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Livro 2

QUILOMBOS E QUILOMBOLAS
2.1 Quilombos e Comunidades
Quilombolas
Primeiramente, vamos refletir sobre as Veja a primeira reportagem da série sobre comunidades quilombolas
questões que seguem:
1. O que são quilombos?
2. O que são comunidades
quilombolas?
3. Existem diferenças entre quilombos e
comunidades quilombolas?

De imediato, te convidamos a assistir


ao vídeo "Ser Quilombola" sobre
comunidades quilombolas, produzido
pela TV Brasil.

TV Brasil. Ser Quilombola. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=gjvXGS1wzoo&t=81s.
Nessa perspectiva, Gloria Moura (2007)
conceitua o termo "quilombo" da
seguinte forma: Atualmente, podemos conceituar Quilombos
Contemporâneos como comunidades negras rurais
habitadas por descendentes de africanos escravizados,
que mantêm laços de parentesco e vivem, em sua
maioria, de culturas de subsistência, em terra doada,
comprada ou ocupada secularmente pelo grupo. Os
habitantes dessas comunidades valorizam as tradições
culturais dos antepassados, religiosas ou não, recriando-
as no presente. Possuem uma história comum e têm
normas de pertencimento explícitas, com consciência de
sua identidade. São também chamadas de comunidades
remanescentes de quilombos, terras de preto, terras de
santo ou santíssimo (MOURA, 2007, p. 3).
Quanto a Legislação, o Decreto n° 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, que institui a Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades (PNPCT), na qual os quilombolas estão inseridos, traz
as seguintes definições:

Povos e Comunidades Tradicionais Territórios Tradicionais

Grupos culturalmente diferenciados e que Espaços necessários a reprodução


se reconhecem como tais, que possuem cultural, social e econômica dos povos e
formas próprias de organização social, que comunidades tradicionais, sejam eles
ocupam e usam territórios e recursos utilizados de forma permanente ou
naturais como condição para sua temporária, observado, no que diz respeito
reprodução cultural, social, religiosa, aos povos indígenas e quilombolas,
ancestral e econômica, utilizando respectivamente, o que dispõem os arts.
conhecimentos, inovações e práticas 231 da Constituição e 68 do Ato das
gerados e transmitidos pela tradição. Disposições Constituições Transitórias e
demais regulamentações.
Outra normativa de suma importância é o Decreto n° 4.887, de 20 de novembro de 2003,
que regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação,
demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos
quilombos.
Nesse decreto, encontramos a definição de que são considerados remanescentes das
comunidades dos quilombos os “grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto
atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais
específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à
opressão histórica sofrida” (BRASIL, 2003).
O Decreto n° 4.887/2003 também estabelece que a “caracterização dos
remanescentes das comunidades dos quilombos será atestada mediante
autodefinição da própria comunidade” e define que são terras ocupadas por
remanescentes das comunidades dos quilombos aquelas utilizadas para a garantia de
sua reprodução física, social, econômica e cultural (BRASIL, 2003).
Além disso, o Decreto n° 4.887/2003 regulamenta o Ato das Disposições Transitórias da
Constituição Federal (ADCT, 1988), estabelecendo no Art. 68: “Aos remanescentes das
comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a
propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos".

Várias são as denominações dadas às áreas onde os quilombolas residem: quilombo,


terras de preto, mocambos, terras de santo ou comunidades negras rurais.
A origem do termo "quilombo" consta no vocabulário nacional desde a época colonial,
quando designava territórios afastados onde os negros trazidos, forçadamente, da
África para trabalhar no Brasil, refugiavam-se contra a ordem escravocrata.
Hoje, o uso do termo "quilombola" diz respeito ao reconhecimento dos direitos desse
grupo social, garantidos pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
pelo Decreto n° 4.887/2003, pelo Decreto n° 6.040/2007 e por tratados internacionais de
direitos humanos, ratificados pelo Brasil (BRASIL, 2011).
Para aprofundar um
pouco mais esse 🎥 Documentário - Quilombos do século XXI
debate, assista ao
documentário
“Quilombos do
Século XXI” (2019), a
seguir.

TV Justiça Oficial. Documentário - Quilombos do século XXI. s/d.


Disponível em: <https://youtu.be/CNhqvWJjGII>. s
Você pode observar que é amplo o debate sobre o conceito de quilombo e
comunidades quilombolas.
As conquistas na legislação brasileira são fruto de um longo processo de luta
social pelo reconhecimento dos direitos de uma parcela da população que foi
excluída, marginalizada e invisibilizada, historicamente.
No Brasil, país em que disputas por terras e conflitos fundiários são constantes,
a defesa dos territórios tem sido a grande bandeira de luta dos povos e
comunidades tradicionais.
Nesse processo de luta pelo reconhecimento, os quilombolas exigem a
certificação e a titulação de seus territórios para que possam ter acesso a
políticas públicas efetivas e resguardar sua própria existência.
Segundo Santos (2019), as primeiras
certificações de comunidades quilombolas
foram emitidas a partir de 2004. Desde Brasil possui mais de cinco mil territórios quilombolas

então, 3.271 comunidades foram


certificadas no país, mas, conforme dados
do INCRA e da Fundação Palmares,
somente 174 comunidades foram tituladas.
O autor ressalta que a emissão dos
certificados e a titulação dos territórios são
de relevância imensurável para essas
comunidades e que há ainda um número
incalculável de comunidades quilombolas
não certificadas. Author's Name
A seguir, assista à entrevista do professor TV BrasilGov. Brasil possui mais de cinco mil territórios quilombolas. 2014.
Disponível em: <https://youtu.be/1dgpZF9-S8U>.
Rafael Sanzio (UnB).
e nt o , v o cê d e ve estar se
Neste mom
perguntando: Existem também comunidades que se
e x is t e m c o m unidades encontram na zona urbana.
- Então, s ó
zona rural?
quilombolas na Em algumas regiões do País, houve a fixação
ão! de quilombos nas proximidades dos centros
A resposta é n
urbanos e vilas e, com o crescimento das
cidades, esses lugarejos foram incorporados
aos perímetros urbanos.
As cidades de Belo Horizonte (MG) e Porto
Alegre (RS) são exemplos de casos de cidades
que comportam a existência de comunidades
quilombolas em zona urbana (BRASIL, 2011).

Observe que na biblioteca desse tópico, você encontrará sugestões de


vídeos complementares, dentre os quais um documentário sobre
quilombos urbanos, em Belo Horizonte - fica o convite para se
aprofundar nesse debate!
s s e o m o u s e sobre os
Clique ou pa ç ã o e o b se rv e quantas
z a
ícones de locali mbolas existem nos
uilo
comunidades q dos!
ea
municípios map

Fonte: Fundação Cultural Palmares.


Disponível em: https://www.palmares.gov.br/?
page_id=37551
O Censo 2022 realizado pelo IBGE trouxe,
pela primeira vez, dados sobre
quilombolas, tais como:
68,19% dos quilombolas do país estão no
Nordeste;
entre os 5.568 municípios do país, 1.696
possuem moradores quilombolas.;
Na Amazônia Legal, o Censo 2022 AGÊNCIA IBGE NOTÍCIAS. Censo 2022 - Brasil tem 1,3 milhão de quilombolas em 1.696 municípios.
encontrou 426.449 pessoas quilombolas Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/37464-
brasil-tem-1-3-milhao-de-quilombolas-em-1-696-municipios
(1,6% da população regional ou 32,1% dos
quilombolas do país);
Para saber mais, inclusive sobre o Espírito Censo Quilombola: Primeiros Res…
Res…
Santo, clique na imagem e leia a notícia na
íntegra:

ARQUIVO IBGE. Censo Quilombola: primeiros resultados - Parte 1.


https://www.youtube.com/watch?v=hUroW2kcTfs&t=47s

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