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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


FACULDADE DE GEOGRAFIA E CARTOGRAFIA
GEOGRAFIA DA AMAZÔNIA

Quilombos: Autorreconhecimento
e Direitos Territoriais.

Dicentes:
Brisa Romana Sousa dos Santos (Nº 202108440030)
Evelim Kahlyne Ramos do Nascimento (Nº 202108440067)
Tiago Macedo da Silva (Nº 201808440023)
Lucas Patricio Godoy (N°202308440082)
Contexto histórico
Os Quilombos surgiram durante o período
da escravidão no Brasil, quando milhões
de africanos foram trazidos à força para
trabalhar nas plantações e minas. A
brutalidade e a opressão levaram muitos
a fugirem em busca da liberdade.

Curiosidade
- A palavra "quilombo" é de origem africana.
Na língua bantu, significa "esconderijo na
mata".
Formação dos Quilombos
1. Fuga das plantações 2. Estabelecimento dos mocambos

3. Criação dos quilombos


Contribuição dos quilombos para a
sociedade brasileira
1. Resistência e liberdade
Resistência contra a escravidão;
Busca pela liberdade;
Contribuindo para a luta por direitos humanos e igualdade.
2. Preservação cultural
Responsáveis pela preservação de tradições africanas;
Contribuindo para a diversidade cultural brasileira.

3. Influência cultural
Influencia diversas manifestações culturais brasileiras;
Como a música, a dança, a culinária e a religião.
Identidade e Autorreconhecimento Quilombola:
Processos de Construção e Reafirmação da Identidade Quilombola

Identidade Quilombola: identidade quilombola é uma construção que vai além da mera resistência à
escravidão.

Significado da Terra: a identidade quilombola está intrinsecamente ligada à terra. Os quilombos veem o
território como um espaço sagrado, onde habitam os encantados e onde são realizados cultos e rituais em
respeito aos antepassados.

Ressemantização: o processo de ressemantização da categoria "remanescentes de quilombo".


Inicialmente, havia dúvidas e incertezas em relação a essa categoria, mas ao longo do tempo, as
comunidades quilombolas passaram a redefinir sua identidade e a lutar por seus direitos, reafirmando-se
como grupos étnicos com uma trajetória histórica própria.

Reafirmação da Identidade: o território é um espaço de reafirmação da identidade quilombola, onde suas


práticas, cultura e história são preservadas e reverenciadas.
Economia e Cultura: as comunidades quilombolas desenvolveram economias de subsistência,
baseadas na agricultura familiar e na produção de farinha de mandioca, entre outros produtos. Além
disso, eles mantêm práticas culturais, como rituais, músicas, danças e artesanato, que são essenciais
para sua identidade.
Autorreconhecimento para a Preservação da Identidade Cultural Quilombola
Preservação Cultural: O autorreconhecimento é visto como uma ferramenta essencial para a preservação da cultura
quilombola.

Transmissão Intergeracional da Identidade: o autorreconhecimento é crucial para a transmissão intergeracional da


identidade quilombola.

Empoderamento e Autonomia: o autorreconhecimento leva ao empoderamento individual e coletivo das comunidades


quilombolas.

Defesa de Direitos: O autorreconhecimento permite que as comunidades quilombolas defendam seus direitos de forma
mais eficaz.

Mobilização e Organização Comunitária: Os quilombolas se mobilizam e se organizam em associações, conselhos e outros


grupos para discutir questões relacionadas à sua identidade, cultura e território. Esses espaços promovem a reflexão, o
debate e a definição de estratégias de preservação.
A Constituição Brasileira e os Direitos das Comunidades Quilombolas

O reconhecimento da propriedade das terras dos remanescentes das comunidades quilombolas no


Brasil, efetuou-se a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, por meio do seu artigo 68:

Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é
reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da
cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
O Burocrático Processo de Demarcação e Titulação de Terras Quilombolas no Brasil

A primeira titulação de uma terra quilombola ocorreu sete anos após a promulgação da Constituição, em
novembro de 1995, quando o Incra finalmente regularizou as terras da Comunidade Boa Vista, localizada
em Oriximiná, Pará. Desde então, a lentidão na condução dos processos e a baixa quantidade de titulações
continuaram a ser uma característica constante em todos os governos subsequentes.

Em 34 anos, desde que o direito ao território tradicional quilombola foi reconhecido na


Constituição Federal de 1988, apenas 54 territórios foram titulados (parcial ou total) pelo
Incra, órgão federal responsável pela regularização fundiária quilombola. Destes 54
territórios, 24 possuem títulos totais, ou seja, referente à todo território. 30 são titulações
parciais, ou seja, o título compreende apenas parte da área do território a que uma
comunidade quilombola tem direito reconhecido pelo Estado brasileiro. Em 11 destes 30
territórios com titulação parcial o título refere-se a menos de 15% da área total de direito.
Atualmente 1.327.802 de indivíduos são identificadas como quilombolas no país, segundo
o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pela primeira vez
na história do Brasil, essa população foi incluída na pesquisa que acontece há 150 anos e
apresenta o retrato demográfico, geográfico e socioeconômico do país.
O andamento dos processos permanece
lento e não há indicativo que o cenário de
baixa efetividade na garantia dos direitos
territoriais das comunidades quilombolas
possa ser revertido a médio prazo. Pelo
contrário, os sucessivos cortes no
orçamento do Incra tendem a agravar a
situação. Segundo o Instituto de Estudos
Socioeconômicos (Inesc), em 2014, o
montante destinado à aquisição de áreas
privadas para a titulação de terras
quilombolas atingiu R$75,8 milhões de
reais. No entanto, de acordo com os
dados levantados pela organização, o
orçamento para essa política tem sofrido
uma queda significativa desde 2015,
alcançando seu ponto mais baixo em
2022, com a execução de apenas
R$769,1 mil reais.
Desafios nas Políticas Públicas para Comunidades Quilombolas
Avaliação das Políticas Entraves na Democratização
Governamentais da Terra
Resistência dos Grandes Latifundiários:
Importância da Avaliação Crítica
Os grandes latifundiários e proprietários de agronegócios
frequentemente se opõem à redistribuição de terras por meio de
É crucial destacar a importância da avaliação crítica das estratégias como lobby político, litígios prolongados, violência e
políticas voltadas para as comunidades quilombolas, ameaças, desinformação na mídia, influência em processos
ressaltando a necessidade de uma abordagem cuidadosa e legislativos e investimento em projetos de desenvolvimento que
reflexiva deslocam as comunidades quilombolas. Essas táticas visam
dificultar a recuperação de terras pelas comunidades e perpetuar
seu controle sobre vastas extensões de terra, gerando conflitos
Pontos-chave: com as comunidades que buscam a justa redistribuição de
terras.
● Sobreposição de unidades de conservação. Pontos-chave:
● Restrições a práticas tradicionais.
● Burocracia no processo de titulação de terras.
● Oposição de grandes latifundiários.
● Perpetuação do domínio.
Medidas para Fortalecer os Direitos Territoriais
Avaliando a Eficácia das Medidas A Importância de Políticas
Abrangentes para Promover uma
Abordagem Mais Ampliada
Usucapião" e o "Programa Terra Legal

Essa abordagem deve levar em consideração não apenas


Essas medidas possam ser alternativas viáveis para as
questões legais e fundiárias, mas também aspectos culturais,
comunidades quilombolas obterem a titularidade de suas
sociais e econômicos das comunidades quilombolas. O texto
terras, é importante reconhecer que essas medidas podem destaca a importância de políticas públicas que levem em conta
não resolver completamente os desafios enfrentados por as tradições e costumes das comunidades, bem como sua
essas comunidades. Uma abordagem mais abrangente, capacidade de se autogerir e desenvolver economicamente.
como a reforma agrária, pode ser necessária para abordar de Além disso, há uma necessidade de diálogo e participação
forma eficaz a questão da democratização da terra e garantir efetiva das comunidades quilombolas nas políticas públicas que
os direitos territoriais das comunidades quilombolas. afetam suas vidas e terras ancestrais. Em resumo, a abordagem
mais abrangente se refere a uma visão holística e integrada das
questões que afetam as comunidades quilombolas, levando em
conta não apenas aspectos legais e fundiários, mas também
culturais, sociais e econômicos.
Medidas para Fortalecer os Direitos Territoriais

Dificuldades de implementação Proteção das Práticas Tradicionais

1. Falta de recursos financeiros e humanos para É essencial enfatizar a importância de preservar as


implementar políticas públicas efetivas para garantir práticas tradicionais e modos de vida das
o direito à posse das terras quilombolas. comunidades quilombolas. Essas práticas não se
2. Dificuldades em identificar e mapear as terras limitam apenas à agricultura e ao uso da terra, mas
quilombolas, o que pode levar a conflitos fundiários e englobam toda a cultura, crenças, rituais e relações
ações judiciais prolongadas. sociais que definem a identidade das comunidades. A
3. Resistência de proprietários privados e terceiros preservação dessas práticas é fundamental para
em relação à desapropriação das terras quilombolas, manter a riqueza da cultura quilombola.
o que pode levar a conflitos e violência. A salvaguarda da cultura quilombola vai além do
4. Falta de reconhecimento e respeito às tradições e reconhecimento das práticas tradicionais. Envolve a
costumes das comunidades quilombolas, o que pode garantia de que essas práticas sejam protegidas
levar a conflitos culturais e sociais. contra ameaças externas, como a expansão de
5. Falta de diálogo e participação efetiva das agronegócios, a exploração de recursos naturais e a
comunidades quilombolas nas políticas públicas que degradação ambiental. Garantir a continuidade
afetam suas vidas e terras ancestrais. dessas práticas é essencial para a identidade cultural
e o bem-estar das comunidades quilombolas.
Referências Bibliográficas
BRANDÃO, Maria Aparecida Ventura Brandão Ventura; ANDRADE, Wbaneide
Martins; DOS SANTOS, Carlos Alberto Batista. Comunidades Quilombolas
no Brasil: percursos históricos, processos de lutas e de ressematização
de sentidos. RELACult-Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e
Sociedade, v. 7, n. 3, 2021.

ANDRADE, L M. M. de & TRECANNI, Girolamo. “Terras de Quilombo” In:


Raimundo Laranjeira (org.) Direito Agrário Brasileiro, LTr, São Paulo, 2000.

Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras e Rurais


Quilombolas e Terra de Direitos, Racismo e violência contra quilombos no
Brasil, Curitiba: Terra de Direitos, 2018.

ARMENTO, D. A garantia do direito à posse dos remanescentes de guilombos


antes da desapropriação. [Parecer de 9 de outubro de 2006, encaminhado à
Advocacia Geral da União]. Rio de Janeiro, 2006.

SAUER, Sérgio; ALMEIDA, Wellington. “Terras e territórios na Amazônia:


demandas, desafios e perspectivas” Editora: EDU – UNB, 2011

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