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Representações Sociais

Representações sociais
"Os valores são expressão de sistemas organizados e
duradouros de preferências, enquanto as representações,
por seu turno, constituem avaliações cognitivas,
igualmente estruturadas, de realidades, processos,
situações. Mas tantos os valores como as representações
podem ser encontrados e analisados em dois planos
distintos: no plano social, atravessando e dando forma às
dimensões culturais da sociedade; no plano individual,
como sistemas de disposições e orientações interiorizadas
pelos actores e que, ao mesmo tempo sintetizando
experiências passadas, guiam e justificam os seus
comportamentos". João Ferreira de Almeida
Representação social

é uma avaliação de uma dada existe no plano social e no decorre da nossa socialização; orienta e justifica É formada ao nível social, ou
realidade, processo ou plano individual; comportamentos, ou seja, é partilhada socialmente;
situação; seja agimos em função das
representações que temos;

Nomeia, classifica e dá sentido pressupões valores


ao que observamos;
Representações sociais

• As representações sociais são-nos


transmitidas pelos agentes socializadores
interiorizámo-las ao ponto de quase nem as
conseguirmos questionar.
• as representações sociais têm origem na
necessidade de reduzir a complexidade da
realidade que nos cerca e de a classificarmos.
• constituem-se, por isso, como esquemas de
percepção e de classificação da realidade -
correspondem a leituras simplificadas da
realidade que nos cerca
O QUE SÃO REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS? 

Sinteticamente, uma
São conjunto de explicações, de representação social é um saber
crenças e ideias que são comum a um grupo, aparecendo
partilhadas e aceites frequentemente associada ao
coletivamente numa determinada conhecimento do senso comum.
sociedade e que são o produto Este saber comum da realidade é
das interações sociais. um regulador de
comportamentos.
ELABORAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS 
• As representações sociais são indispensáveis nas relações humanas.
Fazem parte do processo de interação social, permitindo aos
membros de um grupo comunicarem e de se compreenderem.
• São também uma forma dos indivíduos explicarem e fundamentarem
as suas opiniões e comportamentos.
• Na formação deste tipo de pensamento estão subjacentes dois
processos que funcionam em parceria: a objectivação e a ancoragem.
OBJETIVAÇ
ÃO
• É o processo através do qual as representações complexas e abstratas
se tornam simples e concretas. No processo de objetivação, alguns
elementos são excluídos/esquecidos e outros
são valorizados/desenvolvidos de forma a explicar a realidade de
modo mais simples, preciso e comunicável. 
• A objetivação envolve também um processo de reagrupamento das
ideias e das imagens em torno de um mesmo assunto: diferenças
étnicas, política, saúde, etc.
As representações
estão muito marcadas
pela cultura, pela
sociedade: a cada
época, a cada
sociedade,
correspondem
representações sociais.​
ANCORAG
EM
•  Corresponde ao enraizamento, à assimilação das
imagens criadas pela objetivação na mentalidade
coletiva.
• As novas representações juntam-se às anteriores
formando o que alguns autores designam por
“universo de opiniões”. 
• Essas representações passam a orientar as relações
sociais e os comportamentos.
• Uma vez ancorada, uma representação social
desempenha um papel de filtro cognitivo, isto é, as
informações novas são interpretadas segundo os
quadros de representações preexistentes.
Representações Sociais

As representações sociais não são homogéneas no interior de uma mesma


sociedade: diferentes grupos sociais podem partilhar representações
diferentes sobre uma mesma realidade.

Conclusão
As representações sociais dão sentido ao que pensamos, orientam e regulam o
nosso comportamento. Apesar de não termos, muitas vezes, consciência da sua
existência, estão subjacentes ao modo como encaramos o mundo e os outros, e,
portanto, ao nosso comportamento.
FUNÇÕES DAS REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS
• Função de saber - as representações sociais dão uma explicação e um sentido à
realidade: servem para os indivíduos explicarem, compreenderem e
desenvolverem ações concretas sobre o real. 
• Função de orientação - a sua função de explicação repercute-se ao nível da ação,
ou seja, são um guia de comportamentos. Prescrevem práticas na medida em que
precedem o desenvolvimento de uma ação. 
• Função identitária - as representações sociais permitem ao individuo construir
uma identidade social, posicionando-se em relação aos grupos sociais de pertença
ou não pertença. As representações sociais permitem distinguir o grupo que as
produz dos outros grupos. 
• Função de justificação - as representações sociais permitem aos indivíduos
explicarem e justificarem as suas opiniões e os seus comportamentos.
Estereótipos e processos de estigmatização. 
• Os estereótipos são pressupostos ou rótulos sociais, criados sobre características de
grupos para moldar padrões sociais.
• Um estereótipo refere-se a um certo conjunto de características que são vinculadas a
todos os membros de um determinado grupo social. É, portanto, uma generalização e
uma simplificação que relaciona atributos gerais a características coletivas como idade,
raça, sexo, sexualidade, profissão, nacionalidade, região de origem, preferências
musicais, comportamentos, etc. 
• Os estereótipos funcionam também como modelos que pressupõem e impõem padrões
sociais esperados para um indivíduo vinculado à determinada coletividade.
• Os estereótipos são reproduzidos culturalmente e interferem (grade parte das vezes
inconscientemente) nas relações sociais.
• Atualmente, os meios de comunicação e informação possuem um importante papel de
reforçar (ou desconstruir) os estereótipos.
Exemplos de
estereótipos
• Um exemplo comum é o estereótipo de beleza, que
estabelece qualidades físicas consideradas bonitas e
atraentes – e por consequência, o que se considera
feio e repugnante. 
• Em geral, o estereótipo relaciona o padrão de
beleza com características da classe dominante de
uma época, no caso de Ocidente, aproxima-se do
perfil das pessoas brancas. 
• No mundo globalizado, o estereótipo padroniza os
corpos e pode ocasionar uma série de obsessões e
frustrações individuais.
Ideal de Beleza
Outro exemplo de estereótipo é aquele
que determina os papeis, características
e comportamentos de género.

Desde cedo, os estereótipos são reproduzidos


na diferença de criação entre meninos e
meninas, de forma que tais padrões impostos
acompanham-nos durante toda a vida.
Estereótipo e Estigma
• De acordo com o sociólogo Erving Goffman, o estereótipo relaciona-
se com o estigma social nos processos de construção dos significados
através da interação. 
• A sociedade institui como as pessoas devem ser, e torna esse dever
como algo natural e normal.
• Aos estigmatizados são-lhes conferidos atributos que os tornam
diferentes, podendo resultar na marginalização de indivíduos dentro
de uma comunidade.
O que é um estigma
social ?
• O estigma é uma construção social onde se atribui a
alguém ou a um grupo um status desvalorizado em relação
aos outros membros da sociedade.
• É o processo que ocorre quando alguma caraterística –
“uma marca” – é assinalada como indesejável, baseada em
estereótipos e preconceitos negativos, o que conduz à
discriminação de pessoas ou grupos.
• Ocorre na medida em que os indivíduos são identificados
com base em alguma característica - ou marca - indesejável
que possuem e, a partir disso, são discriminados e
desvalorizados pela sociedade. 
• O estigma é um atributo que produz um amplo descrédito
na vida do sujeito, em situações extremas, é nomeado
com "defeito", "falha“ ou desvantagem em relação ao
outro, isso constitui uma discrepância entre a identidade
social virtual e a identidade real.
• Para os estigmatizados, a sociedade reduz as
oportunidades, esforços e movimentos, não atribui valor,
impõe a perda da identidade social e determina uma
imagem deteriorada,
• Os estereótipos funcionam como uma espécie de
rótulo ou carimbo que marca um indivíduo
pertencente à determinada coletividade estigmatizada
a partir do pré-julgamento sobre as suas
características, em detrimento de suas verdadeiras
qualidades individuais. 
• Grande parte das vezes, os estereótipos carregam
aspetos negativos, erróneos e simplistas, e por isso
formam a base de crenças preconceituosas. 
• Estereótipos e preconceitos podem expressar-se
através de ironia, piada, antipatia, humilhação,
insultos verbais ou gestuais, chegando inclusive a
reações mais hostis e violentas. 
• É comum um estereótipo orientar a primeira
impressão de alguém sobre o outro, evitando o
contato entre os indivíduos, de maneira que a
experiência de interação social se restrinja ao
preconceito previamente estabelecido, reproduzindo-
o e perpetuando o estigma e a marginalização de
certos indivíduos e grupos.

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