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AULA 04
o Resultado: aumento da inflação (demanda interna aquecida sem a concorrência dos produtos
internacionais);
o Inflação + taxas de câmbio distintas para importação de bens de consumo e bens de capital =>
rentabilidade do setor industrial (que absorveu boa parte da poupança do setor cafeeiro);
o Essa foi a “receita” para que o Brasil se industrializasse definitivamente (de forma sustentada);
Próximas
Aulas aulas:
Transição Econômica
passadas:
Plano de
Consolidação Metas; I e II
da oligarquia PNDs;
cafeeira;
1930-1954 Crescimento do PIB; Menor inflação (em comparação ao período posterior); Aumento da
renda per capta;
Mudança do centro dinâmico da economia (vimos a dinâmica econômica desse processo; nesta aula,
veremos as dinâmicas práticas dessa relação);
A partir dos anos 1980, a temática central da economia brasileira mudou para a hiperinflação (mantida nos
anos 1990, encerrada com o Plano Real);
• A industrialização não era mais a pauta da economia brasileira. O desafio passou a ser o de
compatibilizar o crescimento do balanço de pagamentos com o sistema de hiperinflação;
“...criação de fóruns onde diversos representantes da sociedade fossem integrados em sistemas corporativos capazes
de expressar suas demandas sem contestar a autoridade instituída...”
Força de Vargas: Integração entre elite cafeeira e a burguesia industrial (para atender às demandas de
ambas) + transformação econômica => estabilidade política;
Prioridade do governo Vargas: Industrialização (como resposta aos gargalos da Segunda Guerra Mundial);
Política econômica + estratégias políticas => o governo avançando sobre a estratégia de industrialização
(diferente da industrialização desconectada que ocorria até 1929);
OBS: as políticas do café (até 1937) não tinham o objetivo de auxiliar a industrialização. Foi uma
consequência. Mas, a partir do Estado Novo, a industrialização passou a ser prioritária (após a II GM);
Restringiu as exportações;
Criou órgãos, institutos e fóruns de debate para a consolidação da indústria (1930 – 45):
De 1930 a 1937:
Política econômica conservadora
o Havia preocupação do ponto de vista fiscal, dados os gastos com a defesa do setor do café;
Estado Novo:
Política econômica “desenvolvimentista” ou “nacionalista-corporativista”
Mudança significativa o Estado agora atuava como indutor do crescimento, e não apenas como organizador
das contas para enfrentar a crise;
Vargas Promoveu:
• De forma Indireta manipulação de impostos; controle câmbio e das importações; concessão de crédito;
Debate (iniciado na Era Vargas, mas ainda atual) sobre se o crescimento da economia deveria ser acoplado à
economia internacional ou se ele deveria ser sustentado por um processo nacional de desenvolvimento;
o Planejamento vs Liberalismo; ou
o Modernidade (indústria) vs Produtividade (divisão internacional trabalho); ou
o Protecionismo (indústria nascente) vs laissez-faire; ou
o Modelo dos EUA vs Modelo da Argentina;
Simonsen representava os industriais paulistas. Para ele, o governo deveria adotar o protecionismo (uase que
fechar as fronteiras para a importação de bens), além de ceder créditos para consolidar a indústria. Desse modo,
o Brasil poderia se consolidar e participar da economia mundial;
Gudin, pensando no liberalismo econômico (laissez-faire), acreditava que o Brasil deveria focar na atividade mais
forte (comparativamente), não forçando a participação em setores em que o país não tivesse força. Desse modo,
o desenvolvimento seria consequência da integração com o comércio internacional;
o Gargalos fundamentais: produção, transportes, combustíveis, energia, metalurgia, indústria química, etc;
Superávit do Balanço de Pagamentos (devido aos gargalos de importação) => US$ 600 milhões;
As indústrias de bens de consumo dos países envolvidos mais diretamente na II GM foram convertidas
em indústrias bélicas. Logo, era difícil conseguir importar tais bens das economias centrais. Grande
parte dos bens de consumo poderiam ser produzidos internamente => incentivo à indústria brasileira,
que, devido ao conflito, não tinha muitos concorrentes => Superávit (↑ exportações; ↓ importações);
Bretton Woods (1944) =>criação do sistema padrão-ouro – dólar => expansão da oferta moeda
OBS: A aproximação das economias brasileira e norte-americana se consolidou com a entrada dos EUA na
guerra (1941);
O pós- II Guerra
Contexto:
o Reconstrução da Europa; Economia relativamente organizada a partir de Bretton Woods (criação do Banco
Mundial e do FMI);
Economia brasileira fim do Estado Novo e início governo Dutra;
Lembrar: Estado Novo Estado atuando como indutor da industrialização (via captação dos interesses da
elite); Modernização da economia (encerrada em 1945);
Governo Dutra
(1946-1950)
Política mais ortodoxa (mais liberal) Estado gasta menos; menos intervenções; preocupação com
questões fiscais etc;
ii. Afastamento de Correa e Castro (Ministro Fazenda), indicando uma economia menos ortodoxa (mais
flexibilidade nas metas fiscais e monetárias);
Mais flexibilidade de crédito, nos gastos; Menor controle das questões cambiais; ou utilização desses
instrumentos (concessão de créditos/ gastos do governo) para acelerar o desenvolvimento
econômico;
O entendimento do governo era de:
Ou seja, reduzir as intervenções do governo = traria benefícios, pela atração de investimentos =>
desenvolvimento;
Logo, a percepção (na primeira metade do governo Dutra) era a de que o foco deveria ser combate à
inflação (déficits orçamentários => políticas econômicas contracionistas);
Enquanto o Estado Novo foi marcado pela atuação estatal intensa sobre a economia, a primeira parte do
governo Dutra, por outro lado, foi caracterizada pelo de recolhimento do estado, cujo foco foi
direcionado à inflação;
Ou seja, acreditava-se que o governo deveria apenas fazer “a lição de casa” e não criar novos órgãos ou
intervir de outras formas para induzir o crescimento. Era necessário apenas controlar os indicadores
macroeconômicos, pois, a economia retornaria à normalidade naturalmente (e, consequentemente, o
crescimento econômico brasileiro);
Porém, esse entendimento foi frustrado, obrigando a troca de estratégia na segunda parte do governo Dutra;
Fase 1:
Relaxamento dos controles cambiais
Lembrar do regime de câmbios múltiplos (discutido na aula passada) cujos objetivos eram conter a
pressão sobre o balanço de pagamentos e viabilizar a industrialização;
Nesse contexto, acreditava-se que o relaxamento dos controles cambiais elevaria as importações (dada uma
valorização real da taxa de câmbio devido à alta inflação doméstica);
Em outras palavras, acreditava-se que a inflação alta geraria uma apreciação da taxa de câmbio, e que,
portanto, os preços internacionais cresceriam a uma velocidade inferior aos preços domésticos,
tornando as importações relativamente mais baratas;
Desse modo, haveria: ↑ Demanda por bens de capital e por bens intermediários;
De modo a forçar a ↓ dos preços industriais (expansão do setor);
↑(atraindo) ingresso de capitais;
Porém, a estratégia estava equivocada, pois houve uma má avaliação do nível de reservas cambiais do país
que era muito pequena;
OBS: embora o Brasil não tenha tido problemas no balanço de pagamentos ao longo da II GM,
principalmente dada a dificuldade de importação e pelo processo de substituição de importações, o país
tampouco tinha recursos de geração de divisas internacionais significativas, dado o baixo crescimento das
exportações no período;
Ou seja, o Brasil ainda dependia ou do ingresso de capitais internacionais via investimentos, ou via
crescimento das exportações;
Assim, o relaxamento dos controles cambiais gerou (rapidamente) problemas no balanço de pagamentos;
Logo, a desvalorização do câmbio não era uma opção (limite dessa política):
Geraria aumento dos preços dos importados (resultando em impactos sobre a inflação, que seria
retroalimentada);
Restava retomar os controles cambiais e de importação (volta a uma maior intervenção estatal na economia
para conter os problemas do balanço de pagamentos);
Fase 2:
Retomada controles cambiais
O câmbio seria liberado pelo Banco do Brasil após aprovação (exigia-se a avaliação prévia do Banco):
Essa medida gerou um efeito positivo indireto sobre o setor industrial (embora não tenha sido uma política
deliberada de crescimento da indústria);
Em resumo: Política econômica externa de Dutra 1ª fase mais liberal; 2ª fase mais intervencionista (via controle
de câmbio);
Governo Dutra Política Interna
Fase 1:
Ortodoxa
Até 1949:
Fase 2:
Fim da austeridade
Proximidade das eleições fortalecimento político: fim da austeridade para garantir maior crescimento
econômico antes das eleições;
Resultados:
Muito influenciado pela Missão Cooke de 1942 (identificação de gargalos econômicos do Brasil);
Parte da percepção de que o Estado deveria atuar na economia;
Plano ordenado para o período 1949-1953;
Coordenação de gastos públicos pra atender setores de Saúde; Alimentação; Transporte; Energia elétrica;
Era limitado pela dificuldade de financiamento;
OBS: O Plano Salte foi a única medida de intervenção planejada para o desenvolvimento entre o período de
1946 – 1950;
Saúde: alta taxa de mortalidade infantil; necessidade de leitos hospitalares, profissionais adequados
(médicos e enfermeiros para atender uma população cada vez mais urbanizada) etc;
Transporte: necessidade de criar uma estrutura logística com aparelhamento de portos, construção de
rodovias e ferrovias, etc;
o Investimento do Setor Privado Contava com parte importante dos investimentos do setor
privado;
OBS: Nos diagnósticos realizados pelos norte-americanos, os temas do transporte energia sempre apareciam. O
Plano de Metas, aplicado posteriormente por JK, além do II PND de Geisel, priorizaram esses pilares;
Porém, embora o diagnóstico tivesse sido bem articulado (em relação aos pontos de gargalos identificados), o
Plano Salte era inviável na prática, pois questões relacionadas ao orçamento e ao tamanho da economia não
foram bem trabalhados no desenho do plano;
“...depois de estudar e debater amplamente o Plano Salte, chegara à conclusão de que esse trabalho, embora
inspirado nos melhores propósitos, não apresentava condições de exequibilidade, pelo menos nos termos em que
[fora] proposto”
“os investimentos e serviços governamentais previstos no Plano Salte seriam financiados pelo produto da
receita ordinária da União, por um empréstimo de divisas contraído pelo Banco do Brasil, por uma operação de
crédito interno sob a forma de emissão de obrigações do Tesouro e, finalmente, por parte da receita do Fundo
Rodoviário Nacional e da Contribuição de Melhoria (quota pertencente à União).
Embora a ideia inicial fosse a de atrair o investimento privado para executar o Plano Salte, seria necessário
recorrer a gastos públicos, o que contribuiria para uma nova desorganização fiscal da economia,
principalmente levando-se em consideração que o sistema de crédito ainda era arcaico (só foi modernizado no
PAEG, de 1964);
Logo, seria um grande desafio sustentar o Plano, que acabou sendo extinto na administração Café Filho;
II Governo Getúlio Vargas
(1951-1954)
Se no primeiro governo Vargas a política econômica tenha sido mais ortodoxa (preocupações com a inflação -
estratégias de contensão fiscal e limitação do crédito para contê-la), baseado nos princípios de Bretton Woods, o
segundo governo, por outro lado, foi marcado tanto pela necessidade de conter a inflação, quanto pela
aceleração dos investimentos públicos para o crescimento econômico;
Ambiente inflacionário (desequilíbrio das contas do Governo, devido aos investimentos no Plano SALTE);
Melhora nos preços do café;
Expectativas de crescimento de investimentos estrangeiros (EUA) no Brasil;
Ou seja, Vargas não se preocupou tanto com o crescimento econômico, pois contaria com o
financiamento externo;
Porém, como a questão da inflação era um grande problema macroeconômico, já que retornava a altos
patamares, coube ao governo, inicialmente, estabilizar as contas para depois proporcionar o crescimento
econômico (lembrando que o Plano Salte, iniciado no governo anterior, tinha previsão para ser concluído em
1953, mas o plano falhou, pois o Brasil não recebeu dos EUA o apoio esperado);
OBS: CMBEU*:
• Caminho para atração de novos investimentos, dada a expectativa de crescimento econômico (com o
fim desses gargalos);
Vargas tinha um projeto de governo bem definido (até como forma de consolidação do CMBEU);
Políticas econômicas contracionistas foram realizadas para a reduzir o déficit e controlar o crédito;
A inflação persistia em 2 dígitos, apesar dos esforços de contração (12,3; 12,7%, entre 1951-52);
O PIB real cresceu 4,9% e 7,3% nesse período (1951-52);
Contexto externo positivo:
Melhora do preço do café (desde agosto 1949) => Balanço de pagamento brasileiro em uma
posição relativamente positiva (↑do recebimento de divisas via bom desempenho dos preços,
mesmo quando havia ↑ da quantidade exportada);
• OBS: Dutra adotou a mesma estratégia, mas recuou. Vargas cometeu o mesmo erro de leitura de que a
situação externa já havia sido resolvida, e, portanto, o foco deveria ser a economia doméstica;
o Taxa de câmbio mais depreciada para as exportações, e mais apreciada para as importações;
Resultado:
Grave crise do Balanço de Pagamentos => crise cambial Forte aumento das importações (70%) +
piora exportações;
Contexto de alto volume de atrasados comerciais pelo Brasil, cujo pagamento gerou pressão sobre as divisas
(esgotamento das divisas internacionais do país); Piora da relação com os EUA;
Abandono da ortodoxia;
Reforma ministerial em 1953
Ministério da fazenda (Osvaldo Aranha no lugar de Horácio Lafer; Jango para Ministro do Trabalho);
o OBS: Osvaldo Aranha: tinha visão ortodoxa da inflação solução via ajuste cambial;
Importações
(ações advindas da instrução 70 da SUMOC)
• Visto que, até aquele momento, outros agentes bancários também podiam realizar o comércio de
câmbio, o que dificultava o controle do governo;
Leilões de câmbio (para otimizar o uso das divisas da economia, que estavam escassas);
As taxas múltiplas funcionavam como controle para importações => controle da balança comercial + proteção
de alguns setores industriais;
Exportações:
Ou seja, para resolver a questão cambial estratégia: dificultar as importações e favorecer as exportações:
Importações -> dificultadas pelo controle cambial, para manter as divisas internamente;
Exportações -> bonificação, em cruzeiro qualquer exportação em dólar como forma de incentivo às exportações;
Porém, os ajustes foram insuficientes:
• Dificuldades em gerar política austera (obras públicas, abonos funcionalismo público); pressões
políticas e sociais;
• Necessidade de manter as obras no setor elétrico, financiados via Fundo Federal Eletrificação
(primeira fonte recursos fiscais de alcance nacional);
o Agricultura => cresceu pouco (+0,2%, devido à seca do nordeste); contração da oferta de alimentos ( =
inflação da oferta);
Inflação: + 20,5%;
Elevou os custos das empresas importadoras de insumos brasileiras (ou seja, houve repasses de
preços e a consequente dificuldade de contensão deles);
Respostas:
• Manifesto dos coronéis (pressão do exército, descontente com deterioração dos salários);
• A instabilidade política aumentou;
• Vargas resolveu que o reajuste seria de 100% (contra FIESP, oficiais do exército, Conselho Nacional de
Economia, pois aumentou a inflação);
Desfecho trágico:
Café Filho
(1954-1955)
Redução exportações;
Vencimentos em moeda estrangeira de curto prazo;
Eugênio Gudin (Liberal)como Ministro da Fazenda;
Programa de estabilização bastante ortodoxo:
• Falta de liquidez;
• Falências e concordatas;
• Queda de 15% da formação de capital fixo - FBKF (montante de investimento –> principal variável
macroeconômica de crescimento econômico);
OBS: a inflação persistia desde a metade do governo Dutra; O problema cambial surgiu em 1952 (a partir
da liberação cambial permitida por Vargas);
Recomendações do professor:
A instrução 70 da SUMOC;
Eventuais fontes de financiamento mais específicas do Plano SALT;
Outras medidas adotadas por Gudin no governo café Filho;
LEITURAS:
Leitura obrigatória: BAUMANN, R. (2016). Capítulo 4, item 4.6, 4.7; GREMAUD, A.P; VASCONCELLOS, M. A.S; TONETO
JUNIOR, R (2007), capítulo 15;
Leitura complementar: GIAMBIAGI, F; BARROS DE CASTRO, L., VILLELA, A.A., HERMANN, J. (2016). Capítulo 1, 2;