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Foto: Jornal Correio da Cidade de Belo Vale. Único museu do escravo da América Latina, situado
em Belo Vale – MG.
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política e identitária destes grupos ainda eram muito incipientes. Houve no início dos
anos 2000 várias iniciativas de ONGs, Universidades e do próprio poder público
(marcos legais e nova legislação) de promoção dos conceitos e direitos das
comunidades negras.
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comprometem a sobrevivência dos quilombolas e de outros grupos e populações da
área rural.
Existe uma correlação de força desigual no cenário político, onde um grupo que
detém uma força institucional e econômica que impede que as terras sejam tituladas,
pois assim ela se torna inalienável e coletivas, saindo do mercado formal de terras. Há
uma grande disputa econômica para instituir latifúndios agropecuários, plantações de
monocultura, atividades minerárias e de geração de energia. Nas áreas urbanas e peri
urbanas há ainda a especulação imobiliária. A pressão nestes territórios é muito
grande, pois, mesmo em terras diminutas, o que resistiu da grilagem, que foram
regiões entre fazendas, nas terras mais distantes e de difícil acesso e nas periferias dos
centros urbanos, são locais que pelo uso tradicional da terra, ainda possui
biodiversidade, água, terras férteis
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Há diversos processos já bem encaminhados, como os dos dois grandes
quilombos do Norte de MG, os Gurutubanos e o Brejo dos Crioulos. Estas duas grandes
comunidades tiveram seus territórios recortados por fazendas e empreendimento. São
lutas históricas que tem um grande significado para todo o movimento. Estes dois
grandes grupos resistem em seus territórios e no entorno dele, visando a reparação
histórica dos territórios tradicionais. Há diversos casos emblemáticos como os
quilombos do Serro e de Paracatu que lutam contra a sana da mineração que polui o
entorno e destrói todo o meio e a terra ancestral, onde a cultura e o modo de vida das
comunidades foram construídos. A especulação imobiliária também pressiona de uma
forma violenta as comunidades quilombolas que se encontram nas regiões urbanas.
Em Belo Horizonte, a luta dos Luízes, de Mangueiras, do Manzo Ngunzo Kaiango e Vila
Teixeira, são icônicas e significativas na história política recente das lutas sociais em
Minas Gerais.
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tambores e a arte de danças tradicionais dos povos de origem Bantu, Nagô, entre
outros originários do continente africano.
Por meio das atividades durante o encontro, revelaram-se várias violações aos
direitos básicos vividos por essas comunidades, sendo um dos grandes problemas
apontados a disputa pela terra. Foram relatados pelas lideranças quilombolas
presentes inúmeras questões que perpassaram desde a problemática da sobreposição
de territórios com a criação de unidades de conservação em áreas de comunidades
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tradicionais, a invasão dos territórios tradicionais pelo avanço desenvolvimentista até
a perda gradativa da identidade e a ausência de informações quanto aos seus direitos.
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Após fundada e organizada a Federação das Comunidades Quilombolas de
Minas Gerais realizou outros diversos Encontros que envolveram e articularam com
outros órgãos governamentais, não governamentais e outra gama de comunidades
quilombolas que ainda não estavam envolvidas neste processo político. Os Encontros
aconteceram em Belo Horizonte e em cidades no interior do Estado próximo às
comunidades, como em São João da Ponte e Itabira. Cada Encontro pautava as ações
da Federação Quilombola e das lideranças comunitárias durante determinados
períodos. Hoje, em 2019, a Federação Quilombola se tornou uma referência para a
luta quilombola. Hoje há as Comissões Regionais da Federação divididas por regiões. O
CEDEFES continua dando apoio a articulação política e organizacional da Federação
através do Projeto Quilombos Gerais.
Bibliografia: Comunidades quilombolas de Minas Gerais no séc. XXI: história e resistência. Belo
Horizonte: CEDEFES, 2008.
Fonte: CAMARGO, Pablo Matos. Comunidades Quilombolas em Minas Gerais – Resiliência, luta e
Assertividade de um Povo. CEDEFES – Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva. [S.I.]. 2019.
Disponível em https://www.cedefes.org.br/comunidades-quilombolas-em-minas-gerais-resiliencia-luta-
e-assertividade-de-um-povo/. Acesso em 13 Abr. 2021.
O MUSEU DO ESCRAVO
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Em 13 de maio de 1988, em comemoração ao centenário da abolição da
escravatura brasileira, o museu foi transferido para o centro da cidade de Belo Vale,
onde fora inaugurado em suas atuais dependências, um prédio em estilo colonial
projetado por Ivan Pavle Boujanic.
O Museu é composto por seis salas em seu pavimento superior, onde é possível
contemplar peças e utensílios ligados a “Casa Grande” que eram de uso e posse dos
senhores da época. No pavimento inferior, observa-se um grande pátio e ao centro a
estátua de um escravo sendo açoitado no pelourinho, ladeando esse pátio observa-se
senzalas que no seu interior resguardam peças ligadas ao período da escravidão, trata-
se de peças de trabalho e castigos que eram aplicados contra os escravos e demais
artefatos ligados aos índios (primeiros escravizados do país) e quilombolas. No total,
Museu conserva mais de quatro mil peças que traduzem o período da escravidão
vivido em nosso país ao longo de 358 anos.
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Encontrada em 2004, no Sítio dos Paivas, próximo a uma estrada de terra que
liga Belo Vale, Jeceaba e Entre Rios de Minas, a urna funerária arqueológica de
cerâmica Aratu-Sapucaí passou por um longo processo de estudo e restauração, sendo
agora devolvida para a cidade de Belo Vale, tornando-se parte do acervo do Museu do
Escravo.