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Isadora Pires Ferreira dos Santos

PATOLOGIA CLÍNICA
Professor: João Carlos Toledo
06/02/2019

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DO TRATO GASTRO


INTESTINAL
 Exame de Fezes
A avaliação das fezes refere-se ao produto do TGI, sendo que a partir das análises
laboratoriais (microscópicas e pesquisas parasitológicas) o clínico pode saber muito sobre o
paciente.
A patologia laboratorial vem para cobrir a lacuna e expressar em números o motivo e o
grau do que o clínico suspeita, para tratar corretamente o animal (nem todo tratamento para a
anemia será satisfatório porque dependendo do número de hemácias e a causa, o tratamento
“padrão” pode não surtir efeitos).
Quando falamos de exame laboratorial é dividido em 3 etapas: 1. FASE DE PRÉ-
ANÁLISE que é quando, diante do paciente, o médico veterinário decide quais análises, quais
exames laboratoriais o profissional irá requerer, sendo que para isso leva em conta a condição
financeira do tutor. Além do mais, nessa fase devo ainda saber como coleto, como irei colher o
material, como irei identificar a amostra (muitos erros ocorrem por isso). 2. FASE DE ANÁLISE
quando o laboratório escolhe a melhor maneira e método, sendo que este método passa por um
processo de controle de qualidade, de maneira que qualquer “erro” se repete ou até pede uma
nova amostra porque o resultado não foi congruente, sendo que ao final o laboratório emite um
resultado e encaminha para o clínico. 3. FASE DE PÓS-ANÁLISE que é quando o clínico tem
resultado em mãos, além de ter um paciente doente e relaciono o resultado com o paciente (ex.
que tipo de anemia e relaciono o grau da anemia), sendo que é aqui que determino o
prognostico, escolho ou não um tratamento, de maneira que com esse resultado posso tratar o
animal de forma adequada, ou seja, com o que irá melhorar o animal. Ou ainda, o clínico pode
pedir um novo exame.
Além do mais, de acordo com estudos mostrou-se que os erros estão, principalmente em
pré-análise e pós-análise, mais na primeira.
Quando fazer um exame de fezes? Pesquisa parasitológico (paciente com suspeita de
infecção parasitária, importante saber se tem só um ou mais de um parasita, de maneira ainda
que pode trazer consequências, como anemia), anemia (além da questão parasitológica tem
uma questão nutricional como a síndrome de má-absorção – animal alimenta, mas o intestino
não absorve), presença de corpos estranhos, distúrbios comportamentais.
Obs. responsáveis por esteatorreia é pâncreas.
Como colher a amostra? É necessário acondicionar em frasco limpo e fresco para
colocar a amostra. O que temos que colocar em consideração é o tempo de colher as fezes,
colocar no frasco e levar para o laboratório. Dessa maneira, sob refrigeração a amostra pode
ficar de 24-48 horas sem que haja continuidade de ciclo evolutivo para que não comprometa o
resultado, mas o ideal é que seja em 24 horas. Em caso de protozoários (giárdia, ameba) como
não é comum este sair nas fezes, se colho uma única amostra há chances de vir um falso
negativo, sendo, por isso é recomendado a utilização de conservantes para que todo dia se colha
uma amostra e coloque junto, ou seja, se tem uma amostragem de 3 dias ou mais seguidos em
um único exame, aumentando a sensibilidade. Normalmente, esse conservante é o MIF¹
(mertiolate, iodo, formal e glicerina) é um líquido laranja e conserva as formas parasitárias da
amostra por até uma semana. Ademais a amostra no MIF não precisa de ser refrigerada, pode
ficar na temperatura ambiente.
Obs. Alguns livros falam de formalina 10% (é utilizado para pesquisa quando precisa
de muito tempo, mas para parasita, o formal mata a larva podendo confundi-la com
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um artefato como pelo, por exemplo) e tolueno (é muito caro). ¹ o MIF tem que cobrir
todas as fezes.
Antes de colher já tenho que estar com material para o acondicionamento na mão.
Como colher a amostra? COLETA PARA PEQUENOS ANIMAIS a amostra ideal é a
recém defecada, mas há situações em que posso recolher amostra direto do reto do animal.
Mas se não for possível recolher na hora que o animal defeca, posso colher até 2 horas após
realizada. Após esse tempo essas fezes ficam péssimas (uma amostra aparentemente positiva
pode se tornar negativa, parasitas vão para o ambiente, por exemplo). Além do mais as melhores
fezes é a do início da manhã. COLETA PARA GRANDES ANIMAIS devo fazer uma palpação
retal, agarrar as fezes e retirar a mão do reto e inverter a luva, já vira um recipiente.
Obs. FEZES NÃO É EXAME DE URGÊNCIA. Para animais grandes ou pequenos o
ideal é que se evite as fezes que estiverem em contato com o solo porque elas
tendem a resfriar, assim os parasitos do paciente tendem a ir para o solo e sair da
amostra e os parasitas externos às fezes tendem a buscar alimento dentro das fezes,
adentrando nesta.
Exame físico das fezes: o laboratório não descreve consistência, forma, volume, cor e
odor das fezes, por isso é importante para o clínico que deve se ater a essas informações. Deve-
se saber se as fezes estão normais para a fisiologia do animal (cachorros, marrom, cilíndricas e
consistentes, por exemplo). O MUCO não deve aparecer nas fezes porque sua função é lubrificar
(produz uma quantidade pequena que dá um brilho característico), sendo que se há uma grande
produção de muco pode ser por doenças inflamatórias, ou por algum processo irritativo, ou ainda
por infecção. Quando o problema com o muco está misturado nas fezes o problema é com o
intestino delgado (porque as fezes ainda não estão prontas ainda), agora se o muco estiver
revestindo as fezes o problema será no intestino grosso, já se as fezes estiverem revestidas
com muco e também entremeada com muco será um processo inflamatório, infeccioso ou
irritativo no intestino grosso e no intestino delgado. Já se o problema do paciente for
SANGUE nas fezes, como sangue é proteína, esse sangue sofrerá digestão no TGI, saindo nas
fezes digerido, escuro. Assim, quanto mais escuro o sangue nas fezes for, mais digerido
estará o sangue identificando que o problema é na porção anterior do TGI (boca, lambeu
sangue, veio do esôfago, do estomago), ao contrário se o sangue for vermelho claro (vivo)
indica que o sangue está pouco digerido motivo pelo qual os seguimentos envolvidos
com esse problema são do intestino delgado para baixo¹. CORPOS ESTRANHOS. Animais
que tem DIETAS POUCO SELETIVAS ou CONTAMINAÇÃO DO MATERIAL. Além do mais as
fezes podem vir com PIGMENTOS BILIARES E GORDURA que indicam alguma alteração no
Pâncreas pois é ele que começa a digestão de gordura. Deve-se analisar o PH das fezes,
geralmente quem analisa é o clínico de ruminantes. Além do mais, em caso de animais de grande
porte, deve-se fazer a PESQUISA DE SANGUE OCULTO como ocorre em casos de animais
que tem anemia devida a perda sanguínea (animal perde sangue em quantidade menor de
forma contínua e crônica nas fezes), neste caso o paciente tem que ficar 48 horas sem ingerir
nada que tenha pigmento avermelhado (carne in natura, cenoura, beterraba, corante).
Obs. Mesmo os animais em jejum têm um volume normal de fezes (isso ocorre
porque o intestino produz ainda muco), se o cachorro não está defecando ou é uma
obstrução ou íleo paralítico (paralisia de alça intestinal). Já o cachorro que defeca
muito em grande volume o animal tem hipotireoidismo ou é má-absorção intestinal.
¹ em caso de protozoários veremos fezes revestidos com muco e estrias de sangue
vermelho vivo, porque normalmente pega no final do intestino delgado.
Exame Microscópico: EXAME PARASITOLÓGICO para identificar os parasitas, os ovos
(pleomorfismo, formas dos ovos dos parasitas) e classifica-lo no resultado do exame. Já em
animais de grande porte os ovos dos parasitos não são tão diferentes. Além do mais se tenho
alguma suspeita parasitológica, posso retirar essa dúvida através de alguns métodos, sendo
eles: 1. MÉTODO DIRETO é o único método não concentrador, onde pega-se uma lâmina um
pouco de fezes, pingo um pouco de água em uma lâmina, misturo, coloco uma lamínula e levo
para o microscópio, se esse teste der positivo não preciso fazer outro exame, mas se der
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negativo faço um exame mais sensível. 2. MÉTODO DE FLUTUAÇÃO, onde diluo uma
amostra em uma solução que é mais densa que os ovos (água com sal, misturo até sobrar no
fundo, ou ainda água com açúcar cristal, sendo que essa última preserva mais as estruturas
durante a flutuação). Problema é que se deixar uma amostra flutuando por muito tempo é que o
ovo perde água para o meio. Os ovos mais pesados não flutuam muito bem, nem alimento mal
digerido. 3. MÉTODO DE FAUST (sulfato de zinco utiliza-se uma solução salina hipertônica e
deixa flutuando por 12 horas) é um método especifico para protozoários, mistura flutuação e
sedimentação, motivo por qual ele é complicado e demorado. Pego a amostra diminuo a água,
centrifugo, desprezo o sobrenadante, centrifugo novamente e desprezo o sobrenadante, isso por
4 vezes, até que na última vez eu analiso o sobrenadante¹. 4. MÉTODO DE SEDIMENTAÇÃO
utiliza-se água, diluo a amostra naquela água, de maneira que o que estiver na amostra, em um
cálice de sedimentação, vai sedimentando e a análise é feita nesse sedimento, assim quanto
maior o tempo em que ocorrer a sedimentação melhor é para análise. No entanto, essa técnica
não é utilizada para ruminantes porque o sedimento ficará muito rico de artefato, ou seja, seu
sedimento fica muito sujo. 5. MÉTODO DE BERMAN não se utiliza muito porque demora 1 dia
para fazer, mas sua especialidade é para pesquisa e identificação de larva, isso porque a larva
tem termotropismo, ou seja, ela vai para um ambiente que tem um maior calor, assim ao final do
tubo de látex tem um tubo menor que devo pegar e centrifugar para identificar a larva. 6. O.P.G
é um teste quantitativo, avalio o grau de infestação de rebanho, assim seleciono um grupo
pequeno, colho amostra, misturo e encaminho para o laboratório, no entanto dá para fazer a
nível de campo, peso a amostra, faço diluição com água, encho a câmara de Mac Master, levo
no microscópio foco nas barras e tento visualizar ovos. Além do mais, essa lâmina tem 2 câmaras
para dar maior sensibilidade, de maneira que conto os ovos encontrados nas listras e multiplico
por 100, depois somo com o encontrado do outro lado multiplicado por 100, dividido por 2. O
OPG para interpretar tem que levar uma série de variáveis em consideração: como a
patogenicidade do parasito e a quantidade de ovos encontrados, além disso, devo considerar o
número de adultos e o número de ovos (pode haver muitos parasitas adultos, mas dependendo
do estágio de vida desse parasita haverá poucos ovos, por exemplo), outra coisa para se levar
em consideração é se é um animal adulto ou jovem, leva-se em conta também os animais sadios
e os animais doentes e, por último, considera-se também as condições ambientais. 7. MÉTODO
COPROCULTURA pego a amostra, coloco em condições de temperatura e tempo, deixo o ovo
eclodir e identifico a larva. 8. XENODIAGNÓSTICO se sei que no ciclo de vida desse parasita
tem um inseto, posso pegar um inseto criado em laboratório, colocar esse inseto para se
alimentar do sangue desse animal, espero um tempo, disseco o inseto e encontro a forma
infectante no intestino do inseto, confirmando o parasito.
Obs. ¹ atualmente os laboratórios utilizam o sulfato de zinco 33% utilizado no método faust,
deixa a amostra na flutuação por 8 a 12 horas, para descobrir o protozoário.
Por que? A interpretação é multifatorial, depende de idade, do ambiente em que o animal
vive, então para tratar, juntamente com o resultado do exame escolho a melhor condição para
aquele caso.
13/02/2019
HEMATOLOGIA
É o exame de sangue.
Quando precisa de avaliação hematológica? Sempre que demandar de hemácias,
leucócitos e plaquetas, para saber quantidade, número e o tipo de resposta que o paciente tem
diante de um tratamento ou doença.
No que diz respeito a uma cirurgia eletiva, você precisa de saber quais os parâmetros
hematológicos do paciente, se vai sangrar mais ou menos, se tiver número de plaquetas
reduzidas tenho que adiar a cirurgia, se tiver pouca hemácia pode ser que falte oxigenação, se
ele está com algum processo inflamatório (células de defesa).
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Ou seja, posso ter um paciente que está clinicamente anêmico, mas tenho que saber: qual
o tipo de anemia, como tratar, como comportar com o paciente, por isso tenho que fazer uma
avaliação hematológica.
Dessa maneira, o hemograma é importante, mas pode ou não fazer diferença. Mas esse
exame resguarda, porque você pode descobrir que o animal está anêmico, está com plaquetas
diminuídas, sendo que se isso ocorrer e não for uma cirurgia eletiva, já posso ir para a cirurgia,
por exemplo, com uma bolsa de sangue.
Assim, a avaliação hematológica é o mínimo de exames que você precisa fazer em
um animal doente, ou em um animal saudável que vai fazer algum tratamento.
O exame laboratorial como ferramenta diagnostica é aplicar um termo que limita o que o
exame vai lhe oferecer. O diagnóstico é algo clinico, sendo que junto ao resultado do exame
pode-se chegar a um diagnóstico. Mas, mais que um diagnóstico, o exame te direciona a um
prognostico e monitoramento do tratamento (repetição dos exames laboratoriais para
confirmar que o tratamento está dando certo).
Uma vez que sei o quando fazer o exame, tenho que saber qual amostra levar pro
laboratório, logo, Como? O que não pode acontecer com essa amostra é coagular (mesmo que
forme um pequeno coagulo) e se o veterinário pega esse coagulo tira e manda para o laboratório
por preguiça de fazer uma nova coleta, está sabotando a si mesmo. Dessa maneira para que
isso não aconteça, devemos ter em mãos uma forma de colher o sangue (de dentro da veia do
paciente), como uma agulha¹; temos que colher da forma mais asséptica possível (não posso
ser veículo de contaminação do paciente, não posso penetrar a pele levando contaminação), o
mínimo é o álcool 70%, mas pode ser iodopovidini, por exemplo; a via de acesso (depende da
acesso e da habilidade do veterinário), para pequenos e grandes é ótimo a jugular; em mãos
devo ter um tubo com uma solução que permite com que o sangue não coagule
(anticoagulantes); além do mais, para colher o sangue precisamos de seringa (de plástico
descartável²).
¹escolhe-se a agulha de acordo com o calibre do vaso que o veterinário irá trabalhar,
sendo que, normalmente 25x7 ou 25x8. Além disso, não posso pegar uma seringa muito
grande para uma agulha pequena (porque vem com muita pressão, causa hemólise e
coagulação).
²antigamente utilizava-se seringa de vidro, mas o vidro é ativador de agregado
plaquetário, ou seja, promove a agregação plaquetas e o número de plaquetas no
exame diminui. Por isso, deve-se evitar a seringa de vidro.
Obs. Se forçar um sangue a passar por uma agulha de calibre fino demais, vai haver
hemólise e ocorrerá a ativação de plaquetas.
Quantos ml de sangue devo colher? Meio ml de sangue dá para fazer vários exames. No
entanto para encaminhar essa amostra para o laboratório, tenho que ver o tamanho do tubo
que vou trabalhar com ele porque dentro dele tem uma quantidade de anticoagulante para
inibir a coagulação de X ml de sangue. Assim, se colocar menor quantidade do que a indicada
o que acontece é que há anticoagulante em excesso, o que dilui a amostra. Ex. o tubo diz que
tem anticoagulante para 5 ml de sangue, se colocar pouco dilui e se colar mais coagula. Ou seja,
o tubo tem um volume máximo e um volume mínimo, sendo que normalmente o mínimo é
metade do volume máximo, exemplo, o máximo é 5 ml e o mínimo, então, é 2,5 ml. Então,
como fazer para o gato, ave, filhote que tem que colher um volume pequeno? Existem tubos que
são de 1ml e ainda existe um tubo que é para micro coleta que é para 0,5ml, existe ainda o 1,5
ml e outro de 4ml. Ou seja, existem tubos de 0,5 ml; 1,0 ml; 1,5 ml; e 4,0 ml.
Os tubos com anticoagulantes normalmente vêm com vácuo, para trabalhar com esquema
de vacuotenher, ou seja, encaixa o tubo depois que a agulha está na veia o vácuo do tubo já
puxa o sangue. Ou seja, acoplo o tubo depois que a agulha já está na veia. No entanto, para
gato esse processo não serve, já para uso em cães com mais de 10 kgs e grandes animais é
ótimo.
Obs. Lembrando que toda vez que encontro na veia do paciente ativo a cascata de
coagulação, então tenho que esquecer aquela veia e ir para outra.
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Colhi o sangue com a seringa, tenho tubo com vácuo, não posso espetar o tubo com a
seringa. Assim, tiro a agulha da seringa, tiro a tampa do tubo, assim sem agulha e com o tubo
aberto transfiro o volume de sangue, respeitando o volume máximo e o mínimo. E mais uma vez,
errou aqui não adianta, tem que repetir.

 Anticoagulantes
Existem, hoje no mercado, 4 anticoagulantes, sendo que a cor do tubo está relacionado
ao anticoagulante, assim:
TUBO DE TAMPA ROXA (EDTA): o EDTA é o anticoagulante mais utilizado em
hematologia, pelo tempo de ação e as vantagens que oferece. Dentro os anticoagulantes ele é
o que preserva a amostra por mais tempo sem coagulação. Como o EDTA age? Pega o fator 4
da cascata da coagulação, que é o cálcio e transforma em um sal insolúvel. Assim, o cálcio não
fica disponível para coagulação, sendo que este sal é o mais insolúvel, não permitindo com que
ele entre na reação de coagulação. Ademais ele é um excelente preservador e é o mais
utilizado na rotina porque não muda a afinidade tintorial, ou seja, é o que menos interfere
na morfologia da célula. DESVANTAGENS: 1. baixa solubilidade (logo se tenho um tubo de
EDTA e coloco dentro dele uma amostra ele não mistura) por isso tenho que homogeinizar¹ (o
sangue com o EDTA) para que não coagule. É uma homogeinição completa; 2.
Encarquilhamento celular, ou seja, quando em excesso causa diminuição das células (diminui o
tamanho de hemácia, por exemplo, onde o tamanho desta é importante para o exame). 3. Não
inibe as enzimas que quebram a glicose, logo, as células vão consumindo a amostra,
consequentemente, a quantidade de glicose vai diminuindo na amostra (não é bom utilizar o
EDTA para dosagem de glicose, além do mais, glicose mede-se, normalmente, no soro
sanguíneo), abaixando até 10% no valor dela cada hora após o recolhimento. O ideal para
análise do tubo da amostra no EDTA é imediatamente, não foi possível pode-se fazer até 24
horas após o colhimento², se não tiver como fazer nas 24 horas é tolerável até 48 horas, mas
neste caso o resultado já está comprometido. Além do mais, a amostra tem que ficar na
geladeira, mas para análise tem que estar na temperatura ambiente (plaqueta não gosta de frio).
Obs. o prazo entre colher e colocar dentro do tubo é o mais rápido possível. ¹ não pode
misturar muito vigorosamente o frasco porque pode ocorrer hemólise e, portanto,
coagulação. ² não posso usar o EDTA por mais de 7 dias porque o oxigênio e a glicose
vão baixando à medida que o tempo vai passando, a célula morre por falta de glicose e
oxigênio, não é porque coagulou a amostra.
TUBO DE TAMPA CINZA (Fluoreto de Sódio): inibidor de glicólise (conserva a glicose
da amostra). DESVANTAGEM (comparado com o EDTA): inibe a coagulação por menos horas
(em 48 horas tem coagulo). O mecanismo é pegar o cálcio e transformar em fluoreto de cálcio
que é menos solúvel do que o EDTA. O problema de não preservar a glicose da amostra é que
as células não consomem nada para continuarem vivas, morrem rapidamente por isso. O prazo
para análise de amostra em fluoreto é de 24 horas no máximo. Ou seja, tem pouco tempo de
ação, altera a morfologia de hemácia, sendo utilizado apenas para avaliar glicemia.
Obs. fluoreto tem que homogeinizar mas pouquinho, senão coagula dentro do frasco se
homogeinizar demais.
TUBO DE TAMPA VERDE (HEPARINA): inibe a coagulação através da inibição da
protrombina em trombina. Permite a dosagem bioquímica (essa é a vantagem deste exame),
trabalha-se com o plasma HEPARINIZADO. Sendo assim, a HEPARINA é o anticoagulante
mais potente, mas não é o mais duradouro. Outra situação em que pode utilizar é na
gasometria. DESVANTAGEM: anticoagulante mais caro, baixo tempo de ação (faz transfusão de
sangue porque seu efeito não dura muito, assim se o animal estiver com hemorragia e receber
um anticoagulante que age por muito tempo, piora a hemorragia), além do mais é inadequado
para teste de aglutinação.
TUBO DE TAMPA AZUL (CITRATO DE SÓDIO): é o anticoagulante que vem dentro da
bolsa de transfusão, por esse motivo não inibe a coagulação de sangue por muito tempo isso
porque não pode entrar ar nessa bolsa, senão coagula rápida. Essa amostra tem que ser
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avaliada dentro de 6 horas, mas só coagula de 18-24 horas, no entanto esse prazo deve-se
porque é nele que separa o plasma do citrato que a heparina não deixou fazer, como a
coagulação. Ou seja, são os testes de homeostasia (tempo de protrombina, tempo de
coagulação). Então o citrato de sódio pega o cálcio e transforma em citrato de cálcio que tem
menos tempo de ação, ou seja, demora 6 horas para que volte a coagular se em contato com ar
(se for em uma bolsa de sangue, sem oxigênio, dura cerca de 21 dias sem o ar, no vácuo). Esse
anticoagulante interfere em testes bioquímicos porque pega o cálcio, indisponibilizando para
testes bioquímicos, diminuindo ou aumentando parâmetros. DESVANTAGEM: interfere em
testes bioquímicos e previne a coagulação por poucas horas.

O que o laboratório faz? Avalia a quantidade e morfologia de hemácias, avalia número


e tipo de leucócitos, avalia também plaquetas, morfologia, tamanho e quantidade. Todas
essas células estão dentro do plasma de maneira que: a quantidade normal de hemácias gira
em torno de 45% do sangue, 2-3% é leucócito e mais de 50% do sangue é plasma (sendo
que 90% desse plasma é água). Assim, o volume plasmático interfere nesta contagem, porque
se aumenta a quantidade de água no sangue a proporção de células diminui e ao contrário, se
diminui a quantidade de água no plasma, aumenta o número de células que interferem no
resultado. Ou seja, paciente desidratado tem mais número de células, enquanto pacientes
hiperidratados tem menor quantidade de células. Assim, por exemplo, o animal desidratado
tem menos água, portanto tem mais células, então ao colher sangue desse animal e o número
de hemácias está normal, significa que a desidratação mascarou uma anemia.
As células sanguíneas têm um ciclo entre produção, sobrevivência e destruição, sendo
que esse ciclo pode ser expandido ou diminuído de acordo com a espécie, tamanho e doença
que o animal tiver. O principal tecido de HEMATOPOIESE (plaqueta, hemácias e leucócitos) é a
MEDULA ÓSSEA, principalmente em adultos. O Baço e o linfonodo participam da diferenciação,
maturação e armazenamento dessas células. O Baco e o Fígado possuem macrófagos que têm
função envolvido com a HEMOCATERESE ou HEMATÓLISE, quando esse macrófago
reconhece essas células e as tira da circulação. Além do mais o fígado tem importância grande
porque é ele que armazena gordura, proteína, dessa maneira um fígado doente não consegue
produzir muito dessas células. Assim, o Fígado é muito importante na produção e retirada
dessas células. Dos 13 fatores da cascata da coagulação, apenas 2 não são produzidos
pelo fígado, sendo que 4 dos fatores são vitamina K dependente, de maneira que o fígado
ativa a vitamina K para se ligar a esses fatores. Além do mais, os Rins produzem fatores
(eritropoietina) que estimulam essas células. Para que a Medula produza células é
necessário com que o paciente alimente bem e que o intestino absorva esses nutrientes, senão
poderemos ver deficiências ligadas a falta de absorção intestinal.
HEMATOPOIESE: têm etapas e tecidos envolvidos com isso. Na fase pré-natal o saco
vitelino que fornece as primeiras células sanguíneas que vão alimentar os tecidos que estão
sendo criados. Na fase embrionária, quem produz essas células são Fígado, Baço e Medula. No
entanto na época pós-natal, após a criação dos ossos, a Medula óssea é que começa a assumir
o papel de hematopoiese. Ademais, quando o indivíduo acabou de nascer a Medula Espinhal
tem capacidade funcional, consigo colher medula avaliável, mas à medida que o animal vai
crescendo a produção de medula óssea se restringe aos ossos longos e chatos. O exame que
avalia a produção de sangue pela MO é o MIELOGRAMA.

 Eritropoiese
ERITROPOIESE: é a produção de HEMÁCIAS, sendo que é a eritropoietina (produzida
a proeritropoietina no Fígado e eritropoietina nos Rins; com exceção do cão onde essa produção
é exclusivamente renal, isso explica porque em um cão a anemia é mais grave do que em gato,
porque o gato tem 2 órgãos para ajuda-lo, enquanto o cão tem apenas o Fígado que pode não
estar muito bom, por exemplo)¹. Além da eritropoietina, o corpo precisa de CORTIZOL,
FERRO (o fígado está armazenando ferro), GORDURA, PROTEÍNA (oriundos da dieta),
INSULINA (diabético tende a ter menos hemácia que o normal, por isso diabético é anêmico,
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mas quando tratado com insulina, aumenta o número de hemácias, porque agora tem substrato).
Esses são os substratos necessários para uma ERITROPOIESE EFETIVA. Na MO as
células tronco que produzem hemácias.
¹ O rim libera a eritropoietina que é produzida nele através da estimulação renal através
da proeritropoetina (pelo fígado), a proeritropoietina e a eritroproietina vem do rim no cão.
Como ocorre a eritropoiese? O músculo consome muito oxigênio, entra em estresse
oxidativo, assim o sangue chega menos oxigenado nos Rins, os baroceptores (aparelho justa-
glomerular) notam esse sangue, o que estimula a transformação a pro-eritropoetina em
eritropoietina, que é jogada no sangue, chega até a MO, onde estimula com que a CÉLULA
TRONCO a formar a UNIDADE FORMADORA DE COLÔNIAS DE ERITRÓCITOS. Assim, uma
célula tronco se dividirá em 2, onde uma é armazenada e a outra é usada para produzir a célula
(hemácia), mas à medida que vão ocorrendo divisões a hemácia vai diminuindo de tamanho e
perdendo o núcleo. Além disso, durante esse processo, além de diminuir o tamanho da hemácia,
perder o núcleo, elas também concentram a hemoglobina. Assim, se por alguma razão ocorre
um aumento da demanda (como cirurgia que houve um sangramento intenso) o corpo vai tentar
repor as hemácias, por isso o organismo vai acelerar o processo, motivo pelo qual a hemácia
saíra com o tamanho aumentado e o resto de núcleo. Já se por alguma razão retardar o
tempo a hemácia tende a sair menor e com mais hemoglobina.
Logo, na ERITROPOIESE RETARDADA teremos MICROCITOSE (hemácias menores e
com concentração de hemoglobina), já na ERITROPOIESE ACELERADA teremos
MACROCITOSE (hemácias maiores e com resto de núcleo)
Além do mais, no processo de diferenciação temos o processo de mitose (ponto em que
temos maior concentração de eritropoietina) que dura de 2-3 dias, enquanto de amadurecimento
demora de 1-2 dias. Ou seja, o processo demora até 5 dias, por isso se aplicar em uma pessoa
anêmica eritropoietina, até aparecer essas hemácias no sangue, demoram até 5 dias (de 3 a 5).
Após produzidas e na circulação as hemácias duram: no cão de 100-115 dias; no gato 73 dias;
no boi 130 dias; no caprino 125 dias; no equino de 140. Ou seja, quanto maior a espécie
maior a duração da hemácia, quanto menor a espécie, menor o tempo de duração da sua
hemácia, isso se deve ao ESTRESSE OXIDATIVO (para atravessar uma sala, um cavalo faz
menos esforço do que um camundongo).
Assim, tenho que estimular a produção de novas hemácias em pacientes anêmicos pelo
menos 5 dias antes da vida daquela hemácia, normalmente utiliza-se 10 dias.
Obs. o tamanho da hemácia do gato é muito pequena. Quem mais joga hemácia
nucleada no sangue é o cão. Já o cavalo (exceto de potro) não joga hemácia
nucleada no sangue.
Obs. Animal anêmico com hemácia grande na corrente sanguínea é ótimo porque a MO
está reagindo. Já aquele animal em que a hemácia está normal é preocupante.
20/02/2019
 Avaliação do Éritron
HEMOGRAMA = hemácia, plaqueta e etc. Já ERITROGRAMA é a avaliação do éritron,
ou seja, é tudo relativo às hemácias. Pode ser então: a contagem total de hemácias
(hemocitómetros automáticos ou câmara de new bauer), onde determinamos o hematócrito (%
no sangue) e faço a dosagem de hemoglobina.
Para fazer a contagem de hemácias fazemos a escolha de 5 quadrados na diagonal do
quadrado central somamos e multiplicamos por 10.000, quando conseguimos o total de
hemácias por cm³ daquela amostra.
O hemocitometro eletrônico suga a amostra, passa por uma série de tubos onde fazem a
contagem e determina o tamanho da hemácia daquela amostra, em determinado momento
aquela amostra, após passar por esses canos, entram em processo de lise quando iremos
calcular a hemoglobina da amostra. Mas quando sei que o aparelho usa laser para aumentar a
precisão da leitura, ele está definindo o tamanho, espessura da hemácia. Além disso, o aparelho
que faz hemocitometro eletrônico pode fazer também o RDW (%) onde determina o grau de
anisocitose (diferença da tamanho da célula) ou seja, indica variação média do tamanho das
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hemácias (eritropoiese começa com um tamanho e vai diminuindo). Assim, os hemocitômetros
veterinários tem uma calibração para cada espécie, porque a hemácia de cada espécie é de
tamanho diferente. Além do mais, para calibrar, temos que pegar sangue de 5 animais, passar
na câmera de new bouer, determinar o que é normal e passar pelo aparelho.
Hemácias a contagem é na casa do milhão.
O HEMATÓCRITO é quanto o número de hemácias representa no volume total de
sangue do paciente. Ou seja, se um animal tem 30% de hematócrito significa que 30% do
sangue daquele animal é de hemácias (o restante é leucócitos, plaquetas, é o soroplasma).
Ademais, os valores de normalidade estão descritos em tabelas (a tabela fala que 35% tem 3.000
milhões de hemácias para aquela espécie, por exemplo). O hematócrito pode ser medido por
aparelhos, quando este mede hemoglobina e calcula o hematócrito (geralmente o hematócrito
é 3 vezes o número de hemoglobina)¹. Ou ainda, pode ser medido por centrífuga (há formas
de fazer além da microcentrífuga, pode ser feito em uma comum por mais tempo, deixaremos
por 10-15 minutos) que gira a 11.500 RPM durante 5 minutos, quando fraciona a amostra,
forçando as hemácias para baixo, depois, em uma tabelinha meço de 0-100 onde é que termina
a coluna de hemácias (tubos capilares – meço embaixo do botão leucocitário). Com os tubos de
capilares consigo ver que se o plasma está branco, quer dizer que tem muita gordura (lipêmica),
se está amarelado indica uma bilirrubina, se avermelhada indica hemólise. Além do mais, em
um paciente com leucocitose, a linha de leucócitos será maior (botão loucocitário mais
extenso).
Obs. ¹apesar disso é importante fazer o hematócrito na câmera porque pode ter amostra
que o número de hemoglobina pode estar baixo, mas a hemácia pode ser um pouco maior.
Ademais o número de hemácias é 3x maior do que de hemoglobina. Sendo que essa
diferença pode ser vista no esfregaço, consigo ver a falta de hemoglobina na hemácia.
Causas de falso aumento de hemácias: estresse (se um animal consegue sequestrar
hemácias para o baço, em estresse ele pode contrair o baço e jogar essa hemácia para o sangue,
logo pode haver um aumento muito grande), desidratação (porque reduz o percentual de água
do plasma, então o número de hemácias da amostra aumenta, utilizamos para ver se está
desidratado o aumento das proteínas plasmáticas).
Causas de falsa diminuição: muito EDTA (muito EDTA dilui a amostra, o percentual
abaixa), amostra velha (hemácias morrem, logo menos hemácias e o hematócrito estará
diminuído), anestésicos na contenção do animal (dependendo da medicação pré-anestésica
pode fazer uma esplenomegalia, um sequestro de hemácias, então o hematócrito estará baixo,
um baço de um equino pode sequestrar até 1/3 das hemácias, logo redução de 30%).
HEMOGLOBINA utiliza-se um reagente de cianeto pega as 3 hemoglobinas transforma
em 1 só e consegue medir. Nos aparelhos a dosagem de hemoglobina é mais precisa do que a
do hematócrito. Quando meço a concentração de hemoglobina estou avaliando a
capacidade funcional da hemácia, por isso que é importante analisar atentamente a
quantidade de hemoglobina. Não adianta o paciente ter um número de hemácias dentro do
normal e estar com concentração de hemoglobina baixa (porque a hemácia não consegue
carrear oxigênio).

 Anemias
ANEMIAS: número de hemácias, hematócrito e hemoglobina abaixo da normalidade,
o paciente tem anemia, sendo que essas podem ser classificadas. Não importa se o paciente
está anêmico, mas ele quanto anêmico como está clinicamente.

 Classificação das anemias de acordo com os Índices Hematimétricos


Podemos analisar a contagem global de hemácias, do hematócrito e da hemoglobina.
Então temos o índice VGM (volume globular médio), o indico HGM (hemoglobina globular média)
e CHGM (concentração da hemoglobina globular média)
VGM: hematócrito é a mesma coisa que VG. O VGM diz respeito ao tamanho da
hemácias. Essa fórmula mede o volume médio e a média de tamanho das hemácias.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
VGM = hematócrio x 10 (resultado em fl)
Nº de hemácias
Uma vez encontrado o valor, analiso na tabela de normalidade se esse valor está dentro,
acima ou abaixo da normalidade. Mas se eu jogar o número de hemácias sem jogar a potência
de 10 o resultado vai dar 0,0000 alguma coisa e não vou conseguir jogar na tabela. Assim quando
encontrarmos o valor, posso comparar com a tabela de normalidade.
Se o valor estiver acima da normalidade, as hemácias estrarão maior do que o
normal, ou seja, ANEMIA MACROCÍTICA, o que indica que o problema está na circulação,
porque algo está destruindo as hemácias e a medula óssea, que está funcionado, irá jogar mais
rápido a hemácia no sangue (por isso o tamanho da hemácia estará aumentado). Agora quando
o valor está dentro da normalidade, ou seja, suas hemácias estão normais mas anemia do
paciente é considera: ANEMIA NORMOCÍTICA (tamanho das hemácias está normal). No caso
em que o valor está abaixo do normal a ANEMIA é MICROCÍTICA, ou seja, a medula óssea
não está conseguindo responder rapidamente, logo o tamanho está menor, a medula não está
funcionando como deveria.
HGM: vejo, na média, quanto de hemoglobina que tenho distribuída por aquelas
hemácias.
HGM = hemoglobina x 10
hemácias
CHGM= hemoglobina x 10
hematócrito
CHGM e HGM indicam cor da hemácia. ANEMIA HIPERCRÔMICA, indica que as
hemácias estão coradas demais, ocorre quando as hemácias têm saturação máxima de
hemoglobina porque o limite máximo está dentro do normal. Assim, se essa saturação de
hemoglobina tem um limite, NÃO EXISTE A ANEMIA HIPERCROMICA, logo, se o índice
que é matemática determinar um valor maior do que o normal, biologicamente não tenho
como colocar mais hemoglobina do que o limite normal. Ou seja, mesmo se o valor der
aumentado será ANEMIA NORMOCRÔMICA, não tem como ultrapassar. Mas, existe ANEMIA
HIPOCRÔMICA, as hemácias menos coradas, o que indica que as hemácias estão com menor
número de hemoglobina.
Sempre que trabalhar com anemia, devo fazer todas as análises. Assim, teremos 5
situações:
1) VGM e CHGM NORMAIS, logo ANEMIA NORMOCÍTICA-NORMOCRÔMICA (se o
VGM dá normal, o CHGM será normal, ou seja, uma anemia normocítica sempre será
normocômica) porque na medula, quando ocorre falta de hemoglobina, a medula irá segurar a
liberação da hemácia. Assim a hemácia mesmo que menor terá uma concentração
adequada de hemoglobina. CAUSAS: doenças crônicas (organismo foi se acomodando a
redução de hemácias, logo corpo com menos atividade, menos demanda, menos estímulo à
medula óssea)¹; doenças parasitárias depressoras da MO (como Erlichia); doenças
mieloproliferativas (leucemia, neoplasia da medula óssea, não sobra célula para fazer
hemácias); viroses imunodepressoras e depressoras de MO. Neste caso não adianta dar
sulfato ferroso para o paciente!!!!!!
Obs. ¹o animal normal tende a ficar no padrão mas mais próximo do mínimo, a não ser
que seja atleta
2) VGM AUMENTADO e CHGM NORMAL, logo ANEMIA MACROCÍTICA-
NORMOCÔMICA. O problema de a anemia ser macro é que aumenta o tamanho, corre o
risco de não ter hemoglobina, mas nesse caso o problema não é com a MO. CAUSAS:
doenças hepáticas, carência de vitamina B12 e ácido fólico, drogas, doenças
mieloproliferativas, drogas e distúrbios nutricionais.
Obs. O Poodle tem hemácia maior do que todo mundo.
3) VGM AUMENTADO e CHGM DIMINUÍDO, logo ANEMIA MACROCÍTICA-
MICROCRÔMICA, é o que acontece nas anemias muito regenerativas, onde o paciente tem
que ser esforçar muito, libera hemácias com 2,5 – 3 dias, há hemácias com núcleo, mas
Isadora Pires Ferreira dos Santos
como não concluíram o prazo de maturação, a concentração de hemoglobina será baixa.
CAUSAS: ocorre por insuficiência de ferro. Aqui veremos aumento do número de hemácias
jovens (reticulocitose).
4) VGM DIMINUÍDO e CHGM NORMAL, logo ANEMIA MICROCÍTICA-
NORMOCRÔMICA, ou seja, retardei o amadurecimento para concentrar hemoglobina. Aqui
a causa é a falta de ferro.
Obs. É normal no AKITA ter CHGM diminuído.
5) VGM e CHGM BAIXOS, logo ANEMIA MICROCÍTICA-HIPOCROCRÔMICA, onde
nem retardando o processo de maturação consegui concentrar hemoglobina. CAUSAS:
deficiência de ferro, cobre, vitamina B6 e perdas crônicas de sangue. Ou seja, hemácia
diminuída e sem concentração de hemoglobina.
Uma vez classificada a anemia, precisamos do esfregaço onde veremos que os índices
hematimétricos que estão sugerindo aumento, mudança de cor. As alterações visualizadas
nas hemácias durante o esfregaço, são:
a. CRENAÇÃO, quando veremos que a hemácia parece uma engrenagem, ocorre porque
a hemácia está murchando, ou seja, é porque o meio está muito concentrado ou porque ela
está com mais água do que o normal. Assim, patologicamente o que leva a cremação de
hemácias é a DESIDRATAÇÃO. Ou seja, se temos paciente fazendo hemoconcentração, a
existência de hemácias crenaladas indica que o paciente está em desidratação.
Obs. EXCEÇÃO: boi, até 20% de hemácias crenaladas é normal.
b. ANISOCITOSE: hemácias maiores e hemácias menores (esferócitos). Assim, se eu
tenho em um esfregaço hemácias de tamanhos diferentes, chamo isso de anisocitose
(diferença de tamanho das células). A ANISOCITOS pode ser: discreta, moderada e marcante.
Além do mais, podemos ver hemácias nucleadas (logo não é hemácia de equino porque o final
do processo de maturação de hemácias é no sangue, logo vejo muita hemácia nucleada). Além
disso, se vemos mais hemácia grande, logo o problema desse animal não é na medula óssea,
ela acelerou a eritropoiese.
c. POLICROMASIA ou POLICROMATOFILIA: que é a
coloração mais azulada (basofílica) da hemácia mais jovem.
d. ESFERÓCITO: (comum em pequena quantidade no
cão, difícil de ser diagnosticado em gato e cavalo porque a
hemácia é pequena) está relacionada com a ANEMIA
IMUNOMEDIADA, quando o organismo identifica a membrada
na hemácia como no self (devido a uma diferença na membrana),
assim quando a hemácia passa no baço, ele identifica e come o
pedaço de no self, então o baço come uma parte da hemácia,
que para não morrer diminui de tamanho. Logo, quando temos um paciente com
esferocitócitos, significa que ele está com uma ANEMIA IMUNOMEDIADA.
e. HEMÁCIAS COM CENTRO PÁLIDO: está relacionado com a redução de
hemoglobina, ou seja, veremos HIPOCROMIA.

 Classificação das anemias de acordo com a Resposta Medular


RETICULÓCITO é a hemácia jovem com restos de núcleos (pontinhos), mas para
visualizar esses reticulócitos e os restos de núcleo temos que usar um corante especial. Assim,
para conseguir ver esses restos de núcleo na célula precisamos de um corante azul de bruquesil
brilhante, onde pingo gotas dentro de um tubo, incubo e depois pego uma gota e faço o esfregaço
para olhar no microscópio. Ao final, esse corante fala se tenho hemácia mais jovem que o
eritrócito maduro ou não, isso é importante para um animal anêmico, para avaliar a
capacidade de resposta medular, classificando assim em: ANEMIA REGENERATIVA(medula
está produzindo células), ANEMIA POUCO REGENERATIVA (medula está regenerando pouco)
ou ANEMIA ARREGENERATIVA (não há regeneração).
Padrões na ANEMIA REGENERATIVA: CÃES, GATOS e SUÍNOS sobe muito a
produção de reticulócitos quando a anemia é regenerativa; RUMINANTES nunca faz
Isadora Pires Ferreira dos Santos
reticulocitose!!!!, ou seja, jogam a hemácia um pouco mais jovem associado a ponteado
basofílico (corpúsculos de howell jolly), o que indica que o animal está em uma anemia
regenerativa; EQUINOS não tem reticulóticos, então para classificar a anemia como
regenerativa, termos MACROCITOSE e ANISOCITOSE.
Obs. METARRUBRÓCITO é a hemácia com núcleo, ainda não maturada.
Um gato, um cão e um suíno anêmicos que não tem reticulocitose, mas tem reticulocitos,
eles estão anêmicos? ANEMIA POUCO REGENERATIVA. No BOVINO não tem reticulose
(aumento de reticulócitos na corrente sanguínea) porque quando ele precisa de jogar
muita hemácia na corrente sanguínea joga um pouco de reticulócitos, mas como a
demanda é grande, joga uma célula mais jovem, os Corpúsculos de Howell Jolly (ou
ponteados basofílicos). No EQUINO é difícil de classificar a anemia como pouco
regenerativa, porque não faz reticulócitos.
Se é normocitica e normocronica, nunca vai ser regenerativa, será pouco
regenerativa ou arregenerativa!!!!!!!!!!!
27/02/2019
Um CÃO, GATO ou um BOVINO que tem ponteados basofílicos significa que é uma
anemia regenerativa, se tiver pouco reticulócitos será pouco regenetariva, e se não tiver
reticulóticos serra arregenerativa.
Obs. existem particularidades nas espécies, principalmente quanto aos FELINOS quando
classificamos a anemia como resposta medular.
Em CÃES a maturação da hemácia pode demorar 48 horas, logo é na transformação de
hemácia nucleada para madura que veremos os reticulócitos, que irão para a circulação de 24
a 48 horas. Ou seja, isso significa que a anemia desse animal é regenerativa e é um quadro
atual. Já no FELINO o processo de maturação pode durar até 12 dias, então o gato pode
produzir o reticulócito hoje, que permanece na medula óssea e só irá para corrente daqui
12 dias. Então como sei se essa MO está funcionando? No exame do felino, o laboratório tem
que fornecer a diferenciação entre: RETICULÓCITO AGREGADO, quando há restos de
núcleos juntos por até 12 horas depois que jogados na corrente sanguínea; e
RETICULÓCITOS PONTIADOS, onde os reticulócitos tem apenas pontos, duram de 12 horas
até 12 dias (depois de jogados na corrente sanguínea) para virar hemácia madura. Assim, ao
contar os reticulócitos de um gato, pode ser que estejam aumentados e concluo que a anemia é
regenerativa (mais agregado). No entanto, tenho que fazer a contagem total e também contar os
reticulócitos agregados e os pontiados para saber se a anemia é regenerativa ou não.
Assim um GATO ANEMICO COM MAIORIA DE RETICULÓCITOS AGREGADOS =
ANEMIA REGENERATIVA. Já um GATO ANEMICO COM RETICULOCITOSE, mas que a
MAIORIA DE RETICULÓCITOS SÃO PONTEADOS, COM POUCOS AGREGADOS = ANEMIA
POUCO REGENERATIVA. Já se o animal possui APENAS RETICULÓCITOS PONTEADOS =
ANEMIA ARREGENERATIVA.
CÃO e SUÍNO ANEMIA REGENERATIVA = RETICULOCITOSE. CÃO COM
RETICULÓCITOS = ANEMIA POUCO REGENERATIVA. CÃO SEM RETICULÓCITOS =
ANEMIA ARREGENERATIVA.
BOV/CABRA/OVELHA COM RETICULÓCITOS MAS SEM RETICULOCITOSE
(reticulócitos normais associados a ponteados basofílicos – corpúsculo de Howel Joelly) =
ANEMIA REGENERATIVA.
POLICROMASIA = EQUINOS, onde a hemácia está grande. EQUINO COM ANEMIA
REGENERATIVA = hemácias grandes (VGM aumentado). EQUINO COM
ARREGENERATIVA = VGM normal com hemácias normais.
Classificação de intensidade ou gravidade de anemia leva em consideração o hematócrito
e clínica, de maneira que se a anemia for muito intensa é necessária uma transfusão.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
 Policitemias
POLICITEMIAS: paciente com número de hemácias, hemoglobina e hematócrito
aumentado, são aqueles animais que tem mais de 60% do sangue representado por
hemácias, sendo que essa condição é classificada como POLICITEMIA.
Um sangue com mais hemácias fica mais viscoso, tem mais células por isso tem
menos água, menos plasma. Logo, esse sangue mais viscoso tem dificuldade de passar e
perfundir os tecidos, começamos a ter MENOR TRANSPORTE DE OXIGENIO, assim o
organismo aumenta a produção de hemácias, libera mais eritropoietina no rim, mais eritropoietina
na MO, pode gerar ruptura de vasos, inclusive. O animal terá: MUCOSA HIPERÊMICA, HIPÓXIA
e TROMBOSE, POLIÚRIA e POLIDIPSIA (urina mais e bebe mais água – tenta diluir o sangue),
DISTÚRBIOS SNC (incoordenação motora, convulsões, prostração intensa), HEMATÊMESE
(vômito com sangue, ruptura de vasos no estomago, esôfago), EPISTAXE (ruptura de pequenos
vasos na mucosa nasal), HEMATOQUEZIA¹ (fezes com sangue vivo), HEMATÚRIA (sangue na
urina do paciente).
Obs. ¹ diferente de Melena diarreia sanguinolenta.
As policitemias podem ser classificadas como:
POLICITEMIA RELATIVA: corpo do paciente não tem mais hemácia, mas no exame
vê-se o aumento, isso significa que o animal tem menos plasma. Ocorre em:
DESIDRATADO, CONTRAÇÃO ESPLÊNICA (animal que estressa muito contrai o baço,
jogando até 1/3 de hemácias para circulação, o que sobe o numero de hemácias).
POLICITEMIA ABSOLUTA: paciente está produzindo mais hemácias do que deveria.
Sendo que a causa pode ser primária ou secundária à algum processo. POLICITEMIA
ABSOLUTA PRIMÁRIA / VERA ou VERDADEIRA: ocorre quando a série eritroide na MO está
recebendo estímulo (neoplasia) para aumentar sua produção, sendo que sempre que a MO
recebe estímulo exagerado para produzir um tipo de célula, a produção dos outros tipos
diminuem. Além disso, isso não depende de eritropoietina (animal leucopenico) e se têm um
processo neoplásico as células saem estranhas. POLICITEMIA ABSOLUTA SECUNDÁRIA:
é estimulada pelo aumento de eritropoietina, como algo que causa hipóxia renal (shunt átrio
ventricular, doenças pulmonares crônicas, elevadas altitudes, obesidade acentuada,
hemoglobinopatias, depressão do centro respiratório). Existe ainda tumores que fazem com que
meu paciente tenha policitemia como: carcinoma renal, linfosarcoma renal, hepatoma, tumores
uterinos e tumores da adrenal (cortisol estimula a formação de hemácia sem precisar de
eritropoietina).
POLICITEMIA IDIOPÁTICA: absoluta e não encontra causa.

 Leucócitos
Existem leucócitos granulócitos e agranulócitos. Hoje os granulócitos são chamados de
POLIMORFONUCLEARES, são os: neutrófilos, eosinófilos e basófilos. E os
AGRANULÓCITOS são: linfócitos e monócitos.
Para trabalhar com ele temos que fazer a contagem global que pode ser automática ou
manual. A contagem pode estar: dentro do normal, acima do normal ou abaixo do normal. O
problema é quando essa contagem de leucócitos é muito baixa. Mas o leucograma não se
restringe a saber apenas a quantidade, mas também as diferenciações, ou seja, meu paciente
tem mais leucócitos porque tem mais monócitos, por exemplo.
Para fazer o exame diferencial utilizamos o ESFREGAÇO, na microscopia vejo quais as
células presentes na contagem diferencial. Assim, teremos que contar 100 leucócitos
diferenciando cada um. O resultado do esfregaço é uma CONTAGEM RELATIVA. A partir da
relativa consigo saber a quantidade daquele tipo de leucócitos na amostra, onde consigo a
CONTAGEM ABSOLUTA.
LEUCOCITOSE: aumento acima da normalidade do número de leucócitos totais.
Esse aumento pode ser: FISIOLÓGICO, quando é normal, reversível e discreto; ou
PATOLÓGICO onde se nota grande aumento, exemplo, neoplasia ou processo inflamatório
Isadora Pires Ferreira dos Santos
(doença infecciosa). Logo um animal que vem com leucocitose, o que se pensa é que é uma
inflamação, mas pode ser fisiológica.
LEUCOCITOSE FISIOLÓGICA: vem de exercício muscular intenso, excitação, estresse
ou alterações emocionais, muito comum em gatos e cavalos. Isso ocorre porque o estresse
libera o cortisol, além de promover o aumento de hemácias, influência nos tipos celulares,
levando ao LEOCOGRAMA PADRÃO DO ESTRESSE. Logo, esse animal vai ter
LEUCOCITOSE com padrão diferenciado, quando podemos ver neutrófilos aumentando
(neutrofilia), diminuição de linfócitos (linfopenia), diminuição de eosinófilos (eusinopnia) e
também diminuição de monócitos (monocitopenia – em cão o monócito pode aumentar). Essa
leucocitose é discreta e tem esse padrão de resposta.
LEUCOPENIA: diminuiu leucócitos totais, é problemático porque geralmente
problemas patológicos de prognóstico desfavorável. Causas de diminuição do número de
células: problema de produção (MO); problema de consumo (infecções graves consomem
muito). Causas de consumo: viroses, septicemias ou toxemias bacteriana, leucemia, anafilaxia,
substancias tóxicas, drogas ou outros compostos químicos que competem com ácido fólico com
nas células e ainda deficiências nutricionais. Problemas na produção: diminuição da produção,
danos à medula óssea, síndrome de compartimatimentalização (medula não jogas as células
para corrente sanguínea), necrose do tecido linfoide, granulopoiese inefetiva ou diminuição da
liberação na circulação.

 Neutrófilos segmentados
NEUTRÓFILO SEGMENTADO: é um polimorfonuclear no qual durante seu processo de
maturação seu núcleo sofre granulação, sendo que a célula madura tem de 3 a 4
segmentações. Eventualmente podemos encontrar neutrófilos hipersegmentados de 5-6
segmentações, são os neutrófilos velhos.
NEUTROFILIAS: é o aumento do número de neutrófilos (segmentados). Quando
ocorre uma neutrofilia deve estar associada aos seguintes termos: DESVIO PARA ESQUERDA
(indica presença de células jovens) e DESVIO PARA DIREITA (não há células jovens).
Obs. O termo NEUTROFILIA se aplica a SEGMENTADOS.
No entanto, o DESVIO PARA ESQUERDA tem diferenciação de acordo com as células
encontradas (BASTONETRES, METAMIELÓCITOS E MIELÓCITOS), de maneira que se
apresenta só uma dessas ou mais de uma será classificado em: DESVIO PARA ESQUERDA
BRANDO quando tenho BASTONETE como célula jovem; DESVIO PARA ESQUEDA
MODERADO ocorre quando tenho BASTONETE e METAMIELÓCITO; e DESVIO PARA
ESQUERDA SEVERO, quando tenho BASTONETE, METAMIELÓCITO e MIELÓCITO.
Obs. Em um animal normal o ideal é que ele tenha mais maduro, ou seja, quero ter mais
segmentados (maduros), não precisando com que a MO acelere a produção.
Além do mais, o DESVIO PARA ESQUERDA pode ser: REGENERATIVO ou
ARREGENERATIVO. Nesta classificação, compararemos o número de células jovens com
o número de células maduras, sendo que: no DESVIO PARA ESQUERDA REGENERATIVO,
tenho maduras do que jovens; já no DESVIO PARA ESQUERDA DEGENERATIVO, tenho mais
células maduras, sendo que isso não acontece em neutrofilia, mas sim em neutropenia ou
neutronormia.
NEUTROFILIAS FISIOLÓGICAS: após refeições (pode ter infecção, células já ficam a
disposição), na gestação, após exercícios violentos ou prolongados, após vômitos ou convulsões
e no estresse. Já a NEUTROFILIA PATOLÓGICA: fase aguda de processos inflamatórios e
infecciosos (libera cortisol, que joga para baixo e ao mesmo tempo estimula a produção).
NEUTROPENIAS: diminuição de segmentados, não existe fisiológica, sendo que as
causas são: produz menos (MO); excesso de consumo (processos infecciosos graves, onde o
paciente entra em desvio para esquerda degenerativo, medula acelera a granulopoiese).
NEUTRÓFILOS TOXICOS: modificações morfológicas secundárias a quadro de
intoxicação (uma, duas ou três cruzes). Pode ser neutrófilo que intoxicou e só seu citoplasma
modificou, fica envaginado, manchado = NEUTRÓFILO TÓXICO 1 CRUZ (intoxicação com
Isadora Pires Ferreira dos Santos
impacto brando no paciente). Já quando o núcleo, além do citoplasma começa a ter cromatina
densa e aparecimento de nucléolos, mas o núcleo não é muito bizarro = NEUTRÓFILO TÓXICO
2 CRUZES (intoxicação com impacto moderado). Por outro lado, quando o núcleo está bizarro =
NEUTRÓFILO TÓXICO 3 CRUZES (intoxicação grave).

 Linfócitos
LINFOCITOSE: aumento do número de linfócitos, pode ser: FISIOLÓGICO, como
ocorre com filhotes ou crescimento de linfócitos pós vacinação; já PATOLÓGICA tenho um
antígeno que pode ser Erlichia ou algumas viroses que causam respostas linfocitárias.
Obs. LINFOCITOSE é marcador de FASE CRÔNICA. NEUTROFILIA é marcador de
FASE AGUDA.
LINFOPENIA: pode ocorrer em fase aguda de acordo com a concentração de cortisol
circulante. Ocorre em: viroses imunodepressoras, infecções graves, drogas antagonistas
de ácido fólico, neoplasias em estado crônico avançado, uso de corticoides em doses
imunossupressoras.
13/03/2019
 Eosinofilia
EOSINOFILIA: aumento do número de eosinófilos, sendo que a primeira coisa que
pensamos quando o paciente que tem leucocitose por eosinofilia é que o animal pode ter uma
condição de alergia, não sei qual o alérgeno, mas esse aumento já direciona para uma potencial
alergia. Assim, se tenho um paciente em que suspeito de um processo alérgico peço o
hemograma e vejo a quantidade de eosinofilia. Ou seja, é uma resposta a hipersensibilidade
do tipo 3. Além disso, o eosinófilo está relacionado a imoglobulina do tipo E. Ademais, a
eosinofilia está presente em pacientes com parasitismo, quando não tem só eosonifilia, existe
uma relação tecidual do parasita com o hospeideiro, seja porque ele migra para algum tecido,
sendo que a presença do parasita no tecida desencadeia uma reação e os eosinófilos vão para
o local atuar em uma resposta inflamatória. Ou seja, se o paciente está com eosinofilia e
associada a isso pode ter um parasitismo, mas a ausência de eosinofilia não é suficiente para
descartar o parasitismo do paciente.
Além disso, o eosinófilo diminui sua atividade com o cortisol, por isso que o cortisol é
utilizado como antialérgico, de maneira que quando o processo inflamatório sai da fase aguda e
vai para crônica, a primeira célula que aparece é o eosinófilo. Ou seja, um paciente em fase
aguda não apresenta eosinofilia porque o cortisol está alto, sendo que a medida que
cortisol vai abaixando, o eosinófilo vai aparecendo, mas ainda não tem linfocitose. Ou seja,
quando está aparecendo eosinofilia quer dizer que o paciente está em transição
(recuperação) da fase aguda para crônica. Mas se o paciente tem leucocitose com
linfocitose é fase crônica.
Obs. LINFOCITOSE é marcador de FASE CRÔNICA. NEUTROFILIA é marcador de
FASE AGUDA. EOSINOFILIA é marcador da FASE DE TRANSIÇÃO
(RECUPERAÇÃO) entre agudo e crônico.
Além disso, o eosinófilo pode ser marcador de inflamação em mucosa, como ocorre em
granuloma eosinofílico do gato, onde veremos planas na boca do animal (estporotrix não
desencadeia processo alérgico).
EOSINOPENIA: diminuição do cortisol, ocorre em toda e qualquer situação em que
o cortisol está alto no paciente, seja fisiológico por doença como adreno aumentado, ou
cortisol exógeno - corticóides. Ocorre em condições de endotoxemias ou ainda na fase aguda
da inflamação.

 Monócitos
É o maior dos leucócitos e no tecido vira macrófago, sendo que temos que lembrar
que o macrófago é uma célula fagocítica, que entra em processo inflamatório para fagocitar:
tecido, células inflamatórias, bactéria, é uma célula de organização.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
MONOCITOSE: aumento da quantidade de monócito quando comparado. Ocorre na
desnutrição/caquexia, e em qualquer condição que o paciente cataboliza tem morte celular, logo
o macrófago é que organiza, por isso podemos ver ele aumentado no sangue do paciente. Além
disso, em alguns processos inflamatórios inespecíficos e doenças crônicas¹.
¹ o monócito do cão aumenta quando ele quer, normalmente é associada a doença
crônica e pode estar associado a uma protozoonose (aumenta monócito).
Além disso, se a MONOCITOSE PERSISTEM COM AUMENTO DISCRETO =
protozoário. Já MONOCITOSE PERSISNTE COM AUMENTO ACENTUADO = neoplasia e
leucemia monocítica (leucemia mielomonocítica).
MONOCITOPENIA: não é significativa, não tem problema, em algumas espécies o
monócito normal é zero, não devemos preocupar com isso, principalmente se for processo
inflamatório em fase aguda.

 Basófilos
BASOFILIA: é muito raro, não devemos preocupar. Se vier, vem junto com eosinofilia e
em pacientes com aumento de gordura no sangue, lipemia.
BASOPENIA: só será menor quando for menor que a normalidade para espécie.

 Funcionamento dos leucócitos em um processo inflamatório


Quando falamos de leucócitos em processo inflamatórios, existe uma Teoria de
Compartimentos, segundo a qual o organismo tem compartimento onde algumas células são
encontradas naquele local, assim temos o compartimento: tecidual, vascular e medular. O
compartimento vascular se divide em: circulatório e marginal, sendo que o sangue que colhemos
para fazer o exame vem do compartimento vascular da parte do circulatório, motivo pelo qual
que dependendo da fase de inflamação, algumas células que vão para marginal para ir para um
tecido, assim no resultado do exame podemos ter diminuição de algumas células, porque elas
estavam dentro do compartimento vascular na parte marginal (ocorre principalmente em fase
aguda). No que diz respeito ao compartimento medular (MO), ele é dividido em compartimento:
de mitose, onde as células estão dividindo em resposta a estímulo, como a eritropoietina
estimula a virar hemácia, por exemplo, mas neste caso de inflamação existem fatores que
determinam a diferenciação das células imunes; de amadurecimento, onde estão as células
que já sofreram mitose, quando é ideal que a célula vá madura para o compartimento vascular;
e o de armazenamento¹, para onde as células vão quando o corpo produz mais células do que
o corpo demanda.
Dessa maneira, se o sangue pede, a MO joga primeiro as células do compartimento de
armazenamento, depois joga o de maturação e por último joga as células jovens que estão no
compartimento de mitose, por isso podemos ver células que ainda não estão maduras na
corrente sanguínea.
Obs. ¹Essa capacidade de armazenar é espécie-dependente.
Assim, na FASE AGUDA, se o paciente passa por uma lesão, imediatamente ocorre uma
vasoconstrição e uma descarga de cortisol. Neste primeiro momento, precisamos que nesse
processo inflamatório, os leucócitos tenham capacidade de aumentar sua quantidade no
vaso e depois vá para uma região específica, portanto, quem aumenta primeiro nessas
condições (vasoconstrição e cortisol) são os neutrófilos (segmentados) na corrente
sanguínea. Logo, inicialmente veremos uma LEUCOCITOSE POR NEUTROFILIA, ou seja,
aumento de leucócitos se dá, à princípio, pelo aumento de neutrófilos COM DESVIO PARA
DIREITA. Ademais, a fase aguda é a fase inicial da inflamação e não há aumento de nenhuma
outra célula.
Posteriormente, quando o animal passa na FASE DE RECUPERAÇÃO ou TRANSIÇÃO
o animal terá LEUCOCITOSE COM NEUTROFILIA COM DESVIO PARA DIREITA,
MONOCITOSE, LINFOCITOSE e EOSINOFILIA.
Após, entraremos na FASE CRÔNICA, onde veremos os macrófagos fagocitando
bactérias e resto de células. Ao colher o sangue do paciente encontraremos: LEUCOCITOSE
Isadora Pires Ferreira dos Santos
POR NEUTROFILIA, mas aparecem bastonetes devido à redução do número de segmentados
maduros e a cronicidade da inflamação, a MO começa a jogar células jovens, quando
começamos a ver um DESVIO PARA ESQUERDA BRANDO (só bastonetes). Além disso, temos
mais segmentados do que bastonetes, motivo pelo qual o desvio é REGENERATIVO.
Continuamos com: LINFOCITOSE, MONOCITOSE e EOSINONORMIA.
No decorrer do processo, quando o paciente se cura do processo inflamatório o sangue
volta ao normal.
INFLAMAÇÃO EM RUMINANTES: na teoria de compartimento dos ruminantes, o
compartimento de armazenamento medular é pequeno, logo, quando o sangue necessita
de células, a medula óssea joga célula jovem. Além disso, as tabelas de normalidade dos
ruminantes têm o seguinte aspecto: MENOS NEUTRÓFILO SEGMENTADO do que qualquer
outra espécie. Assim, na FASE AGUDA DO PROCESSO INFLAMATÓRIO, veremos:
vasoconstrição e descarga de cortisol, sendo que isso faz com que os linfócitos, eosinófilos e
monócitos vão para a margem para abrir espaço para o SEGMENTADO. Mas, na vaca é
diferente, o NEUTRÓFILO vai para o sítio de infecção, a MO joga os BASTONETES, logo no
exame veremos: LEUCOCITOSE, mas sem aumento do número de neutrófilos, portanto
NEUTRONORMIA (pode ser neutropenia), mas como tem muita célula jovem faz um DESVIO
PARA ESQUERDA BRANDO (só tem bastonete) DEGENERATIVO (tem mais células jovens do
que maduras).
Obs. em qualquer espécie, exceto ruminante, é de prognóstico desfavorável, porque a
medula está esgotando sua capacidade.
Em ruminantes este é padrão normal em fase aguda porque o compartimento é
pequeno e há poucos segmentados na circulação. Além disso, esses animais têm de 3 – 36
horas para essa célula amadureça na circulação, ou seja, na circulação os neutrófilos jovens
amadurecem até 36 horas, quando veremos: LEUCOCITOSE POR NEUTROFILIA COM
DESVIO PARA ESQUERDA (ainda tem jovens) BRANDO (só tem bastonete) REGENERATIVO
(células amadureceram).
Ou seja, em RUMINANTES o padrão de fase aguda é: LEUCOCITOSE SEM
NEUTROFILIA COM DESVIO PARA ESQUERDA BRANDO DEGENERATIVO. No entanto, se
permanece em degenerativo por mais de 1 dia o prognóstico é desfavorável.
O processo de uma vaca será crônico quando o número de linfócitos aumentar. Assim, no
padrão da FASE CRÔNICA de ruminantes é: LEUCOCITOSE COM NEUTRIFULIA COM
DESVIO PARA DIREITA (não vemos mais muitos jovens), COM MONOCITOSE e
LINFOCITOSE.

 Interpretação das Tabelas de Normalidade


Existe diferença quando a idade (filhotes é bom ter linfocitose, está respondendo a
vacinação), espécie e raças. Ou seja, temos que olhar tabela de normalidade da região. Além
disso, como faço o acompanhamento do paciente se não ficar repetindo o hemograma? Temos
que repetir para ver se o paciente está bom.
Quando dizemos a respeito das espécies, o compartimento medular é diferente, logo
temos um padrão máximo que as espécies podem fazer em um processo inflamatório. A espécie
que tem um compartimento de armazenamento e a capacidade de jogar leucócitos rapidamente
na circulação são os cães, quando podemos ver uma resposta de até 100.000 leucócitos totais.
Depois disso, veremos o gato fazendo uma leucocitose rápida, em volta de 60.000, esse valor
diz respeito a inflamação, porque quando extrapola é neoplasia. Posteriormente, veremos o
equino que pode fazer 40.000 a 42.000 leucócitos totais. Já para o boi o máximo é 35.000.
Ou seja, se um cachorro e uma vaca estão com os leucócitos totais no valor de 32.000, o
cachorro está com uma inflamação tranquila e a vaca com 32.000 já pensamos em neoplasias.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
 Neoplasias
Quando em um leucograma os leucócitos totais ou diferencial está com um padrão a mais
ou mais um padrão a mais (para determinado leucócito) que o normal, temos que classificar
como: REAÇÃO LEUCEMÓIDE (inflamação) ou LEUCEMIA (neoplasia).
LEUCEMIA é uma alteração de células brancas (relacionado com leucócitos), mas
existem, ainda, LEUCEMIAS de células vermelhas. Além disso, a REAÇÃO LEUCEMÓIDE
responde a antibioticoterapia, o que faz com que ela seja transitória. Já a LEUCEMIA, não
responde à antibioticoterapia (não é transitória).
Nas LEUCEMIAS, um comando neoplásico chegará na medula e dirá que ocorra a
diferenciação de determinada célula, assim todos os outros tipos celulares vão diminuir. Logo, o
paciente tem que ter: anemia e trombocitopenia (hemácia e plaqueta baixas, pelo menos
metade do valor normal). Sendo que se o paciente estiver só com anemia ou só com
trombocitopenia é REAÇÃO LEUCEMÓIDE, mas se tiver os dois, ao tratar com antibiótico, o
paciente melhora.
Todo paciente LEUCÊMICO tem hiperplasia de tecidos linfoides (principalmente se
for leucemia linfocítica), logo o baço terá esplenomegalia e linfonodos aumentados, além
desse aumento não ser transitório. Ou seja, em paciente LEUCÊMICO veremos
ESPLENOMEGALIA e LINFOMEGALIA. Além do mais, em um paciente com LEUCEMIA
veremos LEUCÓCITO ATÍPICOS.
A REAÇÃO LEUCEMÓIDE pode ser um processo tóxico, veremos então LEUCÍCITOS
TÓXICOS, ou seja, morfologicamente diferentes.
Obs. À título de curiosidade (não cai em prova): LEUCEMIA LEUCÊMICA ocorre quando
o número de leucócitos aumenta e vemos células atípicas no esfregaço ou mielograma,
quando fazemos citologia de linfonodo. LEUCEMIA SUBLEUCÊMICA ou ALEUCÊMICA
veremos a contagem global de células diminuída (casos terminais), logo: leucopenia,
anemia, trombocitopenia.
Preciso de recursos laboratoriais para diferenciar LEUCEMIA da REAÇÃO
LEUCEMÓIDE quais sejam: botão leucocitário, mielograma, aspiro do baço, linfonodo e MO
(esfregaço de mo), hemogramas sequenciais (avaliam a variação das células, vejo se está
persistindo).

 Hemostasia
É a coagulação e como avaliamos em laboratório. Uma das primeiras coisas que
fazemos para avalias hemostasia é ver quantas plaquetas o paciente tem. Pelo conceito
plaqueta é fragmento citoplasmático de megacariócito. A PLAQUETA vem da MO, dos
pulmões e do fígado; e dura e média 5 dias na circulação (turn over – troca de plaqueta – é
muito rápida), sendo que se o paciente tiver apenas um tecido produzindo plaqueta a chance de
que o número de plaquetas caia é muito grande. A produção de plaquetas se dá através da
estimulação pela TROMBOERITROPOIETINA e da ERITROPOIETINA, existem alguns outros
fatores, como aqueles da cascada de coagulação. A TROMBOERITROPOIETINA tem produção
hepática.
A função das PLAQUETAS: liberar fatores de vasoconstrição (se o paciente tem pouca
plaqueta ou elas funcionam mais ou menos, o paciente não consegue fazer vasoconstrição);
além disso, plaquetas estimulam a si próprias a agregar, aderir, formando o tampão plaquetário
primário (se tem poucas plaquetas o tampão não se forma)¹. Um ponto negativo das
PLAQUETAS é que elas não suportam baixas temperaturas (por isso podemos ver agregação
plaquetária no frio);
Obs. ¹ gato faz agregado com muita facilidade. Aparelho automático não fornece uma
quantidade de plaqueta 100% confiável, se vier plaqueta baixa não podemos confiar no
aparelho é muito frequente pegar aparelho contando a menos.
Em HEMOSTASIA falamos em TROBORESISTÊNCIA que é a capacidade que o sangue
tem de ficar circulando no vaso sem fazer vasoconstrição, sendo que para que isso não ocorra,
as células da parede do vaso possuem glicocálice, que é uma combinação de anticoagulantes
Isadora Pires Ferreira dos Santos
como eparina, que evita coagulação intravascular. Assim, em um processo inflamatório, o
rompimento vascular, que está associado ao colágeno que, por sua vez, comunica com os
fatores da cascata de coagulação. Logo, quando ocorre isso, as plaquetas ativam, se agregam
e posteriormente aderem ao local. Esse tampão é chamado de TAMPÃO PLAQUETÁRIO
PRIMÁRIO ou HEMOSTASIA PRIMÁRIA.
Obs. Naquele paciente que enfio várias vezes a agulha nele, veremos ativação da
cascata, logo muita chance de vir agregado plaquetário.
Para que o tampão fique no local (não
saia do lugar e se fixe em outro) haverá
ativação do FIBRINOGÊNIO em FIBRINA que
deposita em cima do tampão plaquetário,
estabilizando-o, é o que chamamos de
HEMOSTASIA SECUNDÁRIA. É importante
salientar que o fibrinogênio é uma proteína
sintetizada pelo fígado e depende de alguns
fatores da cascata de coagulação para que
ocorra a transformação da protrombina em
trombina (que é ela que transforma o
fibrinogênio em fibrina), sendo que alguns
desses fatores são vitamina K dependentes.
Obs. FATORES DA CASCATA K DEPENDENTES (4dos 13 fatores): 2, 7, 9 e 10.
FATORES DA CASCATA QUE NÃO SÃO PRODUZIDOS PELO FÍGADO: 4 (cálcio) e 8 (parte
é produzido por células do Von Will Bran).
No laboratório temos as seguintes análises: tempo de protrombina, tempo de trombina
ativada, teste de sangria (faço um corte e vejo quanto tempo o paciente demora para parar de
sangrar, dura de 5 – 10 minutos, avalia homeostasia primária, avaliando plaquetas porque são
elas que fazem vasoconstrição primária).
Após cicatrizado, tenho que destruir o tampão para melhorar o fluxo sanguíneo é quando
veremos a FIBRINÓLISE, sendo que antes veremos a RETRAÇÃO DO COAGULO. Na
FIBRINÓLISE é que é liberado o FATOR DE DEGRAFAÇÃO DE FIBIRNA (FDP). Ou seja, no
processo de quebra do coagulo libero fatores que impedem a coagulação no local até que
camadas de células se recomponham (demora alguns segundos). É importante salientar que o
FÍGADO é que retira o FDP da circulação, motivo pelo qual o hepatopata sangra com facilidade.
Para avaliação laboratorial temos que ter: histórico de sangramento intenso, sinais clínicos
(como petéquias), plasma sem EDTA (azul) e cuidado no manuseio.
20/03/2019
Para avaliar a HEMOSTASIA GERAL temos: Tempo de Sangria (faço um corte no
paciente e marco em quanto tempo ele para de sangrar) sendo que esse tempo tem que ser de
5 – 10 minutos, quando avaliaremos ambulatorialmente a hemostasia primária e a atividade das
plaquetas (se a quantidade é ideal).
Para analisar o PERFIL DE COAGULAÇÃO temos os seguintes testes: Tempo de
Coagulação (TC), Tempo de Protrombina (TP), Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada
(TTPA) e Tempo da Trombina.
Assim, teremos as seguintes situações: 1. Deficiência de plaqueta = TS aumentado. 2.
Deficiência do fator VII (doença congênita ou hipovitaminose K) = TP aumentado, sendo que
a tromboplastina se ativa, mas a protrombina não é ativada, não transformará fibrinogênio em
fibrina, logo esse paciente terá problema com HEMOSTASIA SECUNDÁRIA, ou seja, a
coagulação ocorre nos primeiros 5 minutos, mas por não estabilizar o tampão, ele sai e volta a
acontecer (para de sangrar e volta a sangrar o todo o tempo). 3. Sistema Intrínseco = TTPa
aumentado e TS normal. 4. Deficiência de fibrinogênio = TTPa aumentado, TP aumentado
e Tc aumentado, o fibrinogênio é sintetizado a partir fator I, que é metabolizado pelo fígado,
assim na deficiência do fibrinogênio não adianta ativar todos os outros fatores da cascata, pode
acontecer a ativação deles, quando veremos um retardo do processo, sendo que clinicamente,
Isadora Pires Ferreira dos Santos
como não tem fibrinogênio, não há deposição de fibrina no tampão, logo o paciente começou a
sangrar, para e volta a sangrar.

Ou seja, se só observar clinicamente o paciente posso falar se o problema é de


hemostasia primária ou secundária, um paciente com problema de Hemostasia Primária
sangra o tempo inteiro. Já um paciente com problema na Hemostasia Secundária, sangra,
para e depois volta a sangrar.
Distúrbios congênitos da hemostasia: Hemofilia A, Doença de Von Willebrand, Doença
do fator VII.
Distúrbios adquiridos relacionados à hemostasia: Deficiência de Vitamina K (warfarina –
envenenamento compete pelo receptor na célula do fígado da vitamina K, assim para tratar
temos que causar uma hipervitamonose da vitamina K porque quanto maior, maior a chance de
ligamento), Doença Hepática (participa da hematopoiese, pode ser primária, mas é
principalmente secundária), Glomérulo Nefrites (causam distúrbios de coagulação porque
produzem eritropoietina, por exemplo e fatores que modulam e estimula a cascata da
coagulação; além do mais no cão o rim é a principal fonte de eritropoietina).
Isadora Pires Ferreira dos Santos
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS AFECÇÕES DA PELE E
DO OUVIDO
 Pele
Quando falamos de avaliar pele, estamos falando em avaliar o maior órgão que os
pacientes têm, sendo ele também o maior órgão exposto a lesão. Ou seja, estamos avaliando
órgãos de proteção que sofre trauma com frequência e que está exposto a todas as condições
em que o paciente está. Além disso, esse órgão reflete alterações sistêmicas que o paciente
possa ter, assim um paciente com doença renal, doença hepática, doença do TGI, endocrinopatia
(tireoide e glândula adrenal), doença infecciosa podem apresentar problemas de pele.
A gama de exames laboratoriais é grande, então em determinadas situações tenho que
fazer dosagem hormonal, avaliar a função renal, hemograma (para ver a imunologia). Ou seja,
existe um grupo de exames específicos para pele e exames gerais que guiam o diagnóstico, que
avaliam o que está acontecendo com a pele do paciente.
EXAMES ESPECÍFICOS: raspado cutâneo, tricogramas (avaliação do pelo), culturas
fúngicas e bacterianas, cito e histopatologia.
RASPADO CUTÂNEO: é o mais simples e barato de ser feito. Pode ser feito com lâmina
de bisturi ou ainda lâmina de vidro (escarifica mais material, mais barato e já utilizo ela para fazer
o exame no microscópio). A especificidade do raspado é para diagnóstico de sarna e fungos
(esses fungos são ectotrícicos, são mais superficiais). No raspado superficial removo a camada
córnea do paciente, não preciso de aprofundar a escarificação até sangrar, porque o sangue
contamina o material. Já no raspado profundo tenho que observar o sangramento capilar. Ou
seja, posso fazer um raspado superficial ou profundo, dependendo da minha suspeita.
As duas sarnas mais comuns são: ESCABIOSE (Sarna sarcóptica) e DEMOCIDIOSE
(Sarna demodécica).
O ácaro que tem um formato alongado é o Demodex sp.,
faz parte da flora normal e é parasita de folículo piloso e glândula
sebácia. Logo, se tiver uma SARNA NEGRA (SARNA
DEMODÉCIDA) veremos uma hiperpigmentação, teremos que
fazer um raspado profundo porque indica que o parasito está
dentro do folículo piloso, por isso temos que pegar a pele do
paciente, dobrar, apertar (para forçar o ácaro sair do folículo) e
raspar por cima. Se eu tiver apertando bem a pele de forma a forçar o folículo, farei
vasoconstrição, logo não vai sangrar, mas na hora que eu soltar pode ser que sangre, mas um
antisséptico local resolve. Tenho que fazer esse procedimento em 5 regiões. Como mando
esse material para o laboratório? Usei uma lâmina, transmito para outra lâmina, coloco uma
lâmina por cima e analiso o mais rápido possível. O ideal é utilizar um clareador, como o hidróxido
de potássio. Se eu esperar muito para avaliar a amostra, como o ácaro está vivo, existe a
probabilidade dele se movimentar, perder o ácaro e dar falso negativo!!! Além disso, como é da
flora normal, se o achado for uma única forma, principalmente adulta, não é diagnóstico da
doença. Mas se ele tiver um ácaro causando doença, teremos estágios diferentes de evolução,
ovo, mostrando que aquela pele com lesão o parasita está ciclando, cumprindo etapas diferentes
da vida dele.
Já o ácaro redondo que causa um prurido intenso, é o Sarcóptico causa a
ESCABIOSE. Esse ácaro não é parte da flora normal da pele, o achado de um
único ácaro desse em um exame de raspado de pele é suficiente para o
diagnóstico da doença.
Outra coisa que o raspado pode mostrar é a PRESENÇA DE LEVEDURA nos pelos que
clarificaram, porque quando coloco o clarificador destruo os pelos e permito com que as
leveduras apareçam. O raspado de pele com relação a fungo mostra que tem presença de
fungo, não fala qual fungo é, posso sugerir que é um fungo dermatófito, sendo que para que
eu fale qual fungo está ali tenho que fazer cultura. “Presença de levedura sugestiva de
dermatófito”.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
Ou seja, o raspado é um bom exame para falar se tem ou não Sarna (qual tipo de
Sarna) e se tem ou não fungo.
TRICOGRAMA: exame do pelo. Tem como principal indicação a explicação sobre
causas de alopecia (porque se coça, porque tem estresse, porque tem sarna, porque tem
doença endócrina, porque tem alergia). Além de falar da causa, funciona bem como
monitoramento do tratamento, ou seja, é um exame que fornece diagnóstico e prognóstico.
Para fazer um tricograma precisamos de: lamina, lamínula, os pelos e o microscópio; assim
ponho os pelos numa lamina, espalho eles, pingo o óleo mineral por cima e levo ao microscópio.
Além disso, as estruturas são de fácil visualização e esse tricograma fornece uma gama de
informações importantes sobre a clínica. Na área da lesão deveremos arrancar pelo.
Dependendo o pelo pode sair mais fácil ou mais difícil, sendo que se sair mais fácil indica que
a raiz do pelo está com problema, já se estiver difícil indica que o folículo está ok, problema
pode ser com o bulbo. Assim, devo pegar pelos de uma área lesionada e pelos de área que
não tem lesão e colocar dentro de um frasco, refrigerado podendo permanecer por até 24 horas,
mas o ideal é fazer rapidamente.
Ao analisar o pelo no microscópio temos que ver 3 partes: PONTA, RAIZ (BULBO) e
CORPO.
PONTA: um pelo normalmente tem a ponta fininha, mas se tem um ponto
de fragilidade no meio dele e quebra, a ponta fica mais grossa, sendo
chamada de FRATURA, de maneira que onde fraturou tem uma rarefação dos
constituintes do pelo, que significa que no folículo piloso quando o pelo estava
sendo formado faltou nutrientes ou houve defeito na sua fabricação, criando
um ponto de fragilidade. Um exemplo é o estresse que compromete a formação,
cria um ponto de fragilidade, logo o animal ao esbarrar quebra o pelo. Assim, distúrbios
passageiros podem refletir na ponta do pelo fazendo com que ele tenha pontas fraturadas. Ou
seja, o pelo com ponta afilada não é problema; pelo com ponta fraturada é problema de
crescimento no folículo piloso (distúrbio passageiro). Já a ponta TONSURADA é aquela ponta
mastigada, logo quando estamos avaliando o tricograma e vemos pelos com pontas tonsuradas
o que levou aquela área de alopecia? Prurido, autotraumatismo, paciente que mastiga os
pelos. Assim, temos que descobrir o que está causando o prurido dele.
Obs. o ciclo de crescimento de pelo em animais com pelo curto é mais rápido.
Podemos encontrar no resultado: pontas fraturadas, pontas afiladas e pontas
tousuradas. Sendo que tenho que olhar qual o predomínio.
No CORPO do pelo veremos a deposição das escamas, sendo que o formato da
escama varia de acordo com as espécies. Mas a grosso modo não nos importa o formato da
escama, se o corpo não tem problema as escamas serão normais. No entanto, alguns ácaros
quando parasitam forçam as escamas para colocar ovo ali dentro, logo podemos encontrar ovos
e algumas leveduras no corpo. Além disso, em pontos de fratura podemos ver um
desalinhamento, as escamas serão irregulares, pelo fica quebradiço. Ou seja, resultado da
análise do corpo do pelo diz se as escamas estão normais ou se estão anormais,
incompletas, com presença de ovos parasitas ou presença de fungos. A avaliação do corpo
do pelo mostra o diagnóstico patognomonico de uma lesão que pega alguns cães, que é uma
doença congênita chamada de Displasia Folicular do Pêlo Negro ou Diluição de cor, onde
veremos que o pelo ao invés de ter continuidade da pigmentação apresenta bolas
pretas chamadas melanossomos.
No CICLO DO PÊLO podemos notar que tem etapas com mais nutrientes no folículo e
etapas com menos nutrientes no folículo e posterior queda. Então na lamina tenho que arrancar
o bulbo e ver o tanto de nutrientes que temos. Na fase em que o pelo está crescendo é chamada
de FASE ANAGÊNICA, já na fase em que está com menos nutrientes, fase de repouso é
chamada de FASE TELOGÊNICA, existe ainda uma fase intermediária entre FASE
CATAGÊNICA. Depois da telógena o pelo cai.
Assim, quando fazemos um tricograma podemos ver as seguintes situações: maioria dos
pelos em anagen quer dizer que o pelo está crescendo, animal vai se recuperar rápido; estou
Isadora Pires Ferreira dos Santos
tratando o animal e vejo o pelo em telogen quer dizer que o tratamento não está dando certo; a
maioria dos pelo estiverem em telogen o animal não vai recuperar rápido e os pelos ainda
cairão mais; se há um balanceamento entre anagen e telogen, quer dizer que o bulbo está
normal. Além disso, o ciclo de pelo te ajuda no prognostico de alopecia.
BULBO: o bulbo retorcido é chamado de BULBO DISTRÓFICO que cresce em áreas de
cicatriz, lesão crônica, em áreas de espessamento das camadas (folículo fica recoberto por
fibroblastos). Esse pelo nunca será normal, pode ficar mais grosso que a maioria, mais distorcido
que maioria, cai antes da hora e dá em áreas que não recuperam muito fácil.
CULTURA: é o teste ouro para dermatites fúngicas porque é na cultura que falaremos
qual fungo está presente. Ou seja, no teste de raspado ou tricograma com presença de
leveduras, encaminharemos o material para cultura. O problema da cultura fúngica é que demora
muito para crescer, semanas. Assim, devemos tratar com um antifúngico, mesmo que eu não
saiba qual fungo está atuando. Lâmpada de Wood é um teste de triagem para dermatófitos, é
uma zoonose, sendo que dependendo da etapa de crescimento o fungo, quando estimulado pela
florescência emite florescência amarela-esverdeada. Problema é que nem todo fungo emite
florescência, além disso, a célula também pode emitir inflorescência, motivo pelo qual posso ver
falso negativo e falso positivo!!! Ou seja, com a Lâmpada de Wood vejo florescência, logo temos
um fungo, mas ainda não sei qual. Assim, na cultura faço uma colônia, coro e depois consigo
determinar qual fungo está crescendo e causando a lesão no paciente.
A outra cultura é BACTERIANA, cresce mais rápida. Porém, clinicamente e
citologicamente, consigo falar se aquela lesão de pele espessada, com prurido, pus e lesão, que
apresenta uma infecção é da flora normal (causa lesão localizada) ou não. Ou seja, basta com
que a pele apresente condições suficientes para proliferação. Causas: umidade, calor e
maceração (a bactéria já estava ali e o ambiente fica propicio para proliferação). Uma vez isolada
a colônia, faremos o antibiograma, quando poderemos ver a qual antibiótico aquela bactéria é
mais sensível. Ainda assim, se a bactéria não é da micriobiota normal ela atrai neutrófilo (células
inflamatórias).
27/03/2019
CITOPATOLOGIA DE PELE: na pele do paciente temos lesões que resultam em
transudação ou exsudação (aquela lesão úmida com secreção) e quero saber se aquilo é uma
inflamação ou neoplasia. Sendo se é uma inflamação qual o agente infeccioso está ali? Se tem
uma infecção bacteriana ou fungica e qual a célula presente naquele infiltrado inflamatória?
Quanto tenho neutrófilos, eosinófilos (alergia ou ainda alguma das lesões complexo granuloma
eosinofilico felino). A coleta do material pode ser feita com um swab.
Obs. Cão com boca vermelha, olho vermelho e pata vermelha: é um fungo que é da
microbiota que encontrou uma condição de calor e umidade (maceração tecidual – que é
alimento para Malassezia) suficientes para que ele proliferasse, logo os principais
agentes causadores de infecção de pele residem nas própria pele, são: BACTÉRIAS
COCCOÍDES (Piodermite Bacteriana) e MALASSEZIA (encontra uma condição suficiente
para fazer isso).

 Ouvido
As queixas mais comuns em ouvido estão relacionadas as raças que tem ORELHA
PENDULOSA, porque dentro dela tem calor e umidade no conduto, sendo que quando se
associa a maceração da camada córnea da pele, cria-se um microambiente para que aquela
bactéria ou fungo prolifere e leve a alterações. Assim, o ouvido começa a aparecer com prurido
(intenso e chato) e como tem maceração associada a presença do fungo, vem uma secreção
amarronzada de teor rançoso = MALASSEZIA.
Ou seja, o paciente teve uma condição que levou a maceração, criando ambiente propicio
para a proliferação da bactéria ou do fungo. Assim, essas INFECCÇÕES são SECUNDÁRIAS à
umidade e calor. Além disso, se o tratamento ficar restrito a drogas antimicrobiana, os sintomas
ressurgirão, levando a otite crônica (porque a causa principal não foi resolvida).
Isadora Pires Ferreira dos Santos
Assim, coleto com SWAB, rolo em uma lâmina (2-3 carreiras), coro com panótico e busco
quais os tipos celulares estão presentes no material. Na pele posso ainda pegar a lâmina e fazer
carimbos, quando transfiro a secreção da lesão para lâmina, coro pelo panótico e olho ao
microscópio. Assim, se estou buscando células inflamatórias, procuro igual no esfregaço.
Já em lesões tumorais fazemos aspirado, quando o material entra para agulha,
transferimos o material para lâmina, coro pelo panótico e avalio os tipos celulares, quando posso
encontrar leucócitos. É importante mencionar que uma bactéria da microbiota normal não
atrai células inflamatórias, assim, a partir do momento que atrai e os leucócitos migram
para fagocitar a bactéria, quer dizer que a bactéria que era normal se tornou-se patogênica.
Assim, NEUTRÓFILO + PUS = PIODERMATITE PURULENTA COM INFECCÇÃO
BACTERIANA. Se for crônica, MACRÓFAGO = INFECÇÃO DE PELE GRANULOMATOSA.
As células da camada córnea da pele são: células azuis, grandes, anucleadas, que
aparecem em uma pele normal.
Temos que diferenciar INFLAMAÇÃO de NEOPLASIA, sendo que na INFLAMAÇÃO
vemos células de defesa (leucócitos), já na NEOPLASIA podemos ver MASTOCITOMA. Na
histologia podemos saber se a NEOPLASIA é maligna ou benigna: MONOMORFISMO (todas
do mesmo tamanho) e PELOMORFISMO (células diferentes). Células de uma neoplasia
monomórfica tem tendência a benignidade, enquanto células com padrão pelomorficas
tem tendência a malignidade.
Histopatologia pode demorar 3 dias ou mais e histologia pode ficar pronta em poucas
horas. Mas, no exame histopatológico temos informação de um tecido como um todo, sendo
que o exame histológico não exclui o histopatológico (normalmente vem depois, é um pouco
mais demorado e um pouco mais caro, trazendo maiores informações). No caso de NEOPLASIA
temos que tirar o tumor e levar para histopatologia.
No ouvido podemos fazer: cultura (Malassezia não precisa de dar diagnóstico por cultura,
porque no exame citológico é muito característico), citopatologia (principal exame),
histopatologia (se observo massa dentro do ouvido, posso ainda pegar uma lâmina e fazer
carimbos com tumor e fazer uma citologia, antes que histopatológico chegue)
Na citopatologia podemos observar no ouvido: células epiteliais descamativas,
macrófago e neutrófilos, sendo que o macrófago indica que é algo crônico. Além disso, se
encontro dentro do citoplasma do neutrófilo bactérias, indica que o neutrófilo fagocitou, ou seja,
aquela bactéria deixou de ser saprófita.
SECREÇÃO PURULENTA = neutrófilo, mais aguda. SECREÇÃO COM GRANULOMA
= crônica, indica a presença de macrófago. Ou ainda SECREÇÃO PIOGRANULOMATOSA
= neutrófilo e macrófago.
Obs. OUVIDO NORMAL: é normal que tenha células descamando pequena
quantidade. Além disso, como tem uma microbiota saprófita o normal é: pouca bactéria
coccoide e pouca Malassezia (não representa infecção), que não trazem células
inflamatórias para perto dela. Esse é o padrão de normalidade.
MALASSEZIA: arredondadas a ovaladas, basofílicas, pode ter um halo claro ao redor,
como é saprófita a quantidade que faz a diferença. A quantidade varia de regiões: REGIÃO
ÚMIDA, tolerabilidade é maior; REGIÃO SECA, tolerabilidade de Malassezia é menor;
DENTRO DO OUVIDO NA REGIÃO SUL-SUDESTE DO BRASIL: o número de Malassezias por
campo do microscópio (em menos 5 campos) é no máximo10 Malassezia (para que o ouvido
esteja normal, Malassezia da microbiota normal). Sendo que eu não faço a média para dar o
resultado, que ficará assim: “Pelo menos 10 por campo”, pego o maior número para dar o
resultado. A Malassezia se alimenta da camada córnea da pele, logo, vejo células epiteliais
superficiais associadas a presença do fungo.
Logo na otite posso ter: infecção por Malassezia, infecção bacteriana (que será
classificada de acordo com o a secreção).

 Exercícios de Pele e Ouvido


 Ouvido
Isadora Pires Ferreira dos Santos
CASO 1: numerosas células descamativas (OTITE DESCAMATIVA ou SERUMINOSA),
muitas células inflamatórias. Muito neutrófilo degenerando (neutrófilo digere a bactéria e ela
libera substancia que mata o neutrófilo – sempre que pensar em neutrófilo degenerado
pensar em infecção bacteriana), além disso, neutrófilo está associado à OTITE PURULENTA
e hà um processo agudo. Macrófago de tamanho variado com bactérias coccoides (ou seja, o
macrófago está fagocitando – quando encontro fagócito o processo é crônico), sendo que
esse macrófago está associado a OTITE GRANULOMATOSA e há um processo crônico.
Como há macrófago e neutrófilo = OTITE PIOGRANULOMATOSA. Malassezia de 23 a 49.
DIAGNÓSTICO = OTITE DESCAMATIVA PIOGRANULOMATOSA COM INFECÇÃO
BACTERIANA POR BACTÉRIAS COCCOIDES E INFECÇÃO FÚNGICA POR MALASSEZIA
CANNIS.
Obs. Malassezia menor que 10 por campo não trato ela. Se tenho uma célula de defesa
perto de uma bactéria é porque ela está atraindo células de defesa, isso não é normal, se
era da flora, agora já é oportunista.
CASO 2: numerosas células epiteliais = OTITE DESCAMATIVA. Poucas células
inflamatórias (não importa se for pouco ou muito, não pode ter nenhuma), sendo que 45%
com sinal de degeneração (infecção bacteriana) e muitos contendo bactérias coccoides.
Bactériais coccoides no meio. Essa é uma OTITE PURLENTA, de caráter agudo, por apresentar
neutrófilos. Malassezia de 3 a 19 por campo. DIAGNÓSTICO = OTITE DESCAMATIVA
PURULENTA COM INFECÇÃO BACTERIANA POR BACTÉRIAS COCCOIDES E INFECÇÃO
FÚNGICA POR MALASSEZIA CANNIS.
CASO 3: pequena quantidade de células epiteliais (não é otite descamativa), pequena
quantidade de célula coccoides, microrganismos do tipo Malassezia de 3 a 9 por campo.
DIAGNÓSTICO: SECREÇÃO DE OUVIDO DENTRO DA NORMALIDADE ou PADRÃO
CITOLÓGICO DENTRO DA NORMALIDADE.
CASO 4: eventuais células epiteliais (não é descamativa), Malassezia normal, neutrófilos
(OTITE PURULENTA), bactérias coccoides no citoplasma (está causando infecção).
DIAGNÓSTICO: OTITE PURULENA COM INFECÇÃO BACTERIANA POR BACTÉRIAS
COCCOIDES.

 Pele
Obs. PADRÃO DE NORMALINA DO TRICROGRAMA: PONTA AFILADA + CORPO COM
ESCAMAS ALINHADAS + EQUILÍBRIO ANÁGEN E TELÓGEN.
Obs. Prognóstico: é se vai crescer rápido, se vai crescer dentro da evolução normal
ou o paciente vai ter mais queda de pelos
CASO 5: Se a ponta é afilada, não é na ponta que está a causa da alopecia. Sendo que
nesse caso, a maioria dos pelos estão em telogen (bulbo), sendo que posteriormente cairão, ou
seja, o PROGNÓSTICO É RUIM, porque devido a telogen vão cair para depois melhorar. Causas
da alopecia (sarna sarcóptica ou ESCABIOSE não está relacionado com isso porque causa
prurido, logo ponta quebrada): SARNA DEMODÉCICA pode causar porque é de folículo
piloso; pode ser causado por DESNUTRIÇÃO; ESTRESSE CRÔNICO (um estresse
momentâneo não causa isso porque o pelo pode até cair mas está na fase de anagen e a
ponta será fraturada – quebrada – como reflexo disso); DOENÇA ENDÓCRINA também
pode causar isso (hipostiroidismo, hiperadrenocorticismo e diabete mellitus).
CASO 6: equilíbrio de anagem e telogen, o que levou o pelo a cair não está relacionado
com o bulbo. Pontas tonsuradas (animal mastigou, autotraumatismo, prurido). Causa:
SARNA SARCÓPTICA; DERMATITE ALÉRGICA A PICADA DE INSETO ou ALIMENTAR. Ou
seja, será causada por toda e qualquer doença que causar prurido. Uma Sarna Demodécica
causa pouco prurido, mas se tiver associada a uma infecção bacteriana secundária pode causar
prurido, logo pode causar isso. O PROGNÓSTICO é que o pelo vai ficar dentro da reposição
e do crescimento normal, problema não é no pelo.
Obs. a rápida melhora é do pelo que está em angem.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
CASO 7: equilíbrio de anagen e telogen, escamas desalinhadas e pontas fraturadas e
raras afiladas. Causa: como os bulbos estão em equilíbrio, houve um problema a certo
tempo atrás, como ESTRESSE, DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL. Ou seja, no bulbo está de boa,
a causa da alopecia não está no bulbo mais, mas a ponta fraturada é reflexo de algo que
aconteceu há um tempo atrás. Não tem tratamento para esse animal, só esperar crescer.
CASO 8: bulbos em fase de telógen, o prognóstico é de piora. Numerosas escamas
desalinhadas e pontas fraturadas (algo aconteceu e pelo está fraco), isso é um problema
crônico, continua acontecendo.
Obs. CRONICO: bulbo em telogen + ponta fraturada.
CASO 9: equilíbrio de anagem e telogen, numerosas escamas desalinhadas e pontas
tousuradas e raras afiladas. É só prurido porque o problema está só na ponta tousurada e
desalinhamento das escamas por pressão. Uma lesão pruriginosa crônica vai estressar o
paciente, logo pode começar a ter também bulbo em telógen (isso que marca se é agudo ou
crônica).

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA URINA (URINÁLISE)


É o exame de urina. Quando é que vamos fazer o exame de urina? A urina é um
ultrafiltrado do plasma, então temos plasma sanguíneo sendo filtrado pelos rins, sendo que o
sangue nos rins, entra e sai do glomérulo, onde sofre filtração. Fisiologicamente, o plasma
filtrado traz algumas das coisas que ele tem quando está no sangue, sendo que esse filtrado
tem características próprias e diferentes do sangue porque a membra renal é seletiva para
algumas moléculas (albumina não passa, glicose passa, proteínas de baixo peso passam
pelo glomero e se for importante sofre reabsorção tubular). O ultrafiltrado do plasma, ao
longo dos túbulos, sofre reabsorção de água e eletrólitos. Ou seja, o rim é importante para
a regulação do equilíbrio hidroeletrolítico e manutenção ácido-base (perde bicarbonato e
elimina íons de hidrogênio, liberação de sódio e potássio).
Logo, quando a urina passa pelo rim e utilizamos o método de coleta direto da bexiga,
consigo através das modificações desta urina ver o funcionamento do rim, que tipo de
lesão o paciente pode ter e localizar se a lesão é: glomerular, tubular ou intersticial. Assim,
um paciente com suspeita de doença renal, paciente com cistite, uretrite, eles têm que passar
por exame de urina. Além disso, se estou tratando o paciente com uma droga nefrotóxica devo
fazer o exame de urina para ver até quando a droga que estou trabalhando está ou não causando
lesão.
Como colher urina? Para retirar a urina de dentro das vias urinárias preciso de frascos
para guardar a urina, sendo que hoje temos disponíveis: frascos não estéreis, estéreis. Além
disso, preciso depende da espécie e do método de coleta, de uma sonda (metálica), no caso da
fêmea de espéculo vaginal (para encontrar o óstio), seringas (quando for aspirar material direto
da bexiga). Logo, devo ter em mãos o material onde vou guardar a urina do paciente.
Métodos de coleta: esperar a micção natural do paciente (colho depois dele urinar),
passar sonda (cateter, pode ser plástico, rígido), comprimir a bexiga por fora (esforço o
esvaziamento) ou aspirar a urina direto da bexiga do paciente.
Mas os 4 métodos servem para todas as espécies?
BOVINOS: o método de eleição é micção natural, sendo que a primeira coisa que tenho
que fazer é higienizar a genitália (vulva ou prepúcio) para evitar que secreções locais saiam na
amostra e não colher a primeira urina. Na hora que estou fazendo a higiene externa, a água
morna estimula a micção. O cateterismo depende do gênero (se é macho ou fêmea) pode ter
complicações nessa espécie, porque o macho tem a flexura peniana ou S peniano, logo a sonda
não consegue fazer essa curvatura. NÃO DA PARA FAZER CATETERISMO NO MACHO. Na
fêmea dá para fazer cateterismo, mas tem que tomar cuidado com o divertículo suburetral (se
entrar por ele machuco a fêmea). Compressão vesical e cistocentese não dá para fazer em
bovinos.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
EQUINOS: não tem flexura sigmoide, nem o divertículo, por isso, tanto a sonda rígida ou
nasogástrica humana pode ser usada para fazer cateterismo. Micção natural, induzida ou não
(induzida por barulho de água, água quente na higienização). Já a compressão vesícula e
cistocentese não tem muito jeito, problema de não conseguir esses métodos é que a
microbiota está presente na uretra, logo se quero fazer uma urocultura da urina não vou colher
por micção natural porque pode dar uma infecção que não existe.
Obs. Assim, para fazer cultura o método de escolha é cistocentese. Urocultura em cavalo
e bovino posso tentar por sonda.
CÃES: nos cães posso usar os 4 métodos, micção natural (animal bravo) tem que fazer
higienização externa (não pode aspirar a urina do chão); cateterismo em macho e fêmea
(sonda uretral de uso humano ou nasogástrica); cistocentese (pode ser orientado por ultrassom,
mas não é obrigatório, posso palpar e direcionar a seringa crânio-caudal), método de eleição
para fazer cultura; compressão vesical.
FELINOS: sonda uretral específica para gatos. Dá para fazer os 4 métodos de coleta, de
maneira que para cateterismo é difícil, tenho que fazer anestesia, enquanto para cistocentese
não preciso. Problema é expor o pênis do macho e passar uma sonda, o macho não colabora.
Motivo pelo qual a sonda é utilizada para desobstruir uretra, não para fazer exame. Ou seja, em
felinos podemos fazer a cistocentese orientado por ultrassom. Não há relato de uroperitronite
após cistocentese. Além disso, é esse método de eleição para fazer URINOCULTURA (não traz
bactoria da uretra). Pode ser por micção natural e compressão vesical.
30/04/2019
CONSERVAÇÃO DA URINA: até o exame. Posso colher e fazer o exame imediatamente,
melhor maneira. Mas se não tiver jeito, a maneira mais barata é sob refrigeração a temperatura
de 5 – 10ºC. Urina não pode congelar, mas o tempo para armazenar a partir do momento em
que colhi a urina é de 30 minutos (não preciso correr para armazenar). Quais problemas a urina
tem quando não armazenado após 30 minutos? As bactérias presentes, sejam da microbiota
uretral ou de uma cistite, em temperatura ambiente proliferam dentro desse tempo, mudando a
interpretação da amostra, assim uma urina que não teria bactérias agora tem, além disso, uma
urina que teria bactérias normais, veremos um valor acima do normal. Essas bactérias
(principalmente E. coli) tem uma enzima urease (UREASE POSITIVA) que quebra a ureia em
amônia, o que alcaliniza a urina. Ou seja, se a urina ficar por mais de 30 minutos em
temperatura ambiente as bactérias proliferam (da própria flora normal), sendo que estas
possuem a urease que quebra ureia em amônia, o que alcaliniza o PH da urina, alterando
2 parâmetros (microbiota e PH), comprometendo a interpretação do resultado. Além disso,
a urina que deveria ter o aspecto mais límpido, pode ficar turva porque tem mais bactérias e
PH alcalino. Logo, colheu o ideal é fazer o exame rapidamente, se não tiver como tenho
que armazenar em 30 minutos. Assim, se não tenho a geladeira, tenho que ter um isopor com
gel.
Uma vez dentro da refrigeração, quanto tempo pode permanecer sob refrigeração? Se a
urina ficar muito tempo refrigerada, poderemos ver cristais que normalmente não apareceriam,
dando o diagnóstico de UROLILITÍASE. Assim, o tempo máximo de refrigeração a 10º é 6
horas. Esse é um dos motivos pelo qual não se pede muito exame de urina na veterinária. O
que existe para que essa proliferação e aumento do PH não ocorra? Podemos utilizar uma
seringa, que acoplo a uma agulha ou sonda, de maneira que encho o embolo de urina (10 ml) e
posteriormente quebro a ponta, virando um tubo (tubo em forma de seringa). O laboratório
trabalha com 1 a 2 ml de urina. Esse tubo vem estéril escrito bacteriologia, sendo que dentro
dele tem um pó, o ácido bórico¹, que não acidifica o meio, mas inibe proliferação bacteriana
(não é bactericida, é bacteriostático), ou seja, seu objetivo é fazer o efeito bacteriostático em
temperatura ambiente por até 24 horas, sendo que sob refrigeração pode ficar por mais até
48 horas sem perder as características iniciais. Isso resolve a questão do tempo até analisar.
Essa seringa é chamada de: SERINGA COLETORA DE URINA (a amarela não tem nada dentro
e a verde é de ácido bórico).
Isadora Pires Ferreira dos Santos
Obs. ¹ tem ácido bórico para até 10 ml, assim com pouca urina, pode ser que vejo as
escamas de ácido bórico recobrindo o material e dificultando a análise. Assim, podemos
fazer a análise macroscópica, análise bioquímica e posteriormente diluo a amostra com
água destilada (até completar 10 ml), homogeinizo e centrifugo (porque quebro a diluição,
que não faz diferença).

 ASPECTOS MACROSCÓPICOS
Parte das análises não é feita pelo laboratório, como o volume que vem escrito no
resultado do exame é o que enviei para o laboratório. Mas o volume que o clínico tem que ver é
o VOLUME URINÁRIO para ver se é uma questão patológica ou não, sendo que o volume
normal da urina de um animal é de 1-2 ml de urina por kg de peso vivo por hora, em
condições normais de temperatura, hidratação. Assim, um cão de 10 kgs gasta de 1 a 2
horas para produzir 20 ml de urina. Agora se tenho um paciente oligúrico, posso passar uma
sonda, suturo, deixo acoplada a um equipo, ponho em uma bolsa de coleta de urina, vejo de hora
e hora quantos ml tem dentro da bolsa, por isso posso falar se o volume está: adequado,
diminuído ou aumentado. Assim, correlaciono isso com a clínica do paciente, um animal
desidratado produz menos, enquanto um animal hiperidratado produz mais urina. Dessa
maneira, as doenças renais se associam ao volume urinário: a POLIÚRIA é associada a
DOENÇA RENAL CRÔNICA; OLIGÚRIA associada a DOENÇA RENAL AGUDA ou
AGUDIZAÇÃO DE ALGUMA DOENÇA CRÔNICA (como uma doença renal crônica, onde algo
diminuiu a perfusão renal, foi para cirurgia, teve um choque anestésico, intoxicou com algum
medicamente); ANÚRICO é o paciente que não urina, se estiver sondado, ligado a um esquema
fechado (meço cada ml) e não urina nada é porque há FALÊNCIA RENAL, já em um animal que
não está sondado, mas não urina, penso em OBSTRUÇÃO.
COR: concentração de urocromos que são os pigmentos da urina que a dão a cor. Assim,
uma urina de um animal com POLÚRIA tende a ser MAIS CLARA por DILUIÇÃO; já um paciente
com OLIGÚRIA é uma urina MAIS CONCENTRADA e de COR ESCURA. Mas outras coisas
podem alterar a cor da urina, como SANGRAMENTOS EM VIAS URINÁRIAS que deixa a urina
mais AVERMELHADA ou ACASTANHADA (ÂMBAR), porque hemoglobina ou mioglobina
podem ser responsáveis pela coloração amarronzada. Ou seja, os principais pigmentos que
tornam a urina mais acastanhada e com alteração da tonalidade do âmbar, está
relacionada com HEMOGLOBINA e MIOGLOBINA no paciente. Logo, se o paciente tiver um
SANGRAMENTO AGUDO a urina sai AVERMELHADA, mas se tem um sangramento que já
sofreu HEMÓLISE é uma urina mais ACASTANHADA (hemoglobina). Assim, se for algo pré-
renal, como picada de cobra que é hemolisante, veremos HEMOGLOBINA, urina sai
AMARRONZADA. Logo, avermelhada quer dizer que tem sangue oriundo de: bexiga, uretra,
genitália externa, rim. Já as causas de hemoglobina devido a hemólise na urina pode ser:
renal, pré-renal e pós-renal. Além disso tem MEDICAMENTOS que fazem a urina ficar mais
ESVERDEADA.
ODOR: não vem do laboratório, mas o do clínico, pode vir do proprietário uma reclamação
do cheiro da urina, assim para compreender a patologia, temos que entender a fisiologia, logo
saber qual o odor suis generis da urina (cheiro normal da espécie). No cão tem um odor (macho
diferente da fêmea), gato é diferente do cão (sendo que o macho é mais intenso que a fêmea,
libera ferormonios para marcar, além disso, no gato macho inteiro –castrado não - e no
cavalo a urina é mais turva devido aos ferormônios – põe mais proteína nela também). O
que pode mudar o odor suis generis? Alterações metabólicas (diabetes mellitus, pode
aumentar a glicose da urina, ODOR ADOCICADO, sendo que ainda dentro dessa diabetes
temos a CETOACIDOSE DIABÉTICA, quando o paciente liberas corpos cetonicos na urina,
deixando-a com ODOR CETÔNICO, isso indica uma descompensação do quadro de
diabetes mellitus); doente renal descompensado (animal que concentra muita amônia
porque a ureia subiu, libera esse excesso na urina, logo vem com o ODOR AMONIACAL,
penso em catabolismo, retenção urinária e coisas que fazem produção e liberação maior de
Isadora Pires Ferreira dos Santos
amônia na urina do paciente); putrido (CHEIRO PODRE, que vem da fermentação do tecido
do próprio animal, ocorre em casos de infecção, como infecção urinária).
ASPECTO: se ela é TURVA ou LÍMPIDA. As duas únicas espécies que podem ter
urina turva como normal: EQUINO e GATO MACHO INTEIRO. No equino deve-se ao fato de
que: presença ferormônio; mucoproteínas (acontece com a égua também), ou seja, fica mais
turva do que a urina de outras espécies; dois cristais que são normais em sua urina, o
CARBONATO DE CÁLCIO e o BIURATO DE AMÔNIA. Ademais, quanto mais diluída a urina
mais límpida e quanto mais turva mais concentrada, de maneira que esses aspectos devem
estar associados à alteração da cor, porque o que muda um muda outro.
DENSIDADE URINÁRIA: é avaliada laboratorialmente.

 FITA DE URINÁLISE
Quando introduzo na urina, mistura a química da urina com a do papel, assim vemos uma
reação que resulta em uma variação de cor. Assim, comparo a cor da fita com a cor do padrão
da caixa.
Toda reação química depende de temperatura e PH, tanto que não posso analisar a
urina assim que tirei da geladeira, aqueço-a a temperatura ambiente (mais ou menos 25ºC
que é também a temperatura ideal da fita). Ou seja, não pode ser temperatura baixa nem alta
para passar a fita da urina.
A fita mede: PH, PROTEÍNAS, GLICOSE, CORPOS CETÔNICOS, BILIRRUBINA,
UROBILINOGÊNIO, HEMOGLOBINA, NITRITOS.
Cuidado em relação ao uso das fitas: temperatura da amostra (temperatura ambiente, não
posso fazer leitura logo após tirar da refrigeração); máximo 10 segundo para molhar a fitinha
(molhou, tirou, tem que ser rápido, bato para retirar o excesso); outro fator que influencia, além
de PH e TEMPERATURA, é TEMPO, logo para a primeira reação se completar é necessário 30
segundos para começar a leitura; tem SENTIDO DA LEITURA (de baixo para cima ou de cima
para baixo), sendo que leremos por último a última reação (HEMOGLOBINA – é a que demora
mais a ter reação); por fim temos 1 MINUTO E 30 SEGUNDOS PARA CONCLUIR A LEITURA
(passando disso a cor vai diminuindo).

 Densidade
Na rotina, nunca seguimos a densidade que a fita determina, mediremos por
REFRATOMETRIA. O Refratômetro trabalha com escala (varia de 1.000 a 1.050), sendo que a
leitura é feita na interseção do azul com o branco, quando fala do valor da densidade da urina
do paciente. Logo, na densidade tenho que saber o que é fisiológico, vez que o sangue chega
ao rim através do glomérulo, sofre filtração e produz a primeira urina, de maneira que esse
ultrafiltrado plasmático glomerular tem a mesma densidade do plasma sanguínea (1.008 ou
1,008). Esse ultrafiltrado vem caminhando pelos túbulos, onde veremos reabsorção de sódio e,
consequentemente, água, concentrado a urina (subindo a densidade), assim quando chega
a Alça de Henle a densidade chega a 1.060 de densidade, depois passa pelo túbulo distal coloca
água na urina e chega ao túbulo coletor (reabsorve água). No CÃO, CAVALO e BOVINO a
densidade pronta para ser liberada em temperatura adequada e oferta ideal de água, a
densidade normal é 1.030 +- 5 (faixa de normalidade é de 1.035 até 1.045). O fisiológico não
é o animal desidratado, nem um local muito quente com muita oferta de água. Assim, um animal
desidratado filtra menos, logo, concentra mais, por isso, um animal desidratado com
densidade 1.030 não está normal (densidade abaixo da esperada). O FELINO teve origem em
regiões desérticas do continente africana, adaptou-se a desenvolver em condições de baixa
água, logo o rim reabsorve mais água, logo a densidade é maior, portanto a densidade
fisiológica é 1.040 +- 10, de maneira que quando temos um gato com densidade acima de
1.050, ela estará concentrada.
Sempre associamos a densidade com a composição da urina, se uma urina está com
densidade baixa está diluída, logo tudo que estiver nela está diluída (proteína, glicose diluem),
ao contrário se a densidade der alta a urina está concentrada, assim tudo nela estará
Isadora Pires Ferreira dos Santos
concentrada (proteína). Dessa maneira, se uma urina estiver concentrada e o valor de proteína
der um pouco mais alto, não devemos dar importância para essa proteína devido ao aumento da
concentração (diminuição da água). Já quando a densidade está baixa e der menos proteína do
que o normal, temos que dar importância porque o paciente está com proteína reduzida.
Obs. Em cães: 1020 = muitas doenças. 1040 é concentração.
Ou seja, pacientes que tem densidade normal na refratômetria podem ter densidade
menor na fita devido a PH ALCALINO ou TEMPERATURA.

 PH
O PH da urina depende da dieta do paciente, animais que tem uma dieta a base de
proteínas de origem animal produzem muitos íons de hidrogênio, logo o rim pega esse ion ácido
e o excreta. Logo, em CARNÍVOROS O PH DA URINA É ÁCIDO em torno de 6 – 6,5 (PH neutro
fisiológico é de 7,4, consideramos 7,5 na fita). Assim, valores de PH ABAIXO DE 7,4 É ÁCIDO,
ACIMA é ALCALINO. O HERBÍVORO como consome proteínas de origem vegetal, produzem
menos íons ácidos e mais bicarbonato, fazendo com que o PH DA URINA SEJA ALCALINO,
em torno de 8 – 8,5. Como a maioria das fitas é para humano, o PH ideal para uso da fita é para
PH ÁCIDO, sendo que se o PH é ALCALINO a densidade está baixa. Ou seja, quando
trabalhamos com equinos e bovinos não utilizamos o PH da fita (herbívoros = PH alcalino).
Mas para que precisamos medir PH? Uma das razoes de se medir PH é para dar nomes
a cristais, porque existem cristais que se precipitam em PH ÁCIDO e aqueles que se precipitam
em PH ALCALINO, assim: CRISTAIS DE CALCIO se precipitam em PH ÁCIDO (exceto do
equino) e CRISTAIS DE FOSFORO em PH ALCALINO. Portanto se tenho um cristal que
precipita em PH ÁCIDO deve-se alcalinizar o PH, ao contrário acidifica o sangue e precipita o
cristal. Ao contrário, se tenho um cristal que precipita em PH alcalino, acidifico o sangue. Assim,
o PH entra no diagnóstico do tipo de cristal e no TRATAMENTO DAS UROLITÍASE (assim
um gato que tem um cristal alcalino, dou para ele vitamina C, vinagre de maça).
O que alcaliniza o PH da urina? RETENÇÃO URINÁRIA (obstrução, bactérias proliferam,
sendo que são urease positivas quebrando a ureia em amônia que alcaliniza o PH); ALCALOSE
METABÓLICA (rim aumenta a liberação de bicarbonato); TEMPO PÓS COLETA.
O que acidifica o PH da urina? INANINÇÃO; e FEBRE. Nestes casos, os estão em
catabolismo, liberando mais íons de hidrogênio que são excretados pelo rim, assim o PH tende
a ficar 5,5 e até 5, em herbívoros veremos 6,5 – 7,0). Outros fatores são ACIDOSE
METABÓLICA ou ACIDOSE RESPIRATÓRIA.

 Proteínas
Um dos parâmetros mais importantes, porque o sangue chega ao glomérulo com
albumina (proteína de alto peso molecular) e globulina (baixo peso molecular, passa livremente
pelo glomérulo, mas é reabsorvida). Ou seja, a ALBUMINA não é filtrada pelo glomérulo, não
sai na urina; já a GLOBULINA tem baixo peso molecular, é filtrada pelo glomérulo, mas é
reabsorvido. No entanto, os túbulos têm um limite de reabsorção, assim quando a
quantidade de globulina que chega é grande, parte é absorvida outra vai passar, assim
veremos GLOBULINA NA URINA, que é sinal de que há muita globulina no sangue, logo
DOENÇA INFECCIOSA. Além disso, se tem GLOBULINA demais na urina, mas o problema
não é de excesso de globulina no sangue o problema é que os TÚBULOS não estão
reabsorvendo, ou ainda qualquer coisa que promova a passagem rápida da urina
(DIURÉTICOS DE ALÇA). Na urina pode vir também HEMOGLOBINA, que tem baixo peso
molecular.
Porém, se apareceu ALBUMINA na urina NÃO É NORMAL, então o que fez aparecer
proteína na urina? Quando encontramos proteína na urina, devemos pensar se é albumina
(ocorre devido a uma doença renal com lesão glomerular) ou globulina (doença renal com
lesão tubular). Além disso, quando a albumina passa pelo glomérulo e chega ao túbulo, ele
tenta reabsorver, quando é lesado. Assim, quando o paciente inicia com lesão glomerular, ele
evolui para lesão tubular. Ademais, se tiver PROTEINÚRIA tenho que ver a DENSIDADE:
Isadora Pires Ferreira dos Santos
paciente com concentração urinária baixa tem que ter proteína diluída, assim pode ter proteinúria
e a fita não mostrar porque a proteína também está diluída; já quando a urina está concentrada
a proteína também está para cima, mas pode ser que esteja com um problema maior (tenho que
avaliar a densidade).
Ainda no que diz respeito a proteína na urina, analisaremos o SEDIMENTO: se tiver
hemácia no sedimento, vai aparecer hemoglobina e vai marcar errado na fita; já se marcar
leucócito também vai marcar proteína na urina erroneamente.
Obs. Hemoglobina = hemólise (pre-renal); mioglobina = lesão muscular.
A PROTEÍNURIA pode ser medida pela fita, por espectrofotometria e eletroforese em
gel de agarose (é muito caro, indica o tipo de globulina, por exemplo, que pode estar associada
a tumor). A fita tem sensibilidade maior para albumina, mas ela pode marcar proteína pelo:
PH ALCALINO aparece uma cruz (logo urina de bovino e equino vai marcar uma proteinúria
pelo PH alcalino) é uma PSEUDOPROTEINÚRIA; URINA COM SANGUE (fita marca como
proteína); COLORAÇÃO pode ser hemoglobina ou mioglobina, indica que é uma proteína que
está ali; e, por fim, a proteinúria pode ser pela presença de ALBUMINA. Assim, apareceu fita
marcando positivo pode ser: albumina, mioglobina, globulina, hemoglobina e PH alcalino.
Portanto, não posso afirmar que o animal está com lesão glomerular só com a fita.
Além disso, a fita tem o mínimo que marca, então um valor menor valor de proteína pode
ser uma lesão glomerular, mas na fita vejo como negativo.
Portanto, se tem proteína na urina, temos que nos preocupar de onde vem aquela
proteína, sendo que elas podem vir do sangue ou são produzidas a partir dos rins, dependendo
da presença de secreções (mucoproteínas).
10/04/2019
A densidade diz respeito se a urina é concentrada ou diluída, sendo que correlaciono
com a proteína. URINA COM DENSIDADE BAIXA = uma cruz ou 30, quer dizer que como a
urina está diluída, está perdendo mais proteína do que o exame me mostra. Ao contrário se
a densidade está alta, mas a perda de proteína está menor do que o resultado me mostrou
está muito concentrada.
SENDIMENTOSCOPIA: presença de hemácias no sedimento pode fazer parecer
proteína, isso também ocorre com espermatozoide e leucócitos, quando correlaciono com a
proteína.
Ou seja, correlaciono a proteína com densidade e o sedimento para determinar se o
que está fazendo aparecer proteína na urina é uma lesão oriunda do glomérulo ou do túbulo.
Das proteínas que saem do sangue e vão para urina, o normal é a globulina passar pelo
glomérulo e ser reabsorvido pelo túbulo. Ou seja, se em uma amostra tenho albumina na
urina, significa que tenho um rim com lesão glomerular, porque se passa por ele é porque
está lesado, aumentou a permeabilidade. Agora, se a globulina aparece na urina, pensamos
em lesão tubular, onde temos que lembrar que tudo que para ser reabsorvido, no túbulo, há um
limite, assim se chega ao túbulo mais do que sua capacidade de absorção ele não irá absorver,
saíra na urina. Ou seja, se tenho um processo inflamatório, produziu muita globulina que passa
pelo glomérulo, não é absorvido pelo túbulo, saindo na urina.
O método de dosagem da proteína pode ser: FITA; ESPECTROFOTOMETRIA (muito
caro, não é realizado na rotina, mas separa globulina de albumina e ainda especifica qual
globulina está aumentada, podendo relacionar com neoplasia ou processo inflamatório)
APARELHOS QUE MEDEM ENZIMA; APARELHO QUE FAZEM CINÉTICA; BIOQUÍMICA.
Apesar da fita ter uma sensibilidade maior para albumina, modifica outros fatores. A rotina hoje
é a fita e espectrometria.
A PROTEINÚRIA quando presente na urina, podem ser TRANSITÓRIAS ou
PERSISTENTES.
PROTEINÚRIAS TRANSITÓRIAS, são aquelas fisiológicas, ocorrem aumentos
discretos e transitórios (se o paciente sai do status em que estava a proteinúria some), por
exemplo: febres; catabolismo devido ao aumento da temperatura, quebra mais proteína, rim
excreta mais, mas se diminui a proteína, esta desaparece da urina); exercício prolongado ou
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extenuante (cavalo de cavalgada, se colher a urina ao final aparecerá proteinúria pela atividade
muscular, tenho que esperar o animal entrar em repouso e depois colher urina); dietas com
concentração de proteína elevada (adulto comendo ração de filhote); coleta de urina por micção
natural, sem os devidos cuidados, não devemos dar importância; convulsão (espasmo muscular
intenso, catabolismo, aumenta a quantidade de proteína, mioglobina); bezerros em fase de
colostragem (está ingerindo e absorvendo muita imunoglobulina, sai mais na urina, não devemos
nos preocupar).
PROTEINÚRIA PERSISTENTE: animal que colho urina, trato, mas na semana
seguinte, mesmo que esteja clinicamente melhor, a proteinúria está presente, daqui a 15
dias continua ali. Ou seja, se resolvi as condições fisiológicas e continua, é uma
proteinúria patológica, de maneira que temos que descobrir se a patologia envolve lesão
glomerular ou tubular, assim: 1. RENAIS no caso de lesão glomerular e tubular. 2.
GLOMERULAR (albumina): envolve processos inflamatórios, como Glomerulonefrites
(deposição de complexos imunes no glomérulo, aumentam a permeabilidade, albumina passa e
sai na urina – não é absorvida no túbulo), Amiloidose, Lúpus, Brucelose, Erlichiose, Piometras,
Leucemia Visceral Felina e Neoplasias. 3. TUBULARES (globulinas): Doenças Tubulares,
Nefroses e Nefrites (cursam com lesões tubulares, veremos globinúria na urina, mas antes de
termos certeza temos que ver se está alta no sangue, quando tem relação com processo
inflamatório, por isso que muitas vezes temos que verificar no sangue o que está acontecendo).4.
EXTRA RENAIS: 4.1. PRÉ-RENAL qualquer condição que leva o paciente a hipóxia como,
Hipotensão, Desidratação, Hemorragia Extensa, Animais Anêmicos. O glomérulo é uma das
partes mais irrigadas do rim, logo quando diminui a perfusão tecidual pode haver lesão
glomerular, aumento da permeabilidade do glomérulo e a albumina passa para urina. Esse rim
está doente porque tem algo no paciente que levou a lesão glomerular. Se não trato a causa
primária não consigo melhorar o paciente. Pode ser ainda: Hemólise, Intoxicação por Cebola
(hemolisina, causa lise de hemácia), Chumbo (tinta de jornal tem muito chumbo, serve para
bateria, tinta de parede), Paracetamol (em gatos), Mioglobinas (exercícios, trauma e doenças
musculares), Neoplasias (maioria dos tumores produz uma GAMAGLOBULINA, a BENCE
JONES porque na lesão neoplásica quando o organismo entra para fazer a inflamação, em
resposta, a neoplasia produz mais dessa imunoglobulina que sai na urina, saliva e suor - cães
conseguem perceber esse odor, quando treinados). 4.2. CAUSAS PÓS RENAIS: presença de
secreção (vaginal uretral), paciente com cistites (mais leucócitos, mais bactérias), ureterites,
metrites, pielites e prostatites. Ou seja, qualquer inflamação pós renal pode levar ao
aparecimento de proteína na urina.
PSEUDOPROTEINÚRIA: quando temos uma urina altamente alcalina, pode modificar
o teor de proteína e fazer aparecer de 1 a 2 cruzes na fita. HEBÍVOROS em condições de
normalidade, que tem o PH da urina alcalino, irá aparecer traços de proteína ou até mesmo
uma cruz, sendo que, conforme a densidade pode não significar nada. Tempo de imersão da
fita na urina pode influenciar. Ou se você usou um frasco que foi lavado com amônia
quaternária que modifica o PH da urina e faz aparecer que tem PH alcalino na amostra.
Quando aparece proteínas na urina pode ser: PH ALCALINO, MIOGLUBULINA,
HEMOGLOBINÚRIA, GLOBULINA e ALBUMINA. Mas, considerando a importância de
determinar se a proteinúria tem a ver com a lesão renal ou não, há um método que meço a
quantidade de proteínas na urina e comparo a um parâmetro que é constante na urina do
paciente que é a quantidade de CREATININA.
Obs. creatinina do sangue vem da creatina muscular que vai para o sangue na forma de
creatinina, sendo que 99% dela sofre excreção renal, passa pelo glomérulo e não sofre
reabsorção tubular. Ou seja, é um parâmetro constante que é influenciado um
padrão renal.
Posso utilizar a UREIA que passa pelo rim que pode ser reabsorvido, mas depende do
túbulo, tem pacientes que absorvem mais ou menos ureia.
Assim, pegamos um parâmetro que sai no rim de qualquer maneira e meço junto com a
quantidade de proteínas que saem da urina. Logo, a RELAÇÃO PROTEÍNA/CREATININA é
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dividir quanto de proteína tem na urina do paciente pela creatinina, quando encontro um valor
numérico que tem uma correlação ou não com uma provável doença renal. Isso não é
utilizado em equinos porque tem muco (mucoproteína) além de PH ALCALINO!! Não é
determinada para bovinos porque existem algumas interferências, perdem mais proteína na
urina, atrapalhando a relação. Logo, usa-se muito a relação proteína-creatinina urinária
(PRCU) em cães e gatos. Ou seja, uma vez que marca proteína na urina, temos que mandar
para o laboratório para ser feita a relação proteína-creatinina urinária.
Como fazer o exame? Utilizo o exame para diagnosticar e acompanhar tratamento. O
recomendado é de no mínimo 2 dosagens com 1 semana entre elas para começarmos a pensar
em DOENÇA RENAL CRONICA. Ou seja, temos que repetir para ter certeza que não era
proteinúria fisiológica. Se puder fazer 3 ou 4 coletas para confirmar diagnóstico, melhor ainda.
Os laboratórios possuem a fita que tem: creatinina, microalbumina e proteína. Logo
conseguimos dividir a proteína pela creatinina para descobrir a relação.
Segundo a IRIS um cão para não ser considerado proteinúrico a relação tem que ser
menor que 0,2 até no máximo 0,5. Se tiver entre 0,2 a 0,5 é limítrofe (borderline, qualquer
empurrão pode se tornar proteinúrico). Quando a divisão da proteína pela creatinina for maior
que 0,5 (metade de proteína do que tenho de creatinina – três cruzes em diante) começamos
ter proteinúria de importância. A creatinina gira em torno de 120 – 160 mg/Dl. Já no gato
macho inteiro, como a urina tem maior proteína: menor que 0,2 é não proteinúrico; de 0,2
– 0,4 é suspeito; proteinúricos é o maior que 0,4.
Animal que se mantém borderline + proteinúria persiste + albumina na urina =
MICROALBUMINÚRIA, é um diagnóstico precoce de lesão glomerular, posso reverter ou
impedir o avanço da lesão. Isso em uma urina que não tem SEDIMENTO ATIVO (quando
tenho HEMÁCIA e LEUCÓCITOS naquela amostra de urina). É uma urina TURVA (células
diluídas), mais AVERMELHADA – ÁMBAR. Fazer o sedimento ativo é importante porque a
presença de hemácia e leucócitos aumentam a quantidade de proteína na urina, logo não preciso
fazer a relação de proteína/creatinina na urina.
Agora em um paciente que quero monitorar o tratamento, entro com drogas para redução
da proteinúria, vasodilatador, inibidor de ECA (reduzem a proteinúria e melhoram a perfusão
renal) e repito os exames para analisar a se houve uma redução na proteína, porque se não
diminuir quer dizer que o rim não está melhorando. Logo, se o tratamento é para reduzir a
hipertensão intraglomerular, pressão de filtração e proteinúria, se o rim estiver lesado não
ocorrerá a diminuição da proteinúria. Uma forma de desconfiarmos se uma urina tem proteinúria
é balançar e ver se aparecer espuma.
Fatores que invalidam a relação: hemorragia (hematúria, sendo que as vezes vem da
cistocentese, suja o canhão da agulhar, a hematúria da coleta da cistocentese não tem tanto
problema para relação proteína creatinina), cistite (com E. coli pode ir para maior do que 40
porque as bactérias promovem alterações da composição da urina, quando determino parece
que tem proteína demais – animal com sinais clínicos da cistite não preciso de pedir a relação
proteína creatinina urinária -, ou seja, urina turva, PH diferente, coloração alterada não
precisa da relação); processos inflamatórios sem infecção (como CÁLCULO que faz uma
inflamação, aumenta a quantidade de hemácias e leucócitos, aumentando a relação proteína x
creatinina); não se avalia a relação proteína x creatinina em animais com SEDIMENTO
ATIVO; pacientes com CORITICOTERAPIAS em doses IMUNOSSUPRESSORAS, o
corticoide faz com que as células mesangiais renais a aumentem a produção de proteína, logo,
o medicamento leva a proteinúria, por isso, o paciente tem que ficar 3 semanas ou mais sem o
corticoide para eu saber se o paciente tem proteinúria, assim, tenho que ver qual a prioridade,
fazer o exame ou manter o tratamento.

 Glicose
A fita traz a medição de glicose, que é de baixo peso molecular e passa facilmente pelo
glomérulo, logo tende a sair facilmente na urina. No entanto, os túbulos reabsorvem (é
importante para o organismo), mas tem limiar de reabsorção tubular (suporta até determinado
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volume). Esse limiar está muito bem determinado para a maioria das espécies: nos CÃES e
RUMINANTES = 150 – 170 mg/Dl (se o limiar beira 170, a glicose irá sair na urina quando no
sangue tiver mais de 170 mg/Dl). Logo, minha preocupação quando começo a encontrar
GLICOSÚRIA é se a glicose do sangue está aumentada, o que não me mostra um diagnóstico
de doença renal (tenho que ver o que está fazendo aumentar). Já GATO e EQUINO = 230 –
260 mg/Dl, porque são espécies que fazem pico de glicose devido ao estresse, assim
frequentemente veríamos glicosúria, por isso que o limiar dessas espécies é maior do que das
outras espécies. Assim, apareceu glicose na urina me preocupo com a glicose no sangue
para dar o diagnóstico da causa da HIPERGLICMENIA.
HIPERGLICEMIA FISIOLÓGICA: como estresse.
HIPERGLICEMIA FARMACOLÓGICA: SOLUÇÕES SATURADAS DE GLICOSE,
CORTICOIDE (impede a insulina de levar glicose do sangue para a célula que fica no sangue),
ACTH (produzem mais tem mais corticoide circulante), GLUCAGON ALTO, ADRENALINA e
MORFINA. Uma vez que o aumento a glicose no sangue extrapola o limiar e sai glicose na urina.
DIURÉTICOS também podem fazer glicose na urina, porque aumento a taxa de filtração, logo
passa mais rápido não é absorvido.
HIPERGLICEMIA PATOLÓGICA (apareceu na urina porque a glicose do sangue
aumentou): DIABETES MELLITUS, PACIENTE COM PANCREATITE, EXCESSO DE
CORTISOL ENDÓGENO (hiperfusão da glândula renal – HIPERADRENOCORTICISMO),
LESÃO NO SNC e FEOCROMOCITOMA.
Ou seja, a glicose da urina é um reflexo da glicose do sangue, assim, no diagnostico
temos que descobrir porque ela está aumentada (GLICOSÚRIA COM HIPERGLICEMIA).
Porém pode ocorrer GLICOSE NA URINA SEM TER HIPERGLICEMIA que é quando dosamos
a glicose renal e ela está alta, mas a glicose do sangue está normal devido a uma LESÃO
TUBULAR (Fanconi, IRA, congênitas, drogas e etc).

 Corpos Cetônicos
Apareceu corpos cetônicos na urina, de onde eles vem? Normalmente corpos cetônicos
do organismo vem do metabolismo de gordura pelo fígado, logo quando o organismo
começa a quebrar gordura (porque não tem glicose) liberando ácidos graxos, que chegam ao
fígado, são metabolizados para excreção desse excesso em corpos cetônicos. A presença de
corpos cetônicos não está relacionado com doença renal, tenho que descobrir o que está
fazendo com que o meu paciente esteja fazendo GLICONEOGENESE. São: INANIÇÃO,
BAIXA CONCENTRAÇÃO DE CARBOIDRATOS, DIABETES MELLITUS (se não tem insulina
para levar glicose para a célula, ela fica todo o tempo gritando por glicose, quando acaba a
reserva de glicogênio hepático e vai quebrar gordura).

 Bilirrubina
Não está relacionada a lesão renal, quando aparece na urina de um GATO, CAVALO,
RUMINANTE a sua função como MV é ir no sangue, fazer dosagem de bilirrubina e relacionar
com HEMÓLISE, LESÃO HEPÁTICA. Porque normalmente no metabolismo da hemoglobina, o
Fígado capta-a, conjuga-a, que será eliminada pelo intestino, quando veremos urobilinogenio e
estercobilinogenio. Depois que passou pelo fígado, não volta para o sangue, logo não é normal
ter na urina.
O CÃO tem a nível tubular ÁCIDO GLICURÔNICO, logo se tiver hemoglobina a nível
tubular consegue produzir uma quantidade de BB. Além disso, no cão o limiar de
reabsorção tubular é baixo, logo no cão pode ter mais chance de aparecer BB na urina, a
ponto que se a densidade da urina no cão for maior que 1.040, uma ou duas cruzes na
urina pode ser a mesma coisa que nada. Se aparece bilirrubinúria, olho a densidade.

 Hemoglobina
Está dentro de hemácia, então podemos ter HEMOGLOBINÚRIA por HEMORRAGIAS
PÓS-RENAIS; ou HEMOGLOBINÚRIAS POR LESÕES PRÉ-RENAIS. Assim, as causas são:
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1. EXTRA RENAIS: reações transfusionais, anemia hemolítica, babesiose, leptospirose,
envenenamento por picada de quebra. Qualquer condição de hemólise que leva o paciente a
fazer anemia explica a causa de aparecimento de hemoglobina. 2. MIOGLOBINÚRIA (temos
que ter um histórico com paciente com lesão muscular): lesão muscular, choque térmico,
exercícios musculares prolongados, intoxicação por picada de cobra e choques elétricos.
HEMOGLOBINÚRIA + EXAME DE SEDIMENTOS: achei hemoglobina na fita, vou
encontrar ou não hemácias no sedimento daquela amostra de urina. Pegaremos a amostra
veremos a característica macroscópica, centrifugamos a mostra, põe na lâmina e levo para o
microscópio, quando veremos se tem hemácia inteira ou só hemoglobina. Se tem HEMÁCIA
INTEIRA teremos uma HEMORRAGIA que é PÓS RENAL (cistite hemorrágica, uretrite)
porque se fosse HEMORRAGIA PRÉ-RENAL chegaria apenas hemoglobina na urina. Ou
seja, HEMOGLOBNÚRIA POSITIVA COM HEMATÚRIA pesquisaremos hemorragia pós
renal. Agora HEMOGLOBINÚRIA SEM HEMATÚRIA é uma causa PRÉ-RENAL (não é
hemorragia, mas sim hemólise – destruição da hemácia na circulação, chegando hemoglobina
no rim que passa).
O que não é normal de acontecer é passar a fita não dar hemoglobina e no sedimento ter
hemácia. Ou seja, FITA NEGATIVA com HEMÁCIA NA SEDIMENTOSCOPIA, isso é erro, deixar
muito tempo a lata aberta, perda da validade da fita (não funciona devido a umidade dentro).
POSITIVO NA FITA e SEM HEMÁCIAS NO SEDIEMNTO é HEMOGLOBINÚRIA, logo
em urina com densidade baixa a tendência é que ocorra hemólise (hemácia não gosta de
diluição), hemácia não gosta de PH alcalino (logo as hemácias lisam). Na pré-renal o paciente
tem que ser anêmico.

 Urobilinogênio
Dá normal, sendo que na luz ele é oxidado (até a luz da geladeira pode atrapalhar). Logo,
em pacientes com aumento da quantidade de BB nas fezes, aumento o UROBILINOGENIO
na urina.

 Nitrito
Vem da redução de bactérias que reduzem o NITRATO da urina em NITRITO, logo
preciso de bactérias para que isso aconteça. Quando aparece NITRITO penso em cistite. Mas
isso é pouco prático, porque preciso de 4 dias de crescimento bacteriano para detectar, por isso
um animal com 4 dias de retenção urinária o animal morre.

 SEDIMENTOSCOPIA
Centrifugo uma amostra e tento buscar na urina: gotículas de gordura, cristais e
pigmentos. Além do mais, procuraremos: leucócitos, hemácias, células epiteliais,
microrganismos, cilindros, parasitas (ovo de parasito que tem via urinária como parte do ciclo
ou por contaminação na hora da coleta) e espermatozoides.

 Células
Existem 4 tipos de células epiteliais em exames de urina: RENAL, CÉLULA DE
DESCAMAÇÃO (uretra e genitália externa), EPITELIAL DE TRANSIÇÃO (bexiga) e
CAUDATAS ou ALONGADAS (células de pelve renal).
Isadora Pires Ferreira dos Santos
Assim, apareceu célula de bexiga, é normal, assim como é normal células de
descamação. Mas célula renal ou célula de pelve renal só aparece na urina em caso de
DOENTE RENAL.
CÉLULA EPITELIAL DESCAMATIVA: célula grande com o núcleo pequeno, sendo
que se aparece em grande quantidade na urina, indica que alfo de errado está acontecendo da
uretra para trás. Urina colhida por micção natural é normal encontrar 1-3 por campo sem
significar patologia, porém uma quantidade aumentada associada a leucócito e hemácia,
podemos ter um quadro patológico.
CÉLULA DE BEXIGA: célula for redonda com um núcleo grande central e estiver
grudada (um pouco maior que a célula renal, redonda e está agrupada – sempre aparece,
aparece na urina independentemente do método, mas aparece em quantidade maior em animais
que fazem retenção urinária, não está associado a condição patológica). Mas quando associado
a hematúria, piúria e uma quantidade maior de celeulas pensamos em cistite.
CÉLULA RENAL: célula redonda, isolada e núcleo central, é um pouco maior do que
a célula de bexiga).
CÉLULA DA PELVE RENAL ou CÉLULAS CAUDATAS/ALONGADAS: é igual a renal,
mas com uma cauda (por isso o nome), aparece em animais que tem alguma patologia.
Assim, quando encontrarmos CÉLULA RENAL E CÉLULA CAUDATA, significa que
temos uma patologia. Casos graves, associo com necessidade de tratamento (depende do
número e dos tipos celulares presentes).
Quando vem muita célula de bexiga, aumento de hemácia e aumento de flora, vejo o
aumento de célula de bexiga como algo patológico.
24/04/2019
 Hemácias
Pode estar na forma: TÍPICA, SOMBRA ou CRENADA. Não precisamos de diferenciar
uma forma da outra, precisamos saber que aquilo é hemácia, assim temos que saber o que é
considerado número normal de hemácias e número patológico. De maneira simples, quanto
mais invasivo os métodos, mais chance de aparecer hemácia, logo no CATETERISMO e
na CISTOCENTESE têm maior chance de aparecer hemácias. Não há uma concordância
entre os autores quanto aos valores normais, então o que fazemos? Como em condições
patológicas o número de hemácias tende a aumentar, para termos uma hematúria patológica
o número de hemácias tem que ser maior que 10 por campo, principalmente se colhermos
por CISTOCENTESE, quando podemos ver sangramento e um pouco mais de hemácias.
Mas em IR, CISTITE e URETRITE o número é acima de 10 hemácias por campo. Ou seja,
mais que 10 é HEMATÚRIA, menos que isso (principalmente em métodos invasivos)
descaracterizamos esta hematúria. Logo, campos cheios são hematúrias de importância
patológica.
A sobrevivência das hemácias dentro da bexiga depende do PH e da DENSIDADE da
urina. Em PH ALCALINO e DENSIDADE BAIXA, a hemácia não sobrevive (não favorece a
sobrevivência da hemácia), logo veremos hemoglobina marcada na fita e não veremos muitas
hemácias na análise dos sedimentos, ou seja, houve HEMÓLISE. Assim, se tem
hemoglobina na bioquímica, mas não tem muita hemácia no sedimento quer dizer que a
conservação levou à morte das hemácias.

 Leucócitos - Piócitos
Não coramos no exame de urina, na rotina, mas pode ser feito, quando podemos ver
dentro dos leucócitos qual predomina, qual tem degeneração (faríamos uma citologia do
sedimento de urina). Não há necessidade na rotina de falar qual leucócito está presente na urina.
Assim, temos que preocupar com a contagem dos leucócitos para ver o que é patológico e
o que não é patológico. Logo, em uma urina colhida com micção natural podemos ver mais
piócitos (natural da passagem da urina), já na cistosentese não é esperado tantos pióticos.
Nas condições patológicas, o número de piócitos é acima de 10 por campo, quando
veremos PIÚRIA, de maneira que menos que isso pode ter sido o método ou houve
Isadora Pires Ferreira dos Santos
contaminação da amostra (secreção na região genital – esmegma = secreção purulenta normal
na genital, sendo por isso que não se colhe a primeira urina colhida).

 Cilindros
Os cilindros podem ser: HIALINOS, GRANULOSOS, LEUCOCITÁRIO, HEMÁTICO,
CEROSO, GORDUROSO, LARGO e composto por HEMOGLOBINA.
São estruturas cilíndricas, temos que pensar onde o cilindro está se formando, onde nos
rins do paciente temos estruturas anatômicas capazes de formar uma estrutura cilíndrica? Nos
TUBULOS. Os cilindros normalmente estão associados a lesões tubulares, em que as
células do epitélio tubular produzem a MUCOPROTEINA que é uma gelatina que quando
derramada (pelas células) tomam o formato do túbulo, por isso que vemos que no cão os
cilindros hialinos são menores, enquanto no equino esses mesmos cilindros são bem longos (rim
maior, cilindros maiores).
Obs. Cilindro Hialino pode estar associado a muco.
CILINDRO HEMÁTICOS/HEMORRÁGICOS, CILINDRO LEUCOCITÁRIOS, CILINDRO
CELULARES/EPITELIAIS, dependem do que está gerando lesão no túbulo que,
consequentemente, está fazendo aparecer essas células. Logo, quando temos formação de
CILINDRO HEMORRÁGICO, temos lesão tubular hemorrágica. Já quando vemos CILINDRO
LEUCOCITÁRIO, teremos algum processo inflamatório a nível tubular. Por outro lado, os
CILINDROS CELULARES ou EPITELIAIS aparecem em processos degenerativos ou
inflamatórios. Logo, dependendo da reação podemos ter associação de alguns cilindros.
HEMOGLOBINA pode aparecer pigmentado o cilindro, um cilindro hialino ou
leucocitário avermelhado ou alaranjado, não é comum.
O CILINDRO GRANULOSO está relacionado a lesão crônica (pode ser qualquer um
desses cilindros, passou uma ou duas semanas as células entram em degranulação, quando
veremos os grânulos). Quando evolui, lesão fica mais crônica, esse cilindro se torna CILINDRO
CEROSO quando veremos o contorno (não veremos os grânulos mais), depois de muitos
meses com lesão tubular crônica (6 meses aproximadamente). Ou seja, o aparecimento desse
cilindro está relacionado com lesões crônicas de animais que estão evoluindo para IR e
também estão urinando menos.
CILINDRO GORDUROSO veremos quando temos o paciente com LIPÚRIA.
CILINDRO LARGO é o cilindro que pode ser qualquer um dos cilindros, mas é grande
e largo porque se forma a nível de túbulo coletor (final dos túbulos renais).
Assim, o aparecimento de cilindros em uma amostra está associado a lesão renal
com lesão tubular, sendo que o CILINDRO HIALINO não tem significado patológico. Além
disso, depende da quantidade de cilindros hialinos, quando apresenta muito em sua urina,
pode ser que esteja DESIDRATADO ou no início de uma lesão tubular mais grave (acima
de 4/6 cilindros hialinos por campo). O primeiro sinal da lesão tubular acontecendo é o
aumento da concentração de cilindros hialinos na amostra.

 Bactérias
Associadas a motilidade, de maneira que a concentração de bactérias promove
motilidade no meio. Assim, flora normal ou anormal depende do método de coleta, quando
CISTOCENTESE não é normal aparecer bactéria (ausente). Assim, enquanto na MICCÇÃO
NATURAL 1 cruz não é patológico, na CISTOCENTESE 1 cruz não é normal, é patológico.

 Fungos, Parasitas e Muco


Dependendo da espécie não é problema, quando falamos de muco o que importa é a
concentração. FUNGOS em vacas pode aparecer e não está associado a patologia, quando
a coleta por micção natural, mas se vier com hemácias, por exemplo, não é normal.

 Espermatozoide
Pode aparecer na urina de machos inteiros.
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 Lipídeos
Micelas de gordura podem sair na urina.

 Cristais
Os CRISTAIS DE CÁLCIO (com exceção do CARBONATO DE CÁLCIO único cristal
de cálcio que se precipita em PH alcalino) precipitam em PH ácido, como o OXALATO DE
CALCIO. Não é comum aparecer em urina de bovinos ou equino, sendo que quando aparece
quer dizer que estava muito tempo refrigerado.
CRISTAL DE FOSFATO TRIPLO precipita em PH alcalino.
CRISTAL DE ESTRUVITA: comum em aparecer em cães, de maneira que comumente
obstrui cão e gato. Dependendo da situação, a mudança da dieta que altera o PH resulta no
seu aparecimento. Precipita em qualquer PH, vez que é composto de FOSFATO AMONIO
MAGNESIANO, assim por ter fosforo e amônia precipita em PH alcalino e PH ácido, o que o
torna mais comum, porque não só a alteração do PH o retirará da urina, logo, temos que reduzir
fosforo e magnésio da dieta.
BIURATO DE AMONIO e CARBONATO DE CÁLCIO estão presentes na urina de
equino.
CRISTAIS RELACIONADOS A DOENÇAS HEPÁTICAS: são aqueles que aparecem
independente do PH, de maneira que o aparecimento de um desses 3 tipos está associado
a DOENÇA HEPÁTICA: CRISTAL DE LEUCINA, CISTINA e TIROSINA. Assim, o
aparecimento de um deles indica que o fígado está lesado, temos que ver o que está
acontecendo com o metabolismo de aminoácidos que está resultando no aparecimento
deles na urina. O de CISTINA tem aparecido em animais de mundo a fora com dietas com grãos
com casca, não tem relação com o fígado, mas a dieta neste caso (carnívoros não diferem a
casca). O mais comum em doença hepática é o de TIROSINA.

 BIOQUÍMICA SÉRICA
Não utilizaremos apenas a urina (avaliar como está o rim) procuramos no sangue
parâmetros de análise bioquímica.
O que devemos colher? Se análise é feita no soro sanguíneo, o sangue que vai para o
laboratório deve ir em um tubo sem anticoagulante (se for com anticoagulante, o laboratório
vai fazer uma análise plasmática, não sérica, muda alterações de uma série de valores). Logo,
se mandei sangue com EDTA o laboratório fará dosagem plasmática. Os tubos para isso são os
TUBOS DE TAMPA VERMELHA, que possuem ativador de coagulação, assim, o sangue
colhido é colocado no tubo, gasta de 5-20 minutos para coagular, assim depois de 30 minutos
temos o soro (é o tempo de coagular, retrair o coagulo), depois é necessário centrifugar (se
não esperar esse tempo o volume de soro será baixo). Deve-se evitar com que o coagulo fique
junto com o soro porque as hemácias, depois que formam o coagulo, sofrem hemólise,
liberando hemoglobina para o soro, mudando o aspecto e a composição do soro. Hemólise em
amostra é uma das características que mais faz o laboratório rejeitar amostra. Pode ter hemólise
porque o paciente tem doença hemolítica, ou vir de falha na coleta até a conservação.
Assim, um animal hipotenso, pequeno, não consegue colher direito (muitas agulhadas), vai
apresentar hemólise (tem parâmetro que sobe e parâmetro que nem consegue ser dosado).
Dessa maneira, para termos uma amostra sem hemólise temos que pegar um vaso
bom, não puxar com muita pressão, nem escolher uma agulha pequena, não pode ser
seringa grande (senão fazer muita pressão no êmbolo, nem se tiver que colher muito sangue).
A maioria dos exames são colorimétricos, por isso é necessário com que o soro esteja
adequado.
A maneira como a amostra vai para o laboratório e o tempo que fica na geladeira também
causam hemólise. Alguns fatores aumentam a hemólise: doença inflamatório (resistência das
hemácias diminui), animais com desequilíbrio metabólico, desidratado, quantidade de
gordura.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
Obs. O que que causa LIPEMIA? DIETA, normalmente entramos em lipemia 2-4 horas
após ter comido, mas ela se resolve, por isso é recomendado recolher em jejum. Dentre
os cães, uma raça que é LIPEMICA por natureza é o SHENAUZER, no qual a raça o faz
ter lipemia com facilidade (teria que ficar 4 dias em jejum pare reduzi-lo). Logo, para esses
animais fazemos injeção intravenosa de EPARINA 15 minutos antes de colher seu
sangue, que reduz a lipemia. A lipemia dietética reduz facilmente com injeção de
EPARINA. DOENÇAS METABÓLICAS: diabetes mellitus, hipotireoidismo e
hiperadrenocostismo, quando interferem o metabolismo de gordura causam LIPEMIA.
Outra coisa que atrapalha o soro sanguíneo é a ICTERÍCIA que vem de doença hemolítica
aumentando a produção de BB ou de problemas de ESTASE BILIAR, assim, porque o paciente
está tendo aumento de BB no soro sanguíneo? Temos que pensar as causas.
Ou seja, HEMÓLISE, ICTERICIA e LIPEMIA interferem no resultado dos exames.
Dosamos no sangue do paciente metabolitos que seriam excretados pelo rim, de
maneira que se está em aumento no sangue quer dizer que o rim está filtrando menos.
Logo, os metabólicos que aumentam normalmente é UREIA e CREATININA.
Assim, os parâmetros de dosagem podem ser especificidade e sensibilidade.
PARAMETRO DE ALTA ESPECIFICIDADE garante que o problema é naquele tecido, logo se
a UREIA é de boa especificidade. Já um PARÂMETRO DE ALTA SENSIBILIDADE está
relacionada que aquele parâmetro aumenta no sangue, sendo que se o parâmetro altera,
altera muito neste caso. Desta maneira, o TESTE IDEAL É AQUELE QUE É ESPECÍFICO E
SENSÍVEL, aumenta muito quando tem doença e quando aumenta é aquilo.

 Ureia
Como vamos avaliar a UREIA dosada no sangue do paciente? Oriunda da digestão ou
catabolismo de proteínas, de maneira que quando ingerimos proteína o organismo quer
aminoácido, mas da quebra dessa proteína para digestão de a.a. sobra AMÔNIA que é
extremamente tóxica (causa hemorragia, entra nas barreiras fisiológicas, interfere em
reações bioquímicas). Dessa forma, devido a essa toxicidade, o organismo criou uma maneira
de transporta-la pelo sangue mais facilmente, que é através da UREIA. Ou seja, o FÍGADO por
TRANSAMINAÇÃO (transaminase) transforma a AMÔNIA em UREIA que é hidrofílica, é
melhor transportado pelo sangue, e é levado ao RIM, que FILTRA essa UREIA, excreta uma
parte e reabsorve outra, sendo que a que é reabsorvida retorna ao Fígado que no ciclo de
Krebs a ureia é transformada em ATP. Dessa forma, somente de 25-40% da ureia filtrada
sai na urina, o resto volta para o Fígado para virar energia.
Logo, qualquer coisa que reduz a filtração glomerular, aumenta a ureia de sangue.
Assim, quando utilizamos a dosagem de ureia veremos: se o rim está filtrando mais ou
menos, de maneira que se diminui a filtração aumenta a ureia no sangue.
Assim, se come mais proteína tem mais amônia e mais ureia, logo vai perder a
especificidade. Não posso falar que o aumento da ureia está relacionado somente com a
doença renal, por exemplo, animal com sangramento no TGI, como sangue tem proteína,
mais amônia, mais ureia, perda de especificidade.
Ureia aumentada no paciente não posso falar que de cara é doença renal, pode ser:
EXCESSO DE PROTEÍNA, CATABOLISMO, HEMORRAGIA NO TGI. Mas o maior aumento
de ureia no sangue está relacionado a diminuição da filtração glomerular (aumenta de 10x
ou mais o valor de normalidade), sendo que um animal com redução da filtração glomerular
terá: diarreia com sangue, não consegue manter o peso, assim, uma parte do aumento da
UREIA no soro será em decorrência do sangramento. O DOENTE CARDÍACO e o
DESIDRATADO também terão aumento sérico de UREIA.
Ou seja, qualquer condição que leve ao menor aporte de sangue aos rins vai
acarretar no aumento da ureia sanguínea.
CAUSAS DE AUMENTO: 1. RENAIS: filtração glomerular ou obstrução. 2. EXTRA
RENAIS: febre, exercícios, inanição, corticosteroides, alimentos proteicos, desidratação,
diminuição da função cardíaca, diminuição da excreção e amônia.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
 Creatinina Sérica
De onde essa creatinina do sangue vem? A creatinina sérica vem da quebra da creatina
muscular, na atividade física normal, tem metabolismo muscular, a creatina do musculo quando
passa por esse processo fisiológico é jogada para o sangue na forma de creatinina, que vai
para os rins onde de 99 – 100% sai na urina, por isso que faz relação proteína-creatinina-
urinária (ureia é reabsorvida, já a creatinina tudo que é filtrado é excretado).
O valor normal de creatinina gira em torno de 0,5 – 1,5.
Uma LESÃO MUSCULAR aumenta a creatinina, logo, além de servir como parâmetro
de avaliação renal, serve como marcador de lesão muscular, perde um pouco de
especificidade. Uma LESÃO MUSUCLAR pode aumentar a creatinina em até 60% (sobe
pouco – 1,6), mas é menos sensível, mas o pouco pode estar relacionado com problema,
desde que se descarte lesão muscular. Além disso, existem outros parâmetros específicos
de musculo como a CREATINOFOSFOQUINASE (CPK).
Para aumentar creatinina no sangue, a diminuição da filtração glomerular tem que estar
maior, mas só um pouco (mas já é aumento). Além disso, a creatinina depende da massa
muscular do paciente, assim, um animal caquético tem pouca creatinina, enquanto um
animal com muita massa muscular pode ter um aumento de creatinina (valor normal dele é
mais para cima).
Dieta com carne? Animal que come carne (músculo) aumenta a ureia, mas não
aumenta a creatinina, porque a proteína é metabolizada de forma a não gerar creatinina. Mas,
o aumento de massa muscular aumenta a creatinina. CREATININA é especifica porque não
aumenta com a dieta de carne.

Existem outras dosagens para avaliar função renal, porque o rim não só excreta, participa
do equilíbrio eletrolítico e do equilíbrio ácido básico. E a avaliação desses parâmetros
ajudam a diagnosticar perda de função renal.

 Dosagem de Eletrólitos
1. POTÁSSIO: na DOENÇA RENAL AGUDA (DRA) há pouca alteração do equilíbrio
eletrolítico. A maior parte dos desequilíbrios eletrolíticos estão relacionado com DOENÇA
RENAL CRÔNICA (DRC), quando o rim perde a capacidade de excretar o potássio que entra
pelo o organismo através da dieta, saindo pelo intestino e outra parte por urina. O DRC perde a
capacidade de excreta-lo, logo, quando dosarmos o potássio no sangue que estará
aumentado, assim, teremos uma IR com o HIPERCALEMIA. De foram que quando o potássio
aumenta no sangue o músculo cardíaco é o que mais sofre (arritmias).
Obs. veremos muitos cristais, mas densidade normal doença renal sem Insuficiencia
Renal.
2. SÓDIO: excreção renal (onde o sódio vai, água vai), de maneira que para reter água
o rim reabsorve o sódio. Na DOENÇA RENAL AGUDA não acontece muito. Mas, na DRC o
rim perde a capacidade de reter o sódio, por isso ele urina muito (POLIÚRIA), de maneira
que saindo mais sódio na urina veremos HIPONATREMIA no sangue do paciente.
3. CLORETO x BICARBONATO: dosamos ambos para avaliar o que está
acontecendo com o DOENTE RENAL. Para manter o equilíbrio ácido base o rim excreta íons
de HIDROGENIO (URINA MAIS ÁCIDA) e RETÉM ou EXCRETA BICARBONATO. No caso de
pacientes em acidose o rim excreta hidrogênio e retém bicarbonato. Já em alcalose, irá
excretar bicarbonato e retém íons de hidrogênio, mantendo os mecanismos de regulação do
equilíbrio ácido-base. Na DRA não tem desequilíbrio, enquanto na DRC o rim perde a
capacidade de reabsorver o BICARBONATO, logo o paciente tem chance de ter ACIDOSE
METABÓLICA, de maneira que essa incapacidade leva a uma ACIDOSE METABOLICA
RENAL quando teremos menos bicarbonato no sangue com concentração de cloreto
normal (se for só renal). Mas se aumenta cloreto pensamos em DESEQUILÍBRIO
METABÓLICO MISTO (o CLORETO vem do TGI). Mas o DOENTE RENAL TEM CLORETO
NORMAL E BICARBONATO BAIXO = PADRÃO DA ACIDOSE NO DRC.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
4. CÁLCIO: rim tem papel importante na absorção de cálcio no organismo, na DRA
o cálcio se mantém normal. Na DRC o rim tem menor percepção da calcitonina, perdendo
o cálcio, logo a maioria dos pacientes com DCR com IR vai fazer HIPOCALCEMIA, é o que
acontece nos felinos, bovinos. Equinos se tiverem estabulados com dieta seca (ração)
podem fazer HIPERCALCEMIA e não HIPO mesmo sendo doente renal (a pasto faz
hipocalcemia). O cão pela produção de calcitonina e a interação com as células renais, pode
fazer HIPERCALCEMIA ou HIPOCALCEMIA (cães com lesão óssea ou sem, mesmo DCR).
5. FÓSFORO: é excretado pelo rim na forma de fosfato (fosforo ou fosfato sérico é a
mesma coisa), sendo que tem importância porque ele só vai fazer HIPERFOSFATEMIA (rim só
vai perder a capacidade de excretar o fosforo) quando a doença renal extrapolar 75% de perda
de capacidade funcional e se a perda for BILATERAL. Isso nos mostra a extensão,
gravidade da doença. Ou seja, aumentou o fósforo perdeu mais de 75% da função renal.

 Proteínas Séricas
A ALBUMINA não passa pelo glomérulo saudável e quando começa a passar faz
falta no sangue. Assim, dependendo do estágio e do grau de PROTEINÚRIA (doença renal
com lesão glomerular!!) é que veremos no sangue HIPOALBUMINEMIA. De maneira que se
aumentar albumina na urina, acentua a ALBUMINÚRIA, o que leva a uma lesão tubular do
paciente. Logo, o DOENTE RENAL vai fazer HIPOALBUMINEMIA SÉRICA, mas o tratamento
e compensação dela se a causa for ALBUMINÚRIA, não será pelo aumento da albumina na
dieta, faremos de outra forma.

 Lipídeos
Gordura no sangue. Na SÍNDROME NEFRÓTICA quando o paciente está perdendo
albumina na urina, faz HIPOALBUMINEMIA o que altera a osmolaridade sanguínea, a densidade
diminui, logo o paciente começa a perder água do intravascular para o extravascular, veremos
edema. Paciente com ALBUMINURIA, HIPOALBUMINEMIA, EDEMA EM EXTREMIDADES
(grandes) ou ASCITE (pequenos) = SÍNDROME NEFRÓTICA se não controlarmos. Logo, o
organismo começa a trabalhar e fazer HIPERLIPIDEMIA, sobrecarrega o fígado,
comprometendo metabolismo de gordura, logo veremos LIGÚRIA que é o sangue com soro
leitoso. Isso tudo mostra que a IR do paciente que entrou em Síndrome Nefrótica.
08/05/2019
 Interpretação e Terminologias
1. DOEÇA RENAL: existem vários parâmetros no exame de urina ou da proteína
sérica, associada ao quadro clinico que nos fala se o paciente tem ou não doença renal.
Além disso, se ele tem uma doença renal, dependendo das alterações que o paciente
apresenta, pode ser: GLOMERULAR; TUBULAR; GLOMERULO-TUBULAR; INTERSTICIAL;
VASCULAR. Além disso, independentemente do tipo de lesão (glomerular, tubular...), a
doença renal pode ser: AGUDA ou CRÔNICA.
1.1. DOENÇA RENAL AGUDA: o rim do paciente filtra menos, principalmente porque
as causas estão associadas a hipóxia renal (menor aporte sanguíneo nos rins), sendo que
se ele filtra menos (OLIGÚRIA), concentra mais a urina, mas o rim ainda não perdeu
capacidade de concentrar urina.
1.2. DOENÇA RENAL CRONICA: vemos POLIÚRIA, vez que perde a capacidade de
concentrar a urina, por isso mais diluída e com densidade baixa.
Por isso, uma vez que tenhamos determinado que o paciente é portador de uma
doença renal, temos que ver a densidade da urina, se estiver alta é uma doença aguda,
enquanto na DRC o paciente apresentará densidade urinária baixa.
A DRC é irreversível, permanece pelo prazo que o animal viver, mas posso controla-la
e acontecer uma agudização do processo, é como se fosse uma doença aguda dentro de
uma DRC pré-existente. Assim, se meu paciente é DRC, teve uma cirurgia, isquemia renal
(hemorragia), aquele rim doente vai sofrer as consequências dessa hemorragia. Sendo que se
na DRA a densidade é aumentada, podemos ver no DRC com DRA a densidade normal, o
Isadora Pires Ferreira dos Santos
que é preocupante, está ocorrendo uma agudização de um processo crônico, o que pode
piorar o rim, depois que essa agudização passa.
2. INSUFICIÊNCIA RENAL: nem toda doença renal evolui para IR, depende do
paciente, do quadro, da causa primária, do momento em que identificamos. Alguns doentes
renais não são diagnosticados e algumas vezes quando conseguimos identificar já é crônica e
começa a descompensar. Ou seja, em termos conceituais, nem toda doença renal tem IR, mas
toda IR é de uma doença renal.
A IR em um grau mais baixo ocorre quando o rim começa a não conseguir exercer
seu papel, é quando o glomérulo começa a deixar passar ALBUMINA, ou seja =
PROTEINÚRIA, o que corresponde a menos de 65% de perda de função renal
(ALBUMINÚRIA com perda de função glomerular). Quando a ALBUMINA passa pelo
glomérulo e chega a nível tubular, ele tenta reabsorver, mas não consegue porque é de alto peso
molecular, mas tenta quando começa a sofrer lesão, logo com as lesões vai perdendo
capacidade de concentrar a urina. De 66% em diante, além da PROTEINÚRIA começa a
NÃO CONSEGUIR CONCENTRAR URINA, ou seja, tem uma lesão tubular (insuficiência
tubular). Quando além da ALBUMINÚRIA que vai aumentando aos poucos e da
INCAPACIDADE DE CONCENTRAR URINA, começa a ocorrer AUMENTO DA UREIA,
CREATININA e FÓFOROS, quer dizer 75% de perda de função = HIPERFOSFATEMIA, perda
bilateral vez que se perder um rim inteiro não faz HIPERFOSFATEINEMIA). Quando chega a
condição em: ALBUMINÚRIA + INCAPACIDADE DE CONCENTRAR URINA+
HIPERFOSFATEMIA e COMEÇA DIMINUIÇÃO DA PRODUÇÃO DE ERITROPOIETINA, o
paciente começa a ficar ANÊMICO (normocítica, normocromica, pouco regenerativa),
indica que há mais de 75% de perda da função renal. Quando está com 80% para a produção
de eritropoietina (além das outras alterações) quando veremos ANEMIA NORMOCÍTICA,
NORMOCRÔMICA, ARREGENERATIVA. Sendo que quanto mais função ele perder, pior o
prognóstico. Além disso, quando está acima de 75% ele não consegue mais sintetizar
VITAMINA D, logo veremos o paciente HIPOCALCEMICO (gato, cavalo e bovino doso o cálcio
para ver o tanto que está baixo, enquanto cachorro eu doso para ver se está baixo ou não).
Obs. animal com mais de 80% começamos a fazer injeção de eritropoietina.
3. AZOTEMIA: aumento de ureia e creatinina. Precisamos determinar se é: 1. RENAL,
está relacionada a doença renal, como diminuição da filtração glomerular (em DR é comum);
2. PRÉ-RENAL é toda e qualquer coisa que causa diminuição do aporte sanguíneo, como
desidratação, ICC, perda sanguínea, ou seja, baixou a pressão e a volemia, chega menos
sangue no rim, assim a lesão renal aqui é secundária a um outro processo, pode ser também
por catabolismo (aumenta a ureia e pode aumentar a creatinina), por ingestão de sangue; 3.
PÓS RENAL pode ser por ruptura de ureter, ruptura de bexiga (cai dentro da cavidade
abdominal, organismo reabsorve urina), obstrução de 1 ureter, HIDRONEFROSE que é a
distensão da pelve renal, quando o rim filtra menos.
Ademais, a AZOTEMIA pode ter isso tudo associado, quando tem azotemia renal por
causa de uma doença renal que se iniciou devido a uma obstrução de ureter (pós renal) e depois
desidrata e tem a azotemia pré-renal. Quanto mais fatores envolvidos, mais grave azotemia
do paciente.
4.UREMIA: não é o aumento de ureia no sangue (que é azotemia) está relacionado
com o quadro clinico resultando da AZOTEMIA, ou seja, é o paciente azotemico com sinais
clínicos (diferente de sintomas, não aplicamos isso na veterinária). No entanto, o principal vilão
é a amônia, quando a ureia começa a aumentar demais, o fígado diminui a transformação de
amônia em ureia, logo começa a acumular amônia que causa: lesão de mucosa, alterações
dos parâmetros bioquímicos, aumenta a permeabilidade da barreia hemato-cefálica (vai
para o líquor, entra em contato com SNC, logo veremos vômitos com sangue), expiração com
odor amoniacal, sudorese com amônia. Ademais, a amônia interfere na coagulação
plaqeutária e diminui a reação linfocítica. Dos sinais neurológicos, o paciente pode ter
convulsões, pode ficar prostrado e sem apetite, podendo evoluir para demência (não
reconhece os proprietários, faz xixi e coco fora do local, bruxismo, que são efeitos tóxicos da
Isadora Pires Ferreira dos Santos
amônia no SNC). Efeito da amônia no TGI: diminuição da circulação de extremidades
(necrose de ponta de língua, em resposta o paciente saliva mais), SIALORREIA ou PTIALISMO,
e o DRC pelo desequilíbrio ácido básico faz ACIDOSE (hiperventila, com hálito amoniacal).
Obs. DRC é AZOTÊMICO.
O vômito vem pela irritação da mucosa gástrica e alteração neurológica, vomita toda vez
que bebe água (não tem fome, não tem interesse nem sobre a coisa que mais gosta). Quem
tem amônia alta é o paciente que tem ureia alta e ureia baixa (junto com parâmetros de
ureia hepática diminuídos, ou seja, não está transformando amônia em ureia).

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA “ FUNÇÃO HEPÁTICA”


Está entre aspas porque muitas vezes os parâmetros não avaliam a função do fígado,
avaliamos várias enzimas para tentar entender o que está acontecendo com o fígado.
FUNÇÕES DO FÍGADO: para entender sinais clínicos associados a uma doença hepática
– se formos associar sinais clínicos, não existe nenhum sinal clínico que seja específico do
fígado, como ascite que pode estar relacionado a dieta, doença renal; outro problema é que o
fígado tem alta capacidade de regeneração, a partir de 25% regenera até a capacidade – 1
doador de fígado pode atender 4 pessoas compatíveis-, assim, para sofrer cirrose ou ele sofre
muito o tempo inteiro ou já perdeu mais de 75% da massa funcional, ou seja, consegue manter
um metabolismo razoável mesmo com uma perda muito grande. No entanto, grande parte
das doenças hepáticas são confirmados na necropsia, porque quando descobre já perdeu
grande parte da função. Assim, o Fígado participa: do metabolismo de carboidrato (fraco,
apático, prostrado, não metaboliza para gerar energia); da SÍNTESE DE PROTEÍNA (albumina
é exclusivamente hepática); do METABOLISMO DE GORDURA (paciente com esteatorreia
temos que pensar em fígado e pâncreas); do METABOLISMO DE VITAMINA (vitaminas da dieta
precisam ser biotransformada pelo fígado); da DEFESA; do METABOLISMO HORMONAL
(biotransforma cortisol, ativa os hormônios da tireoide, hormônios sexuais - um IH começa a ter
problema de regulação hormonal); ESTOCA FERRO E NUTRIENTES; PARTICIPA DO
METABOLISMO E EXCREÇÃO DE MEDICAMENTO (pode ficar ali por mais tempo do que o
necessário agindo, quando veremos alterações clinicas do paciente); HEMOSTASIA (apenas 2
fatores não são metabolizados pelo fígado); FORMAÇÃO E ELIMINAÇÃO DA BILE. Ou seja,
sinais clínicos vem da incapacidade funcional, sendo que esses processos podem estar
relacionados a outros processos que não o fígado.
Na clínica tenho que avaliar a clínica e o histórico para pedir os exames (quais exames
pediremos, quais informações eles trazem). Quando falamos de exames laboratoriais, podem ter
especificidade e sensibilidade. Um teste especifico é aquele que quando altera no sangue, neste
caso, está relaciona ao Fígado. Já a sensibilidade é quanto ele vai aumentar quando houver uma
lesão hepático. Por isso, temos testes de baixa especificidade e alta sensibilidade, outros que
são de alta especificidade e baixa sensibilidade (quando altera é fígado, mas não sabe quanto
dessa alteração).

 Enzimologia
Temos que pensar que as alterações estão dentro das células, como de permeabilidade
(logo hepatite), célula doente em recuperação. O que fazemos é colher o sangue e pela
concentração (atividade sérica) vamos tentar entender o que está acontecendo com a célula
hepática. As enzimas têm distribuição diferente (dentro da célula e dentro da mitocôndria),
algumas estão dentro do citoplasma da célula, de maneira que para que ela vá para o sangue
basta que aumente a permeabilidade (inflamação) ou por necrose, o que difere é o tanto que vai
sair. AUMENTO DE PERMIABILIDADE: libera enzimas aos poucos. NECROSE: libera um
tanto de uma vez só.
Obs. TEMPO DE DURAÇÃO DA ENZIMA NO SANGUE = MEIA VIDA. Assim, se saiu
agora e a meia vida é daqui 2 horas, em 2 horas ela estará aumentada, da mesma forma
se uma enzima tem meia vida de 3 dias, durante 3 dais esse aumento será perceptível,
Isadora Pires Ferreira dos Santos
logo eu tenho que fazer outro exame no final da sua meia vida (dosaremos no 4 dia
para comparar se diminui).
1. CREATINOFOSFOQUINASE (CPK): quando o ser humano está enfartando, é dosada.
A meia vida dela é de 30 segundos, por isso vamos fazendo dosagem a cada 30 minutos,
quando ela diminui o infarto acabou. É utilizado para monitorar.
Existem ainda enzimas que estão dentro de mitocôndrias, quando vemos fora da
célula é porque teve necrose, morte da mitocôndria. Tenho enzimas no núcleo e na membrana
das células. Quando falamos em avaliar fígado, trabalharemos com 4 enzimas principalmente:
ALT (alamina amino transferase, era a TGP), AST (TGO), FA, GGT.
2. ALT (ALAMINOAMINO TRANSFERASE) ou TGP: é principalmente citoplasmático,
tem um pouco a nível de organela, um pouco na mitocôndria e no núcleo. Ou seja, quando
aumenta é porque vem do citoplasma, basta que aumente a permeabilidade da célula para
que ela saia. Funções dessa enzima no hepatócito: participa do processo de transformação
de AMONIA EM UREIA, ou seja, se tiver um paciente com doença hepática com essa enzima
persistentemente baixa, o que vai estar aumentado é amônia; participa do processo de
transaminação da albumina; necessária para gliconeogênese (buscar glicose a partir de
outros tecidos). Logo, paciente terá baixa energia, baixa produção de proteína e aumento de
amônia na circulação quando ALT está baixa. Para manter um nível de normalidade no
sangue temos que ter células viáveis no fígado, ou seja, se o fígado está ok é normal que
tenha um pouquinho desse. Como aumenta em inflamação (aumento da permeabilidade),
tanto a ALT quanto a AST são marcadores de LESÃO HEPATO-CELULAR. Ou seja, se o
fígado sofrer uma lesão que faça o citoplasma vazar da célula, a quantidade dela no sangue vai
aumentar.
HEPATOCITO DO CAO E GATO É RICO NESSA ENZIMA!! O HEPATOCITO DO
BOVINO E EQUINO É BAIXO NESSA ENZIMA!!! Por isso que para grandes animais essa
enzima não é específica, não pedimos em grandes animais.
ALT está no fígado, no musculo, nos leucócitos, nos rins e no cérebro, logo ela perde
especificidade. Só que enquanto no fígado do cão e do gato tenho muita, nos outros
tecidos tenho muito pouco. Por isso que em pequenos animais ela é de boa especificidade.
É MARCADORA DE LESÃO HEPATOCELULAR.
ALT aumenta por: inflamação e por necrose, sendo que por inflamação aumenta
progressivamente, enquanto se você tem necrose, aumenta rapidamente.
É uma enzima exclusivamente hepática em pequenos animais.
A ½ VIDA: CÃO 2,5 dias e GATO 5 dias.
Ademais, gasta 12 horas para começar a aumentar, sendo que tem o PICO DE
ELEVAÇÃO É COM 48 HORAS. Animal envenenou, acabou de engolir o veneno, posso dosar,
mas não espero que ela esteja alterada, em 12 horas começamos a ver um aumento, dosamos
48 horas depois para comparar com a primeira. Depende do número de células envolvidas.
Existe um ponto de corte que utilizamos: AUMENTO DISCRETO quando a enzima
aumenta até 5x o valor normal mais alto; AUMENTO MORDERADO entre 5x – 10x o valor
normal mais alto; SIGNIFICATIVO é quanto aumenta mais de 10x do valor de normalidade.
Isso é importante porque alguns medicamentos, como corticoide e anti-convulsionantes
promovem, geralmente, um aumento discreto da ALT.
3. AST (ASPARTATO AMINOTRANSFERASE) ou TGO: é encontrada no músculo
esquelético, depois no fígado, rins, coração, cérebro. Ou seja, perdeu sua especificidade.
Se eu doso somente ela e encontro um aumento não posso falar que é Fígado, é mais provável
que seja músculo. É utilizada como marcador de lesão hepatocelular. Tenho muito dentro da
mitocôndria, de maneira que dependendo do aumento pode marcar necrose, motivo pelo qual
que é melhor marcadora de necrose. No Fígado de cão e gato temos pouco, mas grandes
animais têm muito AST no Fígado, por isso é utilizada para estas espécies.
Ou seja, em pequenos utilizamos as AST e ALT, sendo que se aumentou só ALT
quer dizer que ocorreu aumento de permeabilidade, enquanto se AST e ALT aumentaram
significa que houve necrose.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
Além disso, por ser uma enzima mitocondrial, associamos a sua presença à necrose. Além
disso apesar de ser sensível para grandes animais, é pouco específica.
Obs. Específica do musculo é a CPK, ou seja, se tiver aumentada no sangue é uma
lesão muscular. Assim, se vejo aumento das duas anteriores e não vejo aumento da
CPK digo que é necrose hepática; ao contrário, quando aumenta as duas e também
CPK também sobe, quer dizer que é uma lesão hepática.
½ vida: no CÃO: 5 – 12 horas; GATO: 2 horas; EQUINO: 50 horas.
SINAL DE REGENERAÇÃO é o retorno lento a normalidade, com a AST retornando
primeiro porque tem ½ vida mais curta. Mas se no paciente, as duas subiram, em questão
de 1-2 dias as duas despencaram, isso é de péssimo prognóstico, porque precisamos de
célula viável para manter a circulação dela, ou seja, se despenca é porque morreu e foi
substituído por fibrose = DOENÇAS HEPÁTICAS ELEVADAS
Se eu doso a AST logo após a lesão é para ver se o paciente não tem alguma lesão
naquele momento, porque ela só irá subir depois de algumas horas.
CIRROSE (DHC) = ALT e AST normais ou aumentadas.
4. SDH (SORBITOL DESIDROGENASE): hepatoespecífica em todas as espécies;
aumento imediato e menor nas lesões tóxicas; aumento acentuado nas lesões agudas.
Utilizada em grandes, funciona igual a ALT (mesmo raciocínio).
5. LD (Lactato desidrogenase): não tem vantagem sobre a ALT é melhor marcador de
musculo do que de fígado. Trabalhamos junto com a CPK, tem ½ vida mais longa.
6. ARGINASE: quase ninguém usa.
7. GLDH: tecido hepático de todos animais, aumento em lesões extensas e aguda, serve
para ver necrose, mas tem ½ vida de 2 minutos. Muito pouco utilizada na veterinária.
8. OCT: hepatoespecífica = alto custo.
22/05/2019
Agora, analisaremos 2 enzimas relacionadas a ESTASE BILIAR, ou seja, relacionada a
dificuldade de drenagem da bile pelo fígado, assim a bile fica parada nos ductos biliares,
interferindo com a membrana das células hepáticas, vez que o detergente da bile faz com
que as enzimas que ficam na membrana se desconectem aumentando a quantidade desta
enzima no sangue.
9. FOSFATASE ALCALINA (FA ou ALP): fica na membrana da célula hepática, de
maneira que detergentes da bile promovem o desprendimento desta enzima da membrana,
aumentando a FA no sangue. Mas o Fígado pode produzir FA quando estimulado como
resposta a alterações, como uso de medicamentos (CORTICOIDE). Sendo que em cães uma
das enzimas que mais interferem na colestase é a FA induzida por corticoide. Ou seja, se o cão
tiver em fase de tratamento com corticoide vai ter mais FA no sangue. Da mesma maneira se o
organismo produzir mais corticosteroide (como em HIPERADRENOCORTICISMO -
hiperfunção da Adrenal - ou HIPERCORTISOLISMO) de maneira que o Fígado produz mais
FA em resposta ao corticoide, principalmente no cão. Assim, a maior produção de FA pelo
fígado em resposta ao Cortisol faz com que a FA perde especificidade para avaliar
Colestase. Ademais, outros tecidos tem FA, como osso, sendo que essa produção é uma das
que mais atrapalha a do Fígado, no entanto para que ela esteja aumentada preciso de animais
em fase de crescimento ou em remodelamento ósseo, ou seja, se o osso tem atividade de
osteoblasto a FA vai aumentar, assim, animais em fase de crescimento a FA sobe. Logo, NÃO
PODEMOS DOSAR FA EM CRESCIMENTO PARA AVALIAR COLESTASE. Ademais, não é
muito avaliada em grandes animais, porque o valor de normalidade do menor ao maior é muito
amplo, assim o aumento é muito alto, de maneira que o valor mais alto indicaria que o paciente
já está com Colestase sem diagnóstico. No cão tenho que ver está aumentando a produção de
FA por Cortisol ou devido atividade óssea, ou ainda histórico clinico relacionado a neoplasia
óssea (OSTESOSARCOMA). Tem como separar as 5 FA’s (colestase, corticoide, atividade de
osteoblasto, neoplasia e corticoesteroide) imunologicamente iguais? Tem exame para diferencia-
las, o problema é o custo, enquanto uma aferição normal de FA é barata, assim temos que
ponderar: idade do paciente, neoplasia óssea ou não, produção de cortisol, medicamento ou
Isadora Pires Ferreira dos Santos
então colestase). Ainda, não se sabe a função da FA no Fígado, no metabolismo intermediário
(produção de energia), só sabemos que quando aumenta temos que determinar a causa deste
aumento. A principal FA óssea é a que mais altera, a do intestino sai nas fezes (1/2 de 5
minutos), a renal sai na urina (1/2 de 5 minutos), placentária (transitória, só quando a femea está
grávida) e leucócitos. Em COLESTASE O AUMENTO É RÁPIDO. Em cães aumenta devido a
Colestase, osso, corticoide e anticonvulsionantes (este último é aumento dose-dependente), de
maneira que é bastante sensível no cão (quando aumenta, aumenta muito), porém pouco
específica com ½ vida de 3 dias. Em gatos é pouco sensível, mas muito específica (gato não
cresce muito, tem menos tumores calcificantes, não sobe por Cortisol), sendo que quando
aumenta em gatos penso em colestase, não espero que aumento igual aumenta no cão, tem
½ vida de 6 horas sem indução por corticoesteroide. Em filhotes aumenta, principalmente, nos
6 primeiros meses de vida. Em grandes animais não tem significado clinico por causa da
amplitude do valor de referência. Também aumenta no cão por hiperparatireoidismo, panosteíte
(inflamação em ossos). Neoplasias de fonte desconhecida de aumento de FA em cães, ocorre
por: tumores mamários mistos (benigno, é um tumor que calcifica, aumenta atividade
osteoblastica), sarcomas e carcinomas. No Brasil é conhecida como FA, quando em língua
estrangeira, veremos ALP.
10. GAMA GLUTAMIL TRANSFERASE (GGT): diferente da FA, tem o papel reconhecido
no Fígado, é a enzima que aumenta para proteger o Fígado de lesões relacionadas ao uso
de medicamentos. Em processos tóxicos tende a aumentar. Ou seja, se trabalho com um
medicamento hepatotóxico é de se esperar que a GGT aumente nos dias que se segue o
tratamento, sendo que se aumentar não é razão para que suspenda o medicamento (porque é
esperado que ela aumente, se não aumentar quer dizer que o Fígado está comprometido). Ou
seja, espero que aumente em intoxicação e pelo uso de medicamentos. Ademais, está
presente na membrana dos hepatócitos, em Colestase aumenta. Tenho também em
canalículoso biliares, assim, em caso de Colestase a GGT sobe primeiro, com a diferença
que ela é bem menos sensível que a FA, tanto que seu valor de normalidade é menor. Ou seja,
a GGT sobe mais rápido que a FA, porém sobe menos do que a FA. Ademias, tenho ela nos
Rins (sai na urina, dosagem de gama GT para lesão tubular, quando o Rim está com esta lesão
a GAMA GT do sangue não será alterada, mas veremos mais GGT na urina), no Pâncreas (sai
nas fezes, não uso dosagem de GAMA GT para avaliar lesão pancreática). É específica e
menos sensível que a FA (a FA é mais sensível e menos específica). Em cães
anticonvulsivantes não aumentam GGT, não sofre influência de osteoblasto (posso medir em
filhotes em crescimento quando desconfio de Colestase). Filhote com anticonvulsionante:
medir GGT e FA, sendo que só FA aumentou, não tem Colestase, para ter Colestase FA e
GGT tem que aumentar (em filhotes, em fase de crescimento com uso de corticoides). Além
disso, é mais sensível nos GATOS. GRANDES ANIMAIS a GGT é bem sensível; ainda em
animais em fase de colostragem tende a aumentar a atividade sérica GGT, saiu da fase de
colostragem diminui. Além disso, aumenta rapidamente em afecções hepatobiliares em
GATOS.
Dessa forma: animal com FA normal e GGT aumentada = COLESTASE AGUDA, mas
isso não é comum, quando tem Colestase a FA também tende a aumentar; já quando tiver FA e
GGT aumentadas = COLESTASE CRÔNICA.

 Bilirrubinas
A capacidade que o Fígado tem de receber o sangue alterado por alguma razão e
processar esse sangue de maneira que esse processamento se chama CLAREAMENTO
POR TAL, quando o sangue chegar por via porta chega turvo, com excesso de colesterol,
ou alguma coisa do tipo, sendo que o Fígado tem que pegar esse sangue e transforma-lo,
clareando-o.
O primeiro parâmetro para medir essa capacidade do Fígado são as BILIRRUBINAS, que
são: BILIRRUBINA TOTAL, BILIRRUBINA DIRETA e BILIRRUBINDA INDIRETA. A BB
Isadora Pires Ferreira dos Santos
TOTAL e a BB INDIRETA são medidas, enquanto a BB DIRETA é calculada (total – indireta =
direta).
A BB vem da hemólise, da quebra da porção hemi da hemácia sobrando a BB que é
chamada de BB LIVRE que não tem importância laboratorial nenhuma, não é medida. A BB
LIVRE é lipofílica e extremamente toxica para o organismo, sendo que o sangue é mais água,
assim a BB não se mistura, logo o organismo tem que transformar essa molécula lipofílica em
algo hidrofílico, assim se liga a albumina transformando-se em hidrofílica, de maneira que a
albumina leva-a ao hepatócito, onde tem um receptor y (ligandina) que capta a BB que a
albumina trouxe, ou seja, agora está dentro de hepatócito. Quando a BB se liga a albumina
tem importância laboratorial passando a chamar de BB NÃO CONJUGADA ou INDIRETA.
Dentro do hepatócito é conjugada no retículo sacroplasmático por ácido glicurônico, quando se
torna a BB INDIRETA ou CONJUGADA que vai para a vesícula biliar, onde fica armazenada
por um tempo (exceto no equino que não tem vesícula biliar), de maneira que no momento da
digestão sofre estímulo de contração (pela presença de gordura, proteína e PH ácido), cai no
intestino onde as bactérias reduzem a BB em UROBILINOGÊNIO e ESTERCOBILINA (este
último da cor as fezes).
Assim, função da albumina é trazer para o fígado a BB NÃO CONJUGADA, enquanto
não chega ao hepatócito e chamada de BB NÃO CONJUGADA. Se tiver ligada a albumina
ao passar pelo Rim a BB NÃO CONJUGADA não sai na urina, porque albumina não sai na urina.
Quando o hepatócito capta-a, no retículo endoplasmático rugoso, por ácido glicuronico é
conjugada e transformada em BB CONJUGADA ou DIRETA, na sua forma de excreção.
EQUINO: não é acido glicurônico que conjuga BB, mas sim glicose, ou seja, cavalo
precisa de glicose para conjugar a BB, se está em hipoglicemia não irá conjugar, aumentara a
BB NÃO CONJUGADA ou INDIRETA no sangue.
Para que doso a BB? Para diferenciar ictéricia. Ou seja, se tenho um paciente ictérico
doso as BB para descobrir se ela é PRÉ-HEPÁTICA (HEMOLÍTICA), HEPÁTICA ou PÓS-
HEPÁTICA. Se está ictérico a total está aumentada, que através do exame vejo se o aumento
é da direta ou indireta.
Quando começa a aumentar a BB no sangue o valor máximo é pequeno = 0,5, quando
passa disso o paciente não está ictérico, nem o soro, nem o plasma está ictérico, de maneira
que a esse aumento é primeiro percebido no Rim e saindo na urina, sendo que se o Rim
está normal na urina irá aparecer BB DIRETA. Ou seja, só vai PIGMENTAR SORO e
PLASMA quando o valor da BB no sangue for maior que 1,0 (mas já está na urina). Ou seja,
apareceu BB na urina temos que ir no Fígado ver o que está acontecendo. Além disso, para
PIGMENTAR PELE e MUCOSA o valor BB no sangue tem que estar acima de 2,0 a 3,0,
assim teremos um PACIENTE ICTÉRICO CLINICAMENTE.
Ademais, tenho que identificar qual BB aumentou mais. Na ICTERICIA PRÉ-HEPÁTICA
ou HEMOLÍTICA o problema é o aumento da produção da BB, sendo que se aumenta a BB
total a ponto de ser maior que 0,5 o paciente vai ter HEMOGLOBINA NA URINA
(HEMOGLOBINÚRIA), no sangue terá ANEMIA, HEMATÓCRIRO BAIXO, sendo que nessa
condição de aumento de produção o Fígado capta e conjuga o máximo de BB que ele
consegue. No entanto esse máximo pode ter 2 problemas: via de excreção não ser suficiente,
assim o organismo joga a BB que conjugou e deveria sair nas fezes para o sangue, contando
que o Rim irá eliminar; mas se o fígado estiver bem, vai aumentar a total e vai aumentar a
conjugada. Ou seja, na DOENÇA HEMOLÍTICA o paciente tem que ter ANEMIA,
HEMOGLOBINÚRIA, BB TOTAL AUMENTA, de maneira que se é pré-hepática a que sobe
mais é a BB CONJUGADA (se a indireta é a que mais aumentou é porque o Fígado não está
conseguindo conjugar). Temos que notar que o BB indireta vai aumentar, mas a direta vai
aumentar mais.
ICTERICIA HEPÁTICA: duas situações: Fígado não capta (se não capta não conjuga);
ou Fígado capta, conjuga, mas não excreta, sendo que se não excreta, não joga a BB paras
vias biliares, joga no sangue e quem excreta é o Rim, sai mais BB na urina. Neste caso não
tem hemólise, não tem anemia, não aparece hemoglobina na urina. Em 75% das vezes o
Isadora Pires Ferreira dos Santos
problema é de excreção, não de captação, ou seja, sobe a BB a que aparece é a direta. Já em
25% das vezes o Fígado não capta, então não conjuga, aumenta a indireta. Ou seja, na
ICTERÍCIA HEPÁTICA por problema de excreção quem aumenta é a direta; já quando o
problema é de captação, aumenta a indireta, sendo que ela está ligada a albumina e não
sai na urina.
EXCEÇÃO: EQUINO, quem conjuga é o Fígado através da glicose, sendo que se ele
estiver em jejum ou não estiver alimentando, vai fazer a hipoglicemia, não vai conjugar, vai
subir a BB INDIRETA, sendo que se alimento ou forneço glicose em 24 horas ele corrige essa
icterícia, se a causa for a hipoglicemia. Muito tempo em jejum, começa a quebrar ácidos graxos
que se ligam a LIGANDINA (proteína de superfície), assim quando a albumina chega ao
hepatócito que está ocupado, não se liga, fica circulando, logo animal fica rapidamente
ictérico, não só por não conseguir captar e conjugar, mas também devido ao ÁCIDO
GRAXO que ocupa o receptor no Fígado. Em 24 horas, já com o receptor livre porque não
está fazendo lipólise, volta a conjugar BB direta, conjuga e excreta, deixando de ser
ictérico.
ICTERÍCIA PÓS-HEPÁTICA ou OBSTRUTIVA: duas situações: obstrução total ou
parcial, mas independente, se ela é pós a BB que vai ser responsável pelo aumento da BB total
é a CONJUGADA ou DIRETA. Se a via de excreção normal é sair nas fezes (ser transformada
em urobilinogenio e estercobilina) o aspecto das fezes muda.
Na ICTERÍCIA PRÉ-HEPÁTICA está produzindo muita BB e a que subiu é a direta, vai
sair muita dela nas fezes, FEZES ESCURAS OU ALARANJADAS. Quando falamos em
ICTERÍCIA HEPÁTICA quando o problema é excreção, FEZES ACÓLICAS (não sai nas fezes),
já na icterícia com problema de captação, se não capta não conjuga e não excreta, logo FEZES
MAIS ACÓLICAS. Na ICTERÍCIA PÓS-HEPÁTICA as fezes NÃO FICAM TOTALMENTE
ACÓLICAS, mas se for TOTAL fica ACÓLICA.
Obs. Na PÓS-HEPÁTICA se obstrui, vai reter bile no fígado, aumenta FA, GGT, ALT e
AST.
Aumentou BB tenho que fazer hematócrito e outros testes para ver se tem estase biliar,
faço ultrassom (como vou localizar causa pós-hepática, como cálculo, tumor na vesícula, sem
esse exame?).
Quando a BB DIRETA fica alta no sangue por mais de 4 dais seguidos, ela se liga a
albumina, sendo que o problema é que essa ligação com a albumina é irreversível, sendo
que como a albumina tem ½ vida de até 2 semanas, enquanto ela fica circulando veremos BB
ligada a ela circulando enquanto a albumina existir. A importância clínica disso é que o
paciente chega ictérico, resolve a icterícia e ele permanece ictérico por até 2 semanas,
mesmo que o tratamento de certo.

Obs. BB pode sair no cão com densidade urinária aumentada (mais de 1.040).
Isadora Pires Ferreira dos Santos
 Ácidos Biliares
Dosam a capacidade de captação, transformação e excreção. O Fígado conjuga
colesterol para produzir ácidos biliares, sendo que eles são produzidos no Fígado, vão para
a vesícula, quando tem gordura, proteína e PH ácido, os ácidos biliares são jogados para
fazer absorção de gordura. O ácido biliar excretado é absorvido pela circulação entérica,
é reabsorvido, o fígado capta e joga na vesícula.
Dosamos ácido biliar para ver se tem caminho liberado ou não. Faremos 2 dosagens:
EM JEJUM (PRÉ-PANDIAL) é normal estar baixo, quando animal está normal; PÓS
PRENDIAL (APÓS REFEIÇÃO), esse ácido, quando normal, aumenta. Porém para ter
tranquilidade tem que ver se o paciente não vomitou, não está com diarreia (extensas e com
grande volume), ver se o paciente não comeu antes do teste (se comeu antes, o ácido biliar
estará alto, não está errado). Ou seja, tenho que ofertar a quantidade adequada de alimento,
não vomitou e não ter diarreia.
PACIENTE EM JEJUM E ÁCIDO BILIAR ALTO: duas suspeitas: ou ele tem
OBSTRUÇÃO DE DUCTO BILIAR, se for ictérico ajuda a falar se a causa é pós hepática,
não sai, aumenta no sangue, mesmo em paciente em jejum; FÍGADO INSUFICIENTE quando o
ácido biliar fica alto no sangue, mesmo após muitas horas de alimentação de maneira que
o Fígado está sem capacidade de fazer clareamento portal, sendo que o problema de ficar
circulando é os ácidos biliares podem chegar na barreira hematocefálica, alterar a
permeabilidade e chegar dentro do líquor, sendo que traz junto com ele a amônia, que
deveria ter transformado em ureia, não conseguiu transforma-la também. SHUNT PORTA
SISTEMICO é a ligação da porta com ducto, não capta amônia, ureia baixa, uremia, vomito,
diarreia, convulsão, ou seja, tem sinais clínicos de uremia mas não tem uremia,
encefalopatia hepática (alteração neurológica em decorrência do Fígado).
A função dos ácidos biliares é a digestão e absorção de lipídeos.
ÁCIDOS BILIARES ALTOS ANTES COM QUADRO NEUROLOGICO: encefalopatia
hepática, pode ser: COLESTASE, SHUNT e CIRROSE, onde o Fígado não conserva
colesterol, não transforma em ácidos biliares, causa destruição de enterócitos, inibe
linfócitos (imunossupressão) e inibição de agregação plaquetária (sendo que sangramento
de TGI produz mais amônia).

 Amônia
Vem da quebra de proteína na dieta, o Fígado transforma em ureia. O problema para
dosar que é bioquímica seca ou seja, centrífuga refrigerada, sendo que isso deve ser realizado
em 30 minutos (amônia é volátil, por isso não pode ser em centrífuga normal, porque aquece e
volatiliza).
HIPERAMONIEMIA: pode ser em qualquer Fígado com acentuada redução de massa
funcional, as coisas que o Fígado deveria estar fazendo não está fazendo. Sendo que há uma
queda concomitante de nitrogênio sérico. Paciente com diarreia, odor amoniacal,
sangramento, dosou ureia e ela está baixa = problema hepático. Sendo que a dosagem de
ureia serve para avaliar a capacidade que o Fígado tem ou não.
FIGÁDO PRODUZ: proteínas, fibrinogênio (cascata de coagulação), ureia (fígado IR
falta ureia e sobre amônia), colesterol, glicose.
PROTEÍNA: o laboratório dosa 2 e calcula 1, dosa proteínas totais e albumina, calcula
a globulina. A ALBUMINA é sintetizada somente pelo Fígado e mesmo assim não joga
albumina demais para a circulação, mobiliza para o sangue de 35-55% da albumina, afim de
manter o valor de normalidade. Quando a albumina aumenta = HIPERALBUMINEMIA não
existe absoluta (o Fígado não produz demais) só pode ser RELATIVA. Já a HIPOALBUMINEMIA
ou é aumento de produção ou problema de perda (glomérulo perda albumina, lesão de pele
extensa - sai uma água com muita albumina, maioria das pessoas que morrem de queimadura,
morrem por falta de albumina - perder por hemorragia, problema nutricional - mal de cuia, não
tem proteína suficiente, não produz albumina). Paciente com albumina baixa tenho que saber
qual a causa, de maneira que se está baixa não posso colocar a culpa no fígado (IH).
Isadora Pires Ferreira dos Santos
COLESTEROL: laboratorialmente, tem o COELSTEROL TOTAL e FRAÇÕES
(LIPIDOGRAMA). Para calcular as frações tem que dosar triglicérides, ou seja, dosa
COLESTEROL TOTAL, HDL e TRIGLICERES, enquanto o LDL e o VLDL são calculados. O
VLDL é calculado em fórmula (baixa densidade de lipoproteína), ou seja, se os triglicérides
aumentam, o VLDL também aumenta, sendo que se 1 abaixa e o outro sobre não veremos
o valor de colesterol total aumentado, logo não devemos medir só o colesterol total. CÃO,
GATO e EQUINO o principal colesterol é o HDL, já HUMANO e RUMINANTE o pior é LDL.
O ruim é ter desequilíbrio entre as frações do colesterol, vez que o sangue precisa de um
para levar o outro colesterol para dentro da célula. Ou seja, temos que dosar as frações.
HIPOTIREOIDISMO aumenta muito o HDL e TRIGLICÉREDES, logo vai aumentar o VLDL,
logo animal hipotiroideo tem colesterol alto porque esses dois aumentam. O ideal é tê-los em
equilíbrio.
GLICOSE: só altera para baixo quando tem alteração de mais de 75% de perda de
massa, ou seja, vários dos parâmetros já sinalizaram. Tem a ver com lesão pancreática e
endócrina.
FATORES DA CASCATA DE COAGULAÇAO: o Fígado produz quase todos, menos
2. Sendo que plasminogênio e fibrinogênio modulam a cascata de coagulação. O fibrinogênio
e a proteína C reativa são conhecidos como PROTEÍNAS DE FASE AGUDA (aumenta em
leucocitoses crônicas e em inflamações persistentes). O Fígado remove fatores de
degradação de fibrina, por isso que paciente com cirrose tem problema com hemorragia.
29/05/2019
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DO LÍQUIDO CÉFALO
RAQUIDIANO – L.C.R.
Estamos falando de avaliar o sistema nervoso central. Quando falamos em avaliar SNC
estamos dizendo a respeito de um sistema que está dentro de uma cavidade óssea, o que
dificulta o acesso e o diagnóstico (radiografia e ressonância tem limitações). Ou seja, é um
sistema de diagnostico difícil baseado no acesso.
Quando fazer o exame? Quando tenho um paciente com alterações neurológicas,
sendo que as causas das alterações podem ser: processos infecciosos, trauma.
Dentro do SNC temos a barreira hematoencefalica que é uma membrana
semipermeável que separa o sistema do sangue, sendo que ela produz um liquido que tem
função de amortecer, nutrir e fazer a defesa local do sistema. Assim, preciso de colher a
amostra para avaliar e descobrir o que está acontecendo.
Coleta: depende se está trabalhando com grandes ou pequenos, temos que entrar no
espaço intervertebral, acessar as meninges, atingir o líquido, que é um ultrafiltrado
plasmático, tem características semelhantes do plasma (densidade). O procedimento de coleta
não é simples. 1ª preocupação: não posso ser veículo contaminante para o sistema fechado, por
isso o máximo de assepsia deve acontecer, ou seja, cuidado com a higiene do local de coleta e
do material. 2ª preocupação: existe a possibilidade de trauma na coleta da medula espinhal, por
isso tenho que tomar cuidado com a movimentação do paciente. Posso colher a nível de
cervical, próximo ao forame magno principalmente CÃES e GATOS, assim, para que meu
paciente fique quieto e manipule o pescoço para abrir o espaço intervertebral, facilitando o
acesso preciso de anestésico, logo meu paciente tem que ter condições de ser anestesiado; ou
posso trabalhar na lombar, que é o mesmo local de acesso para aplicação de anestesia quando
quero fazer uma peridural (inclusive vem um pouco de lÍquor quando fazemos isso), com
animal em estação para GRANDES ANIMAIS, podemos colher com uma sedação leve, sem
necessidade de anestesia.
Material para coleta: pode ser agulha comum, agulha especifica e até cateter específico
(são de comprimento maiores, posso conectar a seringa para aspirar o material). Em livros, existe
o risco de formação de hérnia em pacientes que tem aumento da pressão intracraniana, como
ocorre com paciente com hidrocefalia, quando colho o líquor, crio um ponto de extravasamento
de pressão e há risco de hérniar. Professor nunca viu risco de formação. Ou seja, não posso
Isadora Pires Ferreira dos Santos
deixar de colher porque ele tem aumento de pressão intracraniana, só tenho que ter mais
cuidado.
Ou seja, se tenho todos os cuidados o paciente tem que passar por risco cirúrgico,
ambiente limpo e material estéril. Além disso, não posso contaminar a amostra se for para
microbiologia ou contaminar o paciente.
Material na hora de colher: um liquior normal não coagula, então não é necessário que
colha direto com um frasco de anticoagulante, porém em caso de hemorragia ou inflamação há
risco de coagular (levo o tubo com EDTA não para uso direto, mas se durante a coleta vejo a
amostra coagulando, já coloco o tubo). Ou seja, a princípio não usa EDTA porque os
anticoagulantes modificam as células que vamos trabalhar, assim começou a coagular,
passo para o EDTA e já anoto que a amostra está coagulando, ou é trauma ou inflamação.
O laboratório consegue fazer análise de rotina com 1 – 2 ml de líquor, porem se quero dividir a
amostra em vários exames, tenho que colocar em tubos diferentes, por isso o laboratório pode
até separar o material, mas ele tem que escolher para vai fazer: rotina ou cultura (primeiro a
cultura). Mas as vezes a rotina é urgência enquanto cultura não é urgência, assim se o ideal é
que mande para o laboratório qual você quer, se quer as duas, encaminhas 2 tubos identificados.
Ou seja, devemos ter pelo menos 3 tubos: 1 estéril; com EDTA (se precisar); e um limpo.
Além disso, como preciso de material para fazer anestesia, assepsia, não é uma coleta
barata, costuma ser mais cara que o próprio exame.
Conservação até avaliação: é um dos pontos mais importantes da análise do líquor. Como
todo e qualquer amostra o momento ideal para análise é imediatamente após colhido (pouca
influência de temperatura, densidade), logo menos problema com a qualidade da amostra. Se
não posso fazer isso, mantenho refrigerado até análise por, no máximo, 2 horas, isso porque
a densidade do líquor é baixa, logo as células tendem a não sobreviver por muito tempo (células
se rompem, perdem), perdemos a citologia do líquor. Ou seja, logo após colhido até no máximo
2 horas. Logo, como sei que é um procedimento chato, cheio de detalhes e amostra tem que ser
rápida, devemos ter uma logística com o laboratório.
Como isso será avaliado?
Aspectos físicos: como é um ultrafiltrado do plasma, normal é límpido e incolor. Se vier
turvo tenho que pensar quais estruturas que estão diluídas, normalmente são células. Quando
formos colher o líquor, ao acoplar a seringa nesse cateter posso aspirar células que não deveriam
estar ali aparecer, como células de meninge; não podemos aspirar de jeito nenhum, de maneira
que qualquer pressão que fazemos aproximemos da meninge. Além disso, sob pressão forte
podem ir outras células. Ou seja, a turvação depende de célula, um liquido turvo e brancacento
espero que tenha leucócitos, pode coagular devido a inflamação, logo colher com tubo de
EDTA; turvo e avermelhado indica um sangramento. Por isso, temos que relacionar a cor com
o tipo de célula. O aspecto observo antes e após a centrifugação, logo pego o material, AO
COLHER OBSERVO O ASPECTO, anoto-o, como por exemplo branco leitoso (= opalecente) e
normalmente tem leucócito, só de olhar não sei qual leucócito. A mesma coisa se vier
avermelhado, não sei se tem só hemácia, preciso de citologia, da mesma forma penso em trauma
ou neoplasia. Depois, vou centrifugar para fazer análise de sedimento, para ver quais células
estão modificando sua cor, assim teremos o ASPECTO PÓS-CENTRIFUGAÇÃO, sendo que
as células que estão turvando vão para o fundo do sedimento se estiverem inteiras, após
a centrifugação, o líquor fica límpido e incolor, isso indica que é uma infecção aguda, neste
caso de BRANCO LEITOSO. Já se for um processo crônico, a célula tende a degenerar,
romper, liberar as substancias de dentro da célula, quando continua turva e a coloração
fica diferente do turvo/incolor. Ou seja, BRANCO LEITOSO centrifugou ficou LÍMPIDO e
INCOLOR = inflamação aguda; se CONTINUAR TURVO ou DE COR DIFERENTE = processo
crônico (pode ser traumático, hemorrágico, inflamatório). Ou seja, temos que ver o aspecto pre-
centrifugação e pós-centrifugação. A modificação da cor depende do que tem ali dentro, então a
paleta de urina, amarelado por causa de bb, alaranjado pode ser por causa de bb ou
hemoglobina (chamado de XANTOCROMIA - alaranjada a âmbar, normalmente tem
hemoglobina, está associado a hemorragia).
Isadora Pires Ferreira dos Santos
DENSIDADE: utilizaremos o refratômetro, não é o parâmetro mais importante, sendo que
se é um ultrafiltrado do plasma, a densidade do liquor fica bem próxima a do plasma, 1.008.
Na maioria dos pequenos animais gira em torno de 1.004 e 1.006; já em grandes 1.000 até
1.010. Ou seja, a densidade não atrapalha, mas a densidade baixa é a razão de eu ter que
acelerar o processo de análise.
PH: é menor do que o do sangue, gira em torno de 6,5 - 7,0 (sangue é 7,0-7,4). Na rotina
não medimos muito, mas o problema é quando o PH é alcalino. Posso mergulhar a fita de
urinálise no liquor, confiaremos na densidade e na quantidade de proteína presente. Ou seja,
não preocuparemos com pseudoproteinúria. A fita não fala qual é a proteína. No refratômetro,
tem uma escala que mostra qual a quantidade de proteína. Ou seja, parte dos parâmetros podem
ser processados trabalhando com o material que temos para fazer urinálise.
COAGULAÇÃO: AVERMELHADO coagulando pensamos em hemorragia; BRANCO
coagulado penso em inflamação.
BIOQUÍMICA: posso trabalhar com a fita de urinálise. Quais os parâmetros para prestar
atenção nessa análise bioquímica? O que importa é a proteína, o tipo de proteína (albumina
ou globulina) e concentração de glicose. Ou seja, os parâmetros que o laboratório irá fornecer
é glicose e o tipo de proteína da amostra.
Se o líquor é um ultrafiltrado do plasma, não espero que tenha proteína de alto peso
molecular, logo um LÍQUOR NORMAL, sem alterações, não tem albumina. A concentração
normal gira de 40 (pequenos) – 120 (equinos). Quando falamos de proteína no plasma falamos
de albumina e globulina, se o liquor tem papel de resposta imune, é normal que o liquor
tenha globulina, logo, na faixa de normalidade, o que está presente é globulina. Não
preocupamos com baixa de albumina: HIPOPROTEINORAFIA. Normal:
NORMOPROTEÍNOROAFIA. Alto: HIPERPROTEÍNORAFIA. Se a albumina não passa para o
loiquor por causa da barreira hematoencefalica, quer dizer que quando encontro
HIPERALBUMINORAFIA quer dizer que a barreira aumentou a sua permeabilidade, porque
o normal é 0, investigo para ver o motivo do aumento. A globulina quando aumenta no
liquor = HIPERGLOBULINORAFIA, o que indica que há um estímulo antigênico que está
causando um estímulo imune no SNC, que para se defender aumentou a quantidade de globulina
no liquor (estímulo antigênico local).
REAGENTE DE PANDY: é específico para GLOBULINA. Então pingo dentro do tubo
que tem amostra e ele faz um anel sobrenadante, quanto maior a espessura do anel, mais
globulina tem na amostra. Não é um método quantitativo, é qualitativo, dá reação de PAM
positiva pode ser: +, ++, +++ e raramente ++++ cruzes. Lembrando que uma reação discreta
é normal porque tem globulina no líquor.
GLICOSE: normal do líquor gira em torno de 60-70% da glicose do sangue, porque
passa em parte da barreira. Isso significa que se eu desenvolver uma condição de
HIPOGLICEMIA, terei HIPOGLICORAFIA a nível de SNC. Bactéria e leucócitos consomem
glicose, de maneira que se tenho meningite bacteriana, a concentração de glicose no liquor
estará baixa (devo medir do sangue para saber qual é a normal do líquor). Se a GLICOSE
NORMAL NO SANGUE e BAIXA NO LIQUOR quer dizer que houve consumo pode ser:
bactérias e leucócitos. HIPERGLICORAGIA é causada pelas mesmas causas de
hiperglicemia, como medicamento, doença metabólica.
HIPOGLICORRAFIA: pode ser por diminuição do transporte (fibrose da barreira
hematoencefálica), aumento do metabolismo cerebral (animal em estação de monta),
infecção por agentes que consomem glicose (bactéria e células de inflamação).
HIPERGLICORAFIA: diabetes mellitus.
CLORETO: o PH do liquido é menor que o sangue é porque tem mais cloreto no liquor
do que no sangue, mas não dosamos.
ENZIMAS: AST, CPK e LDH são muito pouco específicas, não são muito medidas.
Essas enzimas não alteram por Encefalite.
CITOMETRIA e CITOLOGIA: se o normal do líquor é ser límpido, ele tem poucas
células. Um líquor normal pode ter até 8 células por mm³. Quando aumenta o número de
Isadora Pires Ferreira dos Santos
células, tenho que ver qual é aquela célula, leucócito, hemácias, epiteliais, sendo que ele vai
mudar o aspecto se tornando mais turvo. O aumento do número de células se chama
PLEOCITOSE. Quando vemos paciente com pleocitose a citologia é fundamental.
Obs. se não tiver como mandar para o laboratório, devo centrifugar por 5 minutos,
desprezar o sobrenadante, pegar uma gota do sedimento, pinga na lamina e espalho (não
faço esfregaço), seco. Quando isso ocorre essa lamina pode ficar por até 1 semana,
até a análise da amostra. Ainda assim, posso corar e levar para lâmina se não tiver
patologista. Faço a mesma análise do esfregaço, ver e identificar qual leucócito tem na
lamina.
A análise citológica permite diferenciar se a MENINGITE ou ENCEFALITE é por
bacteriana, viral, protozoário, fungo ou neoplasia. Qual leucócito que adora bactéria?
NEUTRÓFILO, então se observo que naquele liquor a grande maioria dos leucócitos são
neutrófilos, quer dizer que tenho que uma meningite ou encefalite bacteriana. Qual leucócito
que adora vírus? LINFÓCITO, logo nas tenho se tenho predominância de leucócitos, tenho
meningites virais ou encefalites virais. As células normais do liquor são linfócitos (8
celulas normais), sendo que são pequenos, com pouco citoplasma, núcleo grande, com
cromatina densa. Em uma encefalite viral, os linfócitos tendem a ter um tamanho maior,
citoplasma maior e uma cromatina exageradamente densa = LINFOCITO ATIVADO (no
sangue era chamado de atípico). Em caso de infecções por protozoários ou fungos, há um
equilíbrio entre LINFOCITOS (mononucleares) e POLIMORFONUCLEARES (neutrófilo), não
tem nenhuma célula que destoa (equilíbrio é considerado no máximo 60/40 por alguns
patologistas, não pelo professor). Protozoario é um parasito, que em tecido induz a atividade
de EOSINÓFILO, logo se eu encontrar eosinofilia, podemos pensar em uma infecção
parasitária. Ou seja, eosinófilo pode estar relacionado com parasita. Mas protozoários
estimulam monócitos. Cuidado com populações equilibradas com um pouco mais de
Eosinófilo é o padrão de neoplasia, no entanto se for neoplasia temos que tomar cuidado de
procurar células neoplásicas (não podemos aspirar a amostra), além disso, vejo hemácia,
uma célula diferente da célula normal. Infelizmente em algumas situações a infecção pode ser
semelhante.
Ou seja, poucas células, normalmente são linfócitos (podem aparecer um ou outro
monócito e neutrófilo). Se tem linfócito reativo o que aumenta é a globulina alta, logo algo
entrou no SNC e está provocando reação. Neutrofilia pode ser por doenças inflamatórias
e bacteriana. Neutrofilos degenerados indica que fagocitou bactéria, mas quando ela está
morrendo, libera toxinas que degeneram neutrófilo. Ou seja, mesmo que não vejamos a
bactéria, neutrófilo degenerado diz sobre infecção bacteriana. Eosinófilo: é parasita?
Resposta de hipersensibilidade? Neoplasia?. Toxoplasmose e fungos: equilíbrio entre
polimorfo e mono; Meningoenceflainete granulomatosas: mononuclear. Outras células:
meninges, plexo coroide, células ependimais (aspiração); fungos e bactérias cultura e
coloração do gram, posso fazer um antibiograma.

AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS EFUSÕES CORPORAIS


EFUSOES CORPORAIS: são líquidos cavitários que podem acumular: na cavidade
peritoneal (barriga), no tórax (cavidade pleural), no pericárdio (interpericardio) e intra-
articular (líquido sinovial). Todos esses líquidos que tem função de lubrificação são um
ultrafiltrado, acumulam de acordo com a espécie, equino tem mais na cavidade abdominal. O
que vamos ver é o quanto de liquido está acumulando, se aquilo é patológico ou fisiológico.
Líquido que acumula na cavidade peritoneal causam distensão abdominal. Tem distensão
de tórax: líquido pleural, vai comprimir o pulmão (=tamponar), paciente muda o padrão
respiratório, começa a fazer taquipneia com respiração rasa e rápida. Líquido pericárdico:
quando acumula, tampona o coração, a frequência cardíaca aumenta porque o coração
não expande, bate mais rápido para compensar a dificuldade de expansão, de maneira que
Isadora Pires Ferreira dos Santos
ao auscultar ouviremos um som abafado (hipofonese do movimento cardíaco). Líquido na
cavidade sinovial vemos edema e inchaço.
A quantidade depende da variação da pressão oncótica, hidrostática ou aumento da
permeabilidade vascular. Pode estar ocorrendo algum desses processos que resultam em
acumulo com manifestações clínicas, sendo que isso pode vir de: trauma, hiperproteinemia,
alterações mórbidas, ruptura de vísceras, infecções ou neoplasias. Por isso, recebeu um
paciente com abdômen distendido, não dá para saber exatamente a causa.
Um ultrafiltrado do plasma é LÍMPIDO e INCOLOR, de maneira que as mudanças de
aspecto só são observadas quando colhemos. Além disso, o diagnóstico definitivo vem do tipo
de fluido + anamnese + exame clínico, logo, se vem da cavidade pleural = PLEURITE, cavidade
sinovial = SINOVITE.

 Aspectos Físicos
COR: AVERMELHADO = hemorragia; BRANCO LEITOSO = leucócito, sendo que no
caso de efusões, se a maioria das células for linfócitos, isso tem um nome, QUILO que pode ser:
QUILOTÓRAX, QUILOPERITONITE, o que indica um problema de drenagem ou
extravasamento linfático, normal é ter linfócitos, tenho que ver se são normais, estão reativos ou
são neoplásicos. Um QUILOTÓRAX com linfócitos ativos podemos ver LINFOMA, no
abdômen pode ser LINFOMA MESENTÉRICO.
VISCOSIDADE: de todas as efusões, a que eu espero que seja mais viscosa é a
sinovial; de maneira que a peritoneal, a do pericárdico e o pleural normalmente não são tão
viscosos. Degenerações a nível de sinovial fazem com que ele fique aumente o líquido e fique
mais viscoso. Aumento de viscosidade = INFLAMAÇÃO. Normalmente, tem fibrina no material.

 Bioquímica
PROTEÍNAS: não importa o tipo, mas sim se tem, posso fazer por refratometria, onde
meço também a densidade.
CITOMETRIA: conto quantas células tem, posso utilizar o aparelho de hemograma
(tenho que ter cuidado com líquidos que coagulam porque posso entupir o equipamento), posso
fazer na câmera de new bauer, sendo que não há diluição, preencho a câmera com o líquido. Na
câmera de new bauer, tenho que contar todos os quadrantes e fazer a diferenciação no
microscópico. No entanto, ao final multiplico o número de hemácias e leucócitos por 1,1.
Esse é o resultado de citometria.
CITOLOGIA: depois, centrifugo a amostra, pego o sedimento, coloco uma gota na
lamina, espalho na lamina, espero secar, coro pelo panótico e olho sob microscopia de imersão,
Diferencio o leucócito.
CLASSIFICAÇÃO: pode ser: TRANSUDATO SIMPLES; TRANSUDATO MODIFICADO;
ou EXUDATO. Tem a ver com: número de células, densidade e proteína, posteriormente
incluo a citologia e vejo as causas. TRANSUDATO SIMPLES: LÍMPIDO, INCOLOR,
ligeiramente TURVO, não tem muita célula, DENSIDADE NÃO É MUITO ALTA, NÃO TEM
MUITA PROTEÍNA. Para classifica-lo, os parâmetros têm que estar dentro da tabela para baixo,
sendo que todos o parâmetro tem que estar no máximo isso, de maneira que um parâmetro
acima disso é classificado como TRANSUDATO MODIFICADO. Causas transudato
simples: população de célula monótona, pode ter uma célula mesotelial (serosa visceral),
célula certinha, porque a causa principal é HIPOALBUMINEMIA, HIPOPROTEINEMIA.
TRANSUDATO MODIFICADO: CLARO ou DISCRETAMENTE TURVO, podendo ir de
SANGUINOLENTO A ÂMBAR, causas: padrão diferenciado, tem mais células, padrão
diferente, assim pode ser um CASO AVANÇADO DE HIPOALBUMINEMIA, CIRROSE, IC e
ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS em geral. EXSUDATO: TURVO ou SANGUINOLENTO.
Basta um parâmetro encaixar no exsudato para que a efusão seja assim classificada, sendo que
esse parâmetro não pode ser proteína, pode ser densidade ou citometria, causas: por ser
turvo, tem muitas células, logo tem muito neutrófilo, muito linfócito, macrófago, padrão de
células mais agressivo, sendo que diferente dos dois anteriores, tenho que diferenciar entre:
Isadora Pires Ferreira dos Santos
SÉPTICO onde há presença de BACTERIA ou NEUTRÓFILO DEGENERADO, veremos em
INFLAMAÇÕES (vírus, bactérias, fungos, protozoários) e NECROSE; NÃO SEPTICO: CORPO
ESTENHO ESTÉRIL, TRAUMA e RUPTURAS, ocorre em caso de esquecimento de agulha ou
pinça, dentro da cavidade abdominal, de maneira que esta não pode ser alça intestinal, não será
classificada aqui porque tem muita bactérias, mas pode ser causada por ruptura de órgãos
sépticos.
Isadora Pires Ferreira dos Santos
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE PÂNCREAS
No cão é bilobulado. Utilizamos para avaliar TGI, ou seja, faremos este exame quando
a sintomatologia clínica tem a ver com TGI.
Ademais o PANCREAS tem a PORÇÃO EXÓCRINA e ENDÓCRINA, de maneira que
algo que lesa uma porção, acaba lesando a outra. Na porção EXÓCRINA temos amilase, lipase,
trispsinogênio (digere proteínas). Quando quero avaliar PANCREATITE EXÓCRINA o mais
simples é dosar amilase e lipase no sangue, porque fisiologicamente o Pâncreas produz essas
enzimas e as joga no sangue. Quando a célula acinar pancreática tem lesão libera enzimas
no sangue. Quando quero falar de pancreatite o mais simples seria disse amilase e lipase no
sangue. AMILASE: 1/2 de horas. LIPASE: 1/2 de DIAS. Ao dosar as duas: 2 AUMENTADAS =
AGUDA. LIPASE = PANCREATITE CRÔNICA.

Pancreatite: animal tem diarreia.

Problema é que temos uma quantidade normal circulando, outros órgãos produzem
amilase. Para saírem ambas dependem do rim, se tem diminuição da taxa de filtração glomerular
filtra menos, sobem até 3x o VALOR DE NORMALIDADE.

Sempre que tiver azotemia amilase e lipase sobem no sangue.

Por isso que tem gente que fala que ambas não são boa pra especificidade de pâncreas.
Logo sempre dosar junto ureia e creatinina.

LIPASE: para cão e gato, tem o kit LIPASE IMUNO-ESPECIFICA CANINA ou FELINA que
da 2 resultados: anormal (Diz que tem não fala se é aguda ou crônica) ou normal (normal não
tem pancreatite).

ANORMAL = pancreatite. SUBIU AS DUAS = AGUDA. Aumento da lipase = CRONICA

TRIPSINOGENIO: TLI: teste caro e tem uma dosagem que o valor de normalidade varia
de 2.5 - 5.8. Diagnostica INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA, então quando comparo
com a normalidade, estará abaixo da normalidade (não produz tripsinogenio) = valor menor do
que da normalidade.

ENDOCRINO: produz insulina, glucagon. Afetam glicose no sangue, quando abaixa muito
libera glucagon pra fazer a glicose aumentar, atuação da insulina para jogar dentro da célula.
Quando aumenta muito pensamos em INSUFICIÊNCIA PANCREARICA ENDOCRINA QUANDO
VEMOS DIABETTIS MELLITUS. Mas quando temos HIPERGLICEMIA que pode ser persistente
ou transitória (acontece por estresse, medicação). Então para diagnosticar diabetes com 4 dias
de glicemia, albumina e hemoglobina sobre GLICOZILACAO. A albumina glicada se chama
FRUTOSAMINA e a hemoglobina chama HEMOGLOBINA GLICADA. Fazemos com EDTA.

DIABETES: hiperglicemia com aumento de frutosamina ou hemoglobina glicada.

A hemoglobina glicada e frutosamina serve para monitoramento procurando glicolizacao


é pra sempre, sendo que a meia vida da albumina é de 1-2 semanas .

PÂNCREAS: lipase e amilase são parâmetros para avaliação de doença pancreática ou


seja, o que a lipase e amilase aumentaram é por causa de doença pancreática (se tivesse
azotemia, poderia aumentar até 3x), LISPEC anormal diz que tem PANCREATITE LIPASE:
Isadora Pires Ferreira dos Santos
HIPEELIPASEMIA; AMILASE sem hiperamilasemi. Logo somente LIPASE Aumentada é algo de
CRÔNICO.

TLI: diz se tem IP exocrina, se está abaixo tem IP porque não produz tripsinogenio,
abaixando. DOENÇA PANCREÁTICA COM PANCREATITE CRÔNICA E IP EXOCRINA.

Pâncreas endocrino: primeiro sinal é glicose, sendo que ela está alta em um animal que
não está comendo, então é a glicemia em jejum. Não da pra fazer frutosamina porque a albumina
está baixa, não faz hiperalfrutosaminemia, poderia fazer hemoglobina glicada para confirmar que
a hiperglicemia é de diabetes mellitus.

DIABETES MELLITUSpode ser NÃO CETO-ACIDOTICO, CETOTICOou


CETOADICOTICO. Exame de urina tem CETONURIA, sendo que associada a glicosuria diz que
temos CETOSE. A acidose da Dr é porque diminui bicarbonato, porque DRC perde capacidade
de reter o bicarbonado. Paciente com cetose por baixa de bicarbonato = rena; redução de
bicarbonato com aumento de cloreto= DM. Logo tem acidose por perda de bicarbonato e
aumento de cloreto. Ou seja DIBETES MELLITUS POR CETOACIDOSE. Se é Diabético e na
urina não tem certonas = não certo-acidótico.

ACIDOSE METABÓLICA RENAL (bicarbonato abaixou)

Colestase pós hepática (pâncreas está pior que o fígado)

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