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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

WESLEI MOSKO

Plano Real: Concepção e Resultado

CURITIBA
2019
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
WESLEI MOSKO

Plano Real: Concepção e Resultado


Trabalho do Curso de Ciências
Contábeis, da Universidade Tuiuti do
Paraná, do aluno Weslei Mosko, com o
objetivo da aprovação do 2º semestre
na disciplina de Economia. Sobre a
orientação do Professor: Osnir Jugler.

CURITIBA
2019
Sumário
1. Introdução......................................................................................................................................12
2. Precedentes do Plano Real.........................................................................................................13
3 Plano Real.......................................................................................................................................16
4. Conclusão......................................................................................................................................17
Referencias........................................................................................................................................18
1. INTRODUÇÃO
Com o decorrer do trabalho, pretende-se efetuar uma análise histórica inflacionaria.
Abrangendo desde o governo de Juscelino Kubitschek, em 1956, e seguindo até
quatro décadas depois, com o final do Plano Real, em 1994. Possuindo esse trajeto,
vale ressaltar que não pretendesse desviar o assunto para países diferentes do
Brasil.
Também tem como objetivo desenvolver os motivos que levaram ao surgimento da
hiperinflação que perduraram por quase uma década, exigindo diversos planos para
sua contingência, assim como os motivos de tais terem falhado em solucionar esse
problema econômico. Em seu centro tem como objetivo acentuar os princípios
efeitos e resultados do Plano Real, e também sua realização.
2. PRECEDENTES DO PLANO REAL
Durante os anos de 1956, no governo de Juscelino Kubitschek, o presidente
prometia grandes avanços, com seu slogan “50 anos em 5”, fazendo assim projetos
de modernização no país, porém foi usado investimento de capital estrangeiro, que
iria permanecer com no país por várias décadas. Pois com esse investimento,
surgiria uma dívida externa com o Fundo Monetário Internacional (FMI), entretanto
não seria apenas essa a causa que iria criar a hiperinflação brasileira.
As Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), um título público federal,
que esteve em vigor durante os anos de 1964 e 1985. Tinha a obrigação de
reajustar o salário, em relação à inflação, ou seja; se a inflação tivesse um
crescimento, o salário seria aumentado de mesma proporção a inflação no ano
seguinte, e vice versa. Contudo, como Corrêa (2014) conta, essa é uma técnica
conhecida como “senhoriagem”, mas sem uma demanda adequada para com a
moeda, o valor dela acaba caindo, o que deixa por indexar a economia.
Mesmo com esses fatores que permaneceram no decorrer das duas décadas
seguintes, nós anos de 1970 a 1974, o presidente Emilio Médici deu continuidade
com investimentos de infraestruturas para um desenvolvimento econômico, o I Plano
Nacional de Desenvolvimento (I PND). Contudo, esse desenvolvimento acabou por
agravar a inflação, e em adição a esse fator, no ano de 1975, houve o primeiro
choque do petróleo. O que levou nos anos de 1975 até 1979 passar por uma
inflação violenta (30,5%), entretanto ainda se mantinha controlada, e fazer com que
tivessem mais gastos para retomar o desenvolvimento econômico.
Em mesmo período (1975 até 1979), o presidente Ernesto Geisel iniciou o II Plano
Nacional de Desenvolvimento (II PND), durante execução desse plano aconteceu o
Milagre Econômico, o Brasil passou por um crescimento econômico assim como o
idealizado. Os objetivos e metas desse segundo plano são contados no artigo,
PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO (PND).
“A meta básica para o qüinqüênio 1975-1979 era o ajustamento
da economia nacional à situação de escassez de petróleo e ao novo
estágio da evolução industrial do país. Por isso mesmo era dada
grande ênfase às indústrias básicas, sobretudo aos setores de bens
de capital e da eletrônica pesada. O objetivo era substituir as
importações e, sempre que possível, abrir novas frentes de
exportação. A agropecuária era também chamada a cumprir novo
papel no desenvolvimento brasileiro, contribuindo de forma
significativa para o crescimento do PIB.”
Apesar do crescimento que se teve, e do sucesso do Milagre Econômico, em 1980
se teve uma segunda crise do petróleo, essa afetou o mercado, e fez potencias
europeias e os Estados Unidos aumentarem suas taxas de juros, fazendo com que
se tivesse uma fuga de investimentos de outros países do Brasil. Ou seja; nenhuma
outra empresa ou queria investir em indústrias brasileiras, isso somado ao aumento
dos juros, da dívida externa que o Brasil já tinha da década de 50 com a dívida
externa. Formaram um estopim para o descontrole da inflação, que ocorreu no final
da década de 70, se transformando em uma hiperinflação com 142% a.a, em
decorrência até o ano de 88, a inflação atingiu 1000% a.a, exigindo que o ORTN
tivesse que reajustar todo o mês o salário em relação à inflação.
Como é contado por Bresser (1991), em 1981 até 1983 foram feitos programas de
estabilização, contudo com tais crises em mãos, não foram mais aceitos
empréstimos do exterior, o que levaram a mais práticas de “senhoriagem” e o
endividamento interno, para conter o déficit. Isso apenas agravou a situação,
mantendo o déficit orçamentário e a dívida pública apenas cresceu. Tais condições
se mantiveram durante tanto tempo, que fizeram os investidores perderem a
confiança na moeda e no governo, métodos como o overnight. Com esse cenário, se
teve início as tentativas dos principais planos para a estabilização econômica, dentro
os mais importantes estão;
O Plano Cruzado, que em 1986, lançado por Sarney, o plano congelava os preços
dos produtos, assim também congelando os salários, mudava também a moeda do
país, o cruzado, com o intuito de restabelecer a confiança na moeda. Além disso,
também foi criado o “gatilho salarial”, ele era ativado quando a inflação passava de
20%, corrigindo a os salários, cedendo abono para todos os salários. O plano foi um
sucesso, conseguindo reduzir a inflação, contudo, essa estabilidade não durou
muito, tendo novamente um crescimento nas dividas, pois com o congelamento se
teve um desabastecimento e o Estado para suprir essa demanda teve de fazer
importações e tendo uma baixa nas exportações. Como tentativa de continuar sobre
o controla da economia, e não se tinha a alternativa de cambio por causa do
congelamento, o Cruzado passou a se desvalorizar.
O Plano Bresser, em 1987, foi formulado pelo Ministro da Fazenda da época Luiz
Carlos Bresser. O plano consistia em fazer em fazer um segundo congelamento de
preços e salários, porém como forma de controlar a demanda os juros seriam
mantidos, dessa forma teria se um equilíbrio, permitindo teoricamente lidar com a
inércia inflacionaria. O novo plano tinha começado com sucesso outra vez, porém
cometendo o mesmo erro de antes, com o descongelamento dos preços, após os
reajustes serem feitos, elevando mais uma vez a inflação.
O Primeiro Plano Collor, iniciado logo após da eleição de Fernando Collor, no ano de
1990. As primeiras medidas foi, à volta do Cruzeiro, que tinha sido substituído pelo
Cruzado no I Plano Cruzado, e outro congelamento nós preços. O novo
congelamento tinha a intenção de controlar a inflação inercial, contudo essa pratica
já tinha se mostrado inútil com as diversas tentativas anteriores. Porém o que
entalhou na história esse plano, foi o “Sequestro da Liquidez”, como o descrito por
Corrêa (2014, p 40).

“Todas as aplicações financeiras com valor superior a NCr$


50.000,00 seriam bloqueados ao longo de 18 meses, com o governo
se comprometendo a pagar após esse período os valores convertidos
em Cruzeiros em doze parcelas iguais, corrigidas e acrescidas de
juros. O grande objetivo seria garantir uma contenção monetária, com
a retirada desses ativos do mercado. Além disso, outra medida foi
cessar o pagamento de juros da chamada “moeda indexada””
Com o sequestro, foram pagas partes da dívida externa, e o Plano Collor passou
também a privatizar empresas estatais, assim diminuindo gastos com manutenção,
criou novos impostos e passou a ser mais rigoroso com as arrecadações, além de
várias demissões de cargos públicos e o fechamento de ministérios, diminuindo
ainda mais as obrigações com salários. Porém, todos esses fatores foram risórios,
pois não foram verdadeiramente redutoras, e como o já experiência, o congelamento
não foi efetivo. Assim, como seus precedentes, o I Plano Collor teve seu efetivo
sucesso apenas em seu início, porém trouxe outra vez a inflação.
Contudo o II Plano Collor, dessa vez fazendo cortes realmente significativos para o
ajuste fiscal. Seguindo as instruções Consenso de Washington, Collor passou a abrir
a economia do país, aumentando assim a concorrência no mercado brasileiro. Esse
plano também quase extinguindo a indexação da economia e criou a Taxa de
Referência, uma segunda espécie de “senhoriagem”, que não seria mais baseada
na inflação. Entretanto, o plano nunca teve continuidade, ele acabou por ser
encerrado após o impeachment de Fernando Collor.
3. PLANO REAL
O Plano Real foi uma dos 13 planos de estabilização da economia do Brasil, alguns
dos quais foram citados e detalhados acima. Esse plano teve seu iniciado no ano de
1993, com o presidente da época Itamar Franco, e o Ministro da Fazenda Fernando
Henrique Cardoso (FHC), que assumira após o impeachment de Fernando Collor no
ano anterior em 1992. O plano consistia de quatro fazes, e foi formulado com o
intuito de lidar com a hiperinflação que assolava o Brasil desde 1980, fazendo uma
desindexação da economia.
Cada uma das fases tinha seu objetivo próprio e diferente de planos anteriores,
nenhuma delas continha o congelamento de contas. A primeira fase do Plano Real
ficou conhecida como PAI (Programa de Ação Imediata), focava na eliminação da
dívida externa e na estabilização das contas governamentais. Essa fase tinha o foco
de criar uma segurança fiscal, tanto que parte dela foi à manutenção de bancos
privados e públicos. Como a memória inflacionaria se mantinha, isto é, não se tinha
mais confiança sobre a moeda do Cruzado, foi instituída uma nova moeda, o
Cruzeiro Real.
A segunda fase visava à desindexação da moeda, objetivo esse, que planos
anteriores falharam em conseguir, tendo um dos principais pontos, sua nova política
de fiscalização, e a caça da sonegação de impostos. Com essa troca, se teve início
ao mecanismo URV (Unidade Real de Valor), esse mecanismo visava combater à
inércia inflacionaria que era a responsável pela inflação brasileira. A UVR acabando
com reajustes fora de sincronia, tendo agora reajustes diários e simultâneos, usaria
o câmbio como apoio. Vale ressaltar que a UVR não era uma moeda, mas uma
unidade de conta para manter uma medida de comparação com o dólar, que era
diariamente reajustada. Assim, indexando a URV ao dólar a memória inflacionaria
não iria ser estimulada, e permitindo com que a nova moeda, o Cruzeiro Real,
continuasse circulando.
A terceira fase teve como início a saída do Cruzado Real e a entrada do Real como
moeda oficial do Brasil, tal transição já havia sido iniciada com o URV. Contudo,
essa fase exigiria uma disciplina monetária rigorosa, para se evitar que ocorresse os
mesmo que nós planos anteriores. Durante os planos de estabilização anteriores,
durante um curto período, setinha uma baixa na inflação, porém a mesma voltava a
crescer exponencialmente. Para se evitar nessa faze, o mercado teria pouco liquidez
ao dispor, essa iria aumentar no decorrer dos dois anos seguintes, permitindo um
reaquecimento do mercado, de forma gradual e solida.
4. CONCLUSÃO
A economia brasileira, desde o governo de Jucelino em 56, esteve sempre tentando
se expandir. E de forma obsessiva os governos seguintes também, negligenciando
suas dívidas até que tinham e geravam, pois se pretendia modernizar o país e
apenas após isso, devolver o investimento. Todo o avanço feito durante os anos de
1956 a até 1975, tiveram grandes empréstimos estrangeiros, o que acumulou
dividas internas, e acabaram gerando a inflação.
Na década seguinte novamente se teve alto investimento com o desenvolvimento e
as dívidas do estado, fazendo com que o cenário apenas deteriorasse nas décadas
seguintes. Contudo, essa falta de cuidado acabou por cobrar caro, quando a
segunda crise do petróleo aconteceu, criando um cenário com uma hiperinflação
descontrolada, e consequentemente cessando os avanços.
Passaram a ser necessários planos de estabilização fossem elaborados. Contudo,
todos tiveram êxito, com exceção ao Plano Real se mostrou efetivo, pois havia
aprendendo com os planos antecessores, da forma da “tentativa e do erro”. Porem
mostrou que não se poderia deixar a demanda livre e sem controle, e que a
desconfiança de uma moeda poderia gerar também sua própria inflação.
O Plano Real, teve um desempenho claramente excepcional, com relação aos
outros. Pois ele aprendeu com os anteriores, abrindo o mercado para empresas
internacionais, sem mais a proteção do Estado, o mercado brasileiro teve que
adaptar e passando a ser mais competitivo, tanto com preço quanto com custo.
Permitindo assim que a economia brasileira passa a se reajustar com a fiscalização
do governo. Junto ao Plano Real, também se teve políticas de fiscalização mais
fortes, que permitiram uma crescimento que não removesse o equilíbrio econômico.
Referencias
BRESSER PEREIRA, Luiz C. “A economia e a política do Plano Real”. Revista de Economia Política,
vol. 14, nº 4 (56), p. 129- 146, out./dez. 1994.
BRESSER PEREIRA, Luiz C.; Nakano, Yoshiaki. “Hiperinflação e estabilização o primeiro Plano de
Collor”. Revista de Economia Política, vol. 11, nº 4 (44), p. 89- 113, out./dez. 1991.
CORRÊA, Thiago Fontenelle Bossard Cortazio. “O Combate à Hiperinflação e a Eficácia do Plano
Real” 2014
Dirceu Grasel. “BRASIL: PLANO REAL E A ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA INACABADA” 2003
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/plano-nacional-de-desenvolvimento-pnd
“PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO (PND)” Acessado: as 22:10 de 07/09/2019
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64452009000300009
IANONI, Marcus. Lua Nova: Revista de Cultura e Política no. 78 São Paulo 2009 “Políticas Públicas e
Estado: o Plano Real” Acessado: as 18:22 de 08/09/2019
LACERDA, Antonio Correa. “Economia Brasileira” Editora Saraiva.

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