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Povos Pré-Colombianos na América

Contemporânea:
Como o colonialismo e politicas de extermínio indígena afetam a vida dos
povos nativos até hoje.

(Jovens Maias da Guatemala. Eric Waltr, Wikimedia commons)

Aluno: Calil Cavalcante Rodrigues


Série: 2º A
Número: 03
Ontem: Uma análise do contexto histórico.

(Chegada de Cristóvão Colombo à América. Gravura de Theodor de Bry, Wikimedia commons)

O historiador americano Willian M. Denevam fez estimativas que, antes da colonização


europeia, as populações indígenas da América Latina somavam até 57,3 milhões de
indígenas, distribuídos em mais de 800 povos, cada um com seus costumes, crenças e
sociedades. Após 5 séculos de colonialismo e de políticas segregacionistas e de
extermínio dos povos originários latino-americanos, este número foi reduzido para cerca
de 45 milhões de indígenas em todo o território latino. O número aparenta ser razoável se
o analisarmos separadamente, mas, se analisarmos a população latina, que é de cerca de
1 bilhão de habitantes, podemos ver o que essas políticas geraram. De 100% da
população para pouco mais de 8%.
Durante a conquista europeia, os indígenas foram massacrados fisicamente, por meio da
espada e das doenças, e culturalmente, por meio da cruz. Além do massacre veio a
escravidão, tanto na colonização espanhola quanto na portuguesa. Tiveram suas riquezas
tomadas pelos europeus, tiveram seus territórios reduzidos. Os povos indígenas se
tornaram uma mera sombra do que um dia foram, isso em 1 século de colonização.
As colônias europeias continuaram os abusos contra os povos nativos durante 4 séculos,
se refestelando com o trabalho dos povos, enquanto estes morriam de fome ou doença.
Até que o processo de descolonização teve início. Mesmo após o suposto fim da
colonização, já que agora as colônias haviam se tornado independentes das metrópoles,
os povos nativos não tiveram folga com relação aos abusos sofridos, pelo contrário, o
cenário se agravou em alguns aspectos, como o de territórios.
Durante todo o processo de descolonização, os países que emergiam usaram a doutrina
da terra nullius, o direito de tomar terras que estejam desocupados ou sob controle de
“povos bárbaros”, no caso os indígenas, como nunca antes, sob o pretexto da
necessidade dos territórios indígenas para a agropecuária e para a afirmação de
fronteiras geopolíticas. Desse modo, os novos países partiram em diversas campanhas
militares, ao fim do século XIX, para mais massacre indígena e confiscos de terras dos
nativos, cada vez mais marginalizando e isolando-os.
Estas políticas genocidas permaneceram ao decorrer do Séc. XX, perpetrado pelos
inúmeros regimes ditatoriais que a América Latina vivenciou, Augusto Pinochet, Getulio
Vargas, Porfírio Diaz, a ditadura empresarial-militar brasileira, entre outras.
Esta introdução demonstra todas as feridas que os indígenas latinos sofreram ao longo
de 5 séculos de exploração, e essas feridas não saram rapidamente, na verdade,
permanecem abertas e infeccionando até hoje.
Hoje: As consequências do colonialismo e das políticas de extermínio.

(Ailton Krenak)
“Nós estamos em guerra. O seu mundo e o meu mundo estão em guerra. Os nossos mundos estão todos
em guerra. A falsificação ideológica de que os nossos mundos estão em paz é para manter as coisas
funcionando. Não tem paz em lugar nenhum. É guerra em todos os lugares, o tempo todo”, Ailton Krekak,
líder da etnia Krenak no Brasil. A fala de Ailton descreve a América Latina colônia europeia tão
bem quanto a América Latina atual. A diferença vem que o extermínio não parte mais do
Estado, na maioria das vezes, mas a negligência deste quanto as necessidades indígenas
em seu território ainda faz vítimas.
Uma convenção da Organização Internacional do Trabalho, OIT, de 1989, assegura aos
indígenas americanos o livre direito às terras de seus ancestrais, para as atividades de
subsistência da sua etnia, instrumento parecido foi introduzido na constituição brasileira
de 88. Porém, este direito é muitas vezes contestado quando a área é visada para
interesses econômicos, um exemplo é o julgamento do Marco Temporal no Supremo
Tribunal Federal, que tenta determinar que somente os indígenas que ocupavam uma
terra antes da promulgação da constituição de 88 teriam o direito à tais terras, o que
levaria inúmeras etnias a perderem os territórios atualmente ocupados, já que o massacre
estatal do Séc. XX ocasionava numa fuga dos indígenas para outros territórios, que não
os de seus ancestrais.
Isto quando a agressão ao direito de terra parte de meios legais, entretanto, garimpeiros
e grileiros costumam invadir terras, matando e expulsando indígenas, com frequência,
forçando o isolamento cada vez mais.
A discriminação estrutural sofrida pelos povos indígenas, ainda vistos como brutos por
muitos, o empobrecimento causado pelo roubo de seus territórios desde o período
colonial até hoje, os entraves que políticas focadas nos indígenas, e para a representação
dos povos nos parlamentos, sofrem, são uma influência negativa para a saúde dos povos,
tanto a individual quanto a coletiva.
Um grande exemplo é a pandemia de Covid-19 e como ela se propagou nos povos
indígenas. A desinformação, causada pelo isolamento geográfico forçado ou o isolamento
linguístico, a falta de suprimentos e a dificuldade de deslocamento de levar um enfermo
até a uma unidade hospitalar, fizeram a pandemia de Covid-19 ser muito mais aguda nos
povos indígenas. Um exemplo é a extinção, isto mesmo, da etnia Juma em Porto Alegre,
em 31 de março de 2021.
A pobreza, os indígenas são 26% mais pobres do que os não indígenas, consequência
do colonialismo e das políticas de confisco de terra sistemática impostas pela metrópole e
pelos governos do século XIX e XX, geram outros problemas e, por mais que 17 países
Latino Americanos tenham em suas constituições a defesa da saúde indígena, doenças.
Diabetes, desnutrição e morte por doenças respiratórias são mais comuns em indígenas
do que em outras populações. Além disso, a mortalidade infantil indígena é alta, sendo a
Bolívia o caso que se destaca, com 77 mortes de crianças a cada 1000, antes dos 5 anos
de idade.
(Deputada Joênia Wapichaba, única representante indígena no Congresso brasileiro)

Nem tudo é guerra, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, CEPAL,
em seu último levantamento, em 2014, demonstrou avanços no reconhecimento dos
territórios indígenas e na proteção desses povos durante o início dos anos 2000, assim
como a melhoria dos dados de saúde indígena, mencionados no parágrafo anterior.
O avanço na representatividade indígena nos parlamentos e congressos na América
Latina, por meio de cotas parlamentares, também foi um passo importante para o
atendimento das demandas indígenas.
Porém, infelizmente, esses poucos avanços não são o suficiente para melhorar de forma
significativa a vida das populações indígenas, 5 séculos de extermínio e furto não são
sarados tão facilmente.

-Do macro para o micro:

Os dois primeiros tópicos foram uma visão geral da situação a qual os povos pré-
colombianos foram, e são, sujeitos. Neste tópico, discorrerei sobre algumas etnias
indígenas numerosas, principalmente com descendência direta dos povos pré-
colombianos.
Segundo a Cepal, baseada em dados censitários dos países, o México possui a maior
população indígena das Américas (cerca de 17 milhões), seguido do Peru (7 milhões), da
Bolívia (6,2 milhões) e da Guatemala (5,9 milhões). Mas quando se fala de números
relativos, a posição não é a mesma. Na Bolívia, eles representam 62,2% do total de
habitantes, na Guatemala 41%, no Peru 24% e no México 15%. A maioria dos indígenas
que moram nesses países são oriundos das civilizações pré-colombianas tidas como as
mais avançadas do continente: inca, maia e asteca.

Os Quichuás são os povos indígenas andinos que falam a língua


quichuá, tendo uma presença marcante na Bolivia e no Peru, mas
estando em menor número em outros países como argentina e chile.
Os Quichuás são descendentes diretos do povo Inca e não formam
um povo único, tendo vários povos denominados como Quichuás.
Atualmente, os Quichuás buscam essa unidade, como o caso dos
Quichuás do Equador e da Bolívia, porém as grandes diferenças
linguísticas entre alguns povos Quichuás dificulta esta união.

(Mulher Quichuá)
Os Nauátles, ou Nahuas, de origem asteca, compõem o grupo majoritário de indígenas
no México, por mais que 60 etnias habitem as mesmas terras. Os Nauátles se destacam
pelo contraste com os outros descendentes dos povos pré-colombianas, por conta da elite
asteca. A elite asteca formou parcerias duradouras com os espanhóis e prevaleceu. À
dinastia Moctezuma foi dado o título de conde, por conta do casamento entre um herdeiro
Moctezuma e uma aristocrata espanhola, tendo até mesmo uma promoção de conde para
duque durante o processo colonial no Vice-Reino do México, e um dos duques se
tornando Vice-Rei do México durante 5 anos.
Atualmente, essa elite asteca que se aliou aos espanhóis continua exercendo poder no
México por meio de seus descendentes, principalmente pelo meio político. As
comunidades mais humildes Nahuas vivem da policultura e afastado dos centros,
sofrendo dos maus gerais que os indígenas de todo o continente sofrem.

(Crianças Nahuas)

Os maias, atualmente dispersos na península de Yucatan e Guatemala, são um povo


silencioso e sofrido. Por conta do alarde feito em 2011 com o calendário Maia, que
“previa” um fim do mundo, as tradições mais ganharam destaque, mas não os
descendentes do povo maia. 73% do povo Maia se encontra em situação de pobreza, a
eles é dificultoso o acesso à terra, à saúde e, até mesmo, aos seus próprios rituais
religiosos, como mostrou a 13º B’aktun, festa religiosa que foi divulgado pelo governo
guatemalteco e que muitos indígenas não foram convidados.
Além disso, vivenciaram a prisão do ex-presidente guatemalteco Efraín Ríos Montt por
crime de genocídio e crime contra a humanidade, na segunda metade do Séc.XX os
diversos governos ditatoriais mataram, no mínimo, 150000 maias, segundo a ONU.

(Ganhadora do Nobel da Paz de 1992, a guatemalteca Rigoberta Menchú lamenta que a celebração do
B'aktun tenha se 'desvirtuado')
Os Guaranis-Kaiowas são uma das maiores etnias indígenas brasileiras, 31000 indígenas
ao Sul do Mato Grosso do Sul segundo a Funasa, se estendendo também para território
internacional, 15000 no Paraguai. Eles tem como tronco linguístico o Tupi-Guarani. São
principalmente agricultores, mas apreciam a caça e a pesca. Desde o Séc. XX, os
Guaranis-Kaiowas disputam as terras que habitam. Seus maiores inimigos sendo os
grileiros, garimpeiros e madeireiros da região.

(Guaranis-Kaiowas)
Referências Bibliográficas:

https://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/12/tradicao-maia-se-populariza-mas-
descendentes-estao-esquecidos.html
http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/16378-povos-
indígenas-das-américas,-ontem-e-hoje-2
https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/37773/1/S1420764_pt.pdf
https://pt.wikipedia.org/wiki/Quíchuas
https://www.brasildefato.com.br/2020/05/11/os-povos-originarios-da-america-latina-na-era-
da-covid-19
https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/08/13/
interna_internacional,1295588/os-descendentes-do-imperador-asteca-montezuma-e-seu-
atraente-legado.shtml
https://en.wikipedia.org/wiki/Nahuas#National_period_(1821-present)
https://www.youtube.com/watch?v=ya1TgJ_5N0Q
https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Guarani_Kaiowá

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