Você está na página 1de 3

Guia do Episódio de Cuidado

Histerectomia Abdominal
Histerectomia abdominal é a remoção cirúrgica do útero por meio de uma laparotomia. Pode ser total, quando há retirada do corpo e colo
uterinos; ou subtotal, quando apenas a corpo é retirado.[1] A escolha entre os tipo é dependente das condições técnicas cirúrgicas do colo.
Os principais fatores associados a risco do procedimento são: doença maligna oculta, úteros volumosos, cirurgia de emergência, obesidade
e cirurgias pélvicas e abdominais prévias.[2-6] As principais complicações são: hemorragia (2%), infecção (até 4%), lesão do trato urinário ou
digestório (0,03%), tromboembolismo (0,2 %), deiscência da sutura vaginal (0,12%) e obstrução intestinal (1,3%)[7-11]. A histerectomia
abdominal não é a mais indicada em casos de prolapsos uterinos, a via preferencial neste caso é a vagina.

I - ASSISTENCIAL

1. DIAGNÓSTICO CID Descrição


N80.0 Endometriose
Exames Diagnósticos: Ultrassonografia Transvaginal, Ultrassonografia N81.2 Prolapso uterovaginal
Pélvico. N81.3 Prolapso uterovaginal incompleto
N81.4 Prolapso uterovaginal não especificado
Exames Pré-Operatórios: Hemograma, Coagulograma, Tipagem
Sanguínea, Urina I, Urocultura; N81.9 Prolapso genital feminino não especificado
Para pacientes com idade >50anos: Raio X de tórax, ECG, Função renal N84.0 Pólipo de trato genital feminino
(Ureia e Creatinina).
N93 Outros sangramentos anormais do útero ou vagina
Indicação Cirúrgica: A cirurgia é indicada para tratamento dos CIDs D25 Leiomioma do útero
especificados na tabela ao lado: D26.1 Neoplasia benigna do corpo do útero

2. ESCORE DE RISCO
Elegíveis:
• Classificação da American Society of Anesthesiologists (ASA): I e II.
• Pacientes que não precisam de internação prolongada por comorbidades.

ASA Definição
1 Pessoa hígida (excluem-se tabagistas; tolera-se consumo mínimo de álcool).
2 Portador de condição clínica sistêmica leve e ausência de limitação funcional expressiva (p. ex., fumantes, etilistas
sociais, gravidez, obesidade [IMC > 30 e < 40], DM ou HAS bem controladas, doença pulmonar leve).
3 Doença(s) sistêmica(s) moderada(s)/grave(s) com limitação funcional (como DM ou HAS mal controladas, doença
pulmonar obstrutivo-crônica, obesidade mórbida [IMC > 40], hepatite ativa, consumo excessivo de álcool, marca-passo
cardíaco, redução moderada da fração de ejeção, IRC em diálise, história de infarto agudo do miocárdio há mais de 3
meses, acidente vascular cerebral, isquemia cerebral transitória ou stents coronarianos).
4 Doença sistêmica grave com risco constante de vida (como história recente [< 3 meses] de infarto agudo do
miocárdio, stents coronarianos, acidente vascular cerebral, isquemia cerebral transitória. Isquemia miocárdica ou
disfunção valvar atual, redução acentuada da fração de ejeção, sepse, coagulação intravascular disseminada,
insuficiência respiratória aguda ou IRC terminal fora de diálise regularmente programada).
5 Paciente moribundo sem esperança de sobrevida sem a operação (como aneurisma abdominal ou torácico roto,
sangramento intracraniano com efeito de massa, isquemia intestinal no contexto de doença cardíaca significativa ou
insuficiência de múltiplos órgãos).
6 Paciente em morte cerebral declarada, cujos órgãos serão retirados para doação.

Não Elegíveis:
• Procedimentos não eletivos (origem UPA ou casos de cirurgias realizadas no decorrer de internação para tratamento clínico);
• Patologias malignas ou com suspeita de malignidade;
• Realização de linfadenectomia;
• Histerectomias puerperal ou pós-parto;
• Procedimento realizado por técnica vídeo assistida;
• Casos de complicações ou intercorrências que necessitem de intervenções clínicas e/ ou cirúrgicas, acomodação em outro tipo de
leito (diferente do descrito neste documento), no prazo de internação previsto.
3. ALOCAÇÃO
03 diárias em Apartamento de Clínica Médica Cirúrgica. Possível redução para 2 diárias.

4. TRATAMENTO
PRÉ-OPERATÓRIO:
• Assinatura dos Termos de Consentimento.

ANESTESIA:
• Geral com Peridural OU
• Sedação com Raquianestesia.

CIRURGIA:
Hemoterapia
01 Exames Pré-Transfusionais
01 Pesquisa de Anticorpos Irregulares
01 Reserva de Concentrado de Hemácias
PÓS-OPERATÓRIO:
• Dieta: Leve/geral;
• Curativo: Steri-strip, Opsite, Dermabond;
• Cuidados específicos: Cuidados com SVD;
• Atividade: Livre;
• Indicação de exames de controle: Hemograma (se necessário).

Agente Dose Via Frequência


Anti-inflamatório (Cetoprofeno) 100mg EV 8/8h
Analgésico (Novalgina) 1g EV 6/6h
Analgésico (Tramadol) 100mg EV 8/8h se dor
Antiemético (Ondansetron) 8mg EV 8/8h
Luftal max 1cp VO 8/8h
Profilaxia de TEV conforme protocolo
* * *
institucional

5. ALTA HOSPITALAR
• Dieta geral;
• Atividade: repouso relativo;
• Retorno ambulatorial: 7-10 dias após a alta;
• Procurar o/a cirurgião/cirurgiã em caso de sangramento intenso, febre, aumento da dor em relação ao dia da alta, secreção vaginal
atípica;
• Atestado médico de 30-45 dias;
• Abstinência sexual até o atestado médico.
Critérios para Alta hospitalar Agente
Dose Via Frequência
•Sinais vitais normais para faixa etária
•Dor controlada 1cp VO 6/6h s/n
•Diurese presente Analgésico (dipirona)
•Boa aceitação alimentar
50mg VO 8/8h por 3 dias s/n
•Ausência de sangramento Anti-inflamatório (Cetoprofeno)

II. INDICADORES DE QUALIDADE


• Tempo Médio de Permanência < 72h;

• Readmissões Hospitalares, em até 30 dias pós-alta, com diagnósticos relacionados ao procedimento cirúrgico;

• Complicações Clavien ≥ 3 em até 30 dias após a alta;


III. GLOSSÁRIO

ECG: Eletrocardiograma
IMC: Índice de Massa Corporal
HAS: Hipertensão Arterial Sistêmica
DM: Diabetes Mellitus
IRC: Infecção Renal Crônica
UPA: Unidade de Pronto atendimento
SVD: Sonda Vesical de Demora
TEV: Tromboembolismo Venoso
VO: Via Oral
EV: Endovenoso

IV. HISTÓRICO DE REVISÃO

Versão 3: Atualização do template

V. Referências

[1] Stovall TG, Mann WJ. Abdominal hysterectomy. UptoDate, 2018.


[2] Vernooij F, Heintz P, Witteveen E, van der Graaf Y. The outcomes of ovarian cancer treatment are better when provided by
gynecologic oncologists and in specialized hospitals: a systematic review. Gynecol Oncol 2007; 105:801.
[3] Okin CR, Guido RS, Meyn LA, Ramanathan S. Vasopressin during abdominal hysterectomy: a randomized controlled trial. Obstet
Gynecol 2001; 97:867.
[4] Unger JB, Paul R, Caldito G. Hysterectomy for the massive leiomyomatous uterus. Obstet Gynecol 2002; 100:1271.
[5] Falcone T, Walters MD. Hysterectomy for benign disease. Obstet Gynecol 2008; 111:753.
[6] Shah DK, Vitonis AF, Missmer SA. Association of body mass index and morbidity after abdominal, vaginal, and laparoscopic
hysterectomy. Obstet Gynecol 2015; 125:589.
[7] Unger JB, Paul R, Caldito G. Hysterectomy for the massive leiomyomatous uterus. Obstet Gynecol 2002; 100:1271.
[8] Greer IA. Epidemiology, risk factors and prophylaxis of venous thrombo-embolism in obstetrics and gynaecology. Baillieres Clin
Obstet Gynaecol 1997; 11:403.
[9] Härkki-Sirén P, Sjöberg J, Tiitinen A. Urinary tract injuries after hysterectomy. Obstet Gynecol 1998; 92:113.
[10] Al-Sunaidi M, Tulandi T. Adhesion-related bowel obstruction after hysterectomy for benign conditions. Obstet Gynecol 2006;
108:1162.
[11] Hur HC, Guido RS, Mansuria SM, et al. Incidence and patient characteristics of vaginal cuff dehiscence after different modes of
hysterectomies. J Minim Invasive Gynecol 2007; 14:311.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Rômulo Negrini Renata Alves de Giancarlo 15/04/2021 23/01/2023
CPTW33.3 Lucinda C E Vieira Souza Paluello Colombo
Data de
atualização:
05/01/2023

Você também pode gostar