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Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia
17 | 2013
Número 17
Agricultura científica
globalizada e fronteira agrícola
moderna no Brasil
L'agriculture scientifique mondialisée et la frontière agricole moderne au Brésil
Global scientific agriculture and modern agricultural frontier in Brazil
SAMUEL FREDERICO
https://doi.org/10.4000/confins.8153
Résumés
Português Français English
O artigo analisa a difusão da agricultura científica globalizada na fronteira agrícola moderna
brasileira e as formas de regulação da produção exercidas pelas grandes empresas. A partir da
década de 1990, parte significativa da agricultura brasileira sofreu grandes transformações
com a adoção das novas tecnologias da informação, a menor intervenção estatal e a maior
regulação das empresas mundiais de insumos e comércio agrícola. Trata-se da emergência de
uma agricultura científica e globalizada, que ao mesmo tempo em que aumentou a eficiência
produtiva e inseriu de maneira competitiva diversas regiões produtivas no mercado
internacional, também criou uma maior vulnerabilidade, ao submeter os produtores atrelados
aos lugares a uma lógica externa que não podem prever e nem mesmo controlar.
This article analyzes the dissemination of global scientific agriculture in the Brazilian modern
agricultural frontier. In the 1990s, there is a new agricultural production paradigm
characterized by: the new technologies of information, for less State intervention, the
regulation of companies, the internationalization of trade, the regional productive
specialization and the financialization of agricultural commodities. The global scientific
agriculture increases the production efficiency, but creates greater vulnerability to social,
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Index de mots-clés : agriculture scientifique mondialisé, commodities agricoles, frontière
agricole moderne, productivité
Index by keywords: agricultural commodities, Global scientific agriculture, modern
agricultural frontier, productivity
Índice de palavras-chaves: agricultura científica globalizada, commodities agrícolas,
fronteira agrícola moderna, produtividade
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Crédits : ©HervéThéry2007
1 O artigo analisa a difusão da agricultura científica globalizada (Santos, 2000) na
região do Cerrado e as formas de regulação da produção exercidas pelas grandes
empresas. Entende-se por agricultura científica globalizada, a nova forma de
organização do agronegócio brasileiro, emergente na década de 1990, caracterizada
principalmente pela incorporação das novas tecnologias da informação ao campo e
pela menor intervenção estatal. Trata-se da transição de um período de forte
intervenção estatal na agricultura, predominante desde a década de 1960, para uma
maior regulação das empresas mundiais do comércio agrícola (tradings); e do
aperfeiçoamento e uso mais intensivo dos insumos químicos, biológicos e mecânicos
difundidos pelo paradigma da Revolução Verde.
2 Desde a década de 1970, houve um crescimento exponencial da quantidade
produzida e da área destinada à produção agrícola no território brasileiro. De acordo
com os Censos Agropecuários do IBGE, entre os anos de 1970 e 2006, a área ocupada
com lavouras permanentes e temporárias praticamente dobrou, ao passar de pouco
mais de 30 milhões de hectares para cerca de 60 milhões. A quantidade produzida
das principais commodities agrícolas também teve um aumento exponencial no
mesmo período, a soma das produções de café, milho, caroço de algodão, trigo em
grão, soja em grão e cana-de-açúcar passou de cerca de 90 milhões de toneladas para
mais de 400 milhões (Censo Agropecuário/IBGE, 1970; 2006).
3 Parte significativa do aumento da área e da quantidade produzida ocorreu devido à
expansão da fronteira agrícola moderna, isto é, a incorporação de novas áreas
destinadas à prática de uma agricultura intensiva em capital e tecnologia. A fronteira
agrícola moderna expandiu-se principalmente sobre áreas de Cerrado devido às
condições fisiográficas favoráveis (topografia e clima), a presença de poucas
rugosidades1 (Santos, 1996) e a política deliberada de ocupação daquela região pelo
Estado durante a década de 1970.
4 Atualmente, o Cerrado é a principal região brasileira produtora de grãos,
apresentando os maiores índices de produtividade em diversas culturas como soja,
algodão herbáceo, milho e café2. Contudo, a eficiência produtiva contrasta com os
crescentes problemas agrícolas e agrários (Silva, 1980). Os primeiros estão
relacionados principalmente à regulação externa da produção, isto é, à falta de
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10 Em resumo, como afirma Silva (1980; 1982), o Estado brasileiro, entre as décadas
de 1960-80, foi o principal articulador dos agentes responsáveis pela modernização
agrícola - empresas estatais, empresas multinacionais e grandes produtores - e pelo
investimento no desenvolvimento das forças produtivas, em detrimento de políticas
que priorizassem uma maior justiça social no campo. Para o autor, a modernização
do campo solucionou os problemas agrícolas, atrelados à produtividade e aos preços,
permitindo ao país se industrializar; mas agravou os problemas agrários, com o
aumento da concentração fundiária, a expulsão dos pequenos produtores e a
intensificação das lutas sociais.
11 A partir da década de 1990, inicia-se um novo período, com o esgotamento do
modelo pautado nos CAI’s e a emergência da agricultura científica globalizada.
Segundo Mazzali (2000, p.18), o padrão explicativo do CAI’s se assentava em três
pilares que passam, a partir de então, a não dar mais conta da nova realidade
agrícola: a) um padrão de desenvolvimento tecnológico baseado no paradigma da
Revolução Verde; b) um aumento das exportações de produtos processados,
provenientes da agricultura; c) e a forte atuação do Estado como financiador e
regulador da agricultura.
12 Entende-se aqui por agricultura científica globalizada, o novo padrão agrícola
emergente da superação dos três pilares descritos anteriormente: a) o
aperfeiçoamento e, em certa medida, a superação do padrão tecnológico difundido
pelo paradigma da Revolução Verde, com a adoção das NTIC como a informática, a
microeletrônica, a biotecnologia, a engenharia genética e a formação e transmissão
de bancos de dados; b) o aumento das exportações de produtos primários em
detrimento dos produtos processados, como é o caso da soja (principal commodity
agrícola de exportação); c) e a menor atuação do Estado como o principal regulador
da agricultura, com a privatização e/ou sucateamento da maioria das empresas e
instituições públicas responsáveis pelos diferentes aspectos da produção agrícola
(financiamento, política de preços mínimos, armazenamento, produção de adubos e
fertilizantes).
13 Juntamente com a “desregulamentação” dos mercados e a maior abertura
comercial houve também uma maior internacionalização dos circuitos espaciais
produtivos agrícolas. O padrão agrícola pautado nos complexos agroindustriais e na
centralidade do Estado cede lugar a uma agricultura científica globalizada,
organizada em rede (Mazzali, 2000), cuja produção tem uma referência mundial –
sobretudo, por meio da especialização na produção de commodities -, regulada pelas
grandes corporações e refém das oscilações das cotações das principais bolsas de
valores.
14 Para Santos (2000), a demanda externa de racionalidade se expressa no uso
crescente de bens científicos (sementes e insumos químicos e mecânicos) e na
padronização dos procedimentos (preparação do terreno, plantio, tratos culturais,
colheita, armazenamento, transporte, beneficiamento e comercialização), tornando
produtores e os próprios lugares subordinados a fatores externos, que não podem
prever e nem mesmo controlar. Castillo (2008a) afirma que a exacerbação da
especialização regional produtiva agrícola tem levado a uma divisão territorial do
trabalho caracterizada pelo controle técnico local e por um controle político
(regulação) distante da produção.
15 Localmente, diversas são as ações com vistas a uma maior eficiência produtiva:
redução dos custos de produção, aumento da produtividade, maior eficiência
logística. Dos grandes centros decisórios, internos e externos à formação sócio-
espacial brasileira, provêm as ordens das grandes empresas, instituições,
especuladores financeiros e Estados, que designam direta ou indiretamente a forma
de produzir (técnicas de manejo), de armazenar, de transportar, a disponibilidade e o
custo do dinheiro, o câmbio, os lucros dos intermediários, os preços, os prazos e as
quantidades adquiridas.
16 A mundialização da produção tornou o “mundo” um parceiro inconstante e pouco
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Figura 2 Area plantada de soja por município, fronteira agrícola moderna 2009
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Formosa do Rio Preto (sentido norte) e Cocos (sentido sul); em Rondônia, a soja tem
entrado pela porção leste, a partir da divisa com o estado do Mato Grosso; neste, a
expansão tem ocorrido nas áreas próximas à referida divisa, ao longo da BR-158 (no
leste-nordeste do estado), na área de influência da BR-163 e nos municípios
localizados ao norte e ao sul do Parque Indígena do Xingu; em Goiás, a área plantada
tem se expandido no entorno do Distrito Federal, seguindo em direção nordeste
(Chapada dos Veadeiros e município de Flores de Goiás); no Pará, a soja tem se
expandido na região nordeste do estado, a partir da divisa com o Maranhão (ao longo
da BR-010); em Minas Gerais, a soja tem se expandido no noroeste do estado,
próximo à divisa com Goiás; por fim, a área plantada de soja também teve um
aumento significativo em diferentes pontos dos estados de Tocantins e do Mato
Grosso do Sul.
40 O território brasileiro possui uma singularidade com relação à maioria dos
territórios nacionais, a existência, ainda nos dias atuais, de fundos territoriais
(Moraes, 2000), isto é, espaços de reserva passíveis de serem incorporados ao modo
de produção dominante. Este fato, atrelado ao avanço tecnológico, tem permitido o
aumento concomitante da produtividade e da área plantada, subjugando porções
cada vez maiores do território brasileiro à lógica das commodities.
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tendência de alta dos preços internacionais, entre 2006 e 2009, foi decorrente das
posições de compra (long) assumidas pelos especuladores financeiros.
56 Como demonstram os exemplos supracitados, além do uso dos novos sistemas
técnicos informacionais, a agricultura científica globalizada também se caracteriza
por uma nova forma de regulação política da produção. Na fronteira agrícola
moderna, o poder das grandes empresas (tradings, agroindústrias, sementes,
fertilizantes e agrotóxicos) se expressa através da regulação das inovações
tecnológicas, do financiamento de custeio, do fornecimento de insumos, do comércio
e da logística de circulação dos grãos. Somado à ação das empresas, os produtores e
regiões produtoras também são vulneráveis às aplicações financeiras realizadas pelos
especuladores internacionais, que aumentam a volatilidade dos preços, decorrente da
criação de uma demanda fictícia por commodities agrícolas.
57 A competitividade e a vulnerabilidade são as duas faces da agricultura científica
globalizada. O aprofundamento da especialização regional produtiva, característica
sine qua non do atual paradigma agrícola, ao mesmo tempo em que possibilita uma
inserção competitiva das regiões no mercado internacional, também cria uma maior
vulnerabilidade, uma vez que as decisões políticas são cada vez mais estranhas aos
lugares da produção propriamente dita.
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Notes
1 Segundo Santos (1996), a ideia de “rugosidade” pode ser entendida como as heranças físicas
(configuração espacial), naturais ou socialmente construídas, e sócio-políticas (normas)
presentes em determinado lugar, que dificultam, alteram, e às vezes obstruem a realização de
novos projetos e ações.
2 Na safra 2008/2009, dentre os principais estados produtores, o estado de Goiás teve o
maior rendimento médio nas lavouras de milho (5.495 kg/ha) e algodão herbáceo (4.142
kg/ha); Mato Grosso teve a maior produtividade na produção de soja (3.080 kg/ha) e a região
do Oeste da Bahia teve o maior rendimento médio na lavoura de café (36,7 sacas de 60 kg/ha)
(Dados: milho, algodão herbáceo e soja obtidos na PAM/IBGE, 2011; café obtidos na Conab,
2011).
3 O pacote tecnológico difundido pelo paradigma da Revolução Verde foi incorporado, no caso
brasileiro, principalmente pelos grandes produtores de commodities agrícolas localizados
tanto nas tradicionais áreas produtoras das regiões Sul de Sudeste quanto nas novas áreas
produtoras do Centro-Oeste e Nordeste.
4 Existem variações com relação à definição do conceito de complexo agroindustrial. Para uma
análise mais detalhada consultar: Sorj (1980); Silva (1982); Delgado (1985); Müller (1986);
Kageyama et all. (1990); Mazzali (2000).
5 Para Moraes (2000), os fundos territoriais podem ser entendidos como as áreas de reserva,
ainda não incorporadas ao modo de produção dominante. No caso brasileiro, a sua formação
territorial se caracteriza por um processo contínuo de ocupação e valorização capitalista de
novas áreas.
6 Todos os dados sobre consumo de fertilizantes na agricultura brasileira foram obtidos na
Associação Nacional para Difusão de Adubos – ANDA (2011).
7 Segundo informações obtidas em trabalhos de campo, ocorrem práticas ilícitas na pesagem e
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na classificação dos grãos feitas pelas empresas armazenadoras. Segundo os produtores, elas
alegam ter uma quantidade maior de grãos “ardidos” e “esverdeados” (considerados fora do
padrão) e de umidade e impurezas do que existe realmente, descontando do montante final a
ser pago pelos grãos.
Auteur
Samuel Frederico
Prof. Dr., Dep. de Geografia - UNESP/Rio Claro, SPsfrederico@rc.unesp.br
Droits d’auteur
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