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MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA E

IMPACTOS AMBIENTAIS
A partir de 1950 tem início no Brasil o processo de modernização da agricultura, que se
intensificou nas décadas de 1960 e 1970 ocasionando significativas mudanças no espaço agrário
brasileiro e na forma com que os seres humanos passaram a se relacionar com a natureza. Sendo assim,
este artigo tem por finalidade levantar pontos para aprofundar as discussões acerca das relações
capitalistas de produção no campo, bem como constatar de que maneira a modernização da agricultura
se consolidou no Brasil e intensificou a exploração e dominação da natureza pelo seres humanos,
causando uma série de impactos ambientais. A atividade do setor agrícola é uma das mais importantes
da economia brasileira, pois, embora componha pouco mais de 5% do PIB brasileiro na atualidade, é
responsável por quase R$100 bilhões em volume de exportações em conjunto com a pecuária, segundo
dados da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(SRI/Mapa). A produção agrícola no Brasil, portanto, é uma das principais responsáveis pelos valores da
balança comercial do país.
Ao longo da história, o setor da agricultura no Brasil passou por diversos ciclos e transformações, indo
desde a economia canavieira, pautada principalmente na produção de cana-de-açúcar durante o
período colonial, até as recentes transformações e expansão do café e da soja. Atualmente, essas
transformações ainda ocorrem, sobretudo garantindo um ritmo de seqüência às transformações
técnicas ocorridas a partir do século XX, como a mecanização da produção e a modernização das
atividades. A modernização da agricultura no Brasil atual está diretamente associada ao processo de
industrialização ocorrido no país durante o mesmo período citado, fator que foi responsável por uma
reconfiguração no espaço geográfico e na divisão territorial do Brasil. Nesse novo panorama, o avanço
das indústrias, o crescimento do setor terciário e a aceleração do processo de urbanização colocaram o
campo economicamente subordinado à cidade, tornando-o dependente das técnicas e produções
industriais (máquinas, equipamentos, defensivos agrícolas etc.).
Podemos dizer que a principal marca da agricultura no Brasil atual – e também, por extensão, a pecuária
– é a formação dos complexos agrícolas, notadamente desenvolvidos nas regiões que englobam os
estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nesse contexto, destacam-se a produção de soja, a carne para
exportação e também a cana-de-açúcar, em razão do aumento da necessidade nacional e internacional
por etanol.
Na região Sul do país, a produção agrícola é caracterizada pela ocupação histórica de grupos imigrantes
europeus, pela expansão da soja voltada para a exportação nos últimos decênios e pela intensiva
modernização agrícola. Essa configuração é preponderante no oeste do Paraná e de Santa Catarina,
além do norte do Rio Grande do sul. Além da soja, cultivam-se
também, em larga escala, o milho, a cana-de-açúcar e o algodão.
Na pecuária, a maior parte da produção é a de carne de porco e
de aves.
Na região Sudeste, assim como na região sul, a mecanização e
produção com base em procedimentos intensivos de alta
tecnologia são predominantes. Embora seja essa a região em que
a agricultura encontra-se mais completamente subordinada à
indústria, destacam-se os altos índices de produtividade e uso do
solo. Por outro lado, com a maior presença de maquinários, a
geração de empregos é limitada e, quando muito, gerada nas agroindústrias. As principais culturas
cultivadas são o café, a cana-de-açúcar e a fruticultura, com ênfase para os laranjais.

Na região Nordeste, por sua vez, encontra-se uma relativa pluralidade. Na Zona da Mata, mais
úmida, predomina o cultivo das plantations, presente desde tempos coloniais, com destaque
novamente para a cana, voltado atualmente para a produção de álcool e também de açúcar.
Nas áreas semiáridas, ressalta-se a presença da agricultura familiar e também de algumas
zonas com uma produção mais mecanizada. O principal cultivo é o de frutas, como o melão, a
uva, a manga e o abacaxi. Além disso, a agricultura de subsistência também possui um
importante papel.
Já a região Centro-Oeste é a área em que mais se expande o cultivo pela produção
mecanizada, que se expande em direção à Amazônia e
vem pressionando a expansão da fronteira agrícola para
o norte do país. A Revolução Verde, no século passado,
foi a principal responsável pela ocupação dos solos do
Cerrado nessa região, pois permitiu o cultivo de diversas
culturas em seus solos de elevada acidez. O principal
produto é a soja, também voltada para o mercado
externo.
Por fim, a região Norte é caracterizada por receber,
atualmente, as principais frentes de expansão, vindas do Nordeste e do Centro-Oeste. A região
do “matopiba” (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por exemplo, é a área onde a pressão
pela expansão das atividades agrárias ocorre mais intensamente, o que torna a região Norte
como o futuro centro de crescimento do agronegócio brasileiro. As atividades mais praticadas
nessa região ainda são de caráter extensivo e de baixa tecnologia, com ênfase na pecuária
primitiva, na soja em expansão e em outros produtos, que passam a competir com o
extrativismo vegetal existente.

PROCESSO DE MORDENIZAÇÃO NO CAMPO

O processo de modernização do campo corresponde à implantação de novas


tecnologias e maquinários no processo de produção no meio rural. Isso significa que a
evolução das técnicas e dos objetos técnicos provoca uma transformação no que se refere ao
espaço geográfico agropecuário. É claro que desde a constituição da agricultura o homem foi
gradativamente desenvolvendo novas ferramentas e
procedimentos mais avançados, mas quando falamos
em modernização, falamos em um processo recente
que gerou impactos em larga escala.
Historicamente, a mecanização do campo foi tida como
uma conseqüência direta das revoluções industriais,
pois essas proporcionaram um avanço nos meios de
produção, atingindo o meio agrário. Foi ao longo do
século XX que tais transformações ocorreram de
maneira mais intensa, proporcionadas tanto pelo desenvolvimento de maquinários quanto
pelas novas técnicas de manipulação dos bens de cultivo, muitas deles atrelados à Revolução
Verde.
Uma das principais vantagens do processo de modernização do campo foi o aumento
significativo da produtividade, incluindo a geração e distribuição de alimentos pelo mundo, o
que contrariou perspectivas pessimistas que acreditavam que o crescimento populacional
superaria a disponibilidade de recursos. Outro ponto positivo foi a menor necessidade de
utilização de agrotóxicos nas lavouras em razão da melhoria genética das plantas, embora eles
ainda sejam utilizados em larga escala.
Dos pontos negativos do processo de mecanização do campo – ou as críticas geralmente
direcionadas a tal ocorrência – destaca-se o desemprego estrutural gerado entre os
trabalhadores rurais. Houve uma significativa substituição do homem pela máquina nos
sistemas de cultivo, o que intensificou a prática do êxodo rural, apesar de a modernização
agrícola não ter sido a única responsável por esse processo.
Existem ainda as críticas direcionadas às transformações genéticas das plantas, outra faceta da
modernização agrária. Muitos segmentos da sociedade enxergam de forma cética a produção
de alimentos transgênicos ou, em alguns casos, o uso em demasia de produtos químicos, tais
como os defensivos agrícolas e os agrotóxicos em geral. Tais críticas, inclusive, aumentaram à
visibilidade das práticas da agricultura familiar, que em geral é menos mecanizada, e,
principalmente, da agricultura orgânica, cujo princípio é a mínima utilização de produtos
químicos no processo produtivo.
Por fim, destaca-se como desvantagem da modernização do campo o aumento das áreas de
cultivo, com o conseqüente avanço sobre o meio natural. No Brasil, o avanço da fronteira
agrícola ou agropecuária proporcionou o avanço do espaço geográfico sobre áreas naturais,
ocasionando a diminuição do ambiente original de vários grupos de vegetação, notadamente o
Cerrado e a Mata Atlântica.
Embora existam problemas e críticas, o processo de mecanização e modernização das
atividades agrícolas foi uma importante forma de produzir-se mais e melhor no meio rural. O
Brasil, por exemplo, é hoje uma grande potência agrícola, sendo o maior produtor mundial de
café, cana-de-açúcar, laranja e outros, além de um dos maiores exportadores de soja.

Cidades campeãs em produção agrícola são do Nordeste


Os municípios campeões em produção agrícola individual no Brasil e em produção de
frutas ficam no Nordeste. Em 2015, o líder foi São Desidério, na Bahia, que teve crescimento
de 23,3% e respondeu por 1,1% do valor da produção nacional, com R$ 2,8 bilhões. O algodão
é o principal item, responsável por 52,9% do valor produzido. Em seguida, vem a soja, com
39,6% – o município é o quarto maior produtor do grão no país.
Segundo a pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) – Culturas temporárias e
permanentes, divulgada nesta sexta, dia 23, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), na região do oeste da Bahia, outros municípios têm destaque na produção: Formoso do
Rio Preto, oitavo no ranking nacional, Barreiras (17º), Luís Eduardo Magalhães (20º),
Correntina (26º) e Riachão das Neves (42º).
Em segundo lugar em valor de produção ficou Sorriso, em Mato Grosso, que tem como
principais produtos a soja e o milho. Sorriso é responsável por 0,9% da produção agrícola
nacional, com R$ 2,5 bilhões. O município é o primeiro em área plantada, com mais de 1
milhão de hectares.
No ranking estadual, São Paulo segue na liderança. Com 14,9% da produção nacional, o estado
teve aumento de 0,1 ponto percentual na comparação com 2014. Mato Grosso cresceu 0,4
ponto percentual e vem em segundo, com 13,9%. O terceiro maior produtor agrícola do país é
o Paraná, com 12,7%. Amapá, Roraima e Acre são os que registram menor produção, com
0,1%, 0,2% e 0,2% respectivamente.
Frutas
Na fruticultura, a campeã é Petrolina, em Pernambuco. Com 2,8% da produção nacional e
valor de R$ 749,6 milhões, o valor da produção aumentou 18% em 2015, e o município é o 28º
no ranking nacional. De acordo com o IBGE, grande parte da produção da cidade é destinada à
exportação.
Em segundo no ranking de produtoras de frutas está Floresta do Araguaia, no Pará, com 1,4%
da produção, e São Joaquim, em Santa Catarina, com 1%.
O IBGE inclui na pesquisa a produção de 22 tipos de fruta, sendo três de lavoura temporária:
abacaxi, melancia e melão. No total, a produção frutífera chegou a R$ 26,5 bilhões, com
aumento de 3,4% em relação a 2014. A banana é o principal produto frutífero,
correspondendo a 21,9% do total nacional. Em seguida, vêm à laranja (21,3%), a uva (8,8%) e o
abacaxi (8,4%).
São Paulo é o estado líder, com 24,9% das frutas produzidas no país e valor de R$ 6,6 bilhões,
sendo 55,5% de laranja. A Bahia vem em segundo, com 11,9% da produção, avaliada em R$ 3,2
bilhões, com predominância de banana, mamão e coco.
Depois, vêm o Rio Grande do Sul e Minas Gerais, com 9% da produção cada um e valor de R$
2,4 bilhões. O Rio Grande do Sul produz, principalmente, uva (33,3%), maçã (23,2%) e laranja
(8,4%), e Minas Gerais, banana (35,1%), laranja (18,3%) e abacaxi (13,6%).

"Ajudado pelo clima e pela regularidade das chuvas, o Oeste da Bahia, maior pólo agrícola do
Nordeste e um dos principais da América Latina, com 2,2 milhões de hectares cultivados,
deverá alcançar nesta safra um novo recorde de produtividade de grãos.

“Não houve período maior do que dez dias sem chuva. O clima foi muito favorável e a soja
ficou mais bonita. É fato consolidado, esperávamos 56 sacas por hectare de média na região,
mas devemos nos aproximar das 60 sacas”, diz Luiz Stahlke, assessor de agronegócio da
Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), sediada no município de Barreiras. A
leguminosa é a principal cultura em área plantada nesta região altamente tecnificada da Bahia,
com 1,6 milhão de hectares, dos quais 150 mil recebem irrigação. O algodão é cultivado em
260 mil hectares e, o milho, em 140 mil.
O desempenho do Oeste baiano confirma a
projeção de maior produção da história do
Matopiba (confluência de áreas agrícolas do
Cerrado do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia),
constatada junto a técnicos e produtores pela
Expedição Safra, que já rodou 4.200 km desde a
saída de Curitiba, dia 19.
Em Guaraí, no Tocantins, com 45% da área
colhida, o produtor Claudevino Pinheiro projetava
uma média final de 60 sacas de soja por hectare. Quando o clima ajuda, disse ele, “caprichou,
o Cerrado produz”.“Não ouvi falar de produtividade abaixo de 60 sacas”, resumiu José Eugênio
Barberato Junior, agrônomo da cerealista Agrex, em Gurupi, também no Tocantins. Em Balsas,
no Maranhão, o corretor José Gabriel, da Mapito Agro, avaliou que esta foi a melhor safra já
registrada. “A média não será de menos de 55 sacas por hectare”, sentenciou. No que
depender dos 5.700 hectares de soja da família Hendges, também de Balsas, a média vai subir.
Com 45% da área colhida, o resultado parcial foi de 60 sacas por hectare.
Na fronteira agrícola do Piauí, os irmãos Leivandro e Fernando Fritzen, da Serra do Quilombo,
informaram que com metade da área colhida a média da propriedade estava em 63 sacas por
hectare, e ainda deveria subir. A família Milla, de Baixa Grande do Ribeiro, também aposta que
chegará à média de 60 sacas, em 10.300 hectares de soja. “O que segura o aumento da
produtividade é a incorporação de novas áreas – no caso dos Milla, mais 1.000 hectares de
Cerrado acrescentados à operação – que costumam “arrancar” com apenas 40 sacas no
primeiro ano, puxando a média para baixo.”

AGRICULTURA NO NORDESTE: LIMITAÇÕES


Nesta seção, serão analisados fatores que constituem
limitações ao desenvolvimento da agricultura no Nordeste.
Vários fatores são freqüentemente apontados como potenciais
entraves a esse desenvolvimento, entre eles questões
ambientais, deficiência logística, atraso tecnológico, falta de
crédito e falta de assistência técnica, entre outros. Uma primeira limitação se refere à questão
ambiental. Boa parte das atividades agrícolas na região se desenvolve sobre um ecossistema
frágil, com limitações de ordem edafoclimáticas. Parte considerável da região convive
historicamente com o problema da seca. Especificamente a região conhecida como Semiárido,
que abrange a maior parte do sertão e do agreste nordestinos, se encontra nessa situação.
Traduzindo em números o tamanho do Semiárido, essa região abrange 57% da área total do
Nordeste e, aproximadamente, 40% da população. No Semiárido, a precipitação média anual é
inferior a 800 milímetros (Suassuna, 2005). Dessa maneira, além de essa adversidade climática
prejudicar a agricultura na região, ainda por cima as ações antrópicas não colaboram para
mitigar os efeitos negativos sobre a produção em anos com ocorrência de escassez hídrica. Nas
tabelas 6 e 7, por exemplo, observa-se que, dos estabelecimentos agropecuários que
declararam possuir recursos hídricos nos limites de suas propriedades, uma elevada
porcentagem não protege esses recursos da forma apropriada.
Destaque negativo para os estados de Pernambuco e Alagoas, nos quais os recursos hídricos
presentes nas propriedades sejam nascentes, rios ou riachos (tabela 6) ou lagos naturais e
açudes (tabela 7) sem proteção de matas para sua preservação superam com grande margem
o número de recursos hídricos com proteção de matas.
Em Pernambuco, apenas 21% das nascentes, 25% dos rios ou riachos e 15% dos lagos naturais
e açudes presentes nos estabelecimentos agropecuários são protegidos. Com relação ao uso
de poços e cisternas, fontes de recursos hídricos recomendadas principalmente para garantir o
acesso à água para a população do Semiárido, apesar de pouco mais de 93 mil e 841 mil
estabelecimentos declararem, respectivamente, possuírem esses recursos em suas
propriedades, pode-se afirmar que esse número ainda é pequeno para atender a toda a
demanda da região. Se for considerado que dos 2.454.006 estabelecimentos agropecuários
nordestinos (tabela 1) somente 1.011.270 declararam possuir recursos hídricos, sobram mais
de 1.400.000 estabelecimentos sem recursos hídricos em suas propriedades. Supondo se que
muitos desses estabelecimentos se localizam na região semiárida, onde existe pequena oferta
natural de recursos hídricos, constitui indício da importância de se investir em maneiras de
fornecer água para essa população. No sentido de fornecer recursos hídricos para a população
do Semiárido, para atender às demandas de múltiplas necessidades da população dessa
região, incluindo a demanda hídrica por parte da agricultura (principal atividade econômica do
Semiárido), muitas idéias têm sido propostas.

Rio São Francisco - "Velho Chico" integra Nordeste e Sudeste


O rio São Francisco é o mais importante da região Nordeste. A bacia do São
Francisco ocupa uma área de 645.067 quilômetros quadrados e passa por cinco estados
brasileiros: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Aliás, suas águas formam a
divisa natural entre esses dois últimos. Esse rio imenso nasce como um pequeno olho d'água
na serra da Canastra, em Minas Gerais, e cresce até desaguar no oceano Atlântico. Sua
cabeceira está localizada em área mais elevada de maior pluviosidade (quantidade de chuvas)
em Minas Gerais. Os solos e rochas dessa área também acumulam muita água e a liberam
lentamente no decorrer do ano. Assim, ele é um rio perene: nunca seca, nem nos períodos de
maior estiagem quando há uma diminuição do volume de suas águas. Recebe água de outros
rios nordestinos que são intermitentes, ou seja, secam durante o período de estiagem. São
seus afluentes os rios Verde Grande e Salitre, na margem direita, e Carinhanha e Grande na
margem esquerda.
Estrada da colonização

É um rio de grande importância para a população da região que o utiliza para a navegação,
irrigação, abastecimento de água e produção de energia elétrica. Os sertanejos lhe deram o
apelido carinhoso de "Velho Chico", pois esse rio faz parte do cotidiano da ocupação do sertão.
Desde o século 16 suas águas serviram de estrada para a colonização da área e suas margens
eram ocupadas por extensas fazendas de gado. Em seu trecho inicial, o rio apresenta quedas
d'água bastante acentuadas, o que impede a navegação, mas permite a geração de energia
elétrica com a usina de Três Marias, em Minas Gerais. É no chamado médio curso que a
navegação pode ser realizada, num trecho de aproximadamente 1300 km de extensão, desde
Pirapora, em Minas Gerais, até Juazeiro (na Bahia) e Petrolina, em Pernambuco. Por suas águas
são transportadas mercadorias e pessoas. Também é chamado "rio da integração nacional",
pois liga a região Nordeste com a Sudeste.

Frutas para exportação


Atualmente, projetos de irrigação da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São
Francisco (Codevasf), transformam as margens do São Francisco em um imenso pomar. Trata-
se de uma agricultura comercial, voltada para os mercados interno e externo, e que oferece
frutas de alta qualidade, como mamão, melancia, manga, melão e uvas. Essas áreas são
ocupadas por grandes empresas agrícolas. Os pequenos produtores acabam se instalando
longe das margens, o que dificulta o acesso à irrigação. Outra importante utilização do São
Francisco é a geração de energia elétrica. Logo após Petrolina, o rio torna a apresentar
desníveis que possibilitaram a construção de grandes hidroelétricas como Sobradinho, Paulo
Afonso e Xingó. A energia elétrica gerada no São Francisco abastece a região Nordeste e parte
de Minas Gerais.

Transposição, o que é isso?


Há planos de fazer a transposição de parte de suas águas.
Elas seriam desviadas para transformar rios intermitentes em
perenes, e até diminuir a falta de água na Paraíba, no Ceará e
no Rio Grande do Norte. Essa idéia surgiu já no segundo
império. O imperador Pedro 2º chegou a propor a
transposição das águas do rio. Na década de 1990 voltou-se a
pensar em transpor as águas do rio por bombeamento para o
rio Jaguaribe (Ceará), os rios Apodi e Piranhas (Rio Grande do
Norte) e os rios Peixe e Piranhas-Açu na Paraíba. Além disso,
falou-se na construção de barragens, principalmente em Minas Gerais, para regularizar o fluxo
do rio e aumentar a capacidade de irrigação e de produção de energia elétrica. Porém, o
projeto não saiu do papel. O governo Lula reativou o plano de transposição das águas, com
algumas mudanças. O atual projeto é criticado porque atenderia apenas 5% da área do semi-
árido. Outras críticas apontam o grande dano a ser causado ao ambiente, o custo elevado
(cerca de R$ 6 bilhões) e a possibilidade de que os beneficiados sejam empresas multinacionais
e não os produtores sertanejos. Os que defendem o projeto afirmam que serão gerados
empregos e a área será dinamizada economicamente.

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