elas se acumulam na área
lesionada e ajudam a formar um "tampão" que interrompe o sangramento.
Trombocitopenia
Na dengue, o número de plaquetas no sangue pode diminuir significativamente. Isso
é chamado de trombocitopenia, está relacionado com a dengue em razão à
fisiopatologia dessa doença, que em casos mais graves, pode apresentar mais de
um sangramento, o que se relaciona com um maior consumo plaquetário decorrente
de coagulações vasculares disseminadas, aumento da incidência de anticorpos.
Quando a contagem de plaquetas está baixa, o corpo pode ter dificuldade em
controlar o sangramento, o que pode levar a complicações graves.
Fatores Bioquímicos Alterados na Dengue
Infecção pelo vírus da dengue: Tudo começa quando uma pessoa é picada por um
mosquito infectado pelo vírus da dengue. O vírus entra na corrente sanguínea e
infecta as células do sistema imunológico, como os macrófagos e os linfócitos.
Detecção do vírus: As células do sistema imunológico detectam a presença do vírus
da dengue e iniciam uma resposta imunológica para combatê-lo.
Liberação de mediadores inflamatórios: Como parte dessa resposta, as células do
sistema imunológico, como os macrófagos, liberam mediadores inflamatórios,
incluindo fatores de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e interleucina-
1 beta (IL-1β).
Aumento da resposta inflamatória: Esses mediadores inflamatórios ajudam a
aumentar a resposta inflamatória no local da infecção. Eles causam dilatação dos
vasos sanguíneos, aumentam a permeabilidade vascular e atraem células do
sistema imunológico, como os neutrófilos e os macrófagos, para o local da infecção.
Combate ao vírus: Os neutrófilos e os macrófagos são células que ajudam a
combater a infecção, englobando e destruindo as células infectadas pelo vírus da
dengue. Eles também ajudam a coordenar a resposta imunológica, ativando outras
células do sistema imunológico, como os linfócitos T e B.
Resolução da infecção: Com a ajuda dos mediadores inflamatórios e das células do
sistema imunológico, o corpo combate a infecção pelo vírus da dengue. A febre, as
dores musculares e outros sintomas associados à dengue são resultado dessa
resposta inflamatória e imunológica.

Níveis de Hematócrito:
O hematócrito é uma medida que indica a proporção de células vermelhas do
sangue em relação ao volume total de sangue. Ele é expresso como uma
porcentagem. Durante a dengue, pode ocorrer um fenômeno chamado
hemoconcentração.
Hemoconcentração ocorre quando há uma diminuição no volume de líquido no
sangue, mas a quantidade de células vermelhas permanece a mesma. Isso pode
ocorrer devido a diferentes fatores, como desidratação, extravasamento de fluido
dos vasos sanguíneos para os tecidos, ou uma combinação de ambos.
Na dengue, a hemoconcentração é um achado comum e significativo. Isso acontece
porque o vírus da dengue afeta a permeabilidade dos vasos sanguíneos, levando ao
vazamento de líquido para os tecidos circundantes. Como resultado, o volume de
líquido no sangue diminui, mas a quantidade de células vermelhas permanece a
mesma, levando a um aumento na concentração de células vermelhas e,
consequentemente, a um aumento no nível de hematócrito.
A hemoconcentração na dengue é clinicamente relevante porque pode indicar
desidratação e gravidade da infecção. Pacientes com hemoconcentração têm maior
risco de desenvolver complicações graves, como choque hemorrágico e síndrome
de choque da dengue. Portanto, a medição do nível de hematócrito é uma parte
importante da avaliação e monitoramento de pacientes com dengue, pois ajuda os
profissionais de saúde a identificar aqueles com maior risco de complicações e a
iniciar intervenções adequadas precocemente.

Níveis de Enzimas Hepáticas


As enzimas hepáticas, como a aspartato aminotransferase (AST) e a alanina
aminotransferase (ALT), são proteínas encontradas nas células do fígado. Elas
desempenham um papel importante no metabolismo e na função hepática. Quando
o fígado está lesionado ou inflamado, essas enzimas são liberadas na corrente
sanguínea em quantidades aumentadas, o que pode ser detectado em exames de
sangue.
Comprometimento Hepático na Dengue
Durante a infecção por dengue, o vírus pode causar danos ao fígado. Isso pode
ocorrer devido à replicação viral direta no fígado e à resposta imunológica do corpo
à infecção. Como resultado, os níveis de AST e ALT no sangue podem aumentar.
Em casos mais graves de dengue, como na dengue hemorrágica ou na síndrome de
choque da dengue, o comprometimento hepático pode ser mais pronunciado e
contribuir para complicações adicionais.
Implicações Clínicas
O monitoramento dos níveis de enzimas hepáticas na dengue é importante para
avaliar a extensão do comprometimento hepático e a gravidade da infecção.
Elevações persistentes ou marcantes dessas enzimas podem indicar maior risco de
complicações graves, como insuficiência hepática. Além disso, o acompanhamento
regular dos níveis de enzimas hepáticas ao longo do tempo pode ajudar os médicos
a avaliar a resposta ao tratamento e a tomar decisões clínicas apropriadas.

Níveis de Citocinas e Resposta Imunológica Exacerbada na Dengue


Durante a infecção por dengue, ocorre uma resposta imunológica exacerbada, na
qual o sistema imunológico do corpo reage de forma intensa ao vírus. As citocinas
pró-inflamatórias desempenham um papel crucial nessa resposta exagerada.
Interleucina-6 (IL-6): A IL-6 é uma citocina pró-inflamatória secretada principalmente
por células do sistema imunológico em resposta à infecção. Na dengue, os níveis de
IL-6 aumentam significativamente, contribuindo para a resposta inflamatória e para a
ativação de outras células do sistema imunológico.
Interleucina-8 (IL-8): A IL-8 é outra citocina pró-inflamatória que desempenha um
papel na atração de células inflamatórias para o local da infecção. Durante a
dengue, os níveis de IL-8 também aumentam, ajudando a recrutar células do
sistema imunológico, como os neutrófilos, para combater o vírus.
Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-α): O TNF-α é uma citocina pró-inflamatória
que desempenha um papel na ativação de células do sistema imunológico e na
promoção da inflamação. Durante a infecção por dengue, os níveis de TNF-α
aumentam, contribuindo para a resposta imunológica exacerbada e para os
sintomas inflamatórios da doença.
Interferon-Gama (IFN-γ): O IFN-γ é uma citocina que desempenha um papel na
ativação de células do sistema imunológico, incluindo células T e células natural
killer (NK), para combater a infecção viral. Durante a dengue, os níveis de IFN-γ
também podem aumentar, contribuindo para a resposta imunológica contra o vírus.

Os níveis de citocinas pró-inflamatórias, como IL-6, IL-8 e TNF-α, durante


a infecção.
Mediadores Inflamatórios: São substâncias como o fator de necrose tumoral alfa
(TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e interleucina-1 beta (IL-1β). Eles são liberados em
resposta à infecção por dengue e desempenham um papel crucial na promoção da
inflamação, aumentando a permeabilidade dos vasos sanguíneos e recrutando
células do sistema imunológico para o local da infecção. Essa inflamação é uma
parte importante da resposta do corpo ao vírus, ajudando a combater a infecção.

Exames Específicos
A comprovação laboratorial das infecções pelo vírus da dengue faz-se pelo
isolamento do agente ou pelo emprego de métodos sorológicos - demonstração da
presença de anticorpos da classe IgM em única amostra de soro ou aumento do
título de anticorpos IgG em amostras pareadas (conversão sorológica).

Isolamento: é o método mais específico para determinação do sorotipo responsável


pela infecção. A coleta de sangue deverá ser feita em condições de assepsia, de
preferência no terceiro ou quarto dia do ínicio dos sintomas.

Após o término dos sintomas não se deve coletar sangue para isolamento viral.
Sorologia: os testes sorológicos complementam o isolamento do vírus e a coleta de
amostra de sangue deverá ser feita após o sexto dia do início da doença.

Tratamento e Cuidados
Dengue clássica: Não há tratamento específico. A medicação é apenas
sintomática, com analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Devem ser
evitados os salicilatos e os antiinflamatórios não hormonais, já que seu uso pode
favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas e acidose. O paciente
deve ser orientado a permanecer em repouso e iniciar hidratação oral.
Febre Hemorrágica da Dengue - FHD: os pacientes devem ser observados
cuidadosamente para identificação dos primeiros sinais de choque. O período crítico
será durante a transição da fase febril para a afebril, que geralmente ocorre após o
terceiro dia da doença. Em casos menos graves, quando os vômitos ameaçarem
causar desidratação ou acidose, ou houver sinais de hemoconcentração, a
reidratação pode ser feita em nível ambulatorial.

Educação em Saúde e Participação Comunitária


É necessário promover, exaustivamente, a Educação em Saúde até que a
comunidade adquira conhecimentos e consciência do problema para que possa
participar efetivamente. A população deve ser informada sobre a doença (modo de
transmissão, quadro clínico, tratamento etc.), e também sobre (seus hábitos,
criadouros domiciliares e naturais) para melhores medidas de prevenção e controle.

Referências Bibliográficas:
1.SOUZA , Beatriz Lima et al. Principais alterações hematológicos e bioquímicas
presentes em pacientes infectados com covid-19 e dengue no brasil. Acervo
saúde , Pernambuco, v. 23, n. 7, p. 1-12, 7 jul. 2024. Disponível em:
https://doi.org/10.25248/REAS.e13179.2023. Acesso em: 4 abr. 2024.
2.Brasil. Ministério da Saúde. Fundacão Nacional de Saúde. Dengue: aspectos
epidemiológicos, diagnóstico e tratamento / Ministério da Saúde, Fundação
Nacional de Saúde. – Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002. 20p.: il. – (Série
A. Normas e Manuais Técnicos, nº 176).
3.DIAS, Larissa B.A. et al. Dengue : Transmissão, aspectos clínicos, diagnósticos, e
tratamento. Simpósio: Condutas em enfermaria de clínica médica de hospital de
média complexidade, [s. l.], v. 43, ed. 2, 2010.
4.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Dengue:
diagnóstico e manejo clinico: adulto e criança. 2ª edição. Brasília 2005.
5.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Dengue: roteiro
para capacitação de profissionais médicos no diagnóstico e tratamento -
Manual do monitor. 3ª edição. Brasília 2007.

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