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PROCEDIMENTO OPERACIONAL
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PADRÃO
Páginas:
AGÊNCIA TRANSFUSIONAL 08
Revisado: 18/01/2024

TÍTULO: SANGRIA TERAPÊUTICA/FLEBOTOMIA

1. Introdução

O procedimento de Sangria Terapêutica consiste na retirada de uma quantidade de


sangue total, com a finalidade de aliviar alguns sinais e sintomas ou na profilaxia de doenças
relacionadas:

 Aliviar sinais e sintomas relacionados à hiperviscosidade sanguínea associada às


poliglobulias;
 Reduzir o nível de hemoglobulina S nas doenças falciformes, particularmente em
pacientes com dificuldade de acesso venoso adequado para eritrocitaférese, com
reposição de concentrado de hemácias;
 Reduzir o nível de ferritina sérica, elevada por transfusão sanguínea ou por
hiperferritinemia hereditária (hemacromatose hereditária);

Outras condições desde que aprovadas pelo hematologista.

2. Objetivo

Remover volume sanguíneo pré-determinado de paciente portador de hiperviscosidade


sanguínea, nas Eritrocitose e/ou para a remoção de produto metabólico ou de depósito, tóxicos
ao organismo como o ferro assegurando com isso todo procedimento de Sangria Terapêutica.

3. Responsabilidade

Médicos, enfermeiros, equipe da enfermagem e colaboradores da Agência


Transfusional.

4. Material Utilizado

 EPI´s (máscara, luvas de borracha, jalecos de manga longa, touca e óculos de


proteção, sapatos fechados);
 Garrote;
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 Aparelho de pressão;
 Termômetro;
 Oxímetro;
 Solução Alcóolica a 70%;
 Algodão;
 Bandeja;
 Tesoura;
 Bolsa de coleta de sangue DEHP CPDA-1,estéril, apirogênica e descartável;
 Seringa de 10mL, 20mL e/ou 60mL
 Dispositivo para infusão (escalpe, butterfly) 19,21 ou 23;
 Micropore - Bandagem adesiva;
 Balança.

5. Procedimentos

5.1. Critérios para a realização do procedimento de sangria terapêutica

 A solicitação do procedimento será realizada pelo médico responsável pelo paciente e a


indicação será discutida em conjunto com o médico hemoterapeuta. O médico
plantonista com a autorização do médico hemoterapeuta será o responsável pelo
procedimento junto à equipe técnica, deverá ser preenchido a Requisição de
Procedimento Hemoterápico, Anexo I;
 Antes de realizar a Sangria, a equipe de enfermagem verificará os sinais vitais do
paciente (P.A.- Pulso – Temperatura – assinatura do responsável), anotar na
Orientação Sangria Anexo II, deve ser feito antes e após o procedimento. Qualquer
alteração comunicar o médico;
 O sangue retirado não será utilizado em transfusões e sim descartado conforme POP
n°19 de Resíduos de Serviço de Saúde da Agência Transfusional;
 A Requisição de Procedimento devidamente preenchida ficará na Agência Transfusional
devidamente arquivada junto com a 2ª via da Orientação da Sangria;
 O colaborador da A.T. deve receber a requisição de procedimentos hemoterápicos com
a solicitação de sangria terapêutica, conferir os dados e entregar uma bolsa de coleta
Anexo III, à equipe de enfermagem que irá realizar este procedimento junto ao médico
responsável, o colaborador da Agência Transfusional acompanhará o procedimento;
 Explicar ao paciente sobre o procedimento a ser realizado;
 Verificar se o paciente está alimentado, caso contrário pedir ao mesmo que faça um
lanche leve;
 Acomodar o paciente no leito ou poltrona em posição confortável, posição de Fowler
(sentado);
 Higienizar as mãos e paramentar-se com os EPIs necessários;
 Avaliar as condições de acesso venoso do paciente. Se o acesso for adequado,
“montar” a bolsa de coleta, ou seja, abrir o lacre da bolsa e identifica-la com: Sangria
Terapêutica: Descartar a bolsa! Conforme ANEXO IV;

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 A coleta do sangue seguirá os mesmos procedimentos operacionais para antissepsia e
punção venosa, porém não há tempo limite para a coleta da bolsa de sangue;
 Garrotear o membro superior, a uma altura aproximada de 10 cm acima da fossa ante
cubital (Imagem I);
 Realizar rigorosa assepsia da região a ser puncionada com algodão embebido em
álcool a 70%, com movimentos circulares, do centro para a periferia;
 Manter o braço do paciente garroteado e puncionar uma veia calibrosa. Atentar que a
agulha vem acoplada à bolsa de coleta. Pela força da gravidade, retirar a quantidade de
sangue prescrita pelo médico e com isso quando observar que a bolsa está com um
volume aproximado da prescrição pesá-la (padroniza-se que uma bolsa cheia seja
500mL) na balança para conferir se realmente será a quantidade prescrita pelo médico;
 Deve-se chamar o colaborador da agência para levar a balança para pesar a bolsa sem
desconectá-la do braço do paciente;
 Solicitar ao paciente, caso esteja em condição, que durante o processo de retirada do
sangue, faça movimentos repetidos de abrir e fechar a mão, facilitando o processo;
 Acompanhar o processo ficando ao lado do paciente (a equipe de enfermagem
acompanhará o tempo todo e o colaborador da agência por 15 minutos e ao término
quando for solicitado para ir ao local do paciente com a balança);
 No caso de acesso venoso difícil pode se fazer retirada de sangue com aspiração de
seringa de 20 ml e/ou 60 ml estéril até completar o volume desejado e desprezar o
material. O volume (ou “tamanho”) da seringa dependerá do acesso venoso e a
disponibilidade do material;
 Normalmente são retirados de 7 a 10 ml/kg, não ultrapassando ± 450mL de sangue
total, a depender do diagnóstico, quadro clínico e comorbidades. Pode ser necessária a
reposição do volume retirado com solução fisiológica a 0,9%;
 Retirar a bolsa do acesso venoso e colocar esparadrapo no local da punção;
 Verificar os sinais vitais do paciente após o término e anotar na Orientação de Sangria;
 Após pesar a bolsa, expurgar em lixeira de material infectante;
 Finalizado o procedimento o paciente deverá permanecer em observação por pelo
menos 15 minutos, onde deverá ser observada a presença de sinais vitais de
hipovolemia transitória. A frequência deste procedimento pode ser regular (diária,
semanal ou mensalmente) ou esporádica, determinada pelo médico responsável pelo
paciente.

5.2. Principais Indicações da Sangria Terapêutica

Doença Indicações Comentários


Policitemia Vera Manter o hematócrito Há duvidas se devemos ou não
tratar a anemia ferropriva
secundária
Doença Pulmonar Obstrutiva Hematócrito > 70% ou cor Sangria de pequenos volumes e
Crônica pulmonale euvolêmicas
Cardiopatia Congênita Hematócrito > 70% Repor ferro oral em crianças
Cianótica
Hemoglobinopatia de Alta Benefício desconhecido N/A
Afinidade pelo Oxigênio
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(Hemoglobina Osler)
Secreção Inapropriada de Pré-Operatório N/A
Eritropoietina (tumor)
Eritrocitose Relativa Manter hematócrito Havendo riscos adicionais de
trombose (DM, tabagismo).
Sangrias de pequenos volumes
Hemacromatose Semanalmente, até induzir Manter ferritina < 200 g/l.
deficiência de ferro. Havendo cardiomiopatia, fazer
pequeno volume euvolêmico.

5.3. Outras Indicações

Porfiria Cutânea Tarda resulta de um defeito enzimático na síntese do heme presente


na hemoglobina, acumulando produtos de degradação. Este efeito pode ser hereditário ou
adquirido (forma esporádica), acompanhando de lesão hepática multietiológica, como acúmulo
de ferro e infecção crônica pelo vírus da hepatite C. As porfirias acumuladas podem ser pronta
e eficazmente removidas do organismo pela sangria, sendo essa prática ajustada
individualmente, com pequenas sangrias a intervalos curtos até a melhora clínica e
manutenção esporádica após. Hemossiderose Transfuncional – acúmulo de ferro no
organismo.

IMAGEM I

Fossa Ante cubital

ANEXO I

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Requisição de Procedimento Hemoterápico
Frente/Verso

ANEXO II

Orientação de Sangria Terapêutica

ANEXO III

Instruções de Uso
Bolsa para Coleta de Sangue

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Frente/Verso

Imagem II

6
Foto Ilustrativa da Bolsa de Coleta de Sangue

Anexo IV

Adesivo de Sangria Terapêutica

6. Referências Bibliográficas
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http://www.hospitalsantarita.com.br/file/poag-004-rev_01.pdf

http://www.shhsjc.com.br/manual-pratico-de-hemoterapia/#sangria

http://www2.ebserh.gov.br/documents/221436/4168674/POP.UTRANSF.COL.T008.2018+-+v.5.0+-
+Sangria+Terapeutica+-+Ok%21.pdf/b0041aa9-324f-4c5a-a04a-bc2a99d9d6e6

Elaborado por: Drª Aliana C R Miranda Duarte Área Emitente: Agência Transfusional
Ferreira
Revisado por: Drª. Bruna Gonçalves Forti e Próxima Revisão: 18/01/2025
Tec. Alison Morais da Silva Guimarães.
Aprovado por: Dr.Antonio Jackson T. de Almeida Aprovado em: 25/04/2020

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