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EEEFM “CÓRREGO DE SANTA MARIA”

Cultura Africana

A cultura africana chegou ao Brasil com os povos escravizados trazidos da África durante o longo período
em que durou o tráfico negreiro transatlântico. A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos
escravos, pertencentes a diversas etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas. Os
africanos trazidos ao Brasil incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às
religiões afro-brasileiras, e os hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Assim como a
indígena, a cultura africana foi geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos
aprendiam o português, eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo.
Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, música,
religião, culinária e idioma. Essa influência se faz notar em grande parte do país; em certos estados como
Bahia, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Espirito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio
Grande do Sul a cultura afro-brasileira é particularmente destacada em virtude da migração dos escravos.
Neste contexto no estado do Espirito santo, Brasil, está localizado o município de São Mateus, é o
segundo mais antigo e sétimo mais populoso foi fundado em 21 de setembro de 1544, recebendo autonomia
municipal apenas em 1764. Originalmente, chamava-se Povoado do Cricaré, sendo rebatizado no ano
de 1566 pelo padre José de Anchieta para o nome de São Mateus. Sua população atual gira em torno dos
121 mil habitantes, sendo considerado um marco na colonização do solo do Espírito Santo.
É considerado o município com a maior população negra do estado. Tal fato se dá, pois, até a segunda
metade do século XIX, o Porto de São Mateus era uma das principais portas de entrada de negros no Brasil.
Também há a forte presença de italianos, que são responsáveis pela colonização de grande parte dos
sertões mateenses.
A chegada de navios negreiros ao Porto era festivamente aguardada pela população, principalmente
pelos compradores, na expectativa de escolherem as melhores peças. Devidamente desembarcados, os
negros acorrentados em fila indiana eram tangidos até o mercado. Ali eram examinados pela sua
compleição física e até origem tribal. Dava-se preferência na compra de negros da canela fina, do calcanhar
para trás e da nádega pequena, sendo consideramos os melhores para o serviço na roça.
Historicamente, houve um forte fluxo e estabelecimento de africanos escravizados na região, em
decorrência da expressiva produção farinheira que mobilizava a economia local durante o período colonial e
imperial brasileiro.
São Mateus chegou a ter, por volta do ano de 1820, aproximadamente 82% de sua população composta
por não-brancos, sendo 67% do total composta por negros e pardos escravizados, 3% por negros e pardos
livres e 12% de população indígena.
Aproximadamente nos anos 1500, com os negros refugiados adentrando a Mata Atlântica no extremo
Norte de São Mateus Espírito Santo, formando os quilombos no Sapê do Norte, região também conhecida
como Rodovia São Mateus x Boa Esperança.

O que são Quilombos?


As comunidades quilombolas são grupos étnicos predominantemente constituídos pela população negra
rural ou urbana –, que se autodefinem a partir das relações específicas com a terra, o parentesco, o
território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias. Estima-se que em todo o País existam
mais de cinco mil comunidades quilombolas. As terras ocupadas por quilombolas são aquelas utilizadas
para a garantia de sua reprodução física, social, econômica e cultural. Como parte de uma reparação
histórica, a política de regularização fundiária de Territórios Quilombolas é de suma importância para a
dignidade e a garantia da continuidade desses grupos étnicos.
A palavra "quilombo" tem origem nos termos "kilombo" (Quimbundo) e "ochilombo" (Umbundo), estando
presente também em outras línguas faladas ainda hoje por diversos povos Bantus.
O Sapê do Norte é compreendido como uma territorialidade localizada no extremo norte do Estado do
Espírito Santo, que se estende do vale do rio Cricaré, no município de São Mateus, ao vale do rio Itaúnas,
município de Conceição da Barra.
Mapas das comunidades quilombolas do território do sapê do norte São Mateus- ES

Fonte: COMISSÃO QUILOMBOLA DO SAPÊ DO NORTE-ES; FERREIRA, S.R.B; OLIVEIRA JR., ANTONIO DE, 2005. Mimeo.

As presenças histórica, cultural, social e econômica de dezenas de comunidades negras rurais


remanescentes de quilombos nessa região caracterizam o Sapê do Norte enquanto um vasto território
quilombola.
No município de São Mateus, a territorialidade do Sapê do Norte abrange as comunidades Beira-Rio
Arural, Cacimba, Córrego do Chiado, Córrego Seco, Dilô Barbosa, Mata Sede, Nova Vista, São Cristóvão,
Serraria, São Domingos, Itauninhas e, ao sul do município, a comunidade de Palmito, sendo essas já
certificadas pela Fundação Cultural Palmares.
Santa Maria é uma localidade da zona rural de São Mateus, às margens da Estrada ES-315, a
aproximadamente 41 km de distância do Centro de São Mateus e a 17 km do município de Boa Esperança.
A ES-315 é que atravessa diversas comunidades e propriedades rurais. São Jorge, Morro da Arara, Dilô
Barbosa, Nova Vista e Santaninha são algumas das comunidades remanescentes de quilombo que estão
localizadas às margens dessa estrada.
A paisagem é tomada por eucalipto, evidenciando a situação de “imprensamento” dessas comunidades.
A exceção à paisagem de eucaliptos são os espaços onde existem pequenas, médias e grandes
propriedades, mais predominantes do lado sul da estrada. Nessas fazendas observa-se uma variedade de
produção, visto que as propriedades produzem frutas, café, pimenta-do-reino; pecuária bovina, suína e
ovina; atividades granjeiras; produção de nós de macadâmia e extração de látex.
Essa variedade de produção, que rompe com o tradicional modelo de monocultivos em larga escala,
como o de produção de celulose e cana-de-açúcar, não se isenta dos moldes de produção agroindustrial,
caracterizado pelo privilégio a produtos de maior interesse no mercado, uso de agrotóxicos, mudas
padronizadas e forte proletarização da mão-de-obra empregada.
Em 2005, aproximadamente 76% dos homens das comunidades quilombolas do município de São
Mateus possuíam algum tipo de vínculo empregatício, sendo que o nível de informalidade nesses empregos
ultrapassava os 50%. Os setores que mais empregavam os quilombolas de São Mateus eram as carvoarias
e as “roças”
Essa região possui uma cultura marcada pela presença dos afrodescendentes e sua produção de
derivados da mandioca, especialmente a farinha e o beiju, mas ainda de forma rudimentar. Os produtos à
base de mandioca, como a farinha, o beiju e a tapioca também são alimentos característicos do município,
sendo preparados de forma artesanal pelas famílias descendentes de quilombolas. Com a evolução da
economia, intensificou o cultivo das lavouras temporárias destacam-se o cultivo da Cana-de-açúcar
caracterizado por plantio em grandes áreas, além do cultivo de culturas tradicionais de subsistência
mandioca que possui uma maior relevância dentre estes, pois além do mercado in natura, existem diversos
tipos de subprodutos (farinha, beiju, bolos) comercializados no município e região. Lavoura Permanente a
região possui uma área expressiva na cultura do Coco.
As condições climáticas, topográficas e um moderno pacote tecnológico, favorecem os produtores a
alcançar elevados níveis de produtividade. Dentre outras culturas permanentes de relevância podemos citar
o mamão, café destaca-se a produção de café da variedade Conilon, sendo o sexto maior produtor deste no
estado, A cultura da Pimenta-do-Reino e Seringueira. São principais atividades de produção vegetal que
possui uma posição de grande destaque na região de Santa Maria e que proporciona o desenvolvimento da
economia local.

A Legislação: O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena como conteúdo obrigatório na


educação foi estabelecido por duas leis, uma de 2003 (Lei 10.639/03) e outra de 2008 (Lei 11.645/08). A Lei
10.639/03 determina a inserção do ensino de história da África e da cultura afro-brasileira nos sistemas de
ensino, alterando a LDB: “Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio,
públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira”. Em 2008, a Lei
11.645/08 determina que o mesmo seja feito com a história e a cultura dos povos indígenas do Brasil.
Tornam-se conteúdos obrigatórios para todas as disciplinas. Na educação, a implementação dessas duas
leis exigiu uma reformulação nas práticas pedagógicas, pois significou a busca pelo reconhecimento das
contribuições e da relevância dos africanos, afro-brasileiros e indígenas na constituição do povo brasileiro.
Objetivos das duas leis: As culturas indígenas e afro-brasileira fazem parte de nossa raiz histórica e não
podem ficar afastadas do sistema educacional. Resgatá-las significa valorizar e enriquecer o patrimônio
cultural brasileiro, levando à sala de aula um debate sobre toda a construção coletiva historicamente criada
pela humanidade, de uma forma contextualizada e centrada na criticidade. O ensino de história e cultura
afro-brasileira e indígena nas escolas ajuda alunas e alunos a compreender a formação de nossa sociedade
como uma construção plural, na qual todas as matrizes culturais e étnico-raciais foram e são igualmente
importantes. Tais leis são fruto da luta dos movimentos negros e indígenas no Brasil. Seu objetivo, além de
resgatar a contribuição fundamental desses povos para a história do país, é promover a afirmação e
valorização da diversidade étnico-racial e cultural brasileira, incentivando assim o combate à discriminação
racial e promovendo a inclusão social e a cidadania de pessoas negras e indígenas.

Atividades interdisciplinar de Geografia e História


Nome:
Série:

De acordo com texto e com seus conhecimentos, responda as questões abaixo:

1ª) A cultura afro-brasileira é resultado de muitas influências também dos portugueses e indígenas. O Brasil
é fruto de uma miscigenação de raças e etnias, somos um resultado de muitas culturas e povos, daí a
necessidade de respeitarmos todas as pessoas, independentemente de sua cor, religião ou raça. Em 2003
foi criada uma lei por número 10.639, ela exige que:
a) ( ) Seja proibido o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas públicas.
b) ( ) As escolas brasileiras de ensino fundamental e médio insiram em seu currículo o ensino da história
e cultura afro-brasileira.
c) ( ) Seja proibido qualquer atitude de agressão física ou verbal a um negro brasileiro.
d) ( ) As escolas particulares, somente, insiram em seu currículo o ensino da história e cultura afro-
brasileira.

2ª) Quais medidas foram tomadas após a chegada dos negros nas colônias brasileiras?
a) ( ) Aprendiam o português, eram batizados.
b) ( ) Era feita uma celebração de honra.
c) ( ) Aprendiam ler e escrever.
d) ( ) Praticavam suas crenças.

3ª) Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos. assinale a
alternativa que não corresponde a essas características.
a) ( ) Dança, religião c) ( ) Culinária, religião
b) ( ) Música, idioma d) ( ) roupas e crenças no Deus Sol

4ª) Qual município do estado do Espírito Santo tem em sua maior parte de sua população negra e que era
ponto de desembarque dos negros no Espírito Santo?
a) ( ) São Mateus c) ( ) Jaguaré
b) ( ) Pedro Canário d) ( ) Boa Esperança

5ª) Analise as frases abaixo.


I. O Sapê do Norte é compreendido como uma territorialidade localizada no extremo norte do Estado do
Espírito Santo, que se estende do vale do rio Cricaré, no município de São Mateus, ao vale do rio Itaúnas,
município de Conceição da Barra.
II. Os africanos não tiveram nenhuma contribuíram para a cultura brasileira.
III. Em 2005, aproximadamente 76% dos homens das comunidades quilombolas do município de São
Mateus possuíam algum tipo de vínculo empregatício, sendo que o nível de informalidade nesses empregos
ultrapassava os 50%. Os setores que mais empregavam os quilombolas de São Mateus eram as carvoarias
e as “roças”
IV. A palavra "quilombo" tem origem nos termos "kilombo" (Quimbundo) e "ochilombo" (Umbundo), estando
presente também em outras línguas faladas ainda hoje por diversos povos Bantus.
V. As condições climáticas, topográficas e um moderno pacote tecnológico, dificultaram os produtores a
alcançar elevados níveis de produtividade.
Quais das frases acima são verdadeiras?
a) ( ) apenas I é verdadeira
b) ( ) apenas II é verdadeira.
c) ( ) apenas I,III e V são verdadeiras.
d) ( ) apenas I,III e IV são verdadeiras.
e) ( ) apenas I, II e IV são verdadeiras.
6ª) São grupos étnicos predominantemente constituídos pela população negra rural ou urbana, que se
autodefinem a partir das relações específicas com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as
tradições e práticas culturais próprias.
A frase acima refere se:
a) ( ) A chegada dos africanos no território brasileiro
b) ( ) A cultural europeia
c) ( ) As comunidades quilombolas
d) ( ) Aos grupos indígenas

7ª) Em que ano foi sancionada as leis em que tornam obrigatório o estudo sobre as culturas afro-brasileira e
indígena?
a) ( ) 2003 e 2008 c) ( ) 2020 e 2021
b) ( ) 2015 e 2018 d) ( ) 2001 e 2003

8ª) Qual é o objetivo das duas leis?


a) ( ) Promover a discriminação, sem o incentivo do conhecimento sobre essa cultura.
b) ( ) Além de resgatar a contribuição fundamental desses povos para a história do país, é promover a
afirmação e valorização da diversidade étnico-racial e cultural brasileira, incentivando assim o combate à
discriminação racial e promovendo a inclusão social e a cidadania de pessoas negras e indígenas.
c) ( ) Reformular e promover a elaboração de uma nova lei, vista que essa não está no agrado.
d) ( ) Promover o afastamento dessas culturas, sem valorizar o ensino nas escolas de ensino fundamental
e médio.

9ª) Observe a imagem e depois responda as perguntas abaixo.

O que representa a imagem? Que mensagem ela transmite para você?

10ª) Faça um acróstico com a palavra CULTURA

C
U
L
T
U
R
A

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