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1.Introdução
Os anticoagulantes orais não devem ser utilizados na gravidez, mas podem ser utilizados
no puerpério. No 1º trimestre da gravidez pode causar malformações fetais (síndrome warfarínica) e
aborto. No 2º trimestre pode ser responsável por alterações oculares e cerebrais. No 3º trimestre,
pode ocorrer sangramento fetal no parto.
A anticoagulação na gestação deve ser feita com heparina, que tem peso molecular entre
4.000 a 40.000 kDa e não atravessa a placenta. Este anticoagulante facilita a ligação da AT III com
fatores da cascata de coagulação (via intrínseca).
- Meias compressivas
4. Recursos Essenciais
5. Diagnóstico
Clínico: edema de membros inferiores assimétrico, dor, rigidez muscular, extremidades com
calor e rubor. A suspeição clínica deve ser feita mesmo nos casos leves/oligossintomáticos e a
embolia pulmonar pode ser o primeiro sinal.
Exames complementares
6. Conduta
Fatores de risco para sangramento durante a profilaxia: neoplasia, uso associado de anti-
inflamatórios, antiagregantes plaquetários ou plaquetopenia
Deambulação precoce
Medidas mecânicas
Pré procedimento:
Pré procedimento:
- HBPM, na dose plena SC até 24h antes do procedimento ou HNF, na dose plena SC até 12h
antes do procedimento
- suspender anticoagulação oral 3 dias antes
- na véspera, realizar TP e caso RNI > 1,7 administrar vitamina K (Kanakion) 1 a 1/2 ampola
VO ou IM
Pós procedimento, na ausência de complicações hemorrágicas:
- HBPM ½ da dose terapêutica SC após 8 a 12h ou HNF, ½ da dose plena SC após 8 a 12h
- 12 a 24h após procedimento iniciar cumarínico conforme dose prévia
- Manter dose plena de HBPM ou HNF SC até RNI adequado
Caso paciente apresente elevado risco de sangramento, manter heparina nesse período
Nas situações listadas acima, a anticoagulação profilática com heparina deve ser iniciada o mais
precocemente possível com 200 U/kg/dia, dividida em duas tomadas, via subcutânea (SC).
O controle laboratorial da terapêutica é necessário se forem usadas mais de 8.000 U 12/12hs, SC.
Em pacientes com profilaxia por prótese metálica e nos casos especiais de fibrilação atrial crônica
deve ser usado o esquema profilático com dose ajustáveis, até que se atinja R = l,5 a 1,8. Colher 1ª
coagulograma após 4 h e, a seguir, diariamente. Estando ajustada a dose, passa a ser quinzenal.
- urticária
- plaquetopenia (1 a 10% das pacientes)
- osteoporose, que ocorre em usuários de doses diárias maiores que 20.000 U/dia por, no mínimo,
20 semanas
- hemorragia
Há uma fase aguda de tratamento, seguida pela fase de manutenção. Na primeira, só se utiliza
heparina. Na fase de manutenção, em gestantes só se utiliza heparina, mas em puérperas pode ser
utilizado anticoagulante oral. Sempre se deve colher coagulograma e hemograma com contagem de
plaquetas antes de iniciar a terapêutica para se ter o padrão da paciente. O serviço de Hematologia
deverá ser contactada assim que for feito o diagnóstico de fenômeno tromboembólico e, na medida
do possível, será responsável pela heparinização da paciente.
O tempo de uso agudo de heparina é de 5 dias EV. O tempo máximo geralmente não deve ser
ultrapassar 6-7 dias por causa da plaquetopenia. Nestes casos, pode ser usada heparina de baixo
peso molecular. A contagem de plaquetas deve ser realizada a cada 2 dias neste período.
Em gestantes, após a fase aguda, passar para heparina SC, 100 - 120U/kg/dose em intervalos de
12/12hs, em doses ajustáveis pelo R. Durante a fase de manutenção, deve ser realizada contagem de
plaquetas uma vez por semana inicialmente espaçando-se a seguir. Se o tratamento é iniciado na
gestação, deve ser continuado até 6 semanas após o parto. As pacientes com TVP pós-parto devem
receber tratamento por 6 semanas (TVP distal) ou 12 semanas (TVP proximal). Tromboflebite
pélvica deve ser tratada por uma semana EV (fase aguda), seguida por 6 semanas de manutenção.
Em casos de embolia, está indicada anticoagulação por 6 meses.
Em puérperas, prescrever anticoagulante oral (warfarina sódica) juntamente com heparina nos
primeiros dias, no esquema de 5 mg/dia. Retira-se a heparina quando o RNI estiver entre 2,0 - 2,5 e
durante o uso de heparina, concomitante ao anticoagulante oral, o R deve estar 1,5-1,8.
Caso a paciente esteja usando anticoagulante oral, é necessário mudar para heparina no mínimo 15
dias antes do parto. Embora o efeito anticoagulante na mãe possa desaparecer em três dias, no
feto/RN pode levar de 7 a 10 dias. Manter a heparina até 6-8h antes do parto, quando deve ser
suspensa para desaparecer seu efeito anticoagulante até o momento do procedimento. Há um risco
de 0,35% de hematomas no espaço peridural, seguido por paralisia, se a paciente recebe uma
anestesia epidural enquanto anticoagulada ou se as drogas anticoagulantes são iniciadas enquanto
ainda está com cateter. Nestas pacientes, a melhor opção seria anestesia local, devendo ser evitado
também o bloqueio pudendo.
7. Complicações da anticoagulação e antídotos:
A mais temida das complicações é a hemorragia. Com R maior que 2,5-3,0 ou concentração da
heparina maior que 0,5U/ml, aumenta muito o risco de sangramento. Se está sendo utilizado
anticoagulante oral e o RNI <2,5, não ocorre sangramento.
Se a anticoagulação está excessiva, mas não há hemorragia, deve ser reduzida a dose da medicação.
Se ocorrer hemorragia, a primeira medida deve ser a suspensão do anticoagulante, seguida de uso de
antídotos se clinicamente necessário.
Referências Bibliográficas
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FLUXO ASSITENCIAL DE TVP NA GESTAÇÃO
Fonte: Andrade BAM et al. Femina, nov 2009, vol 32, (11), 612-618.