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proprietários os grupos rurais negros constroem coletivamente a vida sob uma base
material e social, formadora de uma territorialidade negra, na qual elaboram-se
formas específicas de ser e existir como camponês e negro.
De acordo com Gusmão a história oficial e a ideologia que lhe é própria não
mostram a presença negra na terra, posto que foi assumida apenas enquanto força de
trabalho escrava e, depois, livre. Disso resultam concepções enganosas e pré–noções
tanto a respeito do modo de vida rural, quanto do negro, de modo geral, tornando
invisível a existência de uma questão camponesa e negra.
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Há claramente o consumo da natureza e dos homens, ambos coisificados.
Contudo, enquanto a conquista e consequente destruição das florestas avançava,
transformando drasticamente as paisagens, os povos que resistiam a serem
explorados ou literalmente escravizados no processo de desenvolvimento que se
instalava buscavam refúgio em áreas afastadas desse processo, nas quais a floresta
consistia abrigo e possibilidade de vida em liberdade. Os indígenas, como
conhecedores e muitas vezes como parte da própria natureza, conforme suas
cosmologias, buscavam quando possível esse distanciamento. A eles se juntaram
mestiços marginalizados e também negros que fugiam da escravização.
O território foi visto como um espaço físico, mas também como um espaço de
referência para a construção da identidade quilombola.
Estes territórios são alvos de diversos conflitos e disputas, pois via de regra, são
sobrepostos aos remanescentes florestais atlânticos, cobiçados tanto para o avanço de
monoculturas como a do eucalipto e da cana-de-açúcar, ou expansões urbanas,
quanto para áreas restritas à preservação ambiental.
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também a terra na qual o simbólico paira, na qual a memória encontra lugar
privilegiado, morada de mitos e lendas, fonte de beleza, inspiração e do sentido
sagrado da coletividade, tão essencial à vida quanto a terra de trabalho.
Perspectiva Histórica
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organizados durante os séculos XX e XXI. O processo de fortalecimento da luta pelos
direitos quilombolas construiu, todavia, outra faceta importante do ponto de vista
político-organizativo que é a constituição do movimento quilombola, com suas
especificidades em relação ao movimento negro urbano.
Arte: reprodução
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Povo Quilombola: Identidade e Resistência
Há uma trama social tecida a partir das ações coletivas e representações que
são determinantes para o estabelecimento das noções que dão eco à ideia de que os
quilombolas constituem uma comunidade, um povo, que, por sua vez, possui
elementos estruturais que tornam este grupo distinto do que intitula-se sociedade
nacional.
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como um grupo étnico tornou possível a resistência e defesa do território, além de
singularizar sua ocupação. O processo de territorialização das comunidades
quilombolas está estritamente relacionado com a organização social.
Foto: reprodução
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identitária como um elemento central de suas reivindicações e do estabelecimento da
coesão de grupo. A partir dessa identidade étnica, os quilombolas construíram sua
linha central de luta que é a defesa de seus territórios. São critérios político-
organizativos que estruturam essa perspectiva de pertença étnica.
Fontes da matéria:
MOURA, G. 2006. Quilombos contemporâneos no Brasil in Brasil/África: como se o mar fosse mentira.
CHAVES, R., SECCO, C., MACEDO, T.. São Paulo: Ed. Unesp. Luanda/Angola: Chá de Caninde.
Comissão Pró Índio de São Paulo (CPI SP). Acesso ao site em março de 2010.
BRASIL. 1988. “Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: promulgada em 5 de outubro de 1988”.
Coletânia de Legislaçao Ambiental e Constituição Federal. Organização: Odete Medauar. 7ª ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2008. Coleção RT MiniCódigos. 1117p.
http://www.incra.gov.br/quilombola
SOUZA, Barbara Oliveira – UNB. Texto: Movimento Quilombola: Reflexões sobre seus aspectos político-
organizativos e identitários.
SILVA, Ivo Fonseca – Liderança quilombola da comunidade de Frechal, Maranhão. Fundador da CONAQ
– Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais.
SILVA, Givânia Maria – Liderança quilombola da comunidade de Conceição das Crioulas, Pernambuco, e
fundadora da CONAQ.
Ação Direta de Inconstitucionalidade, impetrada pelo PFL (hoje Partido Democratas) junto ao Supremo
Tribunal Federal.
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Fonte: CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas.
Quilombo? Quem Somos Nós! Disponível em: < http://conaq.org.br/quem-somos/>. [S.I.]. Acesso em:
10 Abr. 2021.
QUILOMBOLAS
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Os estados brasileiros que possuem a maior quantidade de comunidades
quilombolas são a Bahia, o Maranhão, Minas Gerais e o Pará.
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potável e instalações sanitárias inadequadas; acesso difícil às escolas, construídas em
locais distantes das residências dos alunos; meios de transporte ineficientes e
escassos; inexistência de postos de saúde na maioria das comunidades, com pouco
atendimento disponível, às vezes só possível a quilômetros de distância.
FONTES CONSULTADAS:
ESTÓRIAS quilombolas. Brasília: Ministério da Educação, 2008. (Coleção caminho das pedras, 3)
ROSA, Edna Ferreira. Comunidade quilombola Kalunga: entre o direito étnico, políticas públicas e a
legislação ambiental. Revista de Direito Agrário, Brasília, D.F, ano 20, n. 21, p. 31-79, 2007.
Fonte: GASPAR, Lúcia. Quilombolas. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.
Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 10 Abr. 2021.
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