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Professor Fábio Pádua dos Santos

FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL

PARTE 1

Unidade 1: O legado da Era Vargas


Texto - Wanderley Guilherme dos Santos: O Ex-Leviatã brasileiro.

Era Vargas 1930-1945: Esforço deliberado do Estado de promover modernização, a


partir de um processo de substituição de importações.

Unidade 2: O Brasil nos quadros da civilização capitalista: a Era de Ouro e o


auge do modelo de substituição de importações (26 e 27/04)

Era de Ouro do Capitalismo: 1945-1973

A construção de uma sociedade urbano industrial no Brasil se dá através da


transformação cultural, de massas, a fim de resolver o problema de escassez.

Tópico 1: A ordem política internacional.

GF: Equilíbrio desigual de poder (EUA e URSS) - âmbito político-cultural


- Instaura o Anticomunismo (defesa do modelo capitalista):
- Caça às bruxas
- Política de Retaliação (Am. Látina, por ex.)
- Política de Retaliação cria uma cisão interna nos países (embate
anticomunista x comunista);

- No âmbito econômico, difusão do complexo econômico militar -


implementação de tecnologia militar na sociedade; transformação da cadeia
de valores.
- Fomentado pelo incentivo do Estado (Keynesianismo)

Implicações Políticas:
- Interna aos Estados: Cisão entre os regimes de governo: pró e anti
comunismo.
- Entre Estados: Blocos econômicos regionais e organizações coercitivas
supraestatais (OTAN).

Tópico 2: Ordem econômica internacional

Os anos dourados do capitalismo (1945-1973)


- Revolução tecnológica e a transformação do cotidiano;
- O papel do planejamento.

Tecnologia democratiza o mercado: difusão da divisão social do trabalho.

Planejamento: Economia mista.


- Intervenção do Estado em áreas de ausência de incentivo privado.
- Seguridade Social.
- Programas Internacionais de reformas econômicas e políticas - vide FMI.

Tópico 3: A hegemonia mundial estadunidense

Fonte de legitimidade:
- Demanda dos povos não ocidentais (através da autodeterminação dos
povos);
- Demanda dos povos ocidentais não proprietários (Fordismo-keynesianismo -
América Latina).

Regime de acumulação:
- Fordismo (produção em massa) - keynesianismo (interferência estatal a fim
de garantir condições básicas).

Instrumentos de governança global:


- ONU;
- FMI (“banco dos bancos”);
- BIRD - atual Banco Mundial (disponibiliza créditos p/ infraestrutura);
- GATT - atual OMC (liberalização do comércio internacional).
- 1930-1945: processo de nacionalização e industrialização p/
abastecimento do mercado interno; após 1945, processo de abertura
comercial.

Tópico 4: Problemática da formação do Brasil Contemporâneo

Continuação - Aula 27/04

1822: Ruptura colonial e controle nacional sobre o sistema de produção central.

1889-1930: Problema da formação nacional: incorporação de novos grupos sociais -


classe média. Tais grupos médios (profissionais liberais), não integrados à estrutura
promovida pela velha oligarquia, ascendem ao golpe de 1930.
- Origem da classe média brasileira: profissionais bancários, judiciários etc.

1930-1964: Aliança desenvolvimentista em prol de regulação de diferentes setores


através do Estado - I.S.I. Fortalecimento do mercado interno.
Y= C + G + I + (X - M).

No centro dinâmico, variável X como principal determinante.


Com o deslocamento do centro dinâmico (industrialização), a variante I se torna o
principal componente da renda.

Padrão de integração da economia brasileira

Hegemonia britânica: troca de mercadorias prontas


Hegemonia americana: integração das cadeias de valores.
- Muda o caráter do processo de industrialização de países periféricos, criando
utensílios à industrialização nacional sem cadeias globais de valores.

Aula 03/05

- 1930: Crescimento do mercado interno com base no setor exportador:


indústria complementar à exportação agrária exportadora;

- 1945: Crescimento da renda interna: expansão das atividades industriais -


desenvolvimento industrial gera novas indústrias complementares.

Expressão política desse desenvolvimento: Estado de compromisso e aliança


desenvolvimentista.

● Integração (industrialização - ISI)


● Participação (inclusão da massa) -> Aliança Desenvolvimentista
● Distribuição

1930-64: consolidação do mercado interno via industrialização

Base social da aliança desenvolvimentista: incorporação da massa urbana;


massa rural “pertencia aos latifundiários”, que eram importantes para o processo de
industrialização via exportação, isto é, captação de divisas, insumos internos.

Se você estende demais o tecido social, você retira capacidade de investimento do


grupo capitalista. Assim, reformas trabalhistas só se aplicaram às massas urbanas.

Papel da aliança desenvolvimentista: distribuição de crédito e redistribuição de


renda.
Industrialização por substituição de importações:

- Estrutura produtiva: Insumos + Bens de consumo + Bens de Capital



Duráveis e n/ duráveis

Industrialização pro mercado interno = Renda.


f(Y): investimento também em Insumos e bens de capital.

Gestão macroeconômica:
- Financiamento;
- Balanço de pagamentos, câmbio e inflação;
- Sustentação da renda interna (lucros e salários).

QUADRO COMPARATIVO

1953: Eleição Eisenhower; revogação do Ponto IV; extinção da CMBEU.

Aula 04/05 - Plano de Metas

1954-1955: Governo Café Filho.


2 ministros:
- Eugênio Gudin: um dos pais da teoria liberal no Brasil. Buscava conter a
inflação através de uma política contracionista.
- Whitaker: banqueiro. Orientou o país em direção a uma reforma cambial
S.F.I.
- Instrução 113: Reorienta as normas do capital internacional no Brasil -
liberalização (ainda na administração Gudin). Além disso, possibilitava
aos empresários internacionais o envio completo das remessas de
lucro ao exterior, ação impossibilitada durante o governo Vargas.

1952: Crise econômica.

Inflação de demanda: os agentes econômicos estão gastando além da capacidade


de financiamento dos mesmos.

Outro fator do plano de metas: JK consegue levar a cabo por conta da regulação do
capital estrangeiro e por conta da estrutura desenvolvida por Vargas.

1.1 Fatores de Adoção

Fatores subjetivos: “Conscientização do problema econômico brasileiro em termos


de desenvolvimento industrial, tanto ao nível das empresas privadas quando na
órbita governamental”
Tais fatores subjetivos se desenrolam nos seguintes fatores objetivos:
Fatores objetivos:
- não complementaridade da precedente industrialização (ligação entre os
setores industriais para produção. Ex.: industriais complementares p/
produção automobilística) ;
- grau da diversificação da estrutura produtiva.

1.2 Fatores de sustentação

- IED via greenfield (investimento + tecnologia); cerca de 80% dos IED eram
via greenfield.
- Concessão de investimento do capital estrangeiro aos setores privados.
- Atuação do setor privado nacional em áreas complementares ao capital
estrangeiro. Ex.: setor nacional - indústria de peças; setor privado -
automobilístico.
- Estado: investimento em infraestrutura.
- Expansão monetária p/ investimento.

Inflação: em um primeiro momento eleva a arrecadação do Estado.

Curva de Phillips: “aceitar certo nível de inflação para manter a taxa de desemprego
mais baixa. Ao mesmo tempo, pode aumentar a arrecadação de renda.”

Alguns Resultados:

Setor Primário:
- Expansão da oferta agrícola > expansão demográfica;
- Produtividade média da terra manteve-se inalterada (expansão da
fronteira agrícola).

Desníveis regionais
- Diferença de renda per capita entre os estados.

Social:
- Expansão do emprego industrial < expansão demográfica;
- Expulsão do campo -> formação do terciário ocioso nos centros urbanos;
- Oferta abundante de mão de obra não qualificada prejudicou a barganha
salarial;
- Tipo de industrialização gerou oportunidade para a população qualificada.

Esgotamento da ISI:
- Desníveis estruturais -> encontrar um novo esquema de desenvolvimento.
- Esgotamento das possibilidades de financiar, via inflação, o processo
de formação de capital.
- Processo inflacionário;
- Ausência de um mecanismo de financiamento alternativo (mercado de
capitais);
- Perturbações de ordem político-social.

- Precário sistema de coordenação instrumental.

Aula 10/05

Discussão acerca do termo Populismo.


- Populismo x Trabalhismo, como destaca Ângela Castro Gomes.
- Pacto policlassista.
- Morte de Getúlio em 1954: prolongação do golpe, que aconteceu só em
1964.

Corporativismo.

1964: Quebra da aliança desenvolvimentista. Expansão da influência do capital


estrangeiro no Brasil.

PAEG - Plano de ação econômica do governo.

Diretrizes orientadores do PAEG

1) Binômio poupança-mercado:
- Investimento determinado pela poupança.

Poupança
1. Melhoria da arrecadação de renda;
2. Os incentivos à poupança pessoal pela multiplicação dos instrumentos para
sua captação via mercado de capitais;
3. A atração de capitais estrangeiros, de empréstimos e de risco;
4. A criação de condições de mercado altamente favoráveis à rentabilidade das
empresas;
5. A criação de poupanças institucionais como o Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS) e o Programa de Integração Social.

Mercado
1. Expansão dos gastos a partir da poupança gerada e captação de
investimento estrangeiro.
2 - Extroverter o modelo de desenvolvimento

- Necessidade de expandir as exportações;

Dificuldades para reduzir o coeficiente de importação.


1. Esgotamento da ISI;
2. Limites a autossuficiência e de acesso a recursos naturais;
3. Perfil das importações requer produção em escala mundial;
4. Caráter elástico das M em relação a renda;
5. Absorção de capital estrangeiro depende da expansão do mercado
internacional.

3 - Confiança e pragmatismo

- Estabilidade política;
- Perspectiva social da filosofia produtivista (ganhos de produtividade sem uma
política distributiva);
- Cooperação pragmática.

PAEG: Foi um programa “de reestruturação econômica do país visando o combate


à inflação, ao reequilíbrio do balanço de pagamentos, e a criação das bases para o
desenvolvimento de longo prazo. “

Busca pelo controle da inflação: controle dos preços e assim permite o investimento.
Também auxilia o controle da BP e a captação de investimento estrangeiro.

Objetivos do PAEG:
1. Acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico interrompido no biênio
1962-1963.
2. conter o processo inflacionário.
3. atenuar os desníveis econômicos setoriais e regionais assim como as
tensões criadas pelos desequilíbrios sociais.
4. assegurar oportunidade de emprego produtivo.
5. corrigir a BP.

Instrumentos do PAEG.

Política Financeira (binômio poupança-mercado)

Política Econômica Internacional (Extroversão do modelo de


desenvolvimento)
Política de produtividade social (Cooperação pragmática)
Aula 12/05

A Crise de 1962-1967, o PAEG e as bases do “milagre” econômico

Política Financeira:
- Política de redução do déficit de caixa governamental;
- Política tributária;
- Política monetária;
- Política bancária.

Reforma financeira como ponto chave do governo militar. Necessidade de conter a


inflação e a BP para captação de créditos. Necessidade de encontrar outra maneira
de captação interna em contramão ao combate da inflação (política contracionista).

Política Internacional
- Política cambial e de comércio exterior: visando à diversificação das fontes
de suprimento e ao incentivo das exportações, a fim de facilitar a absorção
dos focos setoriais de capacidade ociosa e de estimular o desenvolvimento
econômico, com relativo equilíbrio de pagamentos a mais longo prazo;
- Política de consolidação da dívida externa e de restauração do crédito do
país no exterior;
- Política de estímulos ao ingresso de capitais estrangeiros e de ativa
cooperação técnica e financeira com o mercado.

Criação do Banco Central para definição da política monetária (taxa de juros) sem
evitar a retração do nível de atividade produtiva.

- Induzir o investimento a partir do mercado de capitais, não mais tendo o


Estado como motriz principal.

Estado entendia que a inflação estava ligada ao consumo excessivo com relação a
capacidade produtiva brasileira.

Política de produtividade social


- Política salarial - política de redução salarial (com criação de emprego de
baixo salário) para aumento da poupança;
- Política agrária - Criação do INCRA;
- Política habitacional (BNH);
- Política educacional (ênfase no ensino técnico para criação de mão de obra
não qualificada).
Implementação de uma reforma trabalhista: Criação do FGTS (que atua também
como uma poupança forçada), ao mesmo tempo estimulando o investimento à
criação de emprego através da B.N.H (espécie de minha casa minha vida).

Crise do populismo: Movimento de demanda das massas por melhorias


trabalhistas e sociais.

Resultados do PAEG
- Redução do ritmo inflacionário;
- Redução da dívida pública em relação ao PIB;

4. Análise do “modelo” brasileiro de desenvolvimento - Furtado

Antes de 1964: papel central do Estado na política desenvolvimentista.

Concentração dinâmica da renda:

- Taxa real dos salários cresce de acordo com a produtividade (não ocorria no
Brasil).
- Salários > despesas -> Renda disponível -> torna-se consumo pois a taxa de
juros real era negativa.
- Sistema que desestimulava a criação de poupança.
- Divisão da classe trabalhista em trabalhadores capazes de poupar
(usualmente ligados a multinacionais) e trabalhadores que consomem toda
sua renda -> Estratificação do consumo.

Furtado: O desenvolvimento no Brasil se dá de um grupo para outro.

Distribuição funcional da renda: L > W

Confronto de perspectivas: Produtivistas (Gov. Militar) x Redistributivistas (visão de


Celso Furtado).

Aula 17/05

6.3. O “MILAGRE ECONÔMICO”

Ortodoxo Heterodoxo

Epistemologia Os supostos não Pressupostos são reais


precisam ser reais

Inflação Demanda, déficit público. Oferta. Estruturas de


mercado.

Emprego Desemprego é natural. Existe desemprego


involuntário.

Ciclo econômico e política Transitório em direção ao Instável. Anti-cíclica


econômica equilíbrio. Pró-cíclica.

- Taxa de câmbio ideal: taxa que incentive a exportação e o nível de


importação sem pressionar a inflação (BP).
- Reserva cambial como fator para definição. Se você não tem reservas, vai ter
que desvalorizar o câmbio.
- Câmbio desvalorizado -> inflação.

1930-1964: Desenvolvimento interno em diferentes setores, alinhado em políticas


de incentivo do Estado e que busca a incorporação da massa social. Cria como
consequência inflação, por exemplo. Também abre para a captação de
investimentos.

Conta Corrente: relação entre X e M.


Conta Capital: Inv. de Portfólio

PAEG: Plano de estabilização com reformas institucionais.

Milagre: altas taxas de crescimento com queda da inflação.

- Interpretações econômicas do “milagre”

- A política econômica do período 1968-1973;


- O ambiente externo favorável;
- As reformas institucionais do PAEG (1964-67).

● Perspectiva da Inflação segundo os dois planos:

P.A.E.G. (64-67) -> Responde ao Esgotamento da I.S.I.

● Demanda (entende que o motivo da inflação é de demanda)


- Déficit público;
- Reajuste salarial acima da produtividade;
- Déficit na B.P;

Solução (controle da inflação):


- Reforma fiscal-tributária;
- Reforma do setor financeiro;
- Abertura externa.

P.E.D. (68-70/71)

● Custos (Entende que o motivo da inflação era o de custos, uma vez que
existia demanda ociosa na economia e queda da Inflação durante o PAEG)
● O diagnóstico da inflação mudou.

- Define uma estratégia de investimento público através de:


1) Investir em capacidade produtiva a fim de complementar a capacidade
ociosa e reduzir os custos de produção;
2) Criar um mercado de massas -> Indústria tradicional (ocupar a massa
ociosa);
3) Política de crédito -> Exportar produtos industriais.

Política de Crédito do P.E.D:

● Emissão de dívida a partir de títulos públicos (ORTN, que garantia uma taxa
de retorno com base na inflação)
● Correção monetária.
● Política cambial de mini desvalorizações: reduções periódicas do câmbio (a
fim de desvalorizar e incentivar as X e captação de capital internacional)

● PED contínua utilizando da reforma financeira e da política de salários.

- O ambiente externo favorável

- Termos de troca favorável;


- Forte expansão do volume de comércio internacional;
- Baixas taxas de juros;
- Farta disponibilidade de crédito no mercado externo.
Política salarial

- Fórmula de reajuste abaixo da inflação. Como consequência, queda do poder


de compra.
Apesar da renda média pouco ter aumentado, houve a incorporação de
trabalhadores no mercado de trabalho, aumentando assim a massa salarial total.

Correção Monetária

Positivos:
- Estímulo a poupança pessoal;
- ORTN e a consolidação da dívida pública;
- Maior equidade fiscal do sistema fiscal;
- Viabilizou o BNH (sistema habitacional);
- Ampliação da rede de intermediação financeira.

Negativos:
- Transferência de renda em favor:
1) dos compradores de títulos de créditos;
2) das concessionárias de serviços de utilidade pública.

Em resumo, a correção monetária auxilia no controle da inflação nos anos


1960, mas funciona de maneira concentradora após isso.

Aula 18/05 - Da substituição de importações ao Capitalismo Financeiro (M.C.


Tavares)

Capital para Marx:


- Comercial;
- Produtivo;
- Bancário.
● Capital Financeiro: engloba o capital produto e o capital bancário, num
processo de subordinação do capital produto ao bancário.

● IED (no governo JK): representa aporte de tecnologia e o próprio crédito.


● JK abre ao financiamento externo agora de maneira complementar às
atividades industriais, e não de maneira subordinada ao Estado, como na Era
Vargas.
● Governo Café Filho - Instrução 113.
● 1960-1964: Crise do populismo - insuficiência do modelo produtivo
econômico na incorporação das massas.
● 1964-1967: PAEG. Plano de estabilização e reformas institucionais.
Ligação entre o Capital Estrangeiro e o Capital Produtivo Nacional. Também
quanto se trata no golpe.
● PAEG: Identifica o problema da inflação pela demanda:
- gasto/carga tributária -> ↓ Inv. público
- Lucro/salários -> ↓ Inv. privado
- Existe capacidade instalada.
● Limite do Consumo para levar a capacidade produtiva adiante: concentração
de renda presente na sociedade.

ORTN:
● Resolve o financiamento do gasto público, pois trabalha na captação de
poupança nacional;
● Não aplica pressão sobre a impressão de moeda;
● Abre uma alternativa para o financiamento do setor privado;
● É também uma alternativa para quem tinha renda disponível e proteção da
renda.

● Articula todas as reformas levadas a cabo pelo PAEG: Reforma


tributária, reforma do sistema financeiro e liberalização.

Política Salarial - Controle de preços.


Multiplicador bancário.

- Segundo Conceição Tavares, a lógica financeira condiciona o investimento


produtivo no mundo real.
- Discute também a funcionalidade do mercado de capital.

Aula 24/05 - A dinâmica da crise global

Anos Dourados (1945-1973)

- A nova ordem internacional liderada pelos EUA.

1950: EUA tinham 60% de todo estoque de K de todos os países capitalistas


avançados, produziam 60% de toda a produção deles (superioridade também vista
em 1970).

1960: lógica da acumulação: produtiva e comercial.


1970: lógica de acumulação: financeira.

Pós 1973: Instituição de uma taxa de câmbio flutuante.


● EUA: eliminou a necessidade dos EUA de controlarem seu B.P. Depreciação
do US$: maior competitividade produtiva.
Política de formação de preço do petróleo (EUA):

- Grande importação de petróleo;


- Teto de extração de petróleo internamente;
- Custo médio do petróleo nos EUA estava 40% abaixo do mercado mundial,
mas ao mesmo tempo aumentava as pressões competitivas para Japão e
Europa Ocidental;
● Política monetária frouxa: desvalorização cambial = aumento de receitas.
● Resultado: entre 73-79 melhora do desempenho econômico dos EUA em
relação a Europa e Japão.

Excesso de dólar: acaba acumulando-se no mercado financeiro.

Petrodoláres: dinheiro oriundo da exportação de petróleo - países da OPEP.

Quatro medidas acompanharam a redução da oferta monetária:


- Elevação das taxas de juros;
- Desregulamentação: processo de liberalização que torna tão liberal quanto
nas offshores. Logo o capital retorna aos EUA.
- Expansão da dívida dos EUA. De maior credor mundial para maior devedor;
- Aumento da dívida pública dos EUA com a escalada da G.F.

“1964: tentativa de frear o aumento salarial nos países do 3o mundo por parte dos
EUA principalmente. O aumento dos salários influenciou na queda da taxa de lucro.
Paralelo com a crise do populismo”

PAEG: Reformas institucionais a fim de facilitar a captação da financeirização


internacional abundante da época.

Aula 25/05 - Texto Celso Furtado: Brasil - A construção interrompida

Antes de 1888: Forma de união federal das elites nacionais com base na
escravidão.

● Pós 1888:
- Diversificação da classe produtiva brasileira;
- Origem da classe média brasileira nos principais centros urbanos;
● Entre 1888-1930: 1º guerra e crise de 1929: Processo natural e necessário
de desenvolvimento social e produtivo.

1930: Esforço deliberado do Estado para fortalecer o mercado interno através da


indústria.

Criação do Brasil Moderno:


- Estado;
- Democracia;
- Economia de mercado;
- Cidadania.

Aula 31/05 - O II PND: fim de um ciclo.


Política Fiscal: T - G

Política Monetária: juros

Déficit em T-G -> Aumento de títulos -> Aumento de Juros.


● Aumento de títulos: retira dinheiro de circulação e torna o crédito mais caro.

Queda de gastos (pol. fiscal contracionista): Possível redução de títulos -> redução
da taxa de juros.
● Redução de títulos: coloca dinheiro na economia, logo o crédito se torna mais
barato.

- Colocar em perspectiva as diferentes etapas dos planos de substituição ao


longo de 1930 até o II PND.

II PND: auge e fracasso ao mesmo tempo.

Alteração do câmbio:
● Alterou o valor das:
- Exportações;
- Importações;
- Da renda nacional;
- Das receitas governamentais;

● Consequências: posição na hierarquia mundial do valor adicionado.

Problema:
● Não tinha recursos financeiros para se proteger das flutuações futuras;
● Demandou recursos dos euromercados.

Mercado futuro: articulação entre sistema financeiro e sistema produtivo.

Mercado de ações: Primário e secundário.

II PND:

Condições historicamente necessárias para o desenvolvimento brasileiro:


● Termos de intercâmbio: quantidade de commodities necessárias para
comprar um produto manufaturado.
● Acesso ao financiamento externo.
Papel do governo:
- Repensar a estratégia de financiamento.
- Estimular via incentivo e créditos novos fundamentos para o crescimento
econômico;
- Deslocar dos setores de bens de consumo duráveis para ramos
intermediários;
- Setores pesados de baixa rentabilidade e longa maturação.

1930-1974: Foco nos bens de consumo para o mercado interno. Com a


impossibilidade de expansão do mercado interno, se dá a concentração da renda.

II PND: foco nos bens intermediários. Demanda intra industrial. Ganho de escala e
de valor agregado a partir de matérias primas e suas derivações.
- Busca minimizar a tendência dos termos de intercâmbio.
- Fundamento da expansão capitalista do II PND (longo prazo) não vai ao
encontro da formação da economia capitalista mundial após 1973:
financeirização (rápido).

● Motivações:
- Resposta a crise energética;
- Retardar a reversão cíclica;
- Superar a atrofia dos setores de insumo básico ce de bens de capital;
- Reorientar o processo de crescimento.

● Controvérsias:
- Financiamento ou ajustamento?
- Propunha uma solução duradoura.

Para continuar crescendo, precisava seguir importando. Crise na BP.

Fuga do processo de reajuste internacional após 1973.

Críticas ao II PND:
- Evasão do ajustamento;
- Estatização da economia vs mercado;
- Prioridades do governo (Setor privado vs Setor público);
- Carlos Lessa e Ideologia do Brasil potência;
- Ponto do Barros de Castro.

- 1974 vs. 1979


- II PND muda a dinâmica econômica.

Substituição de importações: fase clássica vs. II PND


● Fase clássica: diversificação do aparelho produtivo nacional nos últimos
estágios de produção (bem final);
● II PND: atenção aos ramos de insumos básicos e de bens de capital;
● Diferença: saldo comercial.

Considerações finais:
- Empenho e continuidade;
- Interesses imediatos vs. objetivos de longo prazo;
- Momentos históricos excepcionais.

1948-1973:
● Não reproduziu uma estrutura industrial completa e moderna;
● Crescimento liderado pela indústria de bens duráveis, dependente da
demanda interna.

1974 em diante:
● Até 1980 seguiu em marcha forçada com endividamento;
● Tendeu a desconsiderar o dinamismo da economia do perfil da demanda
interna.
● Penosa e longa retração.

Em resumo: troca da dinâmica interna de desenvolvimento.

Leitura (Antônio Castro de Barros):


- “Para fazer funcionar setores pesados de rentabilidade direta baixa e de
prazo de maturação de longo prazo, você precisa de incentivos
governamentais.”
- “Reorientação do processo de crescimento.”
- Importância do II PND como uma continuação e maturação do milagre
(68-73);
- Centralidade das grandes estatais no projeto do II PND; atuação em áreas
que, geralmente, empresas privadas abnegavam.
- “Não creio, em suma, que existisse, para o Brasil, solução capaz de evitar o
endividamento externo e o redirecionamento forçado dos investimentos.”
- “A transformação da estrutura produtiva almejada pelo II PND tenha em
grande medida se realizado. O que fracassou foi a tal estratégia social, de
acordo com a qual seria necessário ‘realizar políticas redistributivas enquanto
o bolo cresce’”.

Aula 01/06 - Revisão P1

Economia política: como se constitui e regula as ordens sociais.


● Formação de um “Brasil Moderno” - construção de um Estado liberal.
Bases do “Brasil Moderno”:
● Estado (liberal);
● Governo democrático;
● Cidadania;
● Economia de mercado.

Texto Wanderley Guilherme dos Santos (Importante)


● 3 Crises:
○ Integração: antes de 1888: integração nacional se dava pela
escravidão; após, tem que se dar pela integração econômica.
○ Participação: expansão do sufraǵio;
○ Redistribuição: aprofundando a divisão social do trabalho (através da
industrialização).

Políticas econômicas: Inserção do Estado na estrutura da Economia de Mercado.


Pode definir as regras do jogo (PAEG), modelar (reformas fiscais/monetárias), ou
indicar um caminho.

Ponto de ligação entre Economia política e Política econômica: Luta de


classes/conflitos sociais.

- Desenvolvimento social (capitalista) sem rupturas com o oligopólio agrário.

Vargas (1930-1945):
● Financiamento via emissão monetária sem lastro e capital estrangeiro.

Lógica patrimonial corporativista: com o desenvolvimento estatal no governo Vargas,


pessoas ligadas à aliança desenvolvimentista ocupavam tais posições no cerne do
Estado.

Aliança desenvolvimentista/ Estado de compromisso: outros estados (RS por


ex. de Vargas) vs. SP.

Expansão da burocracia estatal:


- Regulação;
- Iniciativa pública: empresas estatais.

Governo JK:
- Continua com investimento pautado na emissão monetária sem lastro, mas
o investimento externo se dá, agora, via IED e com maior liberdade por conta
das instruções (checar quais e anos).
- O modelo de investimento IED não gera a mesma quantidade de empregos
por se tratar de bens duráveis; neste cenário, há uma dificuldade de dar
continuidade à inserção de massas nos setores sociais.
- Outro fator que mina a composição social: a ascensão inflacionária.

PAEG:
- Reformas financeiras.
- Emissão monetária com lastro
- + Capital estrangeiro (IED e de portfólio).

Revisão P1

PAEG: entende o problema da inflação através da demanda (também por conta da


emissão sem lastro).
- “Padrão de financiamento, em especial a forma de articulação do Estado.”

Até 1956: predominância do financiamento: empréstimo.


Após 1956 (Plano de metas): IED.

Emissão monetária com lastro: via emissão de títulos.


- Busca realocar a circulação de moeda dentro da economia.

Emissão sem lastro: maior possibilidade inflacionária.

Crise do populismo:
- Reordenação política interna com o aumento de IED;
- Inflação;
- Insuficiência de inserção de novas massas sociais;
- Furtado: economia brasileira só cresce com concentração de renda.

Reforma financeira do PAEG:


● Lastreamento da dívida (conhecida como ORTN ou correção monetária);
● Revogação da Lei da Usura - “liberta” o sistema financeiro.
● Processo de liberalização (em adição a instrução 113, de 1955) e criação do
mercado de capitais.
○ Permite novamente o investimento via empréstimo, conjuntamente a
IED.

Bases do milagre 1968-1973:


- Capacidade produtiva ociosa;
- Reformas do PAEG;
- Alta liquidez.
II PND: demanda intraindustrial. Foco da dinâmica econômica sai do Consumo das
famílias para o Investimento na base Y = C + G + I + (X-M).

Vulnerabilidade externa:
1) Termos de troca;
2) Capital estrangeiro.

Antes de 1973:
- Foco no mercado interno concentrador de renda; vulnerabilidade com relação
ao agronegócio (gerador de divisas internacionais).

Depois - II PND:
- Busca pela expansão do mercado externo;
- Agronegócio + indústria.
● Busca atacar a vulnerabilidade da BP com a possibilidade de X de produtos
industriais.

Privatizações como lógica de rompimento ideológico.

Financiamento do II PND: empréstimos com taxas de juros pós-fixadas.

Parte 2 do conteúdo
- Aula 14/06/2022.

● Choques externos e desestruturação interna: recessão 1981-1983.

Juros flexíveis/ pós-fixados.

Aumento do juros americano de 2-3% para próximo a 20% em decorrência da


inflação na casa de 12%.

Acordos como o FMI: “desregulação da economia e abertura externa”.

● Estagflação.

1981: adoção de uma política recessiva sem o apoio do FMI;


1982: Negociações com o FMI num contexto de transição democrática;
1983: O fundo da recessão;
1984: Relaxamento das restrições externas.
Choque externo: aumento do valor do barril de petróleo e aumento da taxa de
juros.
Mudança no capitalismo global influencia a conjuntura brasileira: Avanço do
capitalismo financeiro sobre o global.

II PND: estratégia de desenvolvimento a longo prazo. Torna-se uma estratégia


custosa cujos benefícios não são entregues a tempo.

Perda de confiança no gerenciamento de curto prazo da economia: Interrupção do


fluxo de entrada de capital estrangeiro.

Outros fatores:
- Queda dos termos de intercâmbio. Antes: para cada 100 exportado,
entrava 120; depois, entrava 70.

Indexação da economia brasileira: PAEG. Indexação junto a IGP-M, IPCA etc.

Não podia contar com desvalorização cambial por conta da inflação. Desvalorização
impulsionaria a exportação e ajudaria a BP.

Política de Reajuste Recessivo:

- Contração da importação: política de gaveta.


- Programa de apoio à exportação.

Outro fator basilar: reorientar os gastos públicos.

Pontos centrais da política recessiva:


- Contração do investimento público e contenção salarial;
- Controle dos gastos do governo e aumento de arrecadação;
- Elevação da taxa de juros internas e na contração da liquidez real;
- Tratamento especial às atividades de exportação, energia, agricultura e à
pequenas empresas;
- Abandono da prefixação da correção monetária e cambial.

Resultado: desequilíbrio interno

A aceleração progressiva da inflação desde o início do ano [1983] foi suficiente para
desacreditar a taxa de… (a continuar)

Aula 15/06 - Continuação da aula anterior (aula reduzida)

1980’s: Crise da dívida


- Termos de intercâmbio;
- Racionamento do financiamento externo;
- Transferência de recursos reais (lucro + juros) (BP);

A Crise da Dívida:
- Globalização (um dos componentes da globalização é a liberalização do fluxo
de capitais);
- Caráter da hegemonia estadunidense (através da moeda);
- Exclusão da América Latina;
- Ásia vs. América Latina (dinâmica da economia brasileira voltada para o
mercado interno vs. Export lead da economia asiática).

79-82: sucessão de déficits em CC.

Políticas recessivas: tomadas internamente a fim de controlar as transações


correntes para não demandar tanto recurso do exterior.
- Compensar a saída de capital financeiro;
- Déficit na BP entre 79-82.

● Estoque da dívida: aumento da dívida externa;


● Perfil da dívida: aumento da dívida de curto prazo;
● Estatização da dívida: troca dos contratos de dívida entre setor público e
privado; setor público assume as dívidas internacionais em troca de dívidas
internas para o setor privado;
● Endividamento direto das autoridades monetárias.

Transferência de recursos reais: saída de dinheiro nacional, fruto de trabalho (X>M).

Trabalho de FEB II:


- Equipes de 5;
- Texto de 6 páginas;
- Relacionar o tema com o modelo de desenvolvimento;
- Pelo menos 2 visões antagônicas para debater o ponto.

Crises

- Dívida externa;
- Estagflação
- Crise fiscal;
- Crise monetária.
1980’s: década perdida

1. Visão otimista (política recessiva);


2. Visão de superávit estrutural;
3. Críticos do ajuste externo.

Aula 05/07

Plano Cruzado I - Dilson Funaro

- Queda inicial da inflação mas retoma acentuada com o descongelamento de


preços.

Plano Cruzado II - Bresser Pereira

- Atendia a inflação enquanto inercial (era neoestruturalista)

Como as diferentes visões entendem o problema da inflação: especialmente pelos


lados da oferta e demanda, não da inflação inercial, pois acreditam que, cerebus
paribus, inflação = 0.
● Monetarismo: Variável da moeda > variação do PIB
● Keynesiano: Demanda > Oferta. Lado fiscal.
● Estruturalismo latino-americano: Lado da oferta, e como isso impacta
diferentes setores.

Fatores Mantenedores (Inércia, por ex):


● Conflito distributivo -> Cláusula indexadora.
○ Indexação Formal - poder de mercado;
○ Indexação Informal - expectativa do agente (antecipar compra por
conta dos valores).

Fatores Sancionadores:
● Moeda: expansão da base monetária para acompanhar a inflação.
Manutenção da base real.
● Déficit Público (Bresser Pereira): Relação entre gasto e financiamento do
setor público - capacidade de financiamento.
- Cruzado Bresser

Contexto: Crescimento PIB 84-86 Inflação descontrolada

Equilíbrio BP BP desequilibrada

Inv. em expansão Diminuição de Inv. por


conta da falência de
várias pequenas
empresas)

Preços Relativos: Crise da dívida: PIB em recessão


Primeiro Plano Cruzado - Interna;
desestabiliza os preços - Externa.
relativos; Bresser tenta
ajustá-los.

Variação do salário acima Moratória da dívida (ainda


da produtividade. no governo Funaro, logo
após o descongelamento
dos preços)

Buscava conter a
aceleração inflacionária

Características Emergência Emergencial

Reforma monetária (criou Política de ajuste


nova moeda)

Desindexação total Manteve o sistema de


(exclusão da ORTN, por indexação existente.
exemplo)

Câmbio “fixo”. Retira a Implementa novamente a


política de mini política de mini
desvalorizações desvalorizações.
cambiais. Isso gera
impasse na BP.

Congelamento dos Congelamento por tempo


preços foi por tempo definido - 3 meses.
indefinido.

- Ambos os planos baseiam-se na mesma teoria econômica. Sayad e Bresser.

Proposta de Bresser de conter a aceleração inflacionária:


- Parar e reduzir a pressão inflacionária;
- Gerir a redução salarial por conta da inflação;
- Evitar a recessão;
- Reequilibrar a BP.

Bresser - II Plano Cruzado:


● Pacto Social:
○ Preços relativos;
○ Política salarial;
○ Controle dos gastos públicos.

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