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O Direito Público se ocupa do estudo de relações jurídicas entre indivíduos e o Estado; ao passo que
o Direito Privado se ocupa, essencialmente, do estudo de relações entre indivíduos. Paulo Bonavides,
em “Ciência Política” (1967), leciona que é: Direito Administrativo, segmento que descreve o papel
das instituições de governo e estuda os serviços, bens e entidades aptos a realizar a função
administrativa do Estado; Direito Constitucional, segmento que determina a forma estatal e
governamental, bem como reconhece direitos fundamentais, garantias processuais e guarnece direitos
humanos; e Direito Internacional Público, segmento que se ocupa das relações e organizações
internacionais que se estabelece entre Estados.
Quais são os objetos de estudo da Ciência Política e da Teoria do Estado? A Ciência Política
tem por objetivo estudar processos de formação, organização e exercício do poder. A Teoria
do Estado, por sua vez, tem por objetivo estudar processos de surgimento, evolução, estrutura
e dinâmica do Estado.
Quais são os métodos científicos utilizados pela Ciência Política e pela Teoria do Estado? A
Ciência Política e a Teoria do Estado são ciências autônomas (e diversas da Ciência
Jurídica) e possuem etapas e procedimentos próprios para a construção de seus estudos e
análises. Através do método empírico, o Cientista Político constrói o seu pensamento
apoiado na observação de fatos e em experiências vividas por ele. De outra banda, através
do método histórico-dialético, o Teórico do Estado constrói o seu pensamento apoiado na
materialidade de eventos históricos experenciados pela sociedade.
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3 ed. 2018.
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A Sociologia do Direito, como segmento da Ciência Jurídica, faz uma investigação sociológica,
refletindo sobre o comportamento humano para entender relações sociais (com repercussão jurídica).
Por sua vez, a Filosofia do Direito, como segmento do Direito, faz uma investigação filosófica sobre a
existência humana para compreender problemas fundamentais enfrentados pelo Direito.
A TSD informa que o Direito representa um sistema de fluência mútua nas relações sociais,
que compreende tanto a sociedade quanto o Estado. Assim, o fluxo dos acontecimentos
sociais deve ser estável para manter-se a segurança (jurídica) das relações. O Direito,
percebido desse modo, é chamado de Direito Vivo (Living Law). Voltando-se para as
manifestações do fenômeno jurídico, observamos: Direito Bruto, aquele advindo da sociedade,
pelo qual se percebe uma normatividade espontânea nas relações; e Direito Institucional,
aquele advindo do Estado, no exercício de sua função jurisdicional (Direito Pretoriano) ou de
suas funções legislativa e executiva (Direito Escrito).
Observações:
(a) Nos países que seguem o Sistema de Civil Law se vê uma preponderância do direito escrito; nos
países que seguem o Sistema de Common Law, por sua vez, do direito pretoriano.
(b) Os conflitos presentes na sociedade tendem a ser solucionados pelos Poderes de Estado
(Legislativo, Judiciário e Executivo); a irracionalidade na resolução de conflitos acarreta atos que
violam o Direito (p.ex. a noção de “vingança privada”).
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A lei é regra de conduta social genérica e abstrata que visa dar coesão à sociedade, possuindo, em
regra, validade contra todos os indivíduos.
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A decisão judicial se presta a pacificar conflitos entre os indivíduos, possuindo, em regra, validade
entre as partes envolvidas.
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A TTD informa que o Direito é o conjunto ordenado de fatos sociais, normas positivas e
valores éticos. Fatos sociais são acontecimentos advindos da sociedade; Normas positivas são
atos que instrumentalizam o Direito, conferindo obrigatoriedade e coercitividade a preceitos
éticos; Valores éticos são construções histórico-sociais que dão sentido à vida em sociedade e
que o Direito consagra como princípios fundamentais. Através da experiência jurídica se
consegue manter a estabilidade das relações sociais.
Observações:
(a) Após a Segunda Guerra Mundial, houve um movimento de positivação (constitucionalização) de
valores éticos pelo qual emergiram teorias colocando a dignidade da pessoa humana como princípio
fundamental do Direito.
(b) Se um dos elementos constitutivos não está presente, entende-se que emergem fenômenos que com
o Direito não se devem confundir.
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O ato administrativo é manifestação unilateral da Administração Pública que, agindo nessa
qualidade, modifica, extingue e declara direitos ou obrigações ao cidadão ou a si própria.
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Decálogo escrito por Deus em tábuas de pedras e entregues a Moisés, segundo o texto bíblico.
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Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata
de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa." (STF, ADI
2.076, DJ de 08/08/2003.)
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Lei para a proteção do sangue e honra alemães, Lei de cidadania do Reich e Lei da bandeira alemã.
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Ciências Sociais Aplicadas: disciplinas que estudam os aspectos sociais das diversas
realidades humanas, buscando melhor entender as diferentes realidades com que convivemos,
no que diz respeito às culturas humanas, suas realizações, seus modos de vida e seus
comportamentos. Exemplo: DIREITO.
Ciências Humanas: disciplinas que estudam a condição humana em si, analisando o ser
humano em uma perspectiva múltipla, buscando melhor entender as diferentes facetas de sua
personalidade, no que diz respeito à arte, à construção de pensamento e sua expressão.
Exemplo: CIÊNCIA POLÍTICA, disciplina que centra seu estudo nos fenômenos sociais
humanos que influem na constituição do poder e no seu exercício.
Fenômenos sociais humanos: comportamentos, situações e eventos advindos da sociedade, a
partir de ações humanas;
Constituição do poder: processo de formação ou criação de estruturas institucionais para o
exercício do poder, entendido como força supraindividual dentro de uma sociedade;
Exercício do poder: realização prática, fática ou jurídica, do poder em face das vontades
individuais, no âmbito de relações sociais.
PODER POLÍTICO
2ª Corrente: Poder político é poder legítimo. Max Weber (1864-1920). Obra fundamental:
“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” (1904). Contribuições do autor: introdução
do debate sobre a ética no âmbito do estudo do poder e estabelecimento da análise das
relações de mando e de obediência no campo da política, qualificando um poder legítimo. A
partir dele, o interesse científico pela Política como objeto de estudo se acentuou.
Expressões de poder
(manifestações do poder analisadas a partir de relações específicas)
Poder de fato (potentia): manifestação de poder que se impõe em uma relação com base no
mundo dos fatos (cotidiano). Exemplo: a posse fática sobre uma coisa; o poder que alguém
uniformizado exerce sobre um indivíduo durante uma identificação civil.
Poder de direito (potestas): manifestação de poder que se impõe em uma relação com base
no mundo jurídico (Direito). Exemplo: a propriedade documentada sobre uma coisa; o poder
que o Estado se investe, a partir da lei (norma), sobre quem aufere renda (fato), tributando-o e
gerando recursos financeiros para sua manutenção (valor).
Observações:
(a) A TSD que trabalha com a dicotomia entre Direito Bruto e Direito Institucional encontra
similaridade com a dicotomia romana de mundo dos fatos e mundo jurídico.
(b) A TTD que apresenta o Direito como conjunto ordenado de fatos, normas e valores, ao seu turno,
se aproxima da concepção romana de mundo jurídico.
II – Perspectiva contemporânea9
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Biopoder é aplicação do poder político sobre todos os aspectos da vida humana. Concepção de:
Michel Foucault (1926-1984), filósofo francês, que se concentrou no desenvolvimento da história
crítica da humanidade.
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Lições de: Noberto Bobbio (1909-2004), filósofo político e historiador italiano, que se concentrou
na análise da democracia e de suas repercussões jurídicas e políticas.
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Exemplos:
a) O Estado implementa mecanismos legais (“Lei Seca”) e executivos (“blitz”) objetivando
assegurar a segurança no trânsito (interesse político estatal) e criar uma cultura de paz no
trânsito (nova consciência política da população);
b) Adolf Hitler, através do livro Minha Luta (1925), propagou na Alemanha os ideais nazistas
(seu interesse político) que, posteriormente, permitiu o estabelecimento de práticas políticas
de banalidade do mal10 (consciência política de sustentação governamental).
Bem comum é a finalidade do poder público e da sociedade civil, do Estado e de indivíduos, que
consiste no conjunto partilhado de bens que permitem a cada um dos indivíduos alcançar o pleno
desenvolvimento humano.
Exemplo: o Artigo 78 do Código Tributário Nacional aduz ser poder de polícia “[...] a
atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais
ou coletivos”.
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Concepção de: Hannah Arendt (1906-1975), filósofa alemã, que se concentrou no estudo da
filosofia política e nos impactos de ações e cenários políticos sobre os seres humanos.
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Exemplos:
a) A não divulgação de dados e informações sobre suicídios, com o objetivo de não incentivar
a sua prática;
b) A destruição e a falsificação de fotografias, livros e produções audiovisuais, promovidas
por Josef Stálin, na URSS, com o objetivo de encobrir fatos históricos anteriores ao seu
governo.
Dominância dos espaços de poder: É interessante notar que há diversos casos em que os
espaços de poder são dominados por grupos que não representam a maioria dos indivíduos
da sociedade. É caso brasileiro, em que a maioria da população é feminina, mas os
ambientes políticos são, predominantemente, preenchidos por homens.
“A corte chegou ao Brasil empobrecida, destituída e necessitada de tudo. Já estava falida quando
deixara Lisboa, mas a situação se agravou ainda mais no Rio de Janeiro. Deve-se lembrar que entre
10.000 e 15.000 portugueses atravessaram o Atlântico junto com D. João. Para se ter uma ideia do
que isso significava, basta se levar em conta que, ao mudar a sede do governo dos Estados Unidos da
Filadélfia para a recém construída Washington, em 1800, o presidente John Adams transferiu para a
nova capital cerca de 1.000 funcionários. Ou seja, a corte portuguesa no Brasil era entre 10 e 15
vezes mais gorda do que a máquina burocrática americana nessa época. E todos dependiam do erário
real ou esperavam do príncipe regente algum benefício em troca do „sacrifício‟ da viagem. „Um
enxame de aventureiros, necessitados e sem princípios, acompanhou a família real‟, notou o
historiador John Armitage. „Os novos hóspedes pouco se interessavam pela propriedade do Brasil.
Consideravam temporária a sua ausência de Portugal e propunham-se mais a enriquecer-se à custa
do Estado do que a administrar a justiça ou a beneficiar o público‟.” (Trecho adaptado de “1808”
(2007), de Laurentino Gomes.)
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Política: fenômeno que diz respeito ao exercício de poder com legitimidade (ética e jurídica).
Ética Direito/Política
É a Ética que fornece valores ao Direito e à Política, através de princípios fundamentais.
Direito Ética
É o Direito que dá efetividade prática aos preceitos e princípios éticos, em tese, assentidos
coletivamente.
Direito Política
O Direito é o maior limitador da Política; o fenômeno jurídico baliza o exercício de poder. No
Estado Democrático de Direito, instrumentos normativos, como Constituições e leis, são,
simultaneamente, limitadores ao poder e meios para a Política ser efetivada.
Política Ética
A Política permite a concretização de valores éticos.
Políticas públicas constituem um conjunto de programas, ações e atividades desenvolvidas
pelo Estado que visam materializar valores éticos.
Política Direito
É através da Política que o Direito torna-se obrigatório e coercitivo. O poder político, através
do processo legislativo, positiva o Direito. Nitidamente é a partir de um ato político da
comunidade que, por exemplo, se pactuam Constituições.
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I – Emendas à Constituição
Espécie normativa pela qual o Poder Legislativo (poder constituinte derivado) acrescenta,
modifica ou suprime o texto constitucional.
Poder constituinte originário: aquele que elaborou a Constituição.
Poder constituinte derivado: aquele competente para mudar o seu texto.
II – Leis complementares
Espécie normativa que complementa o conteúdo constitucional, tendo sua matéria
predeterminada pela própria Constituição.
IV – Leis delegadas
Espécie normativa pela qual o Poder Legislativo transfere para o Poder Executivo a
competência de legislar, observadas as limitações constitucionais.
V – Medidas provisórias
Espécie normativa utilizada pelo Poder Executivo em casos extraordinários de necessidade e
urgência, pela qual se adotam providências específicas e temporárias com força de lei.11
VI – Decretos legislativos
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As medidas provisórias podem, posteriormente, ser convertidas em lei.
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VII – Resoluções
Espécie normativa utilizada pelo Legislativo em casos de competência privativa do
Congresso Nacional, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados.
Procedimentos legislativos
(fases pelos quais os atos do processo legislativo se desenvolvem)
Fases do procedimento de criação de leis (regra geral válida para as leis ordinárias)
(1) Iniciativa: ato pelo qual se inicia o processo legislativo, com a apresentação do projeto de
lei perante a Casa Legislativa competente.
Regra federal: os projetos de lei são apresentados na Câmara dos Deputados (casa iniciadora),
seguindo para o Senado Federal (casa revisora). Exceção: projetos de lei apresentados por
senador têm o Senado Federal como casa iniciadora.
Tramitação: O projeto de lei aprovado na casa iniciadora segue para a casa revisora; sendo
rejeitado na casa iniciadora é arquivado. O projeto de lei aprovado na casa revisora segue para
autógrafo (reprodução do documento oficial aprovado) e, após, deliberação executiva; sendo
rejeitado na casa revisora é arquivado. O projeto de lei emendado tem a parte modificada
encaminhada de volta à casa iniciadora, para apreciação e votação.
Observação:
A matéria constante de projeto rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto na mesma
sessão legislativa12, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das casas.
(3) Deliberação executiva: aprovado pelo Poder Legislativo, o projeto de lei deve ser
apreciado pelo Poder Executivo, mediante sanção ou veto.
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Sessão legislativa é o período de atividade normal do Congresso Nacional a cada ano, de 02/02 a
17/07 e de 01/08 a 22/12.
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Sanção tácita: quando o Chefe do Poder Executivo no prazo de 15 dias úteis, contados da
data do recebimento do projeto de lei, não se manifesta, seu silêncio vale como sanção
(tácita).
Veto: ato que expressa a discordância do Chefe do Poder Executivo em relação ao projeto de
lei. Pode ser jurídico (em face de inconstitucionalidade) ou político (em face de contrariedade
ao interesse público).
(4) Promulgação: ato que atesta a validade da lei, realizado pelo Chefe do Poder Executivo
(Presidente da República). Caso ele não promulgue a lei, ela será promulgada pelo Poder
Legislativo (Presidente do Senado Federal).
(5) Publicação: ato por meio do qual é dado conhecimento público da inovação legislativa. É
a partir dela que se conta o prazo de vigência da lei.
Regra federal: a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada
(artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Civil). Chama-se de vacatio legis o período entre a
publicação da lei e o início de sua vigência. Exceção: disposição na própria lei (vigência
imediata ou específica) e regra nos Estados estrangeiros (a lei começa a vigorar após três
meses da publicação oficial, respeitada a soberania do local).
Teoria dualista: o Direito é fato social, advindo integralmente da sociedade. Não se nega a
existência do Estado, porém, sua única função é positivar o fenômeno jurídico pré-existente.
A especificidade dos Poderes de Estado (e do direito positivo) é minimizada e seu papel é
subordinado ao Direito (natural), representando poder escasso (mínimo) ao Estado.
Teoria paralelista: o Direito e o Estado são fenômenos paralelos, havendo uma relação de
interdependência entre eles pela qual se observa que ambos objetivam a mesma finalidade,
qual seja: o bem comum.
Personalidade jurídica é o termo que designa a qualidade que o Direito possui de atribuir a
entidades e bens encargos e benefícios jurídicos. Assim, personalidade jurídica do Estado é a
qualidade atribuída pelo Direito que permite o Estado agir de modo independente em
relações (p.ex. internacionais) que estabelece.
O que é um Estado? Estado, nas palavras de Darcy Azambuja, em “Teoria Geral do Estado”
(1942), é a “organização político-jurídica de uma sociedade para realizar o bem público
com governo próprio e território determinado”. Estado é a unidade política dotada de povo,
território, governo e soberania.
(1) Povo: elemento humano do Estado; a causa material do Estado, que não se confunde com:
Nação: conceito moral, “parentesco” entre os indivíduos (que ultrapassa fronteiras estatais);
População: realidade estatística; expressão quantitativa do Estado, de difícil aferição;
Raça: argumento historicamente caudado em determinismo biológico, que pressupõe a
distinção pessoal a partir de aspectos fisiológicos.
(2) Território: espaço físico do Estado, que serve de limite à sua jurisdição e soberania.
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A Constituição Federal de 1988 permite a intervenção do cidadão no Estado, de modo direito ou
indireto. O artigo 14 dispõe: A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito (consulta
popular anterior à edição de ato legislativo ou administrativo sobre questão de relevância nacional,
cabendo ao povo aceita-lo ou rejeitá-lo); II – referendo (consulta popular posterior a edição de ato
legislativo ou administrativo sobre questão de relevância nacional, cabendo ao povo ratifica-lo ou
rejeitá-lo); III – iniciativa popular (ao processo legislativo).
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Anarquia
Forma de organização social (“autogoverno” ou “desgoverno”) que defende a abolição do
Estado, rejeitando qualquer autoridade política e negando a existência de monopólio do uso
da força na sociedade.
Federais
Simples
Unitários
União pessoal
Estados Perfeitos União real
Compostos Incorporação
Confederação
Outras composições
Estados Imperfeitos
a) Estado federal: em regra, é Estado com um território maior em que não há pluralidade de
governo, havendo, contudo, diferentes níveis de poder em sua Administração Pública.
b) Estado unitário: em regra, é Estado com um território menor em que se percebe uma
grande centralização política, havendo um ou poucos níveis de poder em sua Administração
Pública.
União pessoal: fusão de Estados que se dá em razão das condições pessoais do governante.
É observável em monarquias, diante do problema da hereditariedade, quando p.ex. um rei
morre e não deixa herdeiros, o seu parente mais próximo, rei soberano de outro território
passa a reinar sobre ambos. Exemplo: União Ibérica, período entre 1581 e 1598, na qual
Portugal foi governado pelo Rei Felipe II da Espanha.
União real: fusão de Estados que se dá por interesse político mútuo, visando otimizar
relações internacionais. Exemplo: União de Kalmar, período entre 1397 e 1523, em que se
constituiu o Reino Unido da Dinamarca, Noruega e Suécia, pelo qual os Estados se
unificaram criando uma única personalidade jurídica externa, sob o governo de um único
monarca (de Rainha Margarida I ao Rei Cristiano II).
Incorporação: fusão de Estados, formando um único Estado novo. Pode-se tomar como
exemplo de união incorporada a Grã-Bretanha, porém trata-se de um caso sui generis.
Reino Unido da Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales) e Irlanda do Norte, se
constitui a partir da expansão do Estado Inglês que “incorporou” os demais.
Federação Confederação
Brasil CEI
Estados-membros (unidades federativas) Estados-membros (unidades políticas)
Autonomia Soberania
Nacionalidade única Pluralidade de nacionalidades
Constituição (direito constitucional) Tratado (direito internacional)
Pacto federativo (cláusula pétrea) Direito de secessão
Decisão política por maioria Decisão política por unanimidade
URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas): Estado perfeito composto, existente
entre 1922 (decorrente da Revolução Russa de 1917) e 1991 (fim da Guerra Fria).
Constitucionalmente, se constituía como federação, contudo, garantia o direito de secessão a
suas unidades componentes (característica de confederação). Poder Executivo: Conselho de
Ministros. Administração Superior e Chefia de Estado: Partido Comunista Soviético. Poder
Legislativo: Soviete Supremo. Poder Judiciário: Supremo Tribunal e Comitê de Supervisão
Constitucional.
UE (União Europeia): Estado perfeito composto sui generis com origem no Tratado de
Roma (1958). Não se trata de um posicionamento uníssono na doutrina que seja um Estado.
Constituída a partir do Tratado de Maastricht (1993), seus 27 membros são Estados
soberanos que cooperam em áreas estratégicas para atingir o bem comum. 14 Soberania
“mitigada”: os cidadãos dos Estados-membros são, simultaneamente, cidadãos europeus, o
que lhes confere liberdades de participação e de autonomia. Política monetária: 19 Estados-
membros constituem a Zona do Euro (área de moeda comum). Poder Executivo: Comissão
Europeia. Administração Superior: Conselho Europeu (Cimeira de Chefes de Estado). Poder
Legislativo: Parlamento Europeu e Conselho da UE. Poder Judiciário: Tribunal de Justiça
Europeu. Instituições democráticas: Tribunal de Contas e Banco Central Europeus.
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“Brexit”: em referendo realizado em 24/06/2016, a maioria dos cidadãos do Reino Unido da Grã-
Bretanha e Irlanda do Norte votou pela saída do Estado da UE, dando-se início ao processo de saída
com previsão mínima de dois anos.
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Estados imperfeitos: Estados em que não se observa algum dos elementos constitutivos,
nota-se a ausência de território ou governo ou soberania; o elemento povo está sempre
presente (é causa material do Estado).
Todo Estado possui governo próprio? Estado Livre Associado de Porto Rico constitui um
território sem personalidade jurídica vinculada aos Estados Unidos da América, localizado
no mar do Caribe. Administrado por um Governador, em consulta popular, em 2012,
aprovou-se sua anexação como unidade da federação do Estado norte-americano, todavia, a
situação ainda está pendente de aprovação pelo Congresso dos EUA.
Todo Estado é dotado de soberania? Kosovo, localizado na região das extintas URSS e
Iugoslávia, em 2008, declarou-se como República parlamentarista independente. Obteve o
apoio internacional dos EUA, contudo, possui sua existência questionada pela Sérvia. A
Rússia declara publicamente a intenção de usar o poder de veto que possui como estratégia
de prevenção à possibilidade de reconhecimento oficial pelas Nações Unidas. O Comitê
Olímpico Internacional, por sua vez, em 2014, o reconheceu, permitindo sua participação
nas Olimpíadas Rio 2016.
SÍRIA: formalmente uma República aristocrática, está em guerra civil desde 2011, em
decorrência dos movimentos da Primavera Árabe, que sofreram forte repressão estatal,
15
Em 09/07/2017, o primeiro-ministro iraquiano declarou vitória sobre o Estado Islâmico em Mossul,
segunda maior cidade do Iraque e último grande reduto urbano controlado pelo califado.
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causando uma convulsão social entre as diversas etnias e correntes políticas internas. A partir
de 2013, com a expansão territorial do Estado Islâmico, a guerra civil ganhou proporções
insustentáveis e o fluxo migratório de pessoas fugindo do conflito passou a ser cada vez mais
intenso.
(a) Teoria da origem familiar: o Estado nasce a partir da ampliação das famílias. Corrente
matriarcal: predomina a figura da matriarca (ex. sociedades primitivas). Corrente patriarcal:
predomina a figura do pater famílias (ex. Roma). Objeção: diz-se que desconsidera outros
contextos políticos em que o Estado não surge da ampliação de um modelo familiar, como
p.ex. na realidade brasileira.
(b) Teoria da formação natural: o Estado surge das necessidades naturais dos indivíduos.
Identifica-se a formação estatal como evento natural (não ordenado), tendo inspiração em
Aristóteles e na sua defesa de que o ser humano é um ser político, isto é, que, naturalmente,
tende a se estabelecer em grupos sociais. Objeção: pondera-se que, mesmo agregando fatores
políticos e sociais à origem estatal, desconsidera realidades em que o fator territorial não é
preponderante para o surgimento do Estado, como p.ex. na realidade estadunidense.
(c) Teoria da origem violenta: o Estado surge do conflito, das disputas e das guerras por
territórios. Tem inspiração em Charles Darwin e na noção de que a evolução das espécies se
dá a partir da luta pela sobrevivência. Objeção: Fustel de Conlanges, em “A Cidade Antiga”
(1864), afirma que as instituições estatais se formam a partir dos interesses da sociedade
(realidade prática), não da violência.
(d) Teoria da formação histórica: o Estado surge a partir da realidade histórica (pela
observação de fatos históricos vê-se o surgimento estatal). Objeção: entende-se que apresenta
uma tipologia muito limitada, desconsiderando certas hipóteses de formação, e até mesmo
combinações entre os modos constatados.
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(e) Teoria da formação jurídica: o Estado surge a partir de atos normativos positivos.
Percebe-se a filiação a doutrinas positivistas de pensadores como Friedrich Savigny e Hans
Kelsen. Objeção: critica-se por desconsiderar qualquer outro tipo de formação estatal que não
se dê a partir de marcos históricos estanques e pela existência de Estados em que não há
Constituição (como p.ex. Israel) ou em que a Constituição não esgota a matéria constitucional
(como p.ex. EUA).
(f) Teoria da origem contratual: o Estado surge a partir de um pacto social em que cada
indivíduo assente (concorda) que é necessária a sua existência; a partir desse acordo de
vontades, constitui-se o Estado; fundamentado em bases racionalistas.
Império Romano: no âmbito da unidade política romana, iniciou-se a distinção entre o Estado
(poder público) e os indivíduos (sociedade civil). O sentido de direito natural em oposição ao
direito estatal introduziu o debate, até hoje presente, sobre esferas pública, privada e política.
Estado Moderno: remonta ao período em que a estrutura feudal, já esgotada, é substituída por
monarquias. Trata-se de um retrocesso no processo de evolução de pensamento democrático,
uma vez que se percebe uma concentração ilimitada de poder pela autoridade estabilizada. A
união de feudos forma o que se denominou Estado-Nação, isto é, aquele que se funda no
reconhecimento político, jurídico e geográfico de uma comunidade com afinidades culturais
(como língua e hábitos). Os Estados Nacionais eram dinásticos (ampliação de linhagens
familiares), absolutos (o governante exercia o poder de forma irrestrita), confessionais
(apoiados pela Igreja que confirmava a existência da ligação entre o governante e Deus),
16
Liberdade de participação liga-se a direitos políticos (sufrágio universal, direito de votar, garantia
de organização e participação em órgãos públicos) e a cidadania.
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Liberdade de autonomia liga-se aos direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana.
25
Ingo Sarlet, em “Curso de Direito Constitucional” (2012), leciona: “A ideia de uma constituição
formal, no sentido de uma constituição jurídica ou normativa, como expressão de um poder
constituinte formal, encontrou sua afirmação (teórica e prática) apenas a partir do final do Século
XVIII”.
Documento Ideais
Revolução Gloriosa
Bill of Rights Liberdade, igualdade e propriedade
(1688)
Independência dos Declaração de Liberdade, igualdade e busca da
EUA (1776) Independência felicidade
Revolução Francesa Declaração dos Direitos
Liberdade, igualdade e fraternidade
(1789) do Homem e do Cidadão
Estado Liberal: é estabelecido a partir das revoluções burguesas, sendo caracterizado pela
postura não intervencionista (em nítida oposição à postura absolutista). O anseio pelo direito
fundamental à liberdade demonstra a passagem de um Estado Absoluto para um Estado
Mínimo ou Estado-Polícia, que exerce mínimas funções, sendo garantidor apenas de
segurança com vista a assegurar a ordem pública. Modelos constitucionais de Estados
Liberais: EUA (1788) e Emirados Árabes (1971).
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Estado Democrático de Direito: mesmo com o avanço social proporcionado pela atenção a
questões supraindividuais, na colisão de direitos fundamentais (liberdade vs. igualdade), se
impôs a constituição de um Estado Máximo. A Democracia, como qualidade de modelo
constitucional, tornou possível o aperfeiçoamento estatal, em plano organizacional, para
estabelecer um ambiente em que prevalecem as normas legais, mas também valores éticos e
princípios jurídicos estruturantes. 19 Modelos constitucionais de Estados Democráticos de
Direito: Alemanha (1949) e Brasil (1988).
18
Compreendidas como métodos de interpretação valorativa de ideias, construídos através dos tempos,
que resultam em uma determinada visão de mundo. [v. tópico 15, p. 38.]
19
Esta é, segundo Norberto Bobbio, em “Diário de um século: uma autobiografia” (1998), a
característica do Estado democrático: “indivíduo e Estado não estão mais armados um contra o outro,
mas se identificam na mesma vontade geral, é a vontade de todos que comanda cada um. Na luta entre
liberalismo e socialismo, deflagrada no século XIX e presente ainda hoje, a democracia sempre
representou a salvação do Estado liberal que não quer se transformar no seu oposto e do Estado
socialista que não quer cair na anarquia. Algumas vezes foi invocada como corretivo de um e de outro.
Como tal, também representou o ponto de acordo das tendências opostas. E hoje representa sem
duvida o ponto de chegada da nossa situação”.
27
(a) Todos os cidadãos que tenham atingido a maioridade, sem distinção de raça, religião,
condições econômicas, sexo, devem gozar dos direitos políticos, isto é, do direito de exprimir
com voto a própria opinião ou eleger quem a exprima por ele;
(b) O voto de todos os cidadãos deve ter peso idêntico, isto é, deve valer por um;
(c) Todos os cidadãos que gozam dos direitos políticos devem ser livres para votar segundo a
própria opinião, formando-a o mais livremente possível, isto é, em uma livre concorrência
entre grupos políticos organizados, que competem entre si para reunir reivindicações e
transformá-las em deliberações coletivas;
(d) Todos os cidadãos devem ser livres ainda no sentido em que devem ser colocados em
condição de terem reais alternativas, isto é, de escolher entre soluções diversas;
28
(e) Para as deliberações coletivas e para as eleições dos representantes deve valer o princípio
da maioria numérica, ainda que se possa estabelecer diversas formas de maioria (relativa,
absoluta, qualificada), em determinadas circunstâncias previamente estabelecidas;
(f) Nenhuma decisão tomada pela maioria deve limitar os direitos da minoria, em modo
particular o direito de tornar-se, em condições de igualdade, maioria.
Regime democrático: regime político em que detentor do poder o exerce de modo limitado
pela existência de uma pluralidade de estruturas de poder e em prol de interesses individuais e
coletivos do povo. Assegura eleições livres, liberdade de pensamento e respeito a direitos
humanos e fundamentais, bem como possibilita a organização política e expressão de
ideologias distintas. Distingue-se dos seguintes regimes antidemocráticos:
Absolutismo: regime em que o detentor do poder o exerce de modo absoluto, isto é, independente
de outra estrutura de poder e dos interesses individuais e coletivos da sociedade.
Autoritarismo: regime no qual as normas jurídicas ou constitucionais são manipuladas pelo
detentor do poder no seu interesse político.
Ditadura: regime no qual há participação popular limitada ou ela é inexistente. O poder, em regra,
manifesta-se em uma única instância.
Totalitarismo: regime em que o detentor do poder o exerce de modo a controlar e regular tanto a
esfera pública quanto a esfera privada, não reconhecendo limites à sua autoridade.
Fins do Estado
1ª Corrente: Não existe uma finalidade própria no Estado. O fim do Estado é, essencialmente,
um produto ideológico. Valores éticos não são objetos de preocupação do Direito, logo, a
finalidade estatal não é de interesse do cientista jurídico. Objeção: diz-se que ter ciência das
razões e motivações da constituição e dinâmica do Estado é importante para o entendimento
das relações dos indivíduos com ele.
Estado Abstencionista: realiza poucas atribuições, deixando a maior parte das competências
(atividades essenciais) à esfera particular ou privada – intervenção mínima estatal. Ideologia
liberal.
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
Os Tribunais de Contas, a Defensoria Pública e o Ministério Público não integram nenhum
dos Poderes de Estado. São instituições democráticas, constitucionalmente previstas e dotadas
de autonomia e funções próprias.
O poder do Estado é uno e indivisível; o que pode ser separado são as funções estatais. O Estado
para realizar suas funções e atingir suas finalidades necessita de órgãos e instituições democráticas.
Assim, quanto menos estruturas institucionais, maior será a concentração de poder.
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Artigo 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: [...] § 4º Não será objeto de
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto,
secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.
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Montesquieu (1689-1755), em sua obra “O Espírito das Leis” (1748), partindo de lições
aristotélicas, identificou três funções estatais distintas (legislativa, jurisdicional e executiva),
exercidas por três órgãos distintos, autônomos e harmônicos entre si. A partir daí, certos
sistemas foram catalogados:
Características do parlamentarismo
(a) Organização dualista: âmbito de governo (área de dissenso) e âmbito estatal (área de
consenso) encontram-se separados. A Chefia de Estado possui atribuições estratégicas, como
o comando das Forças Armadas, o exercício de relações diplomáticas, e a prerrogativa
política do poder de dissolução do Parlamento. A Chefia de Governo, por sua vez, é
responsável pela Administração Superior e todas as questões cotidianas do Estado e da
sociedade, coordenando o Executivo.
(b) Órgão governamental colegiado: o órgão que exerce a Chefia de Governo é colegiado,
isto é, ele é formado por um grupo de pessoas e não por um só representante (característica
do presidencialismo). Ele advém da união de um grupo de parlamentares (Gabinete de
Governo) que toma todas as decisões políticas em conjunto. O Gabinete de Governo é
composto por Ministros de Estado, sendo o Primeiro-Ministro, o líder deste grupo e
possuindo a prerrogativa de desempatar eventual conflito nas decisões coletivas.
(c) Funcionamento: os parlamentares são eleitos pelo povo (voto direto) e o Gabinete de
Governo é composto a partir do Parlamento (voto indireto). O Primeiro-Ministro é, em
regra, o líder do partido que obtém maioria de votos no Parlamento e é o primeiro a integrar
o Gabinete. Pode haver eleição para Primeiro-Ministro (voto direto). Os demais Ministros
de Estado são indicados pelo Primeiro-Ministro, devendo ser aprovados pela maioria
parlamentar. Todos os Ministros decidem em conjunto e todas as decisões têm de ser
aprovadas pelo Parlamento para serem executadas.
Características do presidencialismo
Presidencialismo Parlamentarismo
Independência dos Poderes Interdependência dos Poderes
Chefia una Chefia colegiada
Mandatos por prazo certo Mandatos indeterminados
Responsabilidade perante o povo Responsabilidade perante o Parlamento
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Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do
Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das
unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a segurança
interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das
leis e das decisões judiciais. Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que
estabelecerá as normas de processo e julgamento.
37
Impeachment
É o processo cabível no caso de cometimento de crimes de natureza político-administrativa.
Apresenta um procedimento bifásico:
a) Juízo de admissibilidade na Câmara dos Deputados: feita a acusação (por qualquer
cidadão no gozo de seus direitos políticos), a Câmara pode, por maioria qualificada de 2/3 de
seus membros, admiti-la, autorizando a instauração do processo de impedimento;
b) Julgamento no Senado Federal: autorizado pela Câmara, o Senado instaurará o processo
(presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal) e procederá ao julgamento. A
condenação é proferida por 2/3 dos senadores. Condenado pelo Senado Federal, o Presidente
da República sofrerá, sem prejuízo de outras sanções judiciais, a perda do cargo e a
inabilitação para o exercício de qualquer função pública por oito anos.
Impeachment de 1992
01/06/92 Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI mista) apura negócios ilícitos e tráfico de
influências na Presidência da República
21/08/92 Manifestação da União Nacional dos Estudantes (UNE)
24/08/92 Relatório da CPI indica envolvimento do Presidente em atos ilícitos
26/08/92 CPI indica a prática de crime pelo Presidente e pela Primeira-Dama
28/08/92 Procurador-Geral da República (MPU) aponta a prática de crimes no caso
01/09/92 Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
apresentam o pedido de impedimento presidencial
29/09/92 Câmara dos Deputados aprova a abertura do processo (441 a 33 votos)
01/10/92 Senado Federal instaura o processo de impedimento
02/10/92 Afastamento do Presidente; Vice-Presidente assume interinamente
29/12/92 Senado Federal inicia o julgamento do impeachment; Presidente renuncia ao cargo por
meio de uma carta lida por seu advogado em plenário
30/12/92 Fernando Collor é condenado à perda do mandato e à inelegibilidade por oito anos (76
a 3 votos)
O Vice Itamar Franco assume a Presidência da República
Eventos posteriores
Abr/93: através de um plebiscito, o eleitorado brasileiro afirmou a opção pelo sistema de governo
presidencialista;
Dez/93: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) mantém Fernando Collor inelegível e inapto ao
exercício de cargos e funções públicas;
Dez/94: o Supremo Tribunal Federal (STF) absolve o Presidente impichado da acusação de corrupção
passiva;
Ago/98: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nega o pedido do Ex-Presidente para concorrer às
eleições presidenciais;
Abr/14: o STF julga última ação movida contra Fernando Collor, absolvendo-o em face da prescrição.
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Impeachment de 2016
01/12/15 Presidência da Câmara dos Deputados aceita pedido de impedimento presidencial
apresentado por Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Jr.
08/12/15 STF suspende o processo objetivando analisar o seu rito constitucional
11/12/15 Presidenta pleiteia no STF a anulação do processo; MPU ingressa com ação
questionando diversos pontos da Lei 1.079/1950
15/12/15 Partidos de oposição defendem a legalidade do processo no STF
16/12/15 Ação da Presidenta é julgada improcedente
17/12/15 STF se posiciona pela possibilidade do Senado Federal eventualmente recusar a
abertura de um processo de impedimento, mesmo após a autorização da Câmara dos
Deputados
16/03/16 STF entende que o Senado não pode instaurar um processo próprio de impedimento
17/03/16 Comissão Especial é instaurada na Câmara dos Deputados para analisar o pedido de
impedimento
06/04/16 Relatoria da Comissão Especial apresenta parecer contrário à continuidade da
Presidenta no governo
11/04/16 Comissão Especial, por maioria, se posiciona pela aprovação da abertura do
procedimento na Câmara
14/04/16 STF recusa pedidos de suspensão e anulação da votação
17/04/16 Câmara dos Deputados aprova a abertura do processo (367 a 137 votos)
18/04/16 Presidência da Câmara entrega à Presidência do Senado processo com 12.044 páginas
22/04/16 Comissão Especial é instaurada no Senado para analisar o processo de impedimento
presidencial
06/22/16 Comissão Especial, por maioria (15 a 05 votos) se posiciona pelo seguimento do
processo de afastamento da Presidenta
09/12/16 Presidência da Câmara dos Deputados anula a votação de 17/04/16 (voltando atrás
horas depois)
11/05/16 STF nega pedido de anulação do processo formulado pela Presidência da República
12/05/16 Senado Federal instaura o processo de impedimento
12/05/16 Afastamento da Presidenta; Vice-Presidente assume interinamente
25/08/16 Senado Federal inicia o julgamento do impeachment
29/08/16 Presidenta se defende em plenário do Senado e classifica o processo como um golpe ao
Estado Democrático de Direito
31/08/16 Dilma Rousseff é condenada à perda definitiva do cargo (61 a 20 votos), mas mantém
sua elegibilidade (42 a 36 votos)
O Vice Michel Temer assume a Presidência da República
Doutrinas político-econômicas
(2) Socialismo: doutrina que se pauta na construção de um Estado interventivo, pelo qual se
busca equilíbrio na distribuição de riquezas, bens e justiça, e se induz a erradicação de
estratificações e segmentações sociais.
Direita Esquerda
Doutrina que, ideologicamente, aceita Doutrina que, ideologicamente, defende a luta de
hierarquias e desigualdades sociais como classes e a supressão das hierarquias e
fenômenos sociais humanos inevitáveis. desigualdades sociais existentes.
Neoliberalismo(s) Novas Esquerdas
Correntes que, em linhas gerais, mesclam, Correntes que, em linhas gerais, mesclam,
respectivamente, posicionamentos de respectivamente, posicionamentos de esquerda,
direita, liberais e social-democratas. socialistas e social-democratas.
ANEXO
Introdução à Teoria da Constituição
Hermenêutica, Aplicabilidade Normativa, Aspectos Estruturais e Materiais
Eficácia Verbos “é” ou “são”. Não aparecem expressões do tipo “nos termos da lei” ou de
Plena “acordo com a lei”. Exemplo: Artigo 18, §1º (Brasília é a Capital Federal).
Verbos “é” ou “são”. Aparecem expressões com a palavra “lei” com a ideia de
Eficácia redução (como p.ex. “salvo as hipóteses que a lei estabelecer”). Exemplo: Artigo
Contida 5º, XIII (é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer).
O verbo da norma é conjugado em tempo futuro: “será”, “estabelecerá”.
Aparecem expressões com a palavra “lei” com a ideia de detalhamento (como
Eficácia
p.ex. “nos termos e nos limites definidos em lei"). Exemplo: Artigo 37, VII (o
Limitada
direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica).
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ÍNDICE