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Nesta apresentação irei abordar o capítulo XI da obra O Ano da Morte de Ricardo

Reis, de José Saramago (edição de 2017 da Porto Editora).

RESUMO DA AÇÃO DO CAPÍTULO:

● Ao acordar, Ricardo Reis reflete sobre a vida e a morte.


● Depois, decide passear por Lisboa (deambulação), passando pela Estátua do
Adamastor, o Calhariz e o Largo de Camões, acabando por almoçar no restaurante
Chave de Ouro e indo ao cinema quando anoitece.
● Lídia visita Reis e informa-lhe que irá a sua casa todas as sextas-feiras limpar-lhe a
casa. No fim, ambos se beijam de uma forma não erótica e Lídia diz-lhe do regresso
de Marcenda a Lisboa.
● No dia seguinte, revê as suas odes e lê os jornais enquanto espera impacientemente
por Marcenda e após desta chegar, Reis beija-a pela primeira vez.
● Ricardo Reis preocupa-se com o braço de Marcenda e ela conta-lhe que o pai
gostava de a levar a Fátima. Antes de ir embora, ela despede-se rapidamente para
evitar outro beijo.

REPRESENTAÇÕES DO SÉCULO XX:

A ação decorre na cidade de Lisboa. O céu está coberto e está um ar frio (simboliza o
Estado Novo).
Este capítulo trata os primeiros cinco dias (de domingo até quinta-feira) de Ricardo reis
na sua nova casa no Alto de Santa Catarina. O protagonista perceciona o tempo de uma
forma impaciente e expectante, pois descobre que Marcenda vai voltar a Lisboa, o que
deixa Reis ansioso pela sua chegada.
Deduzimos que este capítulo se desenvolve de 22 a 26 de Março de 1936, visto que
num jornal que Reis lê, é referida a morte de Alexandre Glazunov, sendo que este professor
de música morreu a 21 de março de 1936 (sábado).

Tempo histórico e acontecimentos políticos:


● Propaganda do regime português:
o Inauguração de refeitórios na FNAT em nome de Salazar, o “ditador
paternal”;
o Gravações do filme de propaganda “Revolução de Maio”.
● Avanço dos Nazis:
o Alemanha não vai tirar as tropas da Renânia;
o Alguns elementos da Câmara dos Comuns querem reconhecer a “igualdade
de direitos” ao Reich.

● Tentativas revolucionárias comunistas:


o É decretado estado de guerra no Brasil;
o Invasão de propriedades rurais em Badajoz.

DEAMBULAÇÃO GEOGRÁFICA E VIAGEM LITERÁRIA:

● Ricardo Reis deambula pela cidade de Lisboa, visitando alguns espaços como:
o A estátua do Adamastor;
o O Calhariz;
o O Largo de Camões;
o A Igreja dos Mártires;
o Os baixos da urbe;
o O Chave de Ouro;
o O cinema.

Nesta deambulação, Reis visita alguns marcos históricos como a estátua do


Adamastor e de Camões, que fazem contrastar os tempos de glória e descoberta
representados pela estátua, com os tempos de estagnação vividos na obra.

REPRESENTAÇÕES DO AMOR:

● Lídia visita Ricardo Reis pela primeira vez na sua nova casa e diz que irá visitá-lo e
limpar-lhe a casa todas as sextas-feiras. Reis acaba por beijar Lídia numa forma de
agradecimento e não de uma forma erótica e, antes de ir embora, a mesma avisa-o
que Marcenda chegará a Lisboa no dia seguinte.
● No dia seguinte, Ricardo Reis espera ansiosamente pela visita de Marcenda e
quando esta aparece em sua casa, Reis beija-a pela primeira vez. Ambos conversam
e concluem que não se amam só gostam um do outro. No fim, Marcenda
despede-se rapidamente pois não quer que se beijem outra vez.

INTERTEXTUALIDADE:

Luís de Camões:
● Estátua do Adamastor:
o Simboliza os perigos e obstáculos trazidos pela ditadura que se vive em
Portugal.
o Tal como o Adamastor sofreu por amor a Tétis, Reis também sofre com a
ausência de Marcenda.

Cesário Verde:
● Deambulação pela cidade de Lisboa.

Fernando Pessoa:
● 3 voltas ao Adamastor;
● Morte/vida;
● “Odes arrefecidas” - simbolizam o frio e o período de estagnação criativa visto que
ao longo da obra tenta escrever odes mas não consegue;
● Leitura das notícias nos jornais.

LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA:

A estrutura da obra:
● Este romance divide-se em três planos estruturantes que se cruzam entre si:
o Representações do século XX, tempo histórico e acontecimentos políticos;
o Representações do amor;
o Relação Ricardo Reis/Fernando Pessoa.

O tom oralizante e a pontuação:


● Presente nos comentários do narrador: “[…] nem sabe Ricardo Reis o que perde por
ser adepto de religiões mortas […]” (pág.274).
● Uso peculiar da pontuação: uso exclusivo de vírgulas e pontos finais.

Recursos expressivos:
● Comparação: “ […] viu fugir-lhe o ânimo como se assistisse ao correr da areia numa
ampulheta […] ” (pág.267).
● Enumeração: “ […] não há vassouras, nem baldes, nem panos do chão e do pó, nem
sabão azul e branco, […] ”(pág.276).
● Ironia: “ […] Ricardo Reis examina outros miríficos anúncios […] ”(pág.283).
● Metáfora: “ […] formos nós próprios a ampulheta, atentos à areia que em nós corre
[…] ”(pág.267).

CONCLUSÃO:

Este trabalho permitiu-me consolidar e adquirir conhecimentos relativamente ao O


Ano da Morte de Ricardo Reis de José Saramago.
Esta obra foi um pouco complicada de interpretar devido ao uso peculiar da
pontuação o que pode tornar difícil ler a obra de uma forma contínua e fluida e acaba por
tornar a leitura cansativa.

BIBLIOGRAFIA:
● Manual PLURAL 12;
● O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago (edição de 2017 da Porto
Editora).

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