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É uma das ciências sociais que se ocupa especificamente de uma modalidade de factos
sociais – os factos políticos – que são aqueles que se relacionam, direta ou indiretamente, com
o acesso, a titularidade, o exercício e o controlo do poder político (definição de Marcelo
Rebelo de Sousa).
Objetos da CP:
O poder;
O político e o poder;
A sociedade de fins gerais onde o poder político existe para organizar a sociedade. Há
uma ligação entre o poder político e o contrato social que existe numa determinada sociedade
e que funcionará melhor quanto mais a comunidade o respeitar;
A legitimidade e a legitimação.
Aristóteles questionava-se acerca de “o que é o poder? Para que serve? Está ou não limitado?”
O poder político é a comunidade de pessoas que vive num determinado local com
determinados interesses (diferentes). Tendo em conta que há muitos interesses e pessoas e os
recursos são escassos, nem sempre é possível satisfazer as necessidades de todos. Chega-se a
um consenso (validado pela maioria) e é daí que surgem as leis.
O Estado tem como finalidade a segurança, o bem-estar e o respeito pelos direitos das
pessoas. O acesso aos cargos políticos é feito através de eleições.
CONCEITOS
Titularidade: título;
Hitler, apesar de ter sido designado de forma legítima, exercitou o seu poder de forma
ilegítima.
Carismática: carisma;
Há vários tipos de comunidades políticas, mas nem todas podem ser Estado.
5 características do Estado:
Complexidade;
Autonomia;
Coercibilidade;
Institucionalização;
Sedentariedade.
Tipicamente nacional;
Tendencialmente laico.
Perspetiva nacionalista: quais são os fins que as pessoas têm e o que fazem para os
obter?
Antiguidade clássica;
Idade média;
Pensamento moderno (iluminismo; Marx);
Na Grécia nasceu a reflexão política, e em Roma nasceu o Direito.
As pólis são cidades muito estudadas, com características territoriais específicas, uma
organização política própria e democracia grega.
Antiguidade Clássica
Péricles;
Platão;
Aristóteles;
Cícero; Políbio.
Platão
(429 a 347 a.C.) – As Primeiras Ideias Comunistas
Foi discípulo de Sócrates. Devido ao julgamento e morte deste, passou a desprezar Atenas e
depositou o seu voto de simpatia em Esparta. Fundou a Academia, a mais célebre universidade
do mundo antigo, onde expôs o seu pensamento como filósofo.
Foi um idealista, tendo idealizado um projeto de sociedade: ideal, mais justa e mais racional,
baseada na justiça e no interesse geral.
Define política como a arte de conduzir rebanhos, sendo uma arte superior no sentido em
que é prática. O governo deve ser feito com consentimento dos homens, baseado na
persuasão, no governo segundo a razão.
A justiça é um valor que consiste em dar a cada um o que é seu, em cada um fazer o que lhe
compete sem se intrometer na esfera alheia. Uma sociedade justa é uma sociedade
organizada.
Na sua conceção de cidade ideal, Platão vê três classes: Magistrados – aqueles que
governam, segundo a razão/sabedoria; Guardas – zelam pela segurança da cidade;
Trabalhadores – sustento material da cidade. Entre estas classes deve haver divisão de tarefas
e equilíbrio de funções, limitando-se cada uma à sua esfera de atuação. A pertença a cada
classe é determinada pelo Estado.
Há uma eliminação da propriedade privada dos guardas, com o objetivo de garantir a
dedicação absoluta à causa comum e eliminar o egoísmo. São igualmente privados da sua
família. A sua vivência é feita em comum.
Só os magistrados podem ter propriedade privada e são passíveis de construir família, para
poderem fazer perpetuar o seu legado de sabedoria. A educação deve ser aberta a homens e a
mulheres, sendo importante para preparar guerreiros e magistrados.
A democracia é uma forma de governo pouco apreciada por Platão, sendo a tirania a pior
forma. A melhor forma de governo é a sofiocracia.
Reconhece que o seu ideal é impossível de alcançar, aceitando que um regime misto será a
melhor opção. Defendia a existência de evolução das formas de Estado, que estas no são
imutáveis, que evoluem e se transformam de acordo com as circunstâncias. As formas de
governo sucedem-se
Críticas: Platão apoiava uma política extremamente utópica e idealista. Para além disso,
defendia um Estado violento e repressivo, sem limites ao exercício do poder.
Aristóteles
(384 a 322 a.C.) – A Primeira Defesa da Sociedade Pluralista
Discípulo de Platão, diferente deste nas suas ideologias. Fundou o Liceu, a sua própria
universidade. Foi, ainda, pai da Ciência Política. Defendeu a visão do Homem como animal
político, dizendo que o Homem tem uma tendência natural para a vida em sociedade. Era,
portanto, um naturalista.
Defendeu um Estado que regula tanto domínios públicos como privados. A vida familiar, a
moral, a religião, a educações dos filhos eram, para ele, assuntos de Estado. A política está ao
serviço da moral: as leis devem conduzir à virtude do bom cidadão e do Homem de bem. O
Estado não é apenas um fenómeno político ou jurídico: é ético, moral e religioso.
A comunidade devia procurar um bem supremo e o Homem era uma soma de virtudes, que
procurava a felicidade. Para que os Homens fossem bons, o governo e as leis do país eram
orientadas para a construção do bem. Aristóteles defendia uma sociedade pluralista – a cidade
é composta por uma multidão de Homens, todos eles diferentes.
Foi um defensor do bom senso, do equilíbrio, da moderação, da virtude. O ideal era o bom
cidadão, justo, virtuoso, orientado para a felicidade por um Estado ético e tutelar.
Dividiu a sociedade entre: muito ricos, de condição intermédia e muito pobres. Defendeu
uma sociedade liderada pela classe média, uma vez que ela se estabelece enquanto ponto de
equilíbrio entre os interesses egoístas da primeira classe e a rebeldia da terceira
Defendeu o primado da lei sobre a vontade dos homens, pois organiza melhor a sociedade e
garante a defesa da justiça. Preconiza a separação de poderes em três: um que delibera, um
que respeita e um que julga.
Valorizou a virtude da Justiça, que relaciona com a ideia de igualdade (existem dois tipos de
igualdade: igualdade aritmética – todos têm o mesmo; igualdade proporcional – o que é igual é
tratado de forma igual, o que é diferente é tratado de forma diferente).
Contribuiu com uma classificação tripartida das formas de governo, em que se cruzam
critérios quantitativos e critérios qualitativos. Divide estas formas entre puras e degeneradas,
opondo: Monarquia – governo de um no interesse comum – VS Tirania – governo de um com
satisfação de interesses pessoais; Aristocracia – governo de alguns para o bem geral – VS
Oligarquia – governo de alguns egoística; República – governo de todos com base no interesse
da comunidade – VS Democracia – governo de todos para o bem particular.
Vem defender, como Platão, uma sucessão cíclica das formas de governo: o ciclo não começa
ótimo, a sua evolução não é linear e o encerramento do ciclo coincide com o ponto ótimo. Eis
a ordem: monarquia, aristocracia, oligarquia, tirania, democracia e república mista.
Críticas: Não descobre a liberdade individual, os direitos do homem frente ao Estado, nem o
valor absoluto da pessoa humana.
Cícero
(106 a. C – 43 a. C) – Defesa do Direito Natural e Crítica à Tirania
A participação na vida política é um dever nobre de cada cidadão. É natural que assim seja. O
bom Homem deve procurar a virtude e aplicá-la ao governo da cidade.
Apresentou uma nova teoria das formas de governo, que se dividiam em: monarquia – poder
para uma pessoa; aristocracia – algumas pessoas escolhidas governam; democracia – governo
pela totalidade do povo. Nenhuma destas formas era vantajosa, pois o Homem corrompia o
ideal de cada uma. Defendeu um regime misto, que reunisse as três formas (monarquia para
afirmação do poder; aristocracia para lucidez e conhecimento; democracia como princípio
popular para que haja liberdade e justiça para o povo) e em que o poder estivesse distribuído
pelos estratos sociais, havendo representantes das diferentes classes.
Para Cícero, o Direito Natural caracteriza-se pela existência de uma ordem natural criada por
Deus, que pode ser descoberta pela razão humana. Dela resulta um Direito Natural, que impõe
direitos e deveres aos Homens, sendo os seus imperativos universais, eternos e invariáveis. O
Estado não pode alterar essa lei, nem dispensar ninguém da sua obediência. Existem,
portanto, pressupostos de dignidade humana e de igualdade de direitos, que pertencem a
todos os seres humanos e por todos devem ser respeitados.
Políbio (203 a. C – 146 a. C)
Foi um pensador político oriental que presenciou o regime misto. Em Roma, havia o
Magistrado, o Governo de alguns (Assembleia) e os órgãos (tribunais), todos precisam uns dos
outros. Voltado para a prática, para as questões concretas do Governo, e discípulo de
Confúcio.
Santo Agostinho
(354– 430)
Nasceu no Norte de África (filho de pai pagão e mãe cristã), e foi padre e bispo. Foi o autor
de “A cidade de Deus” e era um naturalista.
Havia duas cidades: a cidade de Deus (civitas dei), onde o ser humano era feliz e encontrava
a realização da alma, e a cidade terrena (diavoli), comparada, de acordo com alguns autores,
ao Estado; só se alcançava a plenitude na civitas dei.
Assim, surge o Agostinianismo político (ou doutrina da supremacia da Igreja sob o Estado);
Santo Agostinho é criticado pela sua conceção pessimista, repressiva do Estado, e pela
contemporização da escravatura.
Este autor tem uma conceção mais otimista da natureza humana, pois viveu numa altura
menos complicada e achava que o homem tinha muito de bom e positivo: as pessoas podem
melhorar, ter vidas boas. Não concebe o Estado de forma tão repressiva, e era um naturalista
(o homem é naturalmente um ser político). O homem precisa de um estado que realize as
necessidades naturais e espirituais.
O Estado existe porque as pessoas querem que ele exista – a vontade das pessoas que são
governadas é importante –, e aqui está presente a ideia do consentimento dos governados. O
Estado existe para realizar o bem-comum e não deve absorver as pessoas: existem as pessoas
e o Estado, e são duas esferas diferentes – o Estado não existe para absorver o indivíduo.
A pessoa existe, tem uma existência própria e contrapõe-se ao Estado; o poder vem de Deus,
mas ele não governa diretamente a comunidade política, mas pelas “causas seguras” – grandes
leis do universo. As coisas acontecem de acordo com essas leis.
Uma lei é uma organização racional com a finalidade de conseguir o bem comum, uma
ordenação racional feita por quem governa.
O poder tem origem divina, mas o povo escolhe os governantes (ideia de soberania popular).
Aqui estamos nos primórdios da origem popular do poder – mais tarde, chamar-se-ia a
soberania popular.
A tirania é um governo muito negativo: a pior das formas de governo – assenta não no bem
comum, mas nos interesses pessoais do tirano. O autor admite que, se o tirano não for
demasiado cruel, possa ser prudente tolerá-lo. Ainda assim, admite a possibilidade de
desobediência ao poder se o rei contrariar de forma grave os seus poderes perante a Igreja.
Exige a separação entre o poder espiritual (cuidar das almas) e o poder temporal. Ao Estado,
o que diz respeito à vida terrena; à Igreja, o que diz respeito à salvação da alma. No que diz
respeito ao espírito, deve prevalecer o poder espiritual e no que diz respeito à vida terrena
deve prevalecer o poder temporal.
Há mais riqueza na Idade Média para além destes autores (Teorias contratualistas), porém,
estes são os principais.
Maquiavel
(1469-1527)
Maquiavel nasceu em Florença, onde havia lutas entre as várias cidades onde ele podia
retirar informações. Escreveu várias obras e ocupou altos cargos, mas a principal foi “O
Príncipe”, obra escrita para um príncipe, cujo objetivo era aconselhar o príncipe acerca do
poder: como o atingir, como o conservar.
Afirmava que “É preferível ao príncipe ser amado a ser temido, mas se tiver de ser temido
para manter o poder, que seja temido” e que “os fins justificam os meios” (pode ser necessário
ganhar o respeito dos súbditos caso o ser amado não consiga fazer com que ele se mantenha
no poder). Defendia também a amoralidade de Estado: não podemos julgar os governantes
com os critérios que avaliamos as pessoas, tudo o que for necessário para manter o poder é
aceitável.
Num outro livro, “Os Discorsi”, apresenta uma visão mais moderada, onde analisa a república
e o seu bom funcionamento, defende a liberdade na república, e surgem teorias políticas
baseadas nestes discursos, as correntes republicanistas.
Maquiavel foi o primeiro autor a utilizar a palavra “Estado” no sentido em que conhecemos,
assim como foi um dos pais da CP. Ele analisa a política tal como ela é – não quer saber como
deve ser –, e deu um contributo muito importante para a análise dos factos políticos. Para
conseguir esta informação, ele observa e analisa a História.
Reforçou a ideia do Estado e do seu poder, simplificando as tipologias das formas políticas
com base na eficiência: quem governa – ou um só (monarquia) – ou alguns (vários –
aristocracia; ou muitos, todos – democracia).
É na República que se realizam as liberdades, mas há casos em que não funciona: É melhor,
quando se cria um Estado, uma monarquia; “A República sempre que possível, a monarquia
sempre que necessário).
Francisco Suárez
(1548-1617)
Nasceu em Granada, mas esteve muito tempo em Portugal e morreu em lisboa. Foi um
jesuíta, filósofo, teólogo, professor, e deu aulas em Coimbra.
Reforça do poder do rei e a afirmação do seu poder face aos outros poderes.
Jean Bodin
(1548-1617)
Nasceu em França e foi professor, advogado, conselheiro político. Escreveu os “seis livros da
república”: a república é a comunidade política, o Estado.
Deve existir um governo, que visa atingir a justiça, o direito natural, subordinado à moral, à
justiça ou ao direito, e condena veementemente a tirania. Fala-se num poder absoluto e
perpétuo da república – a soberania, ou seja, a possibilidade de impor alguma coisa a alguém.
A soberania é una e indivisível, própria e não delegada (pertence ao governante por direito
próprio – o governante não pode ser afastado, o povo. É o poder supremo da ordem interna (o
governante não partilha o seu poder com mais ninguém) e independente na ordem
internacional – o poder político é independente, o Estado não tem de prestar contas);
O poder tem sempre de respeitar o Direito, está limitado, por exemplo, pelo Direito
Internacional, limitado pelo direito nacional e pela ideia de justiça, e deve aceitar o pluralismo
que existe na sociedade. Esta é uma teoria do reforço do poder, não está aqui presente a ideia
de separação dos poderes.
Thomas Hobbes
(1588-1679)
Nasceu no Reino Unido e foi um filósofo, teórico político e matemático. Foi um dos autores
do contratualismo, mas não um iluminista (não há as ideias da limitação do poder). Defende
um Estado forte: para ele, o Estado é o “Leviathan”.
Assistiu à revolução inglesa, marcada por tumultos, guerras religiosas, e defende a ideia da
preservação da vida: a comunidade política deve permitir às pessoas manterem-se vivas, em
segurança e paz.
Para isto, é preciso haver um estado forte, garante da paz e segurança para evitar a guerra
civil e anarquia. Percebendo que não podem estar entregues a si mesmas, as pessoas unem-se
e criam um Estado. Assim, a evolução apresenta-se desta forma:
- 1º Estado natureza: não existe poder político nem Estado – existe um constante estado de
guerra de todos contra todos; não é necessariamente uma hipótese meramente académica –
um país em guerra civil está no estado natureza.
- 2ª Estado natureza: as pessoas não podem continuar a viver nessa situação, e criam o
Estado através de um contrato. Renunciam a parte da sua liberdade e entregam a esta
entidade que criaram o poder de fazer as regras e de as fazer cumprir. Este é um contrato feito
pelos súbitos consentido livremente – um ato através do qual as pessoas entregam o poder ao
soberano e ficam sem ele. As pessoas alienam o poder em favor do soberano.
O soberano deve obediência dos súbditos, mas não pode ser punido. A soberania é absoluta
e os poderes não estão divididos. Há um poder forte, autoritário.
A origem do poder é o povo, pelo que o autor é defensor da origem popular do poder. O seu
pensamento permite desenvolver Estados repressivos e autoritários: rejeita a separação do
poder.
Foi um inglês que procurava a razão (por exemplo, o direito natural é algo a que as pessoas
chegam através da razão humana). O seu pensamento era preocupado com os direitos e a
limitação do poder. Viveu no final das revoluções inglesas, numa altura de paz (especialmente
paz religiosa), e era um otimista antropólogo liberal e contratualista.
Ninguém aliena o poder a favor de governantes – o poder permanece no povo e o direito das
pessoas não lhes pode ser retirado. Limitação do poder, contratualismo, divisão dos poderes. A
origem do estado é contratual – pressupõe uma vontade, um consentimento. As pessoas são
livres e iguais, têm direito de propriedade e governam-se de acordo com as leis naturais.
Não havia tribunais – quando as pessoas tinham de resolver um problema, as pessoas tinham
de fazer justiça pelas próprias mãos. Assim, é preciso haver uma autoridade que administre
justiça, para garantir que os direitos são respeitados.
No Estado sociedade, a passagem faz-se através de um contrato, mas as pessoas não alienam
o poder; atribuem ao governante a possibilidade de governar, transferem-lhe poderes, mas
não é definitivo, mas uma delegação.
Os limites do poder político são os direitos individuais dos cidadãos (a vida, a propriedade, a
liberdade, a saúde) e a divisão de poderes (articulação entre órgãos com diferentes poderes):
poder legislativo para fazer a lei; poder executivo para as aplicar aos casos concretos e o poder
federativo, para estabelecer contactos com outros Estados.
Os poderes executivo e federativo caberiam ao rei e ao seu governo, num governo misto.
Para Locke, o poder legislativo é o mais importante, pois pode afetar as liberdades das
pessoas. No estado sociedade, as pessoas mantêm o seu poder e podem controlar as suas
liberdades. Se o Estado não cumpre o contrato social, as pessoas não têm de obedecer; se não
são cumpridas certas liberdades individuais, o parlamento pode recusar-se a aprovar certas
leis.
Montesquieu
(1689-1755)
Foi um jurista, magistrado em Bordéus, aristocrata, um francês admirador das revoluções
inglesas e da ideia de limitação do poder. Em “O espírito das leis”, tenta encontrar as leis que
organizam os povos.
Defende a monarquia limitada, mas contesta o absolutismo. O seu objetivo é elaborar uma
espécie de ciência das sociedades humanas, estudando o contexto em que as leis são feitas.
Em “Análise das formas políticas”, propõe uma tipologia política que contempla a monarquia
(governo de um), república (governo de vários, alguns ou todos) e despotismo (governo de um
apenas no interesse próprio, sem ter interesse no bem-comum). O poder está limitado pela
separação de poderes, pelo Direito e pelo respeito pelo pluralismo social (várias
comunidades). Prefere a monarquia.
Afirma que o poder absoluto se corrompe absolutamente, pelo que é importante limitar os
abuso: divide-se os poderes e ele limita-se uns aos outros; separa-se poderes e dá-se a órgãos
diferentes, de forma a todos se controlarem entre si e nenhum entrar na esfera de ação do
outro. Há o poder de “statuer” (estatuir), ou seja, fazer coisas, de “empêcher” (impedir), ou
seja, impedir, criar obstáculos.
Atualmente, esta conceção é muito criticada, mas na altura influenciou várias revoluções. O
artigo 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão consagra poderes diferentes
separados por órgãos diferentes que se controlam uns aos outros.
Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778)
A vontade geral surge quando um povo se reúne e faz um contrato social; os governantes são
obrigados a governar de acordo com o bem-comum, apurado através da vontade geral, ou
seja, a maioria – o que se entende que é o melhor para aquela comunidade. Se uma minoria
não se revê na decisão, como a maioria percebe o que é melhor, a minoria provavelmente está
a pensar de forma errada e é obrigada a seguir a regra da maioria.
O contrato é um ato de liberdade – através dele, criamos as condições para as nossas
liberdades serem respeitadas. É importante que as pessoas escolham a sua forma de poder,
pois só é legítimo o governo que é eleito pela vontade geral, não é hereditário;
NOTA: Critério da maioria: a minoria, ao não estar de acordo com a maioria, não está a
deixar-se guiar pela vontade geral, pelo que está errada, podendo ser-lhe imposta pela
vontade geral.
O poder legislativo é muito importante: a soberania é una e indivisível e não pode ser
fragmentada. O legislativo faz as leis necessárias à convivência entre os homens, mas não há
representação: quem a faz é o povo (o Governo é apenas o conjunto de funcionários que não
tem poder próprio e exerce as funções nos estritos termos em que lhe foram colocados – são
comissários).
A formação dos Estados Unidos está ligada às corrente constitucionalistas, criadas por Locke
e Rousseau. A Declaração de independência dos EUA foi em 1766. A nível da tributação, os
impostos cobrados a uma determinada comunidade devem ser aprovados por essa
comunidade, mas, nesta altura, as colónias não eram tidas em conta nessa tributação.
A Revolução francesa de 1789 também foi influenciada por estes autores, assim como pela
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Sieyès questionava-se acerca do que era o
terceiro estado. Criticava a forma como a representação era feita nas cortes; o voto não era
feito por cabeça, mas por classe social. Defendia que o voto tinha de ser feito por cabeça e não
por ordens – o povo estava representado nos estados gerais e em igual ao da nobreza e do
clero, e devia escolher os seus representantes
Burke escreveu “Reflexões sobre a revolução em frança” (1790), onde não põe em causa a
separação de poderes, mas propõe uma evolução que não assente nesta rutura. acentuando
os princípios da tradição, da ordem, etc., a ideia de uma razão que leva a uma rutura não ẽ tao
importante, e prefere a tradição e reforma do antigo. Foi um defensor do Estado mínimo, que
não interfere no plano económico e não intervém muito em matérias sociais.
No séc. XIX, estamos no séc. do liberalismo, com a abolição do absolutismo, defesa das
liberdades individuais, limitação do poder, generalização das repúblicas. As monarquias são
limitadas, e desenvolvem-se as constituições escritas. O sufrágio é alargado, e desenvolvem-se
os primeiros partidos políticos para intervenção na vida política.
Este socialismo assenta numa análise rigorosa da história, economia e sociologia (afasta-se
de outras correntes). É revolucionário, porque quer substituir o capitalismo liberal pelo
socialismo coletivista (opostos). O direito, a política, o estado, a religião e a cultura são
superestruturas – resultam da forma como em cada elemento estão organizadas as forças
económicas; refletem em cada momento a realidade económica existente.
O direito não estabelece limites ao poder, é aquilo que o poder económico entender que é.
As ideias mudam consoante a História muda, refletindo a realidade histórica. As ideias
evoluem em função da luta entre contrários (estamos sempre em evolução, o que faz avançar
a história – materialismo histórico).
Num primeiro momento, temos a ditadura do proletariado (fase da antítese). Num segundo,
com o comunismo (já não é necessário o Estado) – momento da liberdade;
A corrente socialista foi uma resposta à questão social, porém há outras vias que surgiram
mais ou menos na mesma época (finais do sec. XIX, início do sec. XX). Utilizaram-se as
chamadas “vias médias”:
Jaurès: afirmava que o Estado é neutro (mas a sua estrutura pode mudar através da
transformação, dos partidos que representam os trabalhadores e vão lutar pelos seus direitos.
Defende-se o sufrágio universal, legislação social, etc., e desenvolveu-se muito após a segunda
Guerra Mundial (Inglaterra criava SNS, ajudas, etc.).
Este modelo entra em crise nos anos 80, com o surgimento de ideologias neoliberais e uma
menor intervenção do Estado.
- Estado soviético e o Estado de tipo fascista : o sec. XX é marcado por ideias de tipo
não democráticas, como o Estado estalinista de tipo totalitário e o fascismo (italiano e
alemão).
Lenine tinha uma perspetiva imperialista (o imperialismo seria a última fase do capitalismo)
e, após isto, seria possível haver uma revolução socialista mundial. O capitalismo não
circunscrevia a Rússia, nem a revolução. Havia um sistema de partido único – para o sucesso
deste projeto, era necessária uma estrutura que permitisse obter o poder e mantê-lo: partido
de tipo único, assim como uma estrutura organizada e fortemente centralizada. Os órgãos do
partido são eleitos, a estrutura é hierarquizada.
Este não é um estado de tipo liberal nem de tipo marxista, é um Estado coletivista que visa
prosseguir os interesses de uma classe e não o interesse geral, centrado no partido único. Não
há liberdade eleitoral ou separação de poderes. No ponto de vista territorial, é um Estado de
grande dimensão, não apenas territorial, mas também estrutural. Política económica: passou a
admitir a propriedade privada, a economia de mercado e algum investimento estrangeiro.
Este Estado alcançou maior sucesso com Estaline, que tinha uma perspetiva diferente de
Marx e Lenine. O seu objetivo é construir o socialismo num só país, reforçando o Estado. O
Direito não serve para limitar o poder do Estado, serve para o reforçar. Estaline desenvolveu a
industrialização da URSS: com a coletivização da agricultura e o planeamento imperativo da
economia (planos quinquenais).
No seu regime totalitário, usava-se o poder e o terror, o controlo dos “media”, a ausência de
pluralismo, perseguições políticas, recurso à violência e ao terror. Em contraste com esta
perspetiva, desenvolvem-se os regimes fascistas.
No final do séc. XIX e inícios do séc. XX, surge a reação ao que era edificado como “ameaça
comunista” – surge o fascismo. Os fascistas temiam a ameaça comunista. Havia um chefe
forte, de tipo autoritário, respeitado por todos, que conduzia o Estado. São regimes totalitários
de extrema-Direita, antiliberais (anticomunismo e antiliberalismo). É uma estrutura onde o
poder se concentra, não há pluralismo partidário e há uma forte limitação das liberdades
individuais. Controla a política, economia e aspetos da vida privada
O Direito é um instrumento de poder – o próprio führer podia interpretar o que era o Direito.
Os tribunais não são independentes (devem obediência), e o fascismo italiano assenta no
conceito de Estado (o nazismo, pelo contrário, assenta sobretudo no racismo).
Com o fim da segunda guerra mundial, os regimes desapareceram, mas subsistiram alguns
regimes políticos na Europa de domínio fascista (como salazarismo).
O Estado é uma figura partilhada por várias áreas, um dos tipos possíveis de comunidade. É
definido através do povo que se estabelece num território para exercer o poder político
soberano em nome e no interesse de uma determinada comunidade.
- Teorias organicistas - o Estado não é uma ordem política. Há uma vontade de Estado que se
manifesta através de órgãos jurídicos, e o Estado é a entidade que vive e enquanto vive, pensa,
toma decisões e pode morrer, extinguir-se, deixar de existir.
Alguns autores vêm o estado como uma realidade, um facto, tentando perceber quem tem o
poder do estado e quem é que obedece.
KELSEN
O Estado é uma norma jurídica que abrange pessoas num determinado território
SMEND
• Não é a única comunidade politica mas é uma forma complexa de comunidade política
Define-se em 5 características:
Um aspeto que é estudado são os eventos que se projetam sobre a vida do Estados e dão lugar
ao surgimento/modificação e extinção do estado - vicissitudes do estado (acontecimento do
Estado)
Vicissitudes parciais: acontecimentos que acontecem no estado mas não implicam a sua
extinção - transformações no estado mas que não levam ao seu desaparecimento
Estas alterações não são alheias ao direito (normas), algumas vezes o direito regula-as
Correntes organicistas
O estado é uma entidade - é uma pessoa jurídica de tipo pessoa coletiva
• As pessoas coletivas têm órgãos [integrados por pessoas que podem ir mudando] que
permitem à pessoa coletiva tomar decisões e desenvolver normas
A pessoa coletiva Estado permanece, os seus órgãos permanecem, apesar das pessoas
mudarem - institucionalidade
Idade média
Estado moderno
Séc. XV a XVIII
O momento decisivo foi um conjunto de tratados de paz que pôs fim à Guerra dos Trinta anos
assinada em 1618 - movimento da criação internacional de estado soberanos
Estados nação e que se afirmam no plano internacional como estados soberanos - fazem
contratos entre si
Criou as condições para os reis reforçarem os seus poderes face ao imperador e ao papa-
importante para o desenvolvimento da soberania
Estado que para se afirmar precisou de reforçar o poder, afirmar o poder político imperial
O poder institucionaliza-se
O estado numa primeira fase é estamental (séc. XVI e XVII) [estamentos - classes sociais e
corporações sociais que ainda têm poder] (os estamentos são representados nas assembleias,
têm poderes)
O poder reforça-se com as corporações e os estamentos - conduz ao estado absoluto (séc. XVII
e XVIII) - máxima concentração de poder no rei
1.ª fase: monarquia de direito divino: a autoridade do rei vem por ele ter sido escolhido por
deus e governa com a graça divina
2.ª fase: despotismo esclarecido: a fundamentação do poder é a razão, o rei governa porque
ele tem o conhecimento mais iluminado para saber o que é o bem para a comunidade -
legitimidade do poder de tipo razão
Estado de direito
Estado contemporâneo
1.ª fase: séc. XIX- estado liberal do ponto de vista económico e político
O estado não deve intervir na sociedade e o valor que é acentuado é a liberdade. As pessoas
são tão mais livres quanto menor a intervenção do estado
Separação de poderes mais complexa: o estado tem mais funções sociais e por isso tem mais
instrumentos. Os governos têm faculdades normativas: podem fazer normas jurídicas; é
preciso implementar todas as normas jurídicas e sociais
ECRD
DF passam a ser invocados contra o Estado e contra particulares – direitos das pessoas contra
o Estado; expansão dos direitos.
No sec. XX, este não foi o único modelo de estado – também havia u, m, baseado na ideia de
legitimidade democrática (implica que as pessoas participem no poder) – surgiram modelos de
estado autocráticos (estado fascista e soviético).
Diferentes tipos de estado nos seus pressupostos. Em vez de limitar o poder, a Constituição
favorecia-o.
Estado marxista-leninista:
Revolução russa, china, coreia do Norte, cuba; estes sistemas foram-se reconfigurando,
aproximando-se dos Estados Sociais de Direito.
O Estado fascista foi criado em Itália, em 1922, e na Alemanha, em 1933, com o estado
nacional-socialista – foram extintos com o fim da primeira guerra mundial.
Com o fim da guerra mundial, queda do muro de Berlim, estes estados foram-se
transformando e caindo.
Atualmente, o Estado…
Discutiu-se muito tempo a hipótese de o Estado estar em crise; o Estado social, como tipo de
Estado, também. Esta teoria foi alvo de muitas críticas, mas ela tem alguma razão.
O Estado, como o conhecemos, continua a ser uma unidade política muito importante,
continua a fazer sentido. Está diferente de há umas décadas, e o seu papel mudou (ex.:
globalização, grandes empresas internacionais, reforço da comunidade internacional –
inclusive de ONGs – o desenvolvimento tecnológico, o surgimento de problemas
transfronteiriços – migrações, alterações climáticas), questões que não se resolvem só com um
estado.
Para alguns autores, isto mostra que o Estado está em declínio (como a conceção mundialista,
que diz que estas questões só podem ser resolvidas em organizações que englobem vários
estados).
Outros defendem que o Estado apenas mudou, transformou-se: o que faz mais sentido é ver
que poderes o estado tem, como os exerce, dizendo que vamos identificar perdas, mas
também há ganhos, pois ganharam competências que não tinham (matéria ambiental ou de
migrações), o estado pode influenciar políticas e usufruir delas (ex.: princípio da não ???). Os
estados podem ter perdido a capacidade de fazerem algumas coisas, mas ganharam a
capacidade de terem poderes económicos e políticos noutras áreas.
O Estado social tem muitos apoios que concede e pode defrontar-se com carências
económicas (ex – impacto doo envelhecimento das populações, é preciso mais estrutura para
apoiar essas situações, mas é necessário meios e recursos). Para alguns autores, a solução é
diminuir os apoios e, p outros, reforçar a cooperação: um Estado que desempenha as suas
funções de acordo com as questões sociais – é um estado participativo – democracia
participativa.
Para alguns autores, estamos num Estado pós-social: ex. Vasco pereira da silva, num novo
modelo de Estado:
O povo e o poder político são, de alguma forma, o Estado. O território é mais instrumental. O
Estado é uma comunidade de pessoas.
Vários tipos de cidadania: cidadania verde, cidadania como participação na vida social e
política, etc.
Um Estado pode ser multinacional, mas ter vários cidadãos distribuídos por outras nações.
O povo é o titular e destinatário do poder. É o povo que faz o direito do Estado, mas também
exerce o p político – é simultaneamente governante e governado.
O povo era determinado, na Alemanha, pela sua raça. Também há conceções históricas.. NO
fascismo italiano, o povo dilui-se no estado (o mais i é o todo). Em Portugal, temos apenas um
conceito jurídico-político.
Há muitos estados multinacionais, e nações repartidas entre vários Estados; isto é ligado à
forma como o país surgiu. Atualmente, devido aos movimentos migratórios, assistimos a uma
diversificação da população que migra (pessoas que vêm de culturas diferentes, que coexistem
no estado e até adquirem a sua cidadania) – a realidade multicultural do Estado.
Princípio da apatridia: por ser uma situação indesejável, o direito internacional diz que
os Estados devem proteger os apátridas.
Cidadãos que adquirem a cidadania derivada podem votar, mas só nas autárquicas.
Cidadanias transacionais (as pessoas movem-se, vivem num estado diferente do que são
cidadãos)
A cidadania europeia não é uma cidadania originária – é uma cidadania de segundo grau
(concedida a quem tiver a cidadania de um Estado da UE – liberdade de circulação no espaço
europeu; é um alargamento de Direitos, mas, para alguns autores, é uma cidadania na
infância, pois implica direitos, mas não tem deveres)
A cidadania europeia tem um elemento que associa a UE a um estado: o facto de os cidadãos
serem europeus – elemento federalizante. Não está associada a deveres e direitos.
Se a pessoa é cidadã de dois estados, cumpre os deveres de quê? Há tratados e normas para
resolver estes impasses.
TERRITÓRIO DO EESTADO
Para o Estado, o território é uma espécie de propriedade do Estado. Para outros, o Estado não
tem a propriedade, mas a possibilidade de afetar os recursos, os bens e as pessoas de um
território – poder indivisível e inalienável.
O Estado controla as fronteiras. Apesar disto, o Estado não o pode fazer sem limites: a
proteção da família e da vida familiar limita estes poderes do Estado. O Estado pode estar
impedido de expulsar um estrangeiro que cometeu um crime se esse estrangeiro tiver um filho
português, pois não pode separar a família.
É preciso tomar em conta a mobilidade das pessoas. Nem toda a gente faz a sua vida num só
sítio.
Papel da opinião pública nacional e sociedade civil nacional. É necessário estudar o papel das
empresas transnacionais, como é que a UE pode regular, p e, as redes sociais? Como utilizar
nessas plataformas a mesma estrutura que se utiliza no Estado?
A soberania é a mesma coisa de poder político. Ela não é hoje vista como Jean Bodin a
concedeu: manifesta-se internamente (o Estado é a autoridade máxima) e na ordem
internacional.
Mesmo que um Estado seja soberano, tem a partilha das tarefas dividida por outras entidades
(que não são soberanas). Arquipélagos: unidades territoriais, poder político, capacidade de
fazer lei, etc., mas não são entidades soberanas
Dar poderes a outras unidades (resposta é necessidades do dia a dia das populações;
concretizam as leis para a sua realidade local) (podem fazer normas em alguns casos, mas
executam, não tomam as decisões políticas fundamentais)
Estabelecer relações com outros Estados. O estado já não tem o ius belli (o uso da força está
limitado) – direito de legitima defesa, «
Confederações
Estados neutralizados
Funções do Estado;
Fins do Estado – cada Estado existe para cumprir determinados fins (encontramos o
fim do Estado na Constituição);
O prof. JorM define, interpreta e escolhe os meios a adotar para atingir os fins do Estado. Esta
função tem bastante liberdade (é preciso interpretar, etc.). São autonomizadas duas funções:
Afastamo-nos de Montesquieu; Carl Loewenstein também fez uma teoria das funções
do Estado:
o Decisão política fundamental que é tomada, que depois é executada (pelo legislador,
tribunais, administração) e a função de fiscalização e de controlo (quando o PR veta uma lei,
está a fiscalizá-la). Se, num estado federado, for editada uma norma contrária à constituição
do Estado federal, ele pode não a aceitar (controlos verticais). No nosso sistema de governo,
não conseguimos interpretar tudo à função da luz das funções clássicas.
Função legislativa
O Estado é uma pessoa coletiva, uma unidade coletiva capaz de estabelecer relações jurídicas
com outras entidades do ponto de vista interno e no plano internacional.
Carga ou mandato (mandato utiliza-se quando se trata de um órgão eletivo); é a função que o
titular do órgão desempenha, A CRP regula os órgãos do estado (art.º 110 e seguintes, 119)
Órgãos singulares (1 titular) e órgãos colegiais (mais do que um): diz respeito aos titulares. Na
altura de tomar uma decisão nos órgãos colegiais, há regras sobre como o fazer. Vamos
trabalhar essencialmente com órgãos políticos e a maior parte das suas regras está na
constituição.
Maioria absoluta
Forma de designação dos titulares dos órgãos do poder político do Estado (quem tem
legitimidade de título num determinado momento:
Rotação
Cooptação (forma de escolha de titulares onde pessoas escolhem quem vai integrar o
órgão com eles) ex.: tribunal constitucional
4. Formas de Estado
a Que órgãos tem o poder e como se relacionam entre si?
-> simples ou unitários (um centro principal de decisão política, uma constituição), tudo se
passa dentro do Estado
Nos estatutos jurídico-administrativos está escrito o que cada região autónoma tem como
poder. Este estatuto é aprovado pela assembleia da república.
O governo federal tem tarefas que dizem respeito a todo o território, como a defesa,
comercio, etc. os estados federais funcionam com as preferências locais (educação,
transportes). verifica-se umar repartição das competências. Federalismos de tipo horizontal,
onde há decisões do estado federal e dos estados federados (ex.: US); tipo cooperativo (ex.:
alemão), que mistura competências entre níveis.
Uniões reais: estados compostos diferentes dos estados federais, menos complexas. Não se
cria uma estrutura estadual própria; há alguns órgãos dos estados-membros que são postos
em comum (normalmente, o chefe de estado). Cada um dos estados tem órgãos próprios. É
como se estivesse um passo abaixo das federações.
União real =/= união pessoal (por via das leis a pessoa designada para ocupar o cargo num
lugar e noutro é a mesma, ex.: hereditariedade).
Isto aconteceu em Portugal entre 1815 e 1822, assim como o que acontece na Commonwealth
(para alguns autores)
Porque adotar?
Maior democracia e maior eficiência. N fundo, estes esquemas funcionam como formas de
separação de poderes, não entre órgãos do estado mas entre unidades territoriais. Permite
uma limitação de poder (as regiões podem controlar decisões centrais, os estados federais
podem intervir e vice-versa), numa lógica de controlo de poderes. Há fatores de cariz político e
social que fazem os estados decidir adotar uma destas formas.
5. Associações de Estados
Os Estados podem, também, associar-se a outros estados – nas associações de Estado. São
formas políticas resultantes de tratados, como contratos que os estados fazem entre eles.
Dentro destas associações de estados, temos as confederações – menos intensidade, com
laços que se estabelecem entre estados. Historicamente, é uma união que ou desaparece ou
avança para um novo Estado (é uma figura transitória que leva a um destes dois caminhos).
Constitui-se por tratados que criam uma identidade com órgãos e competências próprias em
matérias internacionais (normalmente). Não surge daqui um novo estado, mas uma aliança de
estados que permanecem soberanos.
matérias em que a união passa a ter competências, os estados deixam de ser aas únicas
entidades competentes nessas matérias.
Isto é uma característica mais parecida com o sistema de tipo “estado”. Há outras
características que influenciam: o tribunal de justiça da união (aprecia os reenvios judiciais
etc.).
Cada norma tem de respeitar os princípios da constituição de cada estado. Cria-se um enorme
território jurídico. Esta unidade política não é um estado: não há um povo da união, não há
um território, não tem um poder originário, ainda está dependente dos estados. Há uma
partilha de soberania mais intensa, mas ainda não é um estado.
Podemos ter, no território do estado, pessoas com “backgrounds” diferentes, havendo uma
diversidade cultural. Podemos ter nações historicamente formadas nos estados. Quando são
formados, muitas vezes é por agregação de outras estruturas já existentes.
Portugal, por exemplo, tem pessoas que vêm para o estado em migrações de sentido estrito
(migrações economias) ou para pedir o estatuto de refugiado
Cultura: conceito muito amplo; atualmente, é abrangente e traduz a cultura como (definição
da UNESCO).
O Estado pode…
Assimilar os grupos
Muitas vezes confunde-se e pensa-se que o multiculturalismo tem apenas a ver com
imigrantes, mas isso noa é verdade. Alguns autores afirmam que o Estado deve atender à
realidade cultural. Podemos ter leituras diferentes acerca da forma como o estado se
posiciona:
Liberalistas (não deve discriminar ninguém, cada um faz o que quiser, mas nas esfera publica
isso é irrelevante).
Surgiu, porém, uma certa mistura entre as duas (devem ser tratadas como iguais, mas também
deve haver adaptações consoante a situação em que as pessoas se encontram; ex.: em
Portugal, o descanso publico é o domingo, há feriados religiosos católicos. Alguém que possua
outra religião pode ter o sábado como descanso semanal, ficando numa situação de
desvantagem. Atendendo a isto, o estado pode permitir que a pessoa toque o dia de trabalho
e trabalhe noutro dia, por uma questão de igualdade
Há políticas adotadas para cada minoria (no PPT). Estas teorias são muito criticadas:
OUTRO
b Regime político: traduz a ideia de direito existente numa comunidade; outros: os regimes
políticos tentam compreender qual a fonte de legitimidade.
É necessário analisar uma organização política a partir destes vetores. Quem tem o poder' as
pessoas participam? O poder é ou não controlado?
A contraposição adotada é entre regimes democráticos e não democráticos, mas utiliza alguns
critérios para a as definir: existe pluralismo (democracia)? Ideologias impostas (ditadura)
Em democracia, o poder pertence ao povo, que tem mecanismos para controlar (democracia)
ou não. Em democracia, o critério de legitimidade é o sufrágio, porque o poder pertence ao
povo. O poder está ao serviço das pessoas e respeita os seus direitos. Em ditadura utiliza-se o
critério oposto. Em democracia, o critério de ação é a vontade popular (as pessoas participam
na escolha dos representantes), utilizando o sufrágio.
Se os governantes governam em nome próprio, sem ligação com o povo, estamos perante
uma autocracia. A partir de agora, estudaremos os regimes não democráticos/ditatoriais
Existem os regimes autoritários e totalitários. Ambos são não democráticos, mas o último é
mais intenso, mais afeto às liberdades individuais do que o primeiro.
Os sistemas começam por ser autoritários, mas transformam-se em totalitários. O povo não
controla o poder, não há eleições completamente livres, há uma preferência por modelos de
concentração de poderes, o papel das forças armadas (apoio militar) é forte e o Estado está
presente em vários domínios da sociedade, comprimindo as liberdades dos indivíduos. LER “A
democracia totalitária”.
Os autoritarismos são muitos e variados. Partidos únicos, ideologias fortes, controlo integral
da vida na comunidade, controlo centralizado das organizações políticas, sociais e culturais,
importância das forças armadas ao serviço do poder político e o terror (uso da coação física,
psicológica). O terror é a essência do regime totalitário. O poder é visto como propriedade do
chefe.
Os regimes pós-totalitários chegam quando certos regimes acabam, como o caso chinês – o
que acontece após o fim do regime?
A visão atual da democracia não pode ser desligada do Estado constitucional, ligada à
separação de poderes, à soberania popular e, por isso, pensamos neste conceito da
democracia liberal constitucional. Também se fala no conceito republicano de democracia,
onde assenta também a ideia de participação na vida em comunidade (respublica).
Popper afirma que o governo democrático é aquele onde os seus cidadãos se podem ver
livres dos governantes sem haver derramamento de sangue. Uma democracia é um sistema
onde se verifica que as pessoas participam na definição das regras e tomada de decisões. O
critério é, normalmente, a maioria. Também deve existir pluralismo que permita às pessoas o
direito à escolha.
Democracia semidirecta: o povo tem o poder, mas não governa diretamente, mas interfere na
tomada de decisão, porque é consultado (ex.: referendos).
O regime do referendo
Utiliza-se o critério da maioria. Para alguns autores, é uma regra instrumental; para outros,
olham para este critério como a união entre a igualdade e a liberdade (o critério da maioria
traduz uma ideia de maior liberdade para todos, e cada um pode escolher). No entanto, não
deve ser um critério que valha sozinho, pois as maiorias também se enganam. Uma lei pode
ser inconstitucional se não respeitar o previsto na constituição. Diz-se que as constituições são
contra maioritárias: a política está limitada pelo Direito. Se uma maioria resolve introduzir a
pena de morte (proibida na pena de morte), o tribunal constitucional controla a lei e veta-a,
pois é inconstitucional, funcionando como uma “força de bloqueio”. Temos, assim, limites ao
funcionamento da democracia – os direitos fundamentais são um limite à democracia.
31/10/2023
Podemos ter democracias que não são, em vigor, estados de direito, como o regime soviético.
Em abstrato, conseguimos separar as duas ideias. A democracia precisa do direito (para que
uma democracia funcione e seja viva, a participação política é muito importante) e vice-versa
(a democracia permite ao direito “revelar-se”).
Dá-se a confluência entre o Estado de Direito e democracia (são regimes onde há respeito
pelos direitos fundamentais e controlo do poder), apesar de podermos encontrar dimensões
de contração.
Esta democratização mede-se a partir de como o voto é utilizado. Muitos países acabaram
por não transitar para esta forma. A primavera árabe é muitas vezes citada pelos autores. A
par destas democracias, surgem regimes políticos que os politólogos não conseguem
caracterizar.
Também surgem vagas de ditaduras. A par destas ditaduras, surgem novos regimes
autoritários, em Ásia e África, por exemplo, havendo uma erosão lenta das instituições
democráticas. Também há democracias iliberais – o respeito pelos direitos, separação de
poderes, vão sendo progressivamente limitadas. Este conceito foi introduzido em 1967 (?) por
Zacaria (?), que são regimes com eleições livres, integrados em espaços democráticos, mas
limitam algumas liberdades, poderes dos parlamentos, etc. este autor afirma também que o
poder acaba por se transferir para elites socioeconómicas. Há uma modificação do regime.
António costa pinto escreve sobre as ditaduras, dando alguns exemplos destas democracias
em processo de erosão: no caso europeu, a Turquia, o regime de Putin na Rússia. Afirma que
estas ditaduras têm alguns elementos de continuidade com o passado, como a personalização
(importância do chefe) e elementos atuais, como o pluralismo e as eleições.
A crise da democracia
Norberto Bobbio escreve que há uma distância entre a democracia real e a distância da
democracia – parece que o poder está determinado por determinados grupos. Em vez de
termos uma representação total, as pessoas entendem que existe uma representação por
interesses, sendo importante reforçar a cidadania e a participação política. Atualmente, fala-se
dos “Populismos”, que é um dos principais fenómenos políticos do século XXI, associado a
estas crises. É um desafio às democracias, pelo que há vários autores dedicados a este
fenómeno.
Cas Mudde é um sociólogo holandês especialista no populismo. Diz que existe o populismo,
de forma disseminada, por vários contextos, e é um “conceito contestado” – existem diversas
perspetivas. Todas estão mais ou menos de acordo: o populismo assenta numa contraposição
fundamental: o povo (puro e ideal) vs. as elites (corruptas). A sociedade está organizada nestes
dois grupos homogéneos (não há pluralismos). A política deve expressar a vontade do povo,
que não está a ser representado. O autor afirma que todos os líderes políticos podem utilizar
populismo, mas o que se quer estudar são correntes que utilizam por sistema este género de
recurso. Nesta perspetiva, a classe política é vista com hostilidade e a ideia de representação
do povo é muito contestada; o líder populista é um “salvador”. Não é de esquerda ou de
direita, porque “não há propriamente uma ideologia, agenda populista”, podendo funcionar
nos dois.
Alguns autores afirmam que o que é paradoxal é que o populismo tem como base o poder do
povo. Para outros, estes populismos são uma rutura com as instituições democráticas porque
são anti pluralistas, partindo de uma representação do que é o povo (um todo homogéneo), só
podendo ser representado através do líder populista.
Kaltwasser afirma que, no fundo, o populismo tem dois inimigos: o elitismo (as elites) e o
pluralismo. Nem todos os antielitistas são populistas, mas os populistas são elitistas. É
complicado compreender que papel têm as constituições nestes processos porque, muitas
vezes, são alteradas, modificadas, para permitir certas modificações na forma como o poder é
exercido. É necessário perceber qual é a função destas constituições.
Alguns autores, críticos destes conceitos das democracias iliberais, afirmam que estes
populismos podem ajudar a refletir no que está a funcionar mal mas, como há a rejeição da
ideia de pluralismo, dificilmente serão compatíveis com democracias.
O populismo não é uma realidade do sec. XXI: também se encontra populismo no séc. XIX e
XX. A RELAÇÃO entre populismo e democracia é complexa: as forças populistas rejeitam as
minorias, tendendo a favorecer regimes onde a força do direito é enfraquecida e o poder
assenta em líderes fortes pouco limitados. É isto que nos diz Kaltwasser, que nos fala dos
controlos recíprocos do poder (checks and balances), havendo uma tensão entre o direito e a
democracia.
Para Cas Mudde, a CP deve estudar porque surgem estes movimentos populistas: as pessoas
podem sentir-se atraídas por ideias populistas porque estão descontentes com a política; por
outro lado, os líderes populistas tornam-se atraentes (por exemplo, nos meios de comunicação
social), sendo necessário entender, dos dois lados, os mecanismos populistas.
O referendo
Para alguns, a diferença entre plebiscito e referendo é apenas histórica (plebiscito associado
a regimes autoritários). Para outros, o critério não é apenas histórico, o referendo é de acordo
com os requisitos constitucionais.
Quanto ao âmbito, referendos nacionais: faz sentido ouvir a comunidade política total.
Se a decisão afetar uma região em concreto, a consulta será feita apenas dentro dessa região.
Referendos nacionais, regionais e locais;
Quem tem a iniciativa: quem pede e quem decide se é convocado ou não (apenas um
órgão do sistema político, governo, parlamento? Ou iniciativa popular?);
Quais são os efeitos do referendo: vinculativos (os órgãos políticos são obrigados a
promulgar aquele resultado); não vinculativos ou consultivo (os órgãos não são obrigados
juridicamente a concretizar o ato); não há sanção para quem não participa.
Em Portugal, o referendo foi encarado com alguma desconfiança. O referendo não estava
previsto na constituição original, só foi colocado em 1989 (art.º 115). Por fim, estão também
previstas as modalidades das regiões autónomas (art.º 232) e referendo local (art.º 240 e art.º
256).
Todos estes requisitos também estão referidos na lei orgânica do referendo. Há uma questão
mais bem explicada nesta lei – os efeitos do referendo. Em termos práticos, esta lei explica que
é necessária a criação da lei em 90/60 dias. O PR não pode recusar a ratificação do referendo
se este tiver sido vinculativo.
• Legitimidade
• Separação de poderes
• Pluralismo
Com base nos critérios, analisamos a forma como as comunidades políticas estão organizadas
o Legitimidade democrática
o Tem direito ao voto, sufrágio censitário, limitado aos homens, nem todos estão
habilitados a participar
o Separação de poderes - o poder pertence a todos mas todos não podem exercer o
poder então escolhem os seus representantes. Estes representantes exercem poder em nome
do povo: mandato representativo - os representantes, os que são eleitos representam todo o
povo e não o círculo eleitoral
o Renovação, eleições para as pessoas serem renovadas nos órgãos
o Limitação
• Governo tipo Cesarista - forma de governo inspirada por Napoleão, que introduziu -
inspirado em Júlio César
• Monarquia Limitada
o Critério de legitimidade tipo monárquico, o monarca tem poderes mas estão limitados
porque aceitou autolimitar-se designadamente através de constituições (Cartas
Constitucionais - cartas dadas pelo Monarca)
o Não há pluralismo
SISTEMAS DE GOVERNO
Olhamos para os órgãos que exercem o poder: Assembleias, Parlamentos; Governos; Chefes
de Estado - em relações diferentes entre si
Relações entre os órgãos da função política - olhando quer as normas que definem os seus
poderes quer à realidade política - dimensão jurídica (as normas), mas também a realidade
política (o que cada órgão efetivamente faz, e como a dinâmica da vida política influência o
funcionamento do sistema)
As normas são as mesmas mas a forma como a realidade política se desenvolve pode variar
Temos países que adotam a separação de poderes mas que se organizamos internamente de
forma diferentes
Que órgãos estão dependentes, que órgãos nomeiam outros, que órgãos prestam contas a
outros (= Responsabilidade Política: critério que traduz a ideia se um órgão está obrigado a
prestar contas a outro e perceber se o outro órgão tem a confiança no órgão que lhe presta as
contas - ex.: quantas vezes o governo vai à Assembleia da República, realizar reuniões;
presença do governo na Assembleia da República para debate - manifesta a relação de
prestação de contas e a dependência do Governo perante o Parlamento)
• PRESIDENCIAL
o Sistema dualista
o Não há distinção entre Chefe de Estado e Governo. Há governo mas não é um órgão
autónomo, é um conjunto de secretários que auxiliam o Chefe de Estado. O Chefe de Estado é
o chefe do executivo (designa o presidente e os seus ministros)
EUA: o Chefe de Estado, não é eleito diretamente, é eleito por um colégio eleitoral (na
prática funciona como um sistema de eleição praticamente direta)
o Temos dois poderes fortes e pode acontecer que a maioria de suporte ao Chefe de
Estado não tenha representação maioritária no parlamento - como compatibilizamos dois
órgãos
o Há sistemas que prevê Ministros com poderes próprios ainda que estejam totalmente
dependentes do Chefe de Estado - Sistemas Presidencialistas Imperfeitos
• Funciona de forma mais instável e tem um risco pois há o reforço dos poderes dos
presidentes e a certa altura o sistema funciona como um Sistema Hiper Presidencialista
• PARLAMENTAR
Características:
• Assenta no Chefe de Estado (que existe mas não é politicamente ativo), sobre o
Governo e o Parlamento
• Governo indireto - não foi eleito, o órgão eleito é o Parlamento mas os ministros saem
do parlamento, ou seja, foram candidatos ou eleitos deputados - indiretamente, apesar de não
terem sido eleitos ministros, foram sufragados pelo povo
o "The king reins but does not rule" - o rei governa mas não manda
• O Chefe de Estado não tem de ser um rei, mas pode ser eleito (quando é eleito, muitas
vezes é eleito pelo parlamento - não tem legitimidade democrática direta.
o Se tiver legitimidade democrática direta, faz sentido que tenha mais poderes (ex.:
sistema português).
o Se não tiver legitimidade democrática direta, é coerente que não tenha tantos
poderes, tem alguns poderes mas são poderes que não exerce autonomamente
• Estabilidade pode ser resolvida através de um sistema de partidos que podem ser
bipartidários: permitem ao governo governar com uma base sólida no parlamento
o Caindo um Governo, é necessário um novo governo - uma das formas de evitar o uso
obstrutivo das moções de censura é exigir que se apresente uma alternativa à moção de
censura também, ou exigir que a moção de censura seja apresentada por um determinado
número de deputados
• Modalidades:
o Ex.: Portugal
o Presidente eleito com poderes próprios - sistema presidencial - mas também tem um
Governo chefiado por um primeiro-ministro e que responde perante um Parlamento - Sistema
Parlamentar
O Chefe de Estado não se confunde com o Governo - são órgãos autónomos - diarquia
no Executivo: o poder executivo é partilhado pelo Chefe de Estado e pelo Governo (autores
dizem que é essencial, outros não consideram essencial)
• Portugal - Parlamentar
• MONARQUIA LIMITADA
o Pode ter legitimidade democrática em que o poder pertence ao povo porque ele está
representado na Assembleia
Tipos de governo
Ou o monarca é um órgão ao lado dos outros, o seu poder está limitado; nuns casos, o poder
está mais acentuado e, noutros, menos acentuado. Este princípio monárquico vai-se atenuado
e, em resultado, as monarquias e as repúblicas têm como principal diferença a forma de
designação do chefe de Estado.
Vantagens e inconvenientes
No entanto, no Estado Novo, tínhamos uma república que não era democracia.
No art.º 288º, verificamos que é a forma republicana de governo a do nosso país. Não se usa,
na constituição, a denominação de “chefe de Estado”, mas “presidente da república”. Quem
pertenceu a uma família que reinou não pode ser chefe de Estado (algo que estava presente
na constituição de 1911, mas na de 76 não há nada semelhante, por causa do princípio da
igualdade). As pessoas não devem eternizar-se no poder (art.º 118) – separação temporal de
poderes (o poder não deve estar sempre concentrado na mesma pessoa, evitando que o poder
se concentre e que os titulares “abusem”, é uma técnica de limitação do poder). A única
exceção são os antigos presidentes da república no conselho de Estado.
Há quem entenda que continua a fazer sentido utilizar as formas de governo, mas de uma
forma mais complexa. Por exemplo, o prof. Jorge Miranda entende que, para classificarmos
uma forma de governo, temos de utilizar critérios já conhecidos: legitimidade, existência ou
não de separação de poderes e pluralismo e a representação política (perceber se as pessoas
participam no poder e estão representadas no poder). Atualmente, predominam formas de
legitimidade democrática. O poder pertence ao povo de forma a traduzir o que entende que
deve ser o governo: limitado e respeitando os direitos fundamentais. Durante muito tempo, a
conceção foi a de que o monarca era absoluto e devia governar porque era ele que sabia o que
era melhor para o povo.
As leis que o governo faz são enviadas ao PR, que pode vetar ou aceitar. A promulgação está
contemplada no artigo 136, e no 278 fala-se em enviar a lei ao TC. Em relação ao PR, o
governo pode submeter alguns dos seus atos a referenda. O presidente tem mais poder em
relação ao governo do que vice-versa.
Para estar plenamente em poderes, o governo tem de ser aceite pela AR (art.º 188). Antes da
aprovação do programa, o governo limita-se ao estritamente necessário, não estando em
plenitude de funções, mas em gestão (governo de gestão, contemplado no 186/5). Só se o
programa for aprovado é que o governo fica em plenitude de funções.
Sobre a relação PR-AR, o PR não interfere no início da vida da assembleia, mas pode influenciar
o seu fim. De facto, a dissolução está no art.º 172. O Presidente pode ainda dirigir mensagens
à AR.
A AR certifica a tomada de posse; não é igual, mas é o paralelo no nosso sistema perante o
“impeachment”.
Nos parlamentos arena, são importantes as reformas legislativas. Os partidos têm tendência
a serem os atores principais, e o papel do deputado apaga-se. O partido passa a ser mais
importante do que o deputado. Diz-se que os parlamentos funcionam mais como órgãos de
partidos do que de deputados, dando origem à “partidocracia” (o poder pertence ao partido),
diferentemente de democracia (onde poder pertence ao povo). Para alguns autores, o
parlamento português é essencialmente um partido arena.
Podemos pensar, com base nesta situação, se faria sentido revitalizar o papel do parlamento.
Também há variáveis ligadas à postura do presidente que afetam o governo. Há autores que
dizem que, durante o período da pandemia, o PR assumiu maior protagonismo, e o sistema
passou a ter uma prática mais presidencialista, e isto tem a ver com circunstâncias e
características do PR, pessoais, e não jurídicas.
Entre o partido e o presidente, o último não se assume como líder do partido, como
acontece, por exemplo, em França.
Estudamos as normas, mas o sistema pode funcionar de formas diferentes consoante fatores:
por exemplo, o governo tem ou não maioria absoluta de apoio no parlamento? Como é vista a
figura do PM? Qual a relação entre o PR e os partidos?
Alguns autores, pegando nestes elementos, identificam vários períodos pós 25 de abril:
períodos de coabitação vs. coincidência de maiorias. A coabitação é um período em que a
maioria de apoio ao governo e ao PR não são a mesma. O PR pode ser de tipo antagonista ou
cooperante. Vitalino Canas, sobre sistemas de governo, ler: p
Para alguns autores, não faz sentido falar de coabitação em Portugal, pois só faz sentido
quando o PR se assume como líder da maioria partidária. No entanto, podemos continuar a
olhar para o sistema de governo e perceber se a maioria de apoio ao presidente é a mesma do
governo. Ao longo da história constitucional, tivemos os dois (governos de António Guterres
que coincidiam com Presidentes ou a experiência atual).
Quando o governo tem maioria absoluta, tende a governar o parlamento com estabilidade, e
o papel do PR tende a reduzir-se. Quando isto não acontece, há maior instabilidade, e o papel
do PR é maior. Se não há uma maioria absoluta clara em eleições, o PR pode nomear quem
quiser para haver estabilidade. O mesmo acontece em relação ao veto: se o presidente vetar,
devolve o diploma ao parlamento.
No dia a dia da vida democrática, há maior pendor para o governo. Na CP, faz-se muito a
distinção entre dois tipos de sistemas semipresidenciais. É uma distinção de Shugart e Carey,
que falam dos sistemas (i) “semipresidencialistas premier presidenciais” e (ii)
“semipresidencialistas presidenciais parlamentares”.
Nem todos os sistemas são iguais, e funcionam de formas diferentes. Podemos ver que
poderes o parlamento tem, consoante estão previstos e são exercidos.
(i) Sistemas de PM: avulta a sua figura, e o chefe de estado tem menos poderes que o governo;
o presidente nomeia o primeiro-ministro, que nomeia o governo, e o parlamento pode
destituir o governo e primeiro-ministro. É o parlamento que tem o poder de destituir o
governo, com moções de censura ou confiança.
(ii) Sistema de CE: o chefe de estado tem mais poderes (nomeação e demissão do governo) e
efetivamente o governo pode ser demitido quer pelo parlamento quer pelo chefe de estado. O
presidente e o parlamento podem demitir o governo.
Na versão inicial da constituição, o sistema nosso era o segundo, e o governo era duplamente
responsável; depois da revisão de 82, os poderes presidenciais foram atenuados: o presidente
continua a poder demitir o governo, mas em situações excecionais (184/2). Na verdade, quem
tem o poder de fazer cair o governo, verdadeiramente, é o parlamento.
Do ponto de vista jurídico, o governo pode ser demitido pelos dois. Do ponto de vista
político, o parlamento tem um poder forte de demissão do governo, ao passo que o presidente
só pode fazer cair o governo em circunstâncias excecionais. É por isso que muitos autores
dizem que temos o segundo sistema de governo. Esta é uma leitura que não corresponde à
realidade do que é dito na CRP.
2. Sistemas eleitorais
Vamos recuperar a ideia de representação, voltando ao tema da representação política. Em
democracias representativas, o poder pertence ao povo, que escolhe os seus representantes
através da eleição. Esta relação que se estabelece no momento da eleição é a relação de
representação política. Falamos em dois tipos de mandato:
(i) Mandato imperativo: que tipo de vínculo se estabelece entre os eleitores e eleitos? Se se é
eleito, tem se de fazer exatamente o que o eleitor pede e, se não o fizer, é destituído. Esta
figura é inspirada na conceção de Rousseau. A soberania não se representa, é do povo e
continua a ser do povo.
(ii) quando alguém escolhe um representante, têm de agir em nome do interesse público
mas podem afastar-se dos interesses particulares de quem os elegeu. A partir do momento em
que é eleito, tem de encontrar a melhor solução para o interesse público e vida institucional.
Este é o princípio que a constituição adota (152/2). A representação é essencialmente feita
através de partidos, mas alguns autores dizem que a representação foi capturada pelos
partidos e são eles que têm o poder. As pessoas participam no poder com o direito de sufrágio,
direito de petição direito de informação, ação popular, iniciativa legislativa, liberdade de
expressão e associação, etc., que são direitos muito importantes para a participação ativa das
pessoas na vida política.
Sufrágio
O direito que se destaca mais é o direito de sufrágio. O sufrágio é uma escolha de pessoas
(titulares de órgãos; eleição), de ideias (referendo).
Eleição e referendo são duas modalidades de sufrágio. Alguns autores dizem que “o sufrágio
é o direito político máximo”. Por sua vez, as eleições são essenciais para um regime ser
democrático. Contudo, não basta haver eleições. É preciso que elas sejam livres, competitivas
(diversas propostas em confronto), com prazos e eleição com voto democrático (livre,
democrático, direto).
Uma das restrições feita ao sufrágio era o género (as mulheres não tinham direito de voto e,
quando começaram a tê-lo, só a título excecional). A idade (entende-se por causa da
maturidade, não é uma discriminação, mas uma limitação; se o limite de idade fosse 30 anos,
não faria sentido).
A universalização do sufrágio fez com que mais pessoas votassem, e surgem assim os
partidos de massas. O sufrágio pode ser único, múltiplo ou plural. É único se cada eleitor tem
um voto (também chamado de simples). É múltiplo se a mesma pessoa vota várias vezes na
mesma eleição (tem tantos votos quanto as qualidades que a permitem votar: por exemplo,
votam os cidadãos, os titulares de determinado cargo, os estudantes e idosos, etc.; chegou a
vigorar na Grã-Bretanha). No plural, a mesma pessoa tem vários votos a seu cargo (alguém que
vota em seu nome e em nome dos seus filhos; chegou a existir na Bélgica). Se todos os
eleitores têm um voto igual, é o voto igualitário. O voto das pessoas, quando não vale o
mesmo, é o voto desigualitário.
Quanto ao exercício, o sufrágio pode ser obrigatório (com sanção caso não votem) ou
facultativo. A questão tem implicações jurídicas: a obrigação de votar é uma restrição do
direito de voto. Mas não parece ser essa a leitura da CRP, que consagra o direito de voto como
se fosse uma liberdade, um dever que não está associado a uma sanção. Há quem discuta se
devíamos ter sistemas de voto obrigatório.
Pode também ser corporativo (se é atribuído a um grupo e exercido por esse grupo), como
uma família. Não é o voto dado a cada pessoa, é um voto dado a uma pessoa porque ela
representa o seu grupo.
Pode ser uninominal ou plurinominal: o primeiro acontece se, quando votamos, votarmos
numa pessoa (num nome). Em cada círculo eleitoral, escolhemos uma pessoa. No entanto, os
círculos eleitorais em que vamos votar podem ter vários candidatos, e aí é o voto plurinominal,
que se pode exercer sem lista. Os candidatos podem ser apresentados pelo partido e o mais
votado elege os lugares, ou os deputados vão sendo eleitos na proporção de votos que tiver.
Se o partido A tiver metade dos votos, tem metade dos lugares. Aqui, os deputados são
apresentados a título individual, designados consoante o voto que o seu partido obtiver.
Assim, podem ser apresentados em lista fechada ou sem ser em lista. Neste caso, elegemos
deputado a deputado.
Esta classificação está relacionada com a das divisões eleitorais. O território está dividido em
zonas: divisões eleitorais. Círculo uninominal: elege-se um deputado para todas as zonas;
círculo plurinominal: elege-se vários deputados para cada zona.
Em Portugal, temos muitas normas de direito eleitoral. 48, 49 (sufrágio), 13, 113 (dedicado
ao direito), 288. Sabemos que a CRP adota um modelo de sufrágio universal, direto, periódico.
Também temos variadas leis em matéria eleitoral, a legislação eleitoral.
Capacidade eleitoral
Estas regras podem resultar da CRP (123º), mas, em regra, resultam da legislação, variando
consoante as leis eleitorais. Um caso muito específico é a limitação de mandatos: nalguns
órgãos, como o PR, não pode ser indefinitivamente reeleito. Desde a revisão de 2004, art.º
118, a lei pode determinar limites à sucessão de cargos e dos mandatos. A lei 46/2005 de 29
de agosto estabelece limites à renovação de mandatos consecutivos aos presidente da Câmara
e Junta. Isto é uma manifestação do princípio da manifestação e da separação pessoal de
poderes.
O art.º 113/2 explica regras sobre o recenseamento eleitoral. É importante por uma questão
de segurança jurídica, assim como em termos de transparência. O recenseamento eleitoral é
oficioso, mas as operações de recenseamento estão mais atualizadas.
Quem não tem capacidade eleitoral: no art.º 2, pessoas que notoriamente apresentem
alteração grave de funções mentais. Isto está presente na Lei Eleitoral para a AR.
Inelegibilidades: o PR é inelegível para a AR; diretores e chefes de repartição e ministros de
religião (?).
Encontramos regulado o sistema de eleição na lei (art.º 16), e como se faz a conversão de
votos em mandatos. O sufrágio nas legislativas (art.º 79). Não se confunda a possibilidade de
votar antecipadamente para quem está mobilizado (art.º 79/A/B).
Sistema eleitoral
Quem vota? Como está dividido o território em questão de voto? Quantos deputados vamos
eleger? Em listas abertas ou fechadas?
Há muitas alternativas, os resultados a que levam também são diferentes. P.e., como é que
os votos se traduzem em lugares? Nalguns sistemas, é o princípio maioritário (quem tem mais
votos fica com tudo). Há o princípio proporcional (os lugares são distribuídos de acordo com os
votos). Os sistemas também podem distinguir-se de acordo com os círculos eleitorais. Há
muitas possibilidades.
A primeira distinção é aos círculos eleitorais: todo o país funciona como um círculo eleitoral
ou estar dividido territorialmente em círculos eleitorais (parciais) ou os dois. Os círculos
eleitorais podem ser uninominais (um mandato) ou plurinominais (vários mandatos). O tipo de
círculo eleitoral pode condicionar o sistema eleitoral que adotamos. Por outro lado, se
tivermos um círculo único e o princípio da proporcionalidade, há maior facilidade. Quanto
maior o número de deputados que possam ser escolhidos, melhor é a proporcionalidade. A
forma como os círculos eleitorais estão desenhados não é indiferente.
A forma com que os círculos são feitos influencia as minorias. Este desenho ficou conhecido
como “gerrymander”. Simplificando, os círculos distinguem-se em círculos maioritários,
proporcionais e mistos. Os proporcionais visam que no parlamento as várias tendências sociais
e políticas estejam representadas da forma mais ampla possível. A maioritária pretende
estabilidade, conseguindo a formação de maiorias estáveis, tipicamente maiorias absolutas no
parlamento. Isto leva os autores a falar nas democracias maioritária ou consensuais, adotam
sistemas proporcionais. No maioritário, é eleito o que tem mais número de votos. Se ganhar a
maioria simples, é um sistema maioritário de uma volta (“first pass the post” ou “the winner
takes it all”). Às vezes, na primeira volta, tem de se conseguir a maioria absoluta e, se ninguém
conseguir, tem de haver uma segunda volta (sistema maioritário a duas voltas). Passam à
segunda volta os mais votados e, na segunda volta, ganha a eleição quem tiver mais votos. O
objetivo de exigir esta segunda volta é garantir estabilidade e, se reduzirmos o número de
pessoas que passam à segunda volta, impedimos a fragmentação. Este sistema funciona
normalmente com círculos uninominais, mas não tem de funcionar (nos plurinominais, a lista
que tiver mais votos leva os cinco).
27/11/2023
Lijphart diz que podemos saber quem pode governar. Num sistema maioritário, adota-se se
uma maioria. Se a representação for o mais plural possível, é o minoritário. As democracias
maioritárias com maioria absoluta são chamadas democracias maioritárias. As democracias
consensuais ou consociativistas (??).
Nos maioritários, consideramos eleito quem tem maior número de voto expresso. A distinção
importante é se exigimos uma maioria simples (quem levar a maioria dos votos leva a maioria
dos lugares) – “plurality” – ou se exigimos maioria absoluta (se nenhum tiver maioria absoluta,
segue-se para uma volta) – sistema maioritário a duas voltas, “majority”. Podem continuar,
apesar de serem normalmente a duas voltas. Só passam tipicamente à segunda volta os
candidatos mais votados ou que atingirem determinado plafond de votos, para evitar a
fragmentação, induzindo, por exemplo, a coligações.
VOTO MAIORITÁRIO
Funcionam tipicamente com círculos uninominais, mas não há impedimento para que
funcione com círculos a mais para mais de um deputado.
Esta não é a única forma de eleger deputados. Por exemplo, ainda dentro (…) o voto
alternativo ou preferencial: o eleitor ordena os candidatos, ou seja, tem o boletim de voto e
estabelece a sua ordem de preferências, assinalando a primeira preferência, ou ordenando
todos os candidatos, podendo haver mudança entre os candidatos. Estas preferências vão ser
levadas em conta: para cada candidato, quantas preferências teve?
Mas o sistema maioritário também pode funcionar com círculos plurinominais. P.e.,
elegemos 5 deputados em lista bloqueada (o que lhes é apresentado é uma lista bloqueada, ou
seja, o eleitor não vai interferir no conteúdo das listas, a única coisa que vai fazer é escolher
uma lista ou outro). A lista com mais volta ganha. Pode ser preciso ir à segunda volta.
Há sistemas em que a lista é apresentada ao eleitor de forma incompleta, e quando o eleitor
vai votar o número de candidatos é inferior ao volume em eleição (no caso, seria menos de 5).
Aqui, faz-se a votação e ganha a lista mais votada. Cada lista apresenta ao eleitor 4 candidatos,
e a lista mais votada ganha. Assim, o outro lugar vai ser buscado a uma lista que não teve a
maioria. O objetivo é conseguir representar as minorias. A vantagem disto é a formação de
maiorias, dando oportunidade à lista que não ganhou de designar alguém.
A lista ainda pode estar completa e não ser composta: o “Panachage”. Neste caso, cada
eleitor vai compor a sua própria lista. A grande vantagem deste sistema é tentar personalizar o
voto, pois o problema é que as listas fechadas condicionam.
São sistemas em que os eleitores são chamados a pronunciar-se pode ser uma situação de
voto bloqueado, em que temos tantos votos quanto os mandatos a atribuir, mas cada pessoa
só pode dar um voto a candidatos diferentes.
Nos sistemas cumulativos, a pessoa pode dar todos os seus votos a um candidato, o que faz
com que um candidato maioritário consiga ter votos suficientes para ser eleita.
Em regras, estes sistemas estão associados a círculos plurinominais ou listas. Pode funcionar
num círculo eleitoral nacional, num círculo eleitoral regional, onde várias circunscrições têm
listas diferentes.
Os sistemas eleitorais proporcionais com listas têm de utilizar um mecanismo para atribuir os
mandatos correspondentes aos votos expressos. Estes mecanismos podem ser: sistemas do
quociente eleitoral e método do divisor comum (método de Hondt), usado em PT.
QUOCIENTE ELEITORAL
Temos 20k votos, 20 mandatos, como distribuir? Neste sistema, apuramos o quociente
eleitoral dividindo o total dos votos expressos pelo nº de mandatos. Depois, vamos aos votos
que cada partido teve e quantas vezes o quociente eleitoral cabe nesses votos.
CE com 5 listas
D:
E:
O total é 90 000 votos. O quociente é dividido pelo nº de lugares a atribuir, 4. Isto dá 22500
No método de Hondt, dividimos os votos que cada partido teve por 1, 2, 3, 4, etc.
Há outro método, como (colocar o nome do método), que divide por 1, 3, 5, 7, etc.
CE 4 mandatos
85 000 votos
O partido que teve menos esforço foi o mais votado. Este sistema faz com que as listas mais
votadas consigam ter mais deputados. Este sistema é prejudicial para as minorias. Se
tivéssemos um empate entre a lista D e a A, podíamos utilizar vários critérios: quem tem um
mandato leva outro, para a estabilidade; normalmente, o adotado é o inverso: leva quem não
tiver um representante ou quem tiver menos.
5 lugares no sistema proporcional com o quociente eleitoral (determinado número deve ser
atingido, imaginemos que é 5+1), e os votos que tiver a mais são distribuídos para os outros
candidatos de acordo com as preferências que os eleitores manifestarem. Os votos já não
necessários para eleger ninguém são redistribuídos para outros candidatos. Na prática, é
proporcional, mas para cada pessoa é um escrutínio uninominal, sendo mais um sistema misto
do que proporcional.
Começamos a falar de sistemas proporcionais que, de alguma forma, têm uma espécie de
corretivos: alguns autores chamam-nos de sistemas mistos. É o caso do sistema alemão:
sistema misto/sistema proporcional corrigido.
Neste sistema, existe a cláusula barreira: fixação de um mínimo que os partidos têm de ter
para participar nas eleições. Evita a fragmentação, mas limita a possibilidade de os pequenos
partidos se apresentarem em eleições. O caso alemão é paradigmático: só têm representação
parlamentar os partidos que tiverem pelo menos 5% dos votos ou 3 candidatos nas
circunscrições, para evitar a dispersão de partidos no parlamento.
Se o partido teve mais votos no 1 do que no 2, o partido fica com os deputados que elegeu
através do voto 1, mas os outros partidos não podem ser prejudicados, pelo que o número de
lugares no parlamento seja aumentado para conseguir a proporcionalidade global. Tem 598
deputados, mas pode ter mais. Em 2021, chegou a mais de 700. Por isso, a proporcionalidade é
um corretivo. Não há limites para o número de deputados. Ele ainda é proporcional porque o é
de forma global. Nenhum partido perde deputados se obtiver mais num do que noutro, mas há
partidos que podem ter mais deputados para garantir a proporcionalidade global.
Estamos a eleger pessoas por círculos uninominais, então a ligação entre o eleitor e a política
é maior, vantagem dos círculos uninominais; também se garante uma proporcionalidade dos
lugares.
A verdade é que as pessoas votam mais por partido do que pessoa e, na prática, tem gerado
maiorias relativas e governos que precisam de coligações. Este sistema é proporcional, mas
alguns autores dizem que é um sistema misto (representação maioritária e proporcional), e
normalmente prevalece o lado proporcional ou o maioritário.
No Japão, havia um sistema misto com prevalência do sistema maioritário a uma volta. 3/5
dos deputados passam e os 2/5 são atribuídos em circunscrições com sufrágio de lista a
funcionar de forma proporcional.
Os sistemas também tentam encontrar formas de ajudar as minorias: listas incompletas (as
listas que os partidos apresentam estão incompletas, e é a pessoa que escolhe. Mas a lista que
ganhar só leva 4 deputados, e o sistema diz para quem vai este 1 voto; voto cumulativo: cada
eleitor tem tantos votos quantos mandatos o círculo elege, mas pode concentrar todos num
único candidato, e pode concentrar-se num candidato minoritário para que possa ser eleito.
Por exemplo, a nossa lei eleitoral diz que o mandato, em caso de empate, vai para a lista com
menos mandatos, tentando corrigir o sistema maioritário e proporcional.
Por outro lado, nos semipresidencialismos, a eleição direta do PR e a forma como está
pensada também influencia o sistema. No sistema francês, o presidente tem uma ligação
partidária, ao contrário do caso português. Contudo, também é eleito por causa dos poderes
que tem e como forma de os legitimar. O tipo de sistema eleitoral também se reflete nas
condições de governabilidade (capacidade de governação). Como vantagem, o maioritário
evita a fragmentação partidária. Os pequenos partidos raramente têm participação, e o
sistema tende para o bipartidarismo. Isto acontece nos sistemas de matriz britânica, que
adotam muitas vezes sistemas maioritários que favorecem bipartidarismos, e isto é visto como
algo positivo. Apesar de ser uma redução do pluralismo, é uma maior estruturação do sistema.
Os maioritários, como tendem a favorecer maiorias parlamentares, os sistemas têm apoio nos
parlamentos, sobretudo nos de maioria simples, que acabam por favorecer os grandes
partidos. É muito difícil que partidos pequenos fiquem com muitas opções. É uma vantagem,
porque os proporcionais favorecem uma dispersão de partido nos parlamentos. Pode ser visto
como um problema, mas também como uma vantagem, pois o governo tem bases de apoio
mais transversais.
O caso português tem um sistema de apoio proporcional mas já gerou maiorias absolutas.
Muitos sistemas que não conseguem maiorias absolutas conseguem coligações que viabilizam
grandes reformas propostas pelo governo. Outra vantagem dos sistemas maioritários é que
promovem a moderação política, entende-se que os maioritários tendem a conquistar as faixas
centrais do eleitorado, porque não permitem representar partidos maioritários mais
extremistas ou nas pontas do espectro político.
Há mecanismos que permitem lidar com esta instabilidade: cláusula barreira (para se
conseguir ter um deputado no parlamento, é preciso uma representatividade mínima; ao fazer
isto, distorcemos a proporcionalidade; a CRP não permite cláusulas barreira, 152/1: a lei não
pode estabelecer limites à conversão de votos em mandatos). Na prática, há círculos eleitorais
em que os mais pequenos não conseguem eleger um deputado, relacionado com a dimensão
dos círculos eleitorais. Uma forma de controlarmos a fragmentação é ter círculos eleitorais
mais pequenos: há uma relação clara entre os partidos, o número de mandatos e a
representação e círculos eleitorais.
Duverger diz que o sistema eleitoral que se adota e influencia o sistema de partidos. Ele
tentou perceber como funciona isso, estabelecendo leis. Os sistemas eleitorais favorecem os
grandes partidos e reduzem o número de partidos que estão presentes. Mas Duverger
trabalhou esta relação de uma forma amais profunda. Em 51, em “Les Partis Politiques”;
formula as leis de Duverger.
LEIS DE DUVERGER
São leis sociológicas que dizem que a representação maioritária a uma volta origina um
bipartidarismo perfeito rígido, dois partidos independentes que alternam no poder.
Estas leis foram muito discutidas e criticadas, mas podemos entendê-las não como leis mas
como tendências. Basta olhar para a experiência portuguesa para perceber que podemos ter
representação proporcional em que há dois grandes partidos que acabam por se destacar.
Estas leis têm de ser adaptadas às circunstâncias concretas de cada situação.
Um fator que influencia muito é o sistema partidário: influencia o sistema eleitoral. Desde
que não olhemos para as leis de forma determinista, podemos continuar a utilizá-las para
identificar tendências nos sistemas eleitorais e de partidos.
--
SARTORI
Criticou as leis, e diz que, para que um sistema maioritário a uma volta dê lugar a
bipartidarismo, é preciso que o sistema de partidos esteja bem estruturado e que não haja
partidos com potencial de coligação. Por isso, o que diz é que temos de levar em conta a
estrutura do sistema de partidos. É preciso que os eleitores tenham um padrão de voto
semelhante. Se num círculo eleitoral houver um círculo mais pequeno com uma base de apoio,
pode ser eleito, e se acontecer em vários círculos eleitorais podemos ter uma força política
nova.
Chega mesmo a apresentar uma proposta de leis, mas também foi muito criticada.
O próprio Duverger ressalgou que a sua lei não se refere a sistemas eleitorais em que só dois
candidatos passam, pois este sistema não favorece nenhum formato partidário específico, o
que favorece é coligações.
DOUGLAS REA
NOHLEN
Diz que os sistemas eleitorais são apenas um dos fatores que podem influenciar os sistemas
de partidos. Podemos apenas falar em tendências e não em leis. A tendência é que os sistemas
maioritários reduzam o número de partidos e os proporcionais representem vários partidos.
Por outro lado, por exemplo, a ideia da fragmentação partidária também depende do tipo de
ideologias, das circunstâncias culturais, religiosas e políticas de determinado estado. Isto
reflete-se no tipo de forças políticas e na forma como a representação se vai fazer. É um
elemento a ter em conta, mas não o último. Podemos usar as leis de Duverger não como leis
mas como tendências.
Não existe um código eleitoral, o que torna muito complicado compreender as normas
existentes que se aplicam às eleições. Grande parte estão previstas na constituição e outras
em leis avulsas. Há dois artigos muito importantes na CRP para compreendermos: o art.º 10 e
o art.º 113. Este retoma os princípios aplicáveis ao sufrágio, estabelece regras sobre o
recenseamento, princípios aplicáveis à campanha eleitoral, o dever dos cidadãos de colaborar,
regra geral de converter os votos em mandatos de acordo com a representação proporcional,
no ato de dissolução de órgãos colegiais que são eleitos têm de ser marcadas novas eleições
(princípio da estabilidade eleitoral), e o princípio do controlo jurisdicional.
Estes princípios acabam por se aplicar, em geral, a todos os atos eleitorais. Para alem destes
artigos, também temos o 118 (princípio da renovação), 288/h (limites materiais de revisão da
constituição, não podemos alterar o sistema de sufrágio), 49 (direito de sufrágio) e 50 (direito
a acesso a cargos públicos).
Conseguimos identificar um conjunto de princípios aplicáveis às eleições quanto ao eleitor e
às eleições em si (o procedimento eleitoral), que essencialmente estão no 113. Estes são os
princípios gerais, mas também temos previstos atos eleitorais (121 e seguintes, 148 e
seguintes, 239 autárquicas e 241 regionais). Estão também previstas as eleições europeias
(15/5). O TC entendeu que os princípios gerais de direito eleitoral também se aplicam às
europeias.
No 115, temos previsto o sufrágio do referendo. Estas matérias estão reguladas nas leis
eleitorais, aprovadas pela AR. No art.º 164, vemos que são matéria de reserva absoluta (o
governo não pode legislar, a AR não pode sequer autorizá-lo a legislar). Estas leis têm ainda
especificidades. As leis orgânicas revestem estas leis, ou seja (166/2), têm valor reforçado
(respeitadas por outras leis) e há uma série de especificidades no seu procedimento.
(Lei 13/99)
Esta possibilidade de votar no estrangeiro levanta alguns problemas: todos somos cidadãos,
mas uns estão cá e outros não, e quem não está não deve participar na nomeação dos órgãos
políticos.
O que se entende é que as pessoas podem estar fora e manter o interesse. Se estão fora, não
sabem o que se passa”: atualmente, com tanta informação e articulação nos órgãos das
comunidades portuguesas, a informação passa, e as pessoas podem ter interesse em participar
na designação dos órgãos.
A opção portuguesa foi sempre a de reconhecer o voto externo: temos grande níveis de
emigração. Na versa original, esta possibilidade não era permitida para nas eleições
presidenciais. Ainda assim, o que acontece é que temos o voto externo nas legislativas e
presidenciais mas não o temos nas autárquicas ou regionais, e continua a haver uma diferença.
Como é que as pessoas votam? Por regra, é presencial. No entanto, para quem está fora,
votar presencialmente pode implicar andar quilómetros até poder votar. Tem-se discutido a
forma como as pessoas votam, permitindo outras formas de voto.
Muitas vezes, a rede diplomática é muito má (poucos postos onde se pode votar), só se
admite o presidencial. E o voto postal funciona com muitas dificuldades (é admitido com
muitas reservas). Para garantir o exercício do voto, não faria sentido falar no voto eletrónico à
distância através de uma aplicação?
Para a AR, temos previsto o sistema eleitoral proporcional (art.º 149): círculos eleitorais
geograficamente estabelecidos na lei, assegurando a representação proporcional e o método
da média mais alta em Hondt. O número de deputados é proporcional ao número de cidadãos
e eleitores nele inscritos. As candidaturas são apresentadas em partidos políticos, e as listas
podem apresentar independentes. Os residentes no estrangeiro podem optar por votar por
correspondência ou presencialmente. Segredo de voto também está contemplado.
Lei da Paridade
A participação política é uma forma de garantir que as pessoas são ouvidas. No art.º 109, a
lei deve promover, mandando o legislador tomar medidas na ação positiva. Este artigo autoriza
e até impõe estas medidas. A lei que temos é a lei da paridade. As listas são compostas de
modo a assegurar a representação equilibrada. Foi alterada em 2019: as listas de candidaturas
são compostas de modo a assegurar a paridade (40% de cada um dos géneros). Se isto não for
cumprido, a lista é rejeitada.
Ao usarmos a palavra “paridade”, estamos a respeitar a liberdade formal, e dizemos que tem
de haver uma composição equilibrada, e visa afastar a ideia do privilégio. Em termos práticos,
sabemos que o objetivo é promover a participação política das mulheres.
Esta lei é uma restrição para os partidos, que também têm direitos fundamentais, por isso,
esta lei também é uma opção que o legislador tomou para promover a participação política.
A CRP estabelece, no art.º 9, que é tarefa fundamental do Estado (c e f), mas no art.º 109,
estabelece que a participação ativa (ler o artigo).
3. Partidos políticos
6/11
O partido alimenta o sistema, escolhe e propõe candidatos, mas não faz só isto. Tem também
uma função de dinamização política, pedagógica, dinamização da função política, etc. a sua
função não se esgota quando alimentam o sistema.
Estávamos a ver a evolução histórica dos partidos. Os primeiros partidos eram de elites, de
notáveis (partidos de quadros), ligados à atividade dos parlamentos. Mais tarde, nos finais do
séc. XIX, surgem os grandes partidos (de massas ou de militantes), que representam atores
tipicamente afastados da política, como se surgissem fora do sistema – origem externa. São
grandes, precisam de uma organização estável e uma disciplina interna mais estruturada. Os
militantes são muito importantes para este tipo de partidos, que coincidem com o fenómeno
do alargamento do sufrágio.
Anos 60: espécie de evolução dos partidos anteriores, os partidos de eleitores (ou partidos
eleitorais de massas). O foco destes partidos são os eleitores, e este é um eleitorado muito
diversificado, o que faz com que os partidos adotem programas genéricos para chegarem ao
máximo de grupos possível, que diz alguma coisa a várias partes do eleitorado. Este partidos tb
são muitas vezes chamados uma variação dos “catch all parties” (partidos que tentam agarrar
todos, e tem de ter programas tao vastos que qualquer pessoa tenha algum interesse nestes).
Podemos distingui-los, porque não são tao ideologicamente ténues. Atuam muito em
momentos eleitorais e pré-eleitorais, ligados a valores fortes, conservadores; um ex. é o
partido republicano dos EUA.
Há outras tipologias: partidos “media”, partidos que, como o próprio nome indica, são
partidos que vivem nos meios de comunicação social, apostam tudo na projeção mediática do
seu líder (que quando se afasta o seu líder não sobrevivem muito).
Partidos pós materialistas de esquerda, ligados às causas. Partidos industriais (?) que se
aproximam de partidos existentes em regimes autoritários (como por exemplo Vitalino Canas
diz…)
Há mais terminologias. Podemos olhar para os partidos numa perspetiva dinâmica, estática.
Podemos encontrar sistemas de classificação muito diferentes, baseado na ideologia, nos
eleitores, etc.. o mesmo acontece com os sistemas de partidos.
Sistemas de partidos são uma tentativa de arrumação da realidade partidária dos partidos
que existem num determinado sistema político, como se relacionam entre si, etc. vamos
encontrar diferentes sistemas partidários. O mais difuso foi o critério quantitativo (quantos
partidos existem?). foi Duverger que começou a tratar este critério. Um partido só, o sistema é
monopartidário. Se for em dois, bipartidário. Se for vários, é multipartidário. Dentro destes
monopartidários, podemos ter sistema de partido único (só existe um partido) ou liderante
(até pode existir mais do que um, mas há um partido que se destaca). Para Duverger, a
existência de um sistema bipartidário estava relacionado com o sistema eleitoral adotado, que
influenciava o resultado, o nmr de partidos que estavam nos casos políticos.
Entre nós, MRS juntou este critério quantitativo, o critério da dimensão eleitoral e a forma
como se expressam no sistema político e disse
Sistema de partido único: só existe um partido e ele é que tem o poder (URSS)
Sistema de partido liderante: existe mais do que um partido, mas só um deles é que
realmente exerce o poder.
Sistemas bipartidários: não temos necessariamente de ter dois partidos, mas dois partidos
que se destacam dos demais, por causa da dimensão eleitoral. Normalmente o que importa
para este efeito é o parlamento.
Mas o critério quantitativo sozinho não chega. Mesmo nesta proposta, não está exatamente
sozinho, ligamo-lo ao fator capacidade de coligação.
A distinção que faz é entre sistemas concorrenciais (ou competitivos) ou não concorrenciais
(não competitivos). Nos primeiros, há eleições periódicas (sabemos quando há eleições, que os
órgãos tem um mandato limitado e que haverá renovação, e determinam quem chega ao
poder). Nos dois, as eleições ou não existem ou, quando existem, não são verdadeiramente
elas que dizem quem vai para o poder. Nestes, encontramos, com o critério quantitativo, os
sistemas monopartidários e os sistemas hegemónicos. (i) existe um só partido; (ii) até pode
existir mais do que um, mas há efetivamente um partido liderante que não é substituído por
nenhum outo.
Nos concorrenciais, temos muitas possibilidades. (i) sistema de partido predominante, que
funciona de forma competitiva mas há um que se destaca, obtém maiorias sucessivamente,
consegue governar sozinho; (ii) sistemas bipartidários, onde alguns parecem multi mas
funcionam como bi. São bi se dois partidos e sempre os mesmos estão em condições de
concorrer a maiorias absolutas. Há um deles que normalmente consegue essa maioria e há
uma certa lógica de alternância no funcionamento do sistema (ora está um, ora outro). O
sistema pode ser multipartidário pq há vários partidos, mas funcionar numa logica bipartidária.
O que percebemos é que estas perspetivas são mais dinâmicas, tentam perceber como o
sistema funciona. (iii) sistemas multipartidários: (1) altamente pulverizados, são tantos que
nenhum consegue uma percentagem de votos consistente para governar; (2) multipartidários
limitados (?), três a cinco partidos que conseguem governar; (3) multipartidarismo extremo
(mais de 5 relevantes, muito polarizados, o sistema é tao polarizado que não conseguimos
perceber uma lógica de alternância).
Todos estes aspetos, dizem alguns autores, como Bacelar Gouveia, influenciam o
funcionamento do sistema de partidos.
Então, os partidos são de alguma forma uma realidade regulada pelo direito ou não? Sim,
mas nem sempre foi assim. Atualmente vivemos no estado de partidos, o estado democrático
reconhece o papel dos partidos e enquadra-o normativamente. Isto com base no pressuposto
de que os partidos contribuem de forma decisiva para o funcionamento do sistema político.
São reconhecidos e regulados pelo direito. No fundo, desempenham uma função pública,
dinamizam o sistema constitucional. São pessoas coletivas jurídicas, com um estatuto próprio,
que resulta de normas constitucionais.
No início, porem, as associações políticas não eram reguladas, nem reconhecidas. No reino
unido, reconhecia-se 2 desde o séc. XVII, mas em geral não existia esse reconhecimento. Os
primeiros partidos vão ganhando reconhecimento, mas as constituições não os reconhecem.
Começam de facto a ser reconhecidos na lei nas constituições com o estado de direito. Na
segunda metade do sec. XX, este reconhecimento torna-se muito alargado. Um autor, Triepel
(?), mostra esta evolução.
IMPORTANTE: A Partir da 2ª metade do séc. XX, temos uma incorporação dos partidos nas
normas jurídicas. Temos normas constitucionais e legais que acolhem os partidos. A nossa
constituição é um bom exemplo disto, reconhece os partidos políticos no seu texto
constitucional, de várias formas.
Nas disposições iniciais, temos o art.º 2 (ideia do pluralismo, organização política, remete
para uma ideia de pluralismo partidário). Art.º 10/2 (reconhecimento dos partidos). Associado
ao direito de sufrágio. Encontramos tb os partidos protegidas naparte dos direitos
fundamentais, dentro dos DLG (pessoas, políticos e dos trabalhadores). Nos políticos, temos o
art.º 48 e seguintes, encontramos o 41, associações e partidos políticos, é um direito especial
(já temos liberdade de associações, já caíam no 46), mas a CRP achou por bem criar um art.º
específico para o efeito, o art.º 51. No art.º 46, temos uma limitação mt importante à
liberdade de associação: não há associações armadas, etc. este limite aplica-se a todas as
associações e organizações. Estes princípios do estado de direito limitam o pluralismo que, à
partida, existiria sem estes limites. Estas normas explicam-se para salvaguardar alguns valores
fundamentais da CRP e a nossa herança histórica.
Art.º 51: liberdade de associação, prevista em termos genéricos no 46, compreende (o resto
do artigo); 1, 2: proibião de discriminação, 2 temos o princípio importante, da proibiçã de
dupla filiação. 3, 4, 5, 6. O art.º 51 é muito importante para compreendermos a organização e
regulação dos partidos políticos. há outros artigos, como o art.º 40, estabelece que os artidos
políticos t~e, direito a tempos de antena, 2 e 3.
Temos alguns outros aspetos importantes. Art.º 164, compete à AR legislar sobre associações
e partidos políticos. (164/h). é importante tb ter em conta o art.º 114, 1; 2 (a oposição está
protegida na CRP, relacionado com direitos fundamentais como liberdade de expressão e de
ter opiniões diferentes em matéria política). A oposição tem direito de informação e a ser
informada (114/3), para influenciar a ordem do dia, etc. a oposição tem um estatuto específico
regulado por lei.
(art.º 51) Princípio da democracia interna (os partidos, como são associações, tem liberdade
para se organizar, mas esta liberdade tem limites, e o 51/5 há os limites. É verdade que têm
liberdade de se organizar, mas têm de respeitar estes princípios constitucionais). A
democraticidade tamnem entra nos partidos.
Na lei do TC, há uma parte dedicada à fiscalização dos partidos (Subcapítulo VI, título V). art.º
103 e seguintes. Encontramos os poderes que o TC tem para apreciar algumas questões
relativas a partidos. A extinção de partidos políticos. O TC tem poderes muito importantes na
fiscalização dos partidos. É feita pelo TC, essencialmente.
Entre nós, os partidos políticos também estão regulados na lei. Atualmente, é a lei orgânica
2/2003. Tem um procedimento especial de aprovação. Fins dos partidos políticos (art.º 2),
PASSAR DEPOIS. Art.º 3: personalidade jurídica, são constituídos por tempo indeterminado.
Art.º 4, a constituição de partidos é livre e sem dependência de autorização, mas há requisitos
a cumprir (encontramo-los sobretudo nos art.º 14 e seguintes). Depende da inscrição no TC
(art.º 14). O reconhecimento é feito perante registo existente no TC, controla de alguma
forma o nascimento dos partidos políticos. Tem de ser adquirida por pelo menos 7500
cidadãos eleitores. Da mesma forma, também controla a sua extinção. Pode ocorrer por
dissolução (art.º 17) ou judicial (art.º 18).
Esta lei também se articula com a crp. Temos o princípio democrático (art.º 5). No art.º 6
temos o princípio da transparência. No 46/4 temos o mesmo do art.º 8. Caráter nacional, art.º
12. Princípio da liberdade de filiação (art.º 19). Estabelece os órgãos que devem estar previstos
(art.º 25).
Dada a importância dos partidos, a lei estabelece algumas regras que devem ser observadas.
Como já vimos, as eleições partidárias estão previstas (art.º 33?). o TC fiscaliza a atuação dos
partidos (art.º 34).
Esta figura dos partidos em Portugal qualifica-se… são associações de direito privado, mas
não conseguem ser apenas isso, têm de ser…?
Modelos de financiamento
É uma questão relacionada com a vida dos partidos e especificamente com as campanhas
eleitorais, ligada ao tipo de eleições e ao seu caráter competitivo. É preciso que o sistema faça
com que os aprtidos tenham igual oportunidade de aceder às campanhas.
Que financiamento, que quantidade eve estar disponível e como para que a eleição possa ser
uma luta não desigual? Inicialmente viviam de financiamento privado, militantes e etc.
Podemos simplificar e dizer que temos três possibilidades: financiamento público (os
partidos têm uma função pública, por isso faz sentido que haja financiamento não só às
campanhas mas à própria estrutura), financiamento privado (pode ter riscos, porque pdemos
ter os partidos reféns dos interesses privados, que os financiam, e pode criar grandes
desigualdades, porque uns podem conseguir atrair vários financiamentos e outros não), e
financiamentos mistos (públicos e privados, e estabelecem algumas restrições, regulam a
forma como o dinheiro pode ser obtdo e gasto, em geral e nas campanhas eleitorais).
Em Portugal, temos legisçação para este efeito. A lei 19/2003, que já teve algumas
alterações, é a lei do financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais. O art.º 2
estabeçece qie compreendem receitas próprias e financiamento privado e público. Art.º 3 e 4
explica o que é; o art.º 4 e 5 explica subvenções. O art.º 5 explica como é que elas funcionam.
É o chamado financiamento direto (a cada partido é concedida uma subvenção anual). Art.º 7.
Art.º 7, angariação de fundos, art.º 8 financiamento proibidos (anónimos, etc.).
Está tb prevista a possibilidade de benefícios fiscais: os partidos não pagam IRC. Isso é tb uma
forma de financiamento para os partidos. Devem pssuir contabilidade organizada (12), órgãos
de fiscalização interna (14?9.
Nos art.º 15 e seguintes, a lei regula o financiamento das campanhas. São receitas de
campanha donativos, subvenções estatais, etc (art.º 16). O que é importante perceber é que
há limites para estas despesas (art.º 20). O TC tem poderes de apreciação e fiscalização destas
contas. Está prevista nos art.º 23 e seguintes, cabe ao TC e à entidade das contas e
financiamentos políticos.
Entre nós, em Portugal.
O sistema de partidos
Sobre a evolução
O regime criou uma associação cívica de apoio (?) e a açao nacional popular. para alguns
autores, ano era um partido político, não tinha consistência política, não tinha uma estrutura
interna de natureza partidária, naot inha propriamente a função de combater ppelo exercício
do poder ou intervir ativamente na vida política. Outros entendem que podemos ter um
partido de sistema liderante. Os candidatos que chegaram a ser propostos foram patrocinados
por este partido liderante. O partido acabava por ter uma função de indicação de candidatos.
Alguns autores debruçaram-se sobre este tema e chegaram a 2 perspetivas: estática e como
evolui. Muitos dizem que o nosso sistema se estabilizou após o 25 de abril. A hipótese de
congelamento dos partidos (porque o sistema estabiliza a seguir ao 25 de abril e manteve-se
idêntico). Após 2015, qnd o BE e o PCP puderam articular-se com o PS na governação. Para
alguns autores, aqui muda o sistema de partidos. Mas outros dizem que não mudou nada,
porque o bipartidarismo continuou. Foi um momento importante, mas não mudou a natureza
do sistema.
Outros fatores: alguns partidos vao perdendo apoio (PP ou PCP), novos partidos que elegem
deputados e reconfiguração da Direita em Portugal. Depois, a forma como o sistema evolui
não é clara. Temos variáveis que ainda interferem. Em Portugal, temos círculos eleitorais
relativamente pequenos. Isto limita a possibilidade de serem eleitos pequenos partidos. O
próprio tipo de sistema dificulta esta situação. O sistema de partido continua a orientar-se em
torno dos grandes partidos. Apesar de o sistema ser proporcional, por vezes conseguem obter
maiorias absolutas. Temos aqui que levar em conta o sistema eleitoral que temos.
Olhando do lado da procura, ou seja, o que as pessoas procuram. Há questões que em outros
partidos têm dividido os eleitorados e aqui não: questões pós-materiais. Como o PIB é baixo,
as pessoas procuram respostas relacionadas com os problemas do dia a dia, do que com
grande clivagens como fim de vida, menos radicalizadas quanto à questão da UE, movimentos
migratórios, etc. por isso, o sistema tem-se mantido relativamente estável.
O sistema pode estar a mudar. É preciso perceber como se vai evoluir e se a polarização se
vai acentuar. É preciso discutir a crise dos partidos ou a reforma dos partidos. A questão é que
é preciso olhar para a realidade dos partidos e olhar para ela à luz das mudanças sociais, como
a menor participação política (abstenção). Mitos partidos existem há muitos anos e podem
eventualmente causar algum cansaço, dificuldade de captar novos militantes. Será que os
partidos conseguem captar as ideologias da sociedade? Os sindicatos também passam por esta
questão. Crítica à partidocracia – a representação pode estar capturada pelos partidos, ou seja,
alguns mais radicais dizem que já não representamos, mas escolhemos partidos, não temos
representação política mas partidária, condicionando a atuação dos deputados. Uma
orienteção mais moderada entende que há espaço para as duas coisas (representação
mediatizada pelos partidos mas que não diminua completamente a voz dos deputados.
Há outras questões relativas ao próprio funcionamento interno dos partidos, relação entre os
militantes e os partidos, se os partidos devem ter eleições abertas para não militantes
poderem tomar opções, etc. há uitos movimentos no sentido de abrir os partidos para a
sociedade.
Os partidos são mt importante nos sistema pluralista, têm muitas funções de dinamização do
sistema político. Pode haver novas eprspetivsa de análise do sistema partidário (reforçar o
controlo da atividade partidária, monopólio de candidaturas, as pessoas podem apresentar
candidatuas mas tem de estar apresentadas em listas, etc). temos tb de pensar na forma como
os partidos funcionam internamente.
Outro aspeto é vermos o papel dos partidos num contexto ais amplo (há outras formas de
participação democrática), tb se acentua a democracia participativa (possibilidade de nos
envolvermos ativamente nas decisões políticas), e isso influencia a vida política.
FIM :D