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Escola Cidadã Integral Estadual Ensino

Médio Dom Adauto


Professora: Edinalva Juvino da Silva
Disciplina:
Geografia
Turma: 3º ano

Aula 2:
QUESTÃO ÉTNICA NO BRASIL: POVOS INDÍGENAS E
AFRODESCENDENTES
QUESTÃO ÉTNICA NO BRASIL: POVOS INDÍGENAS
E AFRODESCENDENTES

Antes da chegada dos portugueses às terras que


viriam a formar o território brasileiro já existia
um mosaico étnico com a presença de diferentes
povos indígenas. Com o início do processo de
colonização no século XVI, portugueses foram
ocupando o território e dominando e
exterminando os povos nativos. A eles, somaram-
se os milhões de africanos, trazidos à força para
trabalhar como escravos, entre os séculos XVI e
XIX.
A partir de meados do século XIX, chegaram ao
Brasil, para trabalhar na lavoura do café e,
posteriormente, nas indústrias, grupos de
imigrantes europeus (italianos, espanhóis,
alemães, poloneses, além dos próprios
portugueses) e asiáticos (árabes, japoneses,
chineses). Assim, o Brasil é formado por grupos
étnicos distintos, entre os quais ocorreu um
intenso processo de miscigenação. Apesar de
terem em comum a língua um vínculo marcante ,
alguns grupos mantêm as suas tradições.
POVOS INDÍGENAS
• Dos indígenas que escaparam da escravidão
milhares resistiram ao trabalho imposto pelos
portugueses , muitos foram exterminados durante
o processo de colonização e, posteriormente, em
conflitos com fazendeiros, garimpeiros e outros
grupos que invadiam suas terras. Além das mortes
em conflitos, comunidades inteiras de indígenas
foram aniquiladas ao contraírem as doenças
trazidas pelo colonizador, como gripe, catapora e
sarampo. Outras tiveram sua cultura
descaracterizada pelos processos de
aculturação.
• Cálculos aproximados indicam que, quando da
chegada dos portugueses, mais de 4 milhões de
ameríndios viviam no que constituiu o atual território
brasileiro. Eles formavam diferentes nações com
costumes, crenças e forma de organização social e de
sobrevivência próprias.
• O último censo registrou a presença de 896,9 mil
indígenas vivendo no Brasil, distribuídos em 305
etnias e que usam 274 línguas diferentes. Apesar
dessa drástica redução, a população indígena voltou a
aumentar nas últimas décadas, o que muitos atribuem
a uma maior atenção à causa indígena e à demarcação
de algumas Terras Indígenas. O direito a um território
próprio e ao seu modo de vida é o que garante a
sobrevivência e reprodução dos povos indígenas.
O universo indígena brasileiro é bastante
diverso. Algumas nações indígenas mantêm a sua
identidade e as suas tradições, apesar de terem
algum grau de contato com o restante da
sociedade. Há também nações que só falam o
português e adquiriram hábitos da civilização
ocidental, como o consumo de produtos
industrializados. Existem, ainda, alguns grupos
indígenas que se mantêm isolados em áreas
próximas às fronteiras ou de difícil acesso, sem
nenhum contato com outras comunidades.
Jovem da etnia Kadiwéu com celulares na
Aldeia Alves de Barros, em Porto Murtinho (MS),
2015.
Terras Indígenas
• De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), as 703
Terras Indígenas no Brasil cobrem 13,6% do território.
Boa parte dessas terras, no entanto, ainda não foi
demarcada. De acordo com a lei, as terras demarcadas
são de uso exclusivo e posse das populações indígenas,
que asseguram para si o direito sobre a exploração dos
recursos naturais nelas existentes.
• De acordo com a Constituição de 1988, as Terras
Indígenas são porções do território habitadas por um
ou mais grupos indígenas e consideradas essenciais à
preservação dos recursos necessários a sua
sobrevivência, reprodução física e cultural. Nelas, as
comunidades nativas têm o direito de utilizar o solo, os
rios, os lagos e as demais riquezas naturais existentes.
• A Constituição reconheceu os direitos dos povos
indígenas como primeiros habitantes de suas
terras e estabeleceu que elas fossem demarcadas
até 1995. No fim da segunda década do século XXI,
esse processo encontra-se ainda em andamento,
muitas vezes envolvendo grandes conflitos.
• As Terras Indígenas são frequentemente invadidas
pelas grandes empresas madeireiras, por
garimpeiros e agropecuaristas, entre outros
grupos. Essas atividades, mesmo quando
praticadas próximo às Terras Indígenas,
comprometem o meio ambiente e constituem uma
ameaça à subsistência desses povos.
A maioria da população indígena vive na
Amazônia. Nessa região, ainda ocupa grandes
extensões de terra e preserva seu modo de vida
tradicional. Em outras regiões, especialmente no
Centro-Sul do Brasil, as terras são menores e
algumas vezes abrigam aldeias muito povoadas.
Em áreas insuficientes para prover o sustento e a
sobrevivência da comunidade, indígenas
recorrem às cidades próximas em busca de
recursos e de trabalho. Essa integração forçada
os coloca em situação de marginalidade no novo
meio.
O Parque Indígena do Xingu, criado em
1961 (inicialmente como Parque Nacional
do Xingu), foi a primeira Terra Indígena
homologada no Brasil. Situado no sul da
Amazônia, no Mato Grosso, ocupa
atualmente 30.000 km2 e abriga 16 etnias
e mais de 5 mil habitantes. Na imagem,
indígenas da aldeia Kamayurá, no Parque
Indígena do Xingu (MT), 2014.
AFRODESCENDENTES
Os africanos trazidos como escravos para o Brasil
eram principalmente sudaneses (Iorubás, Jejes, Malês,
Ibos, entre outros) e bantos (como Cabindas, Bengalas,
Banquistas, Tongas) de Angola e Moçambique.
Calcula-se que, durante o período de escravidão (da
primeira metade de 1500 até 1888), foram capturados e
trazidos para o Brasil cerca de 5 milhões de africanos,
que entravam no país principalmente pelos portos de
Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Aqui, trabalharam na
lavoura de cana-de-açúcar, de algodão, de café e na
mineração, além de realizar outras atividades, como
trabalhos domésticos e de ofício (carpinteiros, pintores,
pedreiros, ourives etc.).
• O Brasil foi o último país ocidental a abolir a escravidão, o
que ocorreu há pouco mais de um século, em 1888.
Apesar de libertos, os ex-escravizados, deixados à própria
sorte, continuaram em situação desfavorável. Nessa
época, estimulava-se a imigração e os postos de trabalho
eram ocupados principalmente por europeus, que em
geral já desenvolviam em seus países de origem
atividades na lavoura, no comércio e na indústria.
• O Brasil é o país que abriga a maior população negra fora
da África: dados do IBGE de 2014 indicam que a
população que se declara preta e parda (53,6%) supera a
população que se declara branca (45,5%). No entanto, os
afrodescendentes enfrentam inúmeras dificuldades,
consequência das desigualdades sociais e do preconceito.
Racismo no Brasil?
• A origem étnica dificulta a inserção do indivíduo no
mercado de trabalho. Os afrodescendentes são os
mais atingidos pelo desemprego e grande parte dos
que são empregados exerce atividades de baixa
qualificação. Em consequência, no geral, moram
em lugares mais distantes do local de trabalho, nas
periferias, onde dispõem de serviços básicos
(saúde, educação, saneamento etc.) precários e de
opções de lazer escassas.
• No Brasil, os indicadores sociais demonstram que
afrodescendentes ganham salários menores que os
brancos e têm menor grau de escolaridade.
• Além da raiz histórica marcada por quase quatro
séculos de escravidão, a situação de desigualdade
social entre brancos e afrodescendentes se
mantém em função da educação pública
deficiente, do difícil acesso às informações que
estão associadas às novas tecnologias
(computador, serviços de banda larga, internet
etc.), da necessidade de jovens terem que ajudar
na complementação da renda familiar e do
preconceito. Dessa forma, é negado aos
afrodescendentes e também aos indígenas o
princípio básico das sociedades democráticas, que
é a igualdade de oportunidades.
• Segundo a atual Constituição brasileira, o racismo
é considerado crime. Para a punição às atitudes
racistas, é necessário o testemunho de uma
terceira pessoa e de registro de ocorrência policial.
Muitas vezes, no entanto, o racismo não é
manifestado abertamente. É difícil, por exemplo,
comprovar que um emprego foi negado a
determinada pessoa em função da cor de sua pele.
• A pressão dos movimentos sociais, especialmente
do movimento negro, e o reconhecimento inegável
que as diferenças sociais e econômicas são visíveis
pela cor da pele impulsionaram a implementação
de ações afirmativas no Brasil.
A baiana Luislinda Valois Santos tornou-
se em 1984 a primeira juíza
afrodescendente do Brasil e também
proferiu a primeira sentença contra
racismo, responsável pela condenação de
um supermercado a indenizar uma
empregada doméstica afrodescendente
acusada injustamente de furto. Fotografia
de 2009.
Cotas nas universidades públicas
• O sistema de cotas nas universidades públicas é a mais
polêmica das ações afirmativas postas em prática. Ele visa
diminuir a distância entre negros e brancos no ensino
superior.
• Aqueles que as combatem argumentam que o sistema fere o
princípio constitucional de igualdade entre os cidadãos e
estimula a cisão racial no país, opondo os afro-brasileiros
aos brancos. Defendem que o governo deveria investir no
ensino público fundamental e médio de qualidade, criando
as condições necessárias para que a população pobre
(independentemente da cor da pele) possa competir por
vagas nas universidades em igualdade de condições.
Em 2012, foi aprovada a lei (válida por 10 anos)
que assegura metade das vagas dos cursos nas
universidades e escolas técnicas federais a
estudantes de escolas da rede pública. Garante,
também, que a distribuição das vagas entre os
cotistas deve observar critérios como renda
familiar e uma repartição entre
afrodescendentes e indígenas, proporcional à
composição numérica desses grupos em cada
estado.
À esquerda, estudantes de escolas
particulares do Distrito Federal protestam
na Praça dos Três Poderes, em Brasília
(DF), contra as cotas para estudantes da
rede pública de ensino em universidades
federais. À direita, manifestação a favor das
cotas em São Paulo (SP). Fotografias de
2012.
Comunidades quilombolas
• As quilombolas ou comunidades remanescentes de
quilombos foram formadas por escravizados fugitivos e
também ex-escravizados que receberam doações ou
conseguiram comprar terras. As comunidades
quilombolas foram formadas em fazendas abandonadas;
terras doadas pelo Estado por serviços prestados
principalmente em guerras; terras antes ocupadas por
ordens religiosas e deixadas às comunidades negras
locais. Existem 2.648 dessas comunidades espalhadas
por praticamente todo o território brasileiro, certificadas
pela Fundação Cultural Palmares . Em geral estão
situadas em áreas rurais e relativamente isoladas, mas
há também comunidades em áreas urbanas.
Habitantes de Rio de Contas (BA) reúnem-se
para a festa de São Sebastião na comunidade
remanescente do Quilombo da Barra, em 2014.
• A Constituição de 1988, após 100 anos da abolição
da escravidão, garantiu o direito legítimo das Terras
Quilombolas aos membros da comunidade. No
entanto, nem todas receberam titulação definitiva
que lhes garantam a propriedade das terras.
• Em 2008, ocorreu uma mudança no procedimento
de certificação das terras comunitárias, com
intenção de restringir o título de propriedade às
áreas onde estão instaladas as habitações. Tal
medida impede que essas comunidades tenham
acesso aos recursos naturais necessários à sua
existência material e cultural. Também cria uma
série de obstáculos burocráticos para a formalização
do processo de titulação.
Além de lutarem para manter e legalizar suas
terras, as comunidades quilombolas têm outros
desafios, relacionados à estruturação de práticas
de exploração de recursos naturais e agrícolas
pautadas no desenvolvimento sustentável, à
preservação de seus valores culturais, à
valorização da sua produção artesanal e à
formação de associações que garantam maior
capacidade de mobilização para as comunidades.
Atividade
1- O Brasil é conhecido por ser um país multiétnicos. São colocados
como os principais elementos formadores da nação brasileira:

A)Portugueses, os africanos e os imigrantes árabes, japoneses,


italianos e alemães.

B) Imigrantes italianos, africanos e os imigrantes árabes.

C) Indígenas, imigrantes árabes e os imigrantes japoneses e


italianos.

D) Os nativos brasileiros os indígenas, os europeus brancos e os


africanos, povo que aqui foi escravizado.

E) Os africanos negros escravizados, os europeus essencialmente


italianos, holandeses e alemães e os imigrantes árabes.
2- Os grupos de origem européia que constituem a
atual população brasileira tiveram origens,
motivações e história distintas no país. Os primeiros
grupos europeus vieram para o Brasil logo no início
da colonização do país e outros aportaram aqui
apenas no século passado. Os grupos humanos de
origem européia estão listados abaixo, exceto:

A) italianos
B) portugueses
C) holandeses
D) japoneses
E) alemães
3-Uma população, com origem comum, sustentou a
economia do país durante vários anos por meio de
seu trabalho, embora tenha sido trazida à força para
o Brasil . Boa parte de nossa cultura, práticas
sociais, religiões, tradições e costumes está
associada a valores oriundos desse povo. O
fragmento acima faz referência a que elemento
étnico constituinte da população brasileira?

A) Imigrantes árabes.
B) Africanos
C) Imigrantes japoneses.
D) Indígenas.
E) Alemães e italianos.
4- No procedimento administrativo de
demarcação de terras indígenas, é correto
afirmar que as terras indígenas serão
homologadas mediante:

A) portaria do Ministro de Estado de Justiça.


B) portaria do Presidente da República.
C) decreto do Presidente da República.
D) medida provisória do Presidente da República.
E) resolução do Presidente da República.
5- Qual o país que abriga a maior população negra
fora da África?
A) Brasil
B) França
C) Estados Unidos
D) Colômbia
E) Reino Unido
6-Qual é o significado do racismo?
7-Como foram formadas as quilombolas ou
comunidade remanescentes de quilombos ?
8-Qual foi o quilombo mais importante e porque?
9- Faça uma síntese do documentário sobre
memória de Luislinda Valois:
10- Qual baiana tornou-se em 1984 a primeira
juíza afrodescendente do Brasil?
A) Luislinda Valois Santos
B) Lindalva Valois Santos
C) Luisa Valois Santos
D) Luzinete Valois Santos
E) Lucineide Valois Santos
11- Qual foi a primeira terra indígena demarcada
no Brasil?
A) Parque Nacional do Almeirim
B) Parque Nacional do Xingu
C) Parque Nacional do Tumucumaque
D) Parque Nacional do Oriximiná
E) Nenhuma das alternativas
12- Como era chamada a escrava que ajudava nos
serviços domésticos :

A) escrava de ganho
B) mucama
C) Sinhá
D) do lar
E) Nenhuma das alternativas

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