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Resumo: Durante os anos de Juscelino Kubitschek, observou-se que, sempre que ameaçavam
o crescimento do Brasil, as políticas monetária e fiscal foram preteridas em relação à política
cambial. Ainda que essa escolha do governo tenha sido essencial para o sucesso do ambicioso
Plano de Metas, ela causou uma alta da inflação durante os anos de 1955 a 1960. No presente
trabalho, analisa-se, à luz dos textos "Democracia com Desenvolvimento" e "Dos Anos
Dourados de JK à Crise Não Resolvida", como esse período se destacou por conseguir aliar
democracia e acelerado crescimento econômico pela primeira vez na história do país e quais
foram os custos disso em termos inflacionários.
POLÍTICA CAMBIAL
Em 1957, a fim de lidar com o problema cambial existente desde o fim da Segunda
Guerra Mundial, o governo executou uma reforma do sistema cambial por meio da Instrução
70 da SUMOC a fim de diminuir a complexidade do sistema de taxas múltiplas - já que isso
era ineficiente -, criar uma proteção adicional a produtos nacionais e incentivar a
industrialização interna. Para isso, o governo passou a separar as taxas entre as importações
"gerais", que correspondiam a produtos que a oferta interna não era capaz de garantir, e
"especiais", as quais eram compras de produtos que também podiam ser feitos pela produção
interna, sendo a primeira categoria mais beneficiada pelo sistema de leilões das divisas
cambiais. Uma terceira categoria, a de importações "preferenciais", era isenta dos leilões pois
gozava de "câmbio de custo" por englobarem itens de extrema importância para a indústria e
à agricultura nacional, como petróleo, fertilizantes, etc.. Com isso, o governo, que objetivava
causar a aceleração da industrialização via substituição de bens de capital sem dar a mesma
relevância a bens de consumo que outros governos haviam dado anteriormente, conseguiu
fazer a indústria crescer mais de 25% entre 1955 e 1960 - o que consagrou a política cambial
como a principal ferramenta de industrialização no período.
Assim, observa-se que, mesmo antes do lançamento do Plano de Metas, já havia um
anseio de desenvolvimento acelerado no país - evidenciado, por exemplo, pela criação de um
banco de desenvolvimento em 52 -, porém, esse ainda era muito restrito a alguns setores da
economia brasileira. No entanto, o Plano de Metas(PM) foi o primeiro plano que atacou
simultaneamente os problemas de diversos setores e com o qual o setor público esteve
totalmente comprometido até o fim, pois buscava cumprir de modo urgente a tarefa de
melhorar rapidamente a qualidade de vida e estabilidade social por meio da realização de
obras infraestruturais e do estímulo da produção e investimento privados.
O PLANO DE METAS
CONCLUSÃO
O governo JK foi marcado por grandes avanços para o Brasil, tanto enquanto
sociedade quanto como economia: observou-se, pela primeira vez na história brasileira, a
experiência verdadeiramente democrática no país ser aliada a um crescimento extraordinário
da economia brasileira devido à industrialização viabilizada pelo sucesso do Plano de Metas
em tornar o Brasil menos dependente de importações e das medidas cambiais necessárias a
isso. Ainda que isso tenha ocorrido ao custo de alta da inflação e de aprofundamento das
desigualdades regionais, é indiscutível que a política adotada durante os anos de JK foram
essenciais para concretizar o sonho de formação de um complexo industrial no Brasil e
fundar as bases para a inclusão do Brasil no mercado internacional para além do comércio
agroexportador.
A importância do governo JK é confirmada por Marcelo Abreu quando ele cita que
esse originou a "macroeconomia do homem cordial", segundo a qual inexiste limitações ao
anseios do governo caso ele haja como se não houvesse restrições ou consequências
inflacionárias para determinado orçamento governamental e seja guiado por "vontade
política". Esse é o motivo pelo qual pouco se fala sobre as políticas monetária e fiscal durante
os anos de JK, dado que, nesse período, elas permaneceram num lugar de submissão aos
anseios desenvolvimentistas, de modo que, ainda que houvesse consciência da necessidade de
combater a inflação ou outros problemas econômicos ou sociais por meio delas, isso era
colocado de lado caso fosse mitigar o crescimento econômico e a consolidação da indústria
nacional.