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Aula 2 – Revolução Verde e

Extensão rural
Revolução Verde
• Definição:

• Período de transformação dos modos da produção agropecuária


mundial baseando-se na elevação do capital investido, introdução de
novas tecnologias, materiais genéticos mais produtivos e massivo uso
de fertilizantes e agrotóxicos.

• Expoente: Norman Ernest Bourlag (1914 – 2009). Agrônomo e Biólogo


Norte Americano.
• Premio Nobel da Paz em 1970.

• Norman Bourlag trabalhava com produção de trigo no México e foi responsável


por pesquisas envolvendo a seleção e produção de variedades de trigo
resistentes a doenças fúngicas e técnicas de produção mais eficientes para
estes materiais mais produtivos.  introdução do monocultivo, intensificação
da nutrição mineral, controle de pragas e doenças.

• Resultado  Aumento em 7x a produção de trigo no México  País se tornou


um grande exportador de trigo.  Ainda trabalhou na Índia e Paquistão.
Contexto histórico
• Consequência de eventos históricos sequenciais em todo o globo e
atuação de empresas multinacionais juntamente com a influência de
países desenvolvidos no setor agropecuário.

• 1º ponto  Revolução industrial (1760 – 1840)  aumento da


demanda por matéria-prima nas indústrias; pressão por elevação da
produção nas propriedades rurais.

• O meio rural tinha função de sustentar a demanda das cidades.


• Era necessário que a produção agrícola crescesse pois a demanda de
matérias primas para a indústria urbana crescia rapidamente.

• O meio rural deixava de ser somente um produtor de alimentos para


abastecimento das pessoas nas cidades  novo elo da cadeia
produtiva industrial.

• Com essa maior demanda os meios de produção nas propriedades


rurais precisam ser mais eficientes e produtivos.
• 1ª ação  Substituição de atividades diversificadas por monocultivos
e monocriações comerciais.

• Mais fáceis de serem gerenciados, direcionados para produção de


produtos específicos para atender a demanda do mercado urbano,
maior volume de produtos produzidos.

• Primeiros desenvolvimentos de máquinas específicas para trabalhos


na área rural  criação do mercado consumidor agropecuário.
• Este processo de evolução ocorreu até 1938 - 1939.

• 2ª Guerra mundial  Europa (1938 – 1942)

• Principais potências econômicas mundiais entraram em guerra em


território europeu.

• Devastação de territórios, propriedades agrícolas, indústrias, cidades


 principais países europeus com economias fragilizadas.
• Fim da 2ª guerra mundial  desenvolvimento do meio rural.
• Políticas de ampliação do crédito rural
• Introdução de novas tecnologias (sementes, máquinas,
fertilizantes, agrotóxicos)
• Objetivo: Acabar com a fome.

• Mundo polarizado em dois blocos  Americano e Soviético.

• Disputa por poder e influência global tanto militar quanto econômica.


• 1948 – 1951  Implantação do Plano Marshall

• Ajuda econômica aos países Europeus para reconstrução do território


e economia.

• Empréstimos a juros baixos e doações de recursos com a


contrapartida de comercio de produtos produzidos nos EUA. 
Dinheiro, alimentos, combustível, Auxílio tecnológico, Equipamentos,
Mão-de-obra especializada.
• Esta visão foi defendida e divulgada por grandes corporações
multinacionais com viés humanitário, que realizavam investimentos
na modernização da produção agropecuária mundial, principalmente
em países mais pobres.  Ex: Fundação Rockfeller.

• Este modelo de produção foi introduzido e difundido para os países


subdesenvolvidos, como o Brasil, gerando uma nova dinâmica para o
mercado agropecuário mundial.
Revolução Verde no Brasil
• Governo militar  1960, “milagre econômico”

• Investimento elevado em políticas de crédito para a modernização da


produção agropecuária nacional e aumento da produção de
alimentos.

• Criação de institutos de pesquisa para desenvolvimento de novas


tecnologias para o campo como a EMBRAPA.
• Criação de órgãos de extensão rural como a EMBRATER para difusão e
introdução destas novas tecnologias e processos no território
nacional.

• Desenvolvimento da indústria brasileira de equipamentos para a


produção agropecuária.

• Aumento da competitividade do setor agropecuário brasileiro no


cenário internacional.  No curto prazo.
• 1959 – Criação do Plano Nacional da Industria de Tratores de Rodas
 redução da importação e desenvolvimento da produção nacional
de tratores e implementos.
• A revolução verde impactou diretamente o setor agropecuário mundial,
com uma nova abordagem e visão das atividades desenvolvidas.

• Gerou elevação da produção agropecuária em diversos países como o


Brasil, transformando estes países em exportadores de alimentos ao
longo dos anos.

• Alterou a forma como as pessoas trabalhavam no meio rural,


introduzindo uma nova percepção da produção agropecuária.  “o
novo jeito certo de produzir”.
• Impactos negativos severos e duradores.

• Elevação da concentração de terras e rendas  pacotes tecnológicos


não eram acessíveis a todos os produtores rurais.

• Desigualdade crescente entre pequenos e grandes agricultores 


produção elevada com menor custo para os grandes produtores.
• Foco na produção de commodities  acesso facilitado a produtores
com alto capital para investimentos.

• Agravamento da fome  crescimento da desigualdade social e da


miséria no campo.

• Crescimento do êxodo rural  aumento do desemprego no meio


rural pela substituição de trabalhadores por máquinas.
• Dependência do mercado externo de insumos para a produção  uso
crescentes de insumos industrializados para manter os altos níveis de
produção criou uma dependência da compra destes produtos em
outros países.

• Degradação ambiental acentuada  consumo elevado de recursos


naturais, poluição ambiental, esgotamento de reservas, etc.
• A introdução das ideias da revolução verde no Brasil criou uma
situação de desigualdade crescente entre grandes produtores,
agricultores familiares e agricultores de subsistência.

• A partir da década de 1990 a pressão de parte da sociedade sobre o


cenário agropecuário nacional começa a crescer  Surgimento de
movimentos contrários a situação nacional no campo.

• Criação do MST (1984)  Luta pela reforma agrária e redução da


concentração de terras no país.
Atualmente
• De acordo com levantamento do IBGE referente Censo Agro 2017:

• 77% dos estabelecimentos agropecuários brasileiros são familiares.

• 23% da área está em propriedades familiares.

• Poucos produtores com áreas muito grandes.


• As principais atividades agropecuárias desenvolvidas no país:

• Soja
• Criação bovina
• Milho
• Cana-de-açúcar
• Espécies florestais

• Foco principal de produção em produtos de valor agregado e comercialização


local e exportação.
Divisão das área da agropecuária brasileira (IBGE) - 2018
Revolução Verde e Extensão Rural
• Como a extensão rural participou neste processo?

• Fases da extensão rural:

• Humanismo assistencialista (1940 – 1960)


• Difusionismo produtivista (1960 – 1980)
• Humanismo crítico (1980 – 1990)
• Pluralismo institucional (1990 – atual)
• Humanismo assistencialista (1940-1960):

• Atuação dos primeiros extensionistas no país.

• Foco de atuação era a elevação da capacidade produtiva das


propriedades rurais, redução da mão-de-obra e elevação da
competitividade econômica.
• O papel do extensionista era paternalista  o conhecimento partia
dele para o produtor.

• O produtor não participava do processo decisório e não tinha como


foco o desenvolvimento do senso crítico deste produtor.

• O saber cultural era desprezado, o produtor somente absorvia o


conhecimento do extensionista.
• Difusionismo produtivista (1960 – 1980):

• A extensão rural tem papel fundamental na difusão das ideias da


revolução verde e das políticas governamentais da época.

• O extensionista tinha como foco a elevação da capacidade produtiva


das propriedades e o aumento dos investimentos em tecnologias
mais eficientes.
• A transmissão de conhecimento parte do extensionista para o
produtor e o saber individual do produtor e da família deste é
desprezado.

• Introdução da nova forma de produção como melhor modelo a ser


seguido.

• Direcionamento das atividades de extensão a produtores com


maiores capacidades de investimento.
• Pode ser dividido em 2 vertentes:

• Difusionismo produtivista  introdução de tecnologia e aumento da


produção.

• Difusionismo produtivista tecnológico  Introdução do chamados


“pacotes tecnológicos”  combinações já estabelecidas de materiais
genéticos selecionados, insumos específicos, técnicas de trabalho,
agrotóxicos necessários e maquinários específicos.
• Humanismo critico:

• Reavaliação do modelo de extensão rural adotado.

• As desigualdades geradas pela modernização da agropecuária


obrigam a mudança do enfoque de atuação e das políticas públicas do
setor  Foco principal passa a ser o agricultor familiar.
• Gestão e planejamento participativo das ações de extensão rural 
redução drástica dos investimentos para crédito rural, inflação
elevada e retração econômica.

• Paulo Freire  Extensão x Comunicação  extensionistas e


produtores trabalham juntos na construção do conhecimento e
tomada de decisão, combinando o conhecimento de ambos.
• A relação do extensionista passa a ser de cooperação com o produtor.

• Os conhecimentos do produtor e da sua família passam a ser


balizadores para a formação das decisões e planejamentos do
extensionista  produtor protagonista

• A qualidade de vida do produtor e da família é o objetivo da extensão


rural.
• Pluralismo institucional:

• Reestruturação dos serviços de Ater no Brasil e diversificação de


programas e órgãos de atuação em extensão rural.

• A extensão rural possui ferramentas diversificadas para atuação


juntamente com o produtor rural na busca da melhor solução para
suas demandas.
• A relação de igual para igual com o produtor é mantida.

• O foco da extensão é redução da dependência do agricultor familiar


quanto aos fatores de mercado  redução do endividamento

• Educação e criação do conhecimento do produtor atendendo as suas


individualidades e características culturais e sociais.
• Inclusão da visão da preservação ambiental no planejamento de
atuação do extensionista.

• Ajudar a potencializar as atividades econômicas locais.

• Considerar no processo de extensão a qualidade de vida deste


agricultor familiar e seus objetivos pessoais.
• A atuação do extensionista sofreu grandes alterações ao longo dos
anos, impactadas diretamente pela modernização dos sistemas de
produção agropecuários.

• O extensionista atualmente precisa ter uma visão mais ampla do que


o assistente técnico, não limitando a sua atuação a simples
transferência de conhecimento.

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