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O termo tromboembolismo venoso (TEV) refere-se às seguintes condições patológicas: tromboembolismo pulmonar,
trombose associada a cateteres venosos centrais e trombose venosa profunda. Portanto, a profilaxia da TVP, irá
consequentemente prevenir outros tipos de TEV.
FATORES DE RISCO PARA TVP
Tríade de Virchow são os principais fatores diretamente ligados à gênese dos trombos:
1- Estase sanguínea;
2- Lesão endotelial
3- Estados de hipercoagulabilidade
CLASSIFICAÇÃO
A TVP nos membros inferiores é dividida, simplificadamente, segundo sua localização:
- Proximal (mais comum) - quando acomete veia ilíaca e/ou femoral e/ou poplítea.
- Distal - quando acomete as veias localizadas abaixo da poplítea.
O risco de EP e a magnitude da síndrome pós-trombótica (SPT) decorrente da TVP proximal são maiores.
SINAIS CLÍNICOS DA TVP
É importante destacar que a avaliação clínica sozinha não é suficiente para fazermos o diagnóstico ou descartarmos
o diagnóstico de TVP, pois em apenas 50% dos casos os achados clínicos se relacionam com a doença, o que significa
isso? Significa que nem sempre iremos achar sinais clínicos de dor, edema, eritema, empastamento da panturrilha, e
aumento da temperatura nos pacientes com TVP e assimetria maior que 3 cm entre as panturrilhas. Apesar de nem
sempre acharmos os sinais clássicos nos pacientes com TVP, isso não excluiu a importância do exame físico.
- Os três sintomas principais de TVP são os sinais flogísticos, principalmente quando é unilteral. O principal sinal
flogístico que nos indica que pode ser TVP é o edema. O edema tem uma especificidade de 33% e uma
sensibilidade de 97%.
Depois do principal sinal de TVP, que é o edema, vem a dor que tem uma sensibilidade 86% e calor com uma
sensibilidade de 72% e especificidade de 48%.
AVALIAÇÃO DE RISCO EM PACIENTES CLÍNICOS
RECOMENDA-SE que todos os pacientes internados, sejam avaliados quanto ao risco de desenvolver
tromboembolismo venoso. Caso este risco seja alto, RECOMENDA-SE a avaliação do risco de sangramento, antes que a
profilaxia farmacológica seja prescrita.
Considere o uso do escore de risco de PADUA e do escore IMPROVE para avaliação de risco de TEV e de
sangramento, respectivamente:
- Baixo risco de TEV: julgamento clínico e/ou pontuação < 4 no escore PADUA;
- Baixo risco de sangramento: julgamento clínico e/ou pontuação < 7 no escore IMPROVE;
- Procedimento cirúrgico esperado para as próximas 12 horas (se função renal normal suspende anticoagulantes
24 horas antes do procedimento cirúrgico; se função renal prejudicada suspender 48-72 horas da cirurgia)
4. AVE ISQUÊMICO:
NÃO realizar a profilaxia dentro das primeiras 24h após a utilização de trombolíticos. Avaliar os fatores de risco e
contraindicações.
5. HEMORRAGIA SUBARACNOIDEA:
NÃO fazer profilaxia farmacológica em pacientes com aneurisma não abordados. Somente iniciar a profilaxia
farmacológica 24 após a clipagem ou embolização do aneurisma, desde que se garanta uma hemostasia adequada e o
risco de sangramento seja baixo.
Considere o uso da profilaxia mecânica, quando disponível, na maioria dos pacientes com HSAE. Quando indicada,
considere o início da profilaxia mecânica, quando disponível, desde a admissão hospitalar.
Mantenha a profilaxia com HBPM até o parto, recomenda-se sua suspensão 24h antes da indução do trabalho de
parto ou cesariana. No pós-parto, considere a sua manutenção por 6 semanas.
*Lembrar que não precisamos fazer a profilaxia se essa gestante já faz o uso de anticoagulante, isso é válido para
todos os pacientes.
RECOMENDA-SE o uso da heparina de baixo peso molecular em relação aos outros anticoagulantes.
Não há estudos suficientes para comprovar melhor eficácia dos métodos físicos, sobre a quimioprofilaxia. Portanto,
esta modalidade profilaxia deve ser escolha apenas nos casos em que houver contraindicação ao uso da profilaxia
química.
FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
1. Protocolo Sírio Libanês. Hospital Sírio Libanês. Disponível em:
https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/institucional/gestao-da-qualidade/Documents/2018-11-01-protocolos/
Protocolo%20TEV/Protocolo%20TEV_VF.pdf . Acesso em 15/01/2022
2. AMARAL, Cristina et al. Recomendações Perioperatórias para Profilaxia do Tromboembolismo Venoso no Doente
Adulto. Consenso Nacional Multidisciplinar 2014. Revista Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, 2014, v. 23, n. 3, p. 1-
14, 7 jan. 2014. DOI https://doi.org/10.25751/rspa.4831. Disponível em:
https://revistas.rcaap.pt/anestesiologia/article/view/4831. Acesso em: 17 jan. 2022.
3. Protocolo Santa Casa de BH. Santa Casa de BH. Disponível em:
http://www.santacasabh.org.br/app/webroot/files/uploads/Protocolo%20sobre%20profilaxia%20de
%20tromboembolismo%20venoso.pdf . Acesso em 15/01/2022.
4. Pai M, Douketis JD. Prevention of venous thromboembolic disease in surgical patients: literature review current
through Mar 2018; disponível em www.uptodate.co.
5. National Institute for Health and Care Excellence (2018): Venous thromboembolism in over 16s: reducing the risk of
hospital-acquired deep vein thrombosis or pulmonar embolism (NICE Guideline 89). Disponível em:
https://www.nice.org.uk/guidance/ng89.
6. Caprini JA, Hyers TM. Compliance with antithrombotic guidelines. Manag Care. 2006;15(9):49-66.
Protocolo Clínico
EPIDEMIOLOGIA
Sangramento digestivo clinicamente importante em UTI tem incidência de 1,5 a 5%, destes, aproximadamente
40% são realmente devido à úlcera por estresse. Nesses casos, ocorre aumento do tempo de internação em 8 dias, com
mortalidade atribuída de 50%.
FISIOPATOLOGIA
As úlceras de estresse resultam de um desequilíbrio entre a produção de fatores protetores da mucosa e da
produção de ácido gástrico.
A proteção da mucosa fica prejudicada pelo aumento concentrações de sais biliares refluídos ou toxinas
urêmicas, que são comuns em pacientes críticos. Além disso, a síntese da barreira mucosa pode ser diminuída quando
há má perfusão intestinal causada por hipovolemia, choque, sepse ou trauma.
Além disso, ocorre hipersecreção de ácido devido ao excesso de gastrina por estimulação de células parietais. Esse fator
não se apresenta em todos os casos, pois a produção de ácido pode estar normal em muitos pacientes críticos.
QUADRO CLÍNICO
Deve-se suspeitar de sangramento de úlceras de estresse em pacientes criticamente enfermos com evidência de
hematêmese, melena, anemia e/ou hipotensão e choque.
Para aqueles com sangramento evidente e/ou clinicamente significativo, a endoscopia é normalmente indicado,
particularmente quando os resultados podem afetar a tomada de decisão e/ou há suspeita de lesão potencialmente
tratável. O diagnóstico é tipicamente confirmado pela visualização de lesões superficiais/erosões na mucosa gástrica na
avaliação endoscópica.
Nos casos de sangramento oculto, o diagnóstico é presuntivo e a maioria dos especialistas não realiza endoscopia
diagnóstica. A maioria dos especialistas trata o sangramento oculto usando uma estratégia de aumento vigilância e
otimização de agentes profiláticos.
NÃO. O uso indiscriminado dessa profilaxia em todos os pacientes não se justifica, têm potenciais efeitos
adversos, interações com a alimentação e remédios e implicações de custos.
O uso indiscriminado da profilaxia para úlcera de estresse se iniciou com a disseminação do FAST HUG.
Análises evidenciam o risco aumentado de pneumonia associada à ventilação mecânica e de infecção por
Clostridium Difficile na unidade de terapia intensiva em pacientes que utilizam medicações para profilaxia de
úlcera por estresse.
IBP gera diminuição do ácido estomacal, causando inibição da absorção de cálcio.
Redução da eficácia do Clopidogrel: ocorre por inibição competitiva do citocromo CYP2C19, que é necessário
para metabolizar o Clopidogrel em sua forma ativa.
A supressão ácida causa redução da absorção de magnésio, ferro e vitamina B12
USAR EM QUEM?
Utilizar em pacientes com ALTO RISCO para sangramento clínico importante.
Estudos mostraram dois principais fatores de risco para sangramento significativo causado por úlceras de
estresse: ventilação mecânica por mais de 48 horas e coagulopatia, definida como uma contagem de plaquetas <
50.000, RNI>1,5, ou um TTPA>dobro do valor de controle.
A incidência de sangramento GI clinicamente importante entre pacientes com um ou ambos desses fatores de
risco foi de 3,7% em comparação com 0,1% entre os pacientes sem nenhum fator de risco.
Pacientes com qualquer uma das seguintes características são considerados com alto risco para sangramento, e,
portanto possuem indicação para utilização de profilaxia:
Ventilação mecânica > 48 horas
Coagulopatia (plaquetas < 50.000 ou RNI>1,5 ou TTPA > 2x valor de controle);
História de ulceração GI ou sangramento GI no último ano;
Trauma cranioencefálico;
Trauma raquimedular;
Grandes queimaduras (>35% da superfície corporal total);
Uso de AINES ou de antiagregantes plaquetários;
Paciente em ECMO (Membrana de Oxigenação Extra Corpórea)
Dois ou mais dos seguintes critérios menores: sepse, internação na UTI mais de uma semana, sangramento GI
oculto por seis ou mais dias ou terapia com glicocorticoides (mais de 250 mg de hidrocortisona ou
equivalente – 60 mg de Prednisona).
OBS: As evidências ainda são insuficientes para justificar o uso da profilaxia em pacientes com nutrição enteral ou com
infecção por Helicobacter pylori, portanto não é indicado até o momento.
Um inibidor da bomba de prótons (IBP) oral é preferido em vez de um agente profilático alternativo.
Essa preferência é baseada em ensaios randomizados e meta-análises que relatam que os IBPs são mais eficazes
do que outros agentes. No geral, as evidências favorecem os IBPs com base em meta-análises que relatam
possível superioridade de IBPs na redução de sangramento GI clinicamente importante em comparação com
bloqueadores H2. No entanto, a evidência é limitada porque muitos dos estudos eram imprecisos ou tinham
outras falhas metodológicas significativas (pacientes com trauma, queimaduras graves ou lesão medular foram
excluídos).
Há preferência de IBP oral do que o endovenoso. Para pacientes críticos que não podem receber medicações enterais,
preferimos um IBP intravenoso (IV).
Nos Estados Unidos, o pantoprazol é o IBP mais comumente prescrito na UTI para profilaxia, embora não haja dados
comparativos entre os IBPs que sugiram que um é superior ao outro. Da mesma forma, não há dados comparando
bloqueadores H2 entre si. Ou seja, dentro de uma classe escolhida, muitos médicos prescrevem um agente que é
determinado pelo hospital ou baseado em sua prática médica.
Exceção é feita aos pacientes em uso de antiagregação plaquetária com Clopidogrel , cujo efeito pode ser reduzido, já
que há uma inibição da enzima CYP2C19 (necessária para conversão da pró-droga) pelos IBP. Nestes casos, deve-se
realizar a profilaxia com antagonista H2.
POSOLOGIA
Omeprazol 20mg VO MID ou Omeprazol 40mg EV MID
Ranitidina 50mg EV 8/8 horas ou Ranitidina 150mg VO 12/12 horas.
DURAÇÃO DA PROFILAXIA
A profilaxia deve ser descontinuada quando o paciente não estiver mais em risco de ulceração por estresse. No
entanto, os critérios que indicam quando é seguro retirar a profilaxia, ainda estão em falta. No entanto, a maioria dos
especialistas considera descontinuar a profilaxia após a alta da UTI (ou seja, o paciente não está mais gravemente
doente), a menos que haja permanência dos fatores de risco (por exemplo, coagulopatia, positividade de sangue
oculto).
FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
Naseem Eisa, MD, Fateh Bazerbachi, MD, Abdul Hamid Alraiyes, MD and M. Chadi Alraies, MD. Do all hospitalized
patients need stress ulcer prophylaxis? Cleveland Clinic Journal of Medicine January 2014, 81 (1) 23-25; DOI:
https://doi.org/10.3949/ccjm.81a.13070
FILHO, Roberto Rabelo. Guia do Episódio de Cuidado - Profilaxia de Úlcera por Estresse. Albert Einstein- Sociedade
Beneficente Israelita Brasileira, 2021.
G.L. Weinhouse. Stress ulcers in the intensive care unit: Diagnosis, management, and prevention. UpToDate. Disponível
em: https://www.uptodate.com/contents/stress-ulcers-in-the-intensive-care-unit-diagnosis-management-and-
prevention. Acesso em: 10 jan. 2022
Elizabeth Buss Lunardelli. Protocolo Clínico – Profilaxia De Úlcera De Estresse. Universidade Federal de Santa Catarina-
Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani De São Thiago- Serviço De Terapia Intensiva. JULHO/2016