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Existe uma estreita vincuí ação entre a maneira como uma sociedade ca -
pitalista orienta sua produção e a maneira como o aparelho comercial se estru -
tura, tendo em vista a realização das mercadorias e, consequenlemente, a
acumulação do capital.
Na Grande São Paulo (SP , Brasil) podem ser identificados diferentes ti-
pos de estabelecimentos de varejo que representam concretamente as trans-
formaçõ es económicas que ocorreram neste sé culo Vejamos quais são e em .
que momento surgiram,
Entre 1900 e 1930 aparecem as primeiras lojas varejistas de porte, que,
na maior parte das vezes, eram filiais de grupos internacionais e trabalhavam
como importadoras e exportadoras de mercadorias. Estas lojas eram organiza-
das em departamentos, embora não usassem té cnicas de vendas em massa
como suas matrizes no exterior. Estavam localizadas no centro da cidade e as
compras eram feitas mediante o pagamento (o cr édito ao consumidor era mais
restrito). São desse período as lojas do Mappin Stores ( 1913) e Casa Alemã,
que trabalhavam com produtos importados destinados a consumidores de altos
.
rendimentos Existiam també m lojas que vendiam produtos alimentícios impor-
tados e pequenas lojas que comercializavam produtos nacionais e de artesa -
nato (Lima Filho, 1975) . Foi durante este período, mais precisamente em 1914,
que se regularizou a comercialização atrav é s das feiras-livres, que , em 1915,
eram em número de sete na cidade de São Paulo ( Guimar ães, 1969: 25) .
Em termos de contingente populacional, a cidade de São Paulo, em 1907,
tinha 286.000 indiv íduos; em 1920 a popula ção já era de 579.033, ou seja, do-
brou em treze anos.
O fato é que, a partir da primeira d écada deste século, a indú stria brasilei-
ra passou a se concentrar no Estado de S ão Paulo, conforme nos indicam os
dados censitá rios, que seguem, referentes aos maiores centros industriais.
Em 1920 o Estado de S ão Paulo já possuía 4.145 estabelecimentos in-
dustriais, o que representava 31% das indústrias brasileiras naquela data
( 13.336 estabelecimentos).
Assim, no final do sé culo passado e no início deste, presenciamos a en-
trada de capitais estrangeiros via Estado para a construção da infra-estrutura
necessária ao escoamento da produção (no çaso do caf é) e via filiais de em-
presas financeiras estrangeiras ( també m para obras de infra - estrutura).
4
Proíessora do Depto. de Planejamento Regional • IGCE * -
UNESP Campus de Rio Claro - Sao Paulo.
TABELA 1
1907 1912
i
25
:
26
blemas, medidas efetivas não eram tomadas , isto porque, segundo Linhares e
Silva (1979: 107) :
" fazia - se o diagnóstico , mas tomavam- se cautelas contra medidas ousadas que pudessem al -
.
terar o prec ário equilíl )na entre agrários e industriais , forjado cm 1930”
Ora, esta indú stria tradicional conseguiu manter a orientação para o mer -
cado popuí ar at é o momento em que este garantisse a realiza ção das mercado-
.
rias, conseqiientemente, do lucro A capacidade de compra por parte do mer -
cado popular foi se reduzindo no período, dada a forma de exploração da mais-
.
valia, que se tornava cada vez maior Houve um distanciamento cada vez mais
acentuado entre a produtividade do trabalhador brasileiro e sua capacidade de
compra. Enquanto a conjuntura nacional e internacional permitiu, por necessi-
dade da pr ópria reprodução do capital, este mercado garantiu a exist ência da
.
indústria nacional (1913 a 1945) Contudo, com o t é rmino da 2 * Guerra Mundial
houve um novo rearranjo da economia capitalista a ní vel internacional no senti-
do de um refor ç o do imperialismo, o que levou a burguesia nacional a se inter -
nacionalizar.
Como vimos, ocorreram mudanç as na vida econ ómica e política do país a
partir de 30, que alteraram també m o equipamento comercial.
Neste período, de 1930 a 1945, surgem na cidade de São Paulo as ‘‘lojas
populares ”, lais como as lojas Americanas , que introduzem uma t é cnica de
venda - o auto- serviç o .
Data tamb ém deste período, a populariza ção de grandes lojas como o
Mappí n e a Casa Alem ã.
Estas transformações no comé rcio varejista são fruto de transformações
que estavam ocorrendo na produção, ou seja, a indústria estava produzindo
agora bens que anteriormente eram importados, e alé m disso, se aperfei çoando
e se expandindo .
Por outro lado, a expans ão da metrópole paulista , at é meados da dé cada
de 1940, n ão colocou em questã o a localização do com é rcio no centro da cida-
de.
Até 1953, quando surge o prmeiro supermercado, não se identifica ne-
nhum tipo novo de loja, mas se presencia uma expans ão do com é rcio, que pro-
cura se localizar principalmente no centro da cidade ( exceçã o feita a Sears
Roebuck, que nesse período se implanta a 4 km do centro da cidade) , e uma
acentuada departamentaliza ção nas grandes lojas .
Essa expans ão comercial tinha suas raízes na expans ão industrial que
.
se verifica ent ão Se em 1940, o censo indicava a presenç a de 14.225 estabe-
lecimentos industriais no Estado ( 1) de Sã o Paulo, o censo de 1950 nos mos -
.
trava a presenç a de 24.519 estabelecimentos Nesses mesmos 10 anos, o nú-
mero de estabeiecimentos dedicados ao com é rcio varejista cresceu em quase
.
37% no Estado (de 36.396 para 49.830 lojas) A expans ão do número de lojas
aumentou a concorr ê ncia e implicou uma maior propaganda de preç os, ao
mesmo tempo que o sistema de cr é dito se expande í acilitando a aquisição de
mercadorias .
Em meados da d écada de 1950, ocorreram novas trasnformações no
quadro político da nação brasileira, ou seja, a derrubada final do chamado pa-
ternalismo getulista em 1954, e a ascensão da burguesia industrial, que asso-
ciada àquela internacional, procurou se consolidar no poder .
Entre 1954 e 1964, Estado e Economia aprofundaram suas relações, o
que provocou um aceleramento do desenvolvimento económico, parlí cular:
mente a industrializa ção ( lanni , 1971: 142), que implicou a reformulação das re-
la ções de depend ência a ní vel internacional ( a integraçã o do setor industrial à
.
economia mundial atrav é s das multinacionais) ( lanni, 1971: 168 ) Foi o período
em que os investimentos de capital estrangeiro aumentaram consideravelmente
no Brasil, como se pode nolar pela tabela 3.
TABELA 3 ENTRADA DE CAPITAL PRIVADO NO BRASIL 1947- 1961
ANOS MILHÕES DE DÓLARES
1947 47
1948 80
1949 32
1950 28
1951 70
1952 118
1953 85
1954 75
1955 109
1956 248
1957 356
1958 230
1959 248
17 fi
Fonte: DOWBOR , 1977; 262
‘
1961 300
Quase 75% destes investimentos que, segundo se observa, aumentaram
a partir de 1955 /56, distribuíam-se, at é o final da d é cada de 50 pelos setores de
máquinas e automó veis ( 53,90%) , siderurgia e metalurgia ( 10,56%) e química e
farmac êutica (10, 49%). (Fonte Dowbor, 1977: 263),
Particularmente no Estado de São Paulo, o número de industrias cresceu
em 45,14% entre 1950 ( 24.519 estabelecimentos) e 1959 (com 35.588 estabe-
lecimentos ).
No caso da cidade de São Pauio as indústrias se localizaram principal-
mente junlo à s rodovias , que (a parlir de 1947, quando foi inaugurada a Via An -
chieta) passaram a contribuir para a integra çã o de á reas alé ent ão nã o conside-
radas como pertencentes à metr ópole.
Tanto quanto a industrialização, o processo de urbanização também se
.
acentua Enlre 1950 e 1960 a popula ção da cidade de S ão Paulo cresceu de
.
2.116.721 para 3.709 274 hab., ou seja, 57% .
É nesse período que as grandes lojas passaram a abrir filiais nos sub-
.
centros comerciais da Grande S ão Paulo Tais subcentros (caso da Lapa, de
Pinheiros) que, paulatinamente, foram sendo incorporados à cidade em sua ex -
pans ão territorial, passaram a se constituir em concorrentes do comércio do
centro da cidade e por isso esse movimento de abertura de filiais nos bairros
onde o desenvolvimento do comé rcio se fazia .
29
i
r
,
-
aumento da tributação, restrição ao cr édito e ao salário, reordenaçã o do siste
ma financeiro, medidas de atra ção ao capital externo e incentivos à exportação
(Reichstul e Goldenstein, 1980; 42) .
-
i
32
cado consumidor ( principalmente dos estratos econ ómicos mais allos) e uma
retomada do crescimento industrial. Isso permite a expans ão dos supermerca-
dos, bem como a concentração das empresas. É também nesse momento que
o "P ão de A çúcar " lorna-se empresa mullinacional com lojas em Lisboa { que
em 1973 eram em número de 19) , em Angola e uma na Espanha.
A partir de 1974 , por ém, o quadro é novamente alterado com a crise eco-
nómica colocada n ão s ó ao nível nacional, como também do capitalismo a nível
internacional.
Foi o “ milagre económico" que desembocou numa crise económica em
74 e que foi se agravando al é os primeiros anos da década de 1980. Esta crise ,
segundo ReichstuJ e Goldenslein ( 1980: 43 ) , caracter í zou - se por uma desacela-
ra ção da infla ção e pela situação crí tica do balan ç o de pagamentos. Segundo
os autores,
. " o ptirfir de 7.>\ o dinamismo das indústrias de bens duráveis de consumoe de nã o < lu -
rá veis foi menor que o necessário para manter os níveis t leseiados de í >at / >a ão da crescente
^
capacidade instalada no período inuuUounncnte anterior , iso levou a u/ na tHmhuti ão acelerada
^
do investimento nesses se fores , gerando efeitos desaceieradores para o conjunto da economia.
.
( J W ): J3 )
que só n ão foi pior dados os elevados ní veis de invesliemntos p úblico, tanto por
parte das empresas quanto do governo.
i
33
BIBLIOGRAFIA CITADA
RESUMO
ABSTRACT
I
RENDA MÉDIA FAMILIAR NA GRANDE SÃO PAULO
-1.967-
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