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FACULDADE DE MEDICINA
DISCENTES:
Jéssika Jenniffer Rocha Beserra
Júlia Costa Alves Simões
Lara Juliana Henrique Fernandes
Matheus Cerqueira Monteiro
Goiânia - GO
2022
SUMÁRIO
Introdução Página 3
Epidemiologia Página 5
Etiologia Página 5
Fisiopatologia Página 8
Diagnóstico Página 10
Tratamento Página 12
A Sepse pode ser definida como uma síndrome clínica caracterizada por alterações biológicas,
fisiológicas e bioquímicas no hospedeiro, resultando na disfunção no funcionamento de órgãos e
sistemas, secundária à resposta inflamatória desregulada a uma infecção.
Essa infecção pode iniciar de forma grave ou começar moderada e evoluir por não ter sido
tratada ou controlada adequadamente. É uma infecção que pode acarretar uma resposta inflamatória
inicial no próprio órgão onde ela se originou e pode se estender, acometendo outros órgãos também,
causando uma inflamação em diferentes partes do corpo. A sepse afeta pessoas de qualquer idade,
sendo mais comum em recém nascidos, pacientes idosos ou que possuem algum grau de deficiência no
sistema imune, que chamamos de imunossupressão.
Atualmente, sabe-se que a resposta do organismo para combater ao patógeno é o que provoca
uma resposta inflamatória sistêmica descontrolada, não regulada e autossustentável responsável pela
lesão celular e disfunções orgânicas atribuídas à sepse.
Já o choque séptico pode ser caracterizado como sepse associada à hipotensão que persiste
após ressuscitação com fluidos, sendo um subconjunto da sepse com significativo aumento da
mortalidade devido a anomalias graves de circulação e/ou metabolismo celular. É necessário o uso de
drogas vasopressoras ou na presença de hiperlactatemia após reanimação volêmica adequada, para
manter uma pressão arterial média ≥ 65 mmHg e um nível sérico de lactato > 18 mg/dL [2 mmol/L].
A sepse vem adquirindo destaque devido ao aumento de sua incidência motivada por diversos
fatores, entre eles se encontram:
● melhoria no atendimento de emergência, fazendo com que mais pacientes graves sobrevivam
ao insulto inicial;
● crescimento da resistência bacteriana;
● aumento do número de pacientes imunossuprimidos e da população idosa, favorecendo assim
uma população com maior risco para o desenvolvimento de infecções graves;
● aumento de notificação, decorrente da melhor percepção por parte dos profissionais de saúde
do problema.
É muito importante reconhecer a sepse mais rapidamente, pois se trata de uma infecção que
depende do momento em que foi diagnosticada. Assim, o Dia Mundial da Sepse (13 de setembro)
propõe conscientizar a população sobre esta síndrome, a principal causadora de mortes dentro das
unidades de tratamento intensivo (UTIs). De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a sepse
mata 11 milhões de pessoas a cada ano, muitas delas crianças e idosos, e incapacita outros milhões e a
pandemia causada pelo Covid-19 contribuiu para o aumento desta síndrome nas unidades de saúde.
Em agosto de 1991, o American College of Chest Physicians e a Society of Critical Care
Medicine, uniformizou algumas definições para facilitar as condutas e publicações médicas, como:
● Infecção: fenômeno microbiano, caracterizado por uma resposta inflamatória à presença de
microorganismos ou à invasão de tecidos normalmente estéreis por estes organismos;
● Bacteremia: presença de bactérias viáveis na corrente sangüínea;
● Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS): é uma resposta inflamatória a uma
grande variedade de condições clínicas severas. Essa resposta é manifestada por duas ou mais
das seguintes condições:
1) temperatura > 38o C ou < 36o C;
2) freqüência cardíaca > 90 bpm;
3) freqüência respiratória > 20 ipm ou pCO2 < 32 mmHg;
4) contagem de glóbulos brancos > 12.000/ mm3 ou < 4.000/ mm3 ou bastonetes > 10%;
● Sepse: resposta inflamatória à infecção, manifestada por duas ou mais das seguintes
condições:
1) temperatura > 38o C ou < 36o C;
2) freqüência cardíaca > 90 bpm;
3) freqüência respiratória > 20 ipm ou pCO2 < 32 mmHg;
4) contagem de glóbulos brancos > 12.000/ mm3 ou < 4.000/mm3 ou bastonetes > 10%;
● Sepse grave (severa): sepse associada com disfunção orgânica, hipoperfusão ou hipotensão.
Hipotensão e anormalidades da perfusão podem incluir, mas não são limitadas por acidose
lática, oligúria ou uma alteração aguda no estado mental;
● Hipotensão relacionada à sepse: pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou uma redução > 40
mmHg da linha de base, na ausência de outras causas de hipotensão;
● Choque séptico: sepse relacionada com hipotensão, apesar da adequada reposição volêmica
com a presença de anormalidades da perfusão que podem estar associadas à acidose
metabólica, oligúria ou alteração aguda do estado mental. Pacientes que recebem agentes
inotrópicos ou vasopressores podem não estar hipotensos no momento em que as
anormalidades da perfusão são medidas;
● Síndrome da disfunção de múltiplos órgãos (SDMO): presença da alteração na função
orgânica, em um paciente agudamente enfermo, de modo que a homeostasia não possa ser
mantida sem suporte avançado de vida.
Os critérios diagnósticos de sepse também evoluíram com o tempo, em 2016, Singer et al.,
com o Sepse 3.0, definiram sepse como a presença de infecção suspeita ou confirmada associada com
elevação aguda no escore SOFA de 2 pontos ou mais (assume-se escore 0 em pacientes sem disfunção
orgânica preexistente conhecida).
EPIDEMIOLOGIA
Apesar da mortalidade global da sepse apresentar redução nos últimos 20 anos, devido a
melhoria no atendimento na emergência, a incidência da síndrome aumenta. Isso ocorre devido:
● aumento da população e da expectativa de vida, aumentando a população suscetível de
pessoas com idade avançada, doenças crônicas e imunossuprimidos.
● maior número de pacientes convivendo com imunossupressão (pacientes
transplantados, em programas de quimioterapia, ou convivendo com o HIV/AIDS);
● o uso indiscriminado de antibióticos e o consequente surgimento de resistência
bacteriana a essas drogas;
● falta de reconhecimento e tratamento imediato nos hospitais. Muitos deles não contam
com um protocolo de sepse, gerando assim o diagnóstico ou tratamento tardio da
infecção;
● falta de reconhecimento por parte da população leiga, ausência de uma ampla
campanha de combate a sepse em nível nacional.
A sepse é a principal causa de morte em unidades de terapia intensiva (UTIs) não
cardiológicas, com elevadas taxas de letalidade, sua incidência nas UTIs do Brasil é de 36 por 1.000
pacientes/dia com mortalidade de cerca de 55% dos acometidos. Ela também é uma das principais
causas de mortalidade hospitalar tardia no país, superando infarto agudo do miocárdio e câncer.
Os fatores de risco incluem:
● extremos de idade;
● doenças imunossupressoras;
● câncer;
● medicamentos imunossupressores;
● diabetes;
● abuso de álcool;
● cateteres venosos ou outras condições que envolvam integridade cutânea.
ETIOLOGIA
A causa mais frequente de sepse é a pneumonia, estimando-se que até 48% dos pacientes
internados com diagnóstico de pneumonia evoluem com sepse. Assim, o pulmão é o principal foco de
sepse, representando 64% dos casos de sepse. Outros focos comuns incluem o abdome (20%), a
corrente sanguínea (15%) e o trato geniturinário (14%).
A sepse pode ter origem na comunidade, ser nosocomial ou associada a cuidados de saúde,
sendo a maioria casos da comunidade (80% ).
- Etiologias de sepse e manifestações clínicas
Pneumonia Tosse, dispneia, expectoração purulenta
Deve-se ser racional e consciente ao realizar o pedido de exames, a partir da suspeita clínica.
Mas de maneira geral, são solicitados para todos os pacientes com suspeita de sepse, dois pares de
hemoculturas (meios de cultura para anaeróbio e aeróbio), deve ser preferencialmente antes da
administração de antibióticos, não havendo atraso nessa administração. Para mais, visto que pode
indicar o diagnóstico etiológico (pneumonia, pielonefrite, apendicite etc.), presença de complicações
(disfunção miocárdica) e orientar o tratamento (reposição volêmica), a ultrassonografia point-of-care
(USPOC) tem ganhado importância na sepse.
Exames laboratoriais para avaliação de disfunções orgânicas:
FISIOPATOLOGIA
DIAGNÓSTICO
Escore NEWS
Pacientes com ≥ 2 dos seguintes critérios qSOFA devem ser submetidos a investigação clínica
e laboratorial adicional:
TRATAMENTO
Os objetivos de cuidado para o paciente com sepse passam primeiro pela identificação
daqueles com sepse possível e diagnóstico precoce. Em seguida, é feita a coleta de culturas. A
antibioticoterapia deve ser precoce e adequada, mantendo o suporte às disfunções orgânicas. A
ressuscitação volêmica é feita conforme a necessidade; bem como a utilização de vasopressores.
Mantém-se a atenção à transferência para unidade de internação ou UTI.
Em até uma hora da apresentação do paciente no departamento de Emergências, deve ser
iniciada a antibioticoterapia precoce. Apesar do benefício da antibioticoterapia precoce ainda estar em
estudo em relação à sepse, para o choque séptico sua importância já está consolidada. A cada hora de
atraso no início do antibiótico nesse último caso, a sobrevivência diminui cerca de 7,6% (VELASCO
et al, 2020).
A sugestão é o direcionamento da antibioticoterapia para o foco suspeito da infecção, sendo a
escolha inicial por droga ou associação de amplo espectro. A partir do momento em que os patógenos
tiverem sido isolados pelas culturas coletadas anteriormente e tiverem sua sensibilidade definida, o
espectro de antibióticos deve ser reduzido. Portanto, fatores como foco de infecção, uso prévio de
antibióticos, internação recente ou uso de serviços de saúde, presença de comorbidades e
imunodepressão, uso de dispositivos invasivos e padrões de resistência locais influenciam a escolha do
antimicrobiano a ser administrado.
Em relação a pacientes sépticos com sinais de má perfusão, recomenda-se reposição volêmica
inicial com 30 mL/kg de solução cristalóide, de preferência, o ringer lactato. A administração deve ser
feita em bolus, em infusão rápida. Quando possível, a responsividade do paciente a essa terapia deve
ser avaliada antes de cada infusão, sendo considerado como responsivo o paciente com aumento de
15% do débito cardíaco com a manobra de elevação passiva das pernas. Em situação que não é
possível fazer essa avaliação,a sugestão é analisar a resposta clínico-hemodinâmica e presença e
ausência de congestão pulmonar antes e após cada bolus.
A pressão arterial média alvo em pacientes em choque séptico é de 65 mmHg, enquanto
pacientes hipertensos tem alvo em 80-85 mmHg. Se necessário para alcançar esses valores, drogas
vasopressoras estão indicadas, sendo a noradrenalina a escolha preferencial. Adrenalina, vasopressina
e dobutamina também podem ser associadas. As doses desses medicamentos estão descritas abaixo.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
VELASCO, I. T. et al. Medicina de emergência: abordagem prática. 14ª ed. Manole, 2020.
SEYMOUR, C. W. et al. Assessment of Clinical Criteria for Sepsis. JAMA, v. 315, n. 8, p. 762, 23
fev. 2016.
BHATTACHARJEE, P.; EDELSON, D. P.; CHURPEK, M. M. Identifying Patients With Sepsis on the
Hospital Wards. Chest, v. 151, n. 4, p. 898–907, abr. 2017.
FUCHS, A. Sepse: a maior causa de morte nas UTIs. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://portal.fiocruz.br/noticia/sepse-maior-causa-de-morte-nas-utis#:~:text=Segundo%20a%20Orga
niza%C3%A7%C3%A3o%20Mundial%20da,organismo%20produzidas%20por%20uma%20infec%C
3%A7%C3%A3o.>. Acesso em: 31 maio. 2022.
•file:///C:/Users/Admin/Downloads/7681-Texto%20do%20artigo-10243-1-10-20120507.pdf
•https://pebmed.com.br/guidelines-da-surviving-sepsis-campaign-2021-abordagem-inicial-da-sepse-e-choque-se
ptico/
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