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CIRURGIA NO

PACIENTE
HEMATOLÓGICO

Camila Aleixo, Juliana Peixoto, Maria


Eduarda, Mariana Ali e Vitória Bese
INTRODUÇÃO
Iremos abordar as alterações hereditárias ou adquiridas nas
hemácias, hemoglobinas, leucócitos e viscosidade do sangue
que repercutem no organismo do paciente hematológico
fazendo com que o cirurgião deva ficar atento as
necessidades específicas do mesmo.
METODOLOGIA

Livro de Fundamentos de Clínica Cirúrgica.


Artigos científicos dos sites Scielo, Google acadêmico e do NCBI.
OBJETIVO
O presente trabalho tem por objetivo abordar situações
relevantes para a clínica cirúrgica no paciente com doença
hematologica
DOENÇAS DAS HEMÁCIAS E DA HEMOGLOBINA
•DESORDEM RELACIONADA AS HEMÁCIAS : ANEMIAS E
POLICITEMIAS

SÍNDROMES FALCIFORMES

Doença hereditária - presença de Hemoglobina S


ANEMIA FALCIFORME = homozigose SS
Anemia hemolítica crônica
As principais complicações observadas são a síndrome torácica aguda e as crises vaso
oclusivas com lesões de órgãos-alvo (SNC, pulmões, rins e fígado),
Pacientes apresentam complicações frequentes no per e pós-operatório devido a esses
fenômenos vaso oclusivos .
SÍNDROMES FALCIFORMES

A taxa de mortalidade diminui para < 3% quando transfusões são realizadas no pré-
operatório para reduzir a proporção de hemoglobina S.

Internação hospitalar na véspera para garantir hidratação venosa adequada e


monitorização de Sp02 e temperatura; realizar medidas para evitar hipotermia e o uso de
agentes hipotensores; manter hidratação adequada no pós-operatório e estimular a
mobilização precoce.

A avaliação pré-anestésica é essencial para programar medidas profiláticas e minimizar os


riscos de hipoxemia, hipoperfusão, estase, desidratação e acidose
SÍNDROMES FALCIFORMES

EXSANGUÍNEO-TRANSFUSÃO PARCIAL: Utilizada em pacientes que necessitam baixar


níveis de hbS e naqueles que mantêm hematócrito acima de 25%, para diminuir a
viscosidade do sangue e diminuir a vaso-oclusão.

Os pacientes falcêmicos são considerados de alto risco para TVP e a profilaxia para TVP
deve ser orientada pelo risco do procedimento cirúrgico em questão.
ANEMIAS
Deve haver empenho para diagnosticar causa da anemia e tratá-la antes da cirurgi.
Se não for possível o paciente poderá receber uma transfusão de concentrado de
hemácias (CH).
A indicação de transfusão para manter a hemoglobina entre 7,0g/dL e 9,0g/dL.
É recomendado que a equipe cirúrgica faça previsão do risco hemorrágico do
procedimento e providencie reserva de concentrado de hemácias no banco de
sangue.
ANEMIAS HEMOLÍTICAS AUTO-IMUNES
Destruição acentuada de hemácias por auto-anticorpos
IgG = hemólise no baço - ocorre em temperaturas quentes (37ºC)
TTO = corticoide + esplenectomia
IgM = hemólise no fígado - ocorre em temperatura fria (0º-5º)
Dificuldade na realização e interpretações dos testes de compatibilidade com
o doador se, transfusão for necessária
Manter pacientes com anemia por anticorpo IgG aquecidos durante a
cirurgia
Se transfusão = hemácias lavadas e aquecidas à temperatura corporal
POLICITEMIAS
POLICITEMIAS = ERITROCITOSE
Aumento do número de hemácias

CLASSIFICAÇÃO
RELATIVA = Redução volume plasmático
desidratação, uso de diuréticos NA CIRURGIA
ABSOLUTAS = Anormalidades no sistema Paciente com risco aumentado de hipóxia
hematopoiético ou distúrbios sistêmicos Ht > 40%
DPOC, cardiopatias congênitas, Flebotomia = pode ser necessário na
cirurgia para reduzir Ht
várias sessões no pré-operatório
CONSEQUÊNCIAS na Urgência = infusão salina (evitar
Aumento da viscosidade redução drástica de volume) +
Diminuição da velocidade do fluxo flebotomia
Diminuição da oferta de oxigênio
POLICITEMIA VERA
Aumento absoluto de hemácias, mas também de leucócitos e plaquetas
Doença mieloproliferativa
Risco importante = trombose e hemorragias
trombose: principal causa de óbito
Conduta pré-cirúrgica = flebotomia - redução do Ht ~ 45%
DOENÇAS DOS LEUCÓCITOS E DO SISTEMA IMUNOLÓGICO
Os distúrbios dos leucócitos que são relevantes no contexto cirúrgico são aqueles
caracterizados pela diminuição do número de células normais e conseqüente alteração
das funções de fagocitose (neutrófilos e monócitos), imunidade celular (linfócito T) e
humoral (linfócito B)

NEUTROPENIA

Neutrófilos < 1.500/mcL


Aumento incidência de infecções
principalmente bacterianas e fúngicas
gram + e gram -
Complicações cirúrgicas frequentes
abscesso região anal e enterocolite do neutropênico (tiflite)
DISFUNÇÃO DO BAÇO

ASPLENIA = refere à perda de função do baço


remoção cirúrgica, traumatismo seguido de
ruptura ou atrofia e multiplos infartos (anemia
falciforme)
ESPLENECTOMIA = refere à retirada cirurgica do
órgão
pacientes com maior risco de sepse
pneumococo, mengingococo, H. influenzae
infecções fulminates = taxa mortalidade 38-70%
risco maior nos 2 primeiros anos após
procedimento
mais comum em crianças, adultos jovens,
pacientes oncológicos e com outras doenças de
base
DOENÇAS DAS PLAQUETAS
PLAQUETOPENIA: < 150.000/MM3
IMPORTÂNCIA CLÍNICA: <20.000/MM3

CAUSAS: DIFERENCIAR CONSIDERAÇÕES:

Diminuição da produção: MECANISMO DA < 50.000/mm3 =


infiltrado ou hipoplasia da CAUSA: recomenda-se transfusão
medula óssea Se procedimento cirurgico:
Quadro Clínico avaliar potencial de
Aumento da destruição:
Hemograma sangramento
autoanticorpos ou sequestro
Coagulograma
esplênico
Mielograma
Aumento do consumo:
processo de coagulação
acelerado
Púrpura Trombocitopênica Imunológica

DEFINIÇÃO
Plaquetas sofrem destruição prematura mediada por ação de autoanticorpos

FORMA AGUDA
TRATAMENTO:
Predomínio em crianças, manifestações
AGUDA: plaquetas < 20.000/mm3 e
cutânea, maioria remissão espontânea -
hemorragia ou plaquetopenia grave por > 6
precedido por infecção viral
meses
CRÔNICA: plaquetas < 20.000/mm3 ou >
20.000/mm3 com hemorragia ativa
FORMA CRÔNICA TTO: predinisona (primeira opção)
esplenectomia (segunda opção)
Predomínio em adultos, início insidioso,
Prednisona VO; imunoglobulina
assintomático (diagnóstico por exames
humana; pulso corticoterapia =
periódicos de rotina)
aumentar plaquetas >50.000/mm3
DISFUNÇÕES PLAQUETÁRIAS ADQUIRIDAS
SÃO CAUSAS COMUNS DE HEMORRAGIA ASSOCIADA À OPERAÇÃO, ESPECIALMENTE AQUELAS RELACIONADAS AO USO DE
DROGAS ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIAS

DEFEITO DE FUNÇÃO DAS PLAQUETAS - PRESENTE NA INSUFICIÊNCIA RENAL E HEPÁTICA.

ABORDAGEM
Se inicia no pré-operatório, suspendendo drogas inibidoras da função plaquetária, bem como tratamento da uremia.

DOENÇA DE VON WILLEBRAND ADQUIRIDA


Disfunção plaquetária associada a diversas doenças, sendo mais comum nas gamopatias monoclonais, doenças
linfoproliferativas e mieloproliferativas.

TTO E PREVENÇÃO DE HEMORRAGIAS


Desmopressina, concentrados de fator de Von Willebrand e imunoglobulinas
TRANSFUSÕES DE
HEMOCOMPONENTES
Hemocomponentes = disponíveis a partir de doação voluntária. O sangue total doado é
fracionado em componentes e armazenado no banco de sangue.

Paciente
HEMÁCIAS
precisa de
transfusão? CONCENTRADO DE reposição de CONCENTRADO DE
HEMÁCIAS PADRÃO (CHM) hemoglobina HEMÁCIAS FENOTIPADAS
Solicita no banco de
sangue CONCENTRADO DE CONCENTRADO DE
sangue paciente +
HEMÁCIAS FILTRADAS HEMÁCIAS LAVADAS
teste compatibilidade
= melhor produto CONCENTRADO DE CHM NEGATIVAS PARA
HEMÁCIAS IRRADIADAS HEMOGLOBINA S
TRANSFUSÕES DE
HEMOCOMPONENTES
PLAQUETAS
CONCENTRADO DE obtida de uma doação
sangramento ativo + plt <50.000;
PLAQUETAS (CP) PADRÃO geral de sangue
uso de antiagregante;
(RADIADA OU NÃO) disfunção plt hereditária

CONCENTRADO DE obtida de uma doação de


PLAQUETAS AFÉRESE plaquetas de um únido doador
casos refratários a transfusão CP
(IRRADIADA OU NÃO)

FATORES DE COAGULAÇÃO
PLASMA FRESCO CONGELADO Reposiçaõ dos fatores de coagulação: VII, IX,X,XI,XII

CRIOPRECIPTADO Deficiência fibrinogênio, fator VIII,XIII


REAÇÕES TRANSFUSIONAIS
todo e qualquer evento adverso que ocorra durante ou após a
transfusão de um hemocomponente

MOMENTO DE
MECANISMO
OCORRÊNCIA
IMUNOLÓGICAS
IMEDIATAS

NÃO IMUNOLÓGICAS

TARDIAS
REAÇÃO FEBRIL NÃO
HEMOLÍTICA
REAÇÃO HEMOLÍTICA AGUDA REAÇÃO ALÉRGICA
Aumento temperatura Quadro geralmente
Incompatibilidade corporal pós transfusão sem febre
sistema ABO - secundário sem causa aparente Manifestações cutâneas,
erro humano TTO = antitérmico e respiratórias e
Febre, calafrios, dor meperidina para cardiovasculares
torácica, lombar ou no controle dos tremores TTO = interrupção
local de infusão, dispneia, Geralmente não transfusão + anti-
náusea, oligúria, provoca risco de morte histamínico + outras
hipotensão arterial ,
medidas se necessárias
choque cardiogênico
frente a gravidade do
10-15 mL de hemácias
caso
incompatíveis
Se suspeita = interromper
+ cristaloides + DIU de
alça
Notifica banco de
sangue
LESÃO PULMONAR AGUDA
RELACIONADA À TRANSFUSÃO

Reação mediada por


anticorpos do doador e REAÇÕES TARDIAS
receptor
Clínica: insuficiência Reação por
repiratória aguda devido incompatibilidade que
edema pulmonar não ocorre 24 horas após
cardíaco transfusão
Aparece cerca de 6 horas
REAÇÕES NÃO-
após transfusão IMUNOLÓGICAS AGUDAS
Reação grave
Sobrecerga circulatória
contaminação da
unidade do
hemocomponente por
bactéria e hemólise
TRANSFUSÃO MACIÇA
reposição transfusional para perda
sanguínea de pelo menos uma volemia
(75mL/kg) em 24 horas

ATENÇÃO: NESSA SITUAÇÃO = REESTABELECER VOLUME - CRISTALOIDES

Hemograma + Coagulograma = determinar indicação e o tipo de


hemocomponente

BANCO DE SANGUE DISPONIBILIZA:


HEMÁCIAS COMPATÍVEIS
HEMÁCIAS GRUPO O-
RECEPTOR
COMPLICAÇÕES RELATIVAS
ÀS TRANSFUSÕES

HIPOCALCEMIA

HIPOTERMIA

SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO DO ADULTO


COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA


CONCLUSÃO
A partir do conteúdo exposto pode-se verificar a importância
que as doenças hemolíticas, tais como a anemia falciforme,
possuem dentro da cirurgia. Deve-se atentar as possíveis
complicações que estes pacientes podem apresentar em
decorrência a doença antes, durante e depois da cirurgia.
Ademais é necessário evidenciar a importância das transfusões
para o pacientes que necessitam, atendando-se as indicações
e parâmetros para serem feitas com o intuito de evitar as
possíveis complicações nos pacientes.
REFERÊNCIAS
Rodrigues, Correa, Savassi-Rocha, Fundamentos de Clínica cirúrgica, ed.
COOPMED, 2006
RIEDRISCH, João R. Cirurgia e anestesia na doença falciforme. Revista
Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 29, p. 304-308, 2007.
OLIVEIRA, Luciana CO; COZAC, Ana Paula CNC. Reações transfusionais:
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DIAS, Janaina Gaia Ribeiro; NOGUEIRA, Renata Maria Toscano Barreto Lyra;
ESTEVES, Germano Gabriel Lima. Anemia falciforme e as consequências nas
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VELASCO, Irineu Tadeu; BRANDÃO NETO, Rodrigo Antonio; SOUZA, Heraldo
Possolo de; et al. Medicina de emergência: abordagem prática. [S.l: s.n.], 2021.

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