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ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO BRASIL - REFORMA AGRÁRIA

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Estrutura Fundiária
A estrutura fundiária é a forma como são distribuídas as propriedades rurais de um país. A realidade
da distribuição de terras no Brasil é uma herança do sistema colonial – da “Lei das Sesmarias” –
onde havia o predomínio de grandes propriedades de terras – as “plantations” – cuja produção
estava voltada ao mercado externo.

A estrutura fundiária brasileira é extremamente conservadora: os latifúndios com mais de mil


hectares ocupam 44,4% das terras. A maioria dos proprietários, cerca de 48%, é pequena. Já os
grandes latifundiários, que representam apenas 1% dos donos de terras no Brasil, controlam quase
metade delas.

Nas últimas décadas, o governo brasileiro tomou algumas medidas para tentar corrigir essa
desproporcionalidade. Houve assentamentos de produtores rurais sem terras, apoio à agricultura
familiar, crédito rural e outros programas. Contudo, isso não mudou de forma significativa a
estrutura fundiária brasileira.

A maior concentração fundiária ocorre nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. O Sul apresenta a
menor concentração fundiária do país, mas mesmo em tal região as propriedades rurais não são
bem divididas.

O Índice Gini – indicador de desigualdade utilizado para medir o grau de concentração da terra e da
renda – revela quanto conservadora é a estrutura fundiária do Brasil. O índice varia de zero a um:
quanto mais próximo de um, maior a desigualdade na distribuição de terras. O Censo Agropecuário
de 2006, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela uma Gini de
0,872 para a estrutura agrária brasileira. Esse número, que é superior aos índices apurados em 1985
(0,857) e 1995 (0,856), demonstra que com o passar do tempo, o problema da concentração de
terras no Brasil se agravou.
Área agrícola - São Paulo

O Censo de 2006 também mostra que a principal atividade de estabelecimentos agropecuários é a


criação de bovinos, que ocorre em mais de 30% deles. Em seguida: o cultivo de outras lavouras
temporárias, inclusive o feijão e a mandioca (18%), o cultivo de cereais (12%) e a criação de aves
(9%).

De acordo com o Censo, os estabelecimentos cuja atividade principal é a plantação de cana-de-


açúcar ou de soja ficaram com a maior participação no valor da produção agropecuária (14% cada).
Em seguida: estabelecimentos cuja atividade principal é a criação de bovinos (10%), o cultivo de
cereais (9%) e o cultivo de outros produtos da lavoura temporária (8%).

Os minifúndios – pequenas propriedades rurais, geralmente exploradas pelo agricultor e sua família
– costumam ser mais bem aproveitados do que os latifúndios. Os minifúndios são responsáveis por
grande parte das culturas de alimentação básica. São eles que sustentam a atividade produtiva do
país, fornecendo alimentos para a população. Os minifúndios são também os estabelecimentos que
mais geram empregos na área rural.

A estrutura fundiária brasileira pouco se modificou na última década. Devido à concentração


fundiária, muitos pequenos agricultores abandonaram suas atividades agrícolas. A modernização
acelerada da agricultura e a pobreza nas áreas rurais resultaram no êxodo rural. Na segunda metade
do século XX, o êxodo rural assumiu enormes proporções: de 1950 a 2000, o percentual de
brasileiros que viviam no campo caiu de 64% para menos de 20%. Em 1950, 60,7% da população
ativa trabalhava no setor agropecuário. Em 2000, esse percentual havia diminuído para 19,0%.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada em 2011 pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil há 29.4 milhões de pessoas que vivem
na zona rural.

Entre os habitantes do campo, há cerca de 14.7 milhões de pessoas (50% do total) empregadas em
atividades agrícolas. Do total das pessoas que vivem em áreas rurais, 29,6% são trabalhadores
autônomos e 28,4%, empregados. Contudo, a pesquisa aponta que houve uma redução de
aproximadamente um milhão de pessoas empregadas na agricultura. Essa queda se deve à
realocação de pessoas para outros setores ainda relacionados ao agronegócio – por exemplo, a
agroindústria.

A pesquisa aponta que 54,8% da população rural tem entre 15 e 54 anos de idade e que 57% das
pessoas que moram no campo têm entre quatro e 14 anos de estudo. A Pnad revela que há mais
pessoas com pouca escolaridade no campo do que na cidade: 22,5% dos habitantes não
frequentaram a escola ou estudaram por menos de um ano. Entre a população urbana, esse
percentual é de 9,7%.

É importante notar que na última década, a agropecuária moderna e a agricultura de subsistência


passaram a dividir espaço com atividades ligadas à prestação de serviços, à indústria e ao turismo e
lazer. Esse fenômeno, aparentemente irreversível, fez com que os limites entre o rural e o urbano no
Brasil se tornassem cada vez menos nítidos. Dados de 2009 revelam que 44,7% dos brasileiros que
residem na zona rural têm renda proveniente de atividades não agrícolas. Em São Paulo, o número
atinge 78,4%.

Segundo o Censo de 2010, dos 29,9 milhões de brasileiros que residiam no campo, 25,5% viviam em
situação de pobreza extrema. Já entre os 160,9 milhões que residiam nos centros urbanos, o número
era bastante inferior: 5,4%.

O Censo Agropecuário de 2006-2007 demonstrou a seguinte relação entre o número de


estabelecimentos de agricultura familiar e o tamanho do território que ocupam: 84,4% dos
estabelecimentos rurais brasileiros são de agricultura familiar, mas possuem apenas 24,3% do
território ocupado no campo. O restante dos estabelecimentos (15,6%) faz parte da agricultura “não
familiar” – ou seja, é o agronegócio – que, por sua vez, possui 75,7% das áreas ocupadas no campo.

Esses dados demonstram a enormidade da concentração de terras no Brasil: mais de 75% da área
produtiva nacional se encontra nas mãos de cerca de 15% dos proprietários de terra.

Produtividade Agrícola
Graças às pesquisas da Embrapa, o aumento da produtividade resultou no crescimento da produção
agrícola brasileira. Um exemplo disso: entre 1990 e 2009, a área plantada de grãos no Brasil subiu
1,7% ao ano, mas a produção cresceu 4,7%.

De 1975 a 2010, o índice de produtividade agrícola do Brasil multiplicou-se 3,7 vezes: o dobro da
velocidade observada nos Estados Unidos.

A produtividade agrícola brasileira é beneficiada pelo clima tropical do país. Exemplificando: em


algumas regiões brasileiras, é possível plantar milho depois da colheita da soja. Há, portanto, duas
safras no mesmo ano.

O Brasil lidera a produtividade agrícola na América Latina e no Caribe. Segundo um estudo realizado
em 2011 pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o país apresenta índices de
crescimento acima da média mundial.
O aumento da produtividade deve-se às novas tecnologias aplicadas ao plantio, à colheita e ao
transporte. Deve-se também ao uso de sementes de melhor qualidade, à maior utilização de
insumos agrícolas e de maquinário, à mão de obra predominantemente assalariada e ao uso
intensivo do solo.

Um outro fator é a expansão das terras agricultáveis, apesar da manutenção de desigualdades


sociais.

É importante notara que as pequenas propriedades podem ser consideradas as mais produtivas, pois
abastecem em grande parte o mercado interno. Proporcionalmente, as grandes propriedades são
mais improdutivas, pois ocupam a maior parte da área e têm a menor quantidade de produção.

Subsídios do Governo
As políticas de mobilização de recursos viabilizam os ciclos do plantio, pois oferecem ao homem do
campo acesso a linhas de crédito para custeio, investimento e comercialização. Vários programas do
governo ajudam a financiar as diversas necessidades dos produtores. Contudo, os pequenos
produtores rurais são os que mais encontram dificuldades para obter linhas de financiamento.

Modernização do setor agropecuário


O setor agropecuário apresenta um acentuado processo de mecanização, escasseando o emprego e
a renda para a população rural, pois reduziu a necessidade do trabalho no campo, agravando os
conflitos pela posse da terra.

A modernização da agricultura promoveu a valorização da terra e a concentração fundiária. Houve


um aumento no aproveitamento de solos menos férteis. Mas seus impactos sociais negativos são
evidentes: acentuou as desigualdades sociais e gerou o aumento da dependência dos agricultores
em relação às empresas do agronegócio.

A modernização é resultante de pacotes tecnológicos importados. É caracterizada pela incorporação


de maior dosagem de adubos, calcários, agrotóxicos, sementes melhoradas, tratores e
equipamentos na agropecuária. A indústria brasileira voltada para o campo desenvolveu-se,
principalmente, para grandes produtores, que foram estimulados a adquirir os insumos industriais
modernos pelos créditos governamentais subsidiados.

Os equipamentos mecânicos utilizados nas grandes propriedades monocultoras e a aplicação de


fertilizantes e agrotóxicos vêm provocando graves desequilíbrios ambientais. Vários problemas
ambientais resultaram da expansão da agricultura, entre eles:
1. As constantes aplicações de agrotóxicos aumentam a incidência de pragas, pois reduzem a
população de predadores naturais e tornam os seus vetores mais resistentes aos venenos aplicados.

2. Os sulcos abertos pelos tratores na preparação do solo facilitam o escoamento superficial da


água das chuvas. Isso acelera o processo de degradação dos solos.

3. O desmatamento indiscriminado tem alterado o armazenamento da água no solo. Isso tem


graves repercussões no regime dos rios.

4. O uso da queimada na preparação do solo aumenta a quantidade de dióxido de carbono na


atmosfera. Isso faz com que a atmosfera retenha mais calor do que deveria em seu estado natural.

Agronegócio
O agronegócio é a agregação de valor ao produto rural, por sua industrialização.

O agronegócio no Brasil ocupa aproximadamente 282 milhões de hectares. Destes, 220 milhões são
utilizados para pastagens e 40 milhões para lavouras. Há no país 106 milhões de hectares a serem
explorados, especialmente nos cerrados.

Em 2004, o agronegócio brasileiro alcançou grandes resultados:

 PIB do setor rural (“dentro das porteiras das fazendas”): R$ 162,95 bilhões
 PIB do conjunto do agronegócio (“dentro e depois das porteiras das fazendas”): R$
524,46 bilhões
 Valor Bruto da Produção agropecuária (VBP): R$ 166 bilhões
 Exportações totais do agronegócio: US$ 36,03 (29% a mais do que em 2003)
 Saldo comercial: US$ 31,578 bilhões
 Postos de trabalho: cerca de 37% do total das pessoas ocupadas no Brasil

O agronegócio no Brasil é estimulado pelo governo, que concede créditos. Apesar de seus
benefícios, promove a concentração de terras e o desemprego no campo.

Agricultura de exportação
Segunda a Organização Mundial de Comércio (OMC), o Brasil é o terceiro maior exportador agrícola
do mundo. O país é superado apenas pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Em 2012-2013, o
Brasil exportou US$ 100,61 em produtos agropecuários.

A expansão da safra de soja e o aumento da produção de carnes foram os principais responsáveis


pelo recente progresso do Brasil na exportação agrícola. As exportações brasileiras de complexo de
soja (grão, farelo e óleo) mais do que quadruplicaram: em 2000, representavam US$ 4,2 bilhões e,
em 2009, US$ 17,2 bilhões. No mesmo período, as vendas de carne bovina subiram de US$ 813
milhões para US$ 4,2 bilhões e as de carne de frango, de US$ 735 milhões para US$ 5,8 bilhões.

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