Você está na página 1de 47

Profilaxias na

enfermaria
Apresentação: Vanessa Almeida – R1 Clínica Médica
Orientação: Dra Mayana – Staff da Residência de
Clínica Médica

1
Objetivos da aula
1. Profilaxia de Tromboembolismo Venoso

2. Profilaxia de Úlcera de Estresse

3. Profilaxia de Lesão por Pressão

4. Prevenção de Quedas

5. Prevenção de Delirium

6. Higienização das Mãos


2
Profilaxia de Tromboembolismo Venoso (TEV)

Trombose venosa profunda e embolia pulmonar

A doença tromboembólica venosa é responsável por aproximadamente 10%


dos óbitos hospitalares.

Profilaxia medicamentosa reduz a incidência de TEV, em uma busca ativa, de 15


para 5% em doentes clínicos internados

Em todo o mundo, apenas 50% dos pacientes internados, clínicos e cirúrgicos em


risco de TEV fazem a profilaxia.

3
Fatores de Risco para TEV

Manual do residente de Clinica médica 2° Ed. 4


Avaliação de risco

Anamnese e Exame Físico completos.

Pacientes com pelo menos 1 fator de risco, aumenta o risco para o desenvolvimento
de TVP e/ou embolia pulmonar.

 ESCORES:
1. Padua Prediction Score
2. Improve
3. Genebra

5
Escore de Pádua

 Insuficiência cardíaca ou  Trauma ou cirurgia < 1  Câncer < 6 meses


respiratória mês  Histórico de TEV
 AVC ou IAM  Imobilidade
 Doença infecciosa aguda ou  Estado de hipercoagulação pré
doença reumatológica existente
 IMC ≥ 30 kg/m2

1 PONTO 2 PONTOS 3 PONTOS

0a3 Baixo risco; 0,3% de risco de TEV


pontos: sintomático

4 a 20 Maior risco; 11% de risco de TEV


pontos: sintomático

Uptodate, 2022
6
Profilaxia

Pacientes de alto risco: Tromboprofilaxia


farmacológica.

Pacientes de risco moderado: Pelo menos 1 fator


de risco e sem risco aumentado de sangramento:
Tromboprofilaxia farmacológica ou nenhuma
profilaxia

Pacientes de baixo risco: Sem fatores de risco:


Deambulação precoce com ou sem métodos
mecânicos de tromboprofilaxia.

7
Métodos Mecânicos

Indicação: Pacientes de elevado risco de sangramento ou como


adjuvante às terapias farmacológicas.

• Compressão pneumática intermitente.


• Meias de compressão graduada.

8
Tromboprofilaxia farmacológica

• Contraindicações à profilaxia farmacológica:


Absolutas: hipersensibilidade aos anticoagulantes,
trombocitopenia induzida por heparina (TIH) < 100 dias,
sangramento ativo, bloqueio espinal ou coleta de liquor < 2 horas.
Relativas: TIH > 100 dias, plaquetopenia < 100.000,
coagulopatia, HAS não controlada (> 180x110mmHg).

9
Risco de sangramento

IMPROVE Bleeding Risk

Pontuações de risco de 1: 0,5% Fatores de risco de sangramento


Úlcera gastroduodenal
Sangramento < 3 meses
Pontuações de risco de 4: 1,6% Plaquetas < 50.000
Insuficiência Hepática
Permanência na UTI
Pontuações de risco de 7: 4,1% Cateter venoso central
Doenças reumáticas
Câncer atual
Pontuações de risco de 15: 14% Sexo (M ou F)
Idade (< 40a / 40 – 84a / ≥ 85a)
Disfunção renal (<30 / 30 – 59 / ≥ 60)

10
Tromboprofilaxia farmacológica

• Drogas, doses e tempo de profilaxia


• Heparina não fracionada: 5.000 UI, SC, 8/8h.
• Enoxaparina: 40 mg, SC, 1 vez ao dia.
• Dalteparina: 5.000 UI, SC, 1 vez ao dia.
• Nadroparina:
• se peso < 70 kg: 3.800 UI, SC, 1 vez ao dia;
• se peso ≥ 70 kg: 5.700 UI, SC, 1 vez ao dia.
• Fondaparina: 2,5 mg, SC, 1 vez ao dia.

• A profilaxia deve ser mantida por 6-14 dias caso os fatores de risco tenham
desaparecido, mesmo que o paciente não esteja mais hospitalizado

11
Tromboprofilaxia farmacológica – casos especiais

• Insuficiência renal
• Clearance de creatinina < 30 mL/min): heparina não fracionada (acompanhando-se com
TTPa que não deve se alterar), heparina de baixo peso molecular (Enoxaparina deve ser
acompanhada com anti-Xa, que deve ser < 0,5 UI/mL), ou, ainda, redução da dose pela
metade.
• Obesidade grau III
• Enoxaparina 40 mg, 2 vezes/dia.
• AVC hemorrágico
• Podem receber profilaxia medicamentosa apenas após 2-4 dias do evento, desde que
estejam estáveis clinicamente e que haja imagem de SNC com estabilização do
sangramento.

12
Profilaxia de Úlcera de estresse

13
Profilaxia de Úlcera de estresse

Ulceração do trato gastrointestinal superior (GI) (esôfago, estômago, duodeno) que


ocorre devido à hospitalização

A prevenção primária de sangramento GI de úlceras de estresse é conhecida como


profilaxia de úlcera de estresse (SUP).

O sangramento por úlcera de estresse aumenta a mortalidade em 1-4 vezes e/ou o


tempo de internação em 4-8 dias

14
Fisiopatogenia – Multifatorial:

• Desbalanço entre os mecanismos de


produção de secreção ácida e de
proteção da mucosa
• Lesões na integridade do epitélio
gastrointestinal
• Distúrbios de motilidade
• Hipoperfusão esplâncnica secundária
a choque hemodinâmico
• Alteração na secreção gástrica.

Netter, 2011

15
Fatores de Risco para úlcera de estresse – pacientes críticos

VM por mais de 48 horas

Coagulopatia (Plaquetas < 50.000/mm3, TTPa > 2 vezes o limite superior da normalidade ou INR > 1,5).

Instabilidade Hemodinâmica

Queimaduras graves

Traumatismo cranioencefálico grave

16
Profilaxia de Úlcera de estresse não críticos

A profilaxia de atividade ulcerosa em pacientes sabidamente ulcerosos, que necessitam


do uso de anti-inflamatórios, é bem estudada e mostra que o uso de inibidor de bomba
de prótons e de prostaglandina tem maior eficácia que os bloqueadores H2 e também
que doses diárias > 20 mg de omeprazol não proporcionam maior eficácia da
profilaxia.
Observa-se um exagero generalizado na prescrição dos inibidores de bomba de
prótons em geral e em especial na indicação de gastroproteção, mas a bula do
medicamento sugere o uso do omeprazol para prevenção ou tratamento da úlcera
gástrica e da úlcera duodenal associada ao uso de anti-inflamatórios e não aos pacientes
em geral.

17
Profilaxia de Úlcera de estresse não críticos

EFEITOS COLATERAIS DA PROFILAXIA FARMACOLÓGICA DE EU


• Aumento na incidência de colite pseudomembranosa e colonização por
Clostridium difficile, bem como um aumento da incidência de pneumonia
em pacientes recebendo a profilaxia.
• IBP e clopidogrel pode levar a eventos cardiovasculares devido a
interação medicamentosa.

18
• Pacientes críticos que podem receber medicações
enterais  IBP oral
• Pacientes nos quais um IBP oral não é tolerado
 Bloqueador H2 oral
• Pacientes críticos que não podem receber
medicações enterais  Bloqueador H2
intravenoso (IV) ou IBP IV
• Em casos raros em que IBPs ou bloqueadores H2
não podem ser administrados  Sucralfato oral

Manual da Residência de Medicina Intensiva 6º Ed.

19
Profilaxia de lesão por pressão

20
Patogênese

• Lesão induzida por pressão  Combinação de


pressão, atrito, forças de cisalhamento e umidade,
mas outros fatores podem contribuir.
• A pressão aplicada à pele em excesso da pressão
arteriolar (32 mmHg) pode impedir a entrega de
oxigênio e nutrientes aos tecidos  Hipóxia
tecidual, acúmulo de resíduos metabólicos e
geração de radicais livres.

Uptodate, 2022
21
Fatores de Risco

• Os fatores mais importantes incluem imobilidade, desnutrição, perfusão reduzida e perda


sensorial

• Outros fatores de risco incluem doença cerebrovascular, doença cardiovascular, fraturas


recentes de membros inferiores, incontinência e diabetes

• Previsão de Risco:
• Escalas Norton e Braden

22
ESCALA DE NORTON

Manual da Residência de Medicina Intensiva 6º Ed.


Uma pontuação <14 é indicativa de alto risco.

23
ESCALA DE BRADEN

• Classifica os pacientes em seis subescalas


• Utiliza pontuações que variam de 1 a 3
ou 4 .
• A pontuação máxima é 23;
• Uma pontuação ≤18 é indicativa de alto
risco.

24
Profilaxia de lesão por pressão

• Lesões de pele e tecidos moles induzidas por pressão são lesões causadas por pressão não aliviada
que resulta em dano ao tecido subjacente.

Uptodate, 2020
25
NPUAP, 2018

26
Profilaxia

1. Cuidados com dispositivos que possam lesar a pele do paciente:


• Cateteres, monitores, sondas, drenos

2. Minimizar situações de imobilismo:


• Estimular mobilização assistida do paciente.
• Diminuir sedação e tratar espasticidade muscular.

27
3. Cuidados com a pele 
• Realizar inspeção constante dos locais suscetíveis à ulcera de pressão.
• Fazer limpeza diária da pele e das evacuações com mínimo de força de fricção,
utilizando agentes que minimizem irritação e promovam hidratação. 
• Evitar água muito quente.
• Evitar massagens sobre locais de proeminência óssea.
• Minimizar a exposição cutânea à umidade de feridas. 
• Evitar ressecamento excessivo da pele.
• Reduzir o atrito e a fricção durante o posicionamento, transferência e rotação do
paciente.

28
• 4. Manter aporte nutricional adequado 
• Evitar o catabolismo e a desnutrição.

• 5. Minimizar a pressão sobre as áreas suscetíveis por meio


de remoção ou redistribuição da pressão 
• Reposicionar o paciente acamado a cada 2-4 horas –
rotação sistemática, alterando-se os decúbitos laterais e a
posição supina.
• Utilizar travesseiros ou cunhas de espuma.
• Elevação de tornozelos.
• Utilizar sistemas de suporte e redistribuição adequados ao
paciente.

29
Prevenção de Quedas

30
Prevenção de Quedas

• “Evento não planejado que levou o paciente ao chão,


com ou sem lesão. Relacionada a fatores intrínsecos ou
extrínsecos.”

• Quedas em ambientes institucionais levam ao declínio


funcional e aumento do tempo de permanência em
hospitais. 

31
Fatores de risco
• Idade avançada
• Histórico de quedas
• Comprometimento cognitivo –
Delirium e demência 
• Tontura ou vertigem, riscos
ambientais
• Mobilidade prejudicada
• Medicamentos 
• Deficiência visual 
Uptodate, 2020 • Riscos ambientais 

32
Triagem para risco de queda

Classificação
Baixo Risco 0 a 24 pontos
Moderado Risco 25 a 44 pontos
Alto Risco ≥ 45 pontos

Uptodate, 2022 33
Medidas preventivas

Orientação e treinamento para prevenção de queda da equipe


multidisciplinar; 
Presença de acompanhante; 
Campainha ao alcance do paciente e orientá-lo quanto ao uso; 
Manter ao alcance do paciente os objetos mais utilizados (Ex.: óculos);

34
Medidas preventivas

• Manter a cama na posição baixa e com rodas travadas, além das grades de
proteção elevadas; 
• Manter a área de circulação livre de obstáculos; 
• Orientar o paciente a solicitar auxilio sempre que necessário; 
• Orientar ao paciente e familiares a utilizar a luz de cabeceira durante a noite; 
• Colocar pulseira de identificação do risco de queda.

35
Prevenção de Delirium

36
Prevenção de Delirium

• Delirium: Estado confusional agudo caracterizado por uma alteração da consciência


com capacidade reduzida de focalizar, sustentar ou desviar a atenção

• Desenvolve-se em um curto período de tempo (geralmente horas a dias) e tende a


flutuar ao longo do dia

• Origem multifatorial  Desequilíbrio entre neurotransmissores (↓ Acetilcolina e ↑


Dopamina), decorrente da ação de citocinas por inflamação local ou sistêmica. 
• Outros fatores: distúrbios metabólicos ou hipoxêmicos. 

37
• Classificação:
• Hipoativo: paciente letárgico com
diminuição acentuada da atividade
motora.
• Hiperativo: paciente agitado, agressivo
e hipervigilante.
• Misto: alternância entre os quadros
hipoativo e hiperativo.

É considerado positivo quando os itens 1 e 2 estão presentes, somados ao item 3 ou 4.


Fatores de risco

Predisponentes  Precipitantes 

•Demência  •Uso de múltiplos farmácos


•Alteração cognitiva •Drogas psicoativas
•História de delirium •Sedativos ou hipnóticos
•Comprometimento visual/auditivo •Restrição física
•Múltiplas comorbidades ou doença grave •Sonda vesical de demora
•Depressão •Uremia 
•AIT ou AVC prévios  •Alterações eletrolíicas ou acidose metabólica
•Alcoolismo  •Infecção
•Idade > 75 anos •Trauma 
•Cirurgias 

39
Prevenção

 Medidas ambientais de proteção: 

• Protocolos de orientação – Relógios, calendários, janelas com vistas


externas e reorientação verbal dos pacientes. 
• Objetos pessoais da preferência do paciente - Travesseiro, porta-retratos,
imagens religiosas, rádio e livros.
• Reduzir o nível de ruído durante a noite (22h – 6h).

40
Prevenção

Medidas preventivas a serem estimuladas junto ao


acompanhante: 

• Estimulação cognitiva  - Realizada pelo menos 3 vezes ao dia 


• Visitas regulares de familiares e amigos, nomes dos
profissionais. 
• Presença de acompanhante 
• Auxílio às deficiências sensoriais: Permitir uso de óculos,
próteses dentárias e auditivas. 
• Qualidade do sono: Promover rotinas, evitar despertares
noturnos, realizar procedimentos em momento de vigília,
promover silêncio, bebidas quentes (chá ou leite) à noite. 
41
Prevenção

Medidas preventivas a serem estimuladas junto aos profissionais:

• Evitar imobilidade: Protocolos de mobilização precoce, contenção


física somente se extremamente necessário. 
• Evitar uso de cateteres e sondas – evitados sempre que possível 
• Evitar desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos. 
• Evitar uso excessivo de benzodiazepínicos 
• Evitar retenção urinária e constipação
• Tratamento adequado da dor: Evitar o uso excessivo de opioides 

42
Prevenção

• Farmacológicas
Haloperidol, risperidona e dexmedetomedina.

43
Higienização das mãos

44
Higienização das mãos

•  Importante para controle de infecções 

Uptodate, 2020 45
• Iniciativa SAVE LIVES: "Meus Cinco Momentos para a Higiene das
Mãos“

1. Antes de tocar um paciente


2. Antes de procedimentos limpos/assépticos
3. Após exposição/risco de fluido corporal
4. Depois de tocar um paciente
5. Após tocar o ambiente do paciente

• A maioria dos hospitais e clínicas enfatiza a higiene das mãos no


momento da entrada e saída da sala e antes de qualquer procedimento.
46
Referências
• 1. OLIVEIRA, R.A. Manual da residência de medicina intensiva. 6. ed., Barueri – SP. Editora Manole, 2020.

• 2. PAI, M.; Douketis, J.D. Prevention of venous thromboembolic disease in acutely ill hospitalized medical adults. Uptodate, 2022

• 3. WEINHOUSE, G.L. Stress ulcers in the intensive care unit: Diagnosis, management, and prevention. Uptodate, 2021

• 4. BERLOWITZ, D. Epidemiology, pathogenesis, and risk assessment of pressure-induced skin and soft tissue injury. Uptodate, 2021.

• 5. BERRY, S.; KIEL, D.P. Falls: Prevention in nursing care facilities and the hospital setting. Uptodate, 2020.

• 6. ANDERSON, D.J. Infection prevention: Precautions for preventing transmission of infection. Uptodate, 2021.

• 7. EBSERH. QUEDAS: PREVENÇÃO E ATENDIMENTO IMEDIATO, 2020. Disponível em:


https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sudeste/hc-uftm/documentos/protocolos-assistenciais/quedas-versao-
2-final.pdf

• 8. Santos, M.G.S. Protocolos de Enfermagem – Identificação de risco e prevenção de quedas. 03 de jun. de 2012

• 9. FRANCIS, J. Delirium and acute confusional states: Prevention, treatment, and prognosis. Uptodate, 2019

47

Você também pode gostar