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Garimpo Ilegal

em Terras
Indígenas
Anna Kerolyn, Daiane, Júlia Arraes, Maria
Eduarda Lourenço, Rachel, Vinicius e Yuri
Sumário
01 INTRODUÇÃO 02 LUTA INDÍGENA

IMPACTOS LESGISLAÇÃO E
03 SOCIAIS 04 FISCALIZAÇÃO

CONFLITOS E RESISTÊNCIA
05 VIOLÊNCIA 06 INDÍGENA
Povos Indígenas
Estima-se que, na época da chegada dos europeus, fossem mais de 1.000
povos, somando entre 2 e 4 milhões de pessoas. Atualmente encontramos
no território brasileiro 266 povos, falantes de mais de 150 línguas diferentes.

Os povos indígenas somam, segundo o Censo IBGE 2010, 896.917 pessoas.


Destes, 324.834 vivem em cidades e 572.083 em áreas rurais, o que
corresponde aproximadamente a 0,47% da população total do país.

A maior parte dessa população distribui-se por milhares de aldeias,


situadas no interior de 736 Terras Indígenas, de norte a sul do território
nacional.
Histórico de Luta
Com o extermínio de povos indígenas e a escravidão, milhares de famílias e
indivíduos afugentados se refugiaram em áreas remotas, evitando o
contato com pessoas não indígenas.

Sendo assim, esses povos perderam acesso e direito às próprias terras,


sem a possibilidade de cultivar alimentos ou ter acesso a rios para pescar,
já que as grandes cidades iniciaram suas atividades em torno das águas.

Daí em diante, os enfrentamentos às invasões, às queimadas, aos grileiros,


à fome e à discriminação, tornou-se uma árdua rotina dos povos indígenas.
Localização
No Brasil, a grande maioria das comunidades indígenas vive em terras
coletivas, declaradas pelo governo federal para seu usufruto exclusivo. As
chamadas Terras Indígenas (TIs) somam, hoje, 736 áreas.

Mais da metade da população indígena vive na chamada Amazônia Legal,


segundo o Censo do IBGE 2022.

O restante da população indígena vive em áreas fora da Amazônia Legal.


Esses grupos vivem "apertados" em terras muito menores. Na maioria das
vezes, essas terras não são suficientes para manter suas formas tradicionais
de vida Há ainda muitos povos que não têm onde viver, pois foram
expulsos de suas terras por ocupantes não indígenas.
Terras Indígenas
Atualmente, constam 736 terras indígenas nos
registros da Funai. Essas áreas representam
aproximadamente 13,75% do território brasileiro,
estando localizadas em todos os biomas,
sobretudo na Amazônia Legal.

Essas terras são reconhecidas como patrimônio


da União e são destinadas à preservação de sua
cultura, tradições, recursos naturais e formas de
organização social.

Fonte: Instituto Socioambiental, 2012.


Demarcação
O reconhecimento das Terras Indígenas por parte
do Estado (processo de demarcação) é um
capítulo ainda não encerrado da história
brasileira. Muitas delas estão demarcadas e
contam com registros em cartórios, outras estão
em fase de reconhecimento; há, também, áreas
indígenas sem nenhuma regularização. Além
disso, diversas TIs estão envolvidas em conflitos
e polêmicas.

A seguir: Estágio dê demarcação de terras


indígenas atualmente.
Fonte: FUNAI, 2023.
Ameaças do Garimpo Ilegal
O garimpo ilegal em Territórios Indígenas da Amazônia Legal cresceu
1.271% em 36 anos. Em 1985, eram 7,4 quilômetros quadrados de lavras. Em
2020, 102,16 quilômetros quadrados

Em 2020, quase toda essa atividade fora da lei (95%) se concentrou na área
protegida de três etnias específicas: Kayapó, Munduruku e Yanomami

Inúmeros casos de malária, desnutrição infantil e problemas de


abastecimento. A situação está ligada ao aumento desenfreado do garimpo
ilegal na região e à falta de assistência.
Garimpo Ilegal
O garimpo ilegal é toda atividade de extração mineral em pequena escala e
voltada para a comercialização direta (garimpo) realizada em desacordo com a
legislação brasileira. A regularização de uma área de garimpo requer aprovação
por meio de solicitação à Agência Nacional de Mineração (ANM).

É ilegal a atividade de garimpagem praticada em terras indígenas e em áreas


superiores a 50 hectares (garimpeiros individuais) ou 1000 hectares
(cooperativas de garimpo).

O garimpo ilegal acontece principalmente nas terras indígenas e nas unidades


de conservação, concentrando-se nos estados do Pará, Amazonas e Roraima.
Danos e ocupação
Sem supervisão, tais práticas ocorrem nas
proximidades ou até mesmo dentro de Terras
Indígenas. Além dos impactos da contaminação
por mercúrio, o garimpo ilegal está associado ao
aumento do desmatamento, à sedimentação dos
rios, à falsificação de propriedade de terras e ao
crescimento da violência nas áreas circundantes.

Existem 453 pontos de garimpo ilegal na


Fonte: RAISG, 2019.
Amazônia
Impactos Sociais
O garimpo ilegal exerce um impacto violento para as
comunidades indígenas, afetando-as em diversas áreas. A
invasão de terras para a extração de mineral compromete o
ambiente, fazendo com que a degradação do ecossistema e na
contaminação de rios, prejudicando recursos vitais para a
subsistência indígena. Além disso, essa prática frequente leva à
violência, conflitos territoriais e perda de vidas. As comunidades
enfrentam deslocamentos forçados, perda de identidade cultural
e aumento da vulnerabilidade a doenças.
Ameaça
O garimpo ilegal não apenas compromete a sustentabilidade
ambiental, mas também ameaça a integridade social, econômica
e cultural das comunidades indígenas, demandando ações
urgentes para a proteção de seus direitos e modos de vida.
Também temos alguns relatos de mulheres indígenas que falam
que os garimpeiros são homens que se embebedam e acabam
ficando loucos por mulheres, fazendo assim as moças, crianças e
mulheres indígenas sofrem com assédio e até mesmo estupro.
Conflitos Territoriais
Os casos de conflitos e disputas territoriais são frequentes. Alguns exemplos são:

Em 2004, a reserva Roosevelt, que se localiza entre Rondônia e Mato Grosso, foi
invadida por garimpeiros, ao descobrir que a região era a maior reserva de
diamantes do mundo. Esta invasão resultou num conflito sangrento, pois 29
garimpeiros foram mortos por indígenas que tentavam defender seu espaço.

Em maio de 2021, três garimpeiros morreram e quatro ficaram feridos durante um


confronto armado na comunidade Palimiú, ao Norte de Roraima. Um indígena
também ficou ferido com um tiro na cabeça, mas sobreviveu e duas crianças
indígenas foram encontradas mortas no rio Uraricoera dois dias após o ataque.
Violência e Lucratividade
O garimpo leva violência sexual, estupro de crianças e adolescentes, crime
organizado, aliciamento de jovens indígenas, assassinatos e graves problemas de
saúde, como malária e desnutrição infantil, para dentro das aldeias.

Os garimpeiros trabalham como “porcentistas”: eles recebem, em dinheiro, uma


parte do ouro retirado a cada semana. O dono da balsa fica com a maior parte,
ficando com 70% do lucro e os trabalhadores dividem os 30% que sobram, a forma
de pagamento mais comum em garimpos ilegais.

Um estudo intitulado “Abrindo o livro-caixa do garimpo“, publicado pelo Instituto


Escolhas, em 2023, revelou que balsas de garimpos de ouro na Amazônia têm um
faturamento mensal estimado em até R$ 1,16 milhão.
Histórico de Luta
Para além dos desafios territoriais, os povos indígenas enfrentam, ainda nos dias de
hoje, problemas com racismo, preconceito, violação aos direitos das mulheres
indígenas, falta de acesso à saúde e serviços públicos, além da alimentação escassa
e pobre em nutrientes.

A luta do movimento indígena no Brasil abrange muito mais do que apenas o território
físico. Uma de suas grandes exigências é a possibilidade de manter sua cultura, seu
modo de vida.

A Demarcação de terras é uma das principais lutas indígenas dos últimos anos. Com
terras sendo invadidas, os povos indígenas e as comunidades
tradicionais vêm lutando e cobrando órgãos públicos pela demarcação de terras e
por medidas mais rigorosas de busca, apreensão e punição dos invasores.
Cenário Atual
Os direitos dos povos indígenas ainda são desrespeitados e ignorados pelas
forças do Estado.

os povos indígenas enfrentam, ainda nos dias de hoje, problemas com


racismo, preconceito, violação aos direitos das mulheres indígenas, falta de
acesso à saúde e serviços públicos, além da alimentação escassa e pobre em
nutrientes.

Os próprios indígenas se mobilizam nas esferas políticas e sociais, em busca


de amenizar um sofrimento que se estende por meio milênio, somado ao novo
desafio: o coronavírus.
Legislação
Existem diversas leis e regulamentações que visam a proteção dos
indígenas e seu território, a seguir alguns exemplos:

O Projeto de Lei 191/20 regulamenta a exploração de recursos minerais,


hídricos e orgânicos em reservas indígenas. O projeto define condições
específicas para a pesquisa e lavra de recursos minerais, como ouro e
minério de ferro, e de hidrocarbonetos, como petróleo e gás natural; e para
o aproveitamento hídrico de rios para geração de energia elétrica nas
reservas indígenas.
Projeto de Lei 191/20
De acordo com a Constituição Federal, essas atividades só podem ser realizadas em
solo indígena com prévia autorização do Congresso Nacional, e mediante consulta às
comunidades afetadas, as quais é assegurada participação nos resultados.

Além da indenização, o projeto reserva às comunidades indígenas cujas áreas sejam


utilizadas para a exploração econômica o direito de receber, a título de participação nos
resultados, 0,7% do valor da energia elétrica produzida; entre 0,5% e 1% do valor da
produção de petróleo ou gás natural; e 50% da compensação financeira pela exploração
de recursos minerais.

O Projeto de Lei 191/20 prevê permissão para lavra garimpeira em terras indígenas em
áreas definidas pela ANM, desde que haja consentimento das comunidades indígenas
afetadas. A agência concederá o prazo de 180 dias para que as comunidades indígenas
afetadas manifestem interesse em realizar a garimpagem diretamente ou em parceria
com não indígenas.
FUNAI
No âmbito do Plano Plurianual da Fundação Nacional do Índio – Funai
(2012-2015),desenvolveu-se o Programa de Proteção e Promoção dos
Direitos dos Povos Indígenas, que tem como objetivo garantir aos povos
indígenas a plena ocupação e gestão de suas terras, contribuindo para a
redução de conflitos territoriais, a proteção ambiental e o fomento a
atividades econômicas sustentáveis, bem como Mario Vilela/Funai 8 a
promoção dos direitos sociais que valorizem e dialoguem com as formas
de gestão territorial e ambiental praticadas pelos povos indígenas.

A Funai é o órgão responsável pela garantia dos direitos indígenas.

Fonte: Agência Câmara de Notícias


Resistência Indígena
A historiografia tradicional apresenta os indígenas como vítimas da conquista
portuguesa, mas a historiografia recente mostra que eles foram protagonistas de lutas
pela sobrevivência.

Embora tenham sido submetidos à dominação colonial, não deixaram de lado sua
cultura. Eles realizaram releituras de suas práticas religiosas e culturais, incorporando
elementos da cultura cristã, mas também preservando suas próprias tradições.

Os garimpeiros causam danos ambientais, afugentando a fauna e a flora que servem de


sustento para os indígenas. Eles também oferecem álcool, dinheiro e outros bens aos
indígenas em troca de sua colaboração, o que pode levar a trabalhos forçados,
exploração sexual infantil e conflitos nas comunidades.
Casos e Exemplos
O caso da Terra Indígena Yanomami, que é alvo do garimpo ilegal há décadas. Nos
últimos anos, a atividade se intensificou, causando danos significativos à floresta e à
saúde dos moradores.

Uma passeata realizada por povos indígenas no Distrito Federal contra o garimpo ilegal
e o desmatamento. A marcha, que durou cerca de duas horas, foi organizada pelo
Acampamento Terra Livre (ATL).

Os indígenas continuam a resistir às ameaças à sua cultura e à sua terra. O garimpo


ilegal é uma das principais ameaças que os indígenas enfrentam hoje, causando danos
ambientais, sociais e culturais. Os indígenas têm se mobilizado contra o garimpo ilegal,
mas ainda precisam de apoio do governo e da sociedade civil para proteger seus
direitos.
Referências
SANT’ANNA, Emilio. Garimpo ilegal em terras indígenas cresce 1.271% em 36 anos, diz pesquisa. ESTADÃO, São Paulo, 06 de fev.
de 2023. Disponível em: <https://www.estadao.com.br/amp/sustentabilidade/garimpo-ilegal-em-terras-indigenas-cresce-1271-
em-36-anos-diz-pesquisa/>. Acesso em: 10 de dez. de 2023.

INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Povos Indígenas no Brasil: Quem São. Disponível em:


<https://pib.socioambiental.org/pt/Quem_são>. Acesso em: 10 de dez. de 2023.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Povos Indígenas no Brasil: Onde estão. Disponível em:
<https://pib.socioambiental.org/pt/Quem_são>. Acesso em: 10 de dez. de 2023.

FUNDO BRASIL. Fundo Brasil: Povos Indígenas: história, cultura e lutas. Disponível em:
<https://www.fundobrasil.org.br/blog/povos-indigenas-historia-cultura-e-lutas/>. Acesso em: 10 de dez. de 2023.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Mirim: Terras Indígenas. Disponível em: <https://mirim.org/pt-br/terras-
indigenas#:~:text=Onde%20está%20a%20maioria%20dos,a%20parte%20oeste%20do%20Maranhã.>. Acesso em: 10 de dez. de 2023.

Brasília. Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Demarcação de Terras Indígenas. Disponível em: <https://www.gov.br/funai/pt-
br/atuacao/terras-indigenas/demarcacao-de-terras-indigenas>. Acesso em 10 de dez. de 2023

PEIXOTO, Flávia.“Os impactos sociais do garimpo ilegal nas comunidades indígenas”; EcoDebate, 2023. Disponível em:
<https://www.ecodebate.com.br/2023/02/14/os-impactos-sociais-do-garimpo-ilegal-nas-comunidades-indigenas/>. Acesso
em: 9 dez 2023.
Referências
RAQUEL, Marta. “Ameaças, estupros e prostituição: os impactos do garimpo ilegal para as mulheres”; Brasil de fato, 2021.
Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2021/05/02/ameacas-estupros-e-prostituicao-os-impactos-do-garimpo-
ilegal-para-as-mulheres>. Acesso em: 09 dez 2023.

STABILE, Arthur. “Garimpo aumentou 787% em terras indígenas entre 2016 e 2022, aponta Inpe”; G1, 2023. Disponível em:
<https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2023/02/11/garimpo-aumenta-787percent-em-terras-indigenas-entre-2016-e-
2022-aponta-inpe-infografico.ghtml>. Acesso em: 09 dez 2023.

AMEND, Marcos. “Por que lutamos pelo fim do garimpo ilegal”; Greenpeace Brasil, 2023. Disponível em:
<https://www.greenpeace.org/brasil/blog/por-que-lutamos-pelo-fim-do-garimpo-ilegal/>. Acesso em: 09 dez 2023.

BRASIL, Fundo. “Povos Indígenas: história, cultura e lutas”; Fundo Brasil. Disponível em:
<https://www.fundobrasil.org.br/blog/povos-indigenas-historia-cultura-e-
lutas/#:~:text=Para%20al%C3%A9m%20dos%20desafios%20territoriais,escassa%20e%20pobre%20em%20nutrientes>. Acesso em:
09 dez 2023.

FAHS, Ana.” Movimento Indígena: história e principais objetivos!”; Politize, 2016. Disponível em:
<https://www.politize.com.br/movimento-
indigena/#:~:text=A%20luta%20do%20movimento%20ind%C3%ADgena,cultura%2C%20seu%20modo%20de%20vida>. Acesso em:
09 dez 2023.

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