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EJA – Multisseriada B – Geografia – aula II

Vídeo de apoio : https://www.youtube.com/watch?v=b8TlLqb07xs

Introdução

O processo de industrialização brasileira - ou seja, o fortalecimento dos investimentos no setor fabril e


a expansão e crescimento econômico das indústrias - é considerado tardio, uma vez que, enquanto as
potências europeias já experienciaram suas revoluções industriais desde os primeiros anos do século XIX, o
Brasil ainda vivia sob o regime de economia colonial.

Foi só a partir de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, que o Brasil passou a investir no segundo
setor - ou setor industrial - e passou por profundas mudanças econômicas, políticas e sociais.

Mais tarde, durante o governo de Juscelino Kubitschek, o país viu seu ramo industrial crescer
exponencialmente, diante do slogan “50 anos em 5” do então presidente.

Veremos, aqui, os fatores centrais da industrialização brasileira durante esses períodos. 

Antecedentes

Enquanto o Brasil teve Portugal como metrópole (1500-1808), a implantação de indústrias foi proibida na
colônia, a fim de se evitar a concorrência comercial dos produtos e, principalmente, que o país
conquistasse autonomia financeira suficiente para uma possível independência.

Por isso, durante mais de 300 anos, a produção no Brasil foi exclusivamente artesanal, salvo o caso
dos engenhos de açúcar. 

Em 1808, com a chegada da família real portuguesa no Brasil, o cenário começou a mudar: a implantação
de indústrias foi permitida e a importação de matéria-prima para abastecimento das fábricas também.

Entretanto, alguns requisitos deveriam ser cumpridos, como o pagamento de taxas de importação de 15%.

As primeiras indústrias surgidas no Brasil dedicavam-se à produção de tecidos, sabão, alimentos e outros
produtos que não demandavam alto grau de tecnologia.

Apesar do surgimento dessas indústrias neste período, até os últimos anos da década de 1920 o maior
interesse e investimento econômico no país era direcionado para a ampliação e exportação do café. 

A partir de 1929, o Brasil viveu uma grave crise do modelo agrário-exportador, com a intensa queda do
rendimento de lucro das plantações de café.

A Crise do Café fez com que os investimentos passassem a ser direcionados para atividades urbanas como
as indústrias e, devido à redução das importações, tornou-se necessária a produção de bens de consumo, o
que também impulsionou as indústrias. 

A Industrialização Brasileira começa

Entre 1930 e 1955, o setor industrial recebeu muitos investimentos dos ex-cafeicultores que haviam
acumulado lucros. Com a crise do café, não investiriam mais no setor agrário.
Além disso, outros fatores foram importantes para possibilitar o crescimento da indústria no Brasil:

 a chegada dos imigrantes estrangeiros e suas técnicas industriais;


 a dificuldade de importação de produtos em decorrência da Primeira Guerra Mundial;
 o começo da formação da classe média urbana consumidora.

Governo Getúlio Vargas

A industrialização brasileira teve como consequência a transformação do espaço geográfico e mudanças


em diversos aspectos sociais e econômicos, impulsionados pelo Governo Getúlio Vargas.

Dentre elas podemos citar:

 a melhoria dos meios de transporte (malha ferroviária e malha rodoviária, principalmente) para


facilitar a distribuição dos produtos;
 a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (1942-1947) em Volta Redonda, responsável pela
produção de metais - principalmente aço - fornecidos como matéria-prima para outras fábricas;
 a criação da Companhia Vale do Rio Doce, empresa de exploração de mineração;
 a criação da Petrobrás, empresa estatal produtora de energia;
 a criação das Leis Trabalhistas pelo governo de Getúlio.

Construção da Companhia Siderúrgica Nacional

É importante pontuar que a maior parte das indústrias neste período encontravam-se no eixo Rio de
Janeiro-São Paulo. A concentração de infra-estrutura, mercado consumidor e mão de obra qualificada
tornaram a Região Sudeste pioneira na industrialização do país.

Entre 1930 e 1955, as indústrias produziram tanto bens de consumo duráveis - como automóveis - quanto
bens de consumo não duráveis - desde calçados e roupas até alimentos.

Industrialização no Governo JK

O processo de industrialização brasileiro adquiriu novos rumos a partir do governo do presidente Juscelino


Kubitschek, entre 1956 e 1960. 

O Governo JK é considerado nacional-desenvolvimentista, uma vez que o Estado é o grande responsável


pelo desenvolvimento econômico e industrial nacional, ao mesmo tempo em que existe certa abertura
para o capital estrangeiro. É por conta dessa política que JK acabou por aumentar muito a dívida externa
brasileira. 
Foi durante esse período que houve um grande crescimento industrial e o consequente aumento do
padrão de vida, além da possibilidade de consumo de uma parcela da população: a classe média.

Entretanto, houve também o grande aumento da desigualdade social.  

Algumas das características centrais das políticas para a indústria nesse período foram:

 internacionalização da economia: ou seja, abertura para o capital internacional, o que levou a


entrada de grandes indústrias multinacionais no país - principalmente automobilísticas - como a Ford,
General Motors etc;
 economia baseada em três pilares:
 o Estado e seu capital investindo nas indústrias de base e infra-estrutura;
 o capital privado nacional direcionado às indústrias de bens de consumo não durávei;
 o capital internacional, com investimentos na produção de bens duráveis;
 grande desenvolvimento das áreas urbanas: enquanto foram escassos os investimentos nas áreas
rurais.

Inauguração da fábrica da GM pelo presidente JK 


E os últimos anos?

As premissas básicas das políticas industriais de JK, apesar de adaptadas, permanecem no país até hoje.

Durante a Ditadura Militar, por exemplo, foi intensificada a entrada de empresas e capital estrangeiro, o
que veio a comprometer a autonomia do crescimento econômico do país.

Além disso, a modernização econômica que deu origem ao chamado “Milagre Econômico”, entre 1968 e
1973, que aconteceu diante do aprofundamento da dívida externa.

O desgaste causado pelas políticas dos militares foi sentido na década de 1980, quando Brasil teve sua
atividade industrial reduzida e altas taxas de inflação. 

Desde a década de 1990, as políticas industriais têm sido marcadas pela perspectiva neoliberal, com
privatizações de empresas estatais, flexibilização das leis trabalhistas, redução de investimentos em
âmbitos sociais etc. 

Após a leitura do texto, responda as questões abaixo

1 – Enquanto as potências europeias já experimentavam suas revoluções industriais desde os primeiros


anos do século XIX, o Brasil ainda vivia sob:

a) ( ) A economia açucareira
b) ( ) A economia capitalista

c) ( ) A economia colonial

d) ( ) A economia do café

2 – A partir de que ano e sob o qual governo o Brasil começa a investir no setor industrial?

a) ( ) 1937 no governo Geisel

b) ( ) 1945 no governo Obama

c) ( ) 1989 no governo Collor

d) ( ) 1930 no governo Getúlio Vargas

3 – As primeiras indústrias brasileiras, dedicavam a produção de:

a) ( ) doces caseiros e biscoitos

b) ( ) tecidos, sabão e alimentos

c) ( ) tecidos, papel e cigarros

d) ( ) papel, biscoitos e tijolos

4 - Com a industrialização no Governo de Getúlio Vargas, o Brasil passa por grandes transformações sociais
e econômicas. Dentre elas podemos citar:

a) ( ) Criação da Siderúrgica Nacional – Companhia Vale do Rio Doce - Petrobrás – Leis Trabalhistas

b) ( ) Criação da Siderúrgica Nacional – Cesp – Sabesp e Banco do Brasil

c) ( ) Criação da Companhia Vale do Rio Doce – Banespa e Banco do Brasil

d) ( ) Criação da Siderúrgica Nacional ´- Vale do Rio Doce – Petrobrás e Itaipú

5 – Observe a “CHARGE” abaixo e responda

A charge ironiza a política desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek, ao:

A - ( ) mostras que a construção de estradas diminuiu as desigualdades regionais do país.


B - ( ) destacar que a modernização das indústrias, a produção de alimentos para o mercado interno.
C - ( ) mostrar que o crescimento econômico não diminuiu as desigualdades sociais.
D - ( ) ressaltar que o investimento no setor de bens duráveis incrementou os salários de trabalhadores.

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